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Como o povo adventisita contribui para a saude

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  • RefoRma de sade: histRia e Relevncia teolgica no movimento adventistaJean Zuckowski, Ph. d.Professor de Histria Eclesistica e Histria da IASD na Faculdade Adventista de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho.

    Resumo: Este artigo analisa o desen-volvimento e importncia da reforma de sade no movimento adventista do stimo dia. A primeira parte discor-re sobre os antecedentes histricos e o desenvolvimento da mensagem de sade no comeo da igreja adven-tista do stimo dia. A segunda parte apresenta a significncia teolgica da mensagem de sade analisando a re-lao sade e salvao, e a viso de Ellen G. White e sua contribuio para a reforma de sade.

    abstRact: This article analyses the development and relevance of the health message in the Adventist mo-vement. The first part discusses about the historical background and the development of the health message in the first years of the seventh day Adventist church. The second part presents the theological significance of the health message. It analyzes the link between salvation and health, as well as Ellen Whites vision on and her contribution to the health reform.

    intRoduo

    A Igreja Adventista do Stimo Dia foi organizada em continuao ao

    movimento Milerita que propagava a mensagem da segunda vinda de Cris-to a Terra em 1844. Entretanto, Jesus no veio como predito, e a busca por entender o erro na interpretao pro-ftica levou um grupo destes adven-tistas Mileritas a restaurarem e desco-brirem novas verdades bblicas.

    Os primeiros anos de pesquisas bblicas destes adventistas Mileritas, depois de 1844, foram marcados pela formao das doutrinas bsicas do que se tornaria a Igreja Adventista do Stimo Dia. Sbado, santurio, a na-tureza do homem e outras doutrinas foram ampliadas e conectadas ao en-tendimento proftico histrico j obti-do pelos Mileritas. A descoberta des-tas novas verdades reforou a crena adventista na iminente segunda vinda de Cristo ao mundo. O tempo era cur-to e fazia-se necessrio pregar essa verdade presente ao mundo.

    O esforo em proclamar essa men-sagem levou os adventistas sabatistas a procurar uma melhor forma de orga-nizao. Em 1860 foi adotado o nome Adventista do Stimo Dia; sedes admi-nistrativas locais e outras instituies foram organizadas. A grande nfase missionria acompanhada da rpida expanso das administraes locais

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    levou os Adventistas do Stimo Dia a buscar uma organizao central e, em 1863, foi organizada a Conferncia Geral dos Adventistas do Stimo Dia.

    Depois de ter sido estabelecido as bases doutrinrias e organizacionais os Adventistas do Stimo Dia desen-volveram um entendimento particular sobre estilo de vida cristo. Institui-es educacionais e de sade tornam-se, ento, um terceiro passo na orga-nizao da igreja.

    No desenvolvimento doutrinrio e organizacional, pioneiros como Jos Bates, Tiago White, Hiran Edson e ou-tros restauraram e descobriram novas doutrinas atravs do estudo extensivo da bblia. Ellen G. White, como men-sageira de Deus para o povo rema-nescente, recebeu vises confirmando estas verdades bblicas descobertas. Entretanto, no desenvolvimento do estilo de vida, especialmente a refor-ma de sade, foi considerada pela li-derana da igreja como assunto de ex-trema importncia e urgncia devido viso que Ellen G. White recebeu em 1863.1

    Sabendo-se que muitos dos prin-cpios da reforma de sade adotados pelos adventistas j eram conhecidos antes de Ellen G. White ter recebido sua viso em 1863, por que Deus ento revelou isto sua igreja atravs de sua mensageira? Qual a importncia da mensagem de sade? Como foi o de-senvolvimento da mensagem de sade e sua aceitao entre os adventistas?

    O objetivo deste artigo analisar o desenvolvimento e importncia da mensagem de sade para a Igreja Ad-ventista do Stimo Dia. O propsito

    especfico analisar o impacto desta mensagem na vida da igreja, algumas crises na histria da mesma referen-tes mensagem de sade e sua signi-ficncia para os dias atuais.

    O artigo est divido em duas partes: histrica e teolgica. A parte histrica discorrer sobre os antece-dentes histricos e o desenvolvimen-to da mensagem de sade entre os Adventistas do Stimo Dia. A parte teolgica analisar a conexo entre a mensagem de sade e salvao, bem como a viso de Ellen G. White e sua contribuio para reforma de sade.

    PaRte 1 histRia da RefoRma de sade

    intRoduo

    No comeo do sculo 19 os EUA experimentaram um grande descr-dito na profisso mdica e um cres-cente despertar por tratamentos natu-rais, reforma de sade e temperana. Como resultado foram organizadas sociedades de temperana, clnicas e instituies de sade promovendo tratamentos naturais.2 No movimen-to adventista a mensagem de sade desenvolveu-se atravs do ministrio proftico de Ellen G. White. Ela re-cebeu quatro vises especficas sobre sade, e o trabalho mdico mission-rio tornou-se parte integrante da mis-so adventista. Gradualmente o traba-lho mdico missionrio expande-se com o estabelecimento de instituies de sade, mas problemas teolgicos e administrativos acompanham esta ex-panso. Muito embora o ideal de Deus

  • reforma de sade / 97

    para a reforma de sade ainda no te-nha sido alcanado, a Igreja Adven-tista do Stimo Dia espera pelo tempo em que o remanescente iluminar a terra atravs dos poderosos efeitos da reforma de sade na vida dos crentes e seu trabalho missionrio.

    antecedentes histRicos e cultuRais

    No comeo do sculo 19, as po-bres condies de higiene da popu-lao eram um campo frtil para a proliferao de doenas. As prticas convencionais de medicina no eram eficientes para promover a cura na maioria dos casos. Os procedimentos mdicos baseavam-se em premissas erradas no que tange o diagnstico e natureza das doenas. Os tratamentos mais comuns eram o sangramento e o uso de fortes estimulantes e drogas como pio e protocloreto de merc-rio.3 Pobres hbitos alimentares con-tribuam para o aparecimento de do-enas. A base da dieta americana era carne, po branco, massas, frituras e alimentos gordurosos.

    Os problemas de sade e a imo-ralidade experimentada pelos ame-ricanos levaram muitas pessoas a envolverem-se em terapias naturais e movimentos de reforma de sade no comeo do sculo 19. As sociedades de temperana e principais movimen-tos de reforma advogavam uma forte reduo no consumo de lcool, mas instituies de tratamento natural pro-curavam uma reforma de sade mais ampla. Os pontos principais defendi-dos por estes reformadores eram a re-forma alimentar, o uso de gua dentro

    e fora, exerccio, descanso e a absti-nncia de bebidas fortes, do ch e do caf. Dentre estes reformadores pode-mos citar Sylvester Graham,4 William Alcott,5 Dr. J. C. Jackson, Dr. Harriet Austin,6 Dr. Joel Shew,7 e outros.

    Jos bates

    Entre os pioneiros adventistas do Stimo Dia, Jos Bates foi o primeiro a adotar a reforma de sade. Mesmo antes de ter aceitado o cristianismo ele j havia abandonado o uso de lcool e fumo. Aps sua converso, ele orga-nizou uma sociedade de temperana em sua igreja local. Ao aposentar-se, ele fez mudanas em seus hbitos nu-tricionais e abandonou o uso do ch e caf, sendo ele o mais saudvel den-tro todos os lderes do movimento Adventista do Stimo Dia. Entretan-to, dentro do movimento adventista ele nunca tentou impor seu estilo de vida aos outros, advogando a reforma de sade apenas depois das vises de Ellen G. White.8

    as vises de ellen g. white

    Ellen G. White teve quatro vises especficas na rea de sade. Em seus escritos ela apresenta muitos outros conceitos sobre a reforma de sade, mas nessas quatro vises se encon-tram o cerne da mensagem de sade adventista e atravs delas pode ser delineado o desenvolvimento do en-tendimento adventista na rea.

    Ellen G. White recebeu sua primei-ra viso no outono de 1842.9 Os pon-tos principais apresentados nesta viso so os efeitos malficos do tabaco, ch

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    e caf. O anjo lhe orientou que todos aqueles que no abandonassem o taba-co no receberiam o selamento, pois o uso de tabaco idolatria. A viso esta-belece uma teologia escatolgica onde h uma ligao ntima entre o viver saudvel, a espiritualidade e a prepara-o para a segunda vinda.10 Muito em-bora a viso claramente condenasse o uso do tabaco, esse foi tolerado entre a membresia adventista at 1853,11 sen-do somente em 1855 votado excluir do rol de membros aqueles que no aban-donassem este vcio.12

    A segunda viso de Ellen G. White foi dada em 12 de fevereiro de 1854.13 Nessa viso, ela aborda os seguintes pontos: (1) adultrio na igreja; (2) falta de pureza do corpo entre adventistas; (3) necessidade do controle do apetite; (4) profanao; (5) negligncia paterna na educao dos filhos; e (6) casamen-tos no recomendados. Novamente realado que sade e espiritualidade esto conectados e para ser um cristo puro, o mesmo deve ser temperante.

    A terceira viso de Ellen G. White sobre sade, recebida em 6 de junho de 1863 em Otsego, Michigan, a mais expressiva. Ela e seu marido estavam hospedados na casa de Aaron Hilliard participando de um encontro evan-gelstico liderado pelos pastores R. J. Laurence e M. E. Cornell. Nessa casa, apenas dezesseis dias depois da Confe-rncia Geral dos Adventistas do Stimo Dia ter sido organizada em Battle Cre-ek, ao por do sol, Ellen G. White levan-ta-se para orar e tomada em viso por quarenta e cinco minutos.14

    A viso teve como foco central a recuperao de Tiago White, en-

    tretanto, seu contedo foi dirigido igreja como um todo.15 As diferentes orientaes trazidas pela viso podem ser sumarizadas em dez tpicos. 16 O primeiro apresenta o cuidado com a sade como um dever religioso. Deus requer que seu povo O glorifique atravs de corpos saudveis. Segun-do, doenas so apresentadas como resultado das violaes das leis de sade. Terceiro, a intemperana pode ser apresentada na vida do cristo em diferentes maneiras, tais como: (1) uso de bebidas estimulantes; (2) uso de tabaco em qualquer forma; (3) uso de alimentos altamente condi-mentados; (4) a intemperana no tra-balho; e (5) a indulgncia base das paixes.17

    O quarto tpico apresenta a dieta vegetariana como ideal para o ser hu-mano. Ela apresenta que o alimento suno deveria ser totalmente abando-nado. O quinto ponto est relacionado com a importncia de hbitos corre-tos de sade. Cristos deveriam de-senvolver hbitos saudveis como: o controlar o apetite, no comer dema-siado, no comer entre as refeies, etc. O sexto tpico est relacionado com a sade mental. A viso apre-senta que muitas das doenas tm sua origem na mente e no so causadas por fatores externos ou orgnicos.

    Stimo, os efetivos remdios de Deus para os seres humanos so: (1) ar, (2) gua, (3) luz solar, (4) exerc-cio, (5) descanso, e (6) abstinncia.18 O prximo tpico enfatiza a higiene pessoal como pureza de vida. Para Ellen G. White, higiene e pureza en-volvem cuidados com o corpo, roupa,

  • reforma de sade / 99

    casa e pureza de corao. O nono t-pico d orientaes sobre a constru-o de uma casa. Os lugares mais altos e uma prpria ventilao so destacados como pontos chaves na construo de uma casa. Finalmente ela enfatiza que um dever cristo partilhar com outros os princpios da reforma de sade.

    A quarta viso, em 25 de dezem-bro de 1865, da s bases para o estabe-lecimento das instituies de sade. A Igreja Adventista do Stimo Dia de-veria providenciar lugares onde pes-soas pudessem ser curadas e aprender sobre a medicina natural preventiva.o dR. kellogg e a obRa mdico-missionRia

    As condies de sade da maio-ria dos lderes da Igreja Adventista do Stimo Dia em 1863, quando Ellen G. White recebeu sua viso sobre sade, no eram boas. Para eles esta mensa-gem foi de fundamental importncia. O senso da obrigao de promover a reforma de sade e a incluso da mes-ma como parte da terceira mensagem anglica19 motivou-os a publicar a re-vista The Health Reformer e a cons-truir o Instituto Ocidental para Refor-ma de Sade. 20

    Esse instituto para reforma de sade foi aberto tendo como mdi-cos os doutores H. S. Lay e Phoebe Lamson.21 Porm, o mdico mais fa-moso do instituto foi o Dr. John Har-vey Kellogg, que teve seus estudos patrocinados pelo casal White. O Dr. Kellogg trabalhou tambm como edi-tor da revista The Health Reformer e ao tornar-se o diretor do instituto

    mudou seu nome para Sanitarium (Sanatrio).22

    Depois de um comeo pequeno o sanatrio experimentou um cresci-mento que o levou a ser conhecido mundialmente como o lder em trata-mentos naturais. Ele tambm se tornou o centro para treinamento de mdicos missionrios da Igreja Adventista do Stimo Dia na poca. Ellen G. Whi-te tinha declarado que todo ministro deveria combinar a pregao da pa-lavra com o ministrio do alvio das doenas assim como Jesus fez em seu ministrio.23 O Dr. Kellogg e os mem-bros associados do sanatrio, depois da inaugurao do novo prdio em 1877, abriram uma escola de sade com o objetivo de promover os prin-cpios bsicos de higiene e nutrio a todos que estivessem interessados em preparar-se para a obra mdico mis-sionrio e a pregao do evangelho. Ele tambm organizou a Sociedade Americana de Sade e Temperana que, em seu ponto de vista, deveria ter como membros todos os Adven-tistas do Stimo Dia.24

    O Dr. Kellogg tinha um carinho especial pela mensagem de sade. Quando ele assumiu a liderana do instituto, imediatamente decidiu im-plantar na instituio um programa que inclusse todos os aspectos da doutrina de sade.25 Muito embora ele tenha reconhecido que era muito difcil fazer todas as mudanas neces-srias naquele momento, trabalhou persistentemente e, de forma gradual, eliminou completamente carne, ch e caf do sanatrio.26 Ele era um defen-sor rigoroso da reforma de sade.

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    Muito embora a Escola de Sade fechas-se depois de alguns anos, o Dr. Kellogg a reativou em 1889 com um novo nome: Escola de treinamento de Mdicos Mis-sionrios do Sanatrio. Durante a pr-xima dcada esta escola ofereceu uma variedade de cursos com durao de um ms a dois anos. Muitos dos cursos eram projetados especialmente para pastores e suas esposas, missionrios alm mar e professores em escolas adventistas. O objetivo do Dr. Kellogg era capacitar to-dos os trabalhadores adventistas com o conhecimento em fisiologia, nutrio e tratamentos naturais simples para cura das doenas atravs do uso de hidrote-rapia, massagem, exerccios e reforma alimentar.27

    O Dr. Kellogg tinha uma grande preocupao com a propagao da re-forma de sade, porm, ele falhava em um ponto fundamental apresentado por Ellen G. White. Para ela as instrues sobre a reforma de sade deveriam ser dadas em conexo com a terceira men-sagem anglica. Todavia, o Dr. Kellogg enfatizava apenas a parte da importncia da mudana dos hbitos de sade, mas quase sempre negligenciava conect-los com a terceira mensagem anglica.

    Havia uma grande necessidade de trabalhadores capacitados tanto para atender a rea mdica como a rea missionria. Todavia, como para o Dr. Kellogg a principal rea era a mdica, ele apenas incentivava a formao de mdicos, patrocinando estudantes de medicina na Universidade de Ann Ar-bor. Logo depois ele fundou o Colgio Mdico Missionrio com o fim de pre-parar mdicos adventistas para institui-es e misses. Apesar das dificuldades financeiras, o Dr. Kellogg tinha em mente que estudantes cuidadosamente

    escolhidos deveriam estudar no col-gio com todas as suas despesas pagas. Conquanto ele sonhasse que todos os membros da igreja deveriam ser mdi-cos missionrios, os bons samaritanos para o mundo,28 ele tinha uma per-sonalidade muito forte e dificilmente delegava responsabilidades ou ouvia opinies alheias. Sua maneira indepen-dente de trabalhar, juntamente com os problemas oriundos de sua viso do tra-balho mdico e trabalho evangelstico, resultaram em uma crise na igreja.

    Kellogg acusava os pastores e lei-gos de ignorar e mesmo se opor aos princpios da reforma de sade como tinha sido proposto nos primrdios. Havia uma tendncia de a rea mdica considerar seu trabalho primariamente como filantrpico e humanitrio e no evangelstico, gastando uma quantia enorme de dinheiro com pessoas pobres nas grandes cidades e pouco dinheiro e esforo dedicado ao trabalho de evan-gelizao da obra mdico-missionria mundial. Kellog estimulava os jovens a estudarem medicina a fim de atender a obra filantrpica em detrimento da importncia do preparo ministerial da obra mdico-missionria. Estas diver-gncias de opinies somadas com um esprito de independncia e crtica ao trabalho evangelstico levaram a uma separao entre o trabalho mdico missionrio liderado pelo Dr. Kellogg e a liderana da igreja.29

    Alm destes problemas adminis-trativos, o Dr. Kellogg tambm tinha divergncias teolgicas com a lideran-a da igreja. Em seu livro The Living Temple, ele defendia ideias pantestas, e se no fosse pela interveno de El-

  • reforma de sade / 101

    len G. White, ele teria convencido os lderes da casa publicadora Review and Herald a publicarem seu livro com o objetivo de levantar fundos.30 Os con-flitos administrativos e teolgicos do Dr. Kellogg com a igreja resultou em sua separao da igreja e a perda do sanatrio de Battle Creek.

    exPanso da obRa mdico-missionRia

    Depois da separao de Kellogg da igreja e a perda das facilidades m-dicas lideradas por ele, a igreja abriu uma escola de medicina em Loma Lin-da, California em 1910. Loma Linda j possua um Instituto de Reforma de Sade e uma escola para treinamen-to de enfermeiras. A escola de Loma Linda tornou-se um centro para o treinamento de mdicos missionrios e em muitos outros lugares a reforma avanou com a implantao de clni-cas, hospitais, indstrias alimentares e outras facilidades mdicas ao redor do mundo. A Conferncia Geral orga-nizou em 1922 o Departamento mdi-co missionrio que passou a coorde-nar as vrias instituies de sade ao redor do mundo. Entretanto, apesar de toda expanso, a reforma de sa-de no alcanou ainda seu objetivo de preparar um povo para encontrar-se com o seu Deus.

    PaRte 2 - a RefoRma de sade e a salvao

    intRoduo

    Uma das maiores diferenas entre os reformadores de sade do sculo

    19 na Amrica e a mensagem de sa-de pregada pelos Adventistas do Sti-mo Dia a conexo entre os aspectos fsicos e espirituais como essenciais para a promoo de um viver saud-vel e crescimento espiritual. A reforma de sade na igreja adventista, mais do que um meio para manter-se saudvel, o meio para alcanar crescimento espiritual. Esta conexo entre fsico e espiritual faz da reforma de sade algo no apenas essencial para o cristo ao demonstrar o real carter de Cristo em seu estilo de vida, mas tambm d um sentido especial de misso ao movi-mento, promovendo a sade fsica que habilitar os seres humanos alcana-rem uma melhor comunicao com Deus e preparo para a crise final. As-sim como foi durante o ministrio de Jesus, hoje, a cura fsica to essencial quanto o desenvolvimento espiritual. A pregao desta reforma de sade entre os Adventistas do Stimo Dia foi pro-movida mais pelo ministrio proftico de Ellen G. White que por mdicos ou telogos adventistas.

    a RefoRma de sade como veRdade PResente

    No desenvolvimento da mensa-gem de sade entre os adventistas, a transgresso das leis naturais do cor-po humano foi considerada transgres-so da lei de Deus. Ellen G. White, orientando os pais em como deveriam ensinar aos filhos a importncia do estudo do corpo humano e as leis que regem este organismo, disse: Como princpio fundamental de toda a edu-cao, deve-se ensinar juventude que as leis da natureza so as leis de

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    Deus, verdadeiramente to divinas quanto os preceitos do Declogo. Quanto s leis que governam nosso organismo fsico, Deus as escreveu sobre cada nervo, msculo ou fibra do corpo. Cada violao descuidada ou negligente dessas leis constitui um pecado contra o nosso Criador.31

    Para a igreja adventista, a terceira mensagem anglica o evangelho a ser pregado hoje.32 Uma parte dessa mensagem descrita em Apocalipse 14:12 chama os adoradores obedi-ncia da lei de Deus. Essa conexo feita por Ellen G. White entre a trans-gresso das leis do corpo humano e o declogo fez a mensagem de sade tornar-se verdade presente.

    Outro aspecto, apresentado pelos adventistas, que integra a reforma de sade na verdade presente, sua viso holstica do homem e o direito de pro-priedade de Deus sobre suas criaturas. A relao intima entre corpo, mente e esprito faz com que a transgresso das leis de sade enfraquea o corpo como um todo, fsica, moral e espiritu-almente. Seres humanos devem honrar a Deus no somente com suas mentes, mas tambm com seus corpos. Deus como criador tem o direito de proprie-dade sobre corpo e vida das criaturas, devendo estas, viver para honrar a Deus atravs de suas faculdades fsi-cas, mentais e espirituais.33

    sade fsica e esPiRitual

    Os adventistas entenderam que a comunicao entre Deus e o homem feita atravs dos nervos cerebrais. El-len G. White afirmou que os nervos do crebro, que se comunicam com

    todo o sistema nervoso do corpo, so o nico meio pelo qual o cu pode se comunicar com o homem e afetam sua vida ntima. Qualquer distrbio na cir-culao da corrente eltrica do sistema nervoso diminui a resistncia das for-as vitais e o resultado o amortecer das sensibilidades mentais.34

    O conhecimento de que Deus se comunica com o homem atravs dos nervos cerebrais fez com que os ad-ventistas defendessem que a sade fsica to essencial quanto sade espiritual. O cultivar da sade fsica habilitaria seres humanos serem usa-dos por Deus no mximo de suas po-tencialidades. Ellen G. White disse que a vida fsica para ser cuidadosa-mente educada, cultivada e desenvol-vida, para que em homens e mulheres a natureza divina possa ser revelada em sua plenitude. Tanto os poderes fsicos bem como os mentais, com suas inclinaes, devem ser treinados de tal maneira que possam alcanar o mais alto grau de eficincia.35

    Por outro lado, para os adventistas, o desconsiderar a sade fsica ao trans-gredir as leis naturais que regem o or-ganismo humano resulta naturalmente na formao de barreiras na comuni-cao entre Deus e o homem. Assim, cada violao do princpio em comer e beber embota as faculdades percepti-vas, fazendo impossvel para o homem apreciar ou dar o verdadeiro valor so-bre as verdades eternas.36

    santificao, segunda vinda e misso

    A ntima conexo entre a reforma de sade e a segunda vinda de Cristo uma das mais importantes contri-

  • reforma de sade / 103

    buies da mensagem adventista no campo da sade. Esta conexo traz luz a dois pontos importantes do evange-lho eterno para os ltimos dias, que a terceira mensagem anglica: santifi-cao e misso. Ela tambm conecta a reforma de sade com a salvao do homem. Como Ellen G. White disse: A luz dada por Deus sobre a refor-ma de sade para nossa salvao e a salvao do mundo. Homens e mu-lheres deveriam ser informados sobre o corpo humano preparado por nosso Criador como Seu lugar de habitao, e sobre o qual Ele deseja que ns se-jamos seus mordomos fiis.37

    santificao

    O propsito da pregao da ter-ceira mensagem anglica preparar um povo para encontrar-se com seu Deus. Sendo que a maneira de Deus se comunicar com os seres humanos atravs dos nervos do crebro e a transgresso das leis de sade impos-sibilita a apreciao das coisas eter-nas, a reforma de sade essencial no processo de santificao, no preparo de um povo que permanecer em p diante de Deus no dia de Sua vinda.

    Esta viso da mensagem de sade como preparao para a crise final defendida por Ellen G. White quando ela afirma que a reforma de sade um brao do grande trabalho, que preparar um povo para a vinda do Se-nhor. Ela est intimamente conectada com a terceira mensagem anglica como a mo est ao corpo . . . . Apre-sentar claramente a lei natural e insti-gar a obedincia da mesma, a obra que acompanha a terceira mensagem

    anglica no preparar um povo para a vinda do Senhor.38

    Essa ligao tambm expandiu o entendimento adventista sobre o plano de salvao na qual Cristo, o sumo sacerdote, intercede por seus filhos no santurio celestial. Depois de 1844, ao iniciar-se a segunda fase de seu ministrio sacerdotal, o juzo investigativo, uma purificao seria feita simultaneamente no cu e na ter-ra. No cu, Cristo estaria purificando o santurio, enquanto que na terra, o Esprito Santo estaria purificando o povo atravs da obra de santificao e selamento.

    Dentro do contexto da santificao e selamento, Ellen G. White explica que a reforma de sade importante na formao do carter (a nica coisa que levaremos da terra aos cus) e na restaurao da humanidade. Ela diz que a perfeio de carter no pode ser alcanada enquanto as leis da natu-reza so desconsideradas, pois, isto transgredir a lei de Deus. Sua lei es-crita com Seu prprio dedo sobre cada nervo, msculo, cada fibra de nosso ser, sobre cada faculdade que tem sido confiada ao homem. Estes dons so concedidos ao homem no para serem abusados e corrompidos, mas para se-rem usados para Sua honra e glria na restaurao da humanidade.39

    A mensagem de sade, tambm seria o meio de escape para o tempo do fim, provido por Deus, para que Seu povo pudesse resistir s artima-nhas de Satans. Dentre estes ardis do inimigo, Ellen G. White enumera como principais a indulgncia com o apetite, a gratificao do eu e as pai-

  • 104 / Parousia - 2 semestre de 2010

    xes carnais.40 O negligenciar, ento, dos princpios de sade, mantm o crente sob o domnio do pecado e o impossibilita de compreender as ver-dades bblicas. Como ela advertiu a igreja: impossvel para os homens, enquanto viverem sob o poder do pe-cado, nos hbitos que destroem a sa-de, apreciar as verdades sagradas.

    Ellen G. White expande esta idia dizendo:

    Quando o intelecto anuviado, os po-deres morais so enfraquecidos e o pe-cado no parecer pecaminoso. Os mais nobres, grandiosos e gloriosos temas da palavra de Deus parecero fbulas sem sentido. Satans poder ento facilmente retirar a boa semente que foi semeada no corao... desta maneira que egosmo, indulgncias destruidoras da sade esto a neutralizar a influncia da mensagem que tem por objetivo preparar um povo para o grande dia de Deus.41

    Para ela, Deus est preparando um povo para represent-lo neste mundo e apenas aqueles que forem completa-mente purificados pelo poder de Cris-to sero apresentados por Jesus como inculpveis perante o Pai.

    Eu vi que Deus estava purificando para si mesmo um povo peculiar. Eu vi que o campo deveria estar limpo, ou Deus passaria e veria a impureza de Israel no indo assim com eles para a batalha. Ele os deixaria em desprezo e nossos inimi-gos triunfariam sobre ns e seriamos en-fraquecidos em vergonha e desgraa.

    Eu vi que Deus no reconheceria uma pessoa impura e desleixada como cristo. Sua reprovao estava sobre eles. Nossa alma, corpo e esprito devem ser apre-sentados imaculados por Jesus perante Seu Pai, e a menos que sejamos uma

    pessoa limpa e pura, no poderemos ser apresentados imaculados perante Deus.42 Ela continua dizendo que este tra-

    balho de purificao deve ser pregado pelos ministros. Eles devem alertar o mundo que existe um meio eficaz para libertar todo aquele que vive escravizado pelo pecado. O mundo deve saber que h um antdoto para o pecado. Quando o trabalho mdico missionrio inteligentemente alivia o sofrimento e salva vidas, coraes so abrandados. Todos aqueles que so ajudados ficam cheios de gra-tido. Enquanto o trabalho mdico missionrio atua no corpo, Deus atua no corao.43

    Entretanto, para que a igreja alcan-ce xito neste trabalho, Deus convida seu povo a ter uma clara concepo de seus requerimentos. Assim, cada cren-te convidado a ingerir os alimentos mais simples, preparados da maneira mais simples, para que os sensveis nervos do crebro no sejam enfra-quecidos, entorpecidos ou paralisados, fazendo impossvel ao ser humano discernir as coisas sagradas e o valor da expiao, do purificador sangue de Cristo como de valor inigualvel.44

    misso

    Para os adventistas, seguindo as orientaes do ministrio proftico de Ellen G. White, a reforma de sade tornou-se o carro chefe na misso da igreja, que a propagao do evange-lho eterno da terceira mensagem an-glica. O conhecimento e prtica da reforma simplificariam o cumprimen-to do dever cristo para cada membro

  • reforma de sade / 105

    da igreja, facilitando o testemunhar do amor de Cristo. H um trabalho a ser feito pela nossa igreja que poucos imaginam o que . Eu estava faminto ,disse Cristo, e me destes de comer; eu estava sedento e me destes de beber; eu era estrangeiro e me acolhestes; nu, e me vestistes; eu estava doente e fostes visitar-me; eu estava na priso e voc veio a mim ....Este o tipo de trabalho mdico missionrio a ser feito. Leve a luz do sol da justia nos lugares onde os doentes e sofredores esto.45

    Para o cumprimento com xito desta misso, Ellen G. White diz que ministros deveriam estar bem prepa-rados nos conhecimentos das leis de sade. Se nossos ministros trabalhas-sem seriamente para obter uma educa-o na linha mdico-missionria, eles estariam mais bem preparados para realizar o trabalho que Cristo realizou como mdico-missionrio.46

    Para Ellen G. White a pregao da mensagem de sade o trabalho mdico missionrio que cada minis-tro deveria estar envolvido: Os mi-nistros do evangelho deveriam pregar os princpios de sade, pois estes tm sido dados por Deus como um dos meios necessrios para preparar um povo perfeito em carter. Portanto, os princpios de sade nos tm sido dados a fim de que ns, como povo possamos estar preparados tanto fsi-ca, como mentalmente para receber a plenitude das bnos de Deus. O trabalho mdico-missionrio tem seu lugar e parte no fechamento do traba-lho da pregao do evangelho.47

    No entanto, este trabalho no est restrito aos ministros. Ellen G. White

    apresenta que cada membro da igreja deveria se envolver nesta obra: Ns estamos em um tempo em que cada membro da igreja deve firmemente envolver-se na obra mdico-mission-ria. O mundo um leprosrio cheio de vtimas de doenas tanto fsicas como espirituais. Em todos os lugares pes-soas esto perecendo por falta do co-nhecimento da verdade que nos tem sido confiada. Os membros da igreja precisam ser despertados a fim de que possam cumprir com sua responsabili-dade de transmitir estas verdades.48

    Ela at mesmo declara que o co-nhecimento dos princpios gerais de sade providenciaria uma fonte con-tinua de trabalho no tempo do fim.

    Quando os ataques religiosos subver-terem as liberdades de nossa nao, to-dos aqueles que defendem a liberdade de conscincia estaro em uma posio desfavorvel. Para seu prprio bem, eles deveriam enquanto tm oportunidade, tornarem-se conhecedores em como curar, prevenir e quais so as causas das doenas. Todos aqueles que assim o fi-zerem, encontraro um campo de traba-lho em qualquer lugar. Haver pessoas sofrendo, muitos deles, que necessitaro de ajuda, no apenas entre os de nossa f, mas principalmente entre aqueles que no conhecem a verdade.49

    O trabalho mdico-missionrio era o mtodo de Cristo trabalhar e ns de-veramos seguir seu exemplo. Cristo ia onde o povo estava e colocava diante deles as grandes verdades de Seu reino. Ao sair de lugar em lugar, ele abenoava e confortava os sofredores e curava os doentes. Este o nosso trabalho. Deus deseja que a obra de ajuda aos necessi-tados seja desempenhada por ns.50

  • 106 / Parousia - 2 semestre de 2010

    Deus no deixou seu povo rema-nescente sem luz com respeito ao seu plano de salvao e dever cristo de levar aos outros o conhecimento des-ta salvao. Ele levantou um profeta para apresentar aos seres humanos como devem preparar-se para encon-tr-lo em sua segunda vinda, e como partilhar este conhecimento salvfico a ltima gerao deste mundo. A men-sagem de sade no o evangelho para este tempo, mas um dos meios mais eficazes para quebrar precon-ceitos e alcanar pessoas para Deus. A mensageira do Senhor disse que Deus em sua providncia colocou o trabalho mdico-missionrio como a grande cunha de entrada, onde a alma doente pode ser alcanada. 51 Ele a mo direita da terceira mensagem an-glica que abre portas para a entrada do evangelho. Esta a parte na qual o trabalho mdico-missionrio deve agir. Ele deve ser amplamente usado para preparar o caminho para a recep-o da verdade neste tempo. O corpo sem as mos imprestvel.52

    A importncia da mensagem de sade no contexto da misso, segundo Ellen G. White, est no fato que ela um dos meios mais eficazes para ven-cer o preconceito e ganhar as mentes, e que deveria ser usada no apenas em um ou dois lugares, mas em mui-tos lugares onde a verdade no foi ain-da proclamada. Todos os crentes en-to, so convidados a trabalhar como mdicos missionrios evangelistas, curando as almas doentes em pecado ao dar-lhes a mensagem da salvao. Pois este trabalho eliminar precon-ceitos como nenhum outro.53

    O propsito, beleza e importncia da mensagem de sade no contexto de santificao e misso , portanto, as-segurar o mais alto possvel desenvol-vimento da mente, alma e corpo. To-das as leis da naturezaque so leis de Deus so designadas para nosso bem. A obedincia s mesmas promo-ver felicidade nesta vida e ajudar na preparao para a vida porvir.54

    sumRio

    A reforma de sade foi conectada pelos adventistas terceira mensagem anglica atravs do declogo, da vi-so holstica da natureza humana e o direito de propriedade de Deus sobre suas criaturas. Deus se comunica com os seres humanos atravs dos nervos do crebro e a transgresso das leis de sade cria uma barreira nesta co-municao. A aplicao destes princ-pios habilitar os homens discernir e entender as sagradas escrituras. A re-forma de sade essencial na prepa-rao dos crentes para o tempo do fim e segunda volta de Cristo. O povo de Deus ao final deve ter uma completa transformao de carter onde todas as tendncias para o pecado devem ser purificadas pelo sangue de Cristo.

    Deus suscitou um profeta no tem-po do fim, Ellen G. White, para tra-zer uma luz especial ao povo rema-nescente, mensagem de sade, que deve ser pregada a todo mundo. Ela a mo direita da terceira mensagem anglica e a grande cunha de entrada do evangelho. Ela quebra preconcei-tos e habilita o povo receber o evan-gelho. O trabalho mdico-missionrio era o modelo do ministrio de Cristo

  • reforma de sade / 107

    e seu mtodo deve ser nosso mtodo. A cura fsica deve juntar-se a cura espiritual na pregao do evangelho, onde mdicos, pastores e membros so responsveis por este ministrio. Todo pastor deveria ter um conheci-mento deste ministrio de cura.

    concluso

    A reforma de sade dentro do movimento adventista do stimo dia surgiu num contexto cultural e hist-rico do sculo 19 na Amrica do Nor-te, onde havia uma grande descrena sobre a medicina convencional e um crescente despertar pela sade atravs de movimentos de temperana que in-cluam a condenao de vcios como tabaco e alcoolismo, bem como a cria-o de institutos para o viver saudvel. Jos Bates, um dos primeiros adven-tistas reformadores de sade, partici-pou neste movimento de temperana mesmo antes de tornar-se cristo, mas propagou a mensagem de sade ape-nas depois das vises de Ellen G. Whi-te sobre o tema. Atravs do ministrio proftico de Ellen G. White a Igreja Adventista do Stimo Dia foi impeli-da a pregar e aceitar esta mensagem, todavia condenando muitas prticas de reformadores de sade fora do movi-mento adventista. Atravs das quatro vises de Ellen G. White os adventis-tas desenvolveram uma viso nica de reforma de sade onde a sade fsica foi conectada a sade espiritual.

    Tiago e Ellen promoveram o traba-lho mdico-missionrio, a fundao de institutos de sade e a capacitao de adventistas para desenvolverem este trabalho. Dentre aqueles que recebe-

    ram incentivos e apoio financeiro do casal White na preparao para obra mdico-missionria destaca-se o Dr. Kellogg. Ele tornou-se a pessoa mais influente na medicina natural de seus dias tanto dentro como fora da igreja. Todavia, suas convices teolgicas e estilo administrativo levaram-no a separar-se do movimento adventista e rejeitar o ministrio proftico de Ellen G. White. Muito embora, hou-ve grande perda na apostasia do Dr. Kellogg, a igreja continuou seu traba-lho mdico-missionrio fundando ou-tras instituies de sade na Amrica e em outras partes do mundo.

    A mensagem da reforma de sade teve um grande impacto na teologia e misso da igreja adventista. Os ad-ventistas conectaram a mensagem de sade com a terceira mensagem ang-lica fazendo desta uma verdade pre-sente. Para os adventistas a reforma de sade essencial no preparo de um povo para a segunda vinda de Cris-to, pois ela proporciona uma melhor comunicao entre Deus e o homem; habilita os homens a entenderem ver-dades espirituais, discernir entre certo e errado e apreciar a expiao provida por Cristo na cruz; e auxilia no pro-cesso de santificao, na preparao do carter, nica coisa que levaremos da terra ao cu. A mensagem de sade deve ser a mo direita na pregao do evangelho, este era o mtodo de Cris-to e deve ser pregada a todo o mundo por pastores, mdicos e leigos como estilo de vida ideal para o homem e esperana de cura fsica e espiritual.

    A anlise e importncia da men-sagem de sade na Igreja Adventista

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    RefeRncias 1 O assunto da temperana, e especial-

    mente alguns pontos sobre a reforma de sade, como: fumo, lcool, carne de porco e outros j tinham sido apresentados e vividos

    particularmente por outros membros e mes-mos lderes do adventismo antes da viso de Ellen G. White em 1863. Entretanto foi de-pois desta viso que a mensagem sobre o es-tilo de vida adventista ganhou aceitao geral entre os Adventistas do Stimo Dia.

    do Stimo Dia tiveram uma grande influncia do ministrio proftico de Ellen G. White. Ela no somente cha-mou a ateno da igreja para a impor-tncia da mensagem, como tambm, apresentou os aspectos teolgicos e missiolgicos da mesma, mostran-do o como e o porqu ela deveria ser levada avante. Na viso de Ellen G. White a mensagem de sade no um mtodo opcional de trabalho missio-nrio, nem o nico mtodo de levar o evangelho, mas a mo direita na pro-clamao da terceira mensagem an-glica e uma parte essencial da mes-ma. A purificao do povo de Deus ser unicamente possvel atravs da aplicao prtica das leis de sade na vida diria.

    O trabalho mdico-missionrio deve ser exercido por mdicos, mi-nistros e membros leigos. Eles devem ensinar por palavra e prtica. O pre-gar e praticar a mensagem de sade purificar o povo de Deus e iluminar o mundo com sua glria. O trabalho mdico missionrio mais do que um trabalho institucional. Este um tra-balho a ser realizado no lar, por s-bios pais, promovendo e ensinando uma dieta saudvel; na comunidade, por crentes fiis, ensinando os sim-ples remdios naturais para todos em necessidade e, por pastores guiando membros novos e velhos, bem como

    a comunidade nos caminhos da re-forma de sade. Como Ellen White disse, Ao aproximar-se o tempo de fim, ns devemos proclamar mais e mais a questo da reforma de sade e temperana crist, apresentando-a numa maneira mais positiva e decidi-da. Ns devemos lutar continuamente para educar o povo, no apenas em palavras, mas em prtica. Preceito e prtica combinados tm uma grande influncia.55

    O povo remanescente est em tem-po de preparao para segunda vinda de Cristo. Uma vida mais abundante prometida por Deus a todos os que praticam os princpios de sade. Est chegando o tempo em que todos os que professam crer na terceira mensagem anglica experimentaro o clmax do viver saudvel. Oportunidades esto abertas para todos os que praticam o trabalho mdico-missionrio, pois a vida esta cheia de oportunidades para a prtica missionria. Cada ho-mem, mulher e criana podem seme-ar diariamente a semente de palavras bondosas e obras altrustas. Ns ve-remos o trabalho mdico-missionrio ampliando-se e aprofundando-se em cada ponto de seu progresso, por cau-sa da afluncia de centenas e milha-res de guas a jorrar que brevemente cobriro toda a terra como as guas cobrem o mar.56

  • reforma de sade / 109

    2 Conrad, P.; Schneider, J. W. Deviance and medicalization: from badness to sick-ness (Philadelphia: Temple University Press, 1992), p. 82-85.

    3 Veja D. E. Robinson, The Story of Our Health Message: The Origin, Character, and Development of Health Education in the Seventh-Day Adventist Church (Nashville: Southern Publishing Association, 1965), p. 13-27.

    4 Sylvester Graham era um ministro pres-biteriano americano (ordenado em 1826) que pregava temperana enfatizando o uso de ali-mentos integrais e dieta vegetariana. Alguns de seus trabalhos so: Sylvester Graham, Lectures on the Science of Human Life: Con-taining Three Lectures--Eighth, the Organs and Their Uses ; Thirteenth, Mans Physical Nature and the Structure of His Teeth ; Four-teenth, the Dietetic Character of Man (Battle Creek: Published at the office of the Health Reformer, 1872); A Treatise on Bread and Bread-Making (Payson: Leaves-of-Autumn Books, 1978).

    5 William Alcott (17981859) era um mdico, professor, reformador educacional e prolfero autor nos tpicos de educao e sade. Seus principais trabalhos na rea de sade so: William Andrus Alcott, The Young House-Keeper: Or, Thoughts on Food and Cookery, 3d stereotype ed. (Boston: G. W. Light, 1838); The Teacher of Health, and the Laws of the Human Constitution (Boston: D. S. King, 1843); Tea and Coffee: Their Phy-sical, Intellectual and Moral Effects on the Human System, Rev. stereotype ed. (Boston: G. W. Light, 1844); The Young Mother, or, Management of Children in Regard to Heal-th, 11th stereotype ed. (Boston: Waite Pier-ce, 1846); Vegetable Diet: As Sanctioned by Medical Men, and by Experience in All Ages. Including a System of Vegetable Cookery, 2d , rev. and enl. ed. (New York: Fowlers and Wells, 1849); Lectures on Life and Health, or, the Laws and Means of Physical Culture (Boston: Phillips Sampson and Corporation, 1853); The Laws of Health: Or, Sequel to the House I Live in (Boston: J. P. Jewett and company, 1856).

    6 Dr. Jackson e Dr. Austin foram os l-deres da clnica chamada Our Home on the

    Hillside na qual eles administravam trata-mentos naturais e publicavam uma revista mensal chamada The Laws of Life. Robinson, The Story of Our Health Message, p. 34.

    7 Dr. Joel Shew (1816-1855) era um m-dico que defendia o sistema Priessnitz e es-creveu muitas obras sobre hidroterapia tais como: Joel Shew, The Water-Cure in Preg-nancy and Childbirth: Illustrated with Cases, Showing the Remarkable Effects of Water in Mitigating the Pains and Perils of the Par-turient State (New York: Fowlers and Wells Publishers, 1849); Hydrotherapy, or, the Water-Cure: Its Principles, Processes, and Modes of Treatment, 4th , improved and enl. ed. (New York: Fowlers and Wells, 1850); Children, Their Hydropathic Management in Health and Disease; a Descriptive and Prac-tical Work, Designed as a Guide for Fami-lies and Physicians (New York: Fowlers and Wells, 1852); Midwifery and the Diseases of Women: A Descriptive and Practical Work (New York: Fowlers and Wells, 1852); The Water-Cure Manual: A Popular Work Em-bracing Descriptions of the Various Modes of Bathing, the Hygienic and Curative Effects of Air, Exercise, Clothing, Occupation, Diet, Water-Drinking, &C. : Together with Des-criptions of Diseases, and the Hydropathnic Means to Be Employed Therein (New York: Fowlers and Wells, 1852); Consumption: Its Prevention and Cure by the Water Treatment : With Advice Concerning Hmorrhage from the Lungs, Coughs, Colds, Asthma, Bronchi-tis, and Sore Throat (New York: Fowler and Wells, 1854); M. L. Shew and Joel Shew, Wa-ter-Cure for Ladies: A Popular Work on the Health, Diet, and Regimen of Females and Children, and the Prevention and Cure of Di-seases; with a Full Account of the Processes of Water-Cure; Illustrated with Various Ca-ses (New York: John Wiley, 1849).

    8 Para estudos adicionais em Jos Bates veja: Joseph Bates, The Autobiography of El-der Joseph Bates; Embracing a Long Life on Shipboard, with Sketches of Voyages on the Atlantic and Pacific Oceans, the Baltic and Mediterranean Seas; Also Impressment and Service on Board British War Ships, Long Confinement in Dartmoor Prison, Early Ex-perience in Reformatory Movements; Travels

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    in Various Parts of the World and a Brief Ac-count of the Great Advent Movement of 1840-44 (Nashville, TN: Southern Publishing As-sociation, 1970), p. 168-192; Robinson, The Story of Our Health Message, p. 50-59; Ri-chard W. Schwarz and Floyd Greenleaf, Por-tadores de Luz (Engenheiro Coelho: Unas-press, 2009), p. 101-102.

    9 A data de 1848 para a viso sobre taba-co, ch e caf encontrada no artigo de Tiago White na Review and Herald of November 8, 1870. (p. 165; cited in Robinson, Story of Our Health Message, pp. 65-70]).

    10 Ellen Gould Harmon White and Ellen G. White Estate Inc., Manuscript Releases: From the Files of the Letters and Manus-cripts (Washington, D.C.: E. G. White Estate, 1981), 5:377.

    11 Robinson, The Story of Our Health Message, p. 66.

    12 Ellen Gould Harmon White, Review and Herald, December 4 1885.

    13 White, Manuscript 1, 1885.14 Robinson, The Story of Our Health

    Message, p. 76.15 Ibid., p. 77.16 White, Spiritual Gifts, Facsimile re-

    production. ed. (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1945), p. 120-152.

    17 Referncia intemperana sexual no re-lacionamento marital.

    18 Numa lista posterior Ellen G. White in-cluiu uma dieta prpria e confiana no poder de Deus.

    19 Ellen Gould Harmon White and Ha-rold Milton Walton, Testimony Studies on Diet and Foods (Payson: Leaves-of-Autumn Books, 1979), p. 87-88.

    20 Robinson, The Story of Our Health Message, p. 148-149.

    21 Schwarz and Greenleaf, Portadores de Luz, p. 109.

    22 Ibid., p. 111-112.23 White, Testimonies for the Church, p.

    225.24 Schwarz and Greenleaf, Portadores de

    Luz, p. 158.25 Richard W. Schwarz, John Harvey

    Kellogg, M.D (Nashville: Southern Pu-blishing Association, 1970), p. 64.

    26 Ibid., p. 65.27 Schwarz and Greenleaf, Portadores de

    Luz, p. 201.28 Ibid., p. 264.29 Robinson, The Story of Our Health

    Message, p. 299-300.30 Schwarz and Greenleaf, Portadores de

    Luz, p. 270.31 White, Child Guidance: Counsels to

    Seventh-Day Adventist Parents, Christian Home Library (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1954), p. 362.

    32 Idem, Counsels on Health, p. 524.33 P. Gerard Damsteegt, Development

    of the Seventh-Day Adventist Theology: An Outline (Berrien Springs: Christian Heritage Media, 1995), p. 60-61.

    34 White, Testimonies for the Church, 2:347.

    35 Idem, The Circulation of Our Health Journals, Review and Herald, November 12 1901.

    36 Idem, Duty to Know Ourselves, He-alth Reformer (1866).

    37 Idem, Our High Calling, p. 267.38 Idem, Testimonies for the Church,

    3:161.39 Idem, The Circulation of Our Health

    Journals.40 Idem, Christian Education, p. 175.41 Idem, Our High Calling, p. 266.42 Idem, Medical Ministry: A Treatise on

    Medical Missionary Work in the Gospel, 2d ed. (Mountain View: Pacific Press Publishing Association, 1963), p. 246.

    43 Ibidem.44 Idem, Testemunies for the Church,

    2:46.45 Idem, A Call to Medical Evangelism,

    p. 22-23.46 Idem, Medical Ministry, 239.47 Idem, A Call to Medical Evangelism

    and Health Education: Selections from the Writings of E. G. White (Nashville: Southern Publishing Association, 1954), p. 43.

    48 Idem, Testimonies for the Church, 3:62.

    49 Idem, Counsels on Health and Instruc-tion to Medical Missionary Workers (Moun-tain View: Pacific Press Publishing Associa-

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    tion, 1951), p. 535.50 Idem, Medical Ministry, p. 319.51 Idem, Counsels on Health, p. 535.52 Idem, Medical Ministry, p. 238.53 Idem, Testimonies for the Church,

    9:211.54 Idem, Counsels on Diet and Foods: A

    Compilation from the Writings of Ellen G. White (Washington, D.C.: Review and He-rald Publishing Association, 1976), 23.

    55 White, Testimonies for the Church, 4:112.

    56 White, Medical Ministry, 317.