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103
Relatório sobre as actividades desenvolvidas no âmbito da
Ria de Aveiro, 2010
(Aditamento ao Relatório de Actividades de 2010)
Administração da Região Hidrográfica do Centro, IP
Abril 2011
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Índice
Nota introdutória 107
1. Enquadramento
1.1 Antecedentes sobre a gestão da Ria de Aveiro 109
1.2 Especificidades da Ria de Aveiro 110
1.3 A Gestão da Ria de Aveiro do âmbito das responsabilidades da ARH 111
2. Principais actividades desenvolvidas
2.1 Medidas prioritárias no ano de 2010 115
2.2 Sistematização de informação de base 115
2.2.1 Explorador cartográfico 115
2.2.2 Geo‐referenciação da actividade de aquicultura na Ria de Aveiro 116
2.2.3 Actualização das áreas delimitadas do Domínio Público Marítimo 118
2.2.4 Levantamento das utilizações em Domínio Público Marítimo 119
2.2.5 Cadastro das ocupações da margem da Ria de Aveiro 122
2.3 Definição de critérios para a demarcação física do leito e da margem 122
2.4 Caracterização e monitorização de rejeições em águas marinhas e estuarinas 124
2.5 Planeamento, Ordenamento e Avaliação Ambiental 127
2.6 Plano de Ordenamento do Estuário do Vouga 131
2.7 Intervenções de requalificação 133
2.8 Titulação e fiscalização
2.8.1 Titulação
137
2.8.2 Fiscalização 139
2.9 Monitorização – Qualidade da água 141
2.10 Taxa de Recursos Hídricos 143
2.10.1 Liquidação da Taxa de Recursos Hídricos na Ria de Aveiro 143
2.10.2 Distribuição dos valores por tipologia 143
2.10.3 Distribuição dos valores emitidos por tipologia de utilizadores 144
2.11 Colaboração institucional e participação pública 145
2.12 Constrangimentos 145
3. Avaliação e desafios para 2011 146
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Nota introdutória
Este relatório tem por objectivo apresentar uma breve síntese das actividades desenvolvidas pela Administração da Região Hidrográfica do Centro, IP durante o ano 2010 no âmbito da Ria de Aveiro. O documento pretende constituir um "zoom" do relatório de actividades geral sobre o trabalho desenvolvido na Ria de Aveiro. Estas actividades tiveram como instrumento de suporte a carta de Missão dos órgãos de gestão da ARH do Centro, o Plano de Actividades 2010 submetido ao Conselho de Região Hidrográfica do Centro bem como o Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR) 2010. O presente relatório constitui uma apresentação sintética e descritiva das actividades desenvolvidas pela ARH do Centro, I.P., nas margens e no leito da Ria de Aveiro, i.e., nas imediações do Domínio Público Marítimo. Para além da sistematização das principais actividades desenvolvidas este documento refere os principais constrangimentos encontrados e os desafios para o próximo ano. A sua elaboração assenta na assunção dos desafios de uma administração pública moderna atenta à importância em reportar à sociedade a sua actividade. Pretende‐se também com a sua divulgação, a recolha de contributos para o aperfeiçoamento, não apenas da informação a integrar em futuros relatórios mas, sobretudo, de contributos para aperfeiçoar o trabalho a desenvolver pela ARH neste contexto. O documento está estruturado em três capítulos. O primeiro sintetiza os antecedentes de gestão da Ria de Aveiro até ao presente, as especificidades da Ria de Aveiro, bem como, as responsabilidades da ARH do Centro, IP em matéria de gestão da Ria de Aveiro, que fundamentam a elaboração deste relatório dando conta dos primeiros passos desenvolvidos para a sua gestão e governação. O segundo e terceiro capítulos sistematizam as principais actividades e identificam os principais desafios para o próximo ano.
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1. Enquadramento 1.1 Antecedentes sobre a responsabilidade de gestão da Ria de Aveiro
Na sequência da extinção da Junta Autónoma do Porto de Aveiro e da criação da Administração do Porto de Aveiro, S.A. (APA) (Decreto‐Lei nº 339/98, de 3 de Novembro, cuja área de jurisdição se tornou mais restrita, o quadro institucional de responsabilidade pela gestão da Ria de Aveiro foi alterado, tendo ficado em 2002 sob a tutela do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (Decreto‐Lei nº 40/2002, de 28 de Fevereiro). Desde então foram‐se sucedendo tentativas para promover outros quadros institucionais de gestão integrada da Ria: i) Uma assentou na criação do Departamento da Ria de Aveiro (DRIA) em 2001, inserido na orgânica da Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território Centro (DRAOT Centro) mas que não chegou a exercer funções. ii) Outra foi a celebração de um protocolo entre a DRAOT Centro e a APA com vista à gestão das áreas da Ria transferidas para a DRAOT e formação de técnicos da primeira mas que foi mais tarde considerado nulo. iii) Outra ainda teve a ver com a tentativa de criação, em 2005, de um Gabinete de Gestão Integrada da Ria de Aveiro, através de um Decreto Regulamentar que, no entanto, não chegou a ser promulgado. iv) Entre 2006 e 2008 a gestão da Ria de Aveiro esteve atribuída à CCDRC na sequência da integração da DRAOT nos seus serviços. Na falta de uma efectiva transição, não apenas de processos de licenciamento de utilização do domínio público marítimo, mas também, e sobretudo, de recursos técnicos e financeiros, as medidas de gestão promovidas foram diminutas. Com a criação da Administração da Região Hidrográfica do Centro, IP, a partir de 1 de Outubro de 2008, a gestão do domínio público marítimo da Ria de Aveiro ficou sob a responsabilidade deste novo instituto desconcentrado do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território. A ARH resulta de um modelo institucional de gestão dos recursos hídricos criado no âmbito da Lei da Água (Lei 58/2005, de 29 de Dezembro) permite que, pela primeira vez, tenhamos um conjunto de condições chave para equacionar o modelo de gestão dos recursos hídricos de forma inovadora e adaptada às especificidades da Ria de Aveiro. Por um lado, o quadro legislativo criou organismos específicos e completamente dedicados à gestão integrada da água e dos recursos hídricos interiores e costeiros, as Administrações de Região Hidrográfica (ARH), que se revestem de particular importância para enquadrar o modelo de gestão da Ria de Aveiro. Por outro lado, este novo quadro legislativo cria condições inovadoras para uma maior proximidade entre a administração e os administrados através de mecanismos que permitem uma maior participação dos utilizadores e da sociedade na gestão dos recursos hídricos. Um destes mecanismos assenta no conselho de região hidrográfica, que reúne um conjunto diverso de entidades de nível central mas também de representantes de interesses regionais que acompanham e escrutinam as actividades desenvolvidas pela Administração de Região Hidrográfica.
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Outro mecanismo assenta na possibilidade de delegação de competências de gestão dos recursos hídricos em associações de utilizadores do domínio público hídrico, cujo regime jurídico ficou estabelecido através do Decreto‐Lei nº 348/2007 de 19 de Outubro de 2007, ou mesmo em municípios, de acordo com o artigo 9º da Lei nº 58/2005 de 29 de Dezembro, ou associações de municípios, nos termos do artigo 13º do Decreto‐Lei nº 226‐A/2007, de 31 de Maio. Ainda no contexto da Lei da Água e da sua interface com a gestão do território importa acrescentar a referência ao futuro Plano de Ordenamento de Estuário regulamentado pelo Decreto‐Lei nº 129/2008, de 21 de Julho, que estabelecerão as grandes orientações para a gestão integrada das massas de água e recursos estuarinos bem como as margens associadas. Este documento, aplicado ao Estuário do Rio Vouga tal como previsto no referido Despacho n.º 22550/2009, de 13 de Outubro, reveste‐se de particular importância no modelo de gestão da Ria de Aveiro já que vai permitir reunir num documento as principais normas para a gestão da Ria de Aveiro à luz dos princípios estabelecidos pela Lei da Água.
1.2 Especificidades da Ria de Aveiro
A gestão da Ria da Aveiro requer particular atenção por parte da ARH do Centro, IP por razão dos factores seguintes: i) dos efeitos negativos das pressões do crescimento económico sobre os recursos hídricos, e dos valores naturais, ambientais, socioeconómicos e paisagísticos associados; ii) da multiplicidade de utilizações dos recursos hídricos e das suas implicações para a manutenção da qualidade e do estabilidade da Ria de Aveiro; iii) da extensão que abrange; iv) do ambiente de interface em que se encontra por força da sua ambiência litoral, estuarina e, integração na bacia hidrográfica do Rio Vouga; v) da complexidade institucional envolvente, que, para além dos organismos de diversos sectores de actuação da administração central, é abrangida por onze municípios, e vi) da carência de intervenções estruturais de valorização e de controlo das diversas utilizações numa parte importante do domínio hídrico nesta zona. A Ria de Aveiro integra ainda a lista de sítios da Rede Natura 2000, sendo‐lhe, portanto, atribuída importância europeia e nacional, facto que implica acrescidas responsabilidades sobre o Estado português na adopção de uma solução célere e eficaz para a gestão da Ria de Aveiro, à luz dos princípios modernos de governação ambiental e gestão dos recursos hídricos. Apesar dos problemas da Ria envolverem um âmbito mais vasto, é particularmente oportuno centrar o seu modelo de gestão no âmbito da Lei da Água (Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro). Coloca‐se o elemento água como o centro do processo de concertação de interesses o que pode tornar‐se mais fácil do que o território, a biodiversidade ou a paisagem que são elementos mais difusos na percepção dos agentes e da sociedade. À luz do actual quadro institucional e legislativo entre os principais requisitos para a gestão da Ria de Aveiro, enquadrados no âmbito de actuação da ARH do Centro, IP, destacam‐se os seguintes: i) elaboração e adopção do Plano de Ordenamento do Estuário do Vouga (Ria de Aveiro) que oriente e regule as utilizações preferenciais e identifique novas oportunidades de uso de acordo com a capacidade de carga; ii) articulação de usos e licenciamento e fiscalização de utilizações (múltiplas e por vezes conflituosas entre si);
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iii) articulação entre diversas entidades com responsabilidade na Ria; iv) manutenção dos canais navegáveis, dos cais de acostagem públicos, de diques e motas em DPM e de pequenas infra‐estruturas hidráulicas; v) controlo da qualidade da água e de espécies infestantes; vi) dotação de base de dados e SIG que sistematize jurisdições, utilizações e títulos, etc; vii) mecanismos colaborativos que envolvam utilizadores e administração pública; viii) medidas de minimização e adaptação a variações e alterações climáticas e a riscos. ix) recursos humanos adequados às atribuições.
1.3 A Gestão da Ria de Aveiro do âmbito das responsabilidades da ARH
A gestão da Ria de Aveiro, essencialmente no que respeita ao domínio público marítimo associado às suas margens, leito e massas de água constitui desde o início da criação da ARH do Centro, IP um núcleo de particular atenção. Esta foi desde logo sublinhada entre os objectivos operacionais da ARH do Centro quando se inclui a "promoção da gestão integrada das principais massas de água, dando prioridade à Ria de Aveiro". As Figura 1 e 2 sintetizam as principais responsabilidades de gestão da ARH no contexto da Ria de Aveiro, acompanhadas pelas reuniões da Conselho de Região Hidrográfica, bem como os principais domínios de actuação.
Planeamento
Requalificação
Licenciamento
Monitorização
Fiscalização
Domínios de actuação
Municípios
Agricultura e Pescas
Economia
Turismo
Saúde
ICNB
INAG
CCDR
Autoridade Marítima
Obras Públicas
SEPNA
Entidades com que interage
Principais Utilizadores
Das massas de água
Das margens
Conselho de Região Hidrográfica
Figura 1. Gestão da Ria de Aveiro no âmbito de actuação da ARH do Centro, IP
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Planeamento
Requalificação
Licenciamento
Monitorização
Fiscalização
Quadro de referência de decisão e investimento, definição de prioridades, definição de medidas de valorização, regras de utilização, medidas de concertação de usos
Promoção de medidas de valorização, requalificação ou manutenção
Controlo do tipo e da intensidade de usos, articulação de usos
Acompanhamento do estado e da qualidade, identificação me medidas de aperfeiçoamento da gestão – planeamento, requalificação, licenciamento, monitorização
Verificação do cumprimento das condicionantes de licenciamento ou das regras de uso
Gestão da Ria de Aveiro no âmbito das
atribuições da ARH do Centro,
IP
Figura 2. Domínios de actuação da ARH do Centro, IP na Ria de Aveiro
O desenvolvimentos dos trabalhos nos domínios referidos requer uma relevante colaboração institucional com um conjunto diverso de organismos tal como ilustra a Figura 3, bem como um constante acompanhamento de um complexo e diversificado utilizadores, ilustrados na Figura 4, cujos objectos e métodos de utilização dos recursos da Ria evidenciam frequentes situações de conflito.
Planeamento
Requalificação
Licenciamento
Monitorização
Fiscalização
Municípios e Conselho de Região Hidrográfica da ARH
Municípios, Agricultura e Pescas, Obras Públicas, Turismo, INAG, ICNB
Municípios, Agricultura e Pescas, Economia, Turismo, Saúde, ICNB,CCDR, Autoridade Marítima
Saúde, INAG, Autoridade Marítima, SEPNA
Municípios, Agricultura e Pescas, Economia, Saúde, ICNB, CCDR, Autoridade Marítima, SEPNA
Administração da Região
Hidrográfica do Centro, IP.
Figura 3. Interfaces institucionais
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culturas de bivalvesaquicultura em terrenos marginais, piscicultura semi-
intensiva em marinhas, secas de bacalhau
marinhas de sal, armazéns para sal, aprestos de pesca e similares, pesca
principais utilizadores sujeitos a título
parques de campismo, estaleiros de obras, estabelecimentos industriais, similares de
hotelaria, comerciais, turísticos desportivos, quiosques, habitação unifamiliar, vedações,
paineis de publicidade, cabos e condutas
Marinas e actividades de desporto náutico, cais, pontes e moirões, folsas, docas de recreio,
estacionamento de embarcações nos canais, trapiches e embarcadouros colectivos e
individuais
Administração da Região
Hidrográfica do Centro, IP.
actividades agrícolas e similares em terrenos públicos, ervagens
Figura 4. Principais utilizações sujeitas a título pela ARH do Centro, IP
Nos domínios do planeamento territorial e dos recursos hídricos a ARH do Centro, IP também acompanha e/ou elabora um conjunto diversos de figuras de planos tal como ilustrado na Figura 5. Estão sob sua responsabilidade a elaboração do Plano de Gestão de Região Hidrográfica do Centro, os Planos de Ordenamento de Estuário dos Rios Vouga e Mondego.
desenvolvimento ordenamento
Lei 48/98 de 11.8 alterada pela Lei 54/2007 de 31.8
Programa Nacional de PolíticaOrdenamento do Território (PNPOT)
PE
OT Plano de Ordenamento da Orla
Costeira Ovar Marinha Grande (POOC)
Planos de Ordenamento Da Reserva Natural de S. Jacinto
Plano Regional de Ordenamentodo Território do Centro (PROTC)
Plano Intermunicipal de Ordenamento da Ria de Aveiro (UNIR@Ria)
Planos Sectoriais
Planos Municipais de Ordenamento Território (PMOT)
ordenamento
Plano de Gestão de Região
Hidrográfica do Centro
Plano Nacional da Água
planeamento
Lei 58/2005 de 29.12
Plano de Ordenamento do Estuário
Figura 5. Interface entre a estrutura de planeamento territorial e dos recursos hídricos
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Adicionalmente importa referir que na margem da Ria de Aveiro existem vários municípios em processo de revisão dos seus Planos Directores Municipais. Após o desdobramento das competências que estavam atribuídas á CCDRC em matéria de Domínio Hídrico, a ARH do Centro herdou as responsabilidades anteriormente atribuídas ao INAG no seu acompanhamento. Em sede de comissão de avaliação, de comissão mista de coordenação ou ainda de reuniões sectoriais, a ARH do Centro intervém a título vinculativo quer por força da servidão do Domínio Hídrico, quer por força da competência atribuída na gestão do Plano de Ordenamento da Orla Costeira.
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2. Principais actividades desenvolvidas 2.1 Medidas prioritárias no ano de 2010
No âmbito do processo de elaboração do plano de actividades de 2010, para além das diversas actividades de gestão corrente, foram consideradas as seguintes medidas prioritárias de actuação no que respeita à gestão da Ria de Aveiro: • Continuação da inventariação das utilizações e sistematização dos títulos de utilização dos
recursos hídricos e do domínio público marítimo; • Definição de critérios para demarcação do leito e margem • Identificação e caracterização das rejeições para o meio Hídrico ‐ mar e estuários • Clarificação dos processos de licenciamento na perspectiva do utilizador; • Complemento do sistema de monitorização da qualidade das massas de água da Ria de
Aveiro; • Reforço das acções de fiscalização em parceria com a Capitania e com o SEPNA; • Aproximação com os principais utilizadores da Ria.
2.2 Sistematização de informação de base
Durante o ano de 2009 uma das primeiras preocupações da actividade da ARH centrou‐se da actualização de uma base de dados sobre as utilizações presentes na Ria de Aveiro, no decorrer do ano de 2010 foi dada continuidade a esta actualização fundamental para uma adequada gestão dos recursos hídricos. A transição da gestão da Ria de Aveiro da antiga JAPA para o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território não foi acompanhada da necessária transferência de recursos técnicos nem das bases de dados. Durante o ano de 2010 destaca‐se a geo‐referenciação de todas utilizações tituladas no Domínio Público Marítimo, a geo‐referenciação dos lotes de bivalves no canal de Mira, e actualização do explorador cartográfico do Litoral e Ria de Aveiro e actualização da áreas oficialmente delimitadas.
2.2.1 Explorador cartográfico
No âmbito do processo de licenciamento na área do litoral tem vindo a ser actualizada uma aplicação cartográfica como instrumento de apoio ao próprio processo de licenciamento, que inclui também informação relativa ao estuário da Ria de Aveiro, disponibilizando dados geográficos referentes às utilizações nela existentes. Pode ser observado na página da ARH do Centro I.P. em http://www.arhcentro.pt.
2.2.2 Geo‐referenciação da actividade de aquicultura na Ria de Aveiro
Durante o ano de 2010, a ARH do Centro, efectuou um levantamento de campo na Ria de Aveiro, para proceder à georeferenciação dos talhões de culturas de bivalves existentes e deste modo corrigir e actualizar as suas áreas e localizações. Este trabalho teve por base a necessidade de promover a devida regularização dos títulos de utilização com coordenadas geográficas correctas no sistema de Hayford‐Gauss militar e foi desenvolvido em articulação com a Direcção Regional de Agricultura e Pescas.
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Trata‐se de um trabalho de natureza complexa mas fundamental não apenas para o controlo e fiscalização dos títulos de utilização dos recursos hídricos por parte da ARH mas, também, para os processos de renovação ou transmissão de licenças de exploração emitidas por aquela entidade.
Figura 6. Georeferenciação de lotes de bivalves – Canal de Mira, Gafanha da Encarnação, Ílhavo
2.2.3 Actualização das áreas delimitadas do Domínio Público Marítimo
Durante o ano de 2010 foram actualizadas e revistas no Geo‐Explorador do Litoral e da Ria de Aveiro, as delimitações do domínio público Marítimo, entretanto publicadas.
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Figura 7. Actualização das áreas oficialmente delimitadas
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2.2.4 Levantamento das utilizações em Domínio Público Marítimo
Foi actualizado o levantamento das utilizações existentes no Domínio Público Marítimo (DPM) da Ria de Aveiro, nomeadamente o edificado na margem, a actividade aquicola, a indústria existente na margem e as captações de água superficiais e subterrânea.
Figura 8. Edificado na margem da Ria de Aveiro
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Figura 9. Aquicultura e salinas no Salgado da Ria de Aveiro
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Figura 10. Industria nas margens da Ria de Aveiro
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Figura 11. Captações de água
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2.2.5 Cadastro das ocupações da margem da Ria de Aveiro
A ARH do Centro, I.P., em colaboração com Polis Litoral da Ria de Aveiro, tem dado continuidade ao trabalho de cadastro das edificações nas margem da Ria de Aveiro com identificação dos utilizadores das ocupações com construção e/ou com áreas vedadas na margem, informação de base, essencial para melhorar e adequar eficazmente o processo de titulação, de fiscalização e de cobrança da taxa de recursos hídricos. O cadastro está a ser realizado através da recolha de informação e registado em base de dados geográfica com relação integrada de dados alfanuméricos e geográficos, tal como ilustrado na Figura 12.
Figura 12. Sistematização do cadastro na margem da Ria de Aveiro ‐ Imagem cedida pela Polis da Ria de Aveiro
2.3 Definição de critérios para a demarcação física do leito e da margem para águas de transição em estuários.
Na sequência de trabalhos já desenvolvidos em 2009 a ARH do Centro, I.P., desenvolveu uma proposta de definição dos critérios fundamentais para a demarcação física do leito e da
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margem, nos termos da Lei nº 54/2005, de 15 de Novembro, para águas de transição em estuários, onde se inclui o estuário da Ria de Aveiro. Este trabalho pretendeu promover a clarificação espacial da área do leito e da margem das águas de transição, tendo em conta a aplicação da legislação existente relativa aos regimes de utilização e económico‐financeiro dos recursos hídricos.
Figura 13. Particularidades morfológicas existentes no Litoral Centro ‐ Imagem extraída de Critérios para a Demarcação Física do Leito e da Margem ‐ ARH do Centro 2010
O documento desenvolveu, uma metodologia para o traçado da linha da máxima preia‐mar de águas vivas equinociais (LMPAVE) que assenta essencialmente na análise efectuada às particularidades morfológicas existentes na zona costeira e estuários, sob jurisdição da ARH do Centro, I.P., onde se inclui o Sistema lagunar da Ria de Aveiro.
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Figura 14. Evolução do estuário da Ria de Aveiro ‐ Imagem extraída de Critérios para a Demarcação Física do Leito e da
Margem – ARH do Centro 2010
Este documento, já em apreciação pela Autoridade Nacional da Agua, surgiu na sequência do Despacho n.º 12/2010 do Instituto da Água de 23 de Janeiro, e vem complementar os critérios já estabelecidos para a demarcação do leito e margem das águas do mar. Trata‐se de um contributo de particular relevância para a gestão dos recursos hídricos, para a cobrança da taxa de recursos hídricos, bem como para a elaboração dos planos de gestão de bacia hidrográfica, para os planos de ordenamento dos estuários, para o plano de ordenamento de orla costeira Ovar‐Marinha Grande, bem como para os planos directores municipais.
Figura 15. Exemplos de traçado da LMPAVE E do limite da margem na Ria Aveiro ‐ Imagem extraída de Critérios para a
Demarcação Física do Leito e da Margem – ARH do Centro 2010
2.4 Caracterização e monitorização de rejeições em águas marinhas e estuarinas
Na sequência do autocontrolo imposto nos títulos de utilização dos recursos hídricos aos diversos utilizadores que efectuam rejeição de efluentes de águas urbanas, industriais e aquicultura, para o meio hídrico marítimo e de transição, foi efectuado, numa primeira fase, e para a zona da Ria de Aveiro, a sistematização destas rejeições em termos de caudais rejeitados e cargas. Este trabalho, tem como objectivo, vir a contribuir para uma avaliação dos efeitos destas rejeições no meio hídrico e ecossistema marinho/estuarino bem como afinar o modo de actuação de fiscalização e de licenciamento destas utilizações.
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Figura 16. Valores de caudais rejeitados para o meio hídrico marítimo e de transição
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Figura 17. Valores de cargas rejeitadas para o meio hídrico marinho e de transição
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2.5 Planeamento, Ordenamento e Avaliação Ambiental
Foram apreciados documentos no âmbito dos processos de revisão dos Planos Directores Municipais (PDM) dos concelhos de Águeda, Aveiro, Ílhavo, Murtosa e Oliveira do Bairro. No âmbito da avaliação ambiental estratégica (AAE) foram apreciados processos que se localizam nos concelhos de Ovar, Estarreja, Murtosa, Vagos e Oliveira do Bairro. No âmbito da avaliação ambiental estratégica (AAE) foram apreciados os processos descriminados no quadro seguinte, com localização nos concelhos de Ovar, Estarreja, Murtosa, Vagos e Oliveira do Bairro. Foram também analisados processos de avaliação de impacte ambiental (AIA).
Concelhos Processos AAE analisados
Ovar
Plano de Pormenor Relatório de Factores Críticos
Murtosa Plano de Pormenor
Estarreja Relatório factores críticos da revisão do PDM Plano de Pormenor
Vagos Plano de Pormenor
Oliveira do Bairro Plano Director Municipal
Concelhos Processos AIA analisados
Oliveira do Bairro Pedreira
Murtosa Estrada
Aveiro Projecto Portuário
Aveiro/Murtosa Linha ferroviária
Ílhavo Transformação de combustíveis
Vagos Agro-pecuária
Esteve previsto o arranque do processo de elaboração do Plano de Ordenamento de Estuário do Vouga (Ria de Aveiro) documento essencial para garantir a sistematização de informação, identificação de cenários de evolução da Ria, concertação de usos e estabelecimento de regras de ordenamento, nos termos do Decreto‐Lei n.º 129/2008, de 21 de Julho e do Despacho n.º 22 550/2009, de 13 de Outubro de 2009. Tal, não foi contudo possível por falta de abertura de aviso de candidatura do POR Centro a financiamento do QREN. Esperamos que se possa dar início a este processo em 2011.
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Figura 18. Concelhos com avaliação de PDM e AAE
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Figura 19. Concelhos com Processos de Avaliação de Impacte Ambiental apreciados
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2.6 Plano de ordenamento do Estuário do Vouga
A ARH do Centro promoveu a candidatura ao PO Regional, após a indispensável abertura do aviso da CCDR Centro, para a elaboração do Plano de Ordenamento do Estuário do Vouga, relevando a sua importância para a gestão sustentável dos recursos estuarinos. Este instrumento de 2.ª geração de planeamento irá permitir construir uma visão e um quadro de governação colectiva para a Ria de Aveiro; definir normas de utilização da Ria (margens e leito), procurando a concertação de usos; dotar o estuário de um instrumento flexível e dinâmico que promova a gestão partilhada e co‐responsável, bem como a sua coordenação transversal e sectorial; e por fim equacionar as intervenções futuras e o respectivo financiamento. A elaboração deste plano constituirá uma sede privilegiada de discussão de opções de ordenamento e gestão em torno de um estuário de importância relevante na região Centro do País e entre os vários actores que sobre ele actuam e usufruem, perspectivando ‐se uma efectiva abordagem integrada e sustentável de gestão da água e dos usos com ela conexos. Com efeito, a elaboração deste instrumento de gestão territorial permitirá realizar a promoção da concertação de interesses e geração de consensos, com vista a uma responsabilidade partilhada no ordenamento e gestão na sua área de intervenção e com vista à sua sustentabilidade, bem como almejar uma adequada compatibilização das actividades económicas — portuárias, industriais, turísticas de transporte e da pesca — com as funções de protecção dos valores naturais e as actividades de recreio e lazer, o que exige igualmente uma estreita articulação com os diversos actores que intervêm na área de jurisdição. O desafio da elaboração deste Plano consubstancia‐se no seu carácter inovador, por se tratar do primeiro plano de ordenamento em torno da problemática da valorização e protecção dos recursos hídricos estuarinos. Constitui assim uma sede privilegiada de discussão de opções de ordenamento e gestão entre os vários actores que sobre ele actuam e o usufruem, para uma efectiva abordagem integrada e sustentável de gestão dos recursos hídricos e dos usos conexos. A área de intervenção do POE do Vouga/Ria de Aveiro integra as águas de transição, os seus leitos e margens, que constituem o estuário, e ainda a orla estuarina à qual corresponde uma zona terrestre de protecção cuja largura é fixada na resolução do Conselho de Ministros que aprovar o POE Vouga (até ao máximo de 500 m contados a partir da margem), excepcionalmente sujeitos a acertos até formulação final do plano de ordenamento, e intersecta 8 municípios: Albergaria‐a‐Velha, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Mira, Murtosa, Ovar e Vagos. Intersecta ainda uma área de 189 ha da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto (cerca de 26 % da área terrestre desta área protegida), criada pelo Decreto ‐Lei n.º 41/79, de 6 de Março, com o objectivo de promover a protecção das formações dunares localizadas a norte da freguesia de São Jacinto, no município de Aveiro, enquanto sistema sensível de elevado valor geomorfológico, florístico e faunístico, a qual dispõe de um plano de ordenamento aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/2005, de 21 de Março. Nos termos previstos no n.º 3 do artigo 4.º do Decreto‐Lei n.º 129/2008, de 21 de Julho, o POE do Vouga/Ria de Aveiro estabelecerá apenas as regras de utilização do estuário no que respeita à defesa, valorização e qualidade dos recursos hídricos.
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Figura 20. Área de intervenção do POE do Vouga
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2.7 Intervenções de requalificação
Foram as seguintes as intervenções promovidas em 2010 na Ria de Aveiro e orla costeira adjacente e em linhas de águas que desaguam directamente da Ria com comparticipação do Fundo de Protecção de Recursos Hídricos e do PORCENTRO nesta área.
Intervenções de Requalificação na Ria de Aveiro e orla costeira adjacente ‐ 2010
Designação da Empreitada Comparticipação
Adjudicação Situação física
PORCENTRO FPRH
Gestão do Dique Barrinha Esmoriz € 18.000,00 Concluída € 0,00 € 18.000,00
Intervenção de Emergência no Furadouro 0 € 0,00
acção 1 ‐ Reforço da estabilidade do muro € 18.360,00 Concluída 0 € 18.360,00
acção 2 ‐ Selagem de fundações € 6.600,00 Concluída 0 € 6.600,00
acção 3 ‐ Reposição de areias € 150.816,00 Concluída 0 € 150.816,00
acção 4 ‐ Prolongamento da defesa longitudinal Praia Furadouro € 198.554,00 0% 0 0,00
Limpeza e desassoreamento do Rio Fontela € 37.800,00 Concluída € 28.350,00 € 9.450,00
Demolição de Construções na Praia de Mira (conclusão) € 8.100,00 Concluída € 0,00 € 8.100,00
Requalificação Marginal Norte e sistema dunar da Praia de Mira (1ª fase) € 118.112,00 Concluída € 88.584,00 € 29.528,00
Requalificação ambiental da zona sul da Praia do Furadouro € 239.446,90 0% € 0,00 € 0,00
Recuperação e requalificação do cais de atracagem da Torreira € 50.129,70 Concluída € 0,00 € 50.129,70
€845.918,60 € 116.934,00 € 290.983,7
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Recuperação e requalificação do cais de atracagem da Torreira ‐ € 50.129,70
Antes
Depois
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Intervenção de emergência na Praia do Furadouro ‐ € 198 554,00 Antes
Depois
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Requalificação Marginal Norte e sistema dunar da Praia de Mira (1ª fase) ‐ € 118.112,00
Pormenor 1
Pormenor 2
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Limpeza da vala afluente ao rio Fontela em Pardilhó ‐ € 37 800,00
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2.8 Titulação e fiscalização 2.8.1 Titulação
Durante o ano de 2010 foram emitidos um total de 75 títulos de utilização dos recursos hídricos, dos quais, 38 para ocupações do Domínio Público Marítimo, 8 para rejeições e captações superficiais, 2 para dragagens, 6 para actividades marítimo turístico e 19 para aquaculturas, com as percentagens por tipologia de utilização representadas no Gráfico 1.
Gráfico 1. Percentagem de Títulos emitidos por tipologia de utilização
Uma parte significativa dos títulos emitidos, envolveu a colaboração intersectorial com outros serviços da administração pública central como os ligados à agricultura e pescas e economia, entre outros, para além da Autoridade Marítima. Da evolução dos títulos emitidos por tipologia de utilização nos dois últimos anos verificando‐se um aumento significativo da aquacultura que resultou da regularização de pisciculturas e bivalves, um acréscimo das ocupações no leito e margem e uma diminuição pouco significativa das captações superficiais e rejeições, tendo‐se também verificado uma diminuição do numero de dragagens em relação ao ano anterior.
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Figura 21. Georeferenciação dos títulos de utilização dos recursos Hídricos emitidos – Ria de Aveiro
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Gráfico 2. Evolução dos títulos emitidos por tipologia de utilização
2.8.2 Fiscalização
A fiscalização da verificação do cumprimento das normas previstas na presente lei pode revestir‐se das seguintes formas:
sistemática pelas autoridades licenciadoras;
pontual em função das queixas e denúncias recebidas;
inspecção a efectuar pelas entidades dotadas de competência de forma casuística e aleatória ou em execução de um plano de inspecção previamente aprovado.
Durante o ano de 2010, e dada a escassez de meios humanos foi efectuado um esforço muito significativo para dar cumprimento ao programa de fiscalização e que resultou essencialmente na fiscalização de títulos emitidos e em resposta a denuncias, tendo‐se verificado um aumento significativo das acções de fiscalização efectuadas na margem e leito da Ria de Aveiro face ao ano anterior.
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Gráfico 3. Acções de fiscalização por tipologia de utilização
Gráfico 4. Documentos produzidos decorrentes das acções de fiscalização
Tendo em conta a especificidade das utilizações e há falta de meios específicos, a ARH do Centro, I.P., tem vindo a articular‐se com outras entidades com jurisdição na Ria de Aveiro, em particular com a Autoridade Marítima Portuária, para o apoio ao processo de fiscalização.
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2.9 Monitorização da qualidade da água
Na área da Ria de Aveiro a ARH do Centro, I.P. tem 2 estações de amostragem que integram a rede de referência de monitorização da qualidade de águas superficiais, definida em 2002 com o INAG, para cumprimento da Directiva Quadro da Água. Estas as estações designam‐se por 10V ‐ Foz do Rio Novo e por 12V ‐ Rio Fontela. Nestas estações a amostragem tem periodicidade mensal e são determinados os parâmetros então definidos de acordo com o seu objectivo. A ARH do Centro, I.P. considerou ser de alargar a rede de monitorização da qualidade da água da Ria de Aveiro, esperando‐se que esta possa constituir uma ferramenta relevante para a gestão deste recurso, constituído como um conjunto de massas de água para usos múltiplos, como por exemplo para a indústria, a aquacultura e actividades de recreio. Para o efeito foram seleccionados 9 locais de amostragem, e atribuído um conjunto de parâmetros que se considerou serem mais significativos para a avaliação da qualidade da água. Os locais de amostragem que actualmente constituem pontos de monitorização de qualidade da água são os seguintes:
Ponto de Amostragem Nome / Local Objectivo
10V Foz do Rio Novo SP/DQA
12V Rio Fontela DQA
RA1 Ponte da Varela avaliar a qualidade para os usos actuais
RA2 Zona de bivalves avaliar a qualidade para os usos actuais
RA3 Bico avaliar a qualidade para os usos actuais
RA4 Muranzel avaliar a qualidade para os usos actuais
RA5 Canal do Espinheiro avaliar a qualidade para os usos actuais
RA6 Vera Cruz avaliar a qualidade para os usos actuais
RA7 Bouco avaliar a qualidade para os usos actuais
RA8 Foz / Barra avaliar a qualidade para os usos actuais
RA9 Braço Sul / Biarritz verificar qualidade balnear
Os parâmetros até então previstos incluem parâmetros físico‐químicos e microbiológicos, conforme descriminado na tabela seguinte:
Pontos Parâmetros
10V 12V RA1 RA2 RA3 RA4 RA5 RA6 RA7 RA8 RA9
pH ‐ ‐ x x x x x x x x x
Temperatura x x x x x x x x x x x
SST ‐ ‐ x x x x x x x x x
NH4 ‐ ‐ x x x x x x x x x
OD ‐ ‐ x x x x x x x x x
P total x ‐ x x x x x x x x x
N total ‐ ‐ x x x x x x x x x
NO2 x ‐ x x x x x x x x x
CBO5 ‐ ‐ x x x x x x x x x
TOC ‐ ‐ x ‐ ‐ x ‐ ‐ x x x
Salinidade ‐ ‐ x x x x x x x x x
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Cu x ‐ ‐ x x ‐ x x ‐ ‐ ‐
As x ‐ ‐ x x ‐ x x ‐ ‐ ‐
Hg ‐ ‐ ‐ x x ‐ x x ‐ ‐ ‐
Pb x x ‐ x x ‐ x x ‐ ‐ ‐
Ni x x ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Cr x ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Cd ‐ x ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
E.coli ‐ ‐ x ‐ ‐ x ‐ ‐ x x x
Enterococus ‐ ‐ x ‐ ‐ x ‐ ‐ x x x
Durante o ano de 2010, e pela falta de meios e equipamentos para a recolha de águas, houve uma suspensão temporária tendo entretanto sido activada a monitorização.
Figura 22. Rede de amostragem de qualidade da água
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2.10 Taxa de Recursos Hídricos Até 2002, ao abrigo de legislação então em vigor foram cobradas taxas de utilização do domínio público marítimo pela antiga JAPA. Entre 2002 e 2006 enquanto a Ria já estava sob jurisdição do MAOTDR (com a DRAOT e depois CCDRC) a taxas ainda foram cobradas pela Administração do Porto de Aveiro ao abrigo de um protocolo entretanto considerado inválido. Durante os últimos anos os valores cobrados não sofreram actualizações. Em 14 de Dezembro foi publicado o Despacho n.º 25 522/2006, determinando novos valores para taxa específica para a Ria de Aveiro a aplicar pela CCDRC e que foi alvo de grande contestação por parte dos utilizadores nunca chegando a ser aplicado. A título de exemplo pode referir‐se que os valores totais cobrados na Ria de Aveiro pela APA, SA em 2005 foram aproximadamente de €184.371. Durante 2 anos não foram cobrados taxas na Ria de Aveiro. A aplicação da Taxa de Recursos Hídricos (TRH) decorre do Decreto‐Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho, assente em princípios do utilizador pagador e incidente em vários tipos de utilização do domínio hídrico.
2.10.1 Liquidação da Taxa de Recursos Hídricos na Ria de Aveiro
O valor global cobrado pela ARH do Centro, I.P. no âmbito da Ria de Aveiro, relativamente ao período de cobrança de 2009 correspondeu a € 503.451,58 tendo o valor recebido até 31 de Dezembro de 2010 sido de € 322.279,69. O valor pago da TRH no período acima referido atingiu cerca de 64% do valor emitido.
Gráfico 5. Valores emitidos
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2.10.2 Distribuição dos valores por tipologia
O Gráfico seguinte mostra os valores emitidos por tipologia dos utilizadores evidenciando como principais utilizadores a indústria, aquicultura, os clubes náuticos e as ocupações na margem da Ria de Aveiro.
Gráfico 6. Valores emitidos por componente
2.10.3 Distribuição dos valores emitidos por tipologia de utilizadores
O Gráfico seguinte mostra os valores emitidos por tipologia dos utilizadores evidenciando como principal utilizador a ocupação nas margens da Ria seguido da indústria, aquacultura e clubes náuticos.
Gráfico 7. Aplicação da TRH por tipologia de utilizadores
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2.11 Colaboração institucional e participação pública
No âmbito das iniciativas de colaboração institucional de aproximação aos utilizadores a ARH do Centro, IP importa destacar ainda seguintes iniciativas, entre outras realizadas com este objectivo: i) Estabelecimento de acordo de parceria entre a ARH do Centro, IP e a Câmara Municipal de Ílhavo para a conservação e reabilitação da zona costeira da margem da Ria, na Costa Nova do Prado: ii) Participação no debate organizado pela Associação dos Amigos do Cáster, sediada em Ovar, sobre a Praia do Furadouro. Com uma apresentação intitulada: “O litoral no município de Ovar: medidas previstas, concretizadas e projectadas para resolver, ou atenuar, os efeitos sentidos com a erosão costeira”; iii) Participação no colóquio organizado pela Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos e a sua Comissão Especializada das Zonas Costeiras, subordinado ao tema: “Gestão Costeira: Vulnerabilidades e Riscos na Região Centro”; iv) Colaboração técnica com as Câmaras Municipais de Ílhavo, Aveiro e Murtosa na definição da linha de Máxima praia mar de águas vivas equinociais com o objectivo de demarcação da margem estuarina, para a revisões dos PDM´s; v) Continuação da Colaboração com a Câmara Municipal de Ílhavo, SIMRIA, Associação das industrias de Bacalhau e Administração do Porto de Aveiro, SA. na procura de uma solução de ligação dos efluentes destas industrias ao emissário da SIMRIA, com posterior rejeição no mar pelo exutor submarino de S. Jacinto; vi) Coloração em acções de fiscalização com a SEPNA e Autoridade Marítima. Acrescem ainda todas as actividades de acompanhamento do Polis Litoral da Ria de Aveiro.
2.12 Constrangimentos
A plena prossecução das atribuições da ARH do Centro, I.P. tem sido essencialmente condicionada essencialmente pela manifesta insuficiência de recursos humanos necessários. O trabalho aqui relatado contou com o empenhamento da Divisão da Ria de Aveiro mas foi essencialmente desenvolvido pelos serviços centrais do Departamentos de Recursos Hídricos do Litoral. Este trabalho poderia ter sido significativamente mais desenvolvido com uma equipa local enriquecida e reforçada. O recurso a soluções tipo outsourcing constitui um complemento a equacionar no futuro. Esta solução, contudo, para além de requerer sempre uma estrutura mínima que permita internalizar os benefícios adquiridos, não é passível de realizar determinadas actividades exclusivas de elementos da administração pública como sejam a fiscalização, aspecto de primordial importância para a gestão da Ria de Aveiro. O facto da Ria de Aveiro mobilizar cerca de mil utilizadores (titulados ou em vias de o serem) e muitos indirectos, que historicamente sempre dispuseram localmente de um interlocutor, contribuiu para a necessidade do reforço da equipa loca prestando apoio directo, local aos utilizadores e permitindo uma fiscalização mais preventiva e proactiva. Outro constrangimento com implicações relevantes para o desenvolvimento do potencial da ARH do Centro, IP para marcar a diferença na gestão da Ria de Aveiro prende‐se com a disponibilidade de bases de dados sistemáticas e actualizadas bem como de recursos técnicos que, apesar dos esforços desenvolvidos, importa desenvolver, enriquecer e reforçar.
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3. Avaliação e desafios para 2011
A avaliação da actividade da ARH do Centro, I.P., na Ria de Aveiro, não pode deixar de se considerar manifestamente positiva. No entanto ainda existem problemas persistentes que deverão merecer rápida solução, com a continuidade de empenho nomeadamente com a celeridade na apreciação dos pedidos de licenciamento, a maior articulação com outras entidades, o reforço dos mecanismos de participação e a procura do principio da subsidiariedade. Considerando o potencial da ARH e os novos mecanismos previstos para gestão integrada dos recursos hídricos e a aproximação aos utilizadores e às outras entidades, os dois últimos parágrafos, apontam para duas áreas de trabalho fundamentais: a) o reforço da capacidade institucional e técnica da ARH do Centro, I.P., na Divisão da Ria de Aveiro; b) O estreito acompanhamento da Operação Polis Litoral da Ria de Aveiro que permitirá promover medidas de requalificação e valorização da Ria de Aveiro; c) O estreitamento de processos colaborativos com as Universidades da região, em particular, com a Universidade de Aveiro face ao seu potencial de conhecimento de particular relevância para a gestão da Ria de Aveiro; d) A elaboração do Plano de Ordenamento do Estuário do Vouga (POEV) em conjunto com os utilizadores da Ria, a Comunidade Intermunicipal e as entidades com a responsabilidades nesta zona, for forma a construir um quadro de objectivos e de regras de utilização do estuário. Este documento permitirá a definição de medidas de protecção e valorização dos recursos hídricos, do estuário e da zona costeira que permitam a adaptação desta zona não apenas aos requisitos dos utilizadores e aos desafios da Directiva Quadro da Água, mas também, aos desafios que as variações e as alterações climáticas possam implicar sobre a Ria de Aveiro, no âmbito de uma nova cultura de governação e gestão dos recursos hídricos.