acórdão nº 0123816.35.2008.8.26.0100, luis nassif x editora abril

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: 2012.0000323300 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0123816- 35.2008.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado EDITORA ABRIL S.A., são apelados/apelantes LUÍS NASSIF e INTERNET GROUP DO BRASIL S/A. ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso da autora e deram parcial provimento ao apelo dos réus", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIO GIACOIA. São Paulo, 3 de julho de 2012 DONEGÁ MORANDINI RELATOR Assinatura Eletrônica Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0123816-35.2008.8.26.0100 e o código RI000000EC4VL. Este documento foi assinado digitalmente por CARLOS EDUARDO DONEGA MORANDIN. fls. 1

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Page 1: Acórdão nº 0123816.35.2008.8.26.0100, luis nassif x editora abril

TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Registro: 2012.0000323300

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0123816-35.2008.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apeladoEDITORA ABRIL S.A., são apelados/apelantes LUÍS NASSIF e INTERNETGROUP DO BRASIL S/A.

ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal deJustiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recursoda autora e deram parcial provimento ao apelo dos réus", de conformidade com ovoto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. DesembargadoresDONEGÁ MORANDINI (Presidente), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIOGIACOIA.

São Paulo, 3 de julho de 2012

DONEGÁ MORANDINI

RELATOR

Assinatura Eletrônica

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TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Apelação nº 0123816-35.2008.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 19.510 2/5

3ª Câmara de Direito Privado

Apelação Cível n. 0123816-35.2008.8.26.0100

Comarca: São Paulo

Apelantes/Apelados: Editora Abril S.A e outros

Voto n. 19.510

DANOS MORAIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.1- Ilegitimidade passiva da requerida IG. Matériavencida nos autos. Alegação já afastada, sem qualquerinsurgência. Preclusão operada. Incidência do disposto noart.473 do CPC. Aplicação, ademais, do enunciado pelaSúmula 221 do STJ.2- Dano moral. Veiculação que, segundo a inicial,teria atingido a honra, imagem e renome da autora.Necessidade, no caso de ofensa à pessoa jurídica, dademonstração concreta do dano reclamado. Ausência, naespécie, da demonstração de que a veiculação importou emefetiva lesão ao conceito da autora. Lesão moral nãoreconhecida.3- Veiculação, outrossim, que importou no exercíciodo direito de crítica pelos recorridos. Ilicitude nãoconfigurada.4- Verba honorária. Arbitramento em R$-3.000,00para cada Patrono dos réus. Insuficiência reconhecida,elevando-se a verba para R$-5.000,00. Aplicação dodisposto no art. 20, par.4º, do CPC.APELO DA AUTORA DESPROVIDO, COM PARCIALPROVIMENTO AO RECURSO INTENTADO PELOSRÉUS.

1.- Ação de indenização por danos morais julgada

improcedente pela r. sentença de fls.1.153/1.159, de relatório adotado,

condenada a autora ao pagamento do ônus da sucumbência, arbitrada a

honorária , com lastro no art.20, par.4º, do CPC, em R$-3.000,00( três mil

reais), para cada um dos Patronos dos réus.

Recorrem as partes.

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Apelação nº 0123816-35.2008.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 19.510 3/5

A autora EDITORA ABRIL, pelas razões

apresentadas às fls.1.161/1.192, insiste no reconhecimento da lesão de cunho

moral, com a consequente procedência da ação.

O réu LUÍS NASSIF, ao seu lado, busca a

majoração da verba honorária (fls.1.204/1.209).

Adesivamente, a ré IG sustenta que não é parte

legítima para compor o polo passivo da ação. Postula também a elevação da

verba honorária (fls.1.285/1.292).

Contrarrazões às fls. 1.272/1.283, 1.297/1.310 e

1.320/1.331.

É o RELATÓRIO.

2.-Vencida a questão relacionada com a

ilegitimidade passiva da ré IG. A r. decisão de fls.927 repeliu a alegação, não

se manejando a respeito qualquer insurgência. O tema está acobertado pela

preclusão, sendo que o seu enfrentamento implicaria em desabrida ofensa ao

disposto no art. 473 do CPC: “É defeso à parte discutir, no curso do processo,

as questões já decididas, a cujo respeito se operou a preclusão”. Ademais,

ainda que assim não fosse, a ilegitimidade alardeada não se sustenta à vista

do enunciado pela Súmula 221 do Superior Tribunal de Justiça: “São

civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano decorrente

de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o

proprietário do veículo de divulgação”.

A improcedência da ação foi corretamente

reconhecida.

Com efeito.

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Apelação nº 0123816-35.2008.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 19.510 4/5

Sustenta-se que a densa veiculação de fls.68/115,

subscrita pelo requerido LUÍS NASSIF e difundida pela requerida IG, feriu a

honra, imagem e renome da autora EDITORA ABRIL, postulando-se, em

consequência, a inversão do julgado de primeiro grau de jurisdição, com o

arbitramento de uma indenização por danos morais.

Não se desconhece que a pessoa jurídica, no caso

a EDITORA ABRIL, pode sofrer dano moral. Confira-se, a propósito, o

enunciado pela Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa

jurídica pode sofrer dano moral”.

Todavia, tratando-se de pessoa jurídica, o dano,

de natureza objetiva, deve concreto, nada se presumindo a respeito. Nesse

sentido, inclusive, o Enunciado 189 do CEJ: “Na responsabilidade civil

por dano moral causado à pessoa jurídica, o fato lesivo, como

dano eventual, deve ser devidamente demonstrado”.

Na espécie, nada se demonstrou no sentido de

que a veiculação de fls.68/115 importou no comprometimento da imagem e

do renome da autora. Ausente aqui qualquer dado concreto no sentido de

que o conceito da autora, enquanto editora, restou tisnado em razão das

matérias emanadas dos requeridos. A mera alegação de dano não bastava ao

reconhecimento da lesão moral indenizável.

Mas não é só. As manifestações de fls.68/115

refletem uma crítica a respeito da linha de atuação de uma das revistas

editadas pela autora. A crítica, no dizer de DARCY ARRUDA MIRANDA,

“reflete tão somente o ponto de vista de quem a faz e, este, pode

ser injusto, e até mesmo desonesto, sem que com isso pratique

qualquer crime” (Comentários à Lei de Imprensa, Editora Revista

dos Tribunais, 2º. Volume, pág. 520). O direito de livre expressão, que

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Apelação nº 0123816-35.2008.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 19.510 5/5

abarca o direito de criticar, ostenta proteção constitucional (art. 5º, IV, CF).

Aliás, este E. Tribunal, em caso envolvendo as mesmas veiculações, apartou

o reconhecimento de qualquer ilicitude a envolvê-las, concluindo que a

prática encerrava “regular exercício de opinião crítica jornalística”

(cf. V. Acórdão de fls.1.083, 6ª Câmara de Direito Privado,

Relator Vito Guglielmi, julgamento em 27 de maio de 2010).

A r. sentença, no entanto, comporta um ligeiro

reparo. À vista da magnitude da matéria em discussão nos autos e a

excelência do trabalho desenvolvido pelos Patronos dos réus, a verba

honorária arbitrada às fls.1.119 desponta como insuficiente, desgarrando-se

dos parâmetros traçados no art. 20, par. 4º, do CPC. Eleva-se, dessa forma, a

honorária para a quantia de R$-5.000,00, atualizável desde o presente

julgamento, para cada Patrono dos réus, renumerando-se adequadamente o

trabalho por eles desempenhado. Provê-se, nesta parte, os recursos

deduzidos pelos réus.

Isto posto, NEGA-SE provimento ao recurso da

autora, provendo-se, em parte, o apelo dos réus.

Donegá Morandini Relator

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