acesso e permanÊncia de alunos de engenharia da … · confea - conselho federal de engenharia,...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO UNESP - CÂMPUS DE MARÍLIA MAGELA RENY FONTICIELLA GÓMEZ ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA UTFPR - CÂMPUS MEDIANEIRA MARÍLIA 2015

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Page 1: ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA … · CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. COUNI – Conselho Universitário da UTFPR CNE – Conselho

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO

UNESP - CÂMPUS DE MARÍLIA

MAGELA RENY FONTICIELLA GÓMEZ

ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA

UTFPR - CÂMPUS MEDIANEIRA

MARÍLIA

2015

Page 2: ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA … · CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. COUNI – Conselho Universitário da UTFPR CNE – Conselho

MAGELA RENY FONTICIELLA GÓMEZ

ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA

UTFPR - CÂMPUS MEDIANEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação da Faculdade de

Filosofia e Ciências da Universidade Estadual

Paulista –– Câmpus de Marília, SP, para a

obtenção do título de Mestre em Educação –

Área de Concentração: Políticas Educacionais,

Gestão de Sistemas e Organizações, Trabalho

e Movimentos Sociais

Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Torres

MARÍLIA

2015

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Gómez, Magela Reny Fonticiella.

G633a Acesso e permanência de alunos de engenharia da

UTFPR - Câmpus Medianeira / Magela Reny Fonticiella

Gómez – Marília, 2015.

123 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Educação) –

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e

Ciências, 2015.

Bibliografia: f. 116-122 Orientador: Julio Cesar Torres.

1. Ensino superior. 2. Políticas públicas. 3.

Universidades e faculdades - Ingresso. 4. Evasão escolar. 5.

Engenharia – Estudo e ensino - Paraná. I. Título.

CDD 378.3

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MAGELA RENY FONTICIELLA GÓMEZ

ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS DE ENGENHARIA DA UTFPR -

CÂMPUS MEDIANEIRA

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Educação

Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista –

Faculdade de Filosofia e Ciências – Câmpus de Marília, SP.

Data da Aprovação: 20/ 02/ 2015

BANCA EXAMINADORA

Orientador: ______________________________________________________

Prof. Dr. Julio Cesar Torres (UNESP)

2o Examinador: ___________________________________________________

Profa. Dra. Filomena Elaine Paiva Assolini (USP)

3o Examinador: ___________________________________________________

Profa. Dra. Luciana Aparecida de Araújo Penitente (UNESP)

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Dedico este trabalho a Deus.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus.

À Anna Karen e Yuri Fernando, amor maior e para sempre. Por ouvirem tanto sobre evasão,

Educação Superior, Políticas Públicas... Por estarem sempre presentes em todos os momentos;

alegres ou não. Pela força, apoio e incentivo. Obrigada por me entenderem a grandeza desse

sonho!

Ao melhor orientador, Professor Julio Cesar Torres, minha admiração, respeito e gratidão por

me orientar até aqui. Por me conduzir além de mim mesma. Obrigada querido orientador. O

título acadêmico que hoje conquisto, divido com você!

Às pessoas que me incentivaram e perceberam o quão importante é este trabalho para mim, e

principalmente à equipe diretiva da UTFPR, Câmpus Medianeira, por acreditar neste trabalho.

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Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de

maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-

lo.

(Karl Marx – primavera de 1845)

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RESUMO

O presente estudo constitui-se de pesquisa de natureza bibliográfica e documental que teve

como objetivo avaliar o ingresso, a permanência e a decorrente evasão, com enfoque

específico sobre os cursos superiores de Engenharia na UTFPR – Câmpus Medianeira.

Resgatou-se a história da universidade, dos cursos envolvidos desde seu surgimento, e

discutiu-se a realidade brasileira como forma de contextualização do problema. Dados

estatísticos sobre a evasão escolar no ensino superior brasileiro foram coletados, buscando-se

relacioná-los com os indicadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e o Câmpus

Medianeira. Os fatores levantados e analisados foram investigados por meio de informações do

sistema acadêmico acerca da permanência e caracterização da evasão. Um fator muito expressivo

foi constatar como acontece a mobilidade geográfica desses estudantes pelo país e pela região

onde se encontra localizada a IES investigada, uma vez que é adotado o processo de seleção

de candidatos (acesso) aos Cursos com a nota do ENEM pelo processo do SiSU. Um viés da

ampliação do acesso ao Ensino Superior ocorre em virtude da ampliação das vagas nas IFES e

pela alta mobilidade geográfica permitida pelo SiSU. A análise dos dados foi realizada a partir

da categorização das informações, evidenciando-se os motivos da evasão. Constatou-se, porém,

que as taxas de evasão caíram a partir da consolidação dos cursos e pelas políticas públicas

educacionais implementadas. Contudo, estratégias e ações afirmativas precisam ser

efetivamente incrementadas e ampliadas para garantir a permanência na universidade desses

estudantes, criando-se mecanismos que garantam a conclusão de seus cursos.

Palavras-Chave: Políticas Públicas para o Ensino Superior. SiSU. Acesso e Permanência.

Cursos Superiores de Engenharia. UTFPR

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ABSTRACT

This work consists in a research of bibliographic and documental nature, that aimed to to

evaluate the admission, the permanency and the consequent evasion, focusing specifically on

the Engineering superior courses of UTFPR Câmpus Medianeira. The university´s history

was rescued and also the involved courses, since its beginning and the Brazilian reality was

discussed as a way to contextualize the problem. Statistical data about the school evasion in

the Brazilian Higher Education were collected, seeking to relate them with the indicators of

the Universidade Tecnológica Federal do Paraná and the Câmpus Medianeira. The raised and

analyzed factors were investigated by the academic system information about the statistical

data of permanency and evasion features. A very expressive factor was to find how the

geographic mobility happens in the country and in the region where the IES investigated is

located, considering that it is adopted the process of candidate selection (access) to the

courses with the ENEM average by the SiSU process. A very expressive factor was to verify

how the geographical mobility of these students in the country and in the region where the

IES investigated is located, once the process of candidate selection (access) is adopted to the

courses with the ENEM´s grade by the SiSU process. An increasing bias for the access to the

Higher Education occurs due to the increasing of the vacancy in IFES and to the high

students´ mobility enabled by the SISU. The data analysis was performed from the

information categorization, showing the evasion reasons. It was verified that the evasion rates

have fallen since the course consolidation and, mainly, because of the public policies

implanted. Therefore, strategies and affirmative actions need to be effectively incremented

and enlarged to guarantee the permanency of these students in the university, creating

mechanisms that ensure their course´s conclusion.

Key-words: Public Polices for the Higher Education. SiSU. Access and Permanency.

Engineering Superior Courses; UTFPR

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - NÚMERO DE MATRÍCULAS NOS CURSOS DE ENGENHARIA PRESENCIAL E

A DISTÂNCIA 1991-2012 NO BRASIL ......................................................................................72

GRÁFICO 2 - NÚMERO DE MATRÍCULAS NOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR 2005-

2013. ...............................................................................................................................................73

GRÁFICO 3 - NÚMERO DE INGRESSANTES DOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR

CÂMPUS MEDIANEIRA NO PERÍODO ENTRE 2010 E 2013, COM PROJEÇÃO DO ANO

2016 ................................................................................................................................................86

GRÁFICO 4 - NÚMERO DE INGRESSANTES DOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR NO

PERÍODO ENTRE 2010 A 2013 ...................................................................................................87

GRÁFICO 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NOS CURSOS DE

ENGENHARIA DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA POR GÊNERO ....................................88

GRÁFICO 6 - DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES ATENDIDOS PELO AUXÍLIO

ESTUDANTIL NOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA POR

GÊNERO........................................................................................................................................89

GRÁFICO 7 - DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE ENGENHARIA DA

UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA POR FAIXA DE IDADE ......................................................90

GRÁFICO 8 -DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES ATENDIDOS PELO AUXÍLIO

ESTUDANTIL DOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA POR

FAIXA DE IDADE ........................................................................................................................91

GRÁFICO 9 - RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE ESTUDANTES ATENDIDOS PELO

PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E A EVASÃO GERAL DOS CURSOS DE

ENGENHARIA DA UTFPR – CÂMPUS MEDIANEIRA ...........................................................97

GRÁFICO 10 - QUANTIDADE DE AUXÍLIO ESTUDANTIL DISTRIBUÍDOS POR SEMESTRE

......................................................................................................................................................100

GRÁFICO 11 - DISTRIBUIÇÃO DO AUXÍLIO ESTUDANTIL PARA O TOTAL DE ALUNOS

MATRICULADOS E SUA DISTRIBUIÇÃO POR CURSO DE 2010 A 2013 .........................101

GRÁFICO 12 - PORCENTAGEM DE ALUNOS REGULARES E EVADIDOS DENTRE OS

ESTUDANTES ATENDIDOS PELO AUXÍLIO ESTUDANTIL ENTRE 2010 E 2013 ...........102

GRÁFICO 13 - NÚMERO DE ALUNOS QUE SE EVADIRAM DOS CURSOS DE ENGENHARIA

DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA NO PERÍODOS ENTRE 2010 E 2013 ........................103

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GRÁFICO 14- CAUSAS DA EVASÃO E PORCENTAGENS DOS ALUNOS EVADIDOS DO

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS ENTRE 2010 A 2013 .....................................104

GRÁFICO 15 - CAUSAS DA EVASÃO E PORCENTAGENS DOS ALUNOS EVADIDOS DO

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ENTRE 2010 A 2013 ...........................................105

GRÁFICO 16 - CAUSAS DA EVASÃO E PORCENTAGENS DOS ALUNOS EVADIDOS DO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ENTRE 2010 A 2013 ...............................................106

GRÁFICO 17 - CAUSAS DA EVASÃO E PORCENTAGENS DOS ALUNOS EVADIDOS DO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ENTRE 2010 E 2013 .......................................107

GRÁFICO 18 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE ALUNOS DAS DISTÂNCIAS ENTRE SUA

ORIGEM E A UNIVERSIDADE DOS CURSOS DAS ENGENHARIAS DA UTFPR CÂMPUS

MEDIANEIRA. ...........................................................................................................................108

GRÁFICO 19 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ALUNOS EVADIDOS POR CURSO DE

ENGENHARIA, POR DISTÂNCIA ENTRE A CIDADE DE ORIGEM E A UNIVERSIDADE.

......................................................................................................................................................109

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LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - LOCALIZAÇÃO DOS CÂMPUS DA UTFPR - 2014 ........................................................62

MAPA 2 - ORIGEM GEOGRÁFICA DOS ALUNOS MATRICULADOS NA UTFPR CÂMPUS

MEDIANEIRA – 2010 A 2013 ......................................................................................................95

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CURSOS SUPERIORES POR CÂMPUS DA UTFPR ..................................................63

QUADRO 2 - MATRÍCULAS DO SISU POR ESTADO .....................................................................94

QUADRO 3- MOBILIDADE NO SISU - DESLOCAMENTO DOS ESTUDANTES

MATRICULADOS 2013 NO BRASIL. ......................................................................................123

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - INDICADORES E DADOS GLOBAIS UTFPR .............................................................70

TABELA 2 - VALORES AUXÍLIO ESTUDANTIL UTFPR ..............................................................75

TABELA 3 – APLICAÇÃO DOS RECURSOS PNAES -UTFPR 2013 ..............................................77

TABELA 4 - VALORES PAGOS DO AUXÍLIO ESTUDANTIL .......................................................99

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABENGE – Associação Brasileira de Educação de Engenharia

BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

BM – Banco Mundial

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBAI - Comissão Brasileiro-Americana Industrial

CEFET-PR - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

CES – Câmara de Educação Superior

CF - Constituição Federal

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social

CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

COUNI – Conselho Universitário da UTFPR

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNI – Conselho Nacional da Indústria

CPGEI - Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura.

CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

DIRGRAD - Diretoria de Graduação e Educação Profissional

Encceja - Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

FMI - Fundo Monetário Internacional

FNDE - Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação

FONAPRACE – Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis

GRTU - Grupo de Trabalho para Reforma Universitária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES - Instituição de Ensino Superior

IFE Instituição Federal de Ensino

IFES - Instituições Federais de Ensino Superior

IME – Instituto Militar de Engenharia

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica

LDB - Leis e Diretrizes e Bases

LDBEN - Leis e Diretrizes e Bases da Educação Nacional

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LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MARE - Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado

MEC – Ministério da Educação

NAPNE – Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais

NUAPE - Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil

PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional

PNAES – Programa Nacional de Assistência Estudantil

PNE - Plano Nacional de Educação

PPA - Plano Plurianual

PPGEM - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais

PPGEP - Programa de Mestrado em Engenharia de Produção

PPGTE - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia

PROTEC - Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico

PUC-Campinas – Pontifícia Universidade Católica de Campinas

PUCs - Pontifícias Universidades Católicas

Reuni - Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RU – Restaurante Universitário

SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica

SciELO-BR - Scientific Electronic Library Online Brasil

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional

SiSU – Sistema de Seleção Unificada

UAB - Universidade Aberta do Brasil

UDF - Universidade do Distrito Federal

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFRJ - Universidade Federal do Rio de janeiro

UnB - Universidade de Brasília

UNE - União Nacional dos Estudantes

UNED- Unidades de Ensino de Descentralizadas

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNIARP – Universidade Alto Vale do Rio do Peixe

USP – Universidade de São Paulo

USAID - United States Agency for International Development

UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 19

CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 28

EDUCAÇÃO NO BRASIL, O ENSINO SUPERIOR E SUAS RUPTURAS ................... 28

1.1 HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL .................................................... 28

1.2 O ENSINO SUPERIOR E SUAS ETAPAS .................................................................. 45

1.3 UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO

E PERSPECTIVAS ATUAIS ............................................................................................... 49

1.4 A ENGENHARIA E O ENSINO DE ENGENHARIA NO BRASIL ........................... 51

1.5 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL .................................................................................... 54

1.5.1 Formas de educação profissional e tecnológica no Brasil....................................... 56

1.5.2 Rede Federal de Educação Profissional .................................................................. 56

CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 58

A UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ E SUAS POLÍTICAS

.................................................................................................................................................. 58

2.1 HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ ....... 58

2.1.1 Histórico do Câmpus Medianeira ............................................................................ 65

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO ................................................................. 66

2.2.1 Constituição Federal de 1988: bases do campo normativo da política educacional67

2.2.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96) ..................... 68

2.3 POLÍTICAS DE EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR ............................................ 68

2.3.1 Dotação orçamentária .............................................................................................. 70

2.4 POLÍTICAS DE GARANTIA DA PERMANÊNCIA DO ESTUDANTE DA UTFPR

.............................................................................................................................................. 73

2.4.1 Divisão de Assistência Estudantil ........................................................................... 74

2.4.2 Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil ............... 74

2.4.3 Programa de Auxílio Estudantil .............................................................................. 75

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2.4.3.1 Auxílio Instalação .............................................................................................. 75

2.4.3.2 Auxílio Básico ................................................................................................... 76

2.4.3.3 Auxílio Moradia ................................................................................................ 76

2.4.3.4 Auxílio Alimentação ......................................................................................... 76

2.4.3.5 Assistência Médica-Odontológica-Psicológica-Social ...................................... 77

2.5 INGRESSO PARA OS CURSOS SUPERIORES DA UTFPR .................................... 78

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 81

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................................... 81

3.1 OS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA ................. 81

3.2 ENGENHARIA AMBIENTAL ...................................................................................... 82

3.3 ENGENHARIA DE ALIMENTOS ............................................................................... 82

3.4 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ................................................................................ 83

3.5 ENGENHARIA ELÉTRICA ......................................................................................... 83

3.6 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO ESCOLAR .................................. 84

3.7 PERFIL DOS ESTUDANTES ....................................................................................... 85

3.7.1 Estudantes ingressantes ............................................................................................ 86

3.7.2 Distribuição dos estudantes de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira por

gênero ................................................................................................................................ 87

3.7.3 Origem geográfica dos estudantes e sua mobilidade ............................................... 91

3.8 A EVASÃO E O AUXÍLIO ESTUDANTIL ................................................................ 95

3.9 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA .......... 107

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 116

ANEXO 1 ............................................................................................................................... 123

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19

INTRODUÇÃO

No decorrer de quase vinte e cinco anos de trabalho como educadora ocorreram

algumas transformações na maneira de concebermos a educação que resultaram em uma visão

diferente sobre a importância dos diversos componentes do processo educacional e que

acabaram originando este estudo.

Como a educação vem assumindo, por um lado, um papel com a opção técnica,

voltada para o mundo do trabalho, atendendo às demandas do capital e, por outro,

manifestando-se preocupada com a construção da modernidade ética e humanista e diante

dessa segunda posição, a educação e os agentes da educação colocam-se frente à sociedade,

como responsáveis capazes de interferir no processo histórico de forma efetiva. (BORGES;

AQUINO, 2012)

O crescimento econômico observado no Brasil nos últimos anos fez surgir uma

procura por engenheiros, a ponto de se verificar a carência de profissionais no mercado. A

respeito da falta de engenheiros sobre uma possível escassez hoje e no futuro, está ligada às

perspectivas do desenvolvimento, que direta ou indiretamente são desenvolvidas por um

conjunto de profissionais, entre os quais os engenheiros apresentam destaque. Ao longo da

última década foram detectados sinais de aquecimento do mercado e uma eventual escassez

de engenheiros. No entanto, o que se constata é a falta de engenheiros experientes, com

capacitação para liderar projetos. Sob este ponto de vista, o que se conclui é que o problema

se situa na qualidade de engenheiros formados. (LINS et al. 2014)

Professores e profissionais da educação, bem como profissionais dessa área

específica, enfatizam que essa falta de engenheiros deve-se ao número reduzido de alunos que

se formam anualmente nas engenharias. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia, existem 1.134.548 (um milhão cento trinta e quatro mil quinhentos

e quarenta e oito engenheiros) no país. (CONFEA, 2014)

De acordo com estudo do Conselho Nacional da Indústria, para dar conta da

demanda por esses profissionais, seria necessário formar 60 mil engenheiros por ano no

Brasil. (CNI, 2013)

Outro questionamento que emerge dessa discussão refere-se à necessidade de mais e

melhores engenheiros no Brasil, não somente pelo fato de o país formar poucos engenheiros

em comparação com outros países, mas pela associação deste profissional aos fatores de

desenvolvimento tecnológico.

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20

A discussão sobre este tema no Brasil esconde alguns pontos: quanto à qualidade da

formação dos novos engenheiros; é preciso que os ingressantes tenham uma base teórica

sólida, sobretudo em conteúdos de matemática e ciências. Alguns setores empresariais, no

Brasil, afirmam sentir falta de engenheiros experientes, e que após a economia começar a

crescer nos anos 2000 e a demanda de engenheiros aumentar, buscou-se no mercado

engenheiros mais experientes, para liderar obras e projetos. (LINS et al. 2014)

Esse risco de falta de mão de obra de engenharia no Brasil deve-se às pressões de

curto prazo no mercado de trabalho; porém em termos quantitativos, essas pressões tendem a

serem resolvidas pela ampliação da oferta de novos engenheiros, uma vez que os cursos de

engenharia voltaram a atrair os alunos. Mesmo assim, no Brasil, 32 (trinta e dois) mil obtêm

esse diploma a cada ano. (LINS et al. 2014)

Nesse contexto, esta pesquisa visualiza sua importância com o intuito responder aos

inúmeros questionamentos que refletem o campo de investigação da educação superior no

Brasil, especialmente no que diz respeito aos cursos de engenharia, frequência, evasão e

permanência, destacando-se os indicadores no âmbito das políticas públicas implementadas ao

longo das últimas duas décadas.

Na educação superior a evasão é um tema de grande relevância no contexto

internacional, sobretudo quando refletido o papel desse nível educacional para o

desenvolvimento das nações, nos aspectos cognitivos, socioculturais e econômicos, entre

outros. Os índices de evasão nos cursos de graduação, em todo o mundo, tem despertado

importante preocupação nos sistemas de ensino, no desenvolvimento de políticas educacionais

e nos processos de gestão universitária, uma vez que o problema se manifesta em qualquer

instituição, independente da forma de organização e categoria administrativa.

Nesta pesquisa ao analisar as políticas públicas de educação superior implementadas

pelo Governo Federal e, mais especificamente, no contexto das Instituições Federais de

Ensino Superior buscou responder à seguinte questão: como acontece a implementação dessas

políticas públicas de ensino superior quanto ao acesso, à permanência e à consequente evasão

do estudante das engenharias na UTFPR - Câmpus Medianeira? E, se elas estão sendo

eficazes para diminuir a evasão e, por conseguinte, como um dos objetivos, mostrar se a

origem geográfica destes estudantes pela mobilidade que é gerada pelo SiSU contribui ou não

para a evasão.

O presente estudo foi submetido à Comissão de Ética da Universidade Estadual

Paulista – UNESP/Câmpus de Marília, em 15 de agosto de 2013, e homologado em 19 de

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21

fevereiro de 2014 sob número 0944/2014, obedecendo a Resolução nº 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde, que dispõe sobre as questões éticas na pesquisa.

Desde o início de 2009, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus

Medianeira, trabalhando com estudantes e com a aplicação das provas do Exame Nacional do

Ensino Médio (ENEM), chama a atenção da pesquisadora, enquanto profissional da educação,

a necessidade de descobrir porque e como ocorrem os movimentos das mudanças na

implementação dos cursos Superiores de Engenharia, os indicadores de frequência

(permanência), evasão e mobilidade geográfica desses jovens brasileiros, nacionalmente

distribuídos, aos quais as políticas públicas têm oferecido maior acesso ao Ensino Superior

por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Procurou-se levantar a problematização

das diretrizes das políticas nacionais e locais e fundamentar com estudiosos e pesquisadores

citados nesta dissertação.

Primeiramente, realizou-se uma contextualização da história da educação, dando

ênfase à Educação Superior e suas rupturas.

Ao fazer uma análise mais crítica da história da educação no Brasil, Nascimento

(2012) descreve que o caminho dessa história foi marcado por fatos econômicos, políticos e

culturais. Cada época diz respeito às renovações que aconteceram no ensino brasileiro. Temos

um legado acentuado da Europa por imposição, em que se sobrepõem costumes, moral e

religiosidade. A trajetória que o Brasil trilhou foi muito diferente do que os outros países na

América do Sul, visto ser o Brasil o único colonizado pelos Portugueses.

Ao longo do século XX, percebeu-se que o ensino brasileiro emergia de uma série de

problemas no contexto político e educacional. Ante a este contexto, ocorrem movimentos,

implementam-se reformas, criam-se instituições educacionais. Mesmo à mercê da hegemonia

capitalista, respaldada em uma doutrina neoliberal, concretizam-se as mudanças na educação.

Nessa política neoliberal, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo

Nascimento (2012), iniciou-se a expansão das universidades particulares. Essa política

começa a ser questionada quando o governo incentiva com subsídios nas instituições de

ensino particulares, enquanto as públicas começam a ficar sucateadas por falta de verbas e

investimentos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu primeiro mandato (2003-2006),

primeiramente dá continuidade a esse processo iniciado pelo presidente Fernando Henrique

Cardoso, fazendo com que a educação superior dê um salto quantitativo, porém, verifica-se

uma regressão qualitativa. Muitas universidades estão sucateadas, com falta de espaço físico,

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equipamento e até de professores, trazendo, como consequência, greves em vários setores da

educação pública.

Nesse contexto, é possível pensar a universidade como uma instituição do aparelho

escolar, permeada de contradições no âmbito do sistema do capital, mas também sugerir que a

mesma desempenhe o papel de reprodutora das relações sociais concebidas pelo modo de

produção. Esse aparelho pode ser qualificado pela hegemonia política e cultural das classes

dominantes.

Segundo Lima (2011), as políticas promovidas pelo Banco Mundial (BM) que

interferiram na educação superior brasileira, fato ocorrido em meados da década de 1990 e na

continuidade da primeira década do século seguinte, pelos governos Fernando Henrique

Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, executaram as reformulações que tiveram como eixos

centrais a diversificação das instituições de Ensino Superior (IES) e dos cursos e a

diversificação das suas fontes de financiamento.

Ao se analisar essas políticas conduzidas inicialmente pelo governo Fernando

Henrique Cardoso e que tiveram continuidade com o governo Lula da Silva, efetivamente há

uma desconstrução da educação pública brasileira como um direito social. Do repasse (direto

e indireto) dos recursos públicos ao setor privado, à adoção da lógica empresarial como

modelo de gestão nas instituições educacionais públicas, verifica-se o privilégio custo-

benefício, a certificação e a fragmentação do ensino e, por conseguinte, o encurtamento da

formação profissional. (LIMA, 2011, p 87)

Analisando o documento do Banco Mundial e das políticas executadas pelo governos

Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou evidenciado uma

estruturação de um tipo de universidade que, afirma Lima (2011), está adequada à atual etapa

de acumulação do capital, especialmente em um país capitalista dependente como é o Brasil.

Essa estruturação que vai da privatização direta, passando pelo modelo de gestão, coroa-se

com a quebra de indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão, além da

mercantilização do conhecimento.

Na aprovação da LDB/1996, o capítulo da Educação Superior, na visão de Silva e

Sguissardi (2001), representa uma verdadeira plataforma legal e conjuntura jurídica apoiando

as ações da reforma em grande medida, identificadas com as recomendações dos organismos

multilaterais, mas também defendidas por muitos analistas e mentores nacionais da

modernização do sistema de educação superior no país.

Portanto, as políticas públicas passam, no país e no exterior, por um processo de

mercadorização do espaço estatal ou público, sob o impacto do gerenciamento das empresas

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capitalistas na suposta anarquia do mercado, estruturado por organismos multilaterais, e agem

em toda a extensão do planeta. (SILVA; SGUISSARDI, 2001)

Lima et al. (2008) definiu no tocante à questão das políticas públicas da educação

superior no Brasil, que a reforma universitária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no seu

primeiro mandato (2003-2008), foi marcada por alguns princípios, mesmo no início terem

sido inerciais, porém distintos com relação ao governo Fernando Henrique Cardoso:

Definição de um modelo de financiamento universitário;

Regulação da transnacionalização das IES privadas;

Política de cotas para estudantes de escolas públicas, negros, índios e criação do

Programa Universidade para Todos (ProUni);

Criação de um Conselho com Participação da Comunidade, sindicatos, docentes e

funcionários nas Universidades Públicas e Privadas;

Submissão das universidades ao princípio da Responsabilidade Social;

Regulação das fundações;

Avaliação e acreditação das IES com vistas a assegurar a qualidade.

Ao início do segundo mandato do Presidente Lula da Silva, em 2007, o MEC emitiu

sinais de abonar a proposta de implementação da “Universidade Nova”. Ao mesmo tempo

aconteceu a tramitação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais (Reuni) por meio do Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007. A ideia

era alterar o modelo de estrutura acadêmica da Educação Superior. Universidade Nova é a

denominação à proposta da qual exige uma mudança na arquitetura acadêmica da

universidade pública brasileira, buscando superar os desafios e corrigir as limitações. Desta

forma, as universidades federais que aderissem ao Reuni deveriam apresentar um projeto nos

moldes da “Universidade Nova”. (BORGES; AQUINO, 2012)

Com o objetivo de criar condições para ampliação do acesso e permanência na

educação superior, em nível de graduação, para melhor vantagem da estrutura física e

recursos humanos já existentes nas universidades federais, Borges e Aquino (2012) enfatizam

que nessa nova reestruturação, 53 (cinquenta e três) universidades federais aderem ao Reuni.

Segundo o Ministério da Educação, o Reuni não busca apenas investir nas

instituições de Ensino Superior públicas para que aumentem seus indicadores quantitativos,

embora seja um dos importantes objetivos do programa, mas propiciar que cada instituição

realize com autonomia o caminho do desenvolvimento. Para alcançar esses objetivos, criam-

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se universidades, ampliam-se as existentes, expandem-se os cursos noturnos e,

principalmente, amplia-se a mobilidade estudantil e diversificam-se as modalidades de

graduação. (COSTA, 2010)

Há consenso que a expansão das universidades públicas federais é uma necessidade.

São responsáveis por apenas 14% do número de alunos que ingressam no Ensino Superior,

ficando com 76% a rede privada, porém as instituições públicas continuam a ser as de maior

qualidade, pois os docentes além de atuarem no ensino, atuam na pesquisa e na extensão.

(MAKOWIECKY, 2011)

Makowiecky (2011) cita que o processo de expansão da Educação Superior deve ser

analisado em duas perspectivas: a necessidade de democratização do acesso a esse nível de

ensino e, de outro lado, às condições que essa expansão ocorra, conflitando as políticas

públicas de investimento do setor público com o financiamento do privado.

Na análise desse processo de democratização do acesso, Makowiecky elucida que há

falta de vagas públicas em centros maiores e sobram em muitos outros locais. Notadamente,

essas vagas estão distribuídas em cidades do interior e que muitas vezes não têm estrutura

mínima para acolher uma universidade e os próprios estudantes.

Nos últimos anos, o Brasil passou por transformações na forma de acesso nas

universidades públicas federais. O acesso era realizado exclusivamente por concursos

vestibulares, em decorrência de seu mérito escolar. Surge então a proposta de utilização do

ENEM como acesso ao ensino nas instituições federais no primeiro semestre de 2009.

O Ministério da Educação, na reformulação do ENEM, propõe que sua utilização

seja de forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas

federais. A proposta tem como objetivo maior a democratização das oportunidades de acesso

às vagas federais do Ensino Superior, possibilitando a mobilidade estudantil. (BRASIL, 2010)

Por meio da Deliberação nº 04/2009, de 24 de abril de 2009, o Conselho

Universitário da Universidade Tecnológica do Paraná, aprova a adesão ao sistema de Seleção

Unificada (SiSU) do Ministério da Educação como acesso aos cursos superiores,

exclusivamente pela nota do ENEM, em substituição ao processo vestibular.

Numa definição preliminar e ampla, acesso significa “fazer parte”, remete-nos à

inserção, participação, acolhimento. Acesso no sentido mais profundo refere-se a um

pertencimento que se liga indissociavelmente ao senso de coletividade. Na perspectiva da

educação superior, significa o ingresso a esse nível de ensino, o ato de passagem para o

espaço acadêmico. No entanto, pesquisas sobre evasão tem mostrado que o ingresso não

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assegura a efetiva continuidade ou a conclusão do nível acadêmico. (VELOSO; SILVA,

2013)

Considera-se que, além do acesso é necessário considerar a dimensão da

permanência, sinalizando que o percurso sequente poderá ser bem sucedido. Assim, definir o

ingresso, a permanência, alarga e aprofunda a conotação desse acesso, contrastando a uma

visão fragmentada e imediatista, muito embora não considerando que o indicador de

interiorização, é imprescindível para analisar as realidades de certas regiões no país.

Conhecer o novo perfil do ingressante irá proporcionar uma visão dos alunos da

universidade, proporcionando aos professores da instituição conhecer seus alunos, suas

origens culturais, suas dúvidas, anseios com o novo curso escolhido e com relação à

instituição. A origem de problemas, tais como a evasão, está em razões e situações que ao

serem investigadas e analisadas dentro do contexto político e educacional, indicam a direção

para possíveis mudanças.

Portanto, ao atingir o objetivo proposto, que é de investigar as condições de acesso e

a permanência do estudante na instituição, consequentemente, a origem geográfica dos

acadêmicos e os motivos que geram a evasão, justificando a queda desta. Ao analisar a origem

desses alunos e as causas da evasão, a instituição poderá trabalhar melhor a consolidação de

suas políticas públicas.

Na envergadura dessa discussão, propõe-se a levantar indicadores e avaliá-los em

uma análise da realidade sobre o acesso, permanência e evasão que esta dissertação se propõe.

Assim, analisamos o acesso em sua etapa inicial (o ingresso), pela oferta de vagas, pelo

ingresso propriamente dito e como os indicadores de permanência se consolidam ao longo dos

anos. Os dados relativos à matrícula, origem geográfica e os programas de fixação do

estudante na Instituição são pontos preponderantes para a análise da permanência e

consequente evasão dos estudantes de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira.

Ao destacar as formas de encaminhar e construir o processo de pesquisa,

relacionadas à definição dos procedimentos metodológicos, baseando-se em vários relatos de

pesquisas, o primeiro procedimento metodológico neste estudo foi a pesquisa bibliográfica.

Segundo Lima e Mioto (2007), a pesquisa bibliográfica trata de fundamentar

teoricamente o objeto de estudo, contribuindo com elementos que subsidiam a análise futura

dos dados obtidos. Possibilita, por meio da flexibilidade na apreensão dos dados, maior

atenção e interpretação aos dados coletados, sempre tendo como pressuposto o objeto de

estudo.

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A fim de realizar uma revisão de forma sistematizada da literatura, foi realizada a

busca de bases de dados eletrônicas: Scientific Eletronic Library Online (SciELO-BR),

Google Acadêmico, Revista de Educação da PUC-Campinas, Professare - Revista Científica

do Núcleo de Pesquisa em Políticas e Processos Formativos em Educação Regional da

UNIARP, IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Educar em Revista – UFPR,

CNI – Confederação Nacional da Indústria, CONFEA – Conselho Federal de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia, CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, Repositório da

UNB, Ministério da Educação e Portal de legislação do Planalto.

Na segunda parte do estudo destacou-se a pesquisa documental, com a utilização de

documentos e acesso ao sistema de gestão acadêmica da IES, que permitiu apreciar e valorizar

a riqueza de informações. Essa estratégia de pesquisa apresenta uma série de vantagens, pois

devemos considerar que é uma fonte rica, confiável e estável de dados. Como os documentos

subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais importante fonte de dados em qualquer

pesquisa de natureza histórica. (SÁ-SILVA et al. 2009)

Sendo assim, no contexto da prática, a pesquisa contribuirá com a análise do estilo de

gestão e as políticas públicas educacionais implementadas nos cursos de Engenharia da

UTFPR Câmpus Medianeira no que tange ao acesso e permanência e que refletem no

processo de evasão, visto ser esse o maior problema a ser enfrentado pelas IFES na meta de

aumento do índice de diplomação de seus ingressantes.

Esta dissertação é composta de introdução, três capítulos e considerações finais. No

primeiro capítulo, relatou-se o histórico da Educação Superior no Brasil e suas etapas. O

referencial teórico aproxima-se de Teixeira (1989), Nascimento (2012), Bello (2001), Fávero

(2006), Lopes (2007), Saviani (2006), Dourado (2002) entre outros.

No segundo capítulo é apresentada a história da Universidade Tecnológica Federal

do Paraná, seus percursos e políticas educacionais locais e nacionais aplicadas ao âmbito

institucional. Destaca-se a autonomia que a instituição possui para a aplicação dessas políticas

em suas práticas.

No terceiro capítulo, da discussão dos resultados, realizou-se o levantamento de

dados, analisando-se uma realidade antes não conhecida, trazendo preocupações e anseios,

frente ao número de trancamentos e desistências, denominadas evasões.

No sistema acadêmico da UTFPR Câmpus Medianeira, analisaram-se as fichas e

relatórios acadêmicos, fazendo parte do levantamento de informações, onde foram extraídos

os dados para montagem de relatórios, gráficos e tabelas.

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A pesquisa teve como objetivo final compreender o impacto das políticas públicas

implementadas e que objetivam garantir a permanência e a continuidade dos alunos dos

cursos de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira, consolidando-se na conclusão dos

estudos, como também discutir os motivos da evasão. As respostas aqui encontradas e

levantadas foram úteis no aprimoramento e adequação das políticas públicas educacionais

aplicadas na instituição, tais como incremento financeiro para atender as demandas sociais aos

acadêmicos (ingressantes e veteranos) e a implantação de uma Coordenadoria de Assuntos

Estudantis. Houve também implementação de projetos, tais como Projeto de Qualidade de

Vida Estudantil e Protagonismo Estudantil.

A universidade como agência formadora, deve estar voltada para o desenvolvimento

integral de seus estudantes, preparando-os enquanto seres conscientes e responsáveis por uma

sociedade na qual estão inseridos.

A educação superior passa por uma crise, principalmente em função de sua busca por

uma nova identidade. O fato das transformações mundiais terem mudado as prioridades e

funções da universidade não mais minimizando o reconhecimento do papel das Instituições de

Ensino Superior, em relação a um passado não tão distante, de forma certa refletindo a

necessidade de novos rumos. É evidente que o Ensino Superior encara, nesse momento, o

desafio de mudar, e que todas as pessoas envolvidas, em alguma extensão, constituem-se

gatilhos e partícipes desse processo, precisando assumir algumas das responsabilidades para

resolver os paradoxos associados a estes processos. O estudo aqui realizado pretendeu mostrar

como a conexão e adaptação para a realidade atual do cotidiano universitário tem acontecido,

considerando seus mais diversos aspectos.

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CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO NO BRASIL, O ENSINO SUPERIOR E SUAS RUPTURAS

Neste capítulo focaliza-se o desenvolvimento da história da educação, da história da

educação superior e as motivações que conduzem à compreensão da educação da atualidade.

Muitos são os desafios na educação e as preocupações a respeito do conhecimento,

entre estes estão as políticas públicas implementadas no contexto educacional brasileiro.

A crise institucional da universidade ocorrida nos últimos tempos no Brasil piorou

pelo recuo do Estado do Bem-Estar Social, pela conversão de novas tecnologias da

informação e da comunicação em instrumentos pedagógicos adotados em que questiona-se a

compreensão da relação tradicional professor-aluno, como também pela transnacionalização

do Ensino Superior em que é tomado como mercadoria. Segundo (Santos 2004) isto ocorre

pelas consequências da secagem financeira e pela descapitalização das universidades públicas.

Nos países democráticos, essa situação esteve relacionada ao fato da universidade ter

sido colocada a serviço de projetos modernizadores, abrindo ao setor privado a administração

do bem público, sobretudo na década de 1980, quando o neoliberalismo se impõe como

paradigma mundial de capitalismo.

Diante disso, Santos (2004) argumenta que foi-se o tempo em que a universidade era

considerada como o local de produção de conhecimento, polo irradiador de avanço da razão,

da verdade e da ciência. A sociedade pressiona e a universidade precisa reforçar sua

responsabilidade social, melhor definir sua relação com a indústria, estabelecendo critérios

nas relações para melhorar as condições de acesso, extensão e a pesquisa.

1.1 HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

O papel essencial que a educação trouxe para o desenvolvimento contínuo das

pessoas e da sociedade contribui para a diminuição da pobreza, da exclusão social, das

incompreensões e opressões retratadas pela falta de conhecimento, pelas guerras motivadas

pelas classes sociais opressoras e tudo o que se relaciona às políticas educacionais, como as

críticas e as razões econômicas e financeiras, que tem sido apresentadas como prioridades.

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A trajetória da Educação no Brasil foi marcada em muitos momentos por fatos

econômicos, políticos e culturais. Nascimento (2012) aponta que há imposições e rupturas,

como também um legado da educação padrão própria da Europa, com costumes, moral e

religiosidade da vivência cultural daquele continente.

A história da Educação brasileira possui características distintas em relação aos

outros países da América Latina, visto ser o Brasil o único país colonizado pelos portugueses

no continente americano. A história, em si, indica várias rupturas e deve ser compreendida por

fatos atípicos no contexto latino-americano. (SOARES et al. 2002)

A nação portuguesa, em face dos descobrimentos e das colônias, ao final do século

XVII, na época medieval pós-romana, vem ao Brasil repetir a experiência semifeudal da

ordem católica, que na Europa estava sob intenso processo de mudanças pela Reforma

Protestante. Os conquistadores portugueses apresentavam o entendimento sobre a exploração

comercial, mas além de estender ao Estado português às novas terras, com o clero, a nobreza e

o povo; passam aos jesuítas o grande trabalho educacional. (TEIXEIRA, 1989)

As colônias espanholas da América receberam, desde o século XVI, autorização do

Sumo Pontífice, por meio da Bula Papal, para que suas instituições religiosas fundassem

universidades. O Brasil Colônia não criou de imediato instituições de Ensino Superior no seu

território; estas só aparecem após três séculos. (SOARES et al. 2002)

Os portugueses chegam ao Novo Mundo trazendo características próprias das marcas

repressivas da Europa, e seus métodos pedagógicos também. Conforme Bello (2001), as

populações indígenas não possuíam características próximas da educação europeia, mas é

preciso reconhecer que os portugueses trouxeram um padrão específico da Europa. Esta se

caracteriza numa primeira grande ruptura. A segunda ruptura ocorre quando os jesuítas foram

expulsos, já que estavam há mais de 210 anos introduzindo a moral, a educação religiosa e

seus costumes.

Ainda segundo Bello (2001), para Pombal não lhe convinha a educação jesuítica,

pois essa tinha como objetivo servir aos interesses da Fé, enquanto Pombal se interessava por

organizar a escola para servir aos interesses do Estado.

Teixeira (1989) afirma que com os jesuítas estava sendo construída uma sólida

estrutura educacional, porém, a Monarquia portuguesa, com o objetivo de impedir a

autonomia da terra brasileira, fecha as fronteiras, obrigando a naturalidade portuguesa dos

funcionários, negando também permissão para a instalação de novas fábricas, tipografia,

imprensa e a universidade, para que a Colônia continuasse tendo uma estreita dependência da

Metrópole.

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O autor afirma ainda que os estudantes da elite colonial portuguesa foram

considerados nascidos no Brasil, mas tinham que se deslocar à Metrópole, a fim de poderem

frequentar a Universidade de Coimbra, em Portugal.

A Universidade de Coimbra foi a “primeira universidade”. Nela se graduaram mais

de 2.500 jovens nascidos no Brasil, nas áreas de Teologia, Direito Canônico, Direito Civil,

Medicina e Filosofia, durante os três primeiros séculos da nossa história. (SOARES et al.

2002)

Lopes (2007) assevera que diferentemente da Espanha, Portugal desestimula a

instalação de universidades, fazendo com que fosse proibida a criação destas no Brasil. Em

seu lugar, Portugal concedeu bolsas de estudos para uns poucos filhos de colonos irem estudar

em Coimbra.

Muitas tentativas foram registradas, por mais de um século, para a criação de

universidades no Brasil, porém, sem êxito. Segundo Fávero (2006) uma dessas tentativas

coincide com a transferência da sede da Monarquia para o Brasil. Portanto, percebe-se que

Portugal exerceu até o primeiro reinado uma forte influência na formação de nossas elites.

Denotava-se certa influência da Metrópole em combater quaisquer iniciativas que

significassem sinais de independência política e cultural da Colônia.

No Brasil Colônia, conforme Teixeira (1989) começou a ser implantada uma cultura

arcaica, fundada na escravidão, em uma extrema burocracia colonial acentuando cada vez

mais o patriarcalismo rural e a burocracia registrando-se exploração pelo monopólio da

Metrópole. Nessa época era cultural render culto aos santos e aos monumentos religiosos,

tudo dominado por padres letrados, pregadores e educadores. Incentivava-se o indivíduo à

carreira eclesiástica, com privilégios sociais e econômicos. A educação era ministrada em

Latim, a língua da Igreja de então, não se podendo abordar estudos sobre assuntos novos que

pudessem ameaçar a dominação pela Metrópole. A educação era estritamente escolástica e

imóvel, idêntica à da Metrópole.

No século XVI, afirma ainda este autor, é introduzida no Brasil uma educação do

período decadente da escolástica, educação essa exclusiva para a formação de padres e

legistas (médicos), por meio de métodos da cultura medieval, completamente monopolizada

pela Igreja e pelo Estado.

Bello (2001) aponta que com a expulsão dos jesuítas por Pombal, ocorre uma grande

ruptura na educação brasileira, instaurando-se um absoluto caos. Implantam-se escolas, mas a

educação continuava a ter pouca importância. Isto é percebido, pois na América Espanhola já

são fundadas Universidades e o povo da Colônia clamava por essas sem sucesso.

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Em 1808, segundo Soares et al. (2002), a Família Real Portuguesa foge de Lisboa

devido às guerras das tropas napoleônicas, chegando à Bahia, abrindo escolas que sediariam o

Curso de Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia, hoje especialidades da Medicina. Porém, após

acontece a transferência da Corte para o Rio de Janeiro, onde são criados a Escola de

Cirurgia, Academias Militares, a Escola de Belas Artes, o Museu Nacional, a Biblioteca

Nacional e o Jardim Botânico.

Sobre isto, Teixeira (1989) afirma que o príncipe regente decide abrir o Curso de

Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia em fevereiro de 1808, conforme pedido pelo cirurgião-mor

do Reino, José Correa Picanço, antigo professor da Universidade de Coimbra e brasileiro,

porém, considerado português, embora nascido em Pernambuco, no Brasil.

Lopes (2007) afirma que o que retarda a vinda de docentes colonizadores para ao

Brasil é que Portugal possuía somente uma universidade, a Universidade de Coimbra,

enquanto na Espanha já havia oito universidades famosas dispondo de docentes, difundindo a

cultura e o conhecimento. Justamente por isso, concede bolsas a estudantes para irem estudar

em Portugal, permitindo que os religiosos (jesuítas) continuassem ofertando os cursos

superiores de Filosofia e Teologia.

O autor afirma, ainda, que a Espanha também teria encontrado povos dotados de uma

cultura superior, no sentido antropológico do termo. Consequentemente, dificultou a

imposição de sua cultura. Portanto, no Brasil que em sua maior parte a população era de

crioulos e mestiços, a dominação foi facilitada e somente enfrentou certa resistência pelos

religiosos na pregação.

Desde 1808, a admissão dos candidatos às escolas superiores estava condicionada à

aprovação em “exames de estudos preparatórios”, assevera Lopes (2007). Mais tarde, a partir

de 1837, aqueles que se formavam no recém-criado Colégio Dom Pedro II, tinham o

privilégio de fazerem suas matrículas, sem exames, em qualquer escola superior do Império.

Fávero (2006) indica que em 1810, por meio da Carta Régia, é instituída a Academia

Real Militar, e é nesta Academia que criou-se a atual Escola de Engenharia da UFRJ -

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aponta também Fávero (2006) que a partir de 1817, D. João VI não criou

universidades, apesar de ter reproduzido várias instituições metropolitanas. Criou, sim,

cátedras isoladas de Ensino Superior para a formação de profissionais. O ensino era de

extrema simplicidade quando somente um professor, com seus meios, ensinava aos alunos em

locais improvisados. Mais tarde surgiram as cátedras isoladas, as unidades de ensino com

direção especializada.

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O Brasil teve vários regentes, segundo Soares et al. (2002). Durante esse período

foram criados os cursos de Direito, em Olinda, em São Paulo. As primeiras faculdades

brasileiras de Medicina, Direito e Politécnica eram independentes umas das outras, com

orientação profissional bastante elitista e localizadas em grandes cidades. Baseavam-se em

cátedras vitalícias dominadas pelo “campo do saber” podendo escolher seus assistentes e

permaneciam no topo da hierarquia acadêmica por toda a vida.

Lopes (2007) aponta que as cátedras independentes de Anatomia e de Cirurgia,

criadas em 1813, no Rio de Janeiro e na Bahia, atualmente integram as universidades federais

existentes nesses estados. Somente sessenta anos após, é que o ensino de Engenharia passou a

ser realizado por estabelecimentos não militares e com objetivos que não bélicos.

Com a criação do Reino do Brasil, segundo Teixeira (1989), e depois com a

Independência, é que se percebe que realmente o Brasil está sem universidades, isto é, faltava

incluir nos currículos a cultura brasileira.

Quando D. João VI retorna a Portugal em 1821, conforme Bello (2001), no ano

seguinte seu filho D. Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824, outorga a

primeira Constituição brasileira, prevendo em seu artigo 179 que a "instrução primária é

gratuita para todos os cidadãos".

Em 1823, conforme aponta Rocha (2005), o projeto de Constituição estabelecia a

criação de um sistema escolar completo, com escolas primárias, ginásios e universidades,

além do que autoridades como o deputado Maciel da Costa e Marquês de Queluz solicitaram a

inclusão do gênero feminino no magistério, não vendo razões para privar as mulheres o direito

à instrução. Porém, na Constituição outorgada em 25 de março de 1824, apenas foi garantida

a gratuidade da instrução primária, e privando a criação de colégios e universidades. Os

primeiros anos de vida do Brasil como país independente, foram de nível estacionário no

tocante ao setor educacional, sendo que o desenvolvimento da educação popular enfrentou

muitos obstáculos para qualquer progresso.

Segundo Fávero (2006), entre a década de 1920 a 1930 são criados os cursos

jurídicos, o Convento de São Francisco, em São Paulo, e o outro no Mosteiro de São Bento,

em Olinda, cursos esses que passam a ter bastante influência de elites e na história política do

Império.

Em 1832, conforme Lopes (2007), é criado o Curso de Estudos Mineralógicos que

hoje integram a Universidade Federal de Ouro Preto. Os cursos jurídicos criados em São

Paulo e Olinda vieram a integrar as Universidades de São Paulo (Estadual) e Federal de

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Pernambuco. Desde então, as faculdades isoladas multiplicaram-se e desenvolveram-se e,

hoje, integram o Ensino Superior brasileiro.

Soares et al. (2002) cita que neste mesmo período imperial, apesar de muitas

propostas apresentadas para a criação de uma universidade no Brasil, e com o alto conceito

que a Universidade de Coimbra detinha a substituição por uma instituição do jovem país não

era aceita. Assim sendo, esses cursos criados eram vistos como substitutos da universidade

portuguesa.

Este autor afirma, também, que uma das razões para a Universidade ter sido criada

devia-se à visita do Rei da Bélgica ao país, por ocasião dos festejos do Centenário da

Independência, e havia o interesse Político de lhe outorgar o título de Doutor Honoris Causa1,

mas para isso precisaria ter uma instituição apropriada que seria a universidade.

Após a Independência, “o Brasil inclinou-se a uma profunda cultura humanística e

acadêmica, devido às tradições da colônia, e sem recursos para o sistema escolar deixando de

treinar seus mestres”. (TEIXEIRA, 1989, p.87)

Ao examinar a evolução da universidade com as suas influências e seu declínio até a

universidade científica do século XIX, Teixeira (1989) indica haver um contraste entre

santidade e vida comum na cultura católica. Compreende também que houve a expansão do

sistema, uma vez que a cultura imposta ao país em uma tradição de haver recebido e não se

sentir capaz de recriar.

Sobre isso, Lopes (2007) afirma que na expansão houve várias transformações no

Ensino Superior nas primeiras décadas da República. Uma delas e das mais marcantes foi a

facilitação do acesso ao Ensino Superior, resultando nas condições de admissão, facilitação e

multiplicação das faculdades. Mudanças estas desencadeadas por vários fatores, sendo o mais

importante o aumento da procura do Ensino Superior em decorrência das mudanças

econômicas e institucionais.

Lopes (2007) também encete para outro fator relevante que foi o de caráter

ideológico, a luta dos liberais e positivistas pelo “ensino livre”, contra privilégios

ocupacionais oferecidos pelos diplomas escolares.

Quanto à liberdade de ensino, no entendimento de Milanesi (2012), foi a partir de

1870 que os liberais e positivistas conseguiram por meio do Decreto nº 7.247, de 1879, do

Ministério do Império, a liberdade do Ensino Primário, Secundário no Município da Corte, e

1 Honoris causa, abreviado como h.c., título honorífico concedido por uma universidade a pessoas eminentes, que não

necessariamente sejam portadoras de um diploma universitário mas que se tenham destacado em determinada área (artes,

ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de causas humanitárias etc.).

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Superior em todo o país. Fazendo com que o Estado ficasse detentor de autorização para o

funcionamento dos cursos e controle dos títulos, concedendo certa centralização e controle.

Teixeira (1989) afirma que no Congresso de Educação em 1882, o conselheiro

Almeida Oliveira proferiu a seguinte frase: “Nós não podemos ter universidade porque não

temos cultura para tal. A universidade é a expressão de uma cultura do passado, e nós vamos

ter uma cultura do futuro que já não precisa mais dela”, ou seja, ele justificava a não criação

de ginásios e escolas secundárias e, até mesmo, de universidades, perpetuando a ideia estrita

de ensino utilitário e de preparo profissional, sem cuidar de outros aspectos da cultura.

Segundo Santos e Cerqueira (2011), entre 1889 e 1918, foram criadas no Brasil 56

novas escolas superiores, a maioria privada. O cenário da educação nesse momento estava

dividido entre instituições católicas empenhadas em oferecer alternativa confessional ao

ensino público e, de outro lado, as elites buscavam dotar seus estados de estabelecimentos de

Ensino Superior. Alguns estabelecimentos com o apoio do governo estadual e outros, eram

encampados por eles, alguns permaneceram essencialmente privados. Inicia, naquele

momento, a diversificação do sistema que perdura até os dias de hoje no âmbito do Ensino

Superior brasileiro, instituições públicas e leigas, federais, estaduais e outras privadas.

Com efeito, argumenta Teixeira (1989), pode-se dizer que durante o período do

Império, o desenvolvimento educacional, ao longo do século XIX, mantinha-se em condições

educacionais da Colônia, ou seja, com um acréscimo modesto do ensino primário, com um

sistema secundário reduzido à elite e em poucas escolas e um Ensino Superior exclusivamente

às profissões liberais, e em poucas instituições.

No Império, segundo Fávero (2006), outras tentativas de criação de universidade,

sem êxito, ocorreram. Foi apresentado pelo próprio Imperador na Fala do trono para a criação

de duas universidades, uma no Norte e outra no Sul do país, onde poderiam constituir-se

centros de grande organização científica e literária.

Após a Proclamação da República, segundo Fávero (2006), outras tentativas foram

realizadas. Na Constituição de 1891, o Ensino Superior é mantido como atribuição do Poder

Central, mas não exclusivamente. De 1889 até 1930, o Ensino Superior sofre diversas

alterações em decorrência de vários dispositivos legais. No início coincide com a atuação de

Benjamin Constant na política educacional positivista.

Com o advento da República e, sob a égide dos estados federados, a escola pública,

no sentido da palavra, conforme Saviani et al (2006), a educação brasileira assume a tarefa de

organizar e manter integralmente as escolas, tendo como objetivo principal a difusão do

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ensino a toda a população, fato esse ocorrido a partir de 1890 no estado de São Paulo,

irradiando-se para todo o país.

Essa situação acentua-se, afirma Fávero (2006), quando da reforma Rivadávia

Corrêa, em 1911, quando se institui o ensino livre. Porém, com todas as situações

desfavoráveis surgem condições para o advento da universidade, apoiado pelo Governo

Federal, onde os movimentos fortificam-se nos estados. Nesse contexto surgindo a

Universidade de Manaus em 1909, em 1911 a de São Paulo e, em 1912, a do Paraná como

instituições livres.

Segundo Lopes (2007), em 18 de março de 1915, com a promulgação do Decreto nº

11530, reorganizando o Ensino Secundário e o Superior, tentando corrigir distorções de

decreto anterior, essa reforma fica nomeada Carlos Maximiliano. Mudanças profundas

aconteceram no Ensino Secundário quando os possuidores de diplomas do Colégio Pedro II

ficam destituídos do privilégio para a admissão no Ensino Superior, acontecendo assim a

rebatização dos exames de admissão para exames vestibulares.

Teixeira (1989) afirma que durante o século XIX, praticamente todo, o Brasil se

apresenta como simples país produtor de matéria-prima sem os benefícios da industrialização

que resultaria no progresso científico. Por ter sido colônia, apesar de politicamente

independente, nos faltou lucidez de dotar o país de instituições produtoras de ciência. E

também, como explicar que José Bonifácio, um dos arquitetos da independência do Brasil,

com toda a sua vivência de Europa, e Tutor de D. Pedro II, não fora capaz de perceber, ou até

foi, mas com medo de julgar impossível, não se aventurou na luta em seu projeto de

universidade.

Somente em 1920, conforme Teixeira (1989), data próxima das comemorações do

Centenário da Independência (1922), a República cria por meio do Decreto 14.343, a primeira

universidade brasileira em substituição às escolas profissionais no Rio de Janeiro, a

Universidade do Rio de Janeiro. Mas o Brasil continua conservando a posição de defender a

Educação Superior do tipo utilitário e restrito às profissões, esquecendo-se da formação

desses profissionais na questão da cultura nacional e da cultura científica pura ou chamada de

desinteressada.

Dessa forma, segundo Soares et al. (2002), estava mais voltada ao ensino do que à

pesquisa, conservando a orientação profissional e autonomia de suas faculdades.

Com essa reforma, conforme Milanesi (2012), acontece uma drástica redução de

ingressantes no Ensino Superior, ocorrida pelos exames vestibulares e a não aceitação do

certificado de aprovação do Colégio Pedro II. Em 1925, essa última reforma conduzida por

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João Luís Alves e Rocha Vaz, fez com que o aperfeiçoamento para a entrada ao Ensino

Superior por meio dos exames vestibulares estabelecesse o dever do diretor de cada faculdade

fixar a quantidade de vagas, a cada ano.

Lopes (2007) explica que, cinco estudantes do Rio de Janeiro, em 1929,

representantes de um comitê pró-Democracia, foram a Porto Alegre apresentar ao candidato à

Presidência da República, Getúlio Vargas, uma plataforma de princípios orientadores da

Aliança Liberal. Esta não foi aceita, prevalecendo as orientações autoritárias. Vinte anos

depois da Carta de Córdoba, esse conteúdo reaparece como um “Plano de sugestões para a

Reforma Educacional Brasileira” no Congresso Nacional onde se cria a União Nacional de

Estudantes (UNE), ano seguinte ao da instituição do Estado Novo.

Teixeira (1989) afirma que na República até 1930, cria-se a primeira Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras que viria mais tarde a resgatar as fontes de tradição, implantando,

assim, estudos desinteressados para a base cultural nacional.

Entende-se a educação como direito humano e inalienável no Brasil. Segundo

Saviani et al. (2006), as aspirações republicanas no século XIX foram as propulsoras da

ordem e do progresso e, também, de todos os males que se encontram no processo de

democratização e universalização do conhecimento. A escola na qual a educação deve ser

ministrada formalmente atua como uma força auxiliar na cultura e no conhecimento sem

barreiras para todos, mas continua distante dos segmentos de baixa renda, principalmente o

Ensino Superior.

Uma das principais funções da universidade é cultivar e transmitir a cultura comum.

Teixeira (1989) compreende que na época foram criadas no Brasil escolas de Direito,

Medicina e Engenharia, deixando de ter o órgão matriz da cultura nacional, o cultivo pela

língua, da literatura, das ciências naturais e sociais. Observam-se somente cursos de escolas

profissionais de saber aplicado onde inevitavelmente o Ensino Secundário tornou-se precário

e deficiente, durante a experiência de ausência da universidade. Com o Ensino Superior

instalado no Brasil deixa-se de criar as condições para se formar a cultura comum nacional,

uma realidade de uma deterioração progressiva de uma tradição intelectual herdada do

período colonial.

Segundo Soares et al. (2002), em 1931 o presidente Getúlio Vargas cria o Ministério

de Educação e Saúde e, no Ministério com Francisco Campos é aprovado o Estatuto das

Universidades Brasileiras que vigorou até 1961. No estatuto é citado que a universidade

poderia ser oficial, desde que incluísse três dos seguintes cursos: Direito, Medicina,

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Engenharia, Educação, Ciências e Letras. Essas faculdades seriam ligadas por meio de uma

reitoria, vínculos administrativos, porém teriam autonomia jurídica.

Saviani et al. (2006) afirma que na propaganda ao findar do século XIX, os

republicanos, sob um regime político em que se desejava ser sólido e progressista,

anunciavam a concretização de escola pública, obrigatória, gratuita, democrática e laica,

consolidando a política social da burguesia. Eram bandeiras pela democracia tentando corrigir

desigualdades sociais. No século XX, os defensores dessa crença e da educação pública

adotam inclusive o discurso da legitimidade do saber perante uma sociedade desigual, quando

da criação da primeira universidade no Brasil.

Após os primeiros cinco anos da era Vargas, segundo Lopes (2007), elencaram-se

duas políticas educacionais. Uma autoritária do governo federal, outra liberal, pelo governo

do estado de São Paulo e pela prefeitura do Distrito Federal. Já na década de 1930 o Brasil

contava com duas universidades, a do Rio de Janeiro (1922) e a de Minas Gerais (1927). A

terceira instituição a ser constituída foi a do Rio Grande do Sul, só somente em 1934 recebeu

o status universitário, processo pela qual foi diferente das duas primeiras que resultaram da

união de faculdades. Esta foi só de uma faculdade, a Escola de Engenharia de Porto Alegre.

(LOPES, 2007)

Seguindo essa linha de modernização do país, Fávero (2006) compreende que o

Governo Federal institui vários Decretos elaborando assim um projeto Universitário.

Promulga o Estatuto das Universidades Brasileiras (Decreto-lei nº 19.851/31), a organização

da Universidade do Rio de Janeiro (Decreto-lei nº 19.852/31) e a criação do Conselho

Nacional de Educação (Decreto-lei nº 19.850/31). Estes Decretos-lei ficaram conhecidos

como a “Reforma Francisco Campos”.

Em 1932, conforme Bello (2001), um grupo de educadores lançou à nação o

manifesto dos pioneiros da Educação Nova, em que foi redigida por Fernando de Azevedo e

assinados por outros conceituados educadores da época. Em 1934, com a nova Constituição (a

segunda da República), dispõe pela primeira vez que a educação é direito de todos, devendo

ser ministrada pela família e pelos Poderes públicos.

No mesmo ano, aponta o autor, por iniciativa do Governador Armando Salles

Oliveira, é criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo

as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.

Fávero (2006) afirma que no Estatuto das Universidades Brasileiras a primeira

questão abordada foi à integração das escolas ou faculdades na nova estrutura universitária.

Também há uma questão relacionada à cátedra, pois no Brasil professores catedráticos

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recebiam privilégios como alma mater das instituições superiores. Ganhando muita força nas

Constituições de 1934 e 1946, pois somente anos depois seria extinta na organização do

Ensino Superior, mediante a Lei nº 5.540/68.

Lopes (2007), a respeito do Estatuto, afirma que este estabeleceu as regras para as

instituições de Ensino Superior do país, universitárias ou não universitárias. Cada

universidade criada pela reunião de faculdades. Cada faculdade seria dirigida por uma

congregação, integrada por professores catedráticos efetivos, pelos livre-docentes em

exercício do magistério e por um representante dos livre-docentes por eles eleito. São

escolhidos de três a seis catedráticos pelo ministro da Educação dentre uma lista elaborada

pela congregação.

Quando houve a instalação de universidades nos estados, intercorreu também a

autonomia administrativa, econômica e didática pelo governo federal. Os alunos estariam

sujeitos ao ingresso pelos mesmos requisitos legais dos estabelecimentos federais de Ensino

Superior. Na prática também ficou vedada a criação de universidades privadas, pois era

exigida uma lei do governo estadual para a criação da mesma e o reitor precisaria ser

nomeado pelo governador do estado.

Os principais defensores das ideias liberais no período no Brasil, segundo Milanesi

(2012), foram: Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, além de outros.

Anísio Teixeira era o defensor de uma escola igualitária, com condições iguais para todos,

ensinando condições iguais e, em essência, que se ensina com a “democracia e o

desenvolvimento” para todos. Porém, Fernando de Azevedo manifesta uma proposta de

educação para as elites, conflitando com a outra proposta. Esse autor destaca que o Ensino

Superior é visto como “cultura superior” sem caráter imediatista. Mas é nessa confluência que

surge o manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, que caminha em defesa de um ensino laico,

igualitário, tendo o Estado como regulador dessas proposições.

Compreende Saviani et al. (2006) que o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova

é um importante legado deixado pelo século XX. É um marco de referência que inspirou

gerações seguintes, que a partir de seu lançamento, influencia a teoria da educação, a política

educacional, assim como a prática pedagógica.

A Reforma Francisco Campos, segundo Fávero (2006), com ideias desafiadoras, na

concessão de autonomia universitária na preparação gradual da autonomia plena. Embora com

uma série de exposição de motivos, a questão acaba ficando em aberto. Com o reflexo de uma

política autoritária, houve ainda iniciativas para melhoria da Educação Superior. Destacamos

a criação da Universidade de São Paulo (USP), 1934, e da Universidade do Distrito Federal

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(UDF) 1935. Com a promulgação da segunda Constituição Republicana (1934), instalam-se

as tendências centralizadoras e autoritárias, clima propício à implantação do Estado Novo.

A Constituição Federal de 1934, segundo Saviani et al. (2006), foi também a

primeira Carta Magna a fixar como competência estrita da União “traçar as diretrizes da

Educação Nacional”.

Na história do sistema brasileiro de educação superior, conforme Soares et al. (2002),

a Universidade de São Paulo, criada em 1934, representou um divisor de águas, pois no plano

político, reunindo faculdades tradicionais, deu origem à nova Faculdade de Filosofia, Ciências

e Letras, tornando-se inclusive o maior centro de pesquisa do Brasil. Não obstante, a elite

paulista continuava a dar preferência aos cursos profissionais de Medicina, Engenharia e

Direito.

Bello (2001) afirma que, em 1935, Anísio Teixeira, então Secretário de Educação do

Distrito Federal, fundou a Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de

Janeiro, como uma Faculdade de Educação onde se situava o Instituto de Educação.

A Universidade do Distrito Federal (UDF), no entendimento de Soares et al (2002),

devido ao clima político instaurado, carecendo de simpatia do Ministério da Educação, com

menos de quatro anos foi extinta por decreto presidencial e seus cursos transferidos para a

Universidade do Brasil, a antiga Universidade do Rio de Janeiro. Pois, o Ministro da

Educação Gustavo Capanema, do governo Getúlio Vargas, aproveitou o autoritarismo do

Estado Novo e implanta seu projeto universitário: a criação da Universidade do Brasil que

serviria de modelo único de Ensino Superior para todo o país.

Na sequência, segundo Saviani et al. (2006), com a Constituição de 1946, ficou

determinado que a União fixaria as diretrizes e bases da educação Nacional, nasce em 1947

um projeto que, após diversas alternativas, veio a converter-se na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, promulgada em 20 de dezembro de 1961. Essa lei veio a sofrer alterações

em 1968 e 1971, e substituída pela atual LDBEN, sancionada em 20 de dezembro de 1996.

No período conhecido como “Era Vargas” do Ensino Superior, que, segundo

Milanesi (2012) assim foi, denominado pelos historiadores, pois foi marcado pelas forças

políticas e conflitos ideológicos, culminando após alguns anos na LDB n° 4.024/61.

Com o Decreto do Estatuto das Universidades Brasileiras, Saviani et al. (2006)

justificou que a criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras seria um instituto de alta

cultura em que Francisco Campos propôs que para o Brasil fosse de caráter misto e especial, e

que, como em outros países também fosse provido de funções culturais e de um papel

eminentemente utilitário e prático. Porém, essa nova faculdade não chegou a ser instalada e,

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por iniciativa do Ministro Francisco Campos, reorganizou-se na Universidade do Brasil, onde

ficou estruturada em quatro seções: Filosofia, Ciências, Letras e Pedagogia e, ainda, uma

seção especial de Didática.

Na sequência, segundo Saviani et al. (2006), acontece o processo da reforma

educacional liderado pelo então Ministro Gustavo Capanema, interferindo nos anos de 1930

no Ensino Superior e, a partir de 1942, nos demais níveis por meio das “leis orgânicas do

ensino”.

Lopes (2007) afirma que chegando o fim da era Vargas (1945), eram cinco as

instituições universitárias em meio a dezenas de faculdades isoladas. A Universidade do Rio

de Janeiro, passa a se denominar Universidade do Brasil, modelando-se com suas faculdades e

escolas nacionais. A Universidade de Minas Gerais permaneceu com o status adquirido. A

Escola de Engenharia de Porto Alegre foi credenciada na década de 1940, no mesmo tempo

em que a Universidade de São Paulo, uma bem sucedida variação do modelo federal. E, nesta

mesma década, surgem as Faculdades Católicas, na cidade do Rio de Janeiro, em 1946, foi a

primeira a ser reconhecida como pontifícia, e a primeira universidade privada do país.

Fávero (2006) salienta que quando foi instituída a Universidade do Distrito Federal,

graças ao esforço, empenho e iniciativa de Anísio Teixeira, surge uma vocação científica e

estrutura totalmente diferente das universidades existentes no país, inclusive da USP, pois é

criada com uma concepção diferente, como lugar da atividade científica livre e da produção

cultural desinteressada, e vale lembrar que apresentou sérios problemas em termos de recursos

humanos e materiais devido aos obstáculos que se apresentaram para a consecução de seus

objetivos.

As faculdades profissionais resistiam, segundo Soares et al. (2002), pois não queriam

perder a autonomia e, no período populista (1945/64), ocorreu o processo de integração do

Ensino Superior com o surgimento de universidades que se vincularam a faculdades pré-

existentes, e também a federalização de grande parte delas. No final desse período, as

matrículas nas universidades ficou concentrado em torno de 65%.

Percebe-se, conforme Saviani et al. (2006), que ao longo do século XX, sob o ponto

de vista institucional da regulamentação do ensino brasileiro, das ideias educacionais,

ganhava-se terreno o movimento renovador, cujos representantes, desde 1930, foram

ocupando cargos de burocracia educacional oficial, implementando várias reformas, criando

escolas experimentais, implementando estudos pedagógicos, impulsionados de uma forma

especial a partir da criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP).

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Bello (2001) afirma que ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha

regulamentou o Ensino Primário e o Ensino Normal, além de criar o Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercia (SENAC)l, atendendo a mudanças que a população carecia após a

revolução de 1930.

Com várias reformas sendo regulamentadas pelos grupos políticos do país, segundo

Saviani et al. (2006), Francisco Campos concentrou-se no Ensino Superior, secundário e

comercial, e Capanema nas leis orgânicas e no Ensino industrial. A promulgação da

Constituição Federal de 18 de setembro de 1946 definiu como privativa da União a

competência para “fixar as diretrizes e bases da educação nacional”.

Ao se iniciar a gestão de Anísio Teixeira como Diretor Geral da Instrução Pública do

Rio de Janeiro, segundo Saviani et al. (2006), então Distrito Federal a partir de 1931, com a

criação da escola de professores de 1932, em 1935 com a Fundação da Universidade do

Distrito Federal, em 1938 com a criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, o

INEP, hoje Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais, com a fundação da

Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, hoje denominada

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 1951 e do

Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1955, são períodos que indicam a crescente

penetração da articulação renovadora da educação brasileira na predominância do pensamento

pedagógico do “longo do século XX”.

Segundo Lopes (2007), a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em

1947 significou um grande avanço no Ensino Superior, pois foi influenciado profundamente

pelos padrões universitários dos EUA. Esse movimento gerado com características

inovadoras, formado pela ausência das cátedras vitalícias, pela organização departamental,

pela pós-graduação, pelo regime de dedicação exclusiva dos docentes à pesquisa, pelo

currículo flexível, criou-se o ITA, em que este induziu a modernização do Ensino Superior no

Brasil, mais fortemente na criação da Universidade de Brasília. Essa modernização do ensino

promoveu a maioridade científica e tecnológica indispensável para a manutenção dos pilares

da Universidade brasileira baseada no ensino, pesquisa e extensão.

Conforme Nascimento (2012), no segundo governo de Getúlio Vargas (1950-1954)

era necessária uma qualificação dos trabalhadores para o setor industrial em pleno

crescimento. O governo decide pela equivalência dos cursos técnicos ao nível secundário. A

expansão do Ensino Secundário acarreta um aumento na demanda para o Ensino Superior.

Ocorreu de três maneiras: a) criação de novas faculdades onde não havia, pois só existiam as

particulares; b) a gratuidade dos cursos federais, mesmo que legislação permitisse cobrança de

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taxa; c) a “federalização” das faculdades estaduais e privadas, posteriormente essas

universidades foram custeadas e controladas pelo MEC.

Após 1961, Soares et al.(2002) afirma que com a promulgação da primeira Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, fica ilesa a cátedra vitalícia, as faculdades isoladas,

reforçando o modelo tradicional de instituições de Ensino Superior, mantendo-se maior

preocupação com o ensino, sem focalizar a pesquisa, fortalecendo a centralização do sistema

de Educação Superior. Porém, assegurou a representação estudantil nos colegiados.

Nos anos de 1966 e 1967, conforme Teixeira (1989), foram promulgados os

Decretos-leis nº 53 e 252 que aplicam os conceitos e estruturas da Universidade de Brasília às

demais universidades federais do país.

Em síntese, conforme aponta Lopes (2007), a federalização foi responsável pelo

aumento da oferta pública de vagas no Ensino Superior gratuito e, também, pela criação da

maior parte das universidades federais hoje existentes.

Todo esse período (1945-1964) foi marcado pela experiência de expansão do

sistema. Segundo Santos e Cerqueira (2011), ao contrário do setor privado, pretendia-se

ampliar as vagas nas universidades públicas e gratuitas, associando assim o ensino à pesquisa,

focando no desenvolvimento do país, aliado às classes populares na luta contra as

desigualdades sociais no Ensino Superior. A União Nacional do estudantes (UNE)

reivindicava a substituição de todo o setor privado, somente admitindo a manutenção das

Pontifícias Universidades Católicas PUCs, do Rio de Janeiro e São Paulo, a partir da Igreja

Católica direcionava às causas sociais, por meio de sua juventude católica, transformando-se

em um importante segmento da luta contra o regime militar.

O Golpe Militar em 1964, conforme Bello (2001), aborta todas as iniciativas de

revolucionar a educação brasileira, concluindo que eram propostas “comunizantes e

subversivas”.

Milanesi (2012), afirma que com o movimento estudantil de 1964, o governo militar

criava em 1968 uma comissão para reforma do Ensino Superior Grupo de Trabalho para

Reforma Universitária (GRTU) que nesse tempo acionou a United States Agency for

International Development (USAID) agência do governo americano. A partir do Decreto nº

5.540/68, os membros do grupo GRTU recomendam que áreas tidas como prioritárias

deveriam formar pessoas como capital humano para responder ao mercado de trabalho. Essas

carreiras prioritárias para o desenvolvimento econômico e social seriam professores de nível

médio, medicina, outras profissões de saúde, Engenharia, outras profissões tecnológicas,

técnicos intermediários.

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Em 1966, segundo Ghiraldelli Jr (2009), surge o estudo denominado “Diagnóstico

Preliminar da Educação”, que serviu de base para o Plano Decenal de Desenvolvimento

Econômico, que ficou clara a orientação de introduzir a profissionalização no ensino médio.

A nova situação instaurada precisaria de mudanças na legislação educacional,

segundo Saviani et al. (2006), mas o governo militar não considerou necessário modificá-la

totalmente. No Golpe Militar não considerou a necessidade de uma aprovação de lei de

diretrizes e bases da educação nacional, portanto, somente ajustou-se algumas adequações por

meio da Lei nº 5.540/68, ou seja, em 1968 essa lei reformula o Ensino Superior.

Segundo Ghiraldelli Jr (2009), as tentativas de implantação da Lei n.º 5692/71

deram-se justamente nos anos de maior repressão do regime ditatorial e, além do mais, no

período de euforia das classes médias com o chamado "milagre econômico". Os professores

estavam muito suscetíveis à propaganda governamental em época de crescimento econômico

e ficaram encantados pelas marcas fluidas de escolanovismo contidas na Lei e se

transformaram em verdadeiros arautos do governo na implantação da Lei 5692/71.

Segundo Bello (2001), essa lei também alterou a nomenclatura dos Ensino Primário e

Secundário, para Ensino de Primeiro e de Segundo Graus, e foi instituída sob um período

cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária ao interesse do governo

era sufocada, muitas vezes pela violência física.

A Lei 5692/71 não significou, segundo Ghiraldelli Jr (2009), uma ruptura completa

com a Lei anterior 4024/61. Ela incorporou os objetivos gerais do ensino de 1.º e 2.º expostos

nos fins da educação da Lei 4024/61. Entretanto, algumas diferenças marcantes entre as duas

leis precisam ser destacadas: a Lei 4024/61 refletiu princípios liberais vivos na democracia

dos anos 1950, enquanto a Lei 5691/71 refletiu os princípios da ditadura, verificados nas

determinações da racionalização do trabalho escolar e na adoção do ensino profissionalizante

no 2.º grau. Além disso, os anteriores cursos primário e ginasial foram fundidos num só,

ampliando-se a obrigatoriedade do ensino para 8 anos. Mas o equívoco maior da Lei 5691/71

foi o de transformar todo o 2.º grau em ensino profissionalizante, desativando a Escola

Normal, transformando-a em curso de formação de professores de 1.ª a 4.ª séries na

"habilitação magistério", que, na prática, passou a ser reservada aos alunos que, por suas notas

mais baixas, não conseguiram vagas nas outras habilitações que poderiam encaminhar para o

3.º grau.

Segundo Nascimento (2012), com as mudanças implantadas entre os anos de 1960 e

1970, numa visão crítica, foi possível perceber que o objetivo era o controle social e que

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muitas instituições beneficiaram-se desse “clima vivido” e acabaram tirando proveito da

situação política da época.

Essa reforma, conforme aponta Milanesi (2012), objetivou a fragmentação curricular,

como prioridade ajustando-se para a produção acelerada das empresas. Essa reforma

incorporou como modelo de instituições do próprio Estado o ITA e a UnB, acrescidas das

recomendações privatistas da USAID e das próprias comissões criadas pelo governo militar.

Conforme Bello (2001), a construção da política educacional no Regime Militar teve

um caráter anti-democrático. Houve confronto com a polícia, professores, alunos foram

presos e por meio do Decreto Lei nº 477 inibiu-se o direito à livre expressão de alunos e

professores. Porém, foi nesse período que cria-se o vestibular classificatório, pois muitos

conseguiam nota para serem aprovados, mas não a vaga.

Logo após a política educacional implementada, Soares et al. (2002) explica que, a

pressão pelo aumento de vagas torna-se cada vez mais intensa, as faculdades isoladas

difundem-se, o setor privado se beneficia nas periferias das grandes metrópoles e nas cidades

de porte médio no interior dos estados, devido ao aumento das vagas. No ano de 1981 o Brasil

contava então com 65 universidades, sendo sete delas com mais de 2.000 alunos. É importante

salientar que essas novas faculdades isoladas não difundiam a pesquisa, dedicando-se

exclusivamente ao ensino. O setor público sim é que foi responsável por todas as atividades

de pesquisa e modernização do segmento universitário brasileiro.

A reforma universitária, no ponto de vista de Lopes (2007), ficou definida como

necessária para neutralizar o poder das “cúpulas dirigentes da universidade”, pois havia

enraizado-se com a “estrutura colonial e alienada em fase de superação”. Sendo o primeiro

passo da reforma a conquista da autonomia da universidade diante do governo, de modo que a

instituição como um todo tivesse autonomia para elaborar seus orçamentos, receber recursos

sem destinação certa, eleger seus dirigentes, cabendo somente ao governo a nomeação dos

eleitos.

Em meados da década de 1970 a organização dos educadores foi caracterizada por

duas linhas: aquela marcada pela preocupação do significado social e político da educação do

qual a população ansiava por uma escola pública de qualidade, e outra pela preocupação do

aspecto econômico-corporativo com o caráter reivindicativo por expressão mais forte pelo

fenômeno das greves que eclodiram nos anos de 1970 a 1980 e, com certa frequência,

penetrando nos anos de 1990. (SAVIANI et al. 2006)

Para Minto (2006), para entender o Ensino Superior das últimas décadas, é preciso

entender a educação escolar no eixo das reformas estruturais, especialmente quando esta se

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constitui em campo que permite visualizar o processo de avanço capitalista, nos âmbitos

nacional e internacional. Neste sentido, projeta as novas formas de organização para a

acumulação do capital. A tentativa de redimensionar o público/privado no campo do Ensino

Superior soma-se ao objetivo de apreender essa transformação histórica, pois é uma das

expressões mais relevantes.

A não prioridade das políticas públicas do Estado para as universidades públicas, foi

o resultado da perda geral das políticas sociais (educação, saúde, previdência). Segundo

Santos (2004), isso é consequência do modelo de desenvolvimento econômico conhecido por

neoliberalismo ou globalização neoliberal que iniciou a partir da década de 1980.

1.2 O ENSINO SUPERIOR E SUAS ETAPAS

Após os anos de 1950, o governo do presidente Getúlio Vargas não foi bem sucedido

no campo educacional, considerando o contraste na política social verbalizada e a praticada,

acenava com a instalação de bem-estar social, com a distribuição de educação nas classes

economicamente menos privilegiadas, porém nada efetivamente concretizou-se.

Ghiraldelli Jr (2009) elucida que após o governo de Getúlio Vargas, o presidente que

o sucedeu, Juscelino Kubitschek, oscilou entre pólos conflitantes e incongruentes em relação

ao analfabetismo e à educação básica. Clamava por recursos privados para a educação, não

conseguindo ultrapassar a quantia de 6,1% de recursos do orçamento da União para destinar à

educação. Além disso, o presidente Juscelino Kubitschek entregou ao presidente que o

sucedeu, Jânio Quadros, um sistema de ensino elitista e antidemocrático como havia sido com

Dutra e Vargas.

Mas nesse pouco tempo que esteve à frente da presidência, Juscelino Kubitschek

procurou conter a expansão do Ensino Superior e proibir a incorporação de faculdades pelo

sistema federal, o que culminou por interromper o processo de publicização iniciado nos anos

anteriores.

Conforme Ghiraldelli Jr (2009), entre os anos de 1961 a 1964 o Governo Federal

aumentou em 5,93% seus gastos com educação. Em 1962, com o Plano Nacional da Educação

(PNE), que seguindo as prescrições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

n° 4024/61), impõe ao Governo Federal a obrigação de investir 12% no mínimo em educação.

Entre os anos de 1962 e 1966, segundo Teixeira (1989), as universidades prepararam

novos estatutos, criaram vários institutos de pesquisa, diversificaram seus cursos, construíram

numerosas novas unidades docentes, aumentaram o corpo docente e discente. E sob a

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inspiração do Conselho Federal de Educação, instituiu por meio do Decreto-lei nº 53, de 18 de

novembro de 1966, as normas e princípios para as universidades oficiais federais que

constituem a maioria das universidades existentes à época.

Nesse meio tempo, segundo Ghiraldelli Jr (2009), nos meses finais de 1963 a

situação da educação brasileira ficou calamitosa: metade da população brasileira ainda

continuava analfabeta; somente 7% dos alunos do curso primário chegavam à quarta série; o

ensino secundário acolhia apenas 14% daqueles que o procuravam; e somente 1% dos

estudantes alcançava o Ensino Superior.

Um consultor americano, Rudolph Atcon, é convidado a realizar um estudo

preconizando a implantação de nova estrutura administrativa universitária baseada num

modelo em que deveria ter como princípios básicos o rendimento e a eficiência. Esse

documento “Rumo à Reformulação Estrutural da Universidade Brasileira”, editado pelo MEC

em 1966, resulta em várias propostas, inclusive a criação de um conselho de reitores das

universidades brasileiras. Esta recomendação é colocada em prática:

[...] em 29 de abril de 1966, é fundado o Conselho de Reitores das

Universidades Brasileiras (CRUB), reconhecido como entidade de utilidade

pública em 31 de julho de 1972, por meio do Decreto nº 70.904. É pertinente

lembrar que Rudolph Atcon não só foi convidado a organizar e estruturar o

CRUB, mas nele trabalhou, como seu primeiro Secretário-Geral, de 1966 a

1968. (FÁVERO, 2006, p.31)

Pelas Leis nº 5.539 e 5540 do ano de 1968, a reforma do Ensino Superior propiciou

condições institucionais para a efetiva criação da instituição universitária no Brasil, pois

existiam somente faculdades isoladas. Com essas mudanças possibilitadas pela repressão

político-ideológica, a Constituição de 1967 abriu caminhos para a extinção do regime de

cátedras; mudanças, na organização administrativa e acadêmica das instituições superiores de

ensino. Segundo Cunha (2000), essa foi uma característica distinta na história da universidade

brasileira, comparando com os outros países latino-americanos, apesar de considerar as

danosas consequências que a ditadura militar teve na vida acadêmica. Mas é preciso enfatizar

que foi nesse período que o processo tardio da formação da universidade brasileira recebeu o

maior incentivo.

A partir da política econômica militar entre os anos de 1968 a 1971, Nascimento

(2012) explica que o aumento da demanda por Ensino Superior está agregado ao crescimento

das camadas médias e às novas oportunidades de trabalho da economia na tecnoburocracia

estatal. O setor público não se prepara para esse momento, enquanto o setor privado foi capaz

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de absorvê-lo. As instituições privadas de Ensino Superior tornam-se um grande negócio.

Porém, o setor privado não se compromete com a pesquisa e nem com a qualidade de ensino.

Entende Cunha (2000) que ao iniciar a década dos anos 1980, acaba o regime

autoritário e a universidade brasileira consagra-se como protagonista ativa da

redemocratização do país. As entidades estudantis recuperam suas identidades, professores e

funcionários criam suas próprias entidades sindicais e o padrão de ensino e pesquisa já lhes

permitia desenvolver uma crítica competente nas políticas governamentais, tanto na educação

como na pesquisa.

A Constituição Federal de 1988 é promulgada e nos debates a sociedade civil

participa. Soares et al. (2002) assinala que estavam presentes aqueles que tinham interesse na

educação pública, opondo-se aos grupos privatistas. A luta era para assegurar verbas públicas

exclusivamente para instituições governamentais. A Constituição propõe um mínimo de 18%

da receita anual, resultantes de impostos da União, para manutenção do ensino. E estabelece

em seu artigo 207 reafirmando sobre a indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e

extensão em nível universitário.

O Brasil na década de19 90 passava por uma proposta de transformação e de reforma

do aparelho de Estado. A ideia era da implantação de um Estado gerencial, que enxugaria os

gastos do governo, superando assim a crise enfrentada pelo País. No limite, o Estado acabaria

por se desobrigar de financiar e manter as universidades públicas.

A nova concepção de Estado deveria ter as seguintes características, segundo o então

Ministro Bresser Pereira:

[...] A proposta de reforma do aparelho do Estado parte da existência de

quatro setores dentro do Estado: (1) o núcleo estratégico do Estado, (2) as

atividades exclusivas do Estado. (3) os serviços não-exclusivos ou

competitivos, e (4) a produção de bens e serviços para o mercado. (...)

Na união os serviços não exclusivos do Estado mais relevantes são as

universidades, as escolas técnicas, os centros de pesquisa, os hospitais e os

museus. A reforma proposta é de transformá-los em um tipo especial de não-

estatal, as organizações sociais. A ideia é transformá-los voluntariamente,

em “organizações sociais”, ou seja, em entidades que celebrem um contrato

de gestão com o Poder Executivo e contem com a autorização do parlamento

para participar do orçamento público. (BRESSER PEREIRA, 1996, p.18-23)

Lopes (2007) também define a reforma universitária dos anos de 1990 por meio da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em 1996, entendendo o ensino, a

pesquisa e a extensão como formas indissociáveis de procedimentos, caracterizando a

universidade por sua produção e por seu corpo docente. Também cita que um terço do corpo

docente deveria ter estudos pós-graduados:

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[...] A criação de universidades continua conforme os padrões tradicionais,

isto é, a partir de instituições preexistentes. Mas a legislação introduziu a

figura do recredenciamento periódico, tanto das que proveriam da integração

de faculdades reconhecidas quando das que não tiveram esses antecedentes.

Embora ainda não seja possível precisar todos os contornos do novo modelo

universitário, serão focalizados neste tópico os pontos mais importantes

desse processo, naquilo que concerne mais diretamente à instituição

universitária: avaliação, autonomia e regime jurídico. (LOPES, 2007, p.189)

Segundo Santos e Cerqueira (2007), com a aprovação da LDBEN, em dezembro de

1996, incorporam-se inovações para variados tipos de Instituições de Ensino Superior

admitidos. Uma universidade articula-se pelo ensino, pesquisa e extensão. A nova lei fixa o

recredenciamento das instituições e suas avaliações, justamente por isso além do

reconhecimento dos cursos, há a necessidade de avaliações periódicas de seus cursos e

estrutura.

No enfoque da política neoliberal2 do governo Fernando Henrique Cardoso,

Nascimento (2012) esclarece que nesse processo deu-se a expansão das universidades

particulares e que acarretou no sucateamento das universidades federais por falta de verbas e

investimentos. Lula da Silva assume e dá, inicialmente, continuidade à política de expansão

das universidades particulares; algumas ações de melhoria na rede de ensino federal são

realizadas e, ocorrendo uma recomposição dos proventos dos trabalhadores das universidades

federais. Mas somente em 2008, já em seu segundo mandato, com o lançamento do Reuni, se

percebe uma política direcionada e com recursos para garantir a expansão das Universidades

Federais com espaço físico e equipamentos.

Minto (2006) reforçou a ideia de que a tendência mais evidente nos anos de 1990

indicou que o total dos orçamentos públicos destinados ao Ensino Superior, foi

sequencialmente menor em relação ao tamanho que a rede de ensino alcançou, ou seja, houve

uma diminuição na distribuição de verbas. Essa escassez ficou expressa de várias formas, na

simples contenção de recursos de custeio e manutenção das IES, o já costumeiro

congelamento de salários de servidores e muitas outras medidas de impacto indireto.

A educação superior no Brasil é um sistema complexo e diferenciado em que

instituições públicas e privadas participam integrando vários cursos e programas, com vários

níveis de ensino, desde a graduação à pós-graduação, Lato e Scrito sensu.

2 Na primeira metade do século XX o neoliberalismo significou a doutrina proposta por economistas franceses, alemães e

norte‐americanos voltada para a adaptação dos princípios do liberalismo clássico às exigências de um Estado regulador e

assistencialista; a partir da década de 1970, passou a significar a doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de

mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda

assim num grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que o termo é mais usado hoje em dia. Doutrina que defende a

liberdade do mercado restringe a intervenção do Estado sobre a economia. (HOUAISS, 2004, p.518)

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1.3 UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO E

PERSPECTIVAS ATUAIS

Ao se discutir a situação das Universidades Federais, é necessário ter o conhecimento

de sua realidade, criação e organização, e como pode ser mobilizada a fim de apostar nas

mudanças desejadas. Podemos observar, com relação à história da universidade brasileira, que

há um longo caminho a percorrer, e que essa história em si é muito recente, sendo um palco

de discussões com a sociedade continuamente. No retrato da história do Ensino Superior, ao

contrário da América espanhola e inglesa, no período colonial, o Brasil esperou o início do

século XX para ver surgir suas primeiras universidades culturais e científicas, somente

quando da vinda da família Imperial ao país.

Em uma perspectiva histórica, Vasconcelos (2007) esclarece que quando da

implantação e atraso de universidades brasileiras, as funções específicas de instituições de

nível superior foram de interesse de grupos, com finalidades de cunho ideológico e político.

Foram também constituídas de escolas isoladas, faculdades, institutos superiores e instituições

pautadas na organização e iniciativa de elites regionais-oligárquicas e do poder público,

representando assim à brasileira um sistema de Ensino Superior, que conserva-se até os dias

de hoje algumas dessas primeiras características.

Makowiecky (2011), ao entender a Universidade como instituição universal,

administradora do conhecimento e da cultura, discute que essa estrutura de ensino e pesquisa

existente no mundo, diante de um panorama de transformação, modifica-se diante dos

diferentes lugares com especificidade própria. Porém, preserva a necessidade da

universalidade de conhecimento.

Ao analisar a história da educação brasileira, marcada por desigualdades, observa-se

que o processo de democratização escolar no Brasil, segundo Santos e Cerqueira (2011),

inicia-se pela ampliação do número de vagas, processo este em que se experimenta uma

proporção onde não há condições que garantam a estrutura de atendimento e de permanência

aos segmentos historicamente excluídos.

Segundo Corbucci (2009), no Consenso de Washington3, foi estabelecido que um dos

itens necessários seria a privatização das empresas e dos serviços públicos, dentre eles a

3 Em novembro de 1989, reuniram-se na capital dos Estados Unidos funcionários do governo norte-americano e dos

organismos financeiros internacionais ali sediados - FMI, Banco Mundial e BID - especializados em assuntos latino-

americanos. O objetivo do encontro, convocado pelo Institute for International Economics, sob o título "Latin American

Adjustment: How Much Has Happened?", era proceder a uma avaliação das reformas econômicas empreendidas nos países

da região. Para relatar experiência de seus países também estiveram presentes diversos economistas latino-americanos. As

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educação. A participação da iniciativa privada, no âmbito do Ensino Superior, em situação

bastante generosa, ocorreu a partir de 1995. Ao mesmo tempo, é instituído o sistema de

avaliação que envolvia tanto o desempenho do aluno quanto as condições de oferta de cursos.

Em relação à gestão democrática das instituições públicas, ocorreram os processos eleitorais

desencadeados para a escolha dos reitores das universidades federais.

A Reforma do aparelho do Estado previa, para 1995, mudanças que afetariam

diretamente as Instituições Federais do Ensino Superior (IFES) passando estas a

transformarem-se em organizações sociais; seria um tipo especial de entidade não-estatal. No

entanto, até setembro de 1998, segundo Silva e Sguissardi (2001,) nenhuma das IFES tinha

sido transformada em organização social; somente um Instituto de Pesquisa, uma Fundação

Cultural e um Hospital Federal.

No caderno 12 do Programa de Reestruturação e Qualidade dos Ministérios,

publicado em 1998, diz que as propostas do Ministério da Administração Federal e Reforma

do Estado para a reforma da educação superior afetariam o aparelho do Estado, pois

objetivaram estabelecer no Plano Diretor que os serviços não-exclusivos do Estado fossem

transferidos para o setor público não-estatal, como um programa de “publicização”. Ou seja,

dessa forma evita-se que as organizações sociais sejam consideradas entidades estatais, e

assim teriam restrições da administração estatal. As novas entidades receberiam cessões

precárias dos bens da entidade extinta, servidores em categorias de extinção e ficariam à

disposição da nova entidade. Portanto, estas entidades públicas de natureza privada podiam

ser consideradas “semipúblicas”.

No capítulo da educação superior, o mais extenso da LDB, ocorre a fundamentação

de uma série de ações da reforma com princípios defendidos tanto por organismos

supranacionais, como o Banco Mundial, quanto por especialistas da modernização do sistema

de educação superior do país. Quais seriam esses princípios e pressupostos e como devemos

guiar-nos?

Silva e Sguissardi (2001) compreendem que o sistema federal de Ensino Superior

estaria em crise, quando não consegue absorver toda a demanda crescente e,

consequentemente, não prepara adequadamente os universitários para o mercado. Entende

também que é um processo histórico, em que a universidade brasileira é marcada pelo

conclusões dessa reunião é que se daria, subseqüentemente, a denominação informal de "Consenso de Washington".

(BATISTA, 1994)

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elitismo, pelo modelo humboldtiano4, excessivamente unificado, caro e insustentável pelo

poder público em tempo de crise do Estado.

Portanto, ao destacar as recomendações do Banco Mundial para a educação superior

contidas no documento “La enseñanza superior” (1995):

[....] 1) privatização desse nível de ensino, sobretudo em países como o

Brasil, que não conseguiram estabelecer políticas de expansão das

oportunidades educacionais pautadas pela garantia de acesso e equidade ao

ensino fundamental, bem como, pela garantia de um padrão de qualidade a

esse nível de ensino; 2) estímulo à implementação de novas formas de

regulação e gestão das instituições estatais, que permitam alterações e

arranjos jurídico-institucionais, visando à busca de novas formas de recursos

junto a iniciativa privada sob o argumento da necessária diversificação das

fontes de recursos; 3) aplicação de recursos públicos nas instituições

privadas; 4) eliminação de gastos com políticas compensatórias (moradia,

alimentação); 5) diversificação do Ensino Superior, por meio do incremento

à expansão do número de instituições não-universitárias; entre outras.

(DOURADO, 2002, p.240)

Sob esta perspectiva, cria-se um clima político-institucional nas IFES, propício para

o abandono da carreira. Por outro lado, é dado início ao processo de resistências à

transformação destas em organizações sociais5, com a tramitação do projeto de autonomia

universitária no Congresso Nacional. O Banco Mundial defendia estas reformas, dando

guarida na criação de um sistema de modernização da educação superior no país.

1.4 A ENGENHARIA E O ENSINO DE ENGENHARIA NO BRASIL

A engenharia acompanha o homem desde suas origens. Para sobreviver diante de

tantos desafios aos quais era exposto diariamente, e evoluir durante os séculos, só seria

possível com capacidade inventiva refletida no que hoje se denomina engenharia.

Descrever as fases históricas da engenharia não é o objeto deste capítulo, mas sim

traçar comentários sobre o profissional engenheiro e da Educação Profissional, a criação da

profissão engenheiro. Ao pesquisar e analisar textos que descrevem o surgimento das

4 O conceito de universidade como Humboldt o concebeu, implicou essencialmente duas tarefas: "De um lado, promoção do

desenvolvimento máximo da ciência, de outro, produção do conteúdo responsável pela formação intelectual e moral" da

nação (p. 79). Com isso, ele deixa claro que esta nova instituição "se caracteriza pela combinação de ciência objetiva e

formação subjetiva" (p. 79) e aponta que são necessárias duas condições: a interna, do esforço do indivíduo, e a externa,

vinda da estrutura e do financiamento. Caracterizando o que a universidade deveria promover, Humboldt é explícito ao

afirmar que sua finalidade é o enriquecimento moral da Nação e do indivíduo. (PEREIRA, 2010) 5 Entende-se por “organizações sociais” as entidades de direito privado que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm

autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse pode e, assim, ter direito à dotação orçamentária. (SILVA

JR.; SGUISSARDI, 2001)

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Universidades Federais brasileiras observou-se que desde a criação dos primeiros cursos

formais, a engenharia esteve presente.

No Brasil, assim como no resto do mundo, a engenharia surgiu como instrumento de

guerra, sempre vinculado às forças armadas.

Para Bazzo e Pereira (2009), antes desta formalização do ensino de engenharia, as

atividades de profissionais na área de Engenharia tiveram início no próprio descobrimento,

ocasião em que foram utilizados os conhecimentos das diversas áreas da Engenharia para que

a frota de Cabral pudesse alcançar o litoral brasileiro. Em seguida, com a descoberta e

exploração de minerais como o ouro, as atividades relacionadas na Engenharia foram

intensificadas.

Para Telles (1994), a Engenharia no Brasil-Colônia ficou restrita às áreas de interesse

da Coroa Portuguesa, restringindo o seu avanço, considerando que nesta época a economia

brasileira era concentrada no extrativismo, na agricultura e no trabalho escravo, fato que não

favorecia a expansão da engenharia para a área industrial e de produtos acabados.

Segundo Telles (1994), os primeiros engenheiros que atuaram no Brasil-Colônia

receberam o título de “engenheiro-mor do Brasil”. Foi o caso do Engenheiro Francisco de

Frias da Mesquita, nomeado em 1603, e durante algum tempo, foi o único engenheiro

existente no Brasil.

Com a vinda da família imperial para o Brasil em 1808, conforme Bringhenti (1993),

diversos tipos de profissionais acompanharam a comitiva, dentre eles alguns engenheiros,

com a demanda de construções de moradias, prédios, sistemas hidráulicos, viários, portos,

dentre outros que necessitavam da técnica. Consequentemente, fomentou-se que fossem

criadas as primeiras escolas técnicas na colônia.

Isto ocorreu, segundo este autor, devido à não existência de uma organização para

atividade do engenheiro, que era na maior parte exercida por leigos. D. Pedro I instituiu a Lei

de 28 de agosto de 1828 criando os primeiros conselhos profissionais.

Os estudos de Pardal (1986) apresentam que o primeiro curso, com semelhanças aos

atuais cursos de Engenharia, foi criado por Carta Régia em 1699, tendo enfoque para o ensino

militar da aula de fortificação, sendo ensinados os primeiros conhecimentos de Engenharia e,

posteriormente, em 1738, foi denominado como aula do terço de artilharia. Não era um ensino

regulamentado, não tinha plano de ensino, apenas definida a sua carga horária de cinco anos.

Nos anais do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) de 2010,

afirma-se que a Real Academia de Artilharia, Fortificações e Desenho, em 1792, com o passar

do tempo, foi recebendo diversos nomes, adequando o seu enfoque. Até que, em 1858,

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denominou-se Escola Politécnica do Rio de Janeiro, com o terceiro curso de Engenharia

regular do mundo, o primeiro curso regular de Engenharia das Américas e um dos mais

antigos cursos com plano de ensino e projeto pedagógico de nível superior do Brasil.

Em 1810, foi criada a Academia Real Militar, e a Academia Militar e de Marinha,

em 1831, com o curso de “engenheiro de pontes e calçadas”.

Logo depois, se instalava no Rio de Janeiro a Escola Central, em 1858, destinada

exclusivamente à formação de engenheiros, tendo inclusive um curso de Engenharia Civil. O

Instituto Militar de Engenharia - IME, ligado ao Exército Brasileiro (Ministério da Defesa) foi

criado em data não precisa no decorrer do século XVIII.

Somente a partir de 1874 começou a ser utilizada no Brasil a denominação

Engenharia Civil, depois da desvinculação da Escola Central do Ministério da Guerra,

passando a ser denominada de Escola Politécnica. O ensino de Engenharia não militar no

Brasil, como em todo o mundo, iniciou-se pela Engenharia Civil. (CONFEA, 2010)

Segundo Oliveira (2005a), a Escola de Minas de Ouro Preto foi a única a ser fundada

durante o Império, sendo a segunda escola de Engenharia do Brasil. A sua criação foi “uma

decisão política do Imperador D. Pedro II”, contratando em 1874, sob recomendação do

cientista francês Auguste Daubrée, o jovem engenheiro francês Claude Henri Gorceix para

organizar o ensino de geologia e mineralogia no Brasil.

O exercício profissional do engenheiro era livre no país até meados de 1900, mas, a

partir de então, o governo, sob pressão, elaborou legislações que ordenam o exercício e o

controle de algumas atividades profissionais. (CONFEA, 2013)

Segundo Oliveira (2005a), a Escola de Engenharia Militar, fundada em 1928, hoje

Instituto Militar de Engenharia (IME), foi criada a partir do desmembramento ocorrido em

1874 da Escola Central, a qual sucedeu da primeira escola de Engenharia do Brasil.

Telles (1984) aponta que em 1946 existiam 15 instituições de ensino de Engenharia.

Na década de 1950 existiam 16 escolas de Engenharia criadas no Brasil, e ao final da década

de 1960 este número passou para 64 escolas, havendo um significativo crescimento do

número de instituições. Em meados da década de 1970, o Brasil contava com mais de 100

Instituições de Ensino Superior com seus 300 cursos de Engenharia.

Atualmente, os cursos de Engenharia no Brasil são fundamentados nos referenciais

nacionais dos cursos de Engenharia, na Resolução do CNE/CES nº 11, de 11 de março de

2002, instituído pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em

Engenharia, e na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que regulamentou o exercício das

profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo. (BRASIL, 2013)

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Oliveira (2005b) afirma que em 1996, com a aprovação da LDBEN – Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que

instituiu em seu artigo 53 que no exercício de sua autonomia, são asseguradas às

universidades, sem prejuízo de outras, fixar os currículos dos seus cursos e programas,

observadas as diretrizes gerais pertinentes, e em 11 de março de 2002 o Conselho Nacional de

Educação Câmara de Educação Superior edita a Resolução CNE/CES 11, que Institui

Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, tornando sem

validade a Resolução 48/76, a qual estabelecia o currículo mínimo para os cursos de

Engenharia.

O Brasil em 2010 formaram-se 41.112 engenheiros no Brasil, existiam 2.232 cursos

de Engenharia com oferta anual de 244.629 vagas, sendo que 492.880 alunos estavam

matriculados e a taxa de evasão foi de 43,69%. (ABENGE, 2013)

Em 2014 possuía cerca de 1.134.548 um milhão cento trinta e quatro mil quinhentos

e quarenta e oito engenheiros registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

(CONFEA) e Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). (CONFEA, 2014)

Segundo Telles (2009), isso equivale a seis profissionais para cada mil trabalhadores.

Nos Estados Unidos e no Japão, essa proporção é de 25 para cada grupo de mil pessoas

economicamente ativas. Dados do Sistema da Federação das Indústrias mostram que do total

de cursos oferecidos no país por instituições públicas e privadas, 76% são para áreas de

humanas e sociais, e 8,8% são para engenharias.

1.5 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

O Brasil, até fins do século XIX, apresentava uma economia com pouca dificuldade,

mais estruturada pela mão de obra escrava. Com a Revolução Industrial e o desenvolvimento

do capitalismo, em função da mobilização pelo lucro, por meio da produção, ganhou força a

escola em que fosse valorizada essa mão de obra para preparar o novo perfil do trabalhador

urbano/industrial. Nesse período foram criados os cursos técnicos de nível superior (Marinha,

Militar, Anatomia/Cirurgia/Medicina) motivado pela vinda da família real ao Brasil em 1808.

Fonseca (1961) assegura que não podemos omitir que a Educação Profissional

sempre esteve associada aos pobres, cegos, aleijados, ex-escravos, entre outros “desvalidos”,

apresenta-se de forma explícita na concepção que se tinha sobre este ramo da educação por

ocasião do seu surgimento. Entre o final do século XIX e início da Segunda República, a

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Educação Profissional era vista pela sociedade da época como filantropia ou caridade

(FONSECA, 1961)

Segundo Piletti e Rossato (2010), os primeiros ensaios do ensino profissionalizante

ocorreram com a criação no Rio de Janeiro, do Colégio de Fábricas, em 1809, e da Escola de

Belas-Artes, em 1816, e em 1840 com a criação das Casas de Educandos e Artífices nas

capitais das províncias, com o intuito maior de atender crianças abandonadas e diminuir a

criminalidade.

Em 1850 criam-se sociedades civis destinadas a dar “amparo” às crianças órfãs e

abandonadas, nestes ambientes passam a adquirir alguma formação para que possam

trabalhar. Em 1909 foram fundadas várias escolas-oficinas voltadas à formação de

ferroviários e é neste mesmo ano que o então presidente Nilo Peçanha criou várias Escolas de

Aprendizes e Artífices voltadas ao ensino industrial destinadas “aos pobres e humildes”,

dando origem à atual Rede Federal de Ensino Profissional. (PILETTI; ROSSATO, 2010)

Ainda conforme Piletti e Rossato (2010), com a reforma Capanema, a partir de 1942

foram editadas várias Leis Orgânicas da Educação Nacional, com destaque à educação

profissional. Na década de 1940 ainda foram criados o Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial (SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC),

consolidando, assim, o ensino profissional no Brasil.

Esses autores também apontam que até os anos de 1970 existia uma demanda por

mão de obra qualificada para o setor produtivo, com a produção em crescimento eram

necessários trabalhadores qualificados. Até este momento, a escolarização era separada para o

pensar e o fazer.

A educação profissional, na figura da Escola Técnica era, essencialmente, uma opção

para os pobres, para aqueles que necessitavam ingressar precocemente na força de trabalho e

não podiam aguardar uma formação profissional mais ampla e demorada em um curso

superior, de graduação. O enfoque assistencialista via Educação Profissional como uma boa

alternativa para "tirar o menor da rua" e para "diminuir a vadiagem", dando-lhe condições de

inserção mais imediata no mercado de trabalho. O enfoque economicista, por outro lado, via

essa inserção na ótica do linear ajustamento às demandas do mercado de trabalho.

Com a LDBEN/1996, segundo Cordão (2002), no artigo 2°, sob o olhar do mundo do

trabalho e da educação, há reconhecimento da educação profissional, modalidade escolar

estratégica do esforço da nação em prol de uma igualdade de acesso aos múltiplos bens

sociais.

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Assim, de acordo com Cury (2014), a educação profissional não é uma rede paralela

dentro de um sistema dualista; pressupõe-se a educação básica obrigatória como direito da

cidadania para todos os que quiserem cursá-la e que estiverem na faixa entre quatro e 17 anos.

Mas esse direito não se perde mesmo para os que tiverem concluído o Ensino Médio e

estejam com idade superior a essa faixa.

1.5.1 Formas de educação profissional e tecnológica no Brasil

Segundo Rocha (2008), no Brasil são reconhecidas três formas de atuação na

educação profissional e tecnológica: a primeira mediante uma qualificação profissional, não

sendo exigido nenhuma escolaridade, consiste em uma formação inicial ou continuada de

aprendizagem não formal (saber prático), a segunda por meio de uma formação profissional

técnica de nível médio, que pode ser de forma integrada ao ensino médio, concomitante ao

ensino médio, ou subsequente ao ensino médio.

Em terceiro lugar está a possibilidade de formação técnica de nível superior, podendo

ser pelo curso superior tecnológico, de graduação (bacharelado ou licenciatura) ou pós-

graduação, ou por meio dos chamados cursos sequenciais, modalidade de curso superior que

não se posicionam entre os cursos de graduação porque não equivalem a bacharelado,

tecnologia ou licenciatura.

1.5.2 Rede Federal de Educação Profissional

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica teve suas origens

em 1909, com o advento das Escolas de Aprendizes e Artífices; é a principal rede responsável

pela ampliação do ensino profissional e tecnológico no Brasil.

Segundo documentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

(2009), o Ensino Profissional era concebido como instrumento elaborador do progresso

nacional, pois era uma modalidade que se encaixava à necessidade do apoio ao

desenvolvimento da industrialização. E com essa atividade aspirava-se a formação do futuro

operariado nacional, e com isso suprir a demanda da mão de obra nas indústrias, como

também criando, assim, uma classe para o homem brasileiro que mais tarde seriam os

responsáveis chefes de família, trabalhadores.

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Afirma Tavares (2012) que, apesar do processo de industrialização do Brasil ganhar

impulso já nas décadas de 1930-1940, o setor industrial ganhou nova feição a partir da década

de 1950, quando empresas multinacionais instalam-se no país. O Brasil torna-se dependente

do capital internacional que passa a requisitar investimentos na qualificação de mão de obra,

com base na Teoria do Capital Humano. Ocorre ampliação da Rede Federal e o

estabelecimento de acordos internacionais, para impulsionar a expansão da oferta de

Educação Profissional.

Na década de 1990, segundo Peroni (2010), com o processo de redemocratização,

teve o início do processo de Reforma do Estado, sob forte influência da lógica neoliberal. Já

segundo Sguissardi (2008), a expansão da educação ocorre prioritariamente na rede privada,

enquanto a rede pública passa por um processo de estagnação, acompanhada pela

terceirização de serviços e o pagamento de taxas em instituições de ensino públicas, além de

algumas tentativas de privatização do ensino público. Na década de 1990, o governo Fernando

Henrique Cardoso realiza mudanças profundas na legislação educacional que regulamenta o

Ensino Profissionalizante, com objetivos de reduzir os gastos públicos e favorecer a

mercantilização também do ensino profissionalizante pela rede privada.

Tavares (2012) aponta que a retomada da expansão da Rede Federal de Educação

Profissional e Tecnológica teve início com a derrubada de um dispositivo legal criado em

1994. A Lei 8.948/94, ao mesmo tempo em que constituía o Sistema Nacional de Educação

Tecnológica, paralelo ao sistema de ensino regular, transformava as antigas Escolas Técnicas

Federais em Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CEFETs), sob os

mesmos moldes dos CEFETs de Minas Gerais, Rio do Janeiro e Paraná, que já existiam desde

1978. Tratamento diferenciado foi dirigido às Escolas Agrotécnicas Federais, que apesar de

integrarem o mesmo sistema, passariam por esta transformação somente mediante a avaliação

de desempenho a ser coordenada pelo Ministério da Educação (MEC).

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CAPÍTULO 2

A UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ E SUAS POLÍTICAS

Neste capítulo realizaremos uma análise do processo histórico da construção da

UTFPR, bem como da sua estrutura organizacional e sua forma de gestão. A UTFPR, uma

Instituição de Ensino que surgiu no século passado, e utiliza uma forma de gestão matricial,

por considerar que sua gestão administrativa e acadêmica, pelo fato dela ser uma universidade

multicampus, difere em sua estrutura e funcionamento das demais Instituições Federais de

Ensino Superior (IFES), precisando de uma ação concomitantemente integradora e autônoma.

Essa integração tem ocorrido pela busca contínua da construção de políticas comuns,

por meio da definição de diretrizes institucionais nas áreas de ensino, pós-graduação,

administração, finanças e extensão. Com o objetivo da preparação para uma estrutura

universitária e otimizando o gerenciamento multicampus da Instituição a estrutura

organizacional da Universidade compreende a Reitoria, com sede em Curitiba, cinco Pró-

Reitorias – de Pesquisa e Pós-Graduação, de Graduação e Educação Profissional, de Relações

Empresariais e Comunitárias e de Planejamento e Administração e recentemente a de

Assuntos Estudantis, além das Diretorias dos Câmpus. A criação destas instituições

representou a atuação direta do governo federal na área de formação profissional.

2.1 HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

A história da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) teve início com

a criação das Escolas de Aprendizes e Artífices por Decreto pelo então presidente Nilo

Peçanha, em 23 de setembro de 1909. No Paraná, a instituição foi inaugurada no dia 16 de

janeiro de 1910 em um prédio na Praça Carlos Gomes. (UTFPR, 2009)

O ensino era oferecido a garotos de camadas menos favorecidas da sociedade

que,naquela época, eram denominados “desprovidos da sorte”. No período da manhã eram

ministradas as aulas de conhecimentos elementares (primário) e, no período vespertino, eram

ensinados os ofícios nas áreas de alfaiataria, marcenaria, sapataria e serralheria. Inicialmente,

havia apenas 45 alunos. Logo em seguida, instalaram-se as seções de Pintura Decorativa e

Escultura Ornamental. (UTFPR, 2009)

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A partir de 1930, intensifica-se o desenvolvimento da industrialização, exigindo o

aperfeiçoamento da técnica, e os trabalhadores são solicitados a atuar em diferentes setores da

economia. Assim, o Ensino Profissional obriga a novas imposições e as escolas passaram a

instituir o ensino teórico das ciências e a aplicação de seus princípios na indústria. (UTFPR,

2009)

O ensino torna-se cada vez mais profissional, o número de estudantes cresce

significativamente, havendo a necessidade de uma sede maior. Em 1936, a Instituição foi

transferida para a Avenida Sete de Setembro na cidade de Curitiba. Até que em 1937 a escola

começou a ministrar o ensino em âmbito de ginásio industrial, adequando-se à Reforma

Capanema. Nesse mesmo ano, a Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná passou a ser

denominada de Liceu Industrial de Curitiba e começou a ministrar o Ensino Primário.

A Lei Orgânica do Ensino Industrial, de 1942, busca adequar o sistema educacional à

realidade de industrialização do país, unificou a organização do ensino em todo o território

nacional e estabeleceu como seu objetivo preparar trabalhadores para a indústria, transportes,

comunicações e pesca, em nível secundário. (UTFPR, 2009)

A partir de 1942, o ensino passa a ser ministrado em dois ciclos. No primeiro, havia

o Ensino Industrial Básico, o de Mestria e o Artesanal. No segundo, o Técnico e o

Pedagógico. Com a reforma, foi instituída a Rede Federal de Instituições de Ensino Industrial

e o Liceu passou a denominar-se Escola Técnica de Curitiba. Em 1943, tiveram início os

primeiros Cursos Técnicos: Construção de Máquinas e Motores, Edificações, Desenho

Técnico e Decoração de Interiores. Em 1944, é ofertado o Curso Técnico em Mecânica. No

início da década de 1950, houve um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos no

campo do Ensino Industrial, que tinha como objetivo a orientação, a formação e o treinamento

de professores da área técnica do Brasil. (UTFPR, 2009)

Desse acordo foi criada a Comissão Brasileiro-Americana Industrial (CBAI). Como

consequência do acordo, elevou-se o padrão de qualidade do Ensino Técnico, particularmente

da Escola Técnica de Curitiba, que foi sede da CBAI. (UTFPR, 2009)

Ainda na década de 1950, com o processo de industrialização bastante avançado, o

governo lançou o Plano de Metas, segundo o qual passou a ser orientada a política econômica

do país.

Segundo Santos (2010), uma dessas metas era a dinamização do ensino profissional

para atender as necessidades da indústria em crescente expansão e modernização. Em 1959,

com a Reforma do Ensino Industrial, a legislação unificou o Ensino Técnico no Brasil, que até

então era dividido em ramos diferentes. A Escola ganhou, assim, maior autonomia, passando

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a denominar-se Escola Técnica Federal do Paraná e passando a ser considerada como unidade

escolar padrão no estado, principalmente com a configuração do Ensino de 2° Grau que,

orientado pela Lei n° 5.692/71, dava ênfase especial à formação para o trabalho.

As Escolas Técnicas no final da década de 1960, no entendimento de Santos (2010),

faziam destaque aos seus alunos, pois com o Ensino de 2º Grau profissionalizante e

ingressando em Cursos Superiores de qualidade, o mercado de trabalho reconhecia, e a

instituição conseguiu elevar seu conceito perante a sociedade. (SANTOS, 2010)

A Escola Técnica Federal do Paraná destacou-se pelos seus cursos

profissionalizantes, passando a ser referência para esta modalidade no estado e no país. Em

1974, por autorização especial do Ministério da Educação e Cultura, passou a ministrar

Cursos Superiores (de curta duração) de Engenharia de Operação, na área de Construção Civil

e Elétrica.

Quatro anos depois, em 1978, a Instituição foi transformada em Centro Federal de

Educação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR), passando a ministrar Cursos de Graduação

Plena: Engenharia Industrial Elétrica, ênfase em Eletrotécnica e Engenharia Industrial

Elétrica, ênfase em Eletrônica/Telecomunicações e Curso Superior de Tecnologia em

Construção Civil. Posteriormente, em 1996, Engenharia de Produção Civil e, em 1992,

Engenharia Industrial Mecânica. (UTFPR, 2009)

A partir da implantação dos Cursos Superiores, inicia-se o processo de “maioridade”

da Instituição, que avançaria, nas décadas de 1980 e 1990, com a criação dos Programas de

Pós-graduação.

Em 1988 ocorre a implantação do primeiro Programa de Pós-graduação Stricto

Sensu, o Curso de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI)

em Curitiba.

O Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico, em 1990, fez com que o

CEFET-PR se expandisse para o interior do Paraná. Implantou a primeira Unidade de Ensino

Descentralizada, na cidade de Medianeira, na região oeste do estado do Paraná.

Em 1993 foram implantadas as Unidades de Cornélio Procópio, Pato Branco e Ponta

Grossa e, em 1994, foi incorporada à Unidade de Pato Branco a Faculdade de Ciências e

Humanidades existente naquela cidade. A unidade de Campo Mourão foi implantada em 1995

e, em 2003, a Escola Agrotécnica Federal de Dois Vizinhos foi incorporada ao CEFETPR.

(UTFPR, 2004)

Houve um redirecionamento das prioridades do CEFET-PR para o Ensino Superior,

com expansão também da Pós-Graduação Stricto Sensu.

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Em 1995 teve início o Programa de Pós-graduação em Tecnologia (PPGTE); em

2001, é inaugurado o Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais

(PPGEM) e, em 2004, implanta-se o Programa de Mestrado em Engenharia de Produção

(PPGEP), em Ponta Grossa, marco inicial da interiorização dos Cursos de Pós-graduação

Stricto Sensu. (UTFPR, 2004)

Em outra perspectiva do processo de expansão, a instituição estrategicamente abriu

uma nova frente: os intercâmbios internacionais de docentes e discentes, iniciando com as

Fachhochschules (FH) da Alemanha, dada a similaridade com a identidade do CEFET-PR.

Em seguida, estendeu-se para instituições francesas, espanholas, japonesas,

americanas, dentre outras.

Após ter passado de Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná a Escola Técnica

Federal do Paraná, a trajetória do CEFET-PR pode ser subdividida em três fases principais:

a primeira fase, de 1979 a 1988, foi responsável, principalmente, pela inserção

institucional no contexto das entidades de Ensino Superior, culminando com a

implantação do primeiro Programa de Mestrado;

a segunda fase, de 1989 a 1998, foi marcada pela expansão geográfica e pela

implantação dos Cursos Superiores de Tecnologia, e;

a última fase, iniciada em 1999, veio caracterizar a consolidação de um novo

patamar educacional, para o qual se promoveram os ajustes necessários para a

sua transformação em Universidade.

Nota-se, dessa forma, que os alicerces para a Universidade Tecnológica foram

construídos desde a década de 1970, quando a Instituição iniciou sua atuação na Educação de

nível superior. (UTFPR, 2009)

O Projeto de Lei nº 11.184 foi sancionado pelo Presidente da República no dia 7 de

outubro de 2005, e publicado no Diário Oficial da União, em 10 de outubro do mesmo ano,

transformando o Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-PR em

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, a primeira do Brasil. (UTFPR, 2009)

A iniciativa de pleitear junto ao Ministério da Educação a transformação teve origem

na comunidade interna, pela percepção de que os indicadores acadêmicos nas suas atividades

de ensino, pesquisa, extensão e gestão, credenciavam a instituição a buscar a condição como

universidade, em conformidade com o disposto no Parágrafo Único do Artigo 53 da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de

1996. (UTFPR 2009)

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Em 2006, foi autorizado pelo Ministério da Educação o funcionamento dos câmpus:

Apucarana, Toledo e Londrina, que começaram suas atividades a partir de 2007 e Francisco

Beltrão em janeiro de 2008, Guarapuava em 2010 e Santa Helena em 2014.

Os 13 Câmpus integrantes da UTFPR estão localizados nas cidades de Apucarana,

Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Guarapuava,

Londrina, Medianeira, Ponta Grossa, Pato Branco, Santa Helena e Toledo.

Mapa 1 - Localização dos Câmpus da UTFPR - 2014

Fonte: Base cartográfica do IBGE - www.mapasparacolorir.com.br

Reelaborado: GOMEZ, M.R.F., 2014

Em 2008, a UTFPR aderiu ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais (Reuni), instituído pelo Decreto nº 6.090, de

24/04/2007. Nesse Programa, as universidades federais objetivaram terem condições humanas

e financeiras para ampliar o acesso e permanência na educação superior, contribuindo para a

política nacional de expansão da educação superior. O resultado desse programa para a

UTFPR foi de desenvolvimento de vários projetos e ações executadas para a melhoria dos

espaços físicos e de equipamentos. O seu contingente de recursos humanos foi ampliado e

qualificado e, com muita ênfase, houve uma expansão nas vagas ofertadas para seus alunos

com o aumento dos cursos ofertados. (UTFPR, 2009)

Atualmente, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná conta com 2156

docentes, 1037 Técnicos Administrativos e 23185 alunos regularmente matriculados nos

Cursos de Técnicos Integrados, Cursos Técnicos Subsequentes, Cursos de Bacharelado e

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Licenciatura e 404 alunos dos programas de mestrado e doutorado totalizando 23589 alunos,

distribuídos em 13 câmpus no estado do Paraná.

A UTFPR possui ao todo 109 cursos, sendo 98 cursos de nível superior: 25 Cursos

de Tecnologia, 16 licenciaturas, 42 Engenharias, 15 outros cursos de bacharelado em áreas

distintas (Administração, Ciências da Computação, Comunicação Organizacional, Química,

Arquitetura e Urbanismo, Design, Educação Física, Zootecnia) e 11 cursos técnicos de nível

médio.

Quadro 1 - Cursos Superiores por câmpus da UTFPR

Câmpus Apucarana

Engenharia Química

Engenharia Têxtil

Licenciatura em Química

Tecnologia em Design de Moda

Tecnologia em Processos Químicos

Câmpus Campo Mourão

Ciência da Computação

Engenharia Ambiental

Engenharia Civil

Engenharia de Alimentos

Engenharia Eletrônica

Licenciatura em Química

Tecnologia em Alimentos

Câmpus Cornélio Procópio

Engenharia de Computação

Engenharia de Controle e Automação

Engenharia Elétrica

Engenharia Eletrônica

Engenharia Mecânica

Licenciatura em Matemática

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Câmpus Curitiba

Administração

Arquitetura e Urbanismo

Comunicação Organizacional

Design

Educação Física

Engenharia Civil

Engenharia de Computação

Engenharia de Controle e Automação

Engenharia Elétrica

Engenharia Eletrônica

Engenharia Mecânica

Licenciatura em Física

Licenciatura em Letras – Português/Inglês

Licenciatura em Matemática

Química

Sistemas de Informação

Tecnologia em Automação Industrial

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Tecnologia em Design Gráfico

Tecnologia em Mecatrônica Industrial

Tecnologia em Processos Ambientais

Tecnologia em Radiologia

Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações

Câmpus Dois Vizinhos Agronomia

Engenharia Florestal

Licenciatura em Ciências Biológicas

Licenciatura em Educação do Campo

Zootecnia

Câmpus Francisco Beltrão Engenharia Ambiental

Engenharia Química

Licenciatura em Informática

Tecnologia em Alimentos

Câmpus Guarapuava Engenharia Civil

Engenharia Mecânica

Tecnologia em Manutenção Industrial

Tecnologia em Sistemas para Internet

Câmpus Londrina Engenharia Ambiental

Engenharia de Materiais

Engenharia de Produção

Engenharia Mecânica

Licenciatura em Química

Tecnologia em Alimentos

Câmpus Medianeira Ciência da Computação

Engenharia Ambiental

Engenharia de Alimentos

Engenharia de Produção

Engenharia Elétrica

Licenciatura em Química

Tecnologia em Alimentos

Tecnologia em Gestão Ambiental

Tecnologia em Manutenção Industrial

Câmpus Pato Branco Administração

Agronomia

Ciências Contábeis

Engenharia Civil

Engenharia de Computação

Engenharia Elétrica

Engenharia Mecânica

Licenciatura em Letras – Português/Inglês

Licenciatura em Matemática

Química

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Tecnologia em Manutenção Industrial

Câmpus Ponta Grossa Ciência da Computação

Engenharia de Produção

Engenharia Eletrônica

Engenharia Mecânica

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Engenharia Química

Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais

Tecnologia em Alimentos

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Tecnologia em Automação Industrial

Tecnologia em Fabricação Mecânica

Câmpus Santa Helena Ciência da Computação

Licenciatura em Ciências Biológicas

Câmpus Toledo Engenharia Civil

Engenharia Eletrônica

Licenciatura em Matemática

Tecnologia em Processos Químicos

Tecnologia em Sistemas para Internet

Fonte: UTFPR 2014.

2.1.1 Histórico do Câmpus Medianeira

As Unidades de Ensino Descentralizadas (UNED´s) foram criadas no governo José

Sarney, no ano de 1986 por meio da implantação do Programa de Expansão e Melhoria do

Ensino Técnico (PROTEC) que previa a construção de dezenas de novas escolas técnicas com

o objetivo de formar polos tecnológicos nas várias regiões abrangidas pelo Programa. As

modalidades de cursos de cada UNED variam de acordo com a vocação econômica das

regiões em que foram instaladas. Alguns cursos que foram oferecidos: Alimentos, Mecânica,

Eletrônica, Eletromecânica, Edificações, Eletrotécnica e de Plásticos.

Em 6 de fevereiro de 1987, por intermédio da Portaria 067/87, era criada a Unidade

de Medianeira do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET/PR). Em

março de 1990, a instituição recebia as primeiras turmas dos cursos Técnicos de Nível Médio

em Alimentos e Eletromecânica e, no dia 30 de maio de 1991, deu-se a sua inauguração

oficial. A então Unidade Medianeira foi a primeira a ser criada para o interior do estado e uma

das primeiras a entrar em funcionamento no Brasil.

Em 1996, implantou-se o primeiro curso de nível superior: O Curso de Tecnologia

em Alimentos, na modalidade Industrialização de Carnes. Em 1999, passam a serem ofertados

no campus outros quatro cursos superiores nas áreas de: Eletromecânica, Laticínios, Carnes e

Meio Ambiente e, em janeiro de 2000, começa a funcionar, também, o Curso Superior de

Tecnologia em Informática. A partir de 7 de outubro de 2005, passou a ser denominado

Câmpus Medianeira da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, com a

publicação da Lei nº 11.184/2005.

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Em 2006 foram implantados no Câmpus Medianeira os cursos técnicos de nível

médio em Química e Saúde e Segurança no Trabalho e o Curso Superior de Engenharia de

Produção Agroindustrial, primeiro Curso de Engenharia do câmpus.

No primeiro semestre de 2007, passou a funcionar, no Câmpus Medianeira, o Ensino

a Distância, numa parceria entre a UTFPR e a Universidade Aberta do Brasil (UAB).

No primeiro semestre de 2010, iniciaram-se as aulas dos Cursos de Engenharia de

Alimentos e Engenharia Ambiental, e no primeiro semestre de 2011 teve início as aulas do

Curso de Engenharia Elétrica e do Curso de Bacharelado em Ciências da Computação.

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO

Sendo a escola o lócus onde se materializam as políticas educacionais inseridas num

contexto de políticas públicas sociais, é necessário conhecer e compreender as políticas

públicas de educação e como elas interferem no processo educacional.

As políticas públicas referem-se às ações do Estado e têm a finalidade de garantir a

toda a sociedade que os seus direitos sociais e econômicos sejam atendidos, ou seja, para que

todos tenham garantia de acesso à saúde, educação, seguridade social, moradia, trabalho, etc.

Para Cunha e Cunha (2002), “as políticas públicas têm sido criadas como resposta do

Estado às demandas que emergem da sociedade e do seu próprio interior, sendo a expressão

do compromisso público de atuação numa determinada área a longo prazo”, obedecendo a um

conjunto de prioridades, princípios, objetivos, normas e diretrizes bem definidos.

Shiroma et al. (2000 p.10) afirmam que:

[...] as políticas educacionais, mesmo sob semblante muitas vezes

humanitário e benfeitor, expressam sempre as contradições supra referidas.

Não por mera casualidade. Ao longo da história, a educação redefine seu

perfil reprodutor/inovador da sociabilidade humana. Adapta-se aos modos de

formação técnica e comportamental adequados à produção e reprodução das

formas particulares de organização do trabalho e da vida. O processo

educativo forma aptidões e comportamentos que lhes são necessários, e a

escola é um dos seus loci privilegiados.

Ao longo da história da educação brasileira, as políticas educacionais estiveram

intimamente relacionadas ao contexto social, político e econômico de cada época, procurando

adequar o sistema de ensino à estrutura social vigente.

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2.2.1 Constituição Federal de 1988: bases do campo normativo da política educacional

Ao definir o termo “políticas públicas” é importante refletir em algumas

considerações, pois no entendimento das pessoas e na aplicação das mesmas, cabem

considerações nas nossas reflexões teóricas já que influenciam na vivência do cotidiano de

todas as instituições de ensino.

De acordo com Teixeira (2002, p.2):

“Políticas públicas” são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder

público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e

sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São nesse caso,

políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis,

programas, linhas de financiamento) que orientam ações que normalmente

envolvem aplicações de recursos públicos.”

Nas políticas educacionais que dizem respeito à educação, ao ambiente escolar, ao

resultado do ensino, da observação, da repetição, fazendo parte tudo isso do sistema

educacional, Santos (2012), fundamenta que para todo esse sistema são aplicadas políticas

educacionais envolvendo toda uma comunidade articulada por diferentes atores tais como:

alunos, professores, servidores, pais, vizinhança e Estado. São estas que dizem respeito a

decisões do governo que incide no ambiente escolar e ensino-aprendizagem. No Brasil, as

políticas educacionais e as reformas promovidas ao longo do desenvolvimento das diretrizes

educacionais, sempre foram influenciadas pelos interesses elitistas.

Na Constituição Federal de 1988 está expresso que a educação é um direito de todos

e dever do Estado e da família, tendo como objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Define os princípios

pelos quais deve se basear o ensino, a partir dos quais, as políticas educacionais devem ser

elaboradas nos níveis federal, estadual e municipal, e estabelece os percentuais mínimos de

recursos que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios devem aplicar na educação.

(BRASIL, 1988)

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68

2.2.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96)

A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) é considerada o

principal documento de ordenamento jurídico-educacional do país, é a maior contribuição do

Governo brasileiro na educação e que muito impacta nas instituições de ensino no país.

Segundo Brandão (2003), é a principal lei que rege a educação brasileira, explicita a

aplicação à realidade da educação brasileira e suas possíveis consequências, como também

elucida as coerências ou incoerências das reais necessidades educacionais brasileiras,

analisando as perspectivas da própria lei e a melhor contribuição para a transformação da

realidade educacional brasileira.

A LDBEN 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição

Federal. Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação

escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Situa a escola no centro das ações pedagógicas,

administrativas e financeiras; trata das bases da educação nacional no que diz respeito a sua

organização e ao seu funcionamento e estabelece suas diretrizes, ou seja, os fins, os

princípios, os rumos, os objetivos, os direitos, e os meios utilizados para alcançar os fins

pretendidos. (BRASIL, 1996)

Todo o entendimento que se faz da LDB passa necessariamente pela compreensão do

texto constitucional de 1988, sua matriz, e da evolução constitucional no Brasil.

Em sua amplitude, clareza e objetividade, a LDB no seu artigo 43 lembra seus

aspectos mais importantes que caracterizam a educação superior, tais como a pesquisa, ensino

e extensão em que se encontram juntos como um conjunto, que objetivam a educação superior

e suas funções. (BRANDÃO, 2003)

2.3 POLÍTICAS DE EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR

No entendimento de Saviani (2010), o Sistema Nacional de Educação é a unidade

que reúne vários enfoques ou serviços educacionais que ora são mobilizados por um

determinado país, de modo a formar um conjunto de ações coerentes que operam eficazmente

o processo de educação da população.

Portanto, pela Constituição Federal, a forma plena de organização do campo

educacional é interpretada pelo Sistema Nacional de Educação e que, segundo Saviani (2010),

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sua construção fluiu dos dispositivos constitucionais regulamentados pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional.

Ao instituir o Reuni por meio do Decreto nº 6.096/2007, houve congruências nas

estratégias do projeto PNE com o Reuni, o de aproveitar melhor os espaços físicos e recursos

humanos das IES públicas. Existem outras estratégias vinculadas às diretrizes do programa,

como é o caso da relação educação superior e educação básica, no intuito de aumentar o

número de licenciados; desenvolver as políticas de inclusão e de assistência estudantil;

incentivo à mobilidade acadêmica e, ainda, a flexibilização curricular. (NOGUEIRA, 2012)

O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais (Reuni) foi instituído pelo Governo Federal por intermédio do Decreto nº. 6.096, de

24 de abril de 2007, com o objetivo de criar condições para a ampliação do acesso e

permanência na educação superior, em nível de graduação, pelo melhor aproveitamento da

estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais.

Na UTFPR a proposta do Reuni foi submetida à apreciação do Conselho

Universitário (COUNI) na 7ª. Reunião Extraordinária do dia 22 de dezembro de 2007, e a sua

aprovação, pelo MEC, ocorreu em março de 2008, por intermédio do Acordo de Metas nº.

052.

Para a coordenação do planejamento, da organização e da execução do Reuni na

UTFPR foi designado o Comitê Gestor Institucional pela Portaria nº. 350 da UTFPR, de 06 de

maio de 2008.

Para a adesão ao Reuni, requeria-se a formulação de um projeto de reestruturação e

expansão, que seria submetido à aprovação dos órgãos superiores de cada instituição. As

propostas deveriam atender às metas e diretrizes delineadas pelo Decreto n° 6.096/2007. No

acordo de metas celebrado entre a UTFPR e o MEC fez contar que estariam elencadas as

seguintes diretrizes:

redução das taxas de evasão, ocupação das vagas ociosas e aumento de vagas de

ingresso, especialmente no período noturno;

ampliação da mobilidade estudantil, com a implantação de regimes curriculares

e sistemas de títulos que possibilitem a construção de itinerários formativos,

mediante o aproveitamento de créditos e a circulação de estudantes entre

instituições, cursos e programas de educação superior;

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revisão da estrutura acadêmica, com reorganização dos cursos de graduação e

atualização de metodologias de ensino-aprendizagem, buscando a constante

elevação da qualidade;

diversificação das modalidades de graduação, preferencialmente não voltadas à

profissionalização precoce e especializada;

ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil; e

articulação da graduação e pós-graduação e da educação superior com a

educação básica. (BRASIL, 2007)

2.3.1 Dotação orçamentária

Segundo o artigo 3º do Decreto n° 6.096/2007, os planos de reestruturação e

expansão elaborados pelas universidades federais e, posteriormente, apresentados e aprovados

pelo MEC, terão recursos financeiros assegurados depois de firmado o convênio entre o MEC

e cada universidade que aderiu ao programa. Ademais, a liberação das verbas também está

condicionada à assinatura do termo de pactuação de metas firmado que corresponde ao plano

organizado.

O total do montante projetado para a execução do plano de trabalho seria da ordem

de R$ 94.478.367,75 para investimentos e R$ 54.021.290,76 para custeio/pessoal, sendo o

último incorporado ao orçamento da instituição após o cumprimento das metas estabelecidas.

Esses recursos foram repassados para o quinquênio 2008 a 2012. Os valores apresentados

foram o demonstrativo de investimentos financeiros que a UTFPR recebeu do MEC para

atingir as metas pré-estabelecidas.

Tabela 1 - Indicadores e dados globais UTFPR

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2017(Projeção)

Número de Cursos Total 24 27 27 38 51 56 56

Noturno 1 1 1 3 13 13 13

Vagas Anuais Total 1330 1628 2376 3344 4444 4884 4884

Noturno 30 44 44 220 1056 1056 1056

Matrículas Total 6868 8412 12280 17456 22354 24734 24734

Noturno 135 199 199 1074 4781 4781 4751

Alunos

Diplomados

Total 280 302 494 686 1278 1638 4438

Noturno 27 27 27 27 40 40 960

Fonte: Ministério da Educação/UTFPR

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O objetivo do Reuni é a expansão das universidades federais, aumentando vagas e

matrículas, o que se atrela à exigência em elevar a taxa de conclusão dos estudantes,

consequentemente, reduzir as taxas de evasão, ocupação de vagas ociosas e aumento de

ingressantes. A tabela mostra-nos como ficarão as matriculas até 2017, com a criação de mais

cursos, o aumento gradativo das vagas ofertadas, o incentivo acentuado das vagas noturnas e,

consequentemente, o aumento dos alunos diplomados. Ressalte-se que a exigência do decreto

deve ser alcançada ao final de cinco anos, a contar do início do término de repasse financeiro,

ou seja, até 2012.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do

Ministério da Educação (MEC), no Brasil a metade dos estudantes de engenharia abandona o

curso antes de se formarem. Em 2007, 105.101 pessoas ingressaram em cursos de engenharia

em instituições públicas e privadas. Após 5 anos, (tempo previsto para conclusão do curso),

apenas 42,6% concluíram o curso e 57,4% evadiram-se. As causas da evasão foram

identificadas, contatando-se como a principal causa foi deficiência que esses alunos têm na

formação básica da Matemática e Ciências, ou seja, das ciências exatas. Muitos deixaram o

curso devido à dificuldade financeira, em pagar as mensalidades, e outros desistem pelas

dificuldades nas disciplinas práticas durante o curso. (CNI, 2013)

No contexto da expansão das atividades econômicas e que demandam

crescentemente força de trabalho mais qualificada, há de se considerar que a oferta de mão de

obra laboral derivada das engenharias é fundamental, frente as suas interligações com outras

categorias profissionais. No Brasil a formação superior na engenharia é constituído por um

sistema em que engloba duas centenas de universidades, 127 centros universitários e quase 2

mil faculdades e vários institutos de educação tecnológica pela absorção destes alunos. (IPEA,

2011)

Ainda segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2011,

atualmente, ao ano graduam-se em torno de 830 mil pessoas que equivalem a 26% do total de

vagas ofertadas pelo Ensino Superior. Do total de 3,2 milhões de vagas ofertadas, em torno de

322 mil são das engenharias, portanto 10,2% do total de vagas abertas no país por ano.

Inscreveram-se para ingressar nessas vagas ofertadas, em torno de 770 mil candidatos,

chegando ao percentual de 2,4% candidato/vaga em todo o Brasil, sendo que no ano de 2009,

47,1 mil engenheiros graduaram-se.

As engenharias registram elevados índices de evasão, apresentando,

consequentemente, um baixo índice de concluintes nos cursos de graduação e além do que

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geram desperdício de recursos humanos e financeiros nas vagas não ocupadas. O Ministério

da Educação ainda esclarece que muitos dos concluintes formam-se em instituições de nível

superior que detêm baixo desempenho na proficiência acadêmica. Ou seja, um em cada quatro

graduados provém de instituições com nível superior de alto desempenho educacional. (IPEA,

2011)

Gráfico 1 - Número de matrículas nos cursos de engenharia presencial e a distância 1991-2012 no

Brasil

Fonte: MEC/Inep 2014

Segundo dados do Censo da Educação Superior pelo INEP, em 2012 existiam no

Brasil mais de 700 mil estudantes de engenharia. Nota-se que a partir do ano de 2000 a

expansão é expressiva, representando um número quatro vezes maior de estudantes.

14

68

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44

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Gráfico 2 - Número de matrículas nos cursos de engenharia da UTFPR 2005-2013.

Fonte: UTFPR 2014.

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a expansão mais expressiva dos

cursos de engenharia iniciou a partir do ano de 2010 conforme se constata no gráfico 2.

Estima-se que até o ano de 2017 o acréscimo deverá ser muito maior devido à consolidação

do programa Reuni, uma vez que na implementação deste, o objetivo era o aumento

expressivo das matrículas e a efetivação das políticas educacionais para evitar a evasão.

2.4 POLÍTICAS DE GARANTIA DA PERMANÊNCIA DO ESTUDANTE DA UTFPR

A implementação de políticas públicas educacionais possibilita aos alunos dos cursos

superiores ingressarem e poderem permanecer nesse nível de ensino no Brasil. Segundo dados

disponíveis no portal do Ministério da Educação, as metas do Plano de Desenvolvimento da

Educação (PDE) continuam seguindo a visão sistêmica desde 2007.

O Reuni apresentou metas a serem atingidas, dentre elas estão: elevação da taxa de

conclusão média dos cursos de graduação presenciais para 90%, elevação da relação

aluno/professor para 18 alunos para cada professor e aumento mínimo de 20% nas matrículas

de graduação. (BRASIL, 2009)

15

36

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O Ministério da Educação (MEC) realizou levantamentos demonstrando que “com o

aumento da oferta de novas vagas, as universidades federais passam a receber um contingente

significativo de novos estudantes, muitos deles oriundos de escolas públicas e em condições

socioeconômicas desfavoráveis”. (BRASIL, 2009)

Diante de tais condições, cria-se o Programa Nacional de Assistência Estudantil

(PNAES), programa esse que deverá proporcionar aos estudantes auxílio para manutenção de

condições básicas (alimentação, transporte, saúde, moradia), bem como apoio pedagógico,

visando, entre outros aspectos, diminuir a evasão e repetência. Este Programa foi instituído

pela Portaria Normativa nº 39, de 12 de dezembro de 2007.

A essas ações citadas no PNAES denominamos de políticas de permanência. Essas

políticas abarcam não somente o aporte financeiro, mas também outras ações que estão

atreladas com a evasão, como por exemplo, a distância da família, a não adaptação ao curso,

questões pessoais, dificuldades pedagógicas, entre outros.

2.4.1 Divisão de Assistência Estudantil

Na UTFPR, a Divisão de Assistência Estudantil está sob responsabilidade do

Departamento de Educação, responsável pelos programas institucionais relacionados à

assistência estudantil e ao apoio psicopedagógico ao estudante. Esta Divisão coordena todas

as ações com vistas à minimização da evasão e retenção acadêmica, propondo ações para

redução da influência dos fatores socioeconômicos no desempenho do corpo discente, como

também ações de caráter na educação inclusiva. (UTFPR, 2009)

2.4.2 Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil

O Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil (NUAPE)

faz parte da Diretoria de Graduação e Educação Profissional (DIRGRAD) e, em conjunto com

esta diretoria, promovem o acompanhamento psicopedagógico, médico-odontológico aos

discentes. Também há um trabalho bastante integrado com o Núcleo de Atendimento às

Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) e o Setor de Assistência à Saúde. Cabe

salientar que o NUAPE procura dar todo o apoio possível aos discentes no que tange à

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permanência deste na instituição, prestando atendimento aos discentes com necessidades

especiais, como também gerenciando ações de educação inclusiva. (UTFPR, 2009)

2.4.3 Programa de Auxílio Estudantil

O Programa de Auxílio Estudantil tem como objetivo atender os princípios gerais do

PNAES, também como afirmação das políticas públicas do Governo Federal, apoiando o

discente com condições de permanecer e concluir os estudos na instituição, evitando reduzir

os índices de evasão decorrentes de dificuldades de ordem socioeconômica. O estudante

poderá pleitear o auxílio estudantil, que compreende todos estes auxílios: Instalação,

Alimentação, Moradia e Básico, e que poderão ser concedidos cumulativamente. (UTFPR,

2013)

Tabela 2 - Valores Auxílio Estudantil UTFPR

AUXÍLIO ESTUDANTIL

Denominação do Auxílio Valor (R$)

Instalação 400,00

Básico 200,00

Moradia 300,00

Alimentação (almoço e jantar) no R.U. 150,00

Assistência Médica, Odontológica, Psicológica e Social

Fonte: MEC/UTFPR.

2.4.3.1 Auxílio Instalação

São as despesas relacionadas com a instalação do estudante no município onde está

situado o Câmpus da UTFPR. O Auxílio Instalação é concedido na forma de recurso

financeiro no montante de R$ 400,00 (quatrocentos reais), em forma de contribuição, em uma

única parcela ao aluno ingressante no Câmpus, e que não tenha recebido anteriormente este

benefício. (UTFPR, 2013)

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2.4.3.2 Auxílio Básico

O montante de R$ 200,00 (duzentos reais), denominado como Auxílio Básico é

concedido na forma de recurso financeiro mensal, sendo depositado em conta bancária,

exclusivamente em nome do estudante, para despesas gerais. (UTFPR, 2013)

2.4.3.3 Auxílio Moradia

O Auxílio Moradia visa contribuir com as despesas decorrentes da habitação do

estudante, sendo concedido mensalmente na forma de recurso financeiro, no montante de R$

300,00 (trezentos reais) depositado em conta bancária, exclusivamente em nome do estudante.

Este benefício é concedido aos estudantes que fixam residência na cidade onde está situado o

Câmpus da UTFPR e que comprovem o deslocamento. (UTFPR, 2013)

2.4.3.4 Auxílio Alimentação

Este benefício é concedido ao estudante, em forma de crédito para refeição, sendo

intransferível e devendo ser utilizado exclusivamente pelo estudante bolsista da UTFPR no

Restaurante Universitário (RU) mensalmente, no valor de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais).

Para os períodos em que o Restaurante Universitário não estiver funcionando, o valor

do Auxílio Alimentação será depositado mensalmente em conta bancária, exclusivamente em

nome do estudante, em valores correspondentes ao valor pago por refeição do aluno não

bolsista das refeições que deixaram de ser fornecidas ao estudante-bolsista.

Este auxílio é para custear as refeições (almoço e/ou jantar) no RU do Câmpus em

que estiver matriculado. O crédito para refeição é válido para almoço e/ou jantar de 2ª. a 6ª.

feira e para almoço nos sábados, excluindo-se os feriados e recessos. (UTFPR, 2013)

Os investimentos na UTFPR em assistência estudantil passaram no ano de 2000 de

R$ 100.000,00 (cem mil reais) para R$ 14.000.000,00 (quatorze milhões) no ano de 2013,

valores bastante expressivos de investimentos nas políticas estudantis na instituição, para a

consolidação do Programa Reuni. (UTFPR, 2013)

Conforme o Decreto 7234 de 19 de julho de 2010, a UTFPR intensificou e

consolidou os recursos financeiros aplicados na assistência estudantil conforme tabela abaixo:

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Tabela 3 – Aplicação dos Recursos PNAES -UTFPR 2013

PNAES

Denominação do Auxílio Participação(%)

Alimentação 34,89

Apoio Pedagógico 31,31

Moradia 23,43

Transporte 4,06

Inclusão Digital 1,61

Cultura 1,56

Saúde 1,53

Esporte 1,29

Outros 0,25

Acessibilidade 0,07

Total 100,00

Fonte: UTFPR.

Conforme Tabela 3, a aplicação dos recursos ocorre em várias áreas. O que se quer

demonstrar que as ações de assistência estudantil sejam a ampliação das condições dos jovens

na educação superior pública federal, zelando pela promoção dessas atividades.

2.4.3.5 Assistência Médica-Odontológica-Psicológica-Social

A UTFPR, Câmpus Medianeira possui um quadro técnico-administrativo composto

por várias equipes que dão suporte para os alunos poderem permanecer na instituição,

mantendo assim dois dentistas, dois médicos, uma psicóloga e uma assistente social para

atendê-los durante o período letivo. Além do atendimento preventivo e emergencial, essa

equipe atual busca na promoção de qualidade de vida, proferir palestras e oficinas de

sensibilização para a conscientização dos estudantes quanto aos seus cuidados e ajuda aos

mesmos.

Cada vez mais têm se feito necessários novos olhares e serviços profissionais que

deem conta da diversidade presente nas escolas, tanto do ponto de vista de questões

subjetivas, quanto de problemas sociais. As instituições de educação possuem essa função

social e vêm sendo espelhos tanto das problemáticas das políticas educacionais quanto das

questões familiares, comunitárias e do trabalho. O direito à educação, bem como o direito ao

acesso e permanência na instituição de ensino, tem sido garantido reiteradamente nos aportes

legais, seja na Constituição Federal (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (8.069/90) e

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na Lei de Diretrizes de Base da Educação (9.394/96) dentre outras, tendo como finalidade a

formação do sujeito para o exercício da cidadania, preparação para o trabalho e sua

participação na sociedade. Assim, a qualidade dos serviços prestados à população e, de modo

especial ao usuário da escola pública, tem como objetivo seu pleno desenvolvimento.

(CFESS, 2001, p.10)

As ações do PNAES são amplas e devem ser desenvolvidas nas seguintes áreas:

moradia estudantil, alimentação, transporte, atenção à saúde, inclusão digital, cultura, esporte,

creche, apoio pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.

O PNAES tem por objetivos:

democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior

pública federal;

minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e

conclusão da educação superior;

reduzir as taxas de retenção e evasão e;

contribuir para a promoção da inclusão social pela educação.

Por meio do decreto que implementou esse Programa, ficou definido que cada

instituição define os critérios e a metodologia de seleção dos alunos de graduação a serem

beneficiados como bolsistas. (BRASIL, 2010)

2.5 INGRESSO PARA OS CURSOS SUPERIORES DA UTFPR

Ao longo de sua história, a instituição, de algum modo, procurou atender várias

camadas populacionais, pois desde a lei de criação, em 1909, nominava os "desprovidos de

sorte" como seu público alvo. (UTFPR, 2009)

Na década de 1970, o então Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná –

CEFET-PR, em convênio com o Ministério do Trabalho, estabeleceu um Programa Especial

de Bolsas de Estudo (PEBE) como preparatório para o Teste Seletivo para ingresso na

instituição.

Há vários anos a educação vem influenciando a sociedade no tema da mobilidade

social, o desejo da maioria das pessoas, em busca da ascensão social através de um curso

superior, procuram instituições de ensino superior. Como o Brasil é um país em

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desenvolvimento em que a maioria das famílias não tem condições de financiar uma educação

superior em instituição privada, em que estas detêm a maioria das vagas disponíveis para este

nível de ensino. Diante desse panorama, Costa et al. (2010) elucida que a população

reivindica o acesso ao Ensino Superior por meio das instituições públicas e que o país conta

com uma injusta distribuição geográfica das instituições de Ensino Superior.

A UTFPR, em 2007, adota o sistema de cotas que disponibilizava 50% das suas

vagas para alunos que fizeram, em escola pública, todo o ensino fundamental para o Exame

de Seleção; e todo o ensino médio para o SiSU. Há a reserva de 50% de suas vagas para

cotistas oriundos de escolas públicas. Das vagas de cotistas, 50% são destinadas aos

candidatos oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salários-mínimos per capita

e os outros 50% são destinados aos candidatos oriundos de famílias independente de renda.

As vagas de cotistas são divididas em dois grupos, sendo o primeiro destinado a

candidatos oriundos de famílias com renda bruta, comprovada, igual ou inferior a 1,5 (um

vírgula cinco) salário-mínimo per capita, correspondendo a 50% (cinquenta por cento) das

vagas de cotistas e o segundo destinado a Candidatos oriundos de família independente de

renda (sem necessidade de comprovação), correspondendo ao complemento das vagas de

cotistas:

Estes dois grupos serão divididos entre o conjunto de autodeclarados pretos, pardos e

indígenas e os que não se declararam pretos, pardos e indígenas.

Aplicadas as divisões descritas anteriormente, os cotistas serão distribuídos nas

seguintes categorias:

Categoria 1 – cotista oriundo de família com renda bruta, comprovada, igual ou

inferior a 1,5 (um vírgula cinco) salário-mínimo per capita e que não se declarou preto, pardo

ou indígena,

Categoria 2 – cotista oriundo de família com renda bruta, comprovada, igual ou

inferior a 1,5 (um vírgula cinco) salário-mínimo per capita e autodeclarado preto,

autodeclarado pardo ou autodeclarado indígena,

Categoria 3 – cotista independente de renda (sem necessidade de comprovação) e

que não se declarou preto, pardo ou indígena.

Categoria 4 – cotista independente de renda (sem necessidade de comprovação) e

autodeclarado preto, autodeclarado pardo ou autodeclarado indígena.

A proporção de vagas para o conjunto de pretos, pardos e indígenas será a soma do

porcentual de pretos, pardos e indígenas do estado do Paraná, ou seja, de 28,264% referente

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80

ao último Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE, aos autodeclarados Pretos, Pardos e Indígenas. (BRASIL, 2012)

Sempre que o percentual aplicado aos cotistas, aos oriundos de famílias com renda

bruta, comprovada, igual ou inferior a 1,5 (um vírgula cinco) salário-mínimo per capita e ao

conjunto de autodeclarados pretos, pardos e indígenas resultar em número com decimais, este

será arredondado para o número inteiro imediatamente superior. (BRASIL, 2012)

No acesso pelo SiSU, que é um sistema informatizado, gerenciado pelo INEP –

Ministério da Educação, onde as instituições públicas oferecem vagas para candidatos que

participaram do Exame Nacional do Ensino Médio, a UTFPR oferece vagas para alunos

cotistas ou não. Esse modelo de acesso foi proposto em 2009, mas somente em 2010 esse

sistema passou a ser utilizado como modelo de acesso ao Ensino Superior. Na UTFPR -

Câmpus Medianeira, o SiSU foi adotado a partir de 2010. Esse sistema de acesso foi aprovado

pela Deliberação nº 04 de 24 de abril de 2009, do Conselho Universitário. (COSTA, 2012)

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81

CAPÍTULO 3

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao entender a universidade como instituição capitalista, esta acaba assumindo uma

forma de gestão burocratizada o que “[...] contribui para manter as condições ideológicas das

relações de dominação” (TRATEMBERG, 1982, p.43) inerentes à sociedade. Ao considerar a

forma de gestão empregada na maioria das universidades brasileiras, as relações sociais de

produção vigentes, acabam funcionando como um agente de reprodução e legitimação

ampliada destas relações.

A burocratização, ainda segundo Tratemberg (1982), centraliza a tomada de decisões

em função da gestão administrativa e que, em muitas situações, impedem a participação da

base, ou a apatia de grande parte da comunidade universitária.

Ao nos deparar com mudanças de postura sobre quais elementos são importantes na

transmissão de valores e consequentemente oportunizar conhecimento aos educandos, deve-se

construir uma visão de mundo da parte científica, ou seja, o conhecimento específico

repassado aos alunos e valores e hábitos conjuntamente.

3.1 OS CURSOS DE ENGENHARIA DA UTFPR CÂMPUS MEDIANEIRA

Antes de iniciar a discussão dos resultados obtidos, faremos uma contextualização

dos cursos de Engenharia da UTFPR, Câmpus Medianeira, do sistema de avaliação e da

forma de acesso, simultaneamente, também, observaremos a origem geográfica dos estudantes

e os dados obtidos nesta pesquisa, principalmente com relação à evasão.

A apreciação teórica e conceitual é importante para compreender como será o

período vivenciado pelo estudante de engenharia no transcorrer do curso e o que é esperado

do estudante graduado, ou seja, engenheiro, em termos de habilidades e competências.

A formação de um estudante na universidade é considerada uma prática social, na

qual ocorre a construção do conhecimento, que é constituída das ferramentas técnicas

inerentes àquela profissão e de ideologias particulares, e cercada de subjetividades. A

formação do engenheiro está vinculada aos seus objetivos e interligada à formação do

cidadão.

A formação cidadã do profissional engenheiro é uma meta que cada dia se fortalece

principalmente no aspecto teórico. É importante traduzir essas ações e, principalmente,

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envolver os alunos no processo de aprendizagem de pontes entre os conteúdos ministrados e

as relações entre a profissão de engenheiro. Minimizando críticas e fazer com que os

estudantes passem pela universidade com o maior contato prático com a realidade procurando

sanar os problemas sociais mais emergentes.

Ao nos depararmos com anseios e visões dos estudantes, emergir no campo educação

e políticas públicas faz repensar a instituição de Ensino Superior e suas ações. Nesse contexto,

fez-se um estudo sobre o acesso, permanência, origem geográfica e evasão na UTFPR

Câmpus Medianeira onde coube uma análise mais profunda e detalhada para quantificar e

qualificar este problema e analisar as políticas públicas instituídas pelo governo federal na sua

implementação, que apontou caminhos de investigação.

3.2 ENGENHARIA AMBIENTAL

No meio ambiente, ou em parte dele, são produzidas alterações e impactos

ambientais, ocorrendo alterações ecológicas, sociais e econômicas. O curso de Engenheiro

Ambiental da UTPFR Câmpus Medianeira tem como objetivo formar um profissional que

possa contribuir para a prevenção, remediação ou minimização dos danos físicos, químicos e

biológicos causados pelo homem ao meio ambiente. Para garantir a formação generalista, os

conteúdos são abordados cientificamente, como também conhecimentos específicos,

caracterizando o Engenheiro Ambiental. O embasamento sólido permitirá a extensão de

competências e atribuições profissionais. Nas disciplinas optativas há um aprofundamento e

atualização do conhecimento nas áreas de interesse. O curso tem duração normal de 5 (cinco)

anos e 10 (semestres letivos), com ênfase em aulas práticas e de laboratórios, além do estágio

curricular obrigatório com duração de 360 horas. Hoje o curso conta com 384 (trezentos e

oitenta e quatro) alunos matriculados. A primeira turma faz a colação de grau em fevereiro de

2015. O curso de Engenharia Ambiental foi avaliado em agosto de 2014 e reconhecido com

conceito 4 pelo Ministério da Educação. (UTFPR, 2014)

3.3 ENGENHARIA DE ALIMENTOS

O estudante que escolher o curso de Engenharia de Alimentos da UTFPR Câmpus

Medianeira deverá cursar no mínimo cinco anos de estudos, além do estágio curricular

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obrigatório com duração de 360 horas. Este é um curso que se caracteriza por muitas

disciplinas na área de química, e nas áreas técnicas de desenvolvimento, processamento e

embalagem de produtos. O profissional formado terá capacidade de acompanhar e gerenciar o

processo produtivo desde o recebimento da matéria prima, no processo de industrialização de

alimentos e controle de qualidade quando do produto acabado, inclui processos físicos,

químicos, bioquímicos e microbiológicos. O profissional da engenharia de alimentos fará

esses processos incluindo projetos, planejamento, elaboração, orientação e, também, atuará na

pesquisa. Hoje o curso conta com 352 (trezentos e cinquenta e dois) alunos matriculados. A

colação de grau da primeira turma está prevista para ocorrer em fevereiro de 2015. O curso de

Engenharia de Alimentos foi avaliado em maio de 2014 e reconhecido com conceito 4 pelo

Ministério da Educação. (UTFPR, 2014)

3.4 ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O profissional de engenharia de produção tem sua habilitação e capacidade técnica

para desenvolver atividades relacionadas à engenharia de produção, e que também possam

desempenhar funções gerenciais e de liderança administrativa em todos os níveis de

organização. Os objetivos desse curso é principalmente incentivar e desenvolver pesquisas no

setor, formar profissionais capazes de solucionar problemas logísticos nas indústrias, estoque,

área de produção, técnicas para colocar produtos no mercado, marketing, agregar valor à

produção primária. O curso tem duração normal de 5 (cinco) anos e 10 (semestres letivos),

com ênfase em aulas práticas e de laboratórios, além do estágio curricular obrigatório com

duração de 360 horas. Conta com 419 (quatrocentos e dezenove) alunos matriculados.

Formaram-se 5 turmas. O curso foi reconhecido pela portaria nº 122, de 05 de julho de 2012,

do Diário Oficial da União, com conceito 4. (UTFPR, 2014)

3.5 ENGENHARIA ELÉTRICA

O estudante do curso de engenharia elétrica deve estar preparado para um curso de

duração mínima de dez semestres, com uma carga horária de 3675 horas em disciplinas

obrigatórias, 270 horas em disciplinas optativas em ciências humanas, 400 horas de estágio

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supervisionado, sendo que nos semestres iniciais estão concentradas as disciplinas de cálculo

e física, as quais sempre são responsáveis por um maior índice de reprovação.

O curso de engenharia elétrica da UTFPR Câmpus Medianeira iniciou suas

atividades no segundo semestre de 2011, portanto a primeira turma colará grau no início de

2016 e deverá ter a sua avaliação de reconhecimento em agosto de 2015. Conta com 297

(duzentos e noventa e sete) alunos matriculados.

Ao concluir este curso os profissionais formados em engenharia elétrica podem atuar

em sistemas industriais complexos e em concessionárias de serviços públicos, e também em

áreas com a aplicação da energia elétrica e de eletromagnetismo. Pode também ser um

profissional autônomo na execução e acompanhamento de projetos elétricos. (UTFPR, 2014)

3.6 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO ESCOLAR

O mecanismo de avaliação de rendimento escolar é um dos elementos responsáveis

por determinar o indicador que impulsiona o estudante a desistir de seu curso superior.

Quando o rendimento é afetado, o estudante busca uma alternativa e ao não encontra-lá

abandona o seu curso, solicita transferência ou o trancamento. Não devemos esquecer que

diversos outros fatores influenciam neste resultado, a necessidade de buscar o seu sustento,

conflitos familiares, envolvimento com drogas, distância da família e outros.

Para a conclusão do curso e obtenção do título de engenheiro o estudante deverá ser

aprovado em todas as disciplinas obrigatórias. Para obter a aprovação nas disciplinas nos

cursos de engenharia da UTFPR o estudante deverá obter nota final igual ou superior a 6,0

(seis) e a frequência nas disciplinas deverá ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por

cento) ou participação nas atividades programadas nas disciplinas semipresenciais.

O estudante de engenharia também terá que cumprir com as atividades

complementares, que se constituem em parte integrante do currículo dos cursos de graduação

e deverão ser desenvolvidas dentro do prazo de conclusão do curso, conforme definido em seu

projeto pedagógico, sendo componente curricular obrigatório para a graduação do aluno.

Caberá ao aluno participar de atividades complementares que privilegiem a

construção de comportamentos sociais, humanos, culturais e profissionais. Tais atividades

serão adicionais às demais atividades acadêmicas e deverão contemplar os seguintes grupos

de atividades: atividades de complementação da formação social, humana e cultural;

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85

atividades de cunho comunitário e de interesse coletivo, e atividades de iniciação científica,

tecnológica e de formação profissional.

O estudante também deverá ser aprovado no Estágio Curricular Obrigatório. O

estágio, como previsto na Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, é ato educativo escolar

supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho

produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de

educação superior.

Após a realização do estágio, o estudante deverá, ainda, desenvolver Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC), definida como atividade obrigatória, constituída por disciplinas e

ou unidades curriculares dos currículos dos cursos de graduação e tem como objetivos,

desenvolver a capacidade de aplicação dos conceitos e teorias adquiridas durante o curso de

forma integrada, por meio da execução de um projeto de pesquisa, desenvolver a capacidade

de planejamento e disciplina para resolver problemas dentro das diversas áreas de formação,

despertar o interesse pela pesquisa como meio para a resolução de problemas, estimular o

espírito empreendedor, por meio da execução de projetos que levem ao desenvolvimento de

produtos, os quais possam ser patenteados e/ou comercializados, intensificar a extensão

universitária, por intermédio da resolução de problemas existentes nos diversos setores da

sociedade, estimular a construção do conhecimento coletivo, estimular a interdisciplinaridade,

estimular a inovação tecnológica, estimular o espírito crítico e reflexivo no meio social onde

está inserido, e estimular a formação continuada. (UTFPR, 2014)

Neste contexto observamos de forma sucinta que a permanência do estudante nos

cursos de engenharia da UTFPR é permeada por etapas a serem superadas, e que exigem

dedicação integral aos estudos, e aos alunos que não possuem suporte financeiro, e que

precisam dividir o tempo com o trabalho para poderem sustentarem suas economias muitas

vezes são combalidos pelas dificuldades e acabam por abandonarem os seus estudos.

3.7 PERFIL DOS ESTUDANTES

Neste item iremos discutir um pouco sobre o perfil dos estudantes dos cursos de

engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira e a relação entre o universo de todos os alunos

matriculados e os alunos que receberam ou recebem o auxílio estudantil.

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86

3.7.1 Estudantes ingressantes

No Gráfico 3 são apresentados o número de alunos ingressantes por ano no período de

2010 a 2013, observando que no ano de 2013 já era atingida praticamente a capacidade

máxima de entrada de estudantes, podendo ocorrer algumas variações em função da procura,

matrículas por ofício, recursos judiciais, e chamada nominal, porém a expectativa que o teto

não ultrapasse quatrocentos estudantes por ano, desde que não sejam abertos novos cursos de

engenharia.

Essa informação demonstra que a capacidade máxima de ingresso está sendo

executada no Câmpus Medianeira para os cursos de engenharia. Cabe destacar que o curso de

Engenharia Elétrica iniciou suas atividades no 2º semestre de 2011, como podemos observar

no gráfico.

Gráfico 3 - Número de ingressantes dos cursos de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira no

período entre 2010 e 2013, com projeção do ano 2016

Fonte: UTFPR, Câmpus Medianeira, 2014.

No Gráfico 4 são apresentados o número total de ingressantes nos cursos de

engenharia da UTFPR e a participação dos ingressantes do Câmpus Medianeira. Observou-se

que a ampliação no número de ingressantes nos cursos de engenharia da universidade foi de

7,9%, e que no Câmpus Medianeira esse aumento foi de 40,6%, no mesmo intervalo de 2010

a 2013. Esse aumento de ingressantes no Câmpus trouxe, também, dificuldades na execução

2010 2011 2012 2013 2016

Eng. Elétrica 49 103 111 100

Eng. Produção 90 93 98 106 100

Eng. Alimentos 87 90 71 79 100

Eng Ambiental 94 89 93 85 100

271

321

365 381

400

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87

do auxílio estudantil, tais como maior número de processos para analisar, mas o governo

ampliou o valor do repasse em consequência do aumento do ingresso de alunos.

Gráfico 4 - Número de ingressantes dos cursos de engenharia da UTFPR no período entre 2010 a

2013

Fonte: UTFPR, 2014.

3.7.2 Distribuição dos estudantes de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira por

gênero

No gráfico 5 é apresentada a distribuição dos alunos matriculados nos cursos de

engenharia do Câmpus Medianeira em relação ao gênero, como também pode-se observar que

no curso de Engenharia Elétrica existe a predominância de estudantes do gênero masculino e

nos cursos de Engenharia de Alimentos e de Engenharia Ambiental é de estudantes do gênero

feminino.

2010 2011 2012 2013

Ingressantes Medianeira 271 321 365 381

Ingressantes UTFPR 2793 2775 3026 3014

3064 3096

3391 3395

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88

Gráfico 5 - Distribuição dos estudantes matriculados nos cursos de engenharia da UTFPR

Câmpus Medianeira por gênero

Fonte: UTFPR Câmpus Medianeira 2014.

No gráfico 6 é apresentada a distribuição do auxílio estudantil para os estudantes dos

cursos de engenharia da UTFPR do Câmpus Medianeira em relação ao gênero. Nesse caso

observou-se que as estudantes do gênero feminino foram atendidas com uma amplitude

superior, proporcionalmente ao total de estudantes englobando todos os cursos de Engenharia.

23,0%

43,3%

60,6% 63,0%

77,0%

56,7%

39,4% 37,0%

Engenhar ia

Elé t r ica

Engenhar ia de

Produção

Engenhar ia

Ambienta l

Engenhar ia de

Al imentos

Feminino Masculino

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89

Gráfico 6 - Distribuição dos estudantes atendidos pelo auxílio estudantil nos cursos de

engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira por gênero

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

Ao comparar os dados dos gráficos 5 e 6, analisando a porcentagem de estudantes do

gênero feminino atendidas pelo auxílio estudantil e a porcentagem total de estudantes por

gênero, observa-se existir uma maior participação do auxílio estudantil para as estudantes, de

onde, pode-se concluir que elas se apresentam nos cursos de engenharia em situação

socioeconômica menos favorável, e em especial atenção para o curso de Engenharia Elétrica,

onde a população de estudantes femininas é de 23%, sendo que 41,2% da assistência

estudantil para este curso é aplicada para elas.

No gráfico 7 é apresentada a distribuição das porcentagens em relação a faixa etária

dos estudantes dos cursos de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira, constatando-se que a

maior parte dos estudantes estão na faixa de 18 a 23 anos.

41,2% 51,4%

68,8% 65,9%

58,8% 48,6%

31,2% 34,1%

Engenhar ia

Elé t r ica

Engenhar ia de

Produção

Engenhar ia

Ambienta l

Engenhar ia de

Al imentos

Feminino Masculino

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Gráfico 7 - Distribuição dos estudantes dos cursos de engenharia da UTFPR Câmpus Medianeira por

faixa de idade

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira 2014.

No Gráfico 8 é apresentado a distribuição das porcentagens de estudantes atendidos

pela assistência estudantil por faixa etária. Ao analisar cuidadosamente os dados, é possível

observar que os estudantes com até 23 anos de idade são os mais atendidos pela assistência

estudantil. Aqueles maiores de 23 anos passam a ter uma participação menor na distribuição

do auxílio estudantil, visto considerar as seguintes situações: teoricamente em sua maior

parcela já estão na fase final do curso, portanto, envolvidos com atividades que permitem

outras formas de remuneração. É nessa fase que os alunos se envolvem com pesquisa e

extensão, recebendo bolsas de fomento, permitindo inclusive acumular bolsas com o auxílio

estudantil. Importante destacar que esses estudantes já estão aptos à realização do estágio

remunerado, e que em muitas situações resulta na sua contratação por parte da empresa.

1,2

%

41

,2%

29

,3%

22

,5%

5,8

%

1,6

%

44

,2%

36

,5%

15

,2%

2,5

%

2,1

%

38

,2%

39

,5%

16

,5%

3,7

%

1,5

%

36

,1%

37

,5%

22

,1%

2,8

%

a t é 1 8 1 8 a 2 1 2 1 a 2 3 2 3 a 2 5 a c i m a 2 5

Engenharia Ambiental Engenharia de Alimentos Engenharia de Produção Engenharia Elétrica

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Gráfico 8 -Distribuição dos estudantes atendidos pelo auxílio estudantil dos cursos de engenharia da

UTFPR Câmpus Medianeira por faixa de idade

Fonte: UTFPR/ Câmpus Medianeira 2014.

3.7.3 Origem geográfica dos estudantes e sua mobilidade

Com a implantação do SiSU o acesso dos candidatos a uma vaga nos cursos

superiores das universidades federais favoreceu a participação via internet de qualquer

candidato interessado independente da distância do local pretendido para seus estudos.

Porém,essa modalidade de seleção resulta aos selecionados no deslocamento geográfico, e o

afastamento do seu convívio familiar, onde os mesmos possuem toda uma estrutura de apoio

(alimentação, moradia, transporte, limpeza, acesso à internet, roupa lavada e passada, lazer),

de onde se observa que o rendimento escolar poderá ser afetado, e qual a influência da

distância e o impacto aos estudantes.

O deslocamento geográfico para o estudante do ensino médio em busca da vaga no

ensino superior é distinto do termo conhecido como mobilidade estudantil, que trata-se do

deslocamento do estudante, já cursando o ensino superior, para outras instituições de Ensino

Superior, nacionais e internacionais, seguindo regulamento específico. Essa mobilidade

estudantil é definida como externa, quando o estudante busca complementar os seus estudos

em uma universidade que não seja aquela em que se encontra matriculada, e interna é quando

se trata do deslocamento de um Câmpus para outro da própria UTFPR. (UTFPR, 2010)

1,9

%

52

,1%

36

,7%

8,1

%

1,2

%

2,1

%

50

,2%

35

,7%

9,5

%

2,5

%

3,1

%

48

,2%

36

,8%

9,8

%

2,1

%

2,9

%

45

,2%

40

,9%

9,1

%

1,9

%

a t é 1 8 1 8 a 2 1 2 1 a 2 3 2 3 a 2 5 a c i m a 2 5

Engenharia Ambiental Engenharia de Alimentos Engenharia de Produção Engenharia Elétrica

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O termo mobilidade estudantil também pode ser entendido na educação como

propulsora de igualdade econômica e social e estar relacionado com o direito a ser garantido

pelo Estado. É preciso destacar que a educação pode ser entendida como direito, porque se

destacarmos que esta esteve relacionada ao Estado desde a Revolução Francesa,

consolidando-se assim essa tendência, mesmo no Estado liberal. (ARAÚJO, 2009)

O Brasil sofreu nos últimos anos transformações importantes no campo educacional,

relacionadas a processos oriundos de interação de estratégias governamentais, dentre eles a

adesão a programas de mobilidade estudantil. (VOIGT, 2013)

Ou seja, as reformas institucionais que se apresentaram, ganham alcance mundial em

diversas sociedades embora tendo características próprias. Hoje provocam mudanças

estruturais principalmente na educação superior, nos aspectos sociais e econômicos.

Os primeiros intercâmbios educacionais no Brasil ocorreram na década de 1990, com

amparos jurídicos como a LDB de 1996 e outras medidas editadas pelo extinto Ministério da

Administração Federal e da Reforma do Estado (MARE).

Voigt (2013) indaga: o que gera interesse pela mobilidade estudantil aos estudantes e

pesquisadores? Na verdade os indivíduos são instigados à competição, à maximização da

qualificação, à falsa sensação de equidade e de igualdade, e de que conseguirão seus méritos e

recompensas por seus próprios esforços. É que essa expressão está fortemente clara de forma

na dominação do mundo globalizado. Os indivíduos que se predispõem à mobilidade

estudantil pretendem se qualificar na expectativa de fazerem frente aos demais concorrentes,

obtendo um título de graduação ou pós-graduação.

Com o programa Reuni deflagra-se o processo de expansão da Rede Federal de

Educação Superior, com seu início em 2003, atendendo 114 municípios pelas universidades e

chegando em 2011 a 237 municípios, comprovando a expansão. Porém esse processo deve ser

analisado de duas perspectivas: de um lado, a reconhecida necessidade de democratização do

acesso desse nível de ensino e, de outro, as condições com que se operacionaliza essa

expansão, conflitando com as políticas públicas de financiamento do setor público com o

financiamento privado. (MAKOWIECKY, 2011)

As dificuldades ressaltadas pelos acadêmicos muitas vezes referem-se à falta de

infraestrutura do município que segundo Makowiecky (2011) afetam o desenvolvimento dos

estágios, e muitas outras situações de deslocamentos, transporte e moradia.

Entre as regiões nordeste e norte do país há uma grande assimetria com relação às

instituições superiores, isso explica a intenção do Reuni no deslocamento para essas

localidades, incluindo o esforço da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

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Superior (CAPES) para valorizar os programas de pós e de pesquisa vinculados às instituições

do sul fazendo parcerias com as regiões citadas. Nesse cenário, a mobilidade estudantil

emerge como um importante objetivo a ser alcançado, não só pelo reconhecimento nacional e

internacional dessa prática no meio acadêmico, mas na construção de novos saberes e de

vivência de outras culturas, de valorização, de respeito ao diferente. (MARQUÊS; CEPEDA,

2012)

No perfil do aluno, Marques e Cepêda (2012) constatam que a partir das experiências

diversas, passam a ser cada vez mais valorizadas na formação universitária, no entanto

impõem ao processo de mobilidade estudantil condições materiais aos estudantes e,

sobretudo, superar o distanciamento entre as instituições de ensino garantindo ao aluno o

permanente contato com o aproveitamento dos conteúdos estudados.

No quadro 4 (anexo) observamos que mais de 15 mil jovens brasileiros aprovados

pelo SiSU no ano de 2013 foram estudar em estados diferentes ao de sua origem. No total

destes jovens, 13% matricularam-se fora de seus estados de origem, segundo informações do

Ministério da Educação. O quadro mostra uma mobilidade acentuada, em alguns casos

estudantes atravessam o país, ficando bem distante de suas moradias. Ainda segundo o MEC,

foram realizadas até maio de 2013 um total de 118.996 (cento e dezoito mil e novecentos e

noventa e seis) matrículas, sendo que 15.671 foram feitas por universitários em que farão

mudança das moradas. (MORENO; REIS, 2013)

As vagas das várias IFES se destinam ao Sistema Federal de Educação Superior,

havendo possibilidade de promover uma maior mobilidade geográfica estudantil, aspecto

extremamente saudável para o desenvolvimento da graduação brasileira. Essa mobilidade fez-

se presente na gênese da universidade ocidental, com a Universidade de Bolonha (Itália) em

1088. Pois toda a origem de sua clientela provinha de toda parte da Europa. Sob esse respaldo

os cientistas brasileiros são formados em países mais desenvolvidos que o Brasil e retornam

ao país trazendo o conhecimento com o maior valor agregado. Como resultado hoje o país é

atualmente o 13º no ranking de países de maior produção intelectual, alcançando o patamar de

2% do conhecimento científico mundial. (ANDRIOLA, 2011)

Há um lado extremamente positivo da mobilidade geográfica estudantil em que

Andriola (2011) explica que a mobilidade regional permite aos futuros profissionais conhecer

cantos, regiões distantes de suas próprias regiões de origem, e que estes alunos irão ter acesso

à riqueza da gastronomia e da cultura popular, presentes nesses lugares. Também é possível

identificar problemas regionais para assim poder criar uma identidade nacional, com bases

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nessas experiências, sendo aspecto extremamente positivo para as futuras gerações de

brasileiros.

No entanto, há a necessidade de aumento ou incremento de políticas públicas

educacionais voltadas à assistência, à mobilidade e à residência ou alojamento estudantil,

direcionadas aos alunos da graduação, de modo a garantir a possibilidade de formação,

amparada na interação social e intercâmbio regional. Com essa expansão da graduação, não se

pode abrir mão da qualidade dos futuros universitários, assegurada pela meritocracia.

(ANDRIOLA, 2011)

Quadro 2 - Matrículas do SiSU por Estado

Fonte: MEC, 2013.

No Quadro 2 pode-se observar o fluxo de entradas e saídas de alunos dos estados do

Brasil, matriculando-se nas universidades federais pelo SiSU. Podemos perceber claramente

que o estado do Paraná é o 14º lugar do total de matrículas pelo SiSU com um total de 3.325

(três mil trezentos e vinte e cinco). Mas, porém ficando em 7º lugar dos estados que mais

recebe estudantes matriculados, com um total de 1.068(um mil e sessenta e oito). Ou seja, o

Paraná tem 32,12% de entrada de alunos de outros estados e o estado de São Paulo é o que

mais exporta alunos para outros estados.

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95

Mapa 2 - Origem geográfica dos alunos matriculados na UTFPR Câmpus Medianeira – 2010 a 2013

Fonte: Base cartográfica do IBGE - www.mapasparacolorir.com.br

Reelaborado: GOMEZ, M.R.F., 2013

No Mapa 1 são apresentados os estados de origem dos alunos dos cursos de

engenharias da UTFPR Câmpus Medianeira. Observa-se que existem alunos de praticamente

todo o Brasil, apenas 9 estados não possuem estudantes. Nesse contexto a pesquisa buscou

analisar os indicadores de desistência e se com relação à distância entre a cidade de origem do

estudante até a universidade, poderia ser um indicador.

Ao fazer o levantamento da origem geográfica dos acadêmicos no período de 2010 a

2013, movimento migratório este gerado pela implantação do SiSU na seleção dos candidatos

às vagas dos cursos superiores, constatou-se que existe uma dificuldade de adaptação nos

primeiros semestres, mas não gera uma evasão considerada alta.

3.8 A EVASÃO E O AUXÍLIO ESTUDANTIL

As políticas educacionais e o direito à educação, da forma que hoje configura-se, são

traduzidos basicamente em dois aspectos: a oportunidade de acesso e a possibilidade de

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96

permanência na instituição de ensino, mediante educação com nível de qualidade semelhante

para todos.

Segundo Araújo (2009) diversos são os obstáculos enfrentados pelos estudantes, e

em que muitas vezes evadindo no meio do caminho e em maior parte das vezes no início.

Apesar disso, no sistema normativo brasileiro, o direito à educação diferentemente dos demais

direitos sociais, está vinculado à obrigatoriedade escolar, ou seja os cidadãos podem ou não

fazer uso dos demais direito sociais, mas a educação é considerada obrigatória pelo fato da

criança não se encontrar em condições de saber se a quer receber ou não. Portanto a educação

é considerado um direito e ao mesmo tempo uma obrigação.

Em suma, fazer uso dos serviços educacionais não está colocado como possibilidade

e sim como perspectiva emancipatória. No Brasil em 1988, uma concepção universalista dos

direitos sociais incorpora-se ao sistema normativo brasileiro, e o país com a afirmação dos

direitos assinalou a defasagem que existe entre os princípios igualitários proclamados na lei e

a realidade da desigualdade e de exclusão.

Segundo Blume et al. (2014) de acordo com o Fórum Nacional de Pró-Reitores de

Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), cerca de 70% dos estudantes

universitários precisam de algum apoio da instituição para assegurar a sua permanência nela,

e em torno de 48,2% estão em risco de vulnerabilidade social.

Porém, cabe destacar que nesse mesmo período, especificamente na década dos anos

80 a 90, o Brasil alcançou índices dessa escolarização obrigatória que foram alcançados por

muitos países europeus desde o início da segunda metade do século XX. (ARAÚJO, 2009)

Entretanto, nas décadas de 1970 e 1990 houve um aumento expressivo no número de

matrículas na etapa fundamental da escolarização. Nessas mesmas décadas houve formas de

exclusão que conduziam à elitização do ensino, não por falta de vagas ou mecanismos de

seleção, mas pelo fracasso escolar (repetência, evasão).

O primeiro ano da graduação no curso superior é considerado um período crucial,

exige adaptação e integração ao novo ambiente. O apoio da universidade é de extrema

importância para a experiência, tanto quanto suas características individuais. A qualidade da

transposição do Ensino Médio para o Ensino Superior dependerá do psicossocial do aluno,

como o apoio da instituição e dos mecanismos que serão disponibilizados a eles. (CUNHA;

CARRILHO, 2005)

A universidade tem um impacto no desenvolvimento dos estudantes, porém não é

direto, mas mediado pelas suas percepções no contexto acadêmico e as oportunidades de

formação que oferecem. O estudante depara-se com diferentes níveis de dificuldades, tais

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97

quais podem desencadear a opção ou reopção do curso, reprovação ou até mesmo a evasão.

Segundo Joly et al.(2005), as proporções de evasão nas instituições brasileiras de Ensino

Superior variam de 23 a 59%.

Evidencia-se, portanto, a responsabilidade da IES na implantação e manutenção de

condições para o desenvolvimento do estudante. Entendemos, então, que o fenômeno de

evasão deve ser considerado pela interação entre as variáveis contextuais, do estudante e

externas. Os estudantes passam por experiências acadêmicas e sociais da universidade e

interferências externas que remodelam seus compromissos anteriores, determinando a decisão

de permanecer ou se evadir. (JOLY et al. 2005)

Em outro estudo sobre evasão, Joly et al. (2005) explica que a interferência de

fatores externos à instituição, tais como apoio da família e dos amigos e situação financeira e

de outros fatores organizacionais como o desempenho acadêmico, relacionamento com o

professor, a organização do câmpus, rotinas, valores, qualidade institucional e integração são

propensos de evasão.

Gráfico 9 - Relação entre a porcentagem de estudantes atendidos pelo Programa de Assistência

Estudantil e a evasão geral dos cursos de engenharia da UTFPR – Câmpus Medianeira

Fonte: UTFPR/ Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 9 são apresentados os percentuais dos auxílios ora distribuídos aos alunos

da engenharia em ordem cronológica (2010 a 2013) semestralmente, relacionando-os com a

queda da evasão geral, denominada assim pois contempla todos os alunos de engenharia, e a

8,7% 8,6% 8,2% 8,4%

13,2%

13,6%

17,0%

15,6% 14,6%

14,9%

15,2% 15,4% 13,2%

13,1% 12,6% 12,4%

16,2% 15,1%

12,5% 12,2%

10,0% 9,4% 9,5% 9,2%

2010_1 2010_2 2011_1 2011_2 2012_1 2012_2 2013_1 2013_2

Auxílios x Evasão

Auxílios Evasão Geral Evasão Bolsistas

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98

queda da evasão dos bolsistas, que são os alunos pertencentes às engenharias e que são

estudantes atendidos pelo Programa de Assistência Estudantil. É possível observar que com o

aumento da porcentagem de estudantes atendidos pelo programa de assistência estudantil,

ocorre uma redução no índice de evasão. De uma maneira geral constata-se que a evasão cai

sejam alunos atendidos pela assistência estudantil ou não.

Segundo o Censo da Educação divulgado pelo Ministério da Educação em 2012 em

nível nacional, 1.050.413 (um milhão e cinquenta mil quatrocentos e treze) estudantes

concluíram o Ensino Superior, e desse contingente, 292.918 (duzentos e noventa e dois mil

novecentos e dezoito) concluíram engenharia em todas as suas áreas, ou seja, 27,89%

graduaram-se em engenharia.

Ao analisar os motivos pelos quais ocorre a evasão, considera-se que os motivos

desse abandono representa uma perda social, de recursos, e de tempo de todos os envolvidos

no processo de ensino. Portanto, ao concluir, percebe-se que todos perdem com a evasão, pois

a perda de alunos ao longo do processo formativo gera uma série de críticas de educadores,

especialistas, tanto da educação quanto da economia.

Ao analisarmos o perfil dos alunos ingressantes, percebeu-se que o fator distância

não é dificuldade, mesmo que no processo de seleção do SiSU o acadêmico tenha duas opções

para esse ingresso. Os cursos da UTFPR Câmpus Medianeira são procurados e consegue-se

preencher todas as vagas no processo de seleção, e no mapa 2 podemos observar a origem

desses alunos. Essas vagas são preenchidas semestralmente, porém ocorre evasão, apesar dos

importantes incentivos dos programas governamentais implementados pelo Reuni para esses

alunos.

Para o estudo da evasão dos estudantes de engenharia foram utilizados os seguintes

critérios:

Evadido: estudante que desistiu do curso após ter frequentado as aulas, matrícula

trancada, transferido de universidade e/ou que solicitou mudança de curso.

Não evadido: Aluno regular, aluno formado, estudante em intercâmbio em outra

universidade.

Não foram considerados os alunos calouros que desistiram sem terem cursado, nesses

casos a desistência gerou nova vaga que foi preenchida nas chamadas subsequentes

dentro daquele mesmo semestre.

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99

A UTFPR, por meio de suas políticas educacionais, implementou a Bolsa

Permanência em 2008, mesmo ainda não tendo sido implementado no país. O Decreto nº

7234/2010 regulamenta essa política.

Tabela 4 - Valores pagos do Auxílio Estudantil

Ano Valores pagos Auxílio

Estudantil (R$)

Orçamentários de

custeio do Câmpus

Medianeira (R$)

% do Auxílio Estudantil em

relação ao orçamento de

Custeio do Câmpus

2008 85.800,00 1.422.025,23 6,03%

2009 222.300,00 1.436.672,63 15,47%

2010 132.682,50 1.801.763,03 7,36%

2011 363.299,50 1.706.650,51 21,29%

2012 550.110,00 2.456.632,91 22,39%

2013 852.882,58 3.136.466,68 27,19%

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

A partir do ano de 2013 o governo federal lança o programa Bolsa Permanência, pelo

qual, a partir de 2013 o Bolsa Permanência da UTFPR passa a denominar-se Auxílio

Estudantil. Na tabela 4 podem-se observar os valores pagos a título de Auxílio Estudantil no

período de 2008 a 2013, como também os valores dos recursos orçamentários de custeio do

Câmpus Medianeira. Em 2008 foi investido 6,03% correspondente ao orçamento do câmpus,

chegando em 2013 a 27,19%, investimento expressivo no Auxílio Estudantil. E destaca-se que

estes valores referem-se somente aos pagos diretamente ao estudante, considerando que há

outros investimentos para a assistência médica, psicológica e odontológica.

É importante salientar que o pagamento do Auxílio Estudantil é um orçamento à

parte do orçamento do câmpus que o governo federal repassa. O Ministério da Educação aloca

recursos específicos para esta finalidade, uma vez que é para cumprir a legislação.

Mas um fator bastante importante e expressivo é a quantidade de Auxílios

distribuídos aos alunos selecionados.

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100

Gráfico 10 - Quantidade de Auxílio Estudantil distribuídos por semestre

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

Ao analisar os dados concretos da queda da evasão, há argumentos para explicar que

com o incremento e/ou aumento de auxílios repassados aos alunos selecionados conforme

mostra o gráfico 10, justifica-se essa queda. Até o 2º semestre de 2012 o auxílio era

denominado Bolsa Permanência, pois a partir de 2013 o governo federal passa a repassar este

benefício. Ou seja, hoje o aluno selecionado poderá receber e acumular os dois benefícios

(Bolsa Permanência e Auxílio Estudantil). Também a partir do 2º semestre de 2013 o Auxílio

Estudantil é composto pelos auxílios Básico+Moradia+Instalação. No 1º semestre de 2013

eram repassados 359 (trezentos e cinquenta e nove) auxílios no valor de R$200,00 (duzentos

reais) + refeições no RU R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) totalizando R$350,00 (trezentos

e cinquenta reais). A quantidade de auxílios a partir do 2º semestre de 2013 diminui, porém os

selecionados além de receberem o valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e as refeições no RU,

incrementa-se à Bolsa Auxílio o valor de 300,00 (trezentos reais) a título de Auxílio Moradia

para 122 alunos e destes, ainda, 54 receberam Auxílio Instalação no valor de R$ 400,00

(quatrocentos reais).

14

3 1

83

18

9

11

8

11

8

11

7

12

3

19

8

19

8

35

9

26

2

20

08

_2

20

09

_1

20

09

_2

20

10

_1

20

10

_2

20

11

_1

20

11

_2

20

12

_1

20

12

_2

20

13

_1

20

13

_2

Auxíio Estudantil

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101

Gráfico 11 - Distribuição do auxílio estudantil para o total de alunos matriculados e sua distribuição

por curso de 2010 a 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 11, são apresentadas as porcentagens de matrículas, de auxílios

distribuídos para cada curso de engenharia. Neste gráfico observamos que os cursos de

Engenharia de Produção e Engenharia de Alimentos tiveram uma sensível diferença para mais

atendimentos que os cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Eelétrica.

Do total de alunos matriculados nos cursos de engenharia, 23,4% são estudantes do

curso de Engenharia Ambiental e do total de auxílios distribuídos, 19,7% foram utilizados por

alunos neste curso. No caso do curso de Engenharia de Alimentos que possui 17,4% do total

de alunos dos cursos de engenharia, teve 21,1% dos auxílios destinados aos alunos deste

curso. Observamos que a variação é de aproximadamente 4%.

Esta diferença, apesar de mínima, denota que considerando os quesitos de seleção

adotados pelo edital de auxílio estudantil, os estudantes dos cursos de Engenharia de

Alimentos e Engenharia de Produção apresentam uma porcentagem maior de estudantes em

condições socioeconômicas desfavoráveis.

23

,4%

17

,4%

47

,0%

12

,2%

19

,7%

21

,1%

50

,8%

8,5

%

Engenhar ia

Ambienta l

Engenhar ia de

Al imentos

Engenhar ia de

Produção

Engenhar ia

Elé t r ica

Matrículados Auxílio Estudantil

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102

Gráfico 12 - Porcentagem de alunos regulares e evadidos dentre os estudantes atendidos pelo auxílio

estudantil entre 2010 e 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No Gráfico 12 é apresentada e estratificada as porcentagens de estudantes dos cursos

de engenharia que foram atendidos pelo programa auxílio estudantil, dos quais após atendidos

se mantiveram como alunos regulares e os que evadiram-se de seus respectivos cursos. A

média do comportamento para os estudantes de engenharia atendidos pelo programa é

apresentado na última coluna, onde observamos que o índice de evasão foi de 18,4%.

Ao observarmos cada curso, temos o menor índice de evasão entre os alunos

atendidos pelo auxilio estudantil para os estudantes de Engenharia Ambiental com 10,5% de

evasão e o maior indicado para os estudantes do curso de Engenharia de Produção com

23,4%.

Ao analisarmos as causas da evasão fica clara a necessidade de aumento de formas

de apoiar o aluno academicamente capaz, mas sem condições financeiras e estruturais.

89,5% 82,3% 82,1% 76,6% 81,6%

10,5% 17,7% 17,9% 23,4% 18,4%

Engenha r i a

Amb ien ta l

Engenha r i a

E lé t r i ca

Engenha r i a d e

Al imento s

Engenha r i a d e

P ro d ução

Méd ia

Engenha r i a s

Regular Evasão

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103

Gráfico 13 - Número de alunos que se evadiram dos cursos de engenharia da UTFPR Câmpus

Medianeira nos períodos entre 2010 e 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 13 são apresentados os dados de evasão dos cursos de engenharia a partir

do ingresso aos cursos superiores por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). O curso

de Engenharia de Produção iniciou suas atividades no ano de 2007, porém a partir do ano de

2010 os alunos ingressaram pelo SiSU. Percebe-se que a evasão até o ano de 2013 cai

acentuadamente. No ano de 2010 os percentuais de evasão foram: Engenharia Ambiental

50%, Engenharia de Alimentos 68,24%, Engenharia de Produção 51,11%. No ano de

2011 a evasão da Engenharia Elétrica fica em torno de 46,94%.

No final do ano de 2013, os percentuais diminuem consideravelmente, chegando a

alcançar os seguintes percentuais: Engenharia Ambiental 17,57%, Engenharia de

Alimentos 30,98%, Engenharia de Produção 14,89% e Engenharia Elétrica 16,67%.

47

39 37

13

58 62

35

22

46

23 27

14

0

23

34

17

2010 2011 2012 2013

Engenharia Ambiental Engenharia de Alimentos

Engenharia de Produção Engenharia Elétrica

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104

Gráfico 14- Causas da evasão e porcentagens dos alunos evadidos do curso de Engenharia de

Alimentos entre 2010 a 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

Ao analisar o gráfico 14, percebe-se que o maior problema enfrentado por esses alunos

é a dificuldade nas Ciências Exatas. Podemos, também, constatar que alunos do Curso de

Engenharia de Alimentos transferem-se para outros cursos oferecidos pela UTFPR Câmpus

Medianeira, gerando uma evasão do curso em si, mas não da Instituição. Isto pode ser

comprovado nos índices mostrados no gráfico acima pelos itens que apontam a evasão para

outros cursos do próprio câmpus (neste caso, Medianeira) e para outros câmpus da UTFPR,

bem como para o mesmo Curso, porém em outro câmpus.

25,4%

20,3%

15,3%

14,7%

9,0%

5,1%

2,8%

2,3%

1,7%

1,7%

1,1%

0,6%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%

Dificuldades com disciplinas Ciências Exatas

Outro curso na UTFPR Câmpus Medianeira

Outra instituição mais próxima de casa

Outro câmpus da UTFPR mais próxima …

Outros (não especificado)

Curso sem afinidade

Problemas familiares/saúde

Trabalho

Mesmo curso em outro câmpus da UTFPR

Retorno de alunos anteriormente evadidos

Longe de casa

Curso muito difícil

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105

Gráfico 15 - Causas da evasão e porcentagens dos alunos evadidos do curso de Engenharia Ambiental

entre 2010 a 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 15 constata-se novamente a dificuldade que os alunos apresentam com as

disciplinas de Ciências Exatas, sendo esta causa de evasão mais acentuada no curso de

Engenharia Ambiental. Os índices mostram que é grande o número de alunos que se evadem

procurando outra Instituição de Ensino Superior que esteja localizada em local mais próximo

a sua casa ou cidade de origem. Morar perto de casa é tão relevante para 19,9% dos alunos,

que, mudar de curso não é problema.

26,5%

19,9%

14,0%

11,0%

9,6%

8,8%

4,4%

2,2%

1,5%

0,7%

0,7%

0,7%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%

Dificuldade com disciplinas Ciências Exatas

Outra Instituição mais próxima de casa

Outro Câmpus da UTFPR mais próximo de casa

Outro curso na UTFPR Câmpus Medianeira

Outros (não especificados)

Trabalho

Longe de casa

Problemas familiares/saúde

Curso sem afinidade

Retorno de alunos anteriormente evadidos

Dificuldade de adaptação na UTFPR

Mudança de cidade

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106

Gráfico 16 - Causas da evasão e porcentagens dos alunos evadidos do curso de Engenharia Elétrica

entre 2010 a 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

Pode-se comprovar que, no Curso de Engenharia Elétrica, a maior causa de evasão

também reside na dificuldade que os alunos têm com as Ciências Exatas. Diferentemente dos

cursos de Engenharia de Alimentos e de Engenharia Ambiental, o Curso de Engenharia

Elétrica é bastante procurado e, dificilmente, solicita-se transferência de Curso na UTFPR

Câmpus Medianeira. O gráfico 15 mostra que alunos que têm residência familiar em lugares

mais distantes, procuram transferir o curso para outros câmpus da UTFPR (Cornélio

Procópio, Londrina e Ponta Grossa) que oferecem o mesmo curso ou outros cursos de áreas

afins da Engenharia Elétrica.

37,8%

20,3%

18,8%

8,1%

2,7%

2,7%

2,7%

2,7%

1,4%

1,4%

1,4%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%

Dificuldade com disciplinas Ciências Exatas

Outro Câmpus da UTFPR mais próximo de casa

Outra Instituição mais próxima de casa

Trabalho

Outro curso na UTFPR Câmpus Medianeira

Outros (não especificados)

Problemas familiares/saúde

Mudança de cidade

Curso sem afinidade

Retorno de alunos anteriormente evadidos

Longe de casa

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107

Gráfico 17 - Causas da evasão e porcentagens dos alunos evadidos do curso de Engenharia de

Produção entre 2010 e 2013

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

Ao identificar as causas de evasão do curso de Engenharia de Produção, constatam-

se também as dificuldades dos alunos com as disciplinas de Ciências Exatas. O Curso de

Engenharia de Produção, igualmente como o Curso de Engenharia Elétrica, é um curso

bastante procurado, sendo que para os alunos, morar perto da família é muito relevante.

Solicitam transferência para o Câmpus de Ponta Grossa que é mais perto de casa ou da cidade

de origem, sendo que este câmpus oferece o mesmo curso.

3.9 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA

Os valores foram tratados de forma percentual para permitir a comparação entres os

cursos de engenharia.

Para o estudo que considera a distância da cidade de origem do estudante até a

universidade, foram utilizados os dados de cadastro fornecido no ato da primeira matrícula. A

distância utilizada foi considerada a menor distância rodoviária, em rodovias pavimentadas

servidas de transporte coletivo, fornecida pelo mecanismo de busca de rotas do Google Maps.

22,9%

21,4%

21,2%

14,0%

6,2%

5,5%

4,5%

1,8%

0,9%

0,8%

0,8%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

Outro Câmpus da UTFPR mais próximo de …

Outra Instituição mais próxima de casa

Dificuldade com disciplinas Ciências Exatas

Trabalho

Outros (não especificados)

Longe de casa

Outro curso na UTFPR Câmpus Medianeira

Problemas familiares/saúde

Transporte / Foz do Iguaçu

Curso sem afinidade

Greve

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108

Gráfico 18 - Distribuição percentual de alunos das distâncias entre sua origem e a universidade dos

cursos das engenharias da UTFPR Câmpus Medianeira.

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 18 são apresentados os percentuais de alunos dos cursos de engenharia

em relação à distância de sua cidade de origem até a universidade. Com um total de 970

estudantes ingressantes entre 2010-2013 sendo, 234 de Engenharia Ambiental, 175 de

Engenharia de Alimentos, 341 de Engenharia de Produção e 220 de Engenharia Elétrica.

Onde aparece 0 km, refere-se a alunos oriundos da cidade de Medianeira, ou seja, onde está

localizado o câmpus.

Neste mesmo gráfico pode-se observar ainda, que a soma dos estudantes oriundos do

município de Medianeira e das cidades circunvizinhas em um raio de até 250 quilômetros

compõem aproximadamente 60% do total de estudantes de engenharia (20,46% oriundos de

Medianeira e 39,65% dos municípios distantes até 250 quilômetros), ou seja, estes dados

podem ser interpretados que mesmo com a implantação do SiSU, a universidade atende em

sua maior parte estudantes da região. Ao analisar a permanência destes estudantes, percebe-se

que mesmo o universitário deparando-se com um conjunto de desafios e rupturas, inerentes à

vida universitária e seu período de desenvolvimento, ele persiste e consegue reunir esforços

para atingir os objetivos. Pois, as novas exigências cognitivas, de estudo e de desempenho,

gestão do tempo e, principalmente, as dificuldades desencadeadas pela distância de casa, e

0 km 1 a 250 km 251 a 500 km 501 a 1000 km acima de 1000

km

Eng. Alimentos 4,62% 5,45% 1,52% 7,03% 1,71%

Eng. Elétrica 3,80% 8,61% 1,01% 2,66% 1,58%

Eng. Ambiental 5,32% 8,17% 1,39% 5,07% 2,79%

Eng. Produção 6,71% 17,42% 6,40% 3,93% 4,81%

20,46%

39,65%

10,32%

18,68%

10,89%

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todas as dificuldades de adaptação à nova vida, realmente favorecem os aspectos relacionados

à evasão.

Gráfico 19 - Distribuição percentual dos alunos evadidos por curso de engenharia, por distância entre

a cidade de origem e a universidade.

Fonte: UTFPR/Câmpus Medianeira, 2014.

No gráfico 19 é apresentado o percentual de alunos evadidos por curso em relação às

distâncias entre as cidades de origem do estudante e a UTFPR Câmpus Medianeira.

Observa-se que, com exceção do curso de Engenharia Elétrica, na faixa entre 250 e

500 quilômetros, e o curso de Engenharia de Alimentos, na faixa de 501 a 1000 quilômetros,

todos os demais cursos e demais distâncias apresentam o mesmo comportamento, o que indica

que a distância pouco influencia na evasão do estudante, porém quando existe o mesmo curso

em outro câmpus da UTFPR mais perto de casa, é considerada possibilidade de mudança.

A análise realizada aponta que contradições promovem a fuga dos bancos escolares

tanto por meio da evasão escolar, como pela ausência de adesão dos alunos aos cursos, como

acontece à permanência na instituição de ensino e atualmente também analisa-se a mobilidade

geográfica, devido à recente forma de acesso nas instituições federais de ensino.

Dessa forma, o objetivo deste capítulo é identificar e analisar os fatores que

conduzem os alunos da UTFPR – Câmpus Medianeira à evasão escolar, consequentemente

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aqueles pelos motivos em que permanecem e a origem geográfica destes, gerando uma

mobilidade em que consequentemente foram atingidos os objetivos propostos desta pesquisa.

Ao analisar as políticas públicas na educação superior implementadas pelo Governo

Federal. e, mais especificamente, no contexto da UTFPR – Câmpus Medianeira, o acesso pelo

SiSU trouxe algumas situações conflitantes de acordo com os dados do MEC, no ano de 2013

foram realizadas 118.996 matrículas em 101 instituições pelo país. (MORENO; REIS, 2013)

O fluxo migratório na educação superior é cada vez maior a cada ano, dadas as

inscrições pelo SiSU, processo este criado em 2010 pelo governo federal e em que a UTFPR

aderiu a esse processo, as vagas aumentam, os acesso também, consequentemente a

mobilidade geográfica gerada é cada vez maior. Implica nisso, a mudança de residência

desses alunos para a cidade onde fará, nessa situação encontra-se a UTFPR Câmpus

Medianeira, em que precisa trabalhar mais fortemente a assistência estudantil em todos os

sentidos, financeira por meio de auxílios, atendimento aos alunos dando suporte na questão

médica, psicopedagógica e nos conteúdos.

Considerando todos os dados levantados contatou-se que o acesso realmente foi

facilitado pelo SiSU, em que todos tem acesso das mais distantes regiões do país como da

região onde encontra-se a UTFPR Câmpus Medianeira.

Os indicadores de evasão encontrados conduzem mais a uma evasão mais acentuada

“de curso” do que evasão “da instituição”, pois há várias mudanças de cursos porém em sua

maioria optam por cursos em outros campus da UTFPR. Há também índices acentuados de

evasão com relação às dificuldades das Ciências Exatas.

Contudo há percentuais pequenos com relação a outras causas, tais como curso sem

afinidade, curso muito difícil, problemas familiares, trabalho, entre outros. Ao analisar o

quesito permanência, sobretudo as causas das evasões e o número de alunos que ora

permanecem na instituição, percebe-se que as políticas públicas educacionais estão

caminhando na direção certa, facilitando a permanência dos alunos.

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a expansão mais expressiva dos

cursos de engenharia iniciou a partir do ano de 2010 conforme se constata no gráfico 2.

Estima-se que até o ano de 2017 o acréscimo deverá ser muito maior devido à consolidação

do programa Reuni, uma vez que na implementação deste, o objetivo era o aumento

expressivo das matrículas e a efetivação das políticas educacionais para evitar a evasão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em todo o estudo realizado nesta dissertação, fomos guiados pelo objetivo principal de

verificar as causas da evasão, os motivos da permanência dos acadêmicos da UTFPR Câmpus

Medianeira nas engenharias, como também a origem geográfica destes acadêmicos e como a

mobilidade efetivamente se realiza.

Com este objetivo fez-se este trabalho nos cursos de engenharia, (Alimentos,

Ambiental, Elétrica e de Produção) visto ser historicamente cursos com evasão altíssima,

como também identificar e quantificar a evasão a partir do ano de 2010.

O acesso aos cursos superiores na instituição é via Sistema de Seleção Unificada do

INEP (SiSU), por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) iniciado no

mesmo ano (2010), em que para a instituição tornou-se um processo mais democrático do

ponto de vista do acadêmico. As instituições federais de todo o Brasil aderiram, inclusive a

UTFPR, ocorrendo um fluxo migratório da educação superior cada vez maior a cada ano.

São opções novas para os estudantes em todo o Brasil, em que a ampla maioria da

preferência está muito associada à vida local, ou seja, a mobilidade geográfica em 2013

chegou a 13%, em termos culturais é um enriquecimento. Para o Brasil essa mobilidade é

interessante no convívio com outras culturas, conhecimento, ajudando a construir a identidade

nacional, e enriquecendo a experiência do estudante.

Apesar de ampliar o acesso ao ensino superior, muitos estudos questionam a

efetividade do processo enquanto instrumento de democratização, uma vez que é um processo

de seleção em que se concretiza distante da instituição escolhida, ou seja, o ENEM pode ser

realizado em sua cidade de origem, o que por muitas vezes a escolha não significa depois

permanecer na instituição escolhida, pelo simples fato de não conhecer a estrutura da cidade,

dificultando assim a permanência do estudante, promovendo uma democratização “às

avessas”.

Temos ainda que levar em conta que contrário do senso comum, estudos vem

demonstrando que apesar da desigualdade no acesso, ainda há maior acesso das camadas mais

pobres nas instituições públicas, cabe-se questionar, porém a efetividade de tal processo, não

necessitando somente e tão somente de gratuidade para estudar, mas de condições que apenas

as instituições públicas, ainda, podem oferecer, como: transporte, moradia estudantil,

alimentação subsidiada, assistência médica disponível nos hospitais universitários e bolsas de

trabalho e pesquisa.

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Ao analisar mais profundamente as causas dessa evasão e em que condições os

estudantes permanecem, a mobilidade geográfica que acontece rotineiramente, e identificar

situações que ocorrem à evasão de curso, da instituição e do sistema, justamente ideias

pesquisadas neste trabalho e sabermos que a evasão escolar, historicamente, faz parte dos

debates e reflexões do dia a dia da educação brasileira. Vários estudos apontam os aspectos

sociais que devem ser considerados, dentre eles: a desestruturação familiar, as políticas do

governo, o desemprego, o baixo desempenho, reprovação. Para tanto estão sendo

implementadas políticas governamentais na área da educação, mas há a necessidade de

incremento e aumento dessas políticas. Também é possível combater a evasão com boas

equipes de profissionais que possam dar suporte a esses alunos, com o intento de reduzir o

abandono nesse nível de ensino.

Ao entender os motivos pelos quais os cursos de engenharia apresentam índices de

evasão elevados, a princípio, não tinha muita clareza do quanto seria importante pesquisar,

analisar os motivos desta evasão e consequentemente o que faz muitos permanecerem.

Porém, ao longo da pesquisa, deparou-se com situações em que com uma boa equipe

e trabalho pode-se resolver e minimizar estes índices, evitando a desistência da conclusão de

seus projetos.

Considerando que no final da análise através dos dados pesquisados a evasão a partir

da implementação do processo do SiSU é elevada, no ano de 2010 foi de Engenharia

Ambiental 50%, Engenharia de Alimentos 68,24%, Engenharia de Produção 51,11%. No

ano de 2011 a evasão da Engenharia Elétrica ficou em torno de 46,94% e que após 4 (quatro

anos) cai consideravelmente ficando na Engenharia Ambiental 17,57%, Engenharia de

Alimentos 30,98%, Engenharia de Produção 14,89% e Engenharia Elétrica 16,67%

contata-se por meio de análise também realizada que a implementação do Auxílio Estudantil

contribui para essa queda.

Ao apontar os motivos da evasão, de uma maneira geral, os gráficos nos permitiram

constatar que, os alunos evadidos em sua maioria encontram-se na faixa etária dos 18 a 23

anos, mais vulneráveis, ou seja, que mesmo assistidos pelo auxílio estudantil não é

suficientemente eficaz para mantê-los na instituição, em razão do afastamento da família, gera

uma carência afetiva pela distância e o tempo em que permanecem afastados.

Na análise e discussão dos dados também se constatou que estudantes do gênero

feminino em relação à distribuição do auxílio estudantil, foram atendidas com uma amplitude

superior, proporcionalmente ao total de estudantes, englobando todos os cursos de

Engenharia.

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Os estudantes maiores de 23 anos, na distribuição do auxílio estudantil, são uma

parcela pequena, visto considerar que teoricamente já encontram-se na fase final do curso,

portanto, envolvidos com atividades que permitem outras formas de remuneração, além de

envolverem-se com pesquisa e extensão, recebendo bolsas de fomento, permitindo inclusive

acumular bolsas com o auxílio estudantil, como também em muitas situações realizando

estágio remunerado.

De uma maneira geral, os auxílios ora distribuídos aos alunos da engenharia em

ordem cronológica (2010 a 2013) semestralmente proporcionalmente aos alunos

contemplados, constata-se ter havido queda de evasão, podendo concluir a eficácia dessa

política estudantil.

Em função desse quadro, o discurso sobre evasão escolar no ensino superior no

Brasil vem apresentando uma dinâmica que na maioria das vezes responsabiliza, ora uma das

vítimas, o aluno, pelo seu fracasso, ora a universidade pela sua baixa produtividade,

fundando-se em dois aspectos básicos: um de ordem econômica através da avaliação de

índices de produtividade das universidades e outro relacionado ao mau desempenho do ensino

médio.

Na conclusão desse trabalho, ao pesquisar os motivos que apontam para uma evasão

e, embora existam obstáculos a serem derrubados, e partindo do pressuposto que a educação

superior contempla as características socioeconômicas de um povo, o Ensino Superior

brasileiro reflete as desigualdades sociais existentes em nosso país. Nota-se uma educação

superior pública usufruída, em sua maioria, por cidadãos de elevado poder aquisitivo, que

detêm condições financeiras de arcar com escolas particulares e cursinhos preparatórios. De

outro lado, estão os estudantes socialmente carentes, que concluindo o ensino Médio em

escola pública, não tiveram a mesma base escolar dos demais, cabendo a eles buscarem cursos

de menor concorrência, ou até mesmo em condições menos favorecidas como a de se manter

em uma instituição mais distante de casa, e procurando serem favorecidos pelas políticas

públicas educacionais implementadas.

Nesse contexto, o presente trabalho evidenciou de que forma a UTFPR atua no apoio

à democratização do acesso, permanência dos estudantes socialmente carentes, relatando-se as

principais ações para que esses estudantes possam concluir seus estudos e evitar a evasão dos

mesmos.

Além de apoiar o acesso e a permanência do estudante a UTFPR, Câmpus

Medianeira, busca constantemente ferramentas para que o aluno permaneça e conclua seus

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estudos com êxito, fazendo com que este explore tudo o que a instituição poder ofertar para a

qualidade de bom profissional, tanto no ensino, pesquisa e extensão.

No tocante às ações de acesso, ao ingressar no Programa do governo federal , SiSU,

a UTFPR democratiza de forma equitativa, proporcionando a todos os estudantes do país o

acesso aos seus cursos superiores. É claro, que isso teve contrapartidas por parte do governo

federal, em investimentos na estrutura física, recursos humanos, etc.

No tocante às ações de permanência, além de permitir que os beneficiados com os

programas dos auxílios tenham necessidades básicas atendidas, a instituição hoje proporciona

disciplinas à distância, com monitoria das disciplinas de Ciências Exatas, já que foi verificada

ser a maior causa da evasão dos cursos de engenharia.

As medidas aqui descritas colaboraram na democratização do acesso e da

permanência dos estudantes, porém o cerne do problema constituído pelo ensino fundamental

e médio deficientes, precisa ser analisado e devidamente corrigido, pois uma educação de

qualidade promoveria a real democratização, de forma que o estudante proveniente da escola

pública tivesse condições de concorrer em condições de igualdade com os provenientes do

ensino privado.

Enquanto isso, as ações ora implementadas, como as de auxílio permanência do

estudante ainda se farão necessárias até que as enormes desigualdades de renda sejam

amenizadas e todos tenham condições materiais de sobrevivência com dignidade.

Cabe destacar que as causas também evidenciam a distinção entre evasão do curso,

de instituição e de sistema. Quando o aluno muda de curso no mesmo campus, neste caso

Medianeira, é uma evasão do curso, quando vai para outro câmpus é uma evasão da

instituição e do sistema quando se evade para outra instituição fora da UTFPR.

Nesse outro contexto, evidencia-se a responsabilidade da Instituição na

implementação e manutenção de condições ótimas de desenvolvimento do estudante.

Dando continuidade ao estudo, esta pesquisa trouxe mais uma ferramenta para a

UTFPR Câmpus Medianeira poder trabalhar e entender os problemas gerados na permanência

do estudante e o grande desafio de evitar a evasão, mesmo com a alta mobilidade geográfica

que acontece, e sempre acontecerá, mas de forma positiva trazendo ganhos à instituição com a

diversificação de culturas.

As considerações finais apontam que a definição do estudante quanto à sua

permanência ou evasão ocorre em um processo longitudinal que envolve a interação da tríade

estudante, contexto institucional e eventos externos. Em síntese, as características de entrada

do estudante, tais como, familiar, atributos individuais e escolaridade anterior, influenciam no

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seu compromisso inicial com a instituição e com seu objetivo de graduar-se. As experiências

que os estudantes passam a ter nos sistemas acadêmicos e sociais da universidade e a

interferência de demandas externas geram, a cada momento, um determinado nível de

integração acadêmica e social, o que remodela seus compromissos anteriores, de forma a

determinar sua decisão de permanência ou evasão.

Cabe também destacar que as universidades brasileiras recebem estudantes com uma

grande heterogeneidade em relação a suas características pessoais e sociais e que esses, ao

ingressarem na universidade, enfrentam variadas mudanças relacionadas à exigências de

adaptação requisitadas pelo novo ambiente acadêmico. Enfim, considera-se esse período

como de alta vulnerabilidade, pois o estudante necessita definir vários aspectos da sua vida

pessoal e profissional de forma concomitante.

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ANEXO 1 Quadro 3- Mobilidade no SiSU - Deslocamento dos estudantes matriculados 2013 no Brasil. Estado de origem

do matriculado Estado onde a matricula foi realizada

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

2054 4 2 - - - - - - - 1 2 10 - - - - 2 2 - - - 1 - - - -

AL 1 4405 - - 12 4 - - 1 1 2 2 4 - 17 8 1 1 3 4 - 1 2 - - 4 -

AM 40 - 2317 - - 2 - - - 2 5 11 8 2 1 2 1 1 17 1 - 3 11 - - 4 1

AP - 1 2 153 - 2 - - - - 2 - 2 - 1 1 3 1 2 3 - - 5 - - 1 -

BA 1 176 5 - 4751 31 3 9 10 5 91 22 24 2 60 367 63 18 74 7 - 1 38 - 9 34 8

CE 8 24 19 1 7 8258 - - - 6 5 5 8 - 100 39 225 4 18 276 - 3 21 1 - 8 -

DF 5 17 6 - 7 22 102 1 63 6 67 19 48 2 36 3 32 15 68 8 - 2 35 3 - 18 4

ES 2 3 3 - 16 12 - 776 1 - 197 5 10 - 2 1 3 13 274 2 - 1 18 - - 22 1

GO 7 11 12 - 4 15 15 - 972 13 109 54 257 1 6 5 15 10 45 - - 2 32 1 - 26 30

MA - 5 6 - 1 14 5 - 3 3380 11 4 23 8 20 1 621 9 19 8 - 2 4 1 - 4 26

MG 13 26 18 - 67 20 3 35 43 14 11085 46 109 2 19 18 23 54 450 4 - 4 169 6 - 196 3

MS 1 3 4 - - 2 - - 3 1 18 4801 58 - 1 - 3 29 13 - - - 24 3 - 33 -

MT 7 3 5 - 1 5 - - 5 - 21 35 5604 - 4 3 3 20 9 2 1 1 22 - - 18 2

PA 3 7 76 5 6 24 1 - 6 44 14 13 43 1230 13 5 32 9 48 5 - 4 25 - - 15 13

PB 3 7 1 - 2 18 - - 1 5 - 1 7 1 5194 52 6 2 2 48 - - 3 - - 2 1

PE - 161 4 - 214 49 - - 2 1 6 6 6 - 597 3833 39 4 23 10 - - 10 4 1 8 2

PI 1 4 1 1 5 48 1 - 1 62 3 1 3 1 18 5 7409 2 8 11 - - 3 1 - 3 4

PR 5 7 10 - 3 4 - - - 1 22 73 59 3 5 - 4 2902 27 2 - 1 124 35 - 36 2

RJ 8 14 23 - 14 12 1 6 6 6 316 44 36 3 29 12 12 25 13532 6 - 4 106 5 - 40 1

RN 2 9 6 - 2 42 1 - 2 2 1 5 4 - 301 10 7 - 9 2199 - 1 3 - - 2 -

RO 34 2 33 - 2 7 - - 1 - 4 16 106 - 13 4 4 15 4 1 17 - 12 - - 4 -

RR - - 7 - - - - - - 2 2 - - - 2 - 1 - 2 - - 301 2 - - 1 -

RS 3 5 2 - 2 3 - - - 2 13 20 16 1 6 3 5 29 39 6 - 3 8268 39 1 15 1

SC 3 4 2 - 1 1 - - 1 - 8 10 13 - 2 3 4 130 15 - - - 136 387 - 9 -

SE - 53 1 - 7 8 - - - - 8 2 3 - 9 5 2 - 14 6 - - 4 - 78 10 1

SP 22 71 31 - 52 54 1 7 21 18 1501 614 249 1 59 42 54 673 724 8 - 2 597 33 1 8885 4

TO 3 2 - - 1 5 - - 9 14 10 4 10 2 1 - 12 2 2 - - 1 6 - - 1 432 Estudantes que permanecem em seu estado de origem

Fonte: MEC, 2013.