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A CERTIFICAÇÃO LEED EM ESTÁDIOS BRASILEIROS: O LEGADO DA COPA DO MUNDO 2014 LUCCA MENEZES DE OLIVEIRA FEI-SP [email protected] MARIA TEREZA SARAIVA DE SOUZA FEI/SP [email protected] RENY APARECIDA GALVÃO FEI-SP [email protected] THIAGO A. C. DE ALMEIDA AQUINO FEI-SP [email protected]

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A CERTIFICAÇÃO LEED EM ESTÁDIOS BRASILEIROS: OLEGADO DA COPA DO MUNDO 2014

 

 

LUCCA MENEZES DE [email protected] MARIA TEREZA SARAIVA DE SOUZAFEI/[email protected] RENY APARECIDA GALVÃ[email protected] THIAGO A. C. DE ALMEIDA [email protected] 

 

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A CERTIFICAÇÃO LEED EM ESTÁDIOS BRASILEIROS: O LEGADO DA COPA

DO MUNDO 2014

RESUMO Devido à expansão de eventos esportivos de grande repercussão nos países em

desenvolvimento, como a Copa do Mundo no Brasil, tornaram-se cada vez mais recorrentes

políticas por uma arquitetura verde, uma vez que estes torneios demandam de grandes obras

de infraestrutura que impactam o meio ambiente ao redor das arenas. Este trabalho tem como

objetivo analisar as medidas adotadas para a Certificação LEED nos estádios brasileiros que

irão sediar a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, por meio da identificação das principais

variáveis utilizadas em pesquisas sobre as certificações ambientais, da análise dos critérios do

LEED para a certificação dos prédios verdes, e da comparação da implementação da

Certificação LEED nos estádios brasileiros. O trabalho consiste na revisão bibliográfica e na

pesquisa documental desta temática, apresentando os parâmetros que regulam projetos de

estádios de futebol. A FIFA exige que os estádios estejam de acordo com as normativas da

certificação ambiental LEED, portanto a pesquisa se deu a partir de registros das soluções de

sustentabilidade adotadas pelas arenas. Como resultado da pesquisa observa-se que é possível

minimizar e mitigar os impactos ambientais gerados pela construção e reforma dos estádios de

futebol que irão sediar os jogos da Copa do Mundo.

PALAVRAS-CHAVE: Certificação LEED, Edifícios Verdes, Sustentabilidade Ambiental.

LEED CERTIFICATION IN BRAZILIAN STADIUM: THE LEGACY OF WORLD

CUP 2014

ABSTRACT

Due the expansion of the sports events of big repercussion on development countries, like the

World Cup in Brazil, has become more often policies of green building, once this type of

tournaments demand big effort in of infrastructure, so ever impacting the environment around

the arenas. This project aims to analyze the measures adopted for the LEED certification on

the brazilian stadiums that will host the FIFA World Cup Brazil 2014, through the

identification of the key variables used in researches about environment certifications,

analysis of the criteria of the LEED for the certifications of the green buildings, and compare

the LEED certification implementation on the brazilian stadiums. The work consists on the

bibliographic review and documentary research of this theme, presenting parameters that

regulate projects of soccer arenas. FIFA requires that all the stadiums be in accordance with

the normative of the LEED environmental certification, therefore the research occurred from

the registration of solutions of sustainability adopted by the arenas. As result of the research

observes that is possible minimize and mitigate the environmental impact generated by the

construction and refit of the soccer stadiums that will host the World Cup.

KEYWORDS: LEED Certification, Green Buildings, Environmental Sustainability.

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1 INTRODUÇÃO

A expansão de grandes eventos esportivos em países em desenvolvimento, como os

Jogos Olímpicos de Verão na China em 2008; a Copa do Mundo FIFA na África do Sul em

2010 e no Brasil em 2014 demandam de grandes obras de infraestrutura no setor da

construção civil, consumindo recursos naturais e energéticos, além da geração de muitos

resíduos (MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011). Especificamente, a

construção e a reforma dos estádios exigidos pela FIFA têm um alto nível de exigência, e

objetiva a inserção de práticas de sustentabilidade nos projetos para que se alcancem

melhores níveis de qualidade e conforto no ambiente construído (PEREIRA, 2013). Para

alcançar patamares de qualidade, a FIFA passou a exigir a partir da Copa de 2010 que todos

os estádios de Copa do Mundo passassem a ter a certificação ambiental LEED, com o

objetivo de trazer aos projetos um viés de sustentabilidade ambiental.

A certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED é um

sistema internacional para certificação ambiental de edificações criado no ano 2000 pelo

Green Building Council dos EUA – USGBC. Utilizado em 143 países seu principal objetivo

é avaliar projetos que foram construídos com estratégias que buscam maximizar o

desempenho em áreas de sustentabilidade ambiental. Tem como metodologia avaliar a

eficiência ambiental do edifício por meio de documentos que retratam a conformidade aos

itens obrigatórios exigidos pela certificação (LEED, 2014). Especificamente nos estádios da

Copa do Mundo, foram avaliadas questões como: uso racional da água; eficiência

energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos

ambientes internos da edificação; espaço sustentável.

O interesse na certificação LEED em construções sustentáveis ainda é incipiente nas

publicações internacionais (RIES ET AL., 2006; WOLF, 2007; NOWLIN, 2008,

NALEWAIK; VENTERS, 2009; BOWN, 2010; TÓFFANO; JESUS, 2013). No Brasil a

maioria dos estudos específicos concentraram-se sobre a construção das arenas esportivas

para a realização da Copa 2014 (GUEDES et al. 2011; CESAR e MAZZEI, 2013; MELO,

2013)

Diante do exposto, a questão de pesquisa que este trabalho se propõe em responder é:

quais as medidas adotadas para a Certificação LEED nos estádios brasileiros que irão sediar

a Copa do Mundo de 2014?

O objetivo geral desta pesquisa é analisar as medidas adotadas para a certificação

LEED nos estádios brasileiros que sediaram a Copa do Mundo de 2014, por meio de revisão

bibliográfica e pesquisa documental. Para a consecução do objetivo geral foram

estabelecidos os seguintes objetivos específicos: identificar as principais variáveis utilizadas

em pesquisas sobre as certificações ambientais; analisar os critérios do LEED para a

certificação dos prédios verdes; e comparar a implementação da certificação LEED nos

estádios brasileiros.

O artigo está dividido em introdução, apresentando uma visão geral sobre o tema a

ser abordado, a justificativa, a questão de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos

específicos. O referencial teórico discorre sobre cos conceitos de rotulagem ambiental e de

certificação ambiental LEED. Em seguida, trata-se do método de pesquisa a ser utilizado,

apresentando a abordagem metodológica, os instrumentos de coleta de dados e a forma de

tratamento e análise dos dados. Na sequência são apresentados os resultados e a análise da

pesquisa, com as medidas adotadas pelos estádios de futebol para adequarem aos quesitos da

certificação LEED. Por fim, as considerações finais, mostra de forma sucinta o resgate dos

objetivos da pesquisa, os principais resultados, a limitação da pesquisa e as recomendações

para estudos futuros.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO Esse item discorre sobre o tema certificação ambiental, abordando o conceito de

rotulagem ambiental, a certificação ambiental LEED e as pesquisas que estão sendo

desenvolvidas sobre o assunto.

2.1 Rotulagem Ambiental

Com o propósito de estabelecer as diretrizes entre produtos e consumidores, a ISO –

International Organization for Standardization criou a família de normas ISO 14000. Os

rótulos ambientais são ferramentas de gestão ambiental que buscam estimular a procura de

produtos e serviços com baixos impactos ambientais por meio da disponibilização de

informações para compradores ou potenciais compradores, em termos de suas características

ambientais gerais, ou de um ou mais aspectos ambientais específicos (NBR ISO 14020,

2002). Muitos países já adotaram de forma espontânea algum mecanismo de rotulagem

ambiental, no qual são atribuídos “selos verdes” a produtos que atendam parâmetros de

controle ambiental previamente estipulado. Essas iniciativas transformaram-se em

mecanismos utilizados para adoção de políticas públicas em favor do desenvolvimento de

novos padrões de consumo que envolve condições ambientalmente mais saudáveis, além de

alavancarem o avanço na produção industrial (PREUSSLER et al., 2006). As normas

relativas à rotulagem ambiental têm finalidade de estabelecer critérios estruturais que sejam

válidos tecnicamente nos programas existentes a fim de serem medidos (TO; LEE, 2013).

Para Yudelson (2007) edifícios verdes são parte de uma resposta global para aumentar a

consciência do papel da atividade humana nas mudanças climáticas, visto que, mais de 40%

do dióxido de carbono emitido é gerado por construções.

A NBR ISO 14020 estabelece princípios gerais, aplicáveis a todo o tipo de rotulagem

ambiental cujo objetivo é assegurar correção técnica, transparência, credibilidade e relevância

ambiental. Encontram-se dentre eles: rótulos e declarações ambientais devem ser precisos,

verificáveis, relevantes e não enganosos; devem basear-se em metodologia científica para dar

suporte às afirmações, e que produza resultados precisos e reproduzíveis; procedimentos e

requisitos para rótulos e declarações ambientais não devem ser elaborados com intenção de

criar obstáculos ao comércio internacional; informações referentes aos procedimentos e

metodologias devem estar disponíveis às partes interessadas sempre que solicitadas; devem

considerar todos os aspectos relevantes do ciclo de vida do produto; não devem inibir

inovações para o desempenho ambiental; no processo de desenvolvimento de rótulos e

declarações ambientais deverá haver consulta às partes interessadas; informações sobre

aspectos ambientais dos produtos e serviços devem ser disponibilizadas aos compradores e

potenciais compradores junto à parte que faz o rótulo ou declaração ambiental.

A rotulagem ambiental estabelece critérios estruturais que sejam válidos tecnicamente

nos programas existentes a fim de serem medidos e é composta por três tipos de declarações

ambientais – Tipo I– Programas de Selo Verde; rotulagem Tipo II – auto-declarações

ambientais e; rotulagem Tipo III – inclui avaliações de ciclo de vida

A declaração Tipo I, de acordo com a NBR ISO 14024 (ABNT, 2004) estabelece os

princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental,

incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos produtos e

características funcionais dos produtos, e para avaliar e demonstrar sua conformidade.

Relaciona, ainda, os procedimentos de certificação para a concessão do rótulo e compara

produtos com outros de mesma categoria.

Segundo a NBR ISO 14021 (ABNT, 2004) a rotulagem tipo II especifica os requisitos

para auto-declarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos

produtos; descreve termos selecionados usados comumente em declarações ambientais e

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fornece qualificações para seu uso. Esta mesma norma apresenta uma metodologia de

avaliação e verificação geral para auto-declarações ambientais. São reivindicações ambientais

que são feitas pelos próprios fabricantes, importadores ou distribuidores para os seus

produtos.

A rotulagem tipo III, segundo a NBR ISO 14025 (2006), informa sobre dados

ambientais de produtos ou serviço, qualificados de acordo com os conjuntos de parâmetros

previamente selecionados e baseados na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) por meio de

diagramas que apresentam um conjunto de indicadores ambientais (aquecimento global,

depleção de recursos, resíduos, entre outros), acompanhados de uma interpretação da

informação. São rótulos concedidos e licenciados por organizações externas independentes.

2.2 A Certificação Ambiental LEED Segundo Fuerst e McAllister (2011) o crescimento do ambientalismo tem levado ao

surgimento de abordagens baseadas no mercado na forma de certificações ambientais

voluntárias para construção, como exemplo a Green Star, na Austrália; Energy Star, Green

Globes e Leadership in Energy Environmental Design – LEED, nos EUA e; Building

Research Establishment Environmental Assessment Method – BREEAM no Reino Unido. Os

mais utilizados no Brasil são o LEED e o AQUA (LEITE, 2011).

A certificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (LEED,

2014) é um sistema internacional para certificação ambiental de edificações. Desenvolvido

em 1998 pelo US Green Building Council – USGBC com o intuito de transformar a indústria

da construção mais responsável ambientalmente foi lançada em 2000 como o primeiro

sistema para novas construções e grandes reformas a fim de avaliar e classificar o que

representava a construção verde (YUDELSON, 2007).

Utilizado em 143 países atualmente, este selo é essencial para qualquer edificação que

deseja ser reconhecido como referência em sua localidade, em seu projeto ou mesmo para

aqueles edifícios que querem oferecer conforto, segurança, alto desempenho para seus

usuários.

Os benefícios da certificação LEED são econômicos, sociais e ambientais. Dentre os

benefícios econômicos destacam-se: a diminuição dos custos operacionais e dos riscos

regulatórios; a valorização do imóvel para revenda ou arrendamento; o aumento na velocidade

de ocupação e da retenção e; a modernização e menor obsolescência da edificação. Quanto

aos benefícios sociais são destacadas: a melhora na segurança e priorização da saúde dos

trabalhadores e ocupantes; a inclusão social e aumento do senso de comunidade; a capacitação

profissional; a conscientização de trabalhadores e usuários; o aumento da produtividade do

funcionário; o incentivo aos fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais,

entre outros. Os benefícios ambientais são destacados pelo: uso racional e redução da extração

de recursos naturais; redução do consumo de água e energia; implantação consciente e

ordenada; uso de materiais e tecnologia de baixo impacto ambiental e; redução, tratamento e

reuso dos resíduos da construção e operação (LEED, 2014).

A certificação LEED possui sete critérios a serem avaliados nas construções, sendo

que todos possuem pré-requisitos a serem atendidos para garantir pontos que definirão o nível

de certificação. Os pontos podem variar de 40-49 nível certificado, 50-59 nível prata, 60-79

nível ouro, a mais de 80 pontos atingindo o maior nível, o platina (YUDELSON, 2007; GBC

BRASIL, 2014).

Os critérios avaliados para a certificação LEED estão relacionados aos seguintes

tópicos: espaço sustentável; eficiência do uso da água; energia e atmosfera; materiais e

recursos; qualidade ambiental interna; inovação e processos; créditos de prioridade regional

(LEED, 2014).

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O espaço sustentável incentiva estratégias que minimizam o impacto no ecossistema

durante toda a implantação da edificação e aborda questões indispensáveis de grandes centros

urbanos, como diminuição do uso do carro e das ilhas de calor com pontuação máxima de 26

pontos.

A eficiência do uso da água incentiva inovações para o uso inteligente da água, com

foco na redução do consumo de água potável e opções de tratamento e reuso dos recursos com

pontuação máxima de 10 pontos.

A energia e atmosfera incentiva à eficiência energética nas edificações através de

conceitos simples e inovadores, como por exemplo: simulações energéticas, medições,

comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes com

pontuação máxima de 35 pontos.

Os materiais e recursos estimula o uso de materiais de baixo impacto ambiental

(reciclados, regionais, recicláveis, de reuso) e reduz a criação de resíduos, além de promover

o descarte consciente, reduzindo bastante o volume de resíduos gerados dos aterros sanitários

com pontuação máxima de 14 pontos.

A qualidade ambiental interna incentiva a qualidade do ar, essencial para ambientes

com alta estada de pessoas, preterindo materiais com baixa emissão de compostos orgânicos

voláteis, maior controle de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista

externa e luz natural com pontuação máxima de 15 pontos.

A inovação e processos promove a busca de conhecimento sobre Green Buildings,

assim como, a criação de práticas e medidas de projetos não descritas nas categorias

existentes do LEED com pontuação bônus de seis pontos.

Os créditos de prioridade regional promovem os créditos definidos como prioridade

regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas

existentes em cada local com pontuação bônus de quatro pontos.

2.3 Pesquisas sobre LEED

Ries et al. (2006) realizaram um estudo quantitativo sobre construções sustentáveis e

verificaram os benefícios econômicos e ambientais como o aumento da eficiência produtiva

no trabalho e na saúde humana, assim como, a diminuição dos custos de consumo de energia,

operação e manutenção; especificamente.

Wolf (2007) apresenta casos de certificação LEED em estádios de futebol nos Estados

Unidos, onde realizaram projetos de reuso de água, telhados verdes e um sistema de controle

automático que monitora o ar condicionado e o uso e energia.

Nowlin (2008) aborda que a certificação LEED implementada em um centro esportivo

no Canadá apresentou diminuição dos custos de energia em até 30% devido a substituição do

sistema de aquecimento tradicional por soluções de eficiência energética.

Nalewaik e Venters (2009) realizaram pesquisas a respeito dos benefícios sociais,

econômicos e ambientais das construções verdes com vistas a melhorar a eficiência energética

e sustentabilidade. Para os autores, os edifícios verdes podem trazer benefícios tangíveis e

intangíveis, tais como redução de custos de recursos e energia.

Bown (2010) relata que o ano de 2009 um centro de esportes aquáticos na cidade de

Portland, nos Estados Unidos, recebeu a certificação LEED Platinum por realizar uma

abordagem integrada de conservação de água e energia.

Tóffano e Jesus (2013) abordaram as medidas de sustentabilidade adotadas na

concepção do projeto da Arena Pantanal em prol da divulgação dos benefícios da construção

civil verde e da obtenção da primeira certificação de sustentabilidade ambiental para um

edifício público local, o selo LEED. Os autores observaram que uma construção deste porte

não pode ser 100% sustentável, entretanto, seus impactos ambientais podem ser minimizados.

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No Brasil, Guedes et al. (2011) fizeram um estudo sobre a utilização das diretrizes de

sustentabilidade na construção do estádio do Mineirão e concluíram que a FIFA contribuiu

para a realização da “Copa Verde”, ao apontar que as arenas busquem certificações

ambientais. Os autores ressaltaram a importância das certificações para a conscientização da

população para identificar produtos que apresentem características desejáveis.

Cesar e Mazzei (2013) realizaram um estudo por meio de uma pesquisa exploratória e

descritiva, com o objetivo de investigar e analisar por meio de uma avaliação pré-evento, as

ações de sustentabilidade no projeto e na construção do estádio Arena da Amazônia. Para

tanto, verificaram se o estádio de futebol em Manaus atendia às características de uma

construção sustentável sob as diretrizes da certificação LEED.

Melo (2013) publicou um artigo que analisa a questão dos estádios de futebol

brasileiros, entre as Copas do Mundo de 1950 e de 2014, no Brasil, se atentando para diversos

fatores na construção de novos estádios, entre eles: o desenvolvimento tecnológico, a

sustentabilidade ambiental, a capacidade para absorver múltiplos eventos, a segurança física e

patrimonial, entre outros.

2.3.4 Certificação Ambiental LEED em Estádios da Copa do Mundo

Os megaeventos, apesar da curta duração, promovem resultados de longo prazo. Para

Matheson (2010) os legados de eventos esportivos são amplos e incluem desde

melhoramentos nos benefícios educacionais, até no desenvolvimento ambiental, econômico e

social do local que organiza o evento. Tais legados podem ser divididos em duas categorias:

tangíveis e intangíveis. Os legados tangíveis estão relacionados à infraestrutura construída

para atender ao megaevento, tais como, obras viárias e infraestrutura de transportes. Quanto

aos legados intangíveis estão relacionados os impactos culturais e sua repercussão sobre os

habitantes do lugar onde foi construído (POYNTER, 2006).

Os projetos de estádios de futebol evoluíram em todo o mundo, principalmente nos

últimos treze anos. Os estádios passaram por perceptíveis mudanças, saindo de locais voltados

somente a partidas de futebol para enormes instalações de eventos multiuso, permitindo

melhores serviços de transporte, segurança e uma infraestrutura muito mais moderna. Assim

como para qualquer edificação certificada pelo selo LEED, os estádios foram rigorosamente

avaliados em quesitos que vão desde a eficiência do uso da água dentro dos estádios ao fácil

acesso ao transporte público, importante para dias de grandes eventos esportivos ou multiuso,

passando por outras centenas de aspectos (MATHESON, 2010).

A Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil transformou-se em referência internacional de

estádios sustentáveis e dos 12 estádios sede que seguiram as especificações de construção

sustentável da certificação ambiental LEED, sete receberam a certificação Leadership in

Energy and Environmental Design – LEED. O estádio Fonte Nova, em Salvador, foi o

primeiro a receber o Selo Prata e o único a receber o Selo Platinum, categoria máxima na

certificação, foi o Estádio Mineirão. A arena de Belo Horizonte, reformada para o evento,

cumpriu oito itens considerados pré-requisitos e apresentou inovações sustentáveis que não

eram exigidas para conquistar a graduação. Os estádios do Maracanã, no Rio de Janeiro;

Arena Pernambuco, em Recife; Arena Amazônia, em Manaus e; Beira Rio, em Porto Alegre

também obtiveram a certificação LEED Prata. Estádio Castelão, em Fortaleza, recebeu o

LEED Certified.

3 MÉTODO DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva realizada por meio de pesquisa

bibliográfica e documental, que buscou dados sobre certificação LEED das obras feitas nos

estádios para a realização da Copa do Mundo.

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Dentre os vários métodos de pesquisa pode-se destacar a pesquisa documental, a qual

consiste na utilização de dados secundários. De acordo com Lakatos (2001, p. 43), podemos

considerar como pesquisa documental “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou

não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica”.

A pesquisa documental é considerada uma técnica decisiva para a elaboração de

trabalhos em diversas áreas, principalmente nas áreas de pesquisa que vão desde pesquisas em

ciências sociais e humanas até pesquisas em áreas contábeis e financeiras. A maior parte das

fontes de dados documentais é a base para trabalhos de investigação, e trabalhos que exigem

qualquer tipo de investigação, requer que sejam feitas pesquisas documentais.

Esses dados foram reunidos das fontes de pesquisa e remodelados de acordo com o

objetivo da pesquisa, a fim de comparar a implementação da certificação LEED nos estádios

brasileiros.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

O objetivo desse item é apresentar o resultado da pesquisa, das medidas ambientais

implementadas na construção de cada estádio escolhido para sediar os jogos oficiais da Copa

do Mundo da FIFA em 2014 e fazer a comparação dessas edificações.

4.1 Caracterização dos Estádios de Futebol pesquisados

O Quadro 1 mostra as principais características dos estádios que sediaram a Copa do

Mundo em 2014. Cada cidade sede teve que reformar ou construir uma arena de acordo com

os padrões da FIFA. Os dados apresentam as datas de inauguração, o início e o término das

obras, o valor previsto, o valor final da reforma e a capacidade de torcedores antes e após as

obras de modernização.

Estádios Inaugu-

ração

Início da

Obra

Entrega

da Obra

Valor Previsto

da Reforma

Valor Real da

Reforma

Lugar

Antes

Lugar

Atual

Maracanã – RJ 1950 03/2010 06/2013 R$ 932 milhões R$1,05 bilhões 87.101 78.639

Castelão 1973 12/2010 01/2013 R$ 452 milhões R$519 milhões 60.326 64.846

Mané Garrincha 1974 05/2010 05/2013 R$ 745,3 milhões R$ 1,566 bilhões 45.200 71.400

Arena Manaus 1970 03/2010 03/2014 R$ 515 milhões R$ 669,5 milhões 31.000 42.374

Mineirão 1965 01/2011 12/2012 R$ 426 milhões R$ 695 milhões 78.000 62.160

Arena Dunas 1972 08/2011 12/2013 R$ 320 milhões R$ 423 milhões 42.000 42.086

Arena da Baixada 1914 10/2011 05/2014 R$ 184,5 milhões R$ 326,7 milhões 25.000 41.456

Arena Pantanal 1976 04/2010 12/2013 R$ 454 milhões R$ 646,5 milhões 50.000 42.968

Beira-Rio 1969 03/2012 04/2014 R$ 130 milhões R$ 330 milhões 56.000 48.849

Pernambuco 2013 01/2011 04/2013 R$ 491 milhões R$ 532 milhões - 44.248

Arena SP 2014 05/2013 04/2014 R$ 820 milhões R$ 1 bilhão - 69.160

Fonte Nova 1951 08/2010 04/2013 R$ 591,7 milhões R$ 689,4 milhões 60.000 48.747

Quadro 1 – Principais características dos Estádios

Fonte: dados da pesquisa

O Maracanã é o maior estádio e sede dos jogos da copa, está localizado na cidade do

Rio de Janeiro e pertence ao governo do Estado. A inauguração foi em junho de 1950 e em

março de 2010 começaram as obras de modernização, concluídas em junho de 2013. O

Maracanã tinha capacidade para 87.101 e com a reforma esse número diminuiu para 78.639

lugares. O Estádio tem uma área construída de 240 mil m² e 328 vagas para carros. A previsão

inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$932 milhões, mas o valor final

ficou em R$1,05 bilhões, aumento de R$118 milhões (11%), mesmo com a redução de 8462

lugares na reforma.

O Estádio Governador Plácido Castelo, mais conhecido como Castelão é situado na

cidade de Fortaleza – CE e de propriedade do Estado. O Estádio foi inaugurado em 1973 e as

obras de modernização começaram em dezembro de 2010, sendo finalizadas em janeiro de

2013. A capacidade do estádio era de 60326 torcedores e depois da reforma passou para

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64846 torcedores, uma área construída de 155 mil m² e 1900 vagas para carros. A previsão

inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$452 milhões, mas o valor final

ficou em R$ 519 milhões, aumento de R$ 67 milhões (15%) e adicionados 4520 lugares.

O Estádio Nacional Mané Garrincha está localizado em Brasília e é propriedade do

governo do Distrito Federal. A obra começou em maio de 2010, partes do estádio foram

demolidas e reaproveitadas para a nova estrutura, concluída em maio de 2013. O Estádio

Nacional tinha capacidade para 45200 torcedores e com as obras sua capacidade aumentou

para 71400 torcedores, em uma área construída de 218 mil m² e 8557 vagas para carro. A

previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 745,3 milhões, mas

o valor final ficou em R$ 1,566 bilhões, sendo o estádio mais caro da Copa do Mundo de

2014, com aumento de R$ 820,7 milhões (52%) no custo final e 26200 lugares a mais.

O Estádio Vivaldo Lima, mais conhecido como Arena Amazônia, pertence ao governo

do Amazonas e está localizado na cidade de Manaus. A arena foi construída em 1970 e em

julho de 2010 começaram as obras de modernização, sendo que a inauguração ocorreu em

março de 2014. A Arena tinha capacidade para 31000 torcedores e passou para 42374. O

estádio tem uma área construída de 170 mil m² e 400 vagas para carros. A previsão inicial de

custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 515 milhões, mas o custo final ficou em

R$ 669,5 milhões, um aumento de R$ 154,5 milhões (23%), com 11374 novos lugares.

O Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, localizado em Belo Horizonte, é

de propriedade do governo do Estado de Minas Gerais. A inauguração foi em setembro de

1965, sendo que as obras para a copa do mundo começaram em janeiro de 2011 e a

reinauguração oficial foi em dezembro de 2012. Na reforma para a Copa a capacidade do

estádio foi reduzida de 78000 torcedores para 62160 torcedores. A área construída é de 209

mil m² e 2.925 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do

estádio foi de R$ 426 milhões, mas o custo final ficou em R$ 695 milhões, um aumento de R$

269 milhões (39%) e redução 15840 lugares.

O Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, mais conhecido como “Machadão”,

construído em 1972 foi totalmente demolido em 2011 e deu lugar ao Estádio Arena das

Dunas, localizado em Natal. O Estádio pertence ao Governo do Estado do Rio Grande do

Norte e foi construído entre agosto de 2011 a dezembro de 2013, com capacidade para 42086

torcedores durante a copa, depois reduzida para 30000 torcedores. A Arena tem uma área

construída de 120 mil m² e 2617 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada para a

construção do estádio foi de R$ 320 milhões, mas o custo final ficou em R$ 423 milhões, um

aumento de R$ 103 milhões (24%), com adição de apenas 86 lugares.

O Estádio Joaquim Américo Guimarães, mais conhecido como arena da baixada, está

localizado em Curitiba e pertence ao Clube Atlético Paranaense. O início da construção do

estádio foi em 1914, sendo reformado por várias vezes. Suas obras de modernização

começaram outubro de 2011 e a inauguração foi em maio de 2014. O projeto da Arena da

Baixada teve aumento de sua capacidade de 25000 torcedores para 41456 torcedores no total,

esse estádio tem uma área construída de 126 mil m² e 1908 vagas para carro. A previsão

inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 184,5 milhões, mas o custo

final ficou em R$ 326,7 milhões, um aumento de R$ 142,2 milhões (43%), com 16456

lugares.

A Arena Multiuso Governador José Fragelli inaugurado em 1976, a Arena Pantanal é

considerada a principal obra para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 na cidade de Cuiabá e

pertence ao governo do Estado de Mato Grosso. A obra iniciou em abril de 2010 e foi

concluída em dezembro de 2013. A Arena Pantanal foi construída a partir da demolição do

antigo estádio que tinha capacidade para 50000 torcedores e após as obras passou para 42968.

A Arena tem uma área construída de 101,4 mil m² e 2831 vagas para carros. A previsão

inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 454 milhões, mas o custo

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final ficou em R$ 646,5 milhões, um aumento para o valor final da reforma de R$ 192,5

milhões (30%), com a retirada de 7032 lugares.

O Estádio José Pinheiro Borda, conhecido como Estádio Beira-Rio, está localizado na

cidade de Porto Alegre e é de propriedade do Sport Club Internacional. Inaugurado em abril

de 1969, teve as obras de modernização iniciadas em março de 2012 e foi reinaugurado

oficialmente em abril de 2014. A antiga capacidade era de 56.000 torcedores e após as obras

passou para 48849. A Arena tem uma área construída de 171 mil m² e 7.000 vagas para

carros. A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 130

milhões, mas o custo final ficou em R$ 330 milhões, um aumento de R$ 200 milhões (60%)

com a retirada de 7.151 lugares do estádio.

A Arena Pernambuco também conhecida como Arena Timbu, está localizada em São

Lourenço da Mata a 19 quilômetros de Recife e pertence ao governo de Pernambuco. O

estádio começou a ser construído em janeiro de 2011 e as obras foram concluídas em abril de

2013. O Estádio foi construído especialmente para a Copa do Mundo e tem capacidade para

44.248 torcedores. A Arena tem uma área construída de 128 mil m² e 4.700 vagas para carros.

A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 491 milhões, mas

o valor final ficou em R$ 532 milhões, um aumento de R$ 41 milhões (7%).

As obras da Arena São Paulo começaram em maio de 2013 e foram finalizadas em

abril de 2014. O Estádio pertence ao Sport Club Corinthians Paulista e Odebrecht. O Estádio

da Abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 foi construído especialmente para o evento e

conta com uma capacidade para 69160 torcedores durante e a Copa, depois alguns acentos

serão retirados. O Estádio tem uma área construída de 289 mil m² e 3.500 vagas para carros.

A previsão inicial de custo estimada para a construção do estádio foi de R$ 820 milhões, mas

o valor final ficou em R$ 1 Bilhão, um aumento de R$ 180 milhões (18%).

O Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, está localizado na

cidade de Salvador e pertence a construtora OAS/Odebrecht e ao Governo da Bahia foi

inaugurado em dezembro de 1951. Em agosto de 2010 começaram as obras para a copa do

mundo que ficaram prontas em abril de 2013. A Arena antes das obras tinha uma capacidade

para 60000 torcedores e passou a ter capacidade para 48747 torcedores, tem uma área

construída de 126,5 mil m² e 1978 vagas para carros. A previsão inicial de custo estimada

para a construção do estádio foi de R$ 591,7 milhões, mas o valor final ficou em R$ 689,4

milhões, um aumento de R$ 97,7 milhões (14%) e com redução de 11253 lugares.

4.2 A certificação ambiental dos estádios de futebol brasileiros

Os estádios foram construídos ou reformados entre 2010 e 2014 seguindo os princípios

da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). Para conseguir esse

selo foram avaliadas questões como: uso racional da água; eficiência energética; redução,

reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da

edificação.

O arquiteto David Douek, diretor da OTEC, a consultoria de projeto e a obra para a

obtenção da certificação ambiental LEED ressalta: “Quando você compara estádios com

outros edifícios, como fábricas, prédios comerciais, normalmente o acesso à grande massa é

restrito porque 99% deles são de origem privada. Quando a gente fala de estádio, temos uma

incrível oportunidade de mostrar à população, sobre os benefícios de pensar a sua casa ou o

seu prédio de uma forma mais sustentável, principalmente quanto à redução da utilização de

recursos naturais” (DOUEK, 2014)

As arenas foram construídas com soluções e tecnologias que garantem o uso racional

de recursos naturais Quanto às medidas de mitigação de consumo de água e energia e a

mitigação de emissão de poluentes na atmosfera todos os estádios apresentaram efetiva

redução de consumo nesses quesitos, como mostra o Quadro 1.

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Estádios Água Energia Ar

Maracanã Sistema de coleta e distribuição de

água da chuva para reuso em

banheiros, irrigação etc.

Sistema automatizado e luzes de

baixo consumo.

Sistema de ar-condicionado

de última geração.

Castelão Descargas de duplo acionamento

(três e seis litros). Torneiras de

fechamento automático. Sistema

de esgoto a vácuo.

Sistema automatizado dos aparelhos

elétricos e aparelhos com alta

eficiência e maior vida útil.

Proteção dos dutos de ar.

Lixeira com aspirador.

Materiais de baixa emissão.

Mané

Garrincha

A água da chuva será captada pela

cobertura e pelo piso permeável

em volta do estádio. O sistema tem

capacidade para 6,84 milhões de

litros de água.

Energia solar, através da instalação

de placas fotovoltaicas no anel de

compressão, grandes aros em

concreto com um quilometro de

circunferência que sustenta a

cobertura.

Cobertura do estádio é feita

para ajudar na regulagem de

temperatura do estádio

refletindo as luzes do sol. O

material da cobertura

decompõe a sujeira e tirar

gases poluentes da atmosfera.

Reflete a luz solar assim com

menos necessidade de outro

tipo de ventilação artificial

Arena

Manaus

Sistema que armazena água da

chuva, que é reutilizada nos

banheiros e irrigação do gramado,

reduzindo o uso de água potável.

Os equipamentos de iluminação têm

alto desempenho e baixo consumo

de energia elétrica. Geração de

energia através da luz solar.

Os equipamentos de

climatização têm alto

desempenho e baixo

consumo de energia.

Mineirão Usa um reservatório de

aproximadamente 6 mil metros

cúbicos, que capta água da chuva e

utiliza nos banheiros, na irrigação

do gramado, jardins e limpeza

externa.

Tem 6.000 painéis (fotovoltaicos) de

captação de luz solar para a geração

de energia elétrica, que garante uma

iluminação de qualidade e de baixo

consumo de energia.

N/C

Arena

Dunas

A água é tratada e reutilizada no

gramado e nos sanitários. São

nove reservatórios, com volume de

três mil m³.

N/C A cobertura do estádio

permite maior ventilação

interna de ar diminuindo o

calor.

Arena da

Baixada

Tem um sistema de captação e

tratamento de água da chuva

implantado na sua cobertura.

Sistema automatizado de controle de

energia.

A construção tem proteção

contra o sol e uma

ventilação natural, que reduz

todo o calor interno.

Arena

Pantanal

N/C N/C Entradas de ar entre as

arquibancadas reduz o uso

de ar condicionado durante

os jogos.

Beira-Rio Sistema de captação e armazenada

nas bacias do estádio.

Geradores alimentados por energia

solar.

N/C

Pernam-

buco

Há a captação de água da chuva e

uma estação de tratamento de

esgoto próprio.

Tem uma usina de energia solar

localizada junto a área do estádio,

que capta a luz emitida pelo sol e a

convertem em energia elétrica que

alimenta o estádio.

Construção que permite uma

melhor circulação de ar.

Arena SP N/C N/C N/C

Fonte

Nova

Cobertura que capta água da chuva

para reuso nos banheiros e na

irrigação do campo.

Equipamentos elétricos e lâmpadas

de alta eficiência.

Arquitetura foi feita para

maior e melhor circulação

de ar.

Quadro 1 – Medidas ambientais adotadas nos Estádios

a) Medidas de redução de consumo de energia

Em todos os estádios a iluminação foi feita por lâmpada de LED de alta eficiência, que

iluminam mais, tem maior durabilidade e baixo consumo de energia. O sistema de ar-

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condicionado dos estádios foram de última geração. O Estádio Castelão tanto as lâmpadas

como os sistemas de ventilação desligam automaticamente em algumas partes do estádio.

Todas as arenas instalaram painéis fotovoltaicos na cobertura que captam a luz emitida

pelo sol e a convertem em energia elétrica que alimenta o estádio, com iluminação de

qualidade e baixo consumo. O Estádio do Mineirão tem 6000 painéis fotovoltaicos. Na Arena

de São Paulo as células fotovoltaicas estão incorporadas à fachada em pele de vidro no setor

oeste. O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha utiliza energia solar de placas

fotovoltaicas no anel de compressão, grandes aros em concreto com um quilometro de

circunferência que sustenta a cobertura. As 9,6 mil placas têm capacidade para gerar 2,5

megawatts de energia por hora, o que corresponde ao abastecimento de quase duas mil

residências por dia. A Arena Pernambuco tem uma usina de energia solar localizada junto a

área do estádio com 3652 painéis solares fotovoltaicos, o suficiente para alimentar cerca de

seis mil habitantes. Quando o estádio não está em operação, a energia restante é direcionada

para o sistema de energia da cidade.

A cobertura dos estádios permite a entrada de luz solar que também é refletida para o

campo e proporciona uma iluminação natural. Além disso, a arquitetura das arenas possibilita

entrada e circulação interna de ar que reduzem o calor interno e o uso de ar condicionado

durante os jogos. A estrutura da Arena Pantanal permite a entrada de ar entre os pórticos,

formados por estruturas metálicas internas das arquibancadas. Na Arena Ponte Nova a

cobertura tem Politetrafluoretileno (PTFE), material que absorve o calor e reflete a luz do sol

para o estádio, e o ar condicionado utiliza gás não clorado o que reduz a quase zero o impacto

na camada de ozônio. No Estádio Arena das Dunas tanto a cobertura como a fachada é

revestida de aço, 20% composta por policarbonato que proporciona sombra e reduz a

insolação no campo de jogo. Na Arena da Baixada a construção da cobertura também foi feita

com painéis de policarbonato para reduzir o aquecimento do estádio, com proteção contra a

luz solar e uma ventilação natural. Esse material é leve e resistente a mudança de tempo,

melhora a iluminação usando mais a luz do sol. Além disso, as coberturas e o piso dos

estádios são claros para evitar o calor.

Os estádios foram construídos para evitar desperdício e consumir o mínimo de energia

elétrica, os equipamentos de climatização têm alto desempenho e baixo consumo de energia

elétrica. Todos os sistemas de água, energia elétrica, de climatização e de ventilação são

automatizados.Na Arena da Baixada o sistema de climatização reduz em 30% o consumo,

quando comparado aos sistemas tradicionais. O Estádio Beira-Rio tem um sistema elétrico que

utiliza cargas de 2% até 100%, com ajuda de geradores alimentados por energia solar. O Estádio

do Maracanã trabalha com um sistema que automatiza os elevadores, escadas rolantes,

ventilação e iluminação. O sistema de ar-condicionado também trabalha com baixo gasto

energético e eficiência de ventilação. A Arena de São Paulo e Amazônia possuem também um

sistema automatizado que controla e otimiza todas as fontes de energia do estádio.

b) Medidas de redução de consumo de água

As reformas e os novos estádios tornaram o consumo de água mais eficiente por meio

de um sistema de captação e tratamento da água de chuva implantado na cobertura. Essa água

é posteriormente reutilizada nos banheiro, na irrigação do gramado e jardins, na limpeza de

áreas externas e na lavagem das arquibancadas. Os equipamentos dos banheiros

automatizados e baixo consumo com descargas de duplo acionamento, de 3 e 6 litros, e

torneiras de fechamento automático, economizando o máximo o uso de água potável.

O Estádio Castelão reduziu a água potável em 67,61% e possui um sistema de esgoto a

vácuo para redução do volume gerado. No Estádio Mineirão foi feito um reservatório de

aproximadamente seis mil metros cúbicos para captar água da chuva. No Estádio Nacional de

Brasília o reaproveitamento de água é realizado por meio de um sistema que armazena água

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da chuva em cinco cisternas no interior do estádio e um lago de retenção no entorno, na área

mais baixa do terreno. A água da chuva é captada pela cobertura e pelo piso permeável em

volta do estádio. O sistema tem capacidade para 6,84 milhões de litros de água, que representa

80% da demanda do estádio e equivale a encher duas piscinas olímpicas e duas

semiolímpicas. No Estádio Arena das Dunas a cobertura do estádio tem calhas que captam

água da chuva para reuso. No meio da estrutura, há calhas que coletam a água e a levam para

reservatórios abaixo das arquibancadas. A água é tratada e reutilizada. São nove reservatórios,

com volume de três mil m³. A cobertura do Maracanã capta água de chuva, diminuindo muito

a utilização de água potável. No Estádio Arena Pernambuco, há a captação de água da chuva e

uma estação de tratamento de esgoto próprio. Essas medidas tornaram alguns estádios

autossustentáveis em relação ao consumo de água, como a Arena da Baixada.

Algumas arenas têm a cobertura inovadora de alta tecnologia, com uma membrana

feita de politetrafluoretileno que absorve pouquíssima água, reduz o calor e é autolimpante, como

o Estádio Beira-Rio e o Estádio Nacional de Brasília. O Estádio de Brasília a cobertura é

composta por uma estrutura tensionada com cabos e treliças metálicas revestidas por uma

membrana que também cobre todos os assentos do estádio. A membrana de 90 mil m² é

autolimpante e revestida de PTFE (politetrafluoretileno) com TiO2 (dióxido de titânio) – uma

combinação de fibra de vidro (material base) revestido de PTFE com propriedades

fotocatalíticas. Isso permite que, quando a membrana entra em contado com o sol ocorre uma

decomposição da sujeira, que reduz o consumo de água na limpeza.

c) Medidas para melhoria da qualidade do ar

Quanto a qualidade do ar, no Estádio Castelão foi proibido o fumo nas áreas internas e

externas, os fumantes devem manter uma distância mínima de oito metros de todas as

entradas de ar dos edifícios. O sistema de condicionamento de ar não utiliza gases

refrigerantes à base de CFC (clorofluorcarbono), responsáveis pela destruição da camada de

ozônio. A proteção dos dutos de ar para evitar acumular poeira no ambiente, lixeiras com

aspirador, circulação de ar nos ambientes fechados, uso de materiais de baixa emissão de

compostos voláteis, controle de iluminação e temperatura. Na Arena Pantanal a qualidade do

ar tem monitoramento constantemente, assim como a do solo. Usaram caminhões pipa para

molhar a terra da construção para redução do levantamento de poeira.

O Quadro 2 apresenta o destino dos resíduos da construção no período na obra ou

durante a reforma dos estádios. Os resíduos, entulhos e madeira, passaram por um processo de

reciclagem e foram reaproveitados na própria obra.

Estádios Destino do Entulho Destino da Madeira Destino da Terra

Maracanã Parte do entulho foi reciclado e

reutilizado na obra. N/C

Transformada em tijolos

e telhas.

Castelão Reciclado e reutilizado N/C N/C

Mané

Garrincha

Separados e destinados para

reciclagem

Destinado a reciclagem nos

eco pontos. N/C

Arena

Manaus

Cerca de 75% das matérias da

obra foram reciclados e

reaproveitados

Idem Controle de erosão.

Mineirão Foram reutilizados nas obras e em

pavimentação de ruas.

Doada para artesãos nas

proximidades da Arena.

Retirada e reutilizada em

outras obras.

Arena Dunas

90% de tudo que foi gerado foi

reciclado. 99% do material do

antigo estádio foi usado na

reconstrução.

Reciclado N/C

Arena da

Baixada N/C N/C N/C

Arena Resíduos e entulhos passaram por Arvores da região foram N/C

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Pantanal um processo de reciclagem e

foram reaproveitados na própria

obra.

retiradas.

Beira-Rio N/C N/C N/C

Pernambuco Reciclagem e reutilização na obra. Reciclagem e reutilização na

obra. N/C

Arena SP N/C N/C N/C

Fonte Nova Reciclagem. Reciclagem.

Controle da terra para

não contaminação dos

cursos d´água.

Quadro 2 – Medidas ambientais durante as obras dos Estádios

Fonte: Elaborado pelos autores.

Houve um processo de controle da terra para que não contaminasse os cursos de água.

Quanto ao consumo de recursos naturais os estádios tomaram medidas para reduzir o

consumo de água e energia e mitigar a poluição atmosférica

d) Plantio e recuperação de vegetação

Os estádios utilizaram nas edificações madeiras de fornecedores licenciados (Estádio

Nacional) ou certificadas com o selo FSC (Conselho de manejo Florestal), a missão da FSC é

garantir a origem da madeira com bom manejo de florestas brasileiras seguindo princípios e

critérios que preservem as matas e traga benefícios sociais e econômicos. No Estádio Castelão

No Estádio Mineirão a madeira gerada pelo desmatamento da área ao redor do estádio

foi doada para artesãos próximos ao estádio que ganharam matéria prima certificada. Na

construção do Estádio Nacional foram plantadas cinco mil árvores no Distrito Federal para

compensar o impacto da obra na região, seguindo normas ambientais. Além disso, o projeto

de paisagismo da Arena Pantanal engloba uma área verde, que são os pontos localizados entre

as arquibancadas, em toda sua área externa e a cobertura verde. Em julho de 2013, foi

finalizado o plantio de mudas em uma área de 18600 m² ao redor estádio. Ao todo 2080

mudas nativas da região foram plantadas para compensar as 232 árvores que foram retiradas

na obra. No Estádio Beira-Rio foi utilizado mais concreto e menos madeira nas arquibancadas.

e) Gestão de resíduos sólidos

Os estádios tomaram medidas para diminuir o uso de matérias e gerar menos resíduo.

No Estádio Castelão foram construídas centrais de resíduos para o armazenamento para

separação, reutilização e reciclagem de materiais, incluindo papel, plástico, vidro e metal. O

concreto reciclado foi usado na construção da base do estacionamento do local. No Estádio

Nacional de Brasília foram instalados eco pontos pela obra, para a coleta e separação pelos

operários de todos os resíduos sólidos e entulhos gerados na construção do estádio.

Na construção do Estádio Arena das Dunas, a maioria (90%) de todos os resíduos sólidos

gerados na obra foram reciclados, desse total 99% de demolição foi reutilizado na

reconstrução do novo estádio e toda a madeira foi reciclada. Houve também um processo

separação e seleção de matérias junto com catadores para reciclagem. Na Arena Pernambuco

parte dos resíduos sólidos foi reutilizada na obra e a outra reciclada por terceiros na coleta

seletiva. Na construção da Arena Corinthians todo o material foi reciclado. No Estádio

Mineirão a terra retirada do local na construção foi reutilizada em outras obras.

O Maracanã teve 75% dos resíduos e entulhos oriundos da demolição inicial da obra

reutilizados na nova construção e em outras obras públicas. O concreto, mais de 50 mil m³, de

foi reutilizado na obra do estádio e outras obras públicas, parte desse concreto também foi

usado nas trincheiras do estádio. Os vergalhões, o metal da estrutura, foram encaminhados

para reciclagem. Os assentos foram reutilizados em outros estádios. Foi usado material com

baixa emissão de carbono, cimento e aço reciclados, e a lama que foi gerada na perfuração do

solo foi transformada em tijolos e telhas ou reutilizadas em outras obras.

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Na Arena Pantanal os resíduos e entulhos passam por um processo de reciclagem e

reaproveitamento na própria obra e em suas vias de acesso. No Estádio Mineirão, o concreto

da demolição, por exemplo, foi usado para na pavimentação das ruas reformadas ao redor do

estádio e também na construção da arena e a terra foi para outras obras públicas. Houve ainda

a coleta seletiva de lixo e armazenamento de resíduos sólidos durante a obra. Arena da

Amazônia reaproveitando cerca de 75% dos materiais removidos e demolidos do antigo

Estádio Vivaldo Lima e os assentos foram reutilizados. A Arena Fonte Nova reutilizaram

100% do concreto da antiga construção para o novo estádio.

Em todas as fases de construção da arena do começo ao fim foram adotadas medidas

ambientais visando obter o selo de certificação LEED. As medidas adotadas foram: prevenção

a poluição causada pela própria construção; proteção das bocas de lobo para evitar que os

resíduos bloqueiem os tubos da rede de escoamento de água; foram feitas bacias de

decantação para reter a água da chuva por um período maior, podendo também separar da

água outros compostos; na saída do estádio há um lava rodas, que limpa a roda dos caminhões

das obras para não sujarem as ruas. Na construção dos estádios foi dada preferência o uso de

materiais de baixo impacto ambiental. No Estádio Mineirão as tintas usadas na pintura das

paredes foram à base de água,

Na busca para obtenção do selo LEED as arenas seguiram rigorosos quesitos, entre

eles: o controle de erosão, sedimentos e poluição do solo durante a obra. Na Arena Fonte

Nova em toda a construção foram tomadas medidas e ações de controle de sedimentos

levados pelas águas, evitando a contaminação dos cursos d´água. Os estádios instalaram ainda

um sistema de lava-rodas dos caminhões com água reutilizada, para deixar as rodas limpas e

não levarem sujeira de dentro da obra para as ruas ao redor da construção. Estádio do

Maracanã tomou medida de proteção de bueiros, trincheira drenante, proteção e identificação

das árvores, paisagismo com solo do antigo gramado, retenção de sedimentos dentro da obra.

As entradas e saídas dos estádios foram projetadas para que se tenha mais facilidade

de acesso aos veículos de transporte público e vagas com prioridade para carros eficientes. O

Estádio Arena Pernambuco está localizado próximo ao terminal de ônibus e do aeroporto, que

facilita o transporte e diminui a emissão de gases. No Castelão há vagas preferenciais para

prática da carona solidária, vagas preferenciais para veículos de baixa emissão de poluentes,

bicicletário.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as medidas adotadas para a certificação

LEED nos estádios brasileiros que sediaram a Copa do Mundo de 2014, por meio de revisão

bibliográfica e pesquisa documental. O resultado do estudo mostra que de maneira geral

houve economia de recursos naturais durante a construção e redução de consumo de água, luz,

media.

A maioria dos estádios foi reformada para a Copa do Mundo e está localizada nas

principais capitais. De maneira geral, eles também tiveram valores de previsão e valores finais

de reforma em um mesmo patamar. Dois estádios tiveram um custo mais elevado tanto na

previsão quanto em seu valor real. O Maracanã, o maior estádio e palco do final do mundial, e

o Estádio Nacional Mané Garrincha, foram os dois que receberam os maiores investimentos.

O Estádio Mané Garrincha recebeu mais investimentos em sustentabilidade, tanto que tem o

selo prata da certificação LEED, e na escala da certificação atingiu mais pontos. O

investimento também reflete na capacidade de cada estádio, ficaram com custo mais elevado

as arenas com mais lugares e, os demais tiveram investimentos muito semelhantes.

O aumento no orçamento das obras deve-se à falta de planejamento dos responsáveis e

a muitos contratempos, greves, acidentes ocorridos durante o período que os estádios estavam

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sendo reformados. Todos os estádios ultrapassaram os prazos estabelecidos pelo Comitê

Organizacional do Evento e superaram a previsão orçamentária inicial.

Todos os estádios de alguma maneira fizeram controle e captação de resíduos sólidos

da obra, esses resíduos foram reciclados e grande parte reutilizados nas construções. Alguns

dos entulhos depois de reciclados foram usados para outras obras nas cidades, contribuindo

para não acumular resíduos de construção.

O controle da água teve como propósito não contaminar as proximidades dos estádios

e o lençol freático. A água captada da chuva foi tratada e reutilizada conforme a necessidade,

diminuindo o uso de água potável.

Perante o exposto, recomenda-se para estudos futuros, entrevistas com os responsáveis

pelas obras de construção e reforma dos estádios para obtenção de dados mais aprofundado

sobre as medidas implementadas para a certificação LEED.

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