accountability na administração

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  • 8/14/2019 Accountability na Administrao

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    CRCRJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contbil

    Trabalho classificado em 2 lugar no X Prmio Contador Geraldo de La Rocque

    Accountabilityna Administrao

    Pblica Federal:Contribuio das AuditoriasOperacionais do TCUResumo

    O estudo objetivou evidenciar como as auditorias de

    natureza operacional do Tribunal de Contas da Unio tmcontribudo no processo deaccountabilitydas entidadesauditadas, utilizando o levantamento de sugestes e crti-cas do TCU nas auditorias de natureza operacional. Foramadotados como bases referenciais os conceitos de Audito-ria Operacional eAccountabilityaplicados na AdministraoPblica, por meio de pesquisa bibliogrfica e documental.Os dados coletados no banco de dados do TCU foram tra-tados qualitativamente, com o fim de realizar uma pesquisadescritiva e explicativa. Os resultados indicam que o con-trole externo da administrao pblica pode ultrapassar osmeandros da conformidade de procedimentos, contribuin-do para a melhoria de desempenho nos rgos auditados,quando se utiliza de auditorias operacionais.Palavras-chave:Administrao pblica. Auditoria operacio-nal.Accountability.

    AbstractThe study aimed to show how the Court of Counts (Tri-

    bunal de Contas da Unio - TCU) operational audits havecontributed in the accountability process of entities audited.So that a survey of suggestions and criticisms made by TCUduring operational audits were used. Were adopted as refer-ence base concepts from Operational Auditing and Account-ability in Public Administration implemented through literatureand documents. The data collected in the database of theTCU were treated qualitatively, in order to perform a descrip-

    tive and explanatory research. The results indicate that theexternal control of public administration can overcome theintricacies of compliance procedures, contributing to improveperformance in the auditees when using operational audits.Key words:Public administration. Operational auditing. Ac-countability.

    Erivelton Arajo Graciliano

    Rio de Janeiro - RJ

    Mestrando em Cincias Contbeis pela FACC/[email protected]

    Jos Cludio Moreira Filho

    Rio de Janeiro - RJPs-graduado em Auditoria Governamental pela [email protected]

    Alessander de Paiva Nunes

    Rio de Janeiro - RJMestrando em Cincias Contbeis pela FACC/[email protected]

    Fernando Czar de Melo Pontes

    Rio de Janeiro - RJMestrando em Administrao pela COPPEAD/[email protected]

    Fabrcio Felcio Zampa

    Rio de Janeiro - RJPs-graduado em Auditoria Governamental pela [email protected]

    1. IntroduoO termo auditoria genrico, indicando fiscalizao de

    atividades em que sero apontados erros ou acertos emreferncia a uma norma, lei ou processo operacional (PE-REZ JUNIORet al, 2007, p. 23). Para Jund (2007, p. 423), afuno de auditoria, em qualquer entidade, est relacionada

    1FACC/UFRJ - Faculdade de Administrao e Cincias Contbeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro - CEP: 22.290-240 - Rio de Janeiro - RJ.2FGV - Fundao Getlio Vargas - CEP: 22.253-900 - Rio de Janeiro - RJ.

    3COPPEAD/UFRJ - Instituto de Ps-Graduao e Pesquisa em Administrao da Universidade Federal do Rio de Janeiro - CEP: 21.941-918- Rio de Janeiro - RJ.

    Artigo recebido em 30/09/2009 e aceito em 28/10/2009.

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    verificao do cumprimento das obrigaes, da execuodos programas de trabalho, da veracidade das informaesgeradas pela contabilidade, bem como preveno de da-nos ou prejuzos ao patrimnio da entidade.

    Na administrao pblica, a Secretaria Federal de Contro-le Interno definiu auditoria como o conjunto de tcnicas que

    visa a avaliar a gesto pblica, pelos processos e resultadosgerenciais, e a aplicao de recursos pblicos por entidadesde direito pblico e privado, mediante a confrontao entreuma situao encontrada com determinado critrio tcnico,operacional ou legal (BRASIL, 2001). A Instruo Normativan 01/2001 dessa Secretaria classifica os tipos de auditoriagovernamental, definindo a auditoria operacional como umaatividade de assessoramento ao gestor pblico, com vistas aaprimorar as prticas dos atos e fatos administrativos, sendodesenvolvida de forma tempestiva no contexto do setor p-blico, atuando sobre a gesto, seus programas governamen-tais e sistemas informatizados.

    A auditoria operacional ultrapassa a fronteira dos aspec-tos financeiros, adentrando-se nas questes de economia,eficincia e eficcia (ARAUJO, 2008, p. 13). Segundo PerezJunioret al(2007, p. 28), a auditoria operacional tem comoobjetivos a avaliao sistemtica da eficcia e eficincia dasatividades operacionais e dos processos administrativos,visando ao aprimoramento contnuo da eficincia e eficciaoperacionais, contribuindo com solues.

    Para o Tribunal de Contas da Unio (TCU), a Auditoria deNatureza Operacional consiste na avaliao sistemtica dosprogramas, projetos, atividades e sistemas governamentais,assim como dos rgos e entidades jurisdicionadas ao Tribunal.

    Segundo Rocha (2007), a auditoria de gesto, ou audi-toria de desempenho, em seu sentido de avaliao ampla,objetiva e sistemtica da conformidade, economia, eficincia,

    eficcia e efetividade da ao governamental, um instru-mento adequado promoo daaccountability. Entende-seaquiaccountabilitycomo a responsabilizao permanentedos gestores pblicos em termos da avaliao da conformi-dade/legalidade, bem como da economia, da eficincia, daeficcia e da efetividade dos atos praticados em decorrnciado uso do poder que lhes outorgado pela sociedade.

    A ideia deaccountabilityest presente desde a adminis-trao de empresas at a educao, passando pela adminis-trao pblica e pela cincia poltica. Para Paul (1991, p. 2),accountabilitypblica se refere ao conjunto de abordagens,mecanismos e prticas usados pelos atores interessados emgarantir um nvel e um tipo desejados de desempenho dosservios pblicos.

    A busca pela responsabilidade dos gestores pblicos cres-ce com a ideia de que eles devero no somente ser ticoscomo tambm eficientes e eficazes nas suas funes. O TCU,por meio das auditorias de natureza operacional, objetiva con-tribuir efetivamente para a melhoria do desempenho das ins-tituies governamentais e da aplicao de recursos pblicos(BRASIL, 2000). Acredita-se que essa melhoria se manifestapelo aprimoramento dos gestores na conduo de suas ativi-dades, o que influencia no processo deaccountability.

    A auditoria dita governamental ter atuao interna ouexterna de acordo com os controles internos e externos de-finidos na Constituio Federal de 1988. Os artigos 70 e 71

    da Constituio, em nvel federal, prescrevem que o controleinterno ser exercido por sistema de cada Poder e o con-trole externo ser exercido pelo Congresso Nacional, auxi-liado pelo Tribunal de Contas da Unio. O controle pblicono Brasil remonta ao perodo colonial, atravs das Juntasdas Fazendas; na Repblica, foi criado o Tribunal de Contas

    da Unio. Atualmente este Tribunal tem a responsabilidadede, no auxlio ao Congresso Nacional, exercer a fiscalizaocontbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonialda Unio e das entidades da administrao direta e indireta,quanto legalidade, legitimidade e economicidade e afiscalizao da aplicao das subvenes e da renncia dereceitas (TCU, 2009).

    Desde o fim da dcada de 1980, em cumprimento do artigo70 da Constituio Federal, o TCU vem realizando auditoriasoperacionais em rgos da Administrao Pblica Federal.Freitas e Guimares (2005) chegam a inferir que uma audi-toria operacional do TCU, realizada na Embrapa nos anos 90,contribuiu para a melhoria daquela empresa numa poca emque esta passava pelo risco de extino, na medida em que orelatrio do Tribunal foi muito bem aceito pela empresa.

    Com o intuito de verificar como o processo de accoun-tabilityde um rgo pode se beneficiar de uma auditoria docontrole externo, que surge a seguinte pergunta: como asauditorias de natureza operacional do Tribunal de Contas daUnio podem contribuir no processo deaccountabilitydasentidades auditadas?

    2. Reviso de Literatura2.1. Auditoria operacional

    A origem latina do termo auditoria, que vem deaudire(ou-vir), foi ampliado pelos ingleses comoauditingpara denomi-nar a tecnologia contbil da reviso. O termo genrico, in-

    dicando fiscalizao de atividades em que sero apontadoserros ou acertos em referncia a uma norma, lei ou processooperacional (PEREZ JUNIORet al, 2007, p. 23).

    Arajo (2008, p. 15) simplifica o termo auditoria como acomparao imparcial entre o fato concreto e o desejado,com o intuito de expressar uma opinio ou de emitir comen-trios, materializados em relatrios de auditoria.

    Na administrao pblica, a auditoria uma ferramentautilizada para avaliar a gesto dos agentes pblicos, pormeio da anlise dos processos e resultados gerenciais emediante a confrontao entre uma situao encontradacom um determinado critrio tcnico, operacional ou legal(BRASIL, 2001).

    Trata-se de uma importante tcnica de controle do Estadona busca da melhor alocao de seus recursos, no s atu-ando para corrigir os desperdcios, a improbidade, a ne-gligncia e a omisso e, principalmente, antecipando-se aessas ocorrncias, buscando garantir os resultados preten-didos, alm de destacar os impactos e benefcios sociaisadvindos (JUND, 2007, p. 424).

    Para Jund (2007, p. 425), a finalidade da auditoria governa-mental a comprovao da legalidade e legitimidade dos atose fatos administrativos e avaliao dos resultados alcanados,quanto aos aspectos da eficincia, eficcia e economicidadeda gesto nas unidades e entidades da Administrao Pblica.

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    No desempenho desta atividade, h de se pautar pela ob-servncia da legislao especfica e normas correlatas; pelasubordinao aos princpios fundamentais que nortearam oplanejamento, coordenao, descentralizao, delegaode competncia e controle; pela apreciao do desempenhoadministrativo e operacional das unidades supervisionadas;

    pela verificao dos controles existentes na guarda e aplica-o dos bens e valores sob uso e guarda dos administrado-res ou gestores; pelo exame do controle das transfernciase aplicao dos recursos oramentrios e financeiros dasunidades; e pela avaliao dos sistemas de informaes eutilizao dos recursos computacionais das unidades.

    O objetivo volta-se para avaliao da regularidade e efici-ncia da gesto administrativa e dos resultados alcanados,quando a emisso do relatrio de auditoria oferta sugestescom interesse no aperfeioamento dos sistemas, processose procedimentos administrativos e controle interno dos r-gos auditados.

    A Instruo Normativa n 01/2001, da Secretaria Federalde Controle Interno do Poder Executivo, classifica a auditoriaoperacional como um dos tipos de auditoria governamental(BRASIL, 2001):

    [...] consiste em avaliar as aes gerenciais e os proce-dimentos relacionados ao processo operacional, ou partedele, das unidades ou entidades da administrao pbli-ca federal, programas de governo, projetos, atividades, ou

    Pensar Contbil

    Accountabilityna Administrao Pblica Federal:Contribuio das Auditorias Operacionais do TCU

    alizado em 1971, foi um dos marcos iniciais da auditoria ope-racional no mundo. O conceito oficialmente estabelecido paraauditoria operacional foi fixado pelo Instituto Latino-Americanoe do Caribe de Cincias Fiscalizadoras (ILACIF), que atual-mente denominado Organizao Latino-Americana e doCaribe das Instituies Superiores de Auditoria (OLACEFS).

    Em 1995, o Tribunal de Contas da Unio (TCU), em par-ceria com a Fundao Getlio Vargas, a Universidade ameri-cana Virginia Polytechnique Institute e a National Academy ofPublic Administration dos Estados Unidos, implantou o Projetode Capacitao em Avaliao de Programas Pblicos, voltadopara o desenvolvimento dos mtodos necessrios avalia-o da efetividade de programas e projetos governamentais(BRASIL, 2000). Em 1998, o TCU criou o Manual de Auditoriade Desempenho, onde incorporou experincia de trabalhos deauditoria iniciadas a partir de 1998, com a implementao doProjeto de Cooperao Tcnica entre as Entidades Superioresde Fiscalizao do Brasil e do Reino Unido.

    Em 2000, o Manual de Auditoria de Desempenho passoua ser denominado Manual de Auditoria de Natureza Ope-racional. Para o TCU, a Auditoria de Natureza Operacionalconsiste na avaliao sistemtica dos programas, projetos,atividades e sistemas governamentais, assim como dos r-gos e entidades jurisdicionadas ao Tribunal.

    A Auditoria de Natureza Operacional (ANOp) contempladuas modalidades de auditoria (BRASIL, 2000):

    segmentos destes, com a finalidade de emitir uma opiniosobre a gesto quanto aos aspectos da eficincia, eficciae economicidade, procurando auxiliar a administrao nagerncia e nos resultados, por meio de recomendaes,que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os contro-les e aumentar a responsabilidade gerencial.

    Desde o fim da dcada de 1980, o TCU vem realizando au-

    Auditoria de desempenho operacional - objetiva odesempenho operacional, examinando a ao go-vernamental quanto aos aspectos da economicidade,eficincia e eficcia; eAvaliao de programa - busca examinar a efetivida-de dos programas e projetos governamentais.

    ditorias operacionais em rgos da Administrao Pblica Fe- Segundo Pacheco (2008, p. 8), ao se realizar uma audi-deral. Dessas auditorias resultam recomendaes do Tribunal, toria de natureza operacional, deve-se relacionar s dimen-destinadas a aprimorar o gerenciamento dos entes pblicos e ses da economicidade, eficcia, eficincia e efetividade dedas aes e programas governamentais implementados. iniciativas e programas governamentais:

    A auditoria operacional vai alm dos aspectos financeiros Economicidade - preocupao constante que o ges-analisados, buscando avaliar as questes de economia, efi- tor deve ter em minimizar os custos dos recursos uti-ccia e eficincia, mediante reviso de processos adminis- lizados no desempenho de suas funes;trativo-operacionais. aplicada no setor privado e no setor Eficcia - procura-se medir o grau deatendimento das pblico, incorrendo em denominaes diversas, como audi- metas propostas em um determinadoespao temporal; toria de desempenho, de gesto ou administrativa (ARAJO, Eficincia - relao entre ameta alcanada (bens e 2008 p. 13). servios produzidos) e custo total realizado(insumos)

    No setor governamental, a auditoria operacional se de- em determinado espao de tempo. A relao tima

    senvolveu a partir do incio da dcada de 1970, por entidades obtida quando se consegue realizar a melhor com-de auditoria dos Estados Unidos, em especial oU.S. Gene- binao dos custos, do tempo e da qualidade pararal Accounting Office (GAO), correspondente ao Tribunal de obter os bens e servios propostos pela meta; eContas da Unio no Brasil. A partir de 2004, a sigla GAO Efetividade - relao entre os resultados(impactospassou a significarU.S. Government Accountability Office, observados) e os objetivos (impactos esperados).em razo de alterao na sua misso institucional. O GAO uma agncia de auditoria federal ligada ao Congresso norte-americano, com autoridade para emitir normas aplicveis auditoria de organizaes, programa, atividade e funesgovernamentais, as quais so publicadas em um livro deno-minado de Normas de Auditoria Pblica, tambm conhecidocomo "Livro Amarelo", pela cor de sua capa (GAO, 2009).

    Arajo (2008, p. 46) lembra que o VII Congresso Interna-

    cional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI), re-

    Entretanto, para se chegar medio de tais dimenses,a administrao h de implantar indicadores de desempe-nho, a fim de manter um acompanhamento gerencial eficazde suas aes.

    A auditoria de desempenho operacional e a avaliao deprograma so autnomas e independentes, pois cumpremseu papel independentemente de informaes obtidas na

    outra modalidade. Entretanto, as duas modalidades de audi-

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    toria de natureza operacional so complementares, pois, emconjunto, retratam um quadro completo da atuao do gover-no, seja pelo ponto de vista dos aspectos operacionais, sejapelo ponto de vista do impacto das aes implementadas.

    O TCU utiliza os seguintes critrios na seleo das institui-es, dos programas ou das polticas pblicas:

    mais e institucionalizados devem ser compreendidos sob anoo deaccountability. Tais autores adotam uma noo deresponsabilizao que no compreende em seus limites as re-laes informais de fiscalizao e controle, no considerando,assim, como agentes deaccountabilitya imprensa e organiza-es da sociedade civil que comumente se incumbem de mo-

    Relevncia - busca-se estudar o grau de importncia nitorar e denunciar abusos e condutas imprprias de agentesou de relevncia relativa das aes em anlise, e in- pblicos no exerccio do poder. Nesse sentido, esses autoresdepende de sua materialidade; defendem uma noo menos abrangente deaccountability.

    Risco - preocupa-se quanto vulnerabilidade das Dunn (1999) e Keohane (2002), embora no restrinjamaes, que poder ocasionar um evento indesejvel; as relaes de fiscalizao e controle to somente s formase institucionalizadas e, portanto, admitam um rol de relaes

    Materialidade - representatividade quanto ao valor bem mais abrangente, estipulam que tais relaes devemou volume de recursos envolvidos. necessariamente incluir a capacidade de sano aos agen-

    tes pblicos. Segundo estes autores, aaccountabilityimplicaNeste sentido, o TCU inicia um trabalho para conhecer

    a instituio com levantamento de dados e informaes,utilizando-se dos sistemas organizacionais, funcionais, con-tbil-financeiro, oramentrios, operacionais e patrimoniais.Quando da manifestao sobre a oportunidade e a conve-nincia de realizao de auditoria de natureza operacional(avaliao de programa ou auditoria de desempenho opera-cional), avalia-se a relevncia da auditoria, os temas em focona mdia, as preocupaes da sociedade e da Administraoe o impacto que a auditoria poder causar na melhoria dosprogramas ou no desempenho das instituies auditadas.

    2.2.AccountabilityUm dos assuntos que tem ganhado importncia e desta-

    que no debate sobre a qualidade da organizao das socie-dades democrticas modernas aaccountability.O termopode ser definido no mbito pblico como o direito de cadacidado a conhecer o desempenho de seus governantes,

    adicionado "obrigao" destes de realizar prestaes decontas sobre as suas aes.

    Os entes governamentais, ou aqueles que recebem suasdelegaes de direito pblico, devem explicitar as polticas eobjetivos adotados, como tambm demonstrar a forma comoos recursos pblicos foram empregados no cumprimento ouno dos resultados planejados.

    Embora aaccountabilitytenha se tornado um tpico re-levante na agenda de pesquisa das cincias sociais nosltimos anos, uma rpida reviso dos trabalhos produzidosrevela que a definio do conceito ainda carece de consensoquanto ao seu significado, e de uma clara delimitao te-rica. Percebe-se que a definio tende a variar acentuada-mente no apenas de autor para autor, e que questes comoa da existncia de formas no eleitorais deaccountability; dequais seriam as maiores falhas naaccountability; de comotais defeitos podem ser pensados e resolvidos; e quais asinovaes, a fim de melhorar aaccountabilitydemocrtica,so discutidas de diversas maneiras.

    Cinco reas de divergncia e disputa conceitual so iden-tificadas por Mainwaring (2003). A mais fundamental e bsicaquestoda qual as outras divergncias parecem originar-sediz respeito ao escopo e abrangncia do conceito.

    Para alguns autores, como O'Donnell (1998), Kenney(2003) e Abrucio & Loureiro (2005), bem como o prprioMainwaring (2003), apenas os mecanismos de controle for-

    a capacidade de resposta dos governos (answerability), ouseja, a obrigao dos oficiais pblicos de informar e explicarseus atos, e a capacidade (enforcement) de impor sanes eperda de poder para aqueles que violaram os deveres pbli-cos. A noo deaccountability, basicamente, bidimensional:envolve capacidade de resposta e capacidade de punio.

    H ainda um terceiro grupo de autores, Day & Klein (1987)e Paul (1991), que admite toda e qualquer atividade ou rela-o de controle, fiscalizao e monitoramento sobre agen-tes e organizaes pblicas como constituintes do conjuntode mecanismos de responsabilizao. Nesse sentido, Paul(1991) afirma que

    [...] accountability significa manter indivduos e organiza-es passveis de serem responsabilizados pelo seu de-sempenho. Accountability pblica se refere ao conjunto deabordagens, mecanismos e prticas usados pelos atoresinteressados em garantir um nvel e um tipo desejados dedesempenho dos servios pblicos.

    Por mais problemtico e arbitrrio que se mostre o empre-endimento de se firmarem claras e significativas linhas de de-marcao para o conceito deaccountability, a adoo de umaconcepo to ampla como essa formulada por Paul (1991)traz a complicao adicional de incorporar mecanismos e ati-vidades de controle no intencionais, os quais se mostram in-susceptveis de ser adequadamente identificados e avaliados.

    Como Dahl (1989) j demonstrou com xito, aaccountabilitys pode ser medida se as formas de controle so intencionais,isto , explicitamente concebidas para esse fim. Adicionalmen-te, cabe ressaltar que a ideia de responsabilizao transcendea ideia da simples prestao de contas. Aaccountabilitynose limita necessidade da justificao e da legitimao da

    discricionariedade daqueles que exercem o Poder Pblico emnome dos cidados, mas tambm deve incluir a possibilidadede sano. Por outro lado, no se pode minorar a inegvel im-portncia da atuao das organizaes da sociedade civil e daimprensa na fiscalizao e no controle do exerccio do PoderPblico pelos governantes e burocratas.

    Opta-se, assim, por uma noo menos abrangente de res-ponsabilizao que aquela formulada por Paul (1991), poisabarca em seus limites apenas as relaes e atividades defiscalizao e controle de agentes pblicos propositadamen-te concebidas para tal finalidade e que, ademais, envolvamnecessariamente a possibilidade de sano legal ou simbli-ca. Esta definio engloba no apenas atores institucionais,

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    mas tambm associaes de cidados ou usurios de servi-os pblicos, organizaes da sociedade civil e a mdia.

    Outro ponto terico diz respeito diferenciao entreaccountabilityvertical eaccountabilityhorizontal. A pri-meira se refere interao entre governantes e cidados,ou seja, , ainda que de forma no exclusiva, a dimenso

    eleitoral, o que significa premiar ou punir um governantenas eleies. Essa dimenso requer a existncia de li-berdade de opinio, de associao e de imprensa, assim co m o d e d i v e r s o s m e c a n i s m o s q u e p e r m i t a m t a n t o r e i v i n-dicar demandas diversas como denunciar certos atos dasautoridades pblicas. J a segunda implica a existncia deagncias e instituies estatais possuidoras de poder legale de fato para realizar aes que vo desde a super- visode rotina at sanes legais contra atos delituosos de seuscongneres do Estado (O'DONNELL, 1998, p.27).

    Porm, independentemente da fonte terica e da direo(vertical ou horizontal) que se pretenda para aaccountability, condio necessria para que ela ocorra que as informaessobre a atuao governamental estejam disponveis para quetodos (legisladores, governo, sociedade, cidados e os prpriosgestores pblicos) saibam se: os recursos governamentais soutilizados apropriadamente e os gastos efetuados de acordocom as leis e regulamentos; os programas e projetos governa-mentais so conduzidos de acordo com seus objetivos e efeitosdesejados; e os servios governamentais seguem os princpiosda economia, da eficincia, da eficcia e da efetividade.

    As mudanas no modo de pensar da Administrao P-blica, influenciados por modelos gerenciais importados dainiciativa privada, consubstanciaram o paradigma da NovaGesto Pblica, a qual busca atacar a ineficincia relaciona-da ao excesso de procedimentos e controles processuais e abaixa responsabilizao dos burocratas em face do sistema

    poltico e da sociedade.No Brasil, essa mudana de perspectiva consistiu na reformaadministrativa de 1995, o que caracterizou a transformao daadministrao pblica brasileira de burocrtica em gerencial; abusca de uma administrao pblica orientada para o cidado,para a obteno de resultados, onde polticos e funcionrios p-blicos fossem merecedores de grau limitado de confiana.

    Essa nova busca procurava modificar substancialmenteas formas de controle no interior do aparato estatal. O con-trole no seria mais exclusivamente sobre processos, masfundamentalmente sobre resultados. Nesse caso, a maiorautonomia para administrar balanceada pelo compromissocom os resultados a serem atingidos, e pela transparnciadas informaes sobre desempenho institucional, atravs do

    contrato de gesto. Para isto, a informao insumo funda-mental. E no h, a, contraposio entre aumento de eficin-cia e aumento deaccountability, o que contribui para ampliara responsabilizao dos administradores pblicos.

    Na concepo da atual reforma administrativa, so grandesos impactos que se pretende alcanar no grau deaccountabi-litydas instituies pblicas, permitindo assim a abertura dosvnculos entre governana e governabilidade democrtica.Esta depende de vrias dimenses polticas, entre as quais aqualidade das instituies pblicas quanto intermediao deinteresses, a existncia de mecanismos de responsabilizaodos polticos e burocratas perante a sociedade e a qualidade

    Pensar Contbil

    Accountabilityna Administrao Pblica Federal:Contribuio das Auditorias Operacionais do TCU

    do contrato social bsico. Essas dimenses remetemlato sen-su reforma poltica, essencial reforma do Estado no Brasil(BRESSER PEREIRA, 1998, p. 36).

    A reforma da administrao pblica deve ser situada comouma das extenses da reforma do Estado brasileiro. Do pontode vista conceitual, a reforma do Estado abrange quatro reas:

    delimitao da rea de atuao do Estado, desregulamenta-o, governana e governabilidade (PACHECO, 1999, p. 223).

    Tal reforma visa ao fortalecimento da governana, eficincia e melhoria da qualidade dos servios pblicosprestados aos cidados. Para alcanar tais resultados, areforma em curso props uma mudana no quadro cons-titucional-legal, a criao de novos formatos institucionais(agncias executivas e organizaes sociais), a transioda cultura burocrtica, rgida e ineficiente para uma culturagerencial, flexvel e eficiente, alm de novos instrumentosde gesto pblica.

    Mas quem define os resultados a serem alcanados? Naadministrao gerencial, estes resultados tm de ser nego-ciados entre os formuladores da poltica pblica e a institui-o encarregada de implement-la. O contrato de gestoser maisaccountablequanto mais claramente identificadosforem os objetivos e metas, principalmente os responsveispelo seu atingimento, em todos os nveis da organizao.

    Nas organizaes sociais, alm do ministrio supervisor,o conselho integrado por representantes do Estado e de enti-dades da sociedade civil dever ser o guardio da execuodo contrato de gesto, devendo ainda participar na prpriadefinio das metas.

    Ainda que no haja segurana terica sobre essa respos-ta, vrios autores reconhecem que o controle de resultados muito mais propcio construo de novos mecanismos deaccountabilitydo que o controle de processos.

    Atravs de novos formatos institucionais, novos instrumen-tos de gesto e novas formas de controle, a reforma adminis-trativa pretende contribuir para um processo de aprendizadopoltico e organizacional que torne as instituies pblicas maisaccountable. Suas propostas visam contribuir no apenas para oaumento da eficincia dessas instituies (obteno de re-sultados), mas tambm para sua maior transparncia (informa-o), talvez o mais forte pilar daaccountabilitydemocrtica.

    A ideia de um sistema de administrao pblica pauta-do nos fundamentos daaccountabilityreflete integridade,representando um passo importante no estabelecimento deuma poltica consistente de controle da corrupo, na qual osgestores pblicos devem ter em mente a responsabilidadede se preocupar constantemente com os produtos, bens e

    servios, que oferecem para os cidados aos quais devemprestar contas permanentemente, consolidando assim o tri-nmio da moralidade, da cidadania e da justia social.

    3. Metodologia e ObjetivoO objetivo deste trabalho evidenciar como as auditorias

    de natureza operacional do Tribunal de Contas da Unio(TCU) tm contribudo no processo deaccountabilitydas en-tidades auditadas, utilizando o levantamento de sugestes ecrticas no TCU nas auditorias de natureza operacional.

    Este estudo est delimitado pelo contexto das organi-zaes da Administrao Pblica Federal, dado que as

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    Erivelton Arajo Graciliano Jos Cludio Moreira Filho Alessander de Paiva Nunes Fernando Czar de Melo Pontes Fabrcio Felcio Zampa

    a n l i s e s e a u d i t o r i a s d o T C U p o s s u e m a b r a n g n c i a n a u t i- Acrdo TC 014.003/2001 - Dependncia crnica dalizao de recursos pblicos da Unio. A anlise se baseia Dataprev em relao tecnologia Unisys. Desobedi-em uma empresa pblica atuante na rea de previdncia ncia Lei n 8.666/93;s o c i a l , n o q u e t a n g e a o s s e r v i o s d e t e c n o l o g i a e p r o c e s- Acrdo TC 015.984/2001 - Avaliao do sistema desamento de dados. arrecadao de receitas previdencirias e suas inter-

    O presente trabalho apresenta uma reviso bibliogrfica faces com o sistema de benefcios governamentais; sobre

    o assunto no Brasil, especificadamente quanto abor- Acrdo TC 005.644/2003 - Avaliao da ocorrnciadagem terica da auditoria operacional no campo da audito- de fraudes nas bases de dados de benefcios da Pre-ria governamental. Para classificao da pesquisa, tomou-se vidncia Social; ecomo base o critrio proposto por Vergara (2000). Quanto Acrdo TC 013.636/2003 - Avaliao dos custos daaos fins e quanto aos meios, tem-se: prestao de servios da Dataprev ao INSS e o termo Quanto aos fins - trata-se de uma pesquisa descritiva e de convnio celebrado com o Centro Educacional de

    explicativa. Descritiva porque expe o processo deac- Tecnologia em Administrao - CETEAD.countabilityna Administrao Pblica. Explicativa, poisse prope a apresentar a tcnica utilizada com a Audito- A Dataprev originou-se em 1974 dos centros de proces- riagovernamental, especificamente do tipo operacional. samento de dados dos institutos de previdncia existentes.

    Quanto aos meios - a pesquisa bibliogrfica e do- uma empresa pblica vinculada ao Ministrio da Previdnciacumental (qualitativas). Bibliogrfica porque, para a Social, com personalidade jurdica de direito privado, sediadafundamentao terico-metodolgica do estudo, re- em Braslia e com filial regional na cidade do Rio de Janeiroalizada a investigao sobre abordagens de diversos e ao em todo o territrio nacional, compreendendo 23 Uni-autores; documental porque traz o levantamento de dades Regionais e quatro Unidades de Atendimento (DATA-dados primrios disponveis na internet, especifica- PREV, 2009).mente no stio do Tribunal de Contas da Unio. A empresa tem por objetivo estudar e viabilizar tecnolo-

    gias de informtica na rea da previdncia e assistncia so-Segundo Gil (1996, p. 46), as pesquisas descritivas tm

    como objetivo principal a descrio das caractersticas dedeterminada populao ou fenmeno; e as pesquisas expli-cativas so aquelas que tm a preocupao central de iden-tificar os fatores que determinam, ou que contribuem, para aocorrncia dos fenmenos.

    Pode-se definir o trabalho, basicamente, como uma pes-quisa documental e bibliogrfica, em que, atravs da anliseda bibliografia existente, demonstrado o conceito de Au-

    ditoria Operacional. Na medida em que se pretende exporas contribuies da auditoria de natureza operacional, soapresentados documentos emitidos pelo TCU.

    Segundo Lakatos e Marconi (1992, p. 43), os documentosde fonte primria so "aqueles de primeira mo, provenientesdos prprios rgos que realizaram as observaes [...]". Apesquisa bibliogrfica ou de fontes secundrias trata-se dolevantamento da bibliografia j publicada.

    Para Gil (1996, p. 51), a pesquisa documental assemelha-se muito pesquisa bibliogrfica, sendo a diferena essencialentre ambas a natureza das fontes. Enquanto a segunda se uti-liza fundamentalmente das contribuies dos diversos autoressobre determinado assunto, a primeira vale-se de materiais queno receberam ainda um tratamento analtico, ou que ainda po-

    dem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

    4. Anlise de Casos e ResultadosNo exemplo proposto neste trabalho, busca-se evidenciar

    a contribuio dos relatrios do TCU para o processo deac-countabilityda Administrao Pblica, quando se faz presen-te pela Auditoria Operacional. Os dados utilizados constamno endereo eletrnico daquele Tribunal, configurando umapesquisa documental. Dessa forma, foram coletados quatroacrdos do TCU relativos a auditorias operacionais efetua-das na Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdn-cia Social (Dataprev), em 2001 e 2003 (TCU, 2009):

    cial, compreendendo sistemas operacionais e equipamentode computao, a prestao de servios de processamento etratamento de informaes, bem assim o desempenho deoutras atividades correlatas (MPOG, 2009). Atualmente responsvel pelo processamento da maior folha de paga-mento do pas, ajudando na distribuio de renda a 25 mi-lhes de brasileiros em todos os recantos do Brasil.

    Nas subsees seguintes, foram extradas recomen-daes e determinaes dos acrdos do TCU que foram

    representativas para compreenso deste trabalho, sendoapresentadas as contribuies de cada auditoria pesquisa-da, evidenciando os principais resultados e a sua correlaocom o processo deaccountabilityna Administrao Pblica.

    4.1. Auditoria TC 014.003/2001O relatrio resultado do trabalho de Auditoria Opera-

    cional acerca de possveis irregularidades nos contratos fir-mados entre a Dataprev e a Unisys Brasil Ltda. As anlisesfeitas pela equipe de auditoria, entretanto, mostram que aempresa carece de procedimentos de acompanhamento econtrole, tanto do ponto de vista da formalizao de proces-sos de inexigibilidade e da execuo de contratos quanto sob oaspecto do monitoramento de seu parque computacional, oque acaba por gerar irregularidades.

    Relativamente ao monitoramento de seu parque compu-tacional, foi constatado que o estudo de capacidade e per-formance realizado pela Dataprev no continha elementossuficientes e capazes de conduzir a uma tomada de decisoadequada pela empresa. Nesse sentido, deve a empresa ob-servar requisitos mnimos quanto abrangncia do estudo,seletividade e perodo amostral, bem como quanto utiliza-o de dados nativos das mquinas.

    No que concerne aos preos praticados pela Unisys noscontratos de locao de equipamentos de processamen- tode dados, foram constatados srios indicativos de que a

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    Accountabilityna Administrao Pblica Federal:Contribuio das Auditorias Operacionais do TCU

    Dataprev estaria pagando Unisys preos superiores aos Contabilizao e transferncia de recursos arrecada-praticados no mercado. Tais fatos ensejam determinao dos para terceiros;empresa no sentido de que seja efetuada uma ampla rene- Classificao e contabilizao das receitas;gociao dos contratos firmados com a Unisys, com o ful- Contabilizao de crditos e direitos contracontri-cro de adequar os valores contratados queles praticados buintes e devedores em geral;

    no mercado, tendo em vista o princpio da supremacia do Condies operacionais das unidades executoras dainteresse pblico. atividade de arrecadao;

    Tambm ficou evidenciado que a empresa ainda no ha- Adequao dos sistemas informatizados de apoio via efetuado eficazmente a migrao de seus sistemas e ba- atividade de arrecadao; eses de dados para plataformas abertas. Considerando que a Verificao do cumprimento de determinaes e re-migrao condio fundamental para a ruptura de depen- comendaes anteriores do TCU.dncia que h com a Unisys, a Dataprev deveria recursospara concluir a migrao no menor espao de tempo possvel. O relatrio final determinou diretoria de arrecadao do

    Analisando as determinaes do TCU Dataprev, segun- INSS que, em conjunto com a Dataprev, adotasse as seguin-do o referencial terico, pode-se constatar uma forte noo tes providncias:do emprego das definies deaccountabilityquanto s rela- Desenvolvimento de procedimento para a corretaes de fiscalizao e controle, capacidade de resposta do contabilizao e classificao das receitas, com basergo ao fornecimento de informaes e implementao nos dados constantes da Guia de Recolhimento do dascorrees determinadas, alm de mencionar a possi- FGTS e Informaes Previdncia Social (GFIP),bilidade de aplicao de punio ou responsabilizao dos evitando que a classificao seja feita por percentualagentes envolvidos. estimado;

    O relatrio determina prazos para a renegociao de di- Desenvolvimento de procedimento de classificaoversos contratos, tendo em vista o princpio da supremacia da receita arrecadada para terceiros com base nos dointeresse pblico, e levando-se em conta os preos des- dados constantes da GFIP para evitar repartio dates estarem acima daqueles praticados no mercado, deter- mesma por meio de estimativa de arrecadao;minando a resciso unilateral dos respectivos, no caso de Buscar mecanismo de correo e depurao dosda- insucesso. Tambm so determinados prazos para o envio dos constantes dos cadastros geridos pelo sistemadas justificativas para as discrepncias apontadas e para os SICOB (Sistema de Registro e Controle de Dbitos,resultados das renegociaes, caracterizando aes de fis- Parcelamento e Cobrana) para evitar que os proces-calizao e controle e um desafio ao fornecimento de infor- sos sejam impedidos de tramitar na cobrana admi-maes por parte do rgo auditado. nistrativa ou remetidos para inscrio de dbitos em

    Quanto responsabilizao dos agentes envolvidos, fo- Dvida Ativa, em razo desses erros;

    ram solicitadas as justificativas para o reembolso integral de

    Regularizao das baixas de pagamentos oriundosencargos iniciais de certos contratos, tanto ao rgo quan- do programa REFIS (Recuperao Fiscal) para que a to empresa beneficiada, tendo em vista a no aquisio, Procuradoria-Geral d prosseguimento s aes de pelaDataprev, da propriedade dos bens importados pela cobranas dos dbitos de contribuintes excludos docontratada, e levando em considerao a possibilidade de programa; eo rgo contratante no ser o nico cliente a se utilizar dos Desenvolvimento de procedimento de apurao daequipamentos adquiridos, alm de determinar a realizao movimentao da dvida ativa, bem como da cobran- devrias audincias com diversos agentes pblicos para a a administrativa para que a contabilidade procedaapresentao de razes e justificativas para diversos acha- aos registros dessa movimentao com base em do-dos de auditoria que implicaram ou no impactos financeiros, cumentos elaborados para esse fim.demonstrando, tambm, a preocupao com a prtica daboa gesto pblica.

    4.2. Auditoria TC 015.984/2001A auditoria visava avaliar o sistema de arrecadao de re-

    ceitas previdencirias e suas interfaces com o sistema de be-nefcios governamentais. Tendo em vista a abrangncia dostrabalhos e o curto espao de tempo, a equipe delimitou os ob-

    jetivos e o escopo da auditoria no sentido de assegurar maiorconhecimento para as instituies de matrias, tais como:

    A integridade do relatrio de auditoria, por sua percuci-ncia na abordagem do sistema de arrecadao, representaum excelente subsdio para o entendimento daaccountability

    como uma forma de avaliao da atuao governamental,tanto na utilizao dos recursos pblicos como na sua arre-cadao, a qual lastreia os gastos efetuados de acordo comas leis e regulamentos, programas e projetos conduzidos e aaplicao dos princpios da economia, da eficincia, da efic-cia e da efetividade nos servios governamentais.

    Mecanismos de fixao das metas de arrecadaoestabelecidas para o INSS, bem como o cumprimen- 4.3. Auditoria TC 005.644/2003to das mesmas; O objetivo da auditoria operacional foi avaliar a ocorrncia

    Processo de planejamento das aes das reas en- de fraudes nas bases de dados de benefcios da Previdnciavolvidas com a arrecadao; Social. O relatrio determinou Dataprev que se procedesse

    Controle do fluxo financeiro entre arrecadadores e o a uma srie de iniciativas para a implementao de modi-INSS; ficaes no sistema de benefcios, com vista suspenso

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    daqueles onde houvesse ausncia de dados cadastrais e, qualidade dos servios e a verificao de sua efetivaprincipalmente, para a incluso do registro das matrculas prestao, bem como a especializao do prestador dosservidores responsveis por incluses e atualizaes de de servios e o valor agregado gerado pelo servio; edados, alm de tomar aes para que estes no pudessem Avanos significativos em relao aos contratos an-mais emitir boletins de incluso em seu prprio nome. teriores. Em relao ao contrato em vigor, houve a

    Foi mencionada a necessidade de interligao dos siste- necessidade de aperfeioamento dos critrios de

    mas de controle de pagamento de pessoal ativo e inativo do fixao de mtricas para faturamento dos servios;Governo Federal, de forma a identificar segurados que sejam incluso de servios cuja natureza no compatveltambm servidores pblicos federais, estaduais e municipais com a finalidade da Dataprev, nem com o fundamen-e coibir o pagamento indevido de benefcios, enviando tam- to legal adotado para dispensa da licitao; inclusobm o calendrio de implantao da rotina para novos be- indevida de servios prestados para o MPAS semnefcios e para o batimento dos benefcios j concedidos, e que o Ministrio conste como parte no referido con-priorizando as situaes em que a legislao, de pronto, j trato e sem que haja qualquer Convnio ou Ajusteveda a percepo de outra renda. entre o MPAS e o INSS para este fim especfico.

    A Dataprev deveria encaminhar ao TCU estudo de viabili-dade para o desenvolvimento de ferramenta de extrao dedados de benefcios da Previdncia Social, de forma a tornarmais acessveis essas bases tanto ao Ministrio da Previdn-cia Social e INSS quanto aos rgos de controle interno eexterno, e at mesmo aos cidados de modo geral.

    Levando-se em conta a caracterstica fundamental daempresa de prestar apoio para viabilizao de tecnologiasde informtica para diversos entes pblicos, pode-se cons-tatar uma forte noo do emprego das definies de ac-countability, quanto s relaes de fiscalizao e controle,em conjunto com outros rgos.

    O relatrio determina prazos para procedimento de uma s-rie de iniciativas, implementao de modificaes no sistemade benefcios e integrao de diversos sistemas informatizadosde gerenciamento de dados cadastrais e financeiros do setorpblico. citada a necessidade de facilitao do acesso sinformaes sobre benefcios gerenciados ou no pela Data-prev, tanto pelos rgos de execuo e controle quanto pelos

    beneficirios do sistema de benefcios sociais, demonstrandouma das principais funes daaccountability, ou seja, a pres-tao de contas sobre a atuao governamental para todos.

    Contudo, considerando-se o alto grau de complexidadeda auditoria operacional realizada e o seu carter explo-ratrio e educativo das entidades envolvidas, no houveregistro de citao punibilidade ou responsabilidade deagentes pblicos.

    4.4. Auditoria TC 013.636/2003A auditoria realizada teve por objetos os custos relativos

    prestao de servios da Dataprev ao INSS e o termo deconvnio celebrado entre o ento Ministrio da Previdnciae Assistncia Social (MPAS) e o Centro Educacional de Tec-nologia em Administrao - CETEAD. A equipe de auditoriaregistrou as seguintes ocorrncias:

    O relatrio de auditoria constatou diversas transgressess boas prticas da administrao pblica, alm de citar anecessidade de que fossem obtidos esclarecimentos sobrepossveis impropriedades cometidas por agentes pblicos.

    Pode-se notar a aplicao dos entendimentos de Day &Klein (1987) e Paul (1991) sobreaccountability, que admitemtoda e qualquer atividade ou relao de controle, fiscaliza-o e monitoramento sobre agentes e organizaes pblicascomo constituintes do conjunto de mecanismos de responsa-bilizao. Nesse sentido, Paul (1991) afirma queaccountabi-litysignifica manter indivduos e organizaes passveis deser responsabilizados pelos seus desempenhos.

    5. Consideraes FinaisEste trabalho teve por objetivo evidenciar a contribuio

    das auditorias de natureza operacional do TCU para o pro-cesso deaccountabilitydas entidades auditadas. Para isso,utilizou-se do levantamento de auditorias do TCU realizadas

    em uma empresa pblica de processamento de dados, nosanos de 2001 e 2003, cuja fonte primria se encontra dispo-nvel no endereo eletrnico daquele Tribunal.

    No captulo 3, procurou-se identificar o conceito de Audi-toria Operacional na Administrao Pblica, expor as duasmodalidades de auditoria de natureza operacional efetuadapelo TCU - Desempenho Operacional e Avaliao de Pro-grama - e identificar os critrios de seleo das entidadesauditadas, relacionados aos aspectos de relevncia, risco ematerialidade. No captulo 4, procurou-se identificar o concei-to deaccountabilityna Administrao Pblica.

    Os acrdos selecionados possuem relao com a fiscaliza-o, controle e melhoria das operaes da empresa auditada.Percebe-se uma preocupao do TCU em apontar discrepn-cias relacionadas atividade da entidade, cujas consequn-cias impactam na eficincia e efetividade dos servios pblicos.

    Ausncia sistemtica, nos contratos, de justificativa O primeiro acrdo aborda o descumprimento dos proce-de preo. A inexistncia de uma estrutura tcnica pr- dimentos licitatrios, os quais visam transparncia e eco-pria do INSS, na rea de tecnologia da informao, nomicidade do gasto pblico. O segundo acrdo aponta acapaz de proceder a um estudo dessa natureza, pode melhoria de arrecadao de receitas previdencirias e suasser apontada como uma das causas dessa omisso; interfaces com o sistema de benefcios governamentais, o

    Dificuldades em aferir adequabilidade dos preos que pode otimizar o financiamento da mquina pblica. Odos servios em relao aos praticados no mercado. terceiro acrdo levanta a questo do controle para evitar aHavia a necessidade de uma anlise mais abran- corrupo, em uma atividade to visada como a previdnciagente para considerar as diferentes metodologias de nacional. E o quarto acrdo fiscaliza os contratos de servi-medidas de desempenho dos servios prestados, a os prestados e os atos dos agentes pblicos.

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    Aaccountabilityrepresenta um passo importante no es-tabelecimento de uma poltica consistente de controle dacorrupo, na qual os gestores pblicos devem se preocu-par com os produtos e servios que oferecem aos cidados,prestando contas permanentemente, sob o trinmio da mo-ralidade, cidadania e justia social.

    A suposio de que o controle externo da administraopblica pode ultrapassar os meandros da conformidade deprocedimentos, contribuindo para a melhoria de desempe-

    Referncias

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    Accountabilityna Administrao Pblica Federal:Contribuio das Auditorias Operacionais do TCU

    nho nos rgos auditados, quando se utiliza de auditoriasoperacionais, mostra-se verdadeira na medida em que os r-gos auditados possam absorver as sugestes recebidas ecanaliz-las no processo deaccountabilityinterno.

    Por fim, supe-se que um estudo de caso para a hiptesedeste estudo possa permitir pesquisas empricas mais espe-

    cficas. Alm disso, algumas auditorias operacionais do TCUforam realizadas sobre programas de governo, o que tambmdesponta como um campo frtil para pesquisas correlatas.

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