ação educativa - escultura

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Guia do Professor Exposição itinerante de Escultura Ação Educativa exposição

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Ação Educativa - Escultura - Professor

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Page 1: Ação Educativa - Escultura

Guia doProfessor

Exposição itinerante de

Escultura Ação Educativa

exposição

Page 2: Ação Educativa - Escultura

Com o objetivo de criar alternativas à construção do conhecimento de conteúdos disciplinares, como também às temáticas que envolvem o cotidiano dos indivíduos, e seguindo os quatro pilares propostos pela Unesco — aprender a ser, a conviver, a fazer e a conhecer —, o projeto Ação Educativa do SESI-SP propõe questões e atividades dinâmicas, de interação, cooperação e colaboração entre aprendizes e facilitadores.

Serviço Social da Indústria Departamento Regional de São Paulo

Presidente Paulo Skaf

Exposição Itinerante de Escultura

A ç ã o E d u c a t i v a

Coordenação Geral e Concepção SESI-SP Divisão de Desenvolvimento Cultural

Gerência de Projetos Culturais Alvaro Alves Filho

Área de Artes Visuais e Audiovisual Analista de Projetos Socioculturais Guilherme Nakashato

Agente de Atividades Socioculturais Layla Watanabe UedaRenato Ferreira Jacó (estagiário)

Apoio à Produção Gráfica Juliana Cezário Valquíria Palma (estagiária)

Divulgação Deivid Souza Tamiris Bronzato (estagiária) Thaise Fernandes (estagiária)

Conteúdo Armazém de Ideias Edison Rodrigues Filho (redação)Taís Tanira Rodrigues (redação)Rita de Cásssia Garcia Jimenez (redação)Lívia Bianchi Ceolin (preparação e revisão)

Design Gráfico Phábrica de Produções Alecsander Cavalcanti Coelho (projeto gráfico)Lenoath M. Lemes (diagramação)Marcelo Macedo (diagramação)Paulo Ciola (ilustrações)

Conselheiros

Elias Miguel Haddad

Fernando Greiber

Luis Eulalio de Bueno Vidigal Filho

Vandermir Francesconi Júnior

Nelson Abbud João

Nelson Antunes

Nilton Torres de Bastos

Sylvio Alves de Barros Filho

Massimo Andrea Giavina-Bianchi

Nelson Luis de Carvalho Freire

José Roberto de Melo

Ronaldo Bianchi

Sérgio Tiezzi Júnior

Emílio Alves Ferreira Júnior

Superintendente Operacional

Walter Vicioni Gonçalves

Superintendente de Integração

José Felício Castellano

Diretor da Divisão de Desenvolvimento Cultural

Celio Jorge Deffendi

Diretor da Divisão de Educação

Fernando Antonio Carvalho de Souza

Page 3: Ação Educativa - Escultura

Palavra do PresidenteArte e educação por um Brasil melhor

Este novo projeto de arte e educação do SESI-SP, voltado

às escolas e aos grupos de espectadores que frequentam as unidades da instituição e suas

atividades, é um programa muito abrangente, com alcance em todo o Estado de São Paulo.

Trata-se, desse modo, de iniciativa estratégica no âmbito de nossa meta permanente de

multiplicar o acesso da população à cultura.

Acreditamos muito no significado de ações dessa natureza e magnitude para a formação

completa dos indivíduos, que é a grande base de uma sociedade desenvolvida. Somente

a democratização do ensino, das artes e das manifestações culturais é capaz de viabilizar

um país verdadeiramente próspero. Essa é a consciência que subsidia o reconhecido

trabalho do SESI-SP.

Em todos os segmentos artísticos, como música, teatro, dança, exposição, cinema e literatura,

buscamos explorar o potencial pedagógico dos conteúdos, proporcionando vivência rica

em significados, emoções, humanidade e conhecimento. Não é sem razão, portanto, que

a entidade tem sido uma das grandes referências nacionais na disseminação cultural,

contribuindo, assim, para que tenhamos um Brasil cada vez melhor.

Paulo SkafPresidente do SESI-SP

Page 4: Ação Educativa - Escultura

Entreato 15 esculturas em alumínio

A exposição é uma síntese de estudos de Paulo Bordhin com fios de alumínio de várias espessuras, tramados, retorcidos e modelados para dar forma a figuras, adereços e objetos cenográficos inspirados no universo mítico, literário e teatral.

Biografia do artista

Fatos e ficção são elementos do fazer artístico de Paulo Bordhin, gaúcho de São Luiz Gonzaga, graduado, não por acaso, em Jornalismo e Artes Cênicas. Cedo, demonstrou diversos talentos que hoje o consolidam como escultor, designer de joias, compositor musical, ator de cinema, teatro e TV. Em sua carreira exitosa, vinte montagens teatrais, cento e cinquenta filmes publicitários, quatro telenovelas e dois longas-metragens. Nas artes plásticas, alcança feitos incontestáveis, com obras em exposição permanente na Zona D e na Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo/Osesp. Essa trajetória é contada em suas mais de dez exposições e na última individual de 2009, no TU Mercado de Arte. Em 2010, construiu a escultura Paineira, de cinco metros de altura, como parte do cenário para o Prêmio Trip Transformadores, no Auditório do Ibirapuera. Quando não está escalado para algum set de gravação, ensaios ou provas de figurinos e maquiagem, Paulo Bordhin produz em seu atelier, na aprazível Vila Madalena, em São Paulo.

Essa caminhada teve muitos passos, ocupou espaços conceituados, motivou críticas positivas e repercussão favorável na mídia, fruto de inspiração, intuição e perseverança na dose certa.

4 guia do professor | exposição i t inerante de escultura

O banho

Page 5: Ação Educativa - Escultura

Contexto da obraNo início, os escultores utilizavam todos os materiais que se prestavam a receber uma forma em três dimensões – areia, conchas, cristal de rocha e vidro. Escultores contemporâneos como Paulo Bordhin ampliaram enormemente a diversidade de materiais naturais e artificiais, como metais, náilon, plásticos e outros, dando continuidade à antiga tradição de experimentação.

Dono de múltiplas habilidades, o escultor, designer de joias, instrumentista, compositor e ator de teatro, cinema e TV aproveitou o tempo livre entre os ensaios para conceber e desenvolver seres alados, figuras em movimento e estruturas suspensas. Ao trabalhar com um material leve e portátil, o fio de alumínio, nas pausas de espetáculos e ensaios, em camarins e coxias de teatro, Paulo Bordhin transformou esses períodos em pura e pulsante energia criativa, obtendo um resultado expressivo que mistura a perpetuidade da escultura com o efêmero e profundo do drama teatral que se desenrola em espaço e tempo imaginários. Bordhin consegue dar forma artística ao arame, cuja funcionalidade está normalmente ligada ao ato de separar, aprisionar, cercear, sinalizando novas possibilidades de socialização, união e liberdade. Um fio de arame não é nada além de um fio de arame, sem a interferência do artista que o transforma em sentimento, emoção e poesia.

Há uma ponte que liga Bordhin, o escultor, às artes cênicas. O artista plástico, atuando como cenógrafo, ao criar um espaço cênico, tem a possibilidade de harmonizar elementos físicos, como mobiliário, adereços, texturas e cores, e virtuais, como o uso

das novas tecnologias, o que produz um ambiente complementar à caracterização dos personagens, permitindo um jogo de iluminação que favorece a proposta dramática. Projetar um espaço cênico é criar volumes e formas que expressam ideias, suportam o devaneio da imaginação e materializam visualmente o drama.

Esse processo de abstração ativa, esse fazer persistente, consolidou uma forma intuitiva

de expressão que transita do efêmero e passageiro drama no palco para a

perenidade da escultura, alimentando o impulso natural de dar sentido

e função inusitados a objetos ou desfazer coisas que

tenham um destino pré-determinado.

ExposiçõesExposições permanentes:Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo/Osesp no Espaço Zona D, Brasil. - Show room e obras à venda desde 2009.

Centro Cultural do Banco do Brasil/CCBB, Espaço Loja Dom Quixote, São Paulo, Brasil. - Exposição e obras à venda desde 2012.

TU Mercado de Arte, São Paulo, Brasil, 2009 - Exposição Entreátomos

New Century Artist Inc. - Nova York, Estados Unidos, 2008 - Exposição Entreátomos

Bienal Internacional de Sorocaba - São Paulo, Brasil, 2007

Galeria Mali Villas-Bôas, São Paulo, Brasil, 2007 - Exposição Entreátomos

Museu da Escultura/MuBe, São Paulo, Brasil, 2006 - Exposição Presença do alumínio - mostra Associação Brasileira do Alumínio/Abal

Conjunto Cultural da Caixa, São Paulo, Brasil, 2004 - Exposição Metamorfose - mostra resultante de oficina com 360 crianças e adolescentes da ONG Instituto Mensageiros

SESC Pompéia, São Paulo, Brasil, 1997 - Exposição Flávio Império em cena - manequins de arames para projeto da arquiteta Márcia Benevento

5ação educat iva do SE SI- SP

Carmem

Cenografias e AdereçosPrêmio Trip Transformadores 2010

direção de Marcello Dantas, projeto cenográfico em parceria com Adriana Daud

Quem disse que Inês é morta? monólogo de Zuzu Abuh, direção de Fábio Saltini

Maternidades monólogo de Amanda Acosta,

direção de André Fusko

Um anjo na contramão direção de Gianfrancesco Guarnieri, projeto

de cenografia de Márcia Benevento

Antunes ou Seis atrizes à procura

de um personagem direção de Bruno Guida

Vida morte direção de Lourival Reis

Corpo estranho minissérie de

Lourenço Mutarelli, direção de

Renata Jesion

Page 6: Ação Educativa - Escultura

6 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 7ação educat iva do SE SI- SP

Personagens da ficçãoPaulo Bordhin, por trafegar no ambiente lúdico e criativo das artes, e acostumado a viver diferentes papéis, encontrou inspiração em figuras marcantes que têm origem na literatura, na mitologia, na ópera e no teatro.

Carmem (Foto na página anterior)

Sevilha do século XIX é palco de uma história de amor e ódio. Na ópera de Georges Bizet (1838-1875), Carmem é uma mulher sedutora que destrói o casamento de Dom José com sua noiva Micaela. A encenação causou escândalo em sua primeira apresentação, na noite de 3 de março de 1875, na Opéra-Comique de Paris. A ópera foi encomendada para integrar a temporada daquele teatro, que passava àquela altura por dificuldades financeiras. Bizet aceitou o trabalho e propôs como base do enredo a obra escrita trinta anos antes pelo escritor Prosper Mérimée. A controvérsia surgiu a partir da protagonista, uma cigana desprovida de qualquer moral, remorso ou piedade, levando os homens à perdição. Na estreia, o papel de protagonista coube à Célestine Galli-Marié, notável meio-soprano.

Palhaço ShakespearitoOs palhaços são conhecidos há aproximadamente quatro mil anos. O primeiro dramaturgo de que se tem notícia a retratar este arquétipo foi o romano Tito Maccius Plautus (230 a.C.-180 a.C.). Tito não era filósofo, moralista, tampouco psicólogo, mas criou tipos que são imitados por literatos de sua época e da atualidade. Suas comédias estão entre as obras mais antigas em latim, são quase todas adaptações de modelos gregos para o público romano, tal como ocorria na mitologia e na arquitetura romanas. Seus trabalhos serviram de fonte de inspiração para muitos renomados escritores, dentre eles Molière e Shakespeare, este em particular por acrescentar boa dose de ironia ao perfil arquetípico do bufão, ou palhaço. O dramaturgo inglês humanizou e secularizou o que antes era considerado sacrossanto, tornou o teatro mais próximo da realidade das pessoas, dedicando-se a temas profanos. A profusão de características dos personagens de William Shakespeare (1564-1616) é uma rica reunião de virtudes e de vícios, cabendo ao palhaço tirar graça e fazer a plateia pensar sobre a natureza humana.

Dom QuixoteEl ingenioso hidalgo Don Qvixote de La Mancha é o título na ortografia original do livro do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616). A novela realista, escrita a partir de 1602, narra as desventuras do Cavaleiro da Triste Figura, sátira aos preceitos que regiam as histórias fantasiosas de heróis de fancaria, mal-ajambrados, grosseiros e fanfarrões. O cavaleiro, montado no garboso cavalo Rocinante, tem sempre ao seu lado o fiel escudeiro Sancho Pança, em seu burrico. Em 2002, uma comissão de críticos literários de várias partes do mundo considerou Dom Quixote a melhor obra de ficção de todos os tempos. A história, na mais fina prosa castelhana, divide-se em duas partes, uma publicada em 1605 e a outra em 1615, e tem 126 capítulos de encantamento, sabedoria, enternecimento, amizade e divertimento. O cavaleiro magro e alto oscila entre a euforia das maiores loucuras e a profunda tristeza e melancolia.

MorganaA partir do século II, espalha-se uma lenda entre os gauleses: existiria uma ilha da Felicidade onde vivem nove irmãs, gênios femininos com o poder de excitar ou acalmar tempestades, curar doenças e assumir diversas formas. A mais jovem delas, Morgana, domina especialmente as qualidades medicinais das ervas, a arte de alterar as figuras e de se elevar no ar. Conhecida como Fata Morgana, no século XII, sua lenda sofreu grandes alterações, ao invés de reter o rei Artur por amor, ela passa a ser sua irmã, recolhe-o após uma derrota, cura suas feridas e cuida dele até o dia em que retornaria para libertar a Bretanha. As características da sacerdotisa Morgana da lenda medieval acabam por se confundir com as da mitologia germânica e nórdica, adquirindo contornos maléficos.

Outros artistas do

arame e do metal

Page 7: Ação Educativa - Escultura

6 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 7ação educat iva do SE SI- SP

Amilcar de Castro (1920-2002)Escultor, desenhista e designer gráfico mineiro, estabeleceu desde cedo e sempre um forte diálogo com o ferro, material que definiu toda a sua obra, mesmo quando fez litografias. Foi com o ferro que o artista descobriu como trabalhar as formas geométricas em chapas muitas vezes gigantescas. Simplicidade é a melhor definição para o seu processo criador, a transposição dos desenhos geométricos feitos e recortados em papel para as pesadíssimas estruturas de ferro; a escolha de quadrados, retângulos, círculos e triângulos; os cortes secos e precisos, dobras ou torções perfeitas e decisivas; o uso certeiro de contrastes entre preto e branco, cheio e vazio, peso e leveza. Sua obra dispensa bases, efeitos, representações. O que no papel é traço bidimensional, no ferro é talho tridimensional, movimento e suporte. Uma obra constituída de uma única peça — síntese, estrutura, meditação e expressão. Como o próprio autor elucida: “Escultura é a descoberta da forma do silêncio onde a luz guarda a sombra e comove”.

Luiz Hermano (1954)Cearense, radicado em São Paulo, o artista dá corpo ao metal formando teias feitas de vazios. As esculturas e os objetos avançam sobre o espaço tridimensional e ganham forma na ação de trançar. As obras se constituem de tramas porque são extensões do corpo instável, vibrátil, que pula, pulsa, ondula e se expressa em movimentos inusitados, curiosos, inquietos. A obra engendra seu mundo, detalha minúcias, retorce fios que se colam a pedaços encaixados em partes independentes para compor uma unidade, um todo, refazendo a função de pequenas coisas, objetos pré-fabricados, brinquedos, restos de móveis e de utensílios domésticos — aqui, novamente, o trivial se transforma em expressão, ideia, sentimento e emoção.

Mary Vieira (1927-2001)Paulistana, a escultora e designer estudou pintura e desenho com Guignard e escultura com Franz Weissmann e Amilcar de Castro. De 1948 a 1966, a artista, uma das precursoras da arte concreta no Brasil, inovou ao apresentar esculturas eletromecânicas, sendo Formas Elétrico-Rolatórias, Espirálicas à Perfuração Virtual, uma estrutura cinevisual ao ar livre, a sua primeira, depois vieram as obras do conjunto de trabalhos intitulados multivolumes e, derivado deste, o conjunto de polivolumes inteiramente articulados. Sua produção se caracteriza pelo uso das formas geométricas, cores, linhas e planos que trabalham a espacialidade e a comunicação em esculturas interativas e dinâmicas, excluindo as formas estáticas de seu repertório. Os elementos móveis que Mary associa incitam o observador ao toque e se alteram, variando de forma e volumetria e propiciando experiências lúdicas em exercícios de estesia. A articulação manual e a participação livre do público fazem parte da elaboração de sua obra, que utiliza peças leves de alumínio anodizado, aço inoxidável e fios de alpaca. Em 1966, passou à professora titular da cadeira de estruturação espacial na Escola Superior de Arte e Técnicas de Planejamento Gráfico e do Design Industrial, na Suíça.

Alexander Calder (1928-1976)Considerado o maior escultor do século XX, o americano formado em Engenharia Mecânica explorou a arte cinética e tornou-se um dos poucos artistas a criar uma nova forma de escultura, o móbile, que não representa o movimento, mas está em movimento. A mais conhecida de suas obras, Le Grand Cirque Calder ou O grande circo de Calder (1927), é uma série de cenas circenses em miniaturas que utiliza, além de arame, tubos de borracha, botões, chifres de metais, couro, tecido, papelão, cortiça, tinta e corda. Moldando fios de metal, ele encontrou o caminho da sua expressividade e, mantendo em suas obras um lirismo quase infantil, fez personagens de estuque, joias, cenários para teatro, constelações de madeira e ferro e a série de esculturas de seus últimos anos, Setas. O trabalho de Calder, assim como o de Bordhin, é prova de que materiais simples e corriqueiros podem se transformar em matéria lúdica e arte.

Franz Weissmann (1911-2005)Escultor, desenhista, pintor e professor, austríaco, naturalizado brasileiro, veio para o Brasil aos dez anos. Entre 1939 e 1941 cursou arquitetura, escultura, pintura e desenho e entre 1942 e 1944 estudou desenho, escultura, modelagem e fundição com August Zamoyski, antes de mudar-se para Belo Horizonte, onde passa a lecionar escultura a convite do professor Guignard, na Escola do Parque, sendo mestre de Amilcar de Castro e Mary Vieira. Sua produção começou figurativista, mas a partir de 1950 Franz rendeu-se às formas geométricas. Adotou o metal, primeiro pintando-o, depois o expondo naturalmente e experimentou recortes e dobraduras em chapas de ferro, fios de aço, alumínio em verga ou folha. O trabalho com planos e volumes direcionou seu interesse pelos desenhos criados no vazio, no interior das esculturas. Voltou para o Rio de Janeiro e tornou-se um dos fundadores do Grupo Neoconcreto. Na década de 1960, expôs uma nova série, Amassados, feita com chapas de zinco ou alumínio trabalhadas a martelo, porrete e instrumentos cortantes. Em experiências construtivistas, com uma linguagem mais orgânica, suas obras ganharam cada vez mais leveza, voltam as cores sobre o metal. Na década de 1970, o destaque foi para suas obras públicas que ganhavam escalas monumentais no cotidiano das cidades, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A cor das esculturas de Weissmann destaca-se no espaço urbano e suas formas se desdobram na paisagem.

Lygia Clark (1920-1988)Pintora e escultora, a mineira foi trocando gradualmente a pintura pela escultura, o estático pelas construções e criações de movimento cinético tridimensionais. Lygia estudou arte terapêutica, arte sensorial e as relações espaciais do plano e, com Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, assinou o Manifesto Neocroncreto em 1959, após as discordâncias com o grupo Concreto dos artistas paulistanos. Seus trabalhos passaram a apresentar desdobramentos planimétricos, dinamismo espacial, formas variadas, deformadas, transformadas, considerando sempre a atuação do fruidor-usuário. A artista definia sua produção como “organismos vivos, essencialmente ativos” e rompia a fronteira entre sujeito e objeto. Usando placas de metal por vezes fixas, por vezes dobradas e, em algumas situações, placas articuladas unidas por dobradiças e, em outras, espirais maleáveis recortadas em metal ou em borracha, sempre encorajou a manipulação do observador como forma de criar novas configurações. Em 1964, resolvida a angariar a participação mais ativa do público, cria Caminhando, obra em que propõe ao participante cortar e torcer uma faixa de papel em uma de suas extremidades, unindo as duas pontas, tal qual a fita de Moebius, para depois recortá-la de forma contínua no comprimento. O corte a faz desdobrar-se e entrelaçar-se cada vez mais, tornando sua forma extremamente complexa, assim, enquanto o espectador brinca, experimenta um espaço sem frente ou verso, avesso ou direito, e sem perceber compartilha a criação da obra de arte.

Outros artistas do

arame e do metalMaterializar ideias por meio de

formas de arame, alpaca, alumínio anodizado, aço inoxidável, ferro e

outros metais é uma arte que vem se desenvolvendo ao longo dos tempos

Page 8: Ação Educativa - Escultura

8 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 9ação educat iva do SE SI- SP

A arte de escavar, esculpir, entalhar e moldar

O papel do artista nesse palco de vários atores é ampliar os limites do imediato, propor novos significados às coisas que, muitas vezes, em si mesmas não têm significado algum. As esculturas, num contexto de extremo contraste entre o lúdico e o real, são como loucas transfigurações tridimensionais, fruto de fértil imaginação, conhecimentos técnicos e práticos, percepção, criatividade e ousadia, são invenção de formas no espaço.

A arte de modelar o barro ou a cera, esculpir em madeira ou pedra, fundir metal ou construir estátuas, relevos e estruturas em metal, plástico e outros materiais é uma das mais antigas artes praticadas pelo homem e uma das mais disseminadas pelo mundo, desde épocas remotas.

Há dois tipos básicos de escultura:

- em relevo, quando as formas se destacam de um fundo, contempladas contra um plano;

- em redondo, quando as figuras se desenvolvem livremente no espaço real e suas formas podem ser vistas por todos os ângulos.

Certos tipos de escultura moderna, como os móbiles, suspensos no ar, usam o movimento real de forma expressiva por efeito do vento. A dinâmica, em si, torna-se parte da obra. Qualquer material capaz de ser plasmado e de reter a forma pode ser usado pelo escultor em obras compactas, ocas, lineares, vazadas ou que se projetem no meio que as cercam. Vários materiais se prestam a esta arte: os tradicionais, perenes e rígidos, como o bronze e o mármore; os que sofrem influência do tempo, como o gelo, a areia e os vegetais, entre outros; e os maleáveis, como a argila e a cera.

As técnicas escultóricas dividem-se em dois grandes grupos baseados na adição ou subtração de matéria.

- Adição, método plástico no qual o escultor pode ou não trabalhar com um suporte, uma estrutura rígida central, aplicando sucessivas camadas de material mole e plasmável até a criação da forma desejada.

- Subtração, método glíptico em que o artista parte de um bloco maciço, cortando ou extraindo dele partes supérfluas, depois, desbastando lenta e constantemente a peça e, por último, talhando e esculpindo a forma desenhada.

São quatro os métodos básicos para produzir uma escultura com materiais brutos:

- entalhe;

- modelagem;

- construção;

- molde. Este último é um método que atende à necessidade de reprodução do objeto. Para cada tipo de material existe uma metodologia específica, várias etapas e diferentes ferramentas para cada uma.

O entalhe e o cinzelamento servem para o trabalho com madeira ou pedra, por exemplo, selecionadas em função de sua textura e da beleza do material proporcionada pelos veios e pela tonalidade da matéria-prima; o acabamento da obra é dado com tintas, vernizes, óleos e ceras, preparados com resinas químicas ou naturais.

A modelagem serve aos materiais macios e flexíveis, facilmente modeláveis, como a cera, o gesso e a argila, que, adicionados, vão dando forma e volume ao trabalho, partindo do centro para a periferia da peça, sendo também o primeiro passo para a confecção de esculturas mediante outras técnicas, como a fundição e a moldagem. No caso da argila, a escultura passará por uma etapa final de cozimento que aumentará sua resistência.

A construção é um procedimento característico do século XX, fruto de inúmeras descobertas nos campos científico e industrial e da variedade de materiais e técnicas disponíveis, serve para a formação de uma escultura a partir de várias partes componentes, que podem ser todas do mesmo material ou de substâncias diferentes. Aos materiais escultóricos tradicionais — madeira, pedra, metal — podem ser incorporadas as modernas resinas plásticas, fibras de vidro, plásticos transparentes, substâncias químicas derivadas do petróleo, formas pré-fabricadas e outros, capazes de erguer e sustentar peças pesadas e eliminar antigas restrições nas formas esculpidas, abrindo caminhos para diferentes representações e relações entre espaço e massa. Todo tipo de objeto encontrado pode ser combinado com materiais brutos, gerando obras que se movem no espaço e emitem som e luz, criando novos contextos, além da possibilidade de utilizar mecanismos motorizados, circuitos elétricos e técnicas industriais de fundição.

SubtraçãoSubtração

Page 9: Ação Educativa - Escultura

8 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 9ação educat iva do SE SI- SP

O molde, processo utilizado para copiar uma peça original, em diferentes materiais, como metal ou resina. O uso mais tradicional do molde é no método da cera perdida para obras ocas em bronze, em geral as de tamanho médio e grande, pois as pequenas podem ser maciças. Sobre um modelo de argila é feito um molde oco de gesso, em tasselos, que será preenchido por cera — em outros processos normalmente são usadas substâncias líquidas ou pastosas que, depois de secas e endurecidas, transformam-se no objeto a ser reproduzido, como argila, metal líquido, chumbo derretido e outros –, depois, o molde em cera é coberto com gesso misturado a materiais refratários endurecidos em forno de alta temperatura, podendo receber o bronze derretido, que penetra no molde de cera, drenando a cera que escorre para fora do molde. O gesso é retirado em lavagem a jato de água e a escultura em metal passa pelas etapas finais de recorte e acabamento. As esculturas em resina passam por processo semelhante com o uso de resina líquida no lugar do bronze derretido.

Os artistas contemporâneos conhecem a técnica e a prática, porém, nem sempre são os executores do processo de confecção das peças, contando para isso com experientes fundidores e técnicos das mais diferentes áreas de produção que manipulam materiais para dar forma ao seu projeto, principalmente no caso de trabalhos de grandes dimensões. Contudo, a obra revela a concepção estética e poética do artista, em consonância com seus estudos, projetos, processos, linguagens e propósitos.

Todo aquele que cria e projeta a forma tridimensional intencionalmente é um escultor. Há artistas que utilizam elementos da natureza, como o mestre Frans Krajcberg (1921) ao se apropriar e intervir sobre materiais como galhos e troncos retorcidos ou queimados e abandonados nos mangues brasileiros, como consequência das mais variadas e destrutivas ações do homem. O que vale é a forma e é sempre o homem a lhe dar ou tirar algum significado, seja ela figurativa ou abstrata. Fídias, Michelangelo, Donatello, Bernini, Aleijadinho, Victor Brecheret, Auguste Rodin e Brancusi são os escultores mais conhecidos da história. O artista, como um mago, cria formas para despertar a fantasia. Não há vida sem fantasia, não há fantasia sem arte, não há vida sem arte.

A obra de Paulo Bordhin, portanto, nasce a partir da adição da matéria, os fios de arame, que são enrolados, dobrados e modelados até sua forma final, constituindo uma peça que é única, feita uma a uma, sem o uso de molde. Nesse caso, ainda que o autor faça vários exemplares do mesmo

personagem, e por mais semelhantes que eles possam ser, sempre serão peças únicas

porque o trabalho gestual, as dobras do fio, a formação dos ninhos serão

realizados de maneira diferente a cada vez, sendo impossível repeti-los fielmente.

AdiçãoAdição

O sanfoneiro

Jogador de futebol

Page 10: Ação Educativa - Escultura

Materialidade das ideias

O tridimensional e a perspectiva

Apesar de a escultura contemporânea muitas vezes se utilizar de materiais efêmeros, como crítica e comentário, essa linguagem desafiou, mais que nenhuma outra, o tempo com sua perenidade. Em dezembro de 1912, numa zona residencial da cidade de Amarna, que foi capital do Antigo Egito, uma equipe de arqueólogos alemães deparou-se com o busto da célebre rainha Nefertiti, que viveu e reinou entre 1380 e 1345 a.C. A peça,

Expressão tridimensional do subjetivo, a escultura é a arte de modelar ou entalhar determinados materiais como argila ou barro, cera, madeira, pedra e metais, entre outros. O artista produz uma escultura criando volumes, formas e relações espaciais, utilizando sua criatividade para representar sentimentos e ideias. Pode-se dizer que a tarefa do escultor é colaborar com o material, explorar suas qualidades, respeitar suas características, sem impor a ele exigências que não poderá cumprir. Talvez por isso, Michelangelo acreditasse estar a forma aprisionada dentro do bloco à espera de ser libertada.

A escultura é definida como a arte da representação tridimensional em relevo total ou parcial e, desde o seu surgimento, tem o objetivo de representar qualquer coisa de forma artística, sendo seu tema predileto o corpo humano. A evolução das ideias nessa área de atuação foi prestigiada pela industrialização de materiais e ferramentas mecanizadas e pelo avanço nas comunicações, que permite a troca de experiências e o acompanhamento das experimentações e criações entre artistas de todo o mundo.

também conhecida como Busto de Berlim, estava em perfeito estado de conservação, guardada na oficina de um escultor chamado Tutmés. A presença de bustos em bronze e mármore na história da arte ocidental é percebida a partir do século XVI, em meio à revolução comercial posterior ao período medieval.

Hoje, as formas escultóricas podem ser feitas com qualquer material, de qualquer tamanho e com graus de complexidade altíssimos devido à necessidade de planejar várias etapas envolvendo, muitas vezes, diferentes técnicos. Dessa forma, torna-se

imprescindível um projeto pormenorizado, estudado em seus aspectos técnicos, estéticos e testado

em relação ao comportamento dos materiais, peso, contrapeso, volume e inúmeros outros

detalhes econômicos, burocráticos e legais. Daí a necessidade de se fazer, muitas

vezes, um modelo em escala reduzida ou uma maquete, um meio de testar as teorias em torno do projeto, aumentar sua segurança, evitar o desperdício e viabilizar apoio ou financiamento.

É comum haver certa confusão com relação a esses dois termos. Perspectiva vem do latim, perspicere, e significa ver através de, em poucas palavras, é a representação gráfica da forma tridimensional. A tela e o papel têm duas dimensões e a visão humana atua em três. Perspectiva é a técnica utilizada para criar uma ilusão de profundidade, compensando a limitação bidimensional

da representação gráfica. Assim, tridimensional é tudo aquilo que efetivamente tem três dimensões: altura, largura e profundidade, e a sua representação bidimensional é a perspectiva. Na pintura, o recurso da perspectiva é utilizado desde a Renascença, porque antes, na Idade Média, a pintura não podia ser realista. Ao dividir a tela em planos de proximidade e distanciamento, o artista obtém a sensação de

profundidade. Em planos secundários, as figuras diminuem conforme se distanciam do primeiro plano. Na visão humana, os objetos diminuem conforme aumenta a distância. O cérebro complementa as lacunas que as técnicas gráficas induzem, a mente constrói a realidade tridimensional com riqueza de detalhes, texturas e profundidade, proporcionando uma sensação real no plano artístico, evocativo e sensorial.

Átomo

1 0 guia do professor | exposição i t inerante de escultura

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A escultura é uma das primeiras manifestações artísticas humanas. Arqueólogos encontraram diversos exemplares que datam do período pré-histórico, época em que sua produção esteve voltada para a magia e a religião. No Paleolítico Superior (até 10 mil a.C.), figuras humanas femininas, ainda sem rosto — as diversas Vênus, de Lespugue, de Willendorf —, ou de animais ganham destaque entre os objetos tridimensionais, ao lado dos primeiros baixos-relevos do homem primitivo. As tribos usam máscaras em suas danças cerimoniais e ritos, constroem totens e jogos de simulação, figuras zoomórficas e antropomórficas, zoólitos e petróglifos. Entretanto, a verdadeira escultura aparece pela primeira vez no Oriente Próximo.

A cerâmica é tão importante para o Japão que seus períodos tomam o nome de suas cerâmicas, como Jomon (10 mil a 300 a.C.) e Yayoi (300 a.C. a 300 d.C.). O período Asuka (593 a 710 d.C.) dura cerca de 100 anos e é marcado por relevantes transformações sociais, políticas e artísticas, sobretudo na arquitetura e na filosofia. Nessa época, o escultor chinês Kuratsukuri Tori trouxe para o país o estilo da Dinastia Wei do Norte, por isso a expressão estilo Tori é muitas vezes usada para fazer referência ao período que adotou o Budismo. A esse período também pertencem as placas em barro que representam, em relevo, a tríade budista. Cabe destacar o uso de esculturas Haniva, artefatos de barro e réplicas em miniatura de casas, cavalos e seres humanos, encontradas dentro de tumbas de várias regiões do Japão. Segundo a crença da época, eram utilizadas para proteger os senhores feudais dos maus espíritos num ritual que teve início a partir do século V, quando as colônias que abrigavam os clãs e senhores feudais reverenciavam os mortos construindo grandes túmulos, cujo tamanho correspondia à importância da pessoa enterrada. A imagem em madeira do século IX de Shakyamuni, um Buda histórico, com seu corpo curvado, coberto com um denso drapeado e com uma austera expressão facial, é a típica escultura da era Heian (794 a.C. a 1192 d.C.), importante período de transformação e adaptação de todos os elementos culturais — que até então vinham sendo copiados da China — às características essencialmente nipônicas.

História da escultura no cenário mundial

Na Mesopotâmia, os baixos-relevos e as pequenas figuras, bastante estilizadas, demonstram enorme vitalidade, uma vez que o escultor realça o detalhe naturalístico, acentuando músculos e membros que os caracterizam de modo inconfundível. Os povos do Egeu produziram escultura de pequenas dimensões. No Egito, ela é norteada pelo sentido de perenidade, com objetivo de dar uma forma física aos deuses e seus representantes na Terra, os faraós. As imagens privilegiam as faces frontal e lateral do bloco. A escultura egípcia, animista, lança mão da abordagem cúbica do bloco, partindo das extremidades para o seu interior, deixando-o aparente. Simétrica e monumental, devia obedecer a rígidas regras — homens mais escuros que mulheres e com suas mãos cerradas, figuras em pé, com uma perna na frente da outra, indicando estabilidade e não movimento. Cada deus tinha suas formas específicas de representação, em geral vinculadas ao padrão estético estabelecido pelas dinastias vigentes, porém, sem demonstrar características individuais. Criaram peças maravilhosas, como a cabeça de Nefertiti ou a máscara mortuária de Tutancâmon. Os gregos destacaram-se nas artes, em pinturas e obras de arquitetura que impressionam até hoje, mas nada se compara às suas esculturas. Com uma forte noção de realismo, os escultores da Grécia Antiga buscavam aproximar suas obras da experiência da vida concreta, utilizando recursos e detalhes em cenas do cotidiano, evocando acontecimentos históricos e, sobretudo, sua religiosidade e mitologia.

A civilização do vale do Indo produziu, em pedra e bronze, as mais antigas esculturas da Índia e, com o advento das religiões, criou grandes santuários com gigantescas estátuas esculpidas diretamente na rocha. No noroeste da Índia, região atualmente ocupada pelo Paquistão e Afeganistão, ao longo do século II a.C., as esculturas passaram a narrar a vida e os ensinamentos de Buda e, embora tendo longa tradição em esculturas religiosas, Buda era sempre representado por símbolos e nunca na forma humana. Essa alteração indica uma forte influência artística dos persas e gregos na região.

A arte escultórica chinesa esteve em destaque em determinados períodos da história daquele país. Na Dinastia Zhou (1050 a 771 a.C.), foram produzidos vasos em bronze fundido e seus artesãos atingem o apogeu técnico e artístico. Em 2007, arqueólogos descobriram quatro estátuas de seres humanos feitas na época da Dinastia Zhou; todas eram de madeira, mas o tempo destruiu o material original, dando-lhes a aparência similar à da argila. As figuras, de 80 cm de altura, pintadas em quatro cores, estavam nas quatro quinas de uma tumba encontrada na localidade

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de Liangdai, na província de Shaanxi (centro). No local das escavações, onde os arqueólogos trabalham desde abril de 2005, já tinham sido descobertas várias peças de ouro, cobre, jade e ferro, e da Dinastia Han (206 a 220 a.C.) temos registro do exército de terracota de Xian, em tamanho natural, defendendo a tumba do imperador. O período considerado a idade de ouro da China é a Dinastia Tang, com suas esculturas budistas, algumas monumentais, consideradas tesouros da arte mundial. É interessante notar que a arte chinesa não tem nus, como é comum na arte ocidental, à exceção de pequenas estátuas para uso dos médicos tradicionais. Também tem poucos retratos, exceto nos mosteiros, onde eram mais comuns.

A evolução cronológica da escultura grega passa pelos períodos Geométrico (900 a 700 a.C., com estatuetas de bronze e barro, de formas estilizadas), Dedálico (650 a 600 a.C., em homenagem a Dédalo, o herói mítico tido como inventor da arte da escultura; apresenta estatuária de grandes dimensões, muitas com o estilo frontal dos egípcios, sendo as femininas concebidas com longas túnicas e as masculinas, com sua anatomia exposta), Arcaico (600 a 500 a.C., período aristocrático de florescimento da arquitetura e das decorações escultóricas, privilegia o mármore, a frontalidade, maior atenção à anatomia, à estrutura óssea, ao detalhamento da musculatura e à idealização das formas) e Severo (500 a 450 a.C., com a ascensão da burguesia e introdução da democracia, o decorativismo foi substituído pelo naturalismo, que empresta movimento aos corpos retratados em esculturas e relevos, agora de atletas, líderes políticos e divindades).

Nervos, músculos, veias, expressões e sentimentos — a figura humana representa divindades numa beleza exata de harmonia e proporção que beira à perfeição. A expressão matemática da perfeição é a proporção áurea, uma constante real algébrica irracional representada pela letra grega ϕ (PHI), em homenagem ao escultor Fídias (Phídias). Vem daí o fato de a contemplação da arte, no mais das vezes, sugerir uma deificação de objetos discriminados, e o artista, numa espécie de sacerdócio, erguer totens votivos ao deleite humano, fazendo transcendentais materiais efêmeros, sublimando o banal.

No período Clássico (450 a 323 a.C.), com o total respeito às proporções, as obras perdem em expressividade, mas ganham em verossimilhança e surgem os primeiros retratos, de frente e de costas, que revelam panejamentos e mantos das vestes gregas. No Helenístico (323 a 27 a.C.), época das conquistas de Alexandre Magno, de incursões pela Ásia, intercâmbio entre artistas, fusão polimorfa, as esculturas recebem efeitos de transparência nos tecidos e jogos de luz, pendendo para uma produção mais estética, de maior expressividade, dinamismo e refino no acabamento das superfícies.

A arte de esculpir tem a Grécia clássica como o berço ocidental, e Fídias (490-432 a.C.) o maior escultor do período, criador do Parthenon e das estátuas dos deuses gregos, um dos poucos a receber reconhecimento individual.

Os etruscos seguiram a tradição grega do período Arcaico, mas trabalharam basicamente em argila e emprestaram energia e vitalidade a sua produção. Os romanos, depois de se dedicarem à tradição etrusca, seguiram os gregos e aderiram à cultura clássica, produziram esculturas até o fim do império, em escala monumental e em quantidade impressionante, espalhando principalmente o trabalho em mármore pela grande propriedade territorial na Europa e em torno do Mediterrâneo. Com o advento do Cristianismo, a representação de imagens foi vinculada ao paganismo, então, delicadas imagens sacras passam a ser esculpidas em marfim. A escultura começa reviver em Bizâncio, futura Constantinopla, ganha força no período românico — como era denominada a expressão artística na Alta Idade Média — e desenvolve-se notavelmente no gótico — como era denominada a expressão artística na Baixa Idade Média —, quase sempre unida à decoração arquitetônica, marcadamente ogival.

No período histórico de quase um milênio, iniciado com a tomada do Império Romano (século V) e findo com a conquista de Constantinopla (século XV), entre a Idade Antiga e a Idade Moderna, conhecido como Idade Média, pouco se produziu em acervo escultórico. Apesar dos bárbaros, das pestes, dos feudos, das feiras, dos cavaleiros, das cruzadas, heresias e igrejas, o período injustamente cunhado como Idade das Trevas foi de uma dinâmica singular; à ação e às conquistas dos medievais devemos o modelo de organização das redes urbanas, as teorias administrativas, as peculiaridades de um contexto político descentralizado, as festas carnavalescas, algumas feições das universidades atuais, as grandes navegações, a unificação da Europa, o desenvolvimento das línguas e da literatura europeia, as feiras como a origem das atividades comerciais e muitos outros legados. A arte esteve sob influência e controle da igreja, e as comunidades tinham no entorno das catedrais seu mote e impulso de vida; surgiram algumas esculturas góticas, que prezavam o naturalismo ao retratar anjos, santos e personagens bíblicos, facilitando a leitura aos fiéis iletrados, e a arte fúnebre, com suas tumbas elaboradas. As esculturas complementavam a arquitetura, como a porta da Catedral de Chartres (meados do século XII), ornavam as igrejas e serviam de pilares; as imagens retratavam figuras híbridas e grotescas, como os dragões e as famosas gárgulas; os escultores não possuíam autonomia na execução de sua obra, mas a arquitetura ganhava em verticalidade, leveza e arcos aplicados na construção de igrejas, mosteiros, castelos e catedrais.

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No início da Idade Moderna, com a pujança do movimento renascentista, quando comerciantes, governantes e clero acumularam riquezas provenientes do comércio, nasceu a importante figura do mecenas, que oferecia proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Famílias nobres encomendavam obras de artes e, assim, inteligência, conhecimento e dom artístico passaram a ser extremamente valorizados no ser humano e este, principal personagem de sua época – antropocentrismo. Os cientistas da Renascença utilizaram métodos experimentais e de observação da natureza e universo enquanto os artistas valorizavam a cultura greco-romana, sua visão completa e humana da natureza, redescobrindo as possibilidades do nu. A Península Itálica passou a ser o novo centro artístico e cultural, estimulando outros países europeus, como Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos, a investir nas artes. Mestres como Andrea del Verrocchio, Donatello e seu Davi em bronze (1430), a estátua equestre do Gattamelata (1450) ou suas inúmeras esculturas em mármore abriram caminho para a obra maior de Michelangelo, com seu magnífico David (1504) em mármore, Pietá (1500) e Moisés (c. 1515). Provavelmente o David de Florença seja a escultura mais famosa do mundo desde que foi revelada, em 8 de setembro de 1504. É um exemplo de contrapposto, estilo de posicionar figuras humanas, iniciado com a obra grega O Efebo (480 a.C.), de Krítios.

Quando o escultor e ourives Benvenuto Cellini (1500-1571) criou um saleiro em ouro e ébano em 1540, mostrando Netuno e Anfitrite em formas alongadas e posições desconfortáveis, transformou o Naturalismo e criou a obra maior do Maneirismo.

Na escultura, o Maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade, repetindo-se os aspectos da arquitetura e da pintura. Não faltam formas caprichosas; superposições de planos e figuras num equilíbrio aparentemente frágil; composições com figuras unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos; excesso nos detalhes, elementos que criam certa atmosfera de tensão, característica do espírito maneirista, tudo sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto. Seus maiores representantes são Bartolomeo Ammanati (1511-1592), que construiu a fonte da Piazza della Signoria, em Florença, e Giovanni Bologna, Giambologna, (1529-1608), que se estabeleceu em Florença, na corte dos Medici — família de banqueiros e mecenas conhecida por investir na arquitetura da cidade e no apoio aos pintores e escultores, promovendo a arte e a cultura —, e tem Baco (1498), Mercúrio (1556), O rapto das Sabinas (1582) e Os pescadores entre as obras mais importantes desse período e Fonte de Netuno como uma de suas mais célebres esculturas. Giambologna trabalhou com igual maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande conhecedor da técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas de bronze. Michelangelo está para o Renascimento como Giambologna está para o Maneirismo.

O Maneirismo, em sua forma mais rebuscada, transformou-se no Barroco — manifestações artísticas do período entre 1601 e 1700, que acrescenta elementos exteriores, como efeitos de iluminação. O escultor, arquiteto e pintor italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) foi, sem dúvida, o mais importante escultor desse período; ao envolver o espectador na ação, revolucionou os conceitos da estatuária renascentista então em voga, optando pelo movimento, liberdade de concepção, valores táteis e expressão dos rostos. Entre suas obras destacam-se David lançando a pedra (1619), O rapto de Prosérpina (1621), Apolo e Dafne (1623) e O êxtase de Santa Teresa (1647), considerada como um dos pontos altos da escultura barroca.

Após os excessos do Barroco, o Neoclassicismo (século XVIII e parte do século XIX) é uma volta ao modelo helenista clássico, enquanto a Modernidade, na primeira metade do século XX, teve

a magnífica contribuição do francês Auguste Rodin (1840-1917) e seu O pensador

(1902, exibido ao público somente em 1904) entre tantas outras obras

que desenvolveu a partir do aprendizado inicial na cozinha de sua mãe, moldando massa de

pão. Rodin teve como assistente a escultora Camille Claudel (1864-

1943), com quem teve um romance e cujos trabalhos são muitas vezes confundidos com os seus. Com a sua escultura, Auguste Rodin trabalhou

a tridimensionalidade das superfícies em múltiplas facetas, de modo a causar

a impressão de emoções verdadeiras e de movimento, desafiando os limites

da estabilidade e criando, assim, uma nova linguagem plástica; as formas carnais de suas figuras nada acadêmicas estão espalhadas

pelos museus do mundo. Além de Rodin, a escultura esteve

estreitamente ligada à arquitetura, com função decorativa. A criação tridimensional

começou a desenvolver objetos de uso diário, produzidos com materiais nobres, com um

desenho que os elevava à categoria de obras de arte. Os movimentos Arts & Crafts, na Inglaterra, e o Art

Noveau, na França, no final do século XIX, tinham como meta a revalorização do artesão e dos produtos feitos à mão e a produção de objetos mais elaborados a baixos preços pela indústria. Formaram-se ateliês de artesãos, onde se produzia mobiliário raro e caro, as famosas peças de Lalique, baixelas de ouro e prata, refinada joalheria e os desenhos em cristal Tiffany.

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Um objeto de arte não é mais do que material trazido de sua realidade própria para a realidade alheia, um objeto inspirador de novos sentidos, permeável a novas apreensões, transgressor do óbvio, da pressa do cotidiano e das ações comuns.

Pablo Picasso (1881-1973), por exemplo, inovou ao trazer seus conceitos cubistas — que reduzem a forma a poucos ângulos e planos básicos, com novas leituras em torno de massa, volume e espaço — para o tridimensional, sobretudo quando introduziu o uso de objetos encontrados e materiais pouco nobres à escultura. Uma amostra de sua obra inquietante é a escultura de 15 metros de altura realizada à beira do lago Vänern, em 1965, na Suécia. Um de seus maiores feitos destaca-se na paisagem do lugar como um marco e uma saudação para os navios que chegam ao porto de Kristinehamn. O francês Marcel Duchamp (1887-1968) foi ainda mais longe ao apresentar como obras de arte objetos funcionais de uso cotidiano, sem qualquer modificação, questionando os cânones da tradição e arte escultórica em meio ao mercantilismo do desenho industrial, numa época de grandes mudanças sociais, políticas e filosóficas que culminaram na Primeira Guerra Mundial. Os movimentos Dadaísmo e Surrealismo ocuparam-se em investigar a futilidade e a fantasia, transformando suas visões em formas artísticas. Os futuristas e os construtivistas buscaram uma arte apropriada à era das máquinas e do desenvolvimento urbano, enquanto a arte abstrata, após a Segunda Guerra Mundial, rompia com conceitos sociais ou políticos, dedicando-se a conversar com os materiais, entender suas características físicas e as possibilidades que forneciam em termos de sensações visuais. Constantin Brancusi (1876-1957) foi o grande representante do movimento abstrato, graças, sobretudo, as suas relações com artistas de vanguarda, como Max Jacob, Apollinaire, Picasso, Léger e Modigliani. Brancusi criou estilo próprio, abandonando o nu e toda a temática romântica até chegar às formas mais despojadas, os ovoides, libertando-se das aparências de superfície para revelar a beleza dos próprios materiais utilizados e integrando a base da escultura como elemento da obra e não como mero suporte tradicionalmente adotado.

Da mesma forma, Henry Moore (1898-1986) deixa transparecer nas suas obras o primitivismo de Brancusi, defendendo a estética dos materiais, o fato de cada um ter as suas próprias qualidades individuais. Uma das suas esculturas mais famosas, Duas formas (1936) descende de O beijo (1908) de Brancusi, que, por sua vez, já descendia de O beijo (1886) de Rodin. Tal como Brancusi, Moore privilegiou o aspecto tátil ao aspecto visual em suas esculturas, tornando mais abstratas e sutis as suas formas que, para além de primitivas, davam a sensação de provir da lenta erosão de milhares de anos. O artista não reproduzia formas naturais, mas tecia um comentário, fazendo uma interpretação livre dessas mesmas formas, traduzidas com o máximo aproveitamento de suas potencialidades plásticas.

A Pop Art, nos anos 1950 e 1960, critica a sociedade de consumo ao se apropriar da imagem e de produto de consumo de massa como linguagem e expressão. Nos anos 1960, os minimalistas começaram a se apropriar de objetos brutos da indústria para compor obras em grandes dimensões, ocupando o espaço e trazendo a escultura para o chão. O americano David Smith (1906-1965) influenciou a estrutura primária da arte minimal durante os anos 1960. Ele não estudou escultura, mas aprendeu a trabalhar o metal numa fábrica de automóveis e, inspirado no trabalho de Picasso e Júlio González, foi o primeiro norte-americano a fazer esculturas de metal soldado, integrando, aos poucos, ferramentas e elementos industriais às esculturas. A crítica dos escultores pop e hiper-realistas à vulgaridade da vida moderna perderia força se não usassem exatamente os mesmos materiais criados pela sociedade de consumo.

Assim, foi surgindo uma nova escala de trabalho, real e simbólica, que despreza a figura humana e enaltece conceitos abstratos mimetizados em gigantescas construções arquitetônicas,

possibilitando o uso da paisagem como um grande atelier ou uma imensa

galeria ao ar livre. É o caso dos americanos Christo (1935) e Jeanne-

Claude (1935-2009), um casal de artistas plásticos mundialmente conhecido por embrulhar monumentos, relevos e acidentes

naturais, prédios e construções, suas empaquetages. Em Wrapped

Coast (1972), eles cobriram um trecho de costa com um quilômetro e meio

de extensão em Little Bay, próximo a Sydney; na Austrália (1976), utilizaram 40 quilômetros de pano branco para percorrer as colinas da Califórnia na obra Running Fence (1985); na cidade de

Paris, criaram a The Pont Neuf Wrapped, ao embrulhar a ponte em tela grossa amarrada

com corda e em 1995 puseram em prática seu mais ambicioso projeto, guardado há 22 anos:

empacotar, durante duas semanas, o edifício do Parlamento em Berlim, The Wrapped Reichstag, uma obra de 15 milhões de marcos. Seguiram, sem parar, estendendo cortinas de náilon na cor do sol poente sobre uma estrada, circundando ilhas com náilon rosa ou ocupando faixas com mais de quarenta quilômetros de extensão, prática dos novos realistas, tendências da Land Art, tudo para estimular o desenvolvimento de uma nova consciência em torno da realidade e da história.

A escultura vem sofrendo transformações radicais nos séculos XX e XXI, passando de estática — concebida num esquema em que reinavam a calma e a serenidade — a dramática, cheia de vitalidade, e não raro produzindo violento impacto em quem a observa, por permitir ao material utilizado um protagonismo que compete com o valor da temática.

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Acrólito ou criselefantinas, na estatuária da Grécia Antiga, escultura com as carnações feitas de marfim e vestes de madeira ornamentadas com ouro batido. O tronco era feito de madeira e as extremidades — cabeça, mãos e pés — de mármore ou marfim. Normalmente, havia ouro sobre o corpo e a madeira era ocultada por algum tipo de tapeçaria, sendo as peças de mármore expostas isoladamente e à vista. A Athene Areia, em Plateias, antiga cidade da Grécia, é o exemplar mais conhecido. Trata-se de uma obra de proporções colossais da deusa Atena para o santuário de Plateias, toda em madeira dourada, exceto o rosto, os pés e as mãos, que eram de mármore pentélico, uma técnica difícil, realizada por Fídias no início da sua carreira e executada, portanto, no material em que ele mais tarde conseguiu o seu maior triunfo. A obra que celebrizou Fídias por ser considerada, no seu tempo, a perfeição da arte, media pouco menos de 10 metros de altura.

Alto-relevo, escultura realizada a partir de um bloco escavado. As formas do relevo, projetadas para frente, apresentam uma tridimensionalidade evidente, cerca de três quartos do seu volume real, embora se prendam ao bloco de fundo por alguns pontos.

Arborescultura, técnica que transforma árvores vivas em escultura, com efeitos artísticos na vegetação. Um processo longo e demorado, realizado a partir de enxerto. Conhecida como tree shaping, a técnica tem sido retomada pela ecoarquitetura nos Estados Unidos, na Austrália e em Israel, em projetos-pilotos, usando raízes aéreas moldadas na forma de objetos e mobiliário — bancos para pátios de hospital ou pontos de ônibus e postes de luz nas ruas.

Atlante ou coluna, estrutura antropomorfa de suporte utilizada na arquitetura, inspirada em Atlas, o titã castigado por Zeus e condenado a carregar o céu eternamente nos ombros, simbolizado por um imenso globo terrestre. A forma esculpida de um homem musculoso, geralmente em tamanho real, costuma ser retratada com o dorso nu e os braços erguidos sobre a cabeça como a suportar o peso da construção. O trabalho escultórico, em relevo ou tridimensional, foi utilizado na Antiguidade Clássica; depois, em edifícios renascentistas; pelo Barroco e Rococó, como elemento decorativo, no exterior e interior de edifícios, em zonas de entrada com escadas e em construções neoclássicas do século XIX. São ainda conhecidos os atlantes toltecas dos séculos IX ou X das ruínas de Tula, no México e, no século XVII, também podem ser vistos como elementos decorativos inseridos na proa e popa de navios.

Tipos de escultura

Baixo-relevo, escultura realizada a partir de um bloco escavado, simulando a terceira dimensão de uma forma semelhante ao que acontece num desenho. As formas do relevo, projetadas para frente sobre um plano de fundo, não ultrapassam os limites da visão frontal, menos da metade de seu volume real, tornando possível sua reprodução com um molde rígido. A técnica serve na ornamentação de inúmeros objetos de uso como joias, anéis, moedas, medalhas e foi o gênero de escultura preferido na decoração de grandes superfícies arquitetônicas por sua superioridade sobre a estatuária no que se refere ao encadeamento de cenas e grupos. Assim é que diversos povos gravaram pormenores de sua civilização em muralhas, templos, palácios e túmulos.

Busto, representação esculpida de personalidades ilustres, retratando cabeça, pescoço, uma parte do torso e ombros, geralmente sobre uma base, com a finalidade de recriar fielmente a fisionomia da pessoa retratada, em materiais sólidos e duráveis como mármore, bronze, argila e, mais raramente, madeira.

Cabeça, representação esculpida de uma personalidade, limitando-se à cabeça e retratando o mais fielmente possível a fisionomia do indivíduo, em mármore, bronze, argila e, mais raramente, madeira. Na arte contemporânea, temos a releitura desse tipo de representação no trabalho ousado de Marc Quinn, que fez sua própria cabeça com seu sangue. Um dos artistas contemporâneos mais respeitados, e cada vez mais famoso por suas obras inusitadas e esculturas imensas feitas em mármore branco, o britânico sempre chamou atenção do público por criar obras com materiais inusitados, que vão desde sangue até silicone, passando também por excrementos humanos, entre outras coisas.

Camafeu, pedra fina cinzelada com uma figura em relevo, constituída ou não por camadas superpostas de cores diferentes. O camafeu surgiu por volta do ano 300 a.C., na Alexandria, utilizado em joias e adornos para roupas. Eram produzidos em ágata, ônix, sardônica e outras pedras, com imagens de deuses, deusas, cenas mitológicas e figuras femininas. As jovens mulheres do período Helenístico usavam camafeus com a figura do deus Eros, num convite sedutor ao amor.

Cariátide, assim como o atlante, foi utilizada em substituição às colunas de sustentação convencionais, ilustrando, assim, a harmonia alcançada pela arte grega em seus padrões arquitetônicos. É uma coluna com a forma de estátua feminina que suporta na cabeça todo o peso do entablamento, como num dos prédios históricos da Acrópole, em Atenas, o Erechtheion ou Erecteion, famoso pelas estátuas das seis cariátides.

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Carranca, escultura com forma humana ou animal, produzida em madeira e utilizada na proa das embarcações que navegam pelo rio São Francisco. Difundiu-se como arte popular no Brasil, presente em feiras e lojas de artesanato. Sua origem ainda é incerta, pode ser africana ou ameríndia, é usada como amuleto ou de forma decorativa. Os artesãos que produzem carrancas são os carranqueiros.

Efígie, representação escultórica de corpo inteiro de uma pessoa já falecida, em pedra ou madeira, retratada em monumentos fúnebres e em igrejas. Essas figuras frequentemente aparecem com mãos justapostas, em modo de oração, deitadas, ajoelhadas ou até mesmo de pé. Efígie também é o termo usado para se referir ocasionalmente a um busto encontrado em notas e moedas.

Entalhe, técnica escultórica que se utiliza da retirada de material de um bloco de certa rigidez para chegar à forma.

Escultura em areia, ou sand sculptures, obras criadas com areia da praia, molhada para permitir a fixação de estruturas. Com o passar do tempo e o fascínio provocado pelas potencialidades desse passatempo, em vários países surgiram campeonatos, festivais e mesmo espetáculos de construções, que utilizam misturas de areia com pequenas quantidades de argila para permitir formas ainda mais audazes.

Escultura em gelo e neve, obras de diferentes tamanhos, criadas com gelo ou neve, tradicionalmente nos países do hemisfério norte, onde anualmente, em dezembro, acontecem os concursos. Mesmo países tropicais como o Brasil produzem obras duráveis, as pequenas podem atingir oito horas e as de grandes proporções, até dez dias para visitação.

Escultura tumular ou arte funerária, obra em mármore, granito, ferro fundido ou bronze, feita especialmente para cobrir sepulturas em cemitérios e igrejas. Narrativas ou metafóricas, as obras utilizam um conjunto de símbolos ligados à vida e à morte, como escadas, cruzes, colunas partidas, vasos, tochas com fogo, patas de felino, anjos, guirlandas, ampulhetas, globos, flores, folhas e frutos. A mais antiga necrópole da cidade de São Paulo abriga obras de arte produzidas por escultores de renome para ornamentar os jazigos de personalidades importantes na história do Brasil, como Campos Sales, Washington Luís, a marquesa de Santos e Monteiro Lobato. Entre os artistas que produziram obras para o cemitério encontram-se Rodolfo Bernardelli, Victor Brecheret, Bruno Giorgi e Celso Antônio de Menezes. O Cemitério da Consolação recebe visitas turísticas dentro do projeto Arte Tumular.

Esfinge, imagem mitológica, criada no Egito Antigo, com corpo de leão e cabeça humana, geralmente a de um faraó. O termo vem do grego sphingo, estrangular. No imaginário dos antigos egípcios, a imagem de uma esfinge significava poder e sabedoria e era usada para proteger pirâmides e templos.

Estátua, obra de escultura criada para representar uma entidade real ou imaginária. No Catolicismo, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Anglicana, quando uma estátua representa a divindade, um santo ou um anjo e é ritualmente abençoada, recebe a denominação de imagem.

Estátua equestre, obra que homenageia personalidades a partir da simbologia do posicionamento das patas do cavalo. Quando as quatro patas estão no solo, significa que o homenageado morreu de causa natural. Se uma delas estiver no ar, quer dizer que ele morreu em ação e, se duas estiverem levantadas, significa que ele morreu em batalha.

Estátua de roca, imagens sacras, vestidas com trajes de tecido, destinadas a participar de procissões. O culto aos santos ou outros personagens divinos por meio de uma iconografia escultórica existe deste a Antiguidade, nas grandes religiões do mundo, recebendo grande incentivo da Igreja Católica após a realização do Concílio de Trento, que confirmou essa prática como válida para a multiplicação da fé. As imagens serviriam para inflamar os sentidos dos fiéis em direção aos entes celestes, atuando como pontes entre o devoto e o ser divinizado que representam. São João da Cruz afirmava que havia uma relação recíproca entre Deus e os fiéis mediada pelas imagens, enquanto a Igreja acreditava invocar emoções nos fiéis, levando-os à meditação espiritual. Numa concepção verdadeiramente teatral e de objetivo mimético, sistematizada pelo jesuíta Francisco Lang (1645-1725) em sua Dissertatio de actione scenica, construíam-se cenários nos quais eram inseridas as estátuas a fim de criar maior ilusão de realidade. As imagens passaram a ter membros articulados, capazes de simular uma gestualidade que variava de acordo com o progresso da ação cênica, recebendo roupagens que imitassem as de pessoas vivas, pintura que assemelhasse a carne humana, olhos de vidro ou cristal, cabelos naturais, dentes e unhas de marfim ou osso, lágrimas de resina brilhante e a preciosidade do sangue das chagas dos mártires e do Cristo flagelado, enfatizada pela aplicação de rubis.

Gárgula, espécie de escoadouro, parte saliente das calhas de telhados destinada a afastar as águas pluviais da parede. Na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas, comumente presentes na arquitetura gótica com o intuito de causar temor aos inimigos em tentativas de invasão a castelos e fortificações.

Herma, escultura de um busto, prolongada em pedestal, produzida para homenagear personagens ilustres e comumente exposta em jardins. O hábito deriva da Grécia Antiga, quando se colocava uma cabeça do deus Hermes, representado normalmente com barba, símbolo de força física, sobre um pilar quadrado ou retangular, de pedra, terracota ou bronze, o estípite, mais largo na parte superior que na inferior, significando virilidade e disposição à luta. As hermas eram expostas nas ruas, portas e encruzilhadas dos caminhos como símbolos protetores e também como delimitadores de propriedades. Antes disso, as hermas

eram simples montes de pedras que se empregavam para marcar um caminho ou uma fronteira. Quem

passava por ali deitava a sua própria pedra ao monte, anunciando e registrando dessa forma a sua presença.

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1 6 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 1 7ação educat iva do SE SI- SP

Kore, Koré ou Kouros, tipologia escultórica do Período Arcaico da Grécia Antiga, que consiste numa estátua feminina em pé e cuja versão masculina, do mesmo gênero, designa-se kouros e retrata o homem nu, em pé, a partir de um bloco cúbico. Assim como o semelhante masculino, a kore denota profunda influência da estatuária egípcia, dado seu caráter maciço e rigidez corporal, embora com um trabalho de acabamento um pouco mais simples e tosco, feito a partir de um bloco cilíndrico. A kore é esculpida em mármore, apresenta-se sempre de pé e vestida, pode ter um dos braços erguido a partir do cotovelo, carregando na mão um objeto votivo, e o rosto, estereotipado, é emoldurado por um cabelo de volumetria pouco natural. Kore e kouros servem de oferenda votiva aos deuses ou são colocadas sobre túmulos.

Madona, do italiano madonna, é um tema tradicional na arte sacra cristã em obras que representam a Virgem Maria com Jesus Cristo nos braços. Depois de certa resistência e controvérsia inicial, a fórmula Mãe de Deus, Theotokos, foi adotada oficialmente pela Igreja Cristã no Concílio de Éfeso, em 431, e a primeira representação da Virgem com o Menino ainda existente pode ser vista no mural da Catacumba de Priscila, em Roma, na qual Maria aparece sentada, amamentando o filho, que por sua vez inclina a cabeça como que olhando para o espectador.

Maestà, termo italiano usado para designar a representação em grande escala da Virgem Maria e do Menino no trono celeste, rodeados por santos e anjos ou, por vezes, a Virgem Maria vista com seu esposo, José.

Máscara, confeccionada pelos povos desde 30 mil a.C. em barro, marfim, metais ou madeira, podendo ser mística, de cultos, crenças raças e rituais. Com o poder de dar vazão à alegria e à tristeza, revelar ou ocultar sentimentos, é a forma mais conhecida da plástica africana, sendo usada nos rituais e funerais. Na mitologia africana, acredita-se que a máscara está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal no momento de sua morte. Gregos e romanos exibiam máscaras em cerimônias religiosas e na China eram usadas para afastar maus espíritos. Os indígenas as usavam para incorporar entidades que curam, em cerimônias de casamento e danças de guerra. Na Itália, ganharam conotações na Commedia dell Arte, em personagens como Pierrot, Colombina, Pulcinella e Arlequim, num movimento que inspirou o carnaval de Veneza. As máscaras foram muito estudadas por cientistas do século XVIII como registro das mudanças na fisionomia humana. Os antropólogos usaram esses processos para estudar pessoas famosas, notórios criminosos e também para classificar as diversas raças de acordo com as diferenças verificadas.

Máscara mortuária, no Antigo Egito, acreditava-se que a máscara guiaria a alma da múmia e a guardaria dos espíritos malignos durante a jornada até o outro mundo, por isso, uma parte especial do ritual de mumificação era o momento de esculpir o rosto do falecido. Nos túmulos descobertos em Micenas, em 1876, as caveiras estavam cobertas com máscaras de ouro. Tudo indica que os bustos, ou estátuas dos romanos antigos, foram esculpidos a partir de moldes de cera tirados por ordem das famílias dos mortos, que depois eram modelados em rocha. Na Idade Média, as máscaras mortuárias tomaram o lugar das esculturas, foram usadas em funerais e depois preservadas em museus, livrarias e universidades, sendo comuns a dos mortos da realeza ou da aristocracia, mas também as de poetas, filósofos e dramaturgos. Alguns países mantiveram o costume romano transpondo as máscaras para estátuas ou bustos. Antes do advento da fotografia, os retratos dos rostos serviam para registro de mortos não identificados para futuro reconhecimento por parte de parentes ou conhecidos.

Menir, monólito abstrato ou menhir, pedra alongada, de altura variável podendo alcançar cerca de 11 metros, fixada verticalmente no solo. O menir é mais antigo que o totem, prova de que a escultura monumental, a princípio, não tinha a intenção de imitar ou copiar a natureza. Não-representativos são igualmente os obeliscos egípcios, as stelae do Peru, as stambkas indianas, as pedras druidas e assim por diante. Quando o homem teve à sua disposição meios expressivos mais amplos, voltou-se para o corpo humano como fonte principal de inspiração. Os menires são monumentos megalíticos do período Neolítico, serviam de marco astronômico ou, ao apresentar traços figurativos, representavam o totem ou outros espíritos.

Móbile, do inglês mobile, escultura abstrata, de estrutura leve, produzida com peças móveis — placas e discos metálicos unidos e suspensos no espaço por fios, segundo um critério matemático — que se agitam tocadas pelo vento ou pela mão, depois, aos poucos, vencidas pela lei da inércia, retornam ao estado de repouso inicial. As peças proporcionam uma experiência visual lúdica e lírica, de energia cinética caracterizada pelo estudo sutil do equilíbrio, da leveza e da harmonia. O termo latino é empregado em 1932 por Marcel Duchamp (1887-1968) ao referir-se às esculturas móveis do norte-americano Alexander Calder, cuja arte, em sua opinião, “é a sublimação de uma árvore ao vento”.

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1 8 guia do professor | exposição i t inerante de escultura

Obelisco, elemento originário da antiguidade egípcia, de cunho mitológico. Construído a partir de blocos monolíticos, representa o primeiro raio de sol que desceu pela Terra, fazendo a ligação entre o mundo celeste e o mundo dos homens. O obelisco foi o primeiro suporte da escrita mágica, aquela que perpetuava algo ou alguém, servindo o bem e o mal. Apagar os escritos de um obelisco era como apagar eternamente a memória daquele que o construiu e inviabilizar sua imortalidade. Sua construção tinha a função de perpetuar a memória coletiva de um determinado grupo por meio da escrita. Durante sua existência, ao longo de mais de três mil anos, o obelisco sofreu modificações no seu sentido original de construção, passando a integrar projetos das formas urbanas e arquitetônicas ou de monumentos. O significado original da palavra monumento está ligado a qualquer artefato erigido para uma comunidade de indivíduos, a fim de comemorar ou relembrar às futuras gerações eventos, sacrifícios, práticas ou crenças, preservando também a identidade étnica, religiosa, nacional, tribal ou familiar de um grupo. O obelisco não mais reverencia o deus Sol, nem suporta em seu corpo físico as escritas mágicas egípcias, mas preserva o sentido de imortalidade da memória.

Petróglifos, termo originário do prefixo grego pétra, que significa rocha ou rochedo, com o sufixo grego glúphó, esculpir ou gravar. São registros em pedra, encontrados em todo o mundo, com relatos das populações neolíticas ou calcolíticas. Diferem dos pictogramas, que são desenhos ou pinturas em pedra.

Relevo, gradação de volumetria ou planos reais na escultura ou representados no desenho e na pintura.

Sarcófago, um tipo de túmulo de pedra esculpido – usado no Antigo Egito para sepultar um cadáver, geralmente mumificado — cuja função era a de preservar e proteger o corpo do morto em um estado de vida, permitindo que seu ka (espírito) pudesse regressar e juntar-se a ele novamente quando retornasse ao mundo dos vivos. O sarcófago funcionava como um suporte físico e ao mesmo tempo substituía o corpo caso ele se deteriorasse.

Stabile, denominação utilizada nas esculturas fixas de Alexander Calder — por sugestão do pintor e poeta alemão Hans Arp (1886-1966) —, pesadas, sólidas e imponentes, dando a ideia de obra estável, em oposição às esculturas aéreas do artista, os móbiles, que possuem característica móvel.

Totem, expressão artística conhecida a algumas centenas de anos, tem por função contar a história e a riqueza de uma família ou de um clã, religar as tribos à sua ancestralidade, honrar deuses e antepassados ou proteger a aldeia. Muitos acreditam que os totens são a representação material de um elemento divino, seres vivos, entidades, objetos de valor simbólico, místico ou ritualístico esculpido em pedras ou troncos de madeira.

Zoólitos, esculturas confeccionadas em pedra, representam os animais da fauna de determinadas regiões. Essas esculturas foram produzidas pelos povos da cultura sambaqui, que estão distribuídos em sítios arqueológicos pela costa litorânea do Brasil, da América do Norte e da Europa.

Sugestões de atividades

Moldando a imaginação - A experiência criativa é instigante e prazerosa, uma oportunidade para dar asas à criatividade. O papel alumínio manipulado, dobrado, amassado, recortado, pode ser usado para modelar esculturas temporárias. Com um pouco de cola, tinta e devaneio, pode-se representar animais, plantas e objetos variados e, acrescentando outros materiais recicláveis, adereços e figurinos. Pode-se até criar enredos a partir de personagens modelados especialmente para cada história e montar um teatro de fantoches ou animação.

Estátua ou escultura? - Afinal, qual é a diferença? A resposta é simples e pode ser ampliada. Tudo é escultura, mas a estátua representa uma figura humana ou antropomórfica. A Estátua da Liberdade é uma escultura porque é uma forma moldada tridimensionalmente, mas como representa uma deusa na figura humana feminina segurando a tocha acesa, é também uma estátua. O mediador estimula os alunos a pesquisarem sobre essa e outras estátuas conhecidas mundialmente ou em suas cidades. Os alunos podem apresentar as estátuas em sites, livros e em fotografias ou réplicas, assim como a história que existe relacionada à obra.

A árvore

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1 9ação educat iva do SE SI- SP

Sugestões de atividades Reinventando formas interdisciplinares - O mediador e os alunos coletam gravetos, pedaçinhos de madeira reutilizada, cordas e linhas ou mesmo fios de arame para criar formas conhecidas das disciplinas em estudo na escola. Paulo Bordhin também mergulhou no universo da ciência e produziu Célula, Átomo, Astro Celular, a série Fractais Tridimensionais – com as obras Big Bang, Colmeia, Astro Celular e Átomo. Ligações metálicas, átomos, a figura geométrica do cloreto de sódio (NaCl), fórmulas alotrópicas e outras podem ser emprestadas pela Química; uma ampulheta ou a Pirâmide de Quéops, Quéfren e Miquerinos, um elemento da História; formas trigonométricas ou símbolos matemáticos tridimensionais; células, espécies vegetais, animais vertebrados e invertebrados e outros ícones da Biologia; uma árvore da língua, retratando palavras que deram origem à Língua Portuguesa. A importância da atividade está em refletir sobre o exercício que desloca a intenção do projeto, do escultor, para a ação construtiva — processo de observação, pesquisa, criação, esboço, análise e crítica por parte do artista –, resultando na materialidade de formas (a obra).

Quem é o escultor? -

O mediador pede aos alunos uma pesquisa com imagens

das esculturas mais famosas ou representativas de diferentes períodos

da história, como O pensador, As portas do inferno e O beijo (de Auguste Rodin);

David, Leda, Moisés, Baco e Pietá (de Michelangelo), O êxtase de Santa Teresa e

Apolo e Dafne (de Gian Lorenzo Bernini), Os doze profetas (de Aleijadinho), Gattamelata e

David de bronze (de Donatello), O arremesso de disco ou Discobolus (de Miron de Eleuteris), O

rapto da Sabina (de Giambologna), Cabeça de mulher, Busto de mulher, Banhista, Cabeça de mulher - Dora

Maar, O louco e Mulher no jardim (de Pablo Picasso), Estátua da Liberdade (de Frederic-Auguste Bartholdi, com assistência estrutural de Gustave Eiffel) ou outras de grande importância, mas de autoria desconhecida ou incerta, como a Vênus de

Willendorf, Vênus de Brassempouy, Vênus de Savinhano, Menir de Saint-Sernin, A vitória de Samotrácia ou Nikké, Vênus de Milo (possivelmente de Alexandros de Antioquia), Laocoonte

e seus filhos (atribuída a três escultores da ilha Rodes), Diana de Versalles (atribuída a Leochares), Hermes e

Dionísio menino (atribuída a Praxíteles), Apolo com cítara e serpente, os relevos em mármore de Elgin,

cabeça de Nefertiti, relevos do altar de Zeus, Os guerreiros de Xian, a deusa Shiva, Maronis ou

Velha bêbada, Retrato de Homero, O bom pastor e outras. Relatar de que materiais as

obras são feitas, em que circunstâncias foram criadas ou encontradas,

dados sobre o autor e o período a que pertencem, importância

no contexto artístico e histórico, onde se encontram

atualmente expostas e outras peculiaridades relacionadas a elas.

Estátua viva - O mediador define um universo de pesquisa e, a partir de simples caracterizações, detalhes marcantes, gestos e posturas, os alunos interpretam ou constroem imagens corporais estáticas de esculturas conhecidas dos artistas pesquisados — um por vez ou em pequenos grupos, como estátua viva — enquanto a plateia decifra a obra escolhida. Interessante disponibilizar uma plataforma para a apresentação. O exercício pode ser o início de uma discussão sobre a representação da figura humana, a maneira como a arte retrata o corpo, o modo como o corpo comunica determinadas sensações e a maneira como o artista trabalha o corpo esculpido, estático ou em movimento. Analisando as obras de Entreato, como os alunos percebem a expressão de Paulo Bordhin no corpo dos personagens retratados?

Investigando espaços públicos - De acordo com a disponibilidade de recursos, o mediador

orienta um trabalho de registro digital ao ar livre, em visita a ruas, praças ou parques de sua cidade

que possuam esculturas em espaço público. Os alunos devem retratar a obra de

diversos ângulos, captando as imagens com o uso de câmera

ou celulares. Da observação atenta pode-se diferenciar um trabalho do

outro pela forma abstrata ou figurativa, pelo tema escolhido, material de que é

feito, tipo de base utilizada, uso ou não de cor, pela existência de formas geométricas

identificáveis, pelo trabalho de planos, recortes, vãos, texturas, bi ou tridimensionalidade, pela

representação de objetos, pessoas ou coisas, de personagens que contam uma história, impressão de movimento ou de repouso, figuração realista ou estilizada, pelo uso de formas antropomórficas ou zoomórficas e outros detalhes que se façam notar. O que mais chamou a atenção no passeio pelos monumentos públicos?

Inventário artístico - O mediador propõe aos alunos a realização de um inventário fotográfico das esculturas e monumentos na região da escola ou em determinada região da cidade. As equipes devem localizar as obras e pesquisar sobre os homenageados e os fatos históricos a que os monumentos aludem, devem também examinar as condições de conservação, acesso e estado geral das obras, propondo medidas de saneamento e prevenção contra o vandalismo. O mediador pode estimular os alunos a encaminhar os estudos às autoridades para as devidas providências.

Instalação, o que é isso? - O mediador, a partir de materiais descartáveis e de fácil acesso, como plástico, papel, vidro, metal, argila, madeira ou pedra, estimula os alunos a montar uma instalação, cujo foco é estabelecer uma relação entre fruidor, obra e espaço, potencializando uma escultura para uma ocupação envolvente. O projeto deve expressar uma ideia coletiva que espelhe o modo de pensar dos alunos.

Arte que limpa as ruas - A exemplo dos artistas paulistanos Pado e Rodrigo Machado, criadores do projeto Urban Trash Art/UTA, que se apropriam do lixo urbano para fazer arte, propor aos alunos o recolhimento sistemático de materiais na rua da escola ou na rua onde moram. A ideia do projeto é reaproveitar objetos e todo tipo de material que já teve utilidade e foi descartado pelo homem para conceber esculturas nas mais variadas formas e dimensões. A obra pode ficar exposta no pátio da escola ou em um corredor ou ser fotografada, antes de começar a próxima. As fotos podem ir para um mural, blog, site da escola. A atividade serve para lembrar a todos que ainda consumimos em demasiado, desperdiçamos muito e reciclamos pouco.

Esculturas ao vivo - O mediador pode programar a visita a um espaço que promova o contato com esculturas de diferentes artistas, épocas, técnicas e estilos. Em São

Paulo, há o Jardim da Luz — um museu de esculturas a céu aberto que conta com obras de Lasar Segall, Victor Brecheret, Leon Ferrari, Amilcar de Castro, José Resende, Marcelo

Nietsche e muitos outros, são quase 50 esculturas expostas em harmonia com árvores centenárias e belo paisagismo —, a Pinacoteca do Estado, o

Largo do Arouche e o Jardim das Esculturas no Parque Ibirapuera, espaço de seis mil metros quadrados, com paisagismo de

Burle Marx, que reúne 30 obras de artistas brasileiros do século XX, como Amilcar de Castro, Carlos Alberto Fajardo e Emanoel Araújo, distribuídas ao ar livre entre o MAM, a Bienal e a Oca.

Galináceo

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2 0 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 2 1ação educat iva do SE SI- SP

Roteiro de visitação a exposições

O violinistaO banho Palhaço Shakespearito Jogador de futebol

O mediador deve preparar os alunos para a visita ainda na escola, fornecendo informações básicas que permitam maior absorção de novas informações no local e o alargamento da experiência de conhecimento e imaginação, normalmente proposta pela monitoria. É essencial explicar as regras da instituição e as boas maneiras para a melhor fruição do grupo e dos visitantes que lá estarão — andar em grupo, falar baixo, mover-se com atenção, evitar o bloqueio da leitura e visualização das obras pelos outros, respeitar faixas de segurança, observar as obras sem tocá-las, não portar volumes nem consumir no local alimentos de qualquer espécie, incluindo balas e chicletes, e fotografar ou filmar apenas com autorização prévia dos organizadores da mostra.

Na entrada do espaço expositivo, do museu ou da galeria, é interessante observar• O espaço vazio que antecede a mostra sugere ao visitante

o desligamento das questões externas, o reconhecimento espacial, o ajuste a mudanças de luz, temperatura, tom de voz e a preparação dos sentidos para a nova experiência.

• Se há um primeiro impacto, qual é ele e que sensações gera.• A informação, explicação ou indicação sobre o tema e a

proposta apresentados.• Qual é o percurso a ser seguido e como a mostra está

organizada.

Ao circular pela mostra é importante perceber• Se há divisões espaciais e uma ordem na divisão.

A organização do circuito é dividida por salas, temas ou outros critérios?

• Qual é a concatenação do circuito? Aleatório, organizado por agrupamento de gêneros ou categorias ou disposto cronologicamente?

• Se existe um sentido na sequência. Se não, deveria existir?

• Qual é a pertinência na relação do visitante com painéis, bases, cenografia, iluminação, reflexos, luz natural, artificial, e outros elementos? Confortável, incômoda, libertadora, limitadora?

• O assunto da mostra foi contextualizado por referências de textos e imagens, sons, luz, cenografia ou outros elementos?

• Os espaços ampliam a percepção, perturbam, são claustrofóbicos ou grandes demais?

• Há pontos de descanso? Em espaçamentos apropriados? Escadas bem localizadas?

• A exposição é dirigida a públicos específicos? Possui textos em braile? Nos textos apresentados o tamanho das fontes é satisfatório? A iluminação sobre os textos facilita a leitura? E quanto ao tamanho e altura dos textos? Atendem às necessidades de todas as idades?

Exposição em relação aos aspectos estruturais• O desenho da exposição agrada, facilita o percurso, é didático para a apreensão do conteúdo?• Verificar o esquema arquitetônico, a distribuição dos elementos no espaço.

Eficácia geral da comunicação• Estratégia de distribuição das peças / Distribuição

esquemática / Design/forma da exposição, da composição dos elementos, da composição nos painéis.

• Apontar o que é linguagem de apoio — fotos, ampliações, plotagens, textos, mapas, linha do tempo, interruptor de luz acionado pelo próprio visitante, catálogo, fôlder —, se há, se corresponde às necessidades e se fornecem informações complementares.

Possibilidades de mediação• Se é uma mostra coletiva, com várias linguagens — com

pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, objetos, instalações, vídeos e outras —, existe a possibilidade de estabelecer relações entre elas? Qual é a temática das obras, o suporte utilizado, o espaço, o volume, a cor e outros elementos?

• É possível perceber uma adequação da linguagem ao discurso do artista?

• É possível perceber uma adequação das obras ao discurso do curador, explicando a seleção delas para a exposição?

• Abrir caminho para explicar aos alunos as obras mais instigantes ou surpreendentes, aquelas que causaram maior estranhamento entre eles.

• Também é possível observar algumas e discorrer sobre elas de forma rápida e selecionar uma específica para se aprofundar na discussão.

• A obra selecionada pode ser alvo de questionamentos por parte do mediador para que os alunos façam anotações in loco, em frente à obra, observem-na o máximo possível, anotem seus dados, façam perguntas sobre ela para os monitores, se houver, num verdadeiro levantamento que pode ser explorado em sala de aula ou em outro momento.

• O mediador pode pedir aos alunos que selecionem uma obra e façam total levantamento sobre ela na exposição. Peso, altura, como chegou até o local, como foi montada, como está suspensa, de que materiais são, como o artista a concebeu e outros dados.

Gargantilha

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Glossário

Body-art

Assemblage

August Ferdinand Moebius (1790-1868)

Linguagem artística contemporânea que adota o corpo humano como meio de expressão e/ou suporte. Os fluidos corpóreos mobilizados nos trabalhos representam a materialidade do corpo, suporte para cenas e gestos que tomam eventualmente a forma de rituais e sacrifícios. Tatuagens, ferimentos, atos repetidos, deformações, escarificações e travestimentos indicam o caráter teatral da arte do corpo.

Termo criado por Jean Dubuffet, em 1953, e que se refere à justaposição de objetos, os quais podem ser identificados dentro de um conjunto sem perder sua identificação com o mundo cotidiano.

Matemático alemão que ao pesquisar o desenvolvimento da Teoria dos Poliedros, dando continuidade aos trabalhos de Euler (1707-1783), descobriu uma curiosa superfície que ficou conhecida com seu nome, Fita de Moebius. A faixa de Moebius foi o embrião de um ramo inteiramente novo da matemática conhecido como topologia, o estudo das propriedades de uma superfície que permanecem invariantes quando ela sofre uma deformação contínua.

Cenografia

Arqueologia

Tipo de rocha constituída por carbonato de cálcio, muito utilizada na escultura e facilmente encontrada na natureza.

Esboço

Estruturação inicial ou estudo conciso de qualquer obra de arte.

Estatuísmo

Fundição

Instalação

O termo refere-se ao fazer artístico que consiste em interpretar um personagem imóvel, como num museu de cera, onde figuras são esculpidas com perfeição. O ator permanece imóvel por longo tempo, passando ao observador a sensação de que se trata mesmo de uma estátua, o mesmo que estátua viva.

Forma de moldar metais por meio da fusão, liquefação e escoamento para formas específicas conforme o tipo de metal utilizado e sua finalidade. É um ramo complexo do conhecimento tecnológico com grande número de variáveis. A fundição não é considerada arte, e sim processo artístico, mas do fundidor é exigido o saber e a sensibilidade de um artista.

Linguagem artística contemporânea, ambientes ou cenas construídos nas galerias, museus e espaços culturais, nos quais se estabelece uma relação entre a obra, o espaço e o espectador. A obra deixa de ser apenas um objeto, seja ele uma tela, um papel ou uma escultura e passa a ser o próprio espaço repensado ou criado para aquele momento. Nele tudo faz parte da obra: o teto, as paredes, o chão. Cores, sons, cheiros são pensados como elementos constitutivos da obra. É nesse espaço que o visitante é convidado a entrar, interagindo dessa forma com o ambiente.

Termo originado de skenographie vem do grego skené (cena) e graphein (escrever, desenhar, pintar, colorir). No latim, significa dar noção de profundidade ao desenho. A arte de realizar cenários significa compor o espaço tridimensional para peças de teatro, dança, música, ópera e programas de televisão de forma a estabelecer uma relação com o público.

Corte e separação de uma quantidade de material a partir do uso de um cinzel — ferramenta cortante, em forma de cunha, confeccionada em aço temperado —, que também serve para formar canais, canaletas, vazamento de furos ou para aplicar peças metálicas em obras esculpidas. Entre os tipos de cinzel estão a talhadeira, cinzel para acanalar, bedame, goivas e vazadores.

Deuses gregos

Na concepção greco-romana, os imortais classificam-se em divindades primordiais, superiores, siderais, dos ventos, das águas e alegóricas, como Geia, Urano, Cronos, Zeus, Hera, Hestia, Apolo, Ades, Poseidon e Dionísio, entre outros.

Também pode ser chamada de Earth art. É uma linguagem artística que surgiu no final dos anos 1960, com artistas que queriam extrapolar o espaço expositivo das galerias, salões e museus. O artista realizava ações sobre a natureza, tornando-a suporte e material ao mesmo tempo.

Land-art

É a ciência que estuda a história do passado do homem por meio dos vestígios de sua cultura material, restos da fauna e flora, depositados em camadas com o passar do tempo. Ao restituir o modo de vida de outras épocas, é possível compreender melhor o modo de vida atual.

Arqueologia

Assemblage

August Ferdinand Moebius

Body-art

Cenografia

CinzelamentoCinzelamento

CalcárioCalcário

Esboço

Estatuísmo

Fundição

Instalação

Deuses gregos

Land-art

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2 2 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 2 3ação educat iva do SE SI- SP

Aquele que incentiva e patrocina artistas e literatos. A denominação tem origem na figura de Caio Cílnio Mecenas (Gaius Cilnius Maecenas), cidadão romano da época imperial, grande político, estadista e patrono das letras. Essa forma de ascensão social surgiu na Renascença entre os ricos e poderosos — príncipes, burgueses, bispos, condes e duques — que investiam nas artes. O desenvolvimento das artes plásticas e da literatura na época do Renascimento Cultural deve muito a essas pessoas de projeção, por injetaram seu capital nessa área. A burguesia, os novos ricos da vez, classe social em ascensão, lucrava muito com o comércio, e o mecenato tornou-se uma forma de alcançar o status de nobreza.

Miguel Ângelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu na cidade de Capresse, Itália, no dia 6 de março de 1475, viveu parte da infância em Florença, cidade que se tornou grande centro de produção cultural. Aprendiz de um dos grandes mestres, suas principais obras são os afrescos do teto da Capela Sistina, A criação de Adão, Julgamento final, Martírio de São Pedro, Conversão de São Paulo, cúpula da basílica de São Pedro. Entre as esculturas estão obras-primas como Davi, Leda, Moisés e Pietá. Em 18 de fevereiro de 1564, aos 89 anos, Michelangelo morreu em Roma deixando um legado inestimável para a humanidade.

Mecenas

Michelangelo

Relevo encavado

Sambaqui

Tasselos

Vazado

Victor BrecheretNeolítico

Idade da Pedra Polida, cerca de 10 mil anos antes de Cristo, cuja arte é caracterizada por uma tendência geométrica abstrata.

Painel

Em escultura, é o nome dado aos baixos-relevos em qualquer superfície ou em um monumento.

Paleolítico

Idade da Pedra Lascada, dividido em Inferior, Médio e Superior, tem na última fase, cerca de 40 mil anos antes de Cristo, o registro do surgimento do Homo sapiens e as primeiras manifestações na pintura e na escultura.

Panejamento

Representação dos panos e mantos que recobrem figuras e objetos retratados na escultura e na pintura.

Proporção de ouro

Relação entre a medida de uma parte e outra ou entre uma parte e o todo, é um valor numérico que corresponde a 1,61803399, sendo considerado por muitos o símbolo da harmonia, possui várias denominações: meio ou número de ouro, número áureo, seção ou razão áurea, divina proporção, proporção em extrema razão ou áurea excelência. Fórmulas e sistemas construídos e aplicados pelos clássicos e retomados pelos artistas da Renascença na busca pelo equilíbrio, harmonia e beleza ideal. Em 1855, o matemático alemão Zeizing, tentando traduzir uma operação harmoniosa para os nossos sentidos, formulou o seguinte princípio: “Para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar na menor e na maior parte a mesma relação que entre esta e o todo”. Ou seja, dado um segmento de reta AB, um ponto C divide este segmento de forma mais harmoniosa se existir a proporção de ouro AB/CB = CB/AC (sendo CB o segmento maior). O número de ouro é exatamente o valor da razão AB/CB, a chamada razão de ouro. A divisão de um segmento feita segundo essa proporção denomina-se divisão áurea, a que Euclides chamou divisão em média e extrema razão, também conhecida por secção divina pelo matemático Luca Pacioli ou secção áurea segundo Leonardo da Vinci. Fídias costumava usar a proporção de ouro em muitos dos seus trabalhos.

Superfície plana de um bloco no qual são abertos espaços côncavos para representação de formas, figuras ou objetos.

Depósitos pré-históricos de conchas, esqueletos e restos de cozinha, erguidos na beira de rios, mares e lagos por tribos selvagens que habitavam o litoral americano e algumas regiões do litoral europeu.

Cada uma das peças que compõem a forma e se encaixam para formar a matriz da peça ou escultura a ser reproduzida.

Espaços vazios ou vãos existentes em uma estrutura ou uma escultura.

Escultor ítalo-brasileiro que atuou na primeira metade do século XX, em São Paulo, e alcançou grande destaque nas artes plásticas, especialmente na escultura. Suas obras são encontradas em locais públicos — praças e ruas, cemitérios, aeroportos, hospitais, palácios de governo, teatros, instituições culturais e museus — e em espaços privados. Entre as mais destacadas estão o Monumento às bandeiras, Duque de Caxias, Pietá, Dançarina, Fauno, Madona e o busto de Santos Dumont.

Glossário

Mecenas

Michelangelo

Relevo encavado

Sambaqui

Tasselos

Vazado

Victor BrecheretNeolítico

Painel

Paleolítico

Panejamento

Proporção de ouro

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2 2 guia do professor | exposição i t inerante de escultura 2 3ação educat iva do SE SI- SP

Bibliografia sugeridaARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira, 1986._____. Intuição e intelecto na arte. São Paulo: Martins Fontes, 1989.BARBOSA, Ana M. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo/Porto Alegre: Perspectiva; Fundação Iochpe, 1981._____. Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1997.BOURDIER, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.BRUNO, Maria C. O. Museologia: algumas ideias para a sua organização disciplinar. Lisboa: UHLT, 1999._____. Museologia para professores: os caminhos da educação pelo patrimônio. São Paulo: C. E. de Educação Tecnológica Paula Souza, 1998. BUENO, Kátia M. P. Construção de habilidades: trama de ações e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.BUORO, Ana Beatriz B. O olhar em construção: uma experiência do ensino e aprendizagem de arte na escola. São Paulo: Cortez, 1996.BURKE, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo. Campinas: Papirus, 1993.CHIARELLI, Tadeu. Amilcar de Castro: corte e dobra. São Paulo: Cosac Nayf, 2003.DEWEY, John. A arte como experiência. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores).FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do ensino de arte. São Paulo: Cortez, 1993.GOMBRICH, Ernst H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1986._____. História da arte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1983.GULLAR, Ferreira. Sobre arte. São Paulo: Palavra e Imagem, 1982.HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2007.LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico? Porto Alegre: L&PM, 1986.LOURENÇO, M. C. F. Museus acolhem o moderno. São Paulo: Editora Edusp, 2000.MANTOVANI, Anna. Cenografia. São Paulo: Editora Ática, 1989.NOVAES, Adauto (org.). O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.O’DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2002.PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 1979.PARSONS, Michael J. Compreender a arte: uma abordagem à experiência estética do ponto de vista cognitivo. Lisboa: Presença, 1992.PEREIRA, Kátia H. Como usar Artes Visuais na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007.RAMALHO E OLIVEIRA, Sandra. Imagem também se lê. São Paulo: Rosari, 2005.READ, Herbert. A educação pela arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.SANTAMERA, Cami;TEIXIDO, Josepmaria. A talha: escultura em madeira. Lisboa: Estampa, s.d._____. A escultura em Pedra. Lisboa: Estampa, s.d.SANTOS, A F Batista dos et al. O Aleijadinho e sua oficina, catálogo das esculturas devocionais. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.SANTOS, Maria C. T. M. Processo museológico e educação: construindo um museu didático-comunitário. Lisboa: ULHT, 1996.SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004.TASSINARI, Alberto; RAMOS, Nuno. Nuno Ramos. Rio de Janeiro: Cobogó, 2010._____. O espaço moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.TREVISAN, Armindo. Como apreciar a arte. Porto Alegre: AGE, 2002.VENTRELLA, Roseli; BORTOLOZZO, Silvia. Frans Krajcberg, arte e meio ambiente. São Paulo: Moderna, 2006.ZAMBONI, Sílvio. A pesquisa em arte – um paralelo entre a arte e a ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.WITTKOWER, Rudolf. Escultura. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

FilmesA ILHA do adeus. Direção: Franklin J. Schaffner. Produção: Peter Bart; Max Palevsky. EUA: Paramount Pictures; Zeeuwse Maatschappij N.V., 1977. 104 min, color., drama.AGONIA e êxtase. Direção e produção: Carol Reed. EUA: International Classics; Twentieth Century-Fox Film Corporation, 1965. 138 min, color., épico.CAMILLE Claudel. Direção: Bruno Nuytten. Produção: Isabelle Adjani; Christian Fechner. França, 1988. 173 min, color., drama.DOM QUIXOTE. Direção: Orson Welles Jonas. Espanha; EUA; Itália: El Silencio Producciones, 1992. 116 min, color., drama.GRANDES NOMES: Marcel Duchamp. Direção: Chris Grandlund. Inglaterra. 1997. 50 min, color., documentário. MICHELANGELO, o divino. Direção: Tin Dunn; Stuart Elliot. Inglaterra, 2004. 120 min, color., documentário.O ALEIJADINHO. Direção: Geraldo Santos Pereira. Produção: Geraldo Santos Pereira; Marcelo Laffitte; Carlos Alberto P. Santos. Brasil: Vila Rica Produções Cinematográficas, 2000. 100 min, color., drama.OS CRIMES do museu. Direção: Michael Curtiz. Produção: Henry Blanke. EUA: Warner Bros, 1933. 77 min, preto e branco, ficção.

Vídeos na webTECNOCULTO.com. Vídeo apresenta esculturas hiper-realistas de vários artistas. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=s8mtxub-dgg. Acesso em 9 set. 2011.DISCOVERY. Vídeo explica como se faz uma escultura de bronze. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=rIaUOBqcACA. Acesso em 9 set. 2011.TU. TV. Vídeo apresenta etapas da confecção de uma escultura em argila. Disponível em http://tu.tv/videos/genial-escultura-paso-a-paso. Acesso em 9 set. 2011.DAILYMOTION. Vídeo apresenta a técnica da escultura em pedra, passo a passo. Disponível em http://www.dailymotion.com/video/xda5pl_la-tecnica-de-la-escultura_school. Acesso em 9 set. 2011.PORTA CURTAS PETROBRÁS. Documentário Christo Redemptor sobre a história da construção de um dos grandes ícones da cidade do Rio de Janeiro, o monumento ao Cristo Redentor. Disponível em http://www.portacurtas.com.br/buscaficha.asp?Diret=22353#. Acesso em 9 set. 2011.

SitesCÍCERO D’ÁVILA. Site oficial do escultor brasileiro que trabalhou nas minas de Pietrasanta e Carrara, onde Michelangelo trabalhou, 500 anos atrás, com monumentos – fotos de obras, procedimento e etapas do processo –, bustos – fotos de obras, retratos em escultura, procedimento, processo e etapas do processo – além de vídeos com cenas de modelagem de cabeça e modelagem do corpo feminino. Disponível em http://www.cicerodavila.com/. Acesso em 17 out. 2011.CYBERARTS. Escultura passo a passo. O site acompanha as etapas de produção de uma peça esculpida em pedra pelo artista Paulo Costa. Disponível em http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=143&m=43. Acesso em 17 out. 2011.PORTAL DA REDE GLOBO. A artista plástica e professora Sandra Guinle explica o passo a passo do processo de criação de uma escultura em argila. Disponível em http://paginasdavida.globo.com/Novela/Paginasdavida/0,,AA1346693-6953-1,00.html. Acesso em 17 out. 2011.HAUS DESART. Rodin: Passo a passo. Montagem explicativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo com o passo a passo da produção de uma escultura de bronze, baseado no estudo de Adão (elemento da Porta do Inferno), de Auguste Rodin, proveniente do Museu Rodin, Paris. Disponível em http://hausdesart.blogspot.com/2009/11/rodin-passo-passo-de-uma-escultura-de.html. Acesso em 17 out. 2011.MONUMENTOS DE SÃO PAULO. Catálogo eletrônico com centenas de monumentos da cidade, no qual o usuário pode conhecer e identificar as obras, ter acesso a sua localização por bairro, região e nome do artista, permitindo criar roteiros e mapas para uma visita pré-orientada. Disponível em http://www.monumentos.art.br/monumentos. Acesso em 17 out. 2011.PAULO BORDHIN. Site oficial do artista. Disponível em http://www.paulobordhin.com.br/. Acesso em 17 out. 2011.REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA. Poemas de mármore. O site apresenta o resumo de uma série de conferências do filósofo florentino Benedetto Varchi, realizadas em 1547, sobre o soneto de Michelangelo Non há l’ottimo artista alcun concetto e a questão da superioridade da escultura, da pintura ou da poesia na hierarquia das artes. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000100009&script=sci_arttext. Acesso em 17out. 2011.URBAN TRASH ART/UTA. Blog que registra a ação dos artistas plásticos paulistanos Pado e Rodrigo Machado, ao se apropriarem do lixo urbano para fazer arte. Disponível em http://urbantrashart.blogspot.com/2011/10/vote-uta-no-keep-walking-project.html. Acesso em 17 out. 2011.

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Ao educador A arte é signo e as obras de arte são testemunho do homem e seu meio.

Expressão que parte do contexto social e histórico

do artista — construída a partir de sua seleção temática, de técnicas e de materiais

utilizados — e apresenta aspectos pessoais, locais, universais, culturais, temporais,

críticos, plásticos e poéticos, entre outros, capazes de propor diferentes interpretações.

A mediação dos educadores contempla uma atitude aberta,

perceptiva, questionadora, que estimule a construção de sentidos, a descoberta de

dúvidas e contradições, o compartilhamento de significados, a diluição dos limites

entre o mundo real e o imaginário e que permita desdobramentos, múltiplas e

transformadoras leituras.

O mediador abre um espaço de troca onde não há certo

nem errado, mas vivência e apropriação, entendimento e admiração, reflexão e

identidade, caminhos de acesso ao território da arte presentes nesta e em

outras visitas às exposições.

Apoio Cultural