ação declaratória de inexistência de débito prática iii

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  • 7/27/2019 Ao Declaratria de Inexistncia de Dbito Prtica III

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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DASVARAS CVEIS DO FORO DA COMARCA DE ASSU, RN. A QUEM COUBERPOR DISTRIBUIO LEGAL.

    Srgio, nacionalidade , estado civil , profisso , portador do Registro Geral(RG) de nmero , inscrito no Cadastro de Pessoas Fsicas (CPF) sob a numerao , residente edomiciliado na Rua , n , Assu/RN, CEP , vem honrosa presena, por seu advogadoformalmente constitudo (vide doc.), com endereo para intimaes no rodap desta, comsupedneo nos fatos e fundamentos a seguir expostos, propor a presente

    AO DECLARATRIA DE INEXISTNCIA DE DBITO C/C OBRIGAO DE FAZERE INDENIZAO POR DANOS MORAIS E ANTECIPAO PARCIAL DOS EFEITOS

    DA TUTELAINAUDITA ALTERA PARS

    em face de ALFA, pessoa jurdica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacionalde Pessoas Jurdicas (CNPJ) sob a numerao , com sede em So Paulo/SP, na Rua , n ,Bairro , CEP , representada por seu scio-administrador , nacionalidade , estado civil ,

    profisso , portador do Registro Geral (RG) de n , inscrito no Cadastro de Pessoas Fsicas(CPF) sob a numerao , residente e domiciliado Rua .., n , Bairro , Cidade/UF, CEP .

    DOS FATOS

    O autor, no ms de janeiro do presente ano, fora informado pela requerida de que suafatura de prstimos de servio de telefonia estava em aberto, no importe de R$ 749, 00 (Setecentose quarenta e nove reais).

    A aludida informao perpassada pela requerida aduzia, ainda, que acaso o dbitono fosse quitado no prazo de 15 (quinze) dias aps o comunicado seu nome seria negativado nosrgos de proteo ao crdito.

    Acontece, Excelncia, que o autor quando consultou a documentao pertinente ao

    servio utilizado constatou que a fatura supostamente em aberto j tinha sido paga.Aps tal constatao, Douto Julgador, o autor enviou fax com cpia da aludida

    fatura empesa demandada, com o fito de solucionar a celeuma.

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    Passado alguns dias do ocorrido, Excelncia, o autor procurou uma instituiobancria para o financiamento de um veculo.

    Entretanto, MM. Julgador, o financiamento lhe fora negado, sob o argumento de queo seu nome estava negativado nos rgos de proteo ao crdito a mando da empresa requerida, asaber, ALFA.

    O constrangimento suportado pelo requerido ao ter negado o financiamento para a

    aquisio de seu veculo foi imensurvel.

    DA APLICABILIDADE DO CDC

    Neste momento inicial, Excelncia, cumpre ressaltar que a relao mantida entre aempresa demandada e o autor tem natureza consumerista.

    Para corroborar com o exposto linhas acima, colacionamos o texto do CDC, lei8.078/1990:

    Art. 2 Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire

    ou utiliza produto ou servio como destinatrio final.Pargrafo nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de

    pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nasrelaes de consumo.

    O dispositivo supramencionado deixa muito claro que o autor consumidor, poiscomo pessoa fsica adquiriu o servio de telefonia prestado pela ALFA como destinatrio final.

    Para clarificar ainda mais a natureza consumerista da relao entre as partes, veja oque diz o CDC, art. 3:

    Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblicaou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entesdespersonalizados, que desenvolvem atividade de produo,montagem, criao, construo, transformao, importao,exportao, distribuio ou comercializao de produtos ouprestao de servios.

    1 Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ouimaterial.

    2 Servio qualquer atividade fornecida no mercado deconsumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza

    bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo asdecorrentes das relaes de carter trabalhista.

    Dessume-se da anlise do dispositivo legal que, de fato, a ALFA se encaixa noconceito de fornecedor supra, pois uma pessoa jurdica privada nacional que desenvolve atividadede prestao de servios, in casu, de telefonia.

    Para o CDC, 2, art. 3, servio qualquer atividade fornecida no mercado de

    consumo, mediante remunerao. Ora, o autor remunera a requerida pela atividade que esta ltimaoferece no mercado de consumo, a saber, atividade de telefonia.

    Excelncia, mais que evidente a relao consumerista mantida entre a autora e a

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    requerida, motivo pelo qual requer que ao caso presente sejam aplicadas as normas do CDC.

    DO DIREITO

    O consumidor ao contratar um servio o faz na esperana de que o mesmo sejaexecutado sem atropelos. A vida, entretanto, demonstra que isso, no raro, acaba sendo uma

    expectativa que no se concretiza.O legislador atento a este acontecimento previu hiptese de reparao do dano

    causado pelo prstimo defeituoso do servio, seno vejamos:

    Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentementeda existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aosconsumidores por defeitos relativos prestao dos servios,

    bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobresua fruio e riscos.

    Ou seja, o fornecedor responder objetivamente pela reparao dos danos causadosaos consumidores pelos defeitos advindos da prestao dos seus servios.

    Mais adiante o CDC atravs do 1 do artigo acima citado vai dizer:

    1 O servio defeituoso quando no fornece a seguranaque o consumidor dele pode esperar, levando-se emconsiderao as circunstncias relevantes, entre as quais:

    Ou seja, ocorreu falha na segurana do servio prestado pela requerida, uma vez quea mesma cobrou dbito j pago e inseriu o nome do autor em bando de dados de rgos protetoresdo crdito.

    Ora, diante do acima plasmado fica mais que evidente que a segurana esperada nasrelaes de consumo fora desrespeitada por parte da requerida, devendo a mesma arcar com osnus advindos da insegurana do servio prestado.

    DO DEVER DE INDENIZAR

    No dada autora o dever de ficar sem ressarcimento pelo que lhe causou arequerida.

    O CDC, mais uma vez, d guarida pretenso autoral, seno vejamos:

    Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:

    VI a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e

    morais, individuais, coletivos e difusos;

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    Quer dizer, faz jus a parte autora indenizao por dano moral advindo da falha nasegurana do servio de telefonia prestado.

    Por conta da falha na segurana do servio, a parte autora sofreu abalo psicolgico,dano moral, uma vez que ao tentar financiamento para a aquisio de veculo teve o aludidofinanciamento negado por estar o seu nome negativado nos rgos protetores do crdito;negativao esta indevida, j que a autora no tem dbito em aberto para com a requerida.

    O dano causado parte autora daqueles que a doutrina chama de in re ipsa, ouseja, derivado unicamente da conduta, independentemente de culpa, assim como prev o CDC.

    Em assim sendo, no h que se perquirir culpa da requerida, visto que o dano seconfigura, in casu, sem culpa, in re ipsa, objetivamente.

    Noutras palavras, est a requerida obrigada a reparar os danos morais causados aorequerente.

    DA OBRIGAO DE FAZER E DOS EFEITOS DA TUTELA PARCIALMENTE

    ANTECIPADAINAUDITA ALTERA PARS

    Como j aludido em linhas pretritas, a parte requerida inseriu, INDEVIDAMENTE,o nome da parte autora nos bancos de dados dos rgos de proteo ao crdito, sob a alegativa deque esta ltima no adimplira fatura no valor R$ 749,00 derivada da prestao de servio detelefonia.

    Acontece, Excelncia, que a autora no tem fatura em aberto junto a requerida,conforme faz prova a juntada de fotocpias das faturas mensalmente pagas pela autora.

    Mesmo no sendo credora de qualquer quantia junto a autora, a requerida fez inserir

    seu nome nos rgos protetores do crdito.O crdito na praa, cedio, est vinculado ao bom nome daquele que o pleiteia. O

    autor sempre teve crdito na praa, pois sempre honrou seus compromissos como avenado.

    Entretanto, hodiernamente, vem a parte autora sofrendo com a ausncia de crdito napraa, uma vez que a requerida, de forma leviana, fez inserir nos cadastros dos rgos protetores docrdito o seu nome, impedindo que o mesmo faa transaes comerciais de ordem creditcia.

    Assim, tem a requerida a obrigao de retirar o nome da autora dos bancos de dadosdos rgos protetores do crdito, por tudo que j fora exposto.

    O legislador ptrio, atento morosidade do judicirio, bem como consciente de que

    justia tardia no justia, seno injustia qualificada (aqui parafraseando o eminente RuiBarbosa), previu o instituto da Antecipao do Efeitos da Tutela.

    In casu, pretende a parte autora a antecipao parcial dos efeitos da tutela,consistente na retirada pela requerida do nome do autor dos bancos de dados dos rgo protetoresdo crdito.

    O instituto da antecipao dos efeitos da tutela est previsto no CPC, seno vejamos:

    Art. 273 O juiz poder, a requerimento da parte, antecipar,total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no

    pedido inicial, desde que, existindo prova inequvoca, seconvena da verossimilhana da alegao e:

    I Haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil

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    reparao; ou

    II Fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou omanifesto propsito protelatrio do ru.

    Observa-se da leitura do dispositivo legal que o legislador condicionou a concesso

    da antecipatria dos efeitos pretendidos com o pedido inicial ao preenchimento de algunsrequisitos, que em sede de doutrina costuma-se nomin-los de fumus boni iuris e periculum inmora.

    Na verdade, tecnicamente, fumus boni iuris epericulum in mora so requisitos dasmedidas cautelares, espcie do gnero tutela de urgncia, assim como a tutela antecipada.

    Divagaes a parte, Excelncia, o que interessa asseverar que o autor preenche osrequisitos da Tutela Antecipada, quais sejam, prova inequvoca e receio de dano irreparvel.

    Prova inequvoca aquela que traz em seu bojo a aparncia do direito vindicado peloautor. No se trata de prova robusta, pois em sede de cognio sumria, regra geral, impossvel a

    confeco de prova cabal.No caso dos autos, data vnia, saltam aos olhos a prova de que a requerida,

    indevidamente, aps o nome da parte autora nos cadastros dos rgos de proteo creditcia, umavez que junta aos autos fotocpias de todas as faturas pagas pelo fornecimento dos servios detelefonia pela requerida.

    Outrossim, presente o receio de dano irreparvel, seno vejamos:

    Dano irreparvel aquele que j no passvel de soluo. aquele que se encontraacabado, perfeito, sem possibilidade de modificao.

    In casu, se entender Vossa Excelncia que a parte autora no tem direito

    antecipao parcial dos efeitos da tutela inaudita altera pars sofrer ela os efeitos deletrios de verseu nome em registros de maus pagadores, coisa que jamais fora, como substancialmente provadonesta actio.

    Desta forma, pugna o autor que seja concedida a antecipao parcial dos efeitos datutela para que a requerida seja obrigada a retirar o seu nome dos cadastros dos rgos de proteoao crdito.

    DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

    Diante do exposto acima, requer a parte autora que Vossa Excelncia se digne em:

    a) Conceder-lhe a antecipao parcial dos efeitos da tutela inaudita altera pars para que seja arequerida compelida a retirar o seu nome dos cadastros de inadimplentes dos rgo protetores docrdito ;

    b) Citar a requerida para, querendo, apresente contestao aos termos da inicial, no prazo e formalegais;

    c) Declarar, por sentena, a inexistncia de dbito da autora para com a requerida;

    d) Condenar a requerida por danos morais, com fundamento nos arts. 14, 6, VI, CDC, fixando, atocontnuo, quantum indenizatrio a vosso talante;

    e) Condenar a requerida nas custas processuais e nos honorrios advocatcios, estes ltimos fixados

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    a vosso critrio;

    f) Finalmente, confirmar a antecipao dos efeitos da tutela inaudita altera pars.

    Pugna provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito.

    D-se causa o valor de R$ 749, 00 (Setecentos e quarenta e nove reais).

    Neste termos,

    Pede e Espera deferimento por ser da mais ldima justia.

    De Areia Branca para Assu, 07 de setembro de 2013.

    Francisco Richardson dos Santos Vivvnio Villeneuve Moura Jcome

    Acadmico de Direito/UERN Acadmico de Direito/UERN

    Nara Rbia Silva Vasconcelos

    Advogada - OAB/RN: 661A