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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE NATAL Exmo. Sr. Juiz de Direito de uma das Varas da Fazenda Pública da Comarca de Natal/ RN, a quem couber por distribuição legal: O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Natal/RN, vem, perante Vossa Excelência, lastreado no Inquérito Civil nº 215/06, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA cumulada com RESSARCIMENTO AO ERÁRIO em face dos demandados abaixo qualificados, pelos fatos e fundamentos jurídicos declinados a seguir: FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR, brasileiro, Procurador do Estado aposentado, CPF 056.424.184-91, residente e domiciliado no Sítio Cajuais da Serra, Distrito de Lagoa Nova, Martins/RN; JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO, brasileiro, casado, CPF 147.494.084-68, residente e domiciliado na Av. Joaquim Patrício, 1.364-A, Posto dos Correios, Pium, Parnamirim/RN; WILLIAM COLLIER, Representante da empresa Super Star Promoções e Eventos Ltda, CPF nº 421.336.294-91, residente na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 550, Tirol – Natal – CEP 59020-500 – fone/fax: (84)3232-7178 – Página 1 de35

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTEPROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE NATAL

Exmo. Sr. Juiz de Direito de uma das Varas da Fazenda Pública da Comarca de Natal/

RN, a quem couber por distribuição legal:

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

NORTE, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de

Natal/RN, vem, perante Vossa Excelência, lastreado no Inquérito Civil nº 215/06,

propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA cumulada com RESSARCIMENTO AO

ERÁRIO em face dos demandados abaixo qualificados, pelos fatos e fundamentos

jurídicos declinados a seguir:

FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR, brasileiro,

Procurador do Estado aposentado, CPF 056.424.184-91,

residente e domiciliado no Sítio Cajuais da Serra, Distrito de

Lagoa Nova, Martins/RN;

JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO,

brasileiro, casado, CPF 147.494.084-68, residente e domiciliado

na Av. Joaquim Patrício, 1.364-A, Posto dos Correios, Pium,

Parnamirim/RN;

WILLIAM COLLIER, Representante da empresa Super Star

Promoções e Eventos Ltda, CPF nº 421.336.294-91, residente na

Avenida Marechal Floriano Peixoto, 550, Tirol – Natal – CEP 59020-500 – fone/fax: (84)3232-7178 – Página 1 de35

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTEPROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE NATAL

Av. Jerônimo Câmara, 1525, Nazaré, Natal/RN, CEP 59063-

300;

SATURINO DE OLIVEIRA FERNANDES BORGES,

representante da empresa, Super Star Promoções e Eventos

Ltda, CPF nº 466.328.834-00, residente e domiciliado na Rua

Otávio Lamartine, 657, Petrópolis, Natal/RN, CEP 59020-050;

LUCÍLIO BARBALHO FILHO, representante da empresa

Tatu Publicidade e Eventos, CPF nº 323.141.164-53, residente e

domiciliado na Rua Joaquim das Virgens, 41, Conjunto Janduís

III, Assu/RN, CEP 59650-000;

MARIA JACIRA MARQUES DE OLIVEIRA, Representante

da empresa Sunlight Entretenimentos Ltda ME, CPF nº

655.640.064-53, Rua Ilha Bela nº 102, Lagoa Azul, Natal/RN,

CEP 59135-600;

KARLA MARIA PEREIRA DO AMARAL, Representante da

empresa Sunlight Entretenimentos Ltda ME, CPF nº

672.806.504-06, Avenida Interventor Mário Câmara, nº 2500,

Conj. Solar das Nações, apt 105, Candelária II, Natal/RN, CEP

59064-600;

FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTTA, brasileiro, nascido

em 14/03/1978, CPF nº 915.663.044-15, residente e domiciliado

na Rua Clementino Faria, 2075, Nova Descoberta, Natal/RN,

CEP 59056-485

Avenida Marechal Floriano Peixoto, 550, Tirol – Natal – CEP 59020-500 – fone/fax: (84)3232-7178 – Página 2 de35

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LAÉRCIO BEZERRA DE MELO, brasileiro, nascido em

06/12/1943, CPF nº 003.311.554-00, residente e domiciliado na

Rua Praia de Muriú, 8726, apto 805, Ponta Negra, Natal/RN, CEP

59092-390;

SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS LTDA ME, CNPJ nº

03.064.582/0001-68, localizada no endereço Rua Ilha Bela, nº 102,

A CJ Gramoré, Lagoa Azul, Natal/RN, Natal/RN, CEP 59135-600;

SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, CNPJ nº

02.104.647/0001-99, localizada no endereço Av. Jerônimo Câmara,

1525, Nazaré, Natal/RN, CEP 59060-300.

MARCELO COSTA ME, CNPJ nº 05.001.170/0001-04, empresa

localizada no endereço Rua Presidente Passos, 566, Cidade Alta,

Natal/RN, CEP 59.000-000;

TATÚ PUBLICIDADES E EVENTOS (L. BARBALHO FILHO

ME1), CNPJ nº 01.992.419/0001-30, localizada na Avenida

Senador João Câmara, 450, Centro, Assu/RN, CEP 59650-000

DOS FATOS

O Inquérito Civil nº 215/06 foi instaurado, no âmbito da Promotoria de

Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Natal, a fim de apurar

fracionamento de despesas, detectado na Relatório de Inspeção nº 031/2006-ICE

realizada na FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO – FJA pelo TRIBUNAL DE CONTAS

DO ESTADO, relativo aos exercícios financeiros de 2003 a 2006.

1 A empresa TATÚ PUBLICIDADES E EVENTOS passou a se denominar L. BARBALHO FILHO ME.

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No Relatório daquela Corte de Contas, foram detectadas, dentre várias

irregularidades, o fracionamento sistemático das despesas referentes à contratação de

empresas para realização de espetáculos e apresentações artísticas, sem a realização

dos procedimentos licitatórios exigidos pela Lei nº 8.666/93.

Conforme documentos juntados aos autos, foram analisados, em média, 138

(cento e trinta e oito) contratos feitos pela Fundação José Augusto – FJA para a

realização de eventos culturais. Destes (pasmem!) 123 (cento e vinte e três) foram

realizados somente com a empresa SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS

LTDA, sem qualquer procedimento licitatório.

Registre-se que, antes da realização dos contratos, era feita pela FJA uma

rápida pesquisa de preços, em que, comumente, as mesmas agências eram consultadas.

Por coincidência ou não, nessas consultas, a SUPER STAR

PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA sempre ofertava o menor preço e, em todas as

contratações ela foi a selecionada pela FJA à míngua de qualquer procedimento

licitatório, malgrado o valor total dos contratos, somente no ano de 2005, tenha

ultrapassado a cifra de R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais), valor muito

acima do limite de R$ 8.000,00 previsto em lei para dispensa do procedimento (art. 24,

II c/c art. 23, II, "a", ambos da Lei 8.666/93).

O escancarado esquema de fracionamento de despesas no âmbito da FJA,

que redundou na dispensa das respectivas licitações, só foi possível graças à atuação

dos gestores, ora demandados, FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR e JOSÉ

ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO, à época, Diretor Geral e Diretor da

Fundação José Augusto, respectivamente.

Embora o demandado FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR, na

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condição de Diretor Geral, fosse também o Ordenador de Despesas da Fundação, sua

assinatura aparece em apenas nove processos de contratação fraudulentos (nºs

19078/2005; 42177/2004; 42266/2004; 80535/2004; 51241/2004; 79868/2004;

88866/2004; 75485/2004).

Os demais 122 (cento e vinte e dois) contratos fraudulentos foram assinados

por JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO, que, na condição de

Diretor da FJA, detinha delegação de competência do Diretor Geral para tanto.

Instado a se pronunciar, o demandado FRANÇOIS SILVESTRE DE

ALENCAR deixou suficientemente claro que, independentemente de constar ou não

sua assinatura, todas as irregularidades que foram cometidas naquela Fundação eram

do seu conhecimento e contavam com sua aprovação. Assim, não há como afastar sua

responsabilidade pelo brutal fracionamento de despesas que acontecia naquela

Fundação, tendo ele, inclusive, encampado a defesa dessas irregularidades na sua

manifestação de fls. 107 dos autos:

“II – Não conheço os processos, pois eu não tratava de sua formatação; mas posso assegurar que reconheço a natureza de todos os eventos elencados, assim como posso garantir a sua realização;III – São todos eles, independentemente de constar ou não a minha assinatura, eventos que dispensam o procedimento licitatório, desnecessário, portanto, o mecanismo de fracionamento;IV – Observando alguns dos supostos fracionamentos (com preço de conhecia os processos, pois ele não tratava de sua formatação, conhecendo apenas, em matéria financeira, os convênios. Aduziu ainda que todos os processos, independentemente de constar ou não a sua assinatura, tratam de eventos que dispensam o procedimento licitatório, sendo desnecessário, portanto, o mecanismo de fracionamento. Defendeu que quem deve responder ou dar explicação sobre a formatação desses processos são os técnicos da área, pois eles é que conhecem da matéria.”

JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO, Diretor da

Fundação José Augusto, ao ser notificado, manifestou-se (fls. 128) afirmando que

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“não há que se falar em fracionamento de processos licitatórios de modo a burlar a legislação vigente, pois todas as despesas que justificaram a dispensa de licitação em razão do valor contratado observaram a inteligência do artigo 24, inciso I, da Lei 8.666/93”.

Saliente-se, ainda, a título de informação, que este não é um fato isolado na

vida funcional dos demandados, eis que eles são multiprocessados em ações propostas

pelo Ministério Público. No caso de FRANÇOIS SILVESTRE, ele responde às ações

de improbidade de nº 0801120-30.2011.8.20.0001, 0019076-29.2010.8.20.0001,

0016199-19.2010.8.20.0001 e 0039348-78.2009.8.20.0001. Já JOSÉ ANTÔNIO

PINHEIRO responde às ações de improbidade de nº 0801210-38.2011.8.20.0001,

0801120-30.2011.8.20.0001, 0800524-46.2011.8.20.0001, 0019076-

29.2010.8.20.0001, 0039348-78.2009.8.20.0001 e 0224781-29.2007.8.20.0001, além

de diversas ações penais decorrentes de crimes da mesma natureza.

A verdade é que os demandados FRANÇOIS SILVESTRE e JOSÉ

ANTÔNIO PINHEIRO fizeram uma gestão totalmente à revelia dos Princípios da

Legalidade, Moralidade e Impessoalidade, fazendo letra morta as normas que regem a

Administração Pública.

Além dos gestores já mencionados, o servidor da FJA LAÉRCIO

BEZERRA DE MELO também participou das contratações que burlaram a

realização dos procedimentos licitatórios em ao menos 07 (sete) oportunidades.

Instado a se pronunciar, afirmou (fls. 113):

“nos sete casos de dispensa de licitação por inexigibilidade, a saber 93287/2004, 94104/2004, 58539/2004, 59395/2004, 64153/2004, 73731/2004 e 80549/2004, agi por entender não existir nenhuma irregularidade, uma vez que a empresa Superstar Promoções e Eventos Ltda. era mera intermediária entre os artistas contratados e a Fundação José Augusto.”

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O demandado WILLIAM COLLIER, representante da empresa signatária

de quase todos os contratos realizados com a Fundação José Augusto, a SUPER

STAR PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, em sua defesa (fls. 108/109), limitou-se

a defender o Projeto “Ribeira das Artes”, para o qual era contratada, aduzindo que não

tinha conhecimento de que a licitação referente à contratação dos serviços de sua

empresa era fracionada. Ora, como uma mesma empresa é contratada 123 vezes num

único ano pelo mesmo Órgão Público, todas elas sem licitação e, ainda assim, ignora

um fracionamento tão escancarado como esse? Fica a pergunta!

Embora em menor escala, as empresas COMERCIAL J.P.F DO

VESTUÁRIO LTDA, L. BARBALHO FILHO, SUNLIGHT ENTERTAINMENT

e MARCELO DA COSTA ME, também foram beneficiadas com a gestão ilegal,

impessoal e imoral dos Diretores da FJA.

FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTTA, representante da empresa

MARCELO DA COSTA – ME, após notificado, afirmou que os serviços relativos

aos processos nº 150003/2005 (12/08/2005) e 1500016/2005 (12/08/2005) foram

efetivamente realizados, os quais consistiam na locação de palco e tendas, que deram

logística a um evento ocorrido no Município de Passa e Fica/RN, em meados de 2005.

KARLA MARIA PEREIRA DO AMARAL, uma das sócias da empresa

SUNLIGHT ENTERTAINMENT, afirmou que (fls. 162)

“foram apontadas todas as notas referidas a empresa Sunlight, decorrente dos serviços prestados a Fundação José Augusto no período indicado, que as informações prestadas são a expressão total da verdade. Hoje a Sunlight não disponibiliza mais dos seus serviços, devido aos baixos faturamentos ao longo do seu período, decretando estado de falência”.

Os demais notificados, LUCÍLIO BARBALHO FILHO – representante

da empresa L. BARBALHO FILHO – e MARIA JACIRA MARQUES DE

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OLIVEIRA – sócia da empresa SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS LTDA ME,

não se manifestaram.

As seguintes tabelas tornam bastante claro o fracionamento em comento e

as sucessivas dispensas de licitação, levadas a cabo pelos ex-gestores da FJA:

APRESENTAÇÃO DE DANÇAS FOLCLÓRICAS – NÍSIA FLORESTA/RN

O evento “Danças Folclóricas”, realizado em Nísia Floresta, foi promovido

pela empresa J P F COMÉRCIO VESTUÁRIO LTDA.

Conforme tabela abaixo, é possível verificar que os contratos foram

fracionados a fim de que os valores se enquadrassem no limite estipulado no artigo 24,

inciso II, Lei 8.666/93, para, desta forma, haver a dispensa indevida do procedimento

licitatório.

Em virtude dos indícios de ilegalidade e impessoalidade, o representante da

empresa, FERNANDO INÁCIO DA SILVA JÚNIOR, foi notificado para prestar

esclarecimentos nesta Promotoria.

Contudo, nos termos da documentação anexada aos autos do Inquérito

215/06, o notificado foi vítima de fraude, tendo em vista que nunca foi sócio da

respectiva empresa. Prova disso é o laudo de exame grafotécnico, expedido pela

Coordenadoria de Criminalística do Instituto Técnico-científico de Polícia,

comprovando que FERNANDO INÁCIO DA SILVA JÚNIOR não foi signatário do

instrumento particular e, muito menos, do termo de alteração do contrato social e

aditivos.

Apesar dos representantes da empresa J P F COMÉRCIO VESTUÁRIO

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LTDA não terem sido identificados, cabe a responsabilização dos servidores que

autorizaram as referidas despesas em virtude de ser clarividente o fracionamento dos

serviços.

O parcelamento dos objetos contratuais é notório devido à natureza

equivalente das atividades. No caso em comento, os contratos abordam confecção de

adereços, fantasias e ornamentos. A participação de algumas empresas em mais de

uma pesquisa de preço demonstra a existência de similaridade dos serviços. Não por

acaso, a vencedora, J P F Comércio Vestuário Ltda, é signatária de todos os contratos

do evento.

tabela 01:

EVENTO: Apresentação de danças folclóricas – Nísia Floresta/RNEMPRESA CONTRATADA: J P F Comércio Vestuário Ltda – 01.992.745/0001-47Processo Data da

Dispensa da Licitação /

autorização

Responsável Serviço Contratado Valor do Serviço

(R$)

19101/05 14/02/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção calçados e adereços

7.596,00

19088/05 10/02/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção de fantasia 7.500,00

19095/05 04/02/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Serviço pintura em polyester

7.805,00

19078/05 *21/10/2005Empenho : 14/02/2005

* François Silvestre de Alencar

José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção de ornamentos 7.100,00

VALOR TOTAL 30.001,00

Interessante ainda observar a quantidade excessiva de fantasias e

ornamentos adquiridos para o evento. Em uma cidade cuja população é de 23.818

(vinte e três mil, oitocentos e dezoito) habitantes, conforme dados atualizados do

IBGE2, foram compradas 1.000 (mil) fantasias e 2000 (dois mil) ornamentos. Tais

dados demonstram a existência de um percentual desproporcional, o que torna

2 http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

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duvidosa sua inteira realização.

ESPETÁCULO DE DANÇA “LA BAYADÉRE”

No espetáculo de dança “La Bayadére”, os serviços prestados também

possuíam natureza equivalente, sendo todos ligados à produção artística. Por oportuno,

interessante, ainda, observar a similitude dos valores e a aproximação de todos do

limite previsto na lei 8.666/93, artigo 24, inciso II, que é de R$ 8.000,00 (oito mil

reais).

Como na maioria dos contratos, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA

CÂMARA FILHO, Diretor da Fundação José Augusto, foi o responsável pela

formalização dos contratos e liberação dos recursos e a empresa Super Star

Produções e Eventos Ltda foi a empresa contratada.

tabela 02:

EVENTO: Espetáculo de dança “La Bayadére”EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99Processo Data da

dispensa – autoriz.

Responsável Serviço contratado Valor do serviço

233210/04 09/12/2004 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção 7.500,00

233195/04 09/12/2004 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Criação e confecção do cenário

7.900,00

234188/04 09/12/2004 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Criação e confecção do figurino

7.500,00

VALOR TOTAL 22.900,00

Como é possível verificar, o valor total dos contratos foi de R$ 22.900,00

(vinte e dois mil e novecentos reais), ultrapassando o limite imposto pela Lei nº

8.666/93, razão pela qual a dispensa foi visivelmente indevida.

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ESPETÁCULO “O CORSÁRIO”

No espetáculo “O Corsário”, os serviços de confecção e produção do

cenário e figurino foram realizados por meio de dois contratos, ambos realizados pela

empresa SUPER STAR PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA.

tabela 03:

EVENTO: Espetáculo “O Corsário”EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99

ProcessoData da dispensa – autoriz.

Responsável Serviço contratado Valor do serviço

(R$)111768/05 20/06/2005 José Antônio Pinheiro da

Câmara FilhoConfecção do cenário e figurino

7.900,00

111778/05 20/06/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção e confecção do cenário

5.325,00

VALOR TOTAL 13.225,00

Importante mencionar que, além do fracionamento dos contratos, o Tribunal

de Contas do Estado, por meio da Informação nº 651/2005, observou várias

irregularidades no espetáculo em comento, tais como:

a) Ausência dos recibos do vendedor ou do prestador do

serviço comprovando o efetivo pagamento da despesa;

b) Ausência de comprovação do recebimento do objeto do

contrato;

c) Pagamento adiantado de parte dos serviços;

d) Ausência do ato ou termo administrativo, dispensando ou

reconhecendo a dispensa.

ESPETÁCULO “BYE BYE NATAL”

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No espetáculo “Bye Bye Natal”, a elaboração do cenário também foi

dividida em dois contratos distintos, ambos tendo a empresa SUPER STAR

PRODUÇÕES E EVENTOS como signatária.

Na referida apresentação, além da proximidade dos objetos dos contratos, o

valor de ambos se aproxima do limite legal. Tal prática é muito comum entre os

ímprobos, tendo em vista que, ao mesmo tempo que se consegue a dispensa de

licitação, a quantia chega próximo ao limite máximo de lucro.

tabela 04:

EVENTO: Espetáculo “Bye Bye Natal”EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99

Nº do Processo

Data da dispensa

– autoriz.

Responsável Serviço contratado Valor do serviço

(R$)

42177/2004 12/03/2004 François Silvestre de Alencar

Cenário 7.200,00

42266/2004 12/03/2004 François Silvestre de Alencar

Confecção de 01 rotunda e 04 bambolinas – COMPLEMENTOS DO CENÁRIO

7.500,00

VALOR TOTAL 14.700,00

A respeito dos referidos contratos, o Tribunal de Contas do Estado, por

meio da Informação nº 553/2005, também apontou outras irregularidades, o que

demonstra a má-fé do agente público e da empresa signatária no cometimento da

improbidade administrativa. São elas:

a) Ausência de solicitação inicial para abertura do processo,

conforme o artigo 14, I, da Resolução 11/2004 – TCE

b) Não cumprimento do artigo 38, VI, da Lei 8.666/93, em

ambos os contratos;

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c) Fracionamento de despesa para adoção de dispensa de

licitação, uma vez que todos os processos referem-se ao mesmo

objeto nos dois contratos;

d) Recebimento sem data e carimbo, conforme o artigo 14,

inciso VIII no processo 6219.

ESPETÁCULO “RIBEIRA DAS ARTES”

No espetáculo “Ribeira das Artes”, também realizado pela SUPER STAR

PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA, cada produção das edições foi realizada por

meio de contratos distintos, bem como a locação de som, palcos e banheiros químicos.

No presente caso, também é interessante observar a homogeneidade dos

valores dos contratos, estando praticamente todos próximos ao limite previsto no

artigo 24, inciso, II, da Lei 8.666/93.

Ademais, vale analisar a formatação exatamente igual de algumas

propostas orçamentárias apresentadas pelas empresas participantes da pesquisa de

preço FAZ EVENTOS LTDA e a SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS, no

que concerne à fonte, tamanho e estruturação, o que leva a concluir a estreita relação

existente entre ambas, ou melhor, que os valores das propostas foram combinados

entre elas.

tabela 05:

EVENTO: Espetáculo “Ribeira das Artes” EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99

Nº do Processo

Data da dispensa –

autoriz.

Responsável Serviço contratado Valor do serviço

(R$)28086/2005 23/02/2005 José Antonio Produção para realização da 1ª 7.500,00

Avenida Marechal Floriano Peixoto, 550, Tirol – Natal – CEP 59020-500 – fone/fax: (84)3232-7178 – Página 13 de35

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Pinheiro da Câmara Filho

edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

44744/2005 16/03/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para realização da 3ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

74869/2005 28/04/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para realização da 4ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

125804/2005

08/07/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para realização da 6ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

145377/2005

05/08/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para realização da 8ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 – TAM

7.500,00

28074/2005 23/02/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 1ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

5.725,00

39746/2005 09/03/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 2ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

44759/2005 16/03/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 3ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

145368/2005

05/08/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 8ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

98233/2005OBS: C/C parecer do TCE/RN

31/05/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 5ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

125849/2005

08/07/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 6ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

74876/2005 28/04/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 4ª edição do projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

7.500,00

36176/200 07/03/2005Termo de

Inexigibilidade

José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Contratação das Cantoras Nara Costa, Valeria Kristal e Lucinha Lira -”Dia Internacional da mulher” - projeto “Ribeira das Artes” 2005 - TAM

5.000,00

168706/2004

09/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção de projeto “Ribeira das Artes” - TAM

6.500,00

170826/2004

09/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção de tendas e montagem de um palco - projeto “Ribeira das Artes” - TAM

6.725,00

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192135/2004

08/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de Som, Palco e Banheiros Químicos para a realização da 2ª edição do projeto “Ribeira das Artes” - TAM

5.725,00

192143/2004

08/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para realização da 2ª edição do projeto “Ribeira das Artes” - TAM

7.500,00

98226/2005 31/05/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção da 5ª edição do projeto “Ribeira das Artes”

7.500,00

39744/2005 09/03/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção da 2ª edição do projeto “Ribeira das Artes”

7.500,00

211818/2005

04/11/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção à 11ª edição do projeto “Ribeira das Artes”

7.500,00

235972/2005

25/11/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Produção à 12ª edição do projeto “Ribeira das Artes”

7.500,00

211791/2005

04/11/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de baheiros químicos, som e palco – “Ribeira das Artes”

7.500,00

235246/2005

25/11/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de baheiros químicos, som e palco – “Ribeira das Artes”

7.500,00

R$ 164.675,00

Igualmente, o Tribunal de Contas do Estado, por meio da Informação nº

651/2005, observou outras irregularidades, as quais são capazes de demonstrar as

arbitrariedades cometidas pelos gestores com o dinheiro público e o desrespeito aos

princípios da legalidade e moralidade administrativas. Vejam:

a) Fracionamento de despesa para adoção de dispensa de

licitação, uma vez que, todos os processos referem-se ao

mesmo objeto;

b) Despachos sem data.

c) Despachos para emissão do empenho com data posterior ao

mesmo.

d) Ausência da publicação da inexigibilidade de Licitação,

como determina a Lei 8.666/93 ;

e) Ausência dos recibos do vendedor ou do prestador do serviço

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comprovando o efetivo pagamento da despesa, em desacordo

com o item 2, “a”, inciso VII, artigo 14 da Resolução nº

011/2004 – TCE;

f) Despachos com datas rasuradas;

PROJETO "SEIS & MEIA"

Dentre todos os eventos trazidos nesta inicial, o “Projeto Seis & Meia”

talvez seja o que apresente os maiores abusos e arbitrariedades em termos de

fracionamento. Como é possível perceber, serviços de iluminação, som, camarim e

auxílio de palco se repetem reiteradamente.

Tabela 06:

EVENTO: “Projeto Seis & Meia”EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99

Nº do Processo( FJA )

Data da Dispensa

da Licitação / autorizaç.

Responsável Serviço contratado Valor do serviço (R$)

46304/2005 13/03/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Serviços de camarim e auxiliar de palco

1.500,00

56396/2005 05/04/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação e som 3.000,00

46297/2005 28/03/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Produção - Show da cantora Roberta Sá

5.272,50

68072/2005 18/04/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação e som 2.800,00

62810/2005 15/04/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Serviço de Som – Show dos Cantores Gereba, Ângela Castro e Paulinho boca de cantor

1.300,00

62931/2005 13/04/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação especial 1.900,00

96136/2005 27/05/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação esepecial – Show do cantor Chico César

3.600,00

103911/2005 08/06/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação especial – Show do cantor Zé Geraldo

3.600,00

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EVENTO: “Projeto Seis & Meia”EMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99103925/2005 08/06/2005 José Antonio Pinheiro da C.

FilhoIluminação especial – Show do cantor Valdonis

3.600,00

101434/2005 07/06/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Serviços de camarim e auxiliar de palco

1.500,00

119761/2005 05/07/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação especial – Show do cantor Guilherme Arantes

3.600,00

119779/2005 04/07/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Serviços de camarim e auxiliar de palco

1.500,00

119757/2005 04/07/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação especial – Show da cantora Maria Creuza

3.600,00

210817/2005 04/11/2005 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Iluminação especial – Show do cantor Osvaldo Montenegro

3.500,00

177940/2004 17/09/2004 José Antonio Pinheiro da C. Filho

Serviços de camarim e auxiliar de palco – Projeto Seis e meia - TAM

1.500,00

VALOR TOTAL R$ 41.772,50

No caso em comento, o Tribunal de Contas do Estado, por meio da

Informação nº 651/2005, igualmente observou várias irregularidades no processo. São

elas:

a) Ausência dos recibos do vendedor ou do prestador do serviço

comprovando o efetivo pagamento da despesa; (processos

46304/05, 56396/05, 46297/05, 103911, 101434/05,

103925/05);

b) Ausência de comprovação do recebimento do objeto do

contrato, em desacordo com o artigo 14, VII da Resolução

011/2004; (processos 46304/05, 56396/05, 46297/05,

103911, 101434/05, 103925/05) ;

c) Pagamento adiantado nos processos 46297/05, 103911/05,

103925/05);

d) Despacho com data rasurada no processo 46297/05

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APRESENTAÇÃO EM ASSU

Assim como nos demais eventos, na apresentação ocorrida em Assu,

também houve o parcelamento indevido dos serviços prestados, como locação de som,

palco e luz, dando margem à dispensa de licitação, ferindo frontalmente a lei 8.666/93,

artigo 24, inciso II.

tabela 07:

EVENTO: Apresentação em Assu/RNEMPRESA CONTRATADA: Lucílio Barbalho Filho (Tatu Publicidade e Eventos)

Nº do Processo

Data da dispensa da licitação /

autorização

Responsável Serviço contratado

Valor do Serviço

210173/2005

03/11/2005 José Antonio P. da Câmara Filho Locação de iluminação e som no evento Assumix

4.400,00

206206/2005

26/10/2005 José Antonio P. da Câmara Filho Locação de palco e gerador

7.600,00

206201/2005

26/10/2005 José Antonio P. da Câmara Filho Locação de som e luz – Assufolia 2005

7.400,00

210167/2005

03/11/2006 José Antonio P. da Câmara Filho Locação de palco 6 m X 8 m e locação do som tipo Haytec

5.600,00

VALOR TOTAL

25.000,00

APRESENTAÇÃO EM SANTA CRUZ, SHOWS NA PINACOTECA e

APRESENTAÇÃO EM PASSA E FICA

Em todos os eventos abaixo listados, em que pese os serviços serem

distintos, os mesmos foram realizados no mesmo local e possuem a mesma natureza,

qual seja, todos os contratos são relacionados à iluminação, som, palanque, palcos e

tendas.

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Especificamente no caso da apresentação de Santa Cruz, interessante

observar que, não por acaso, o valor de ambos os contratos é exatamente o limite do

artigo 24, II, da Lei 8.666/93, qual seja, R$ 8.000,00 (oito mil reais).

tabela 08:

EVENTO: Apresentação em Santa Cruz/RNEMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda – 02.104.647/0001-99Process

oData da Dispensa

da Licitação / autorização

Responsável Serviço Contratado Valor (R$)

79821/04 31/03/2004 François Silvestre de Alencar

Contratação de Iluminação e Sonorização – Santa Cruz / RN – Governo das Cidades

8.000,00

79868/04 31/03/2004 François Silvestre de Alencar

Locação de palanque, tendas, - Santa Cruz / RN – Governo das Cidades

8.000,00

VALOR TOTAL 16.000,00

tabela 9

EVENTO: Shows na PinacotecaEMPRESA CONTRATADA: Sunlight Entretenimentos Ltda – 03.064.582/0001-68Processo Data da Dispensa da

Licitação / autorização

Responsável Serviço Contratado

Valor (R$)

63909/05 13/04/05 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de gerador

1.200,00

59339/05 06/04/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de som e luz

4.350,00

59363/05 06/04/05 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Cobertura e complementação do palco p/ eventos e shows artitisticos

4.100,00

VALOR TOTAL 9.650,00

tabela 10:

EVENTO: apresentação em Passa e FicaEMPRESA CONTRATADA: M A Produções e Eventos (Marcelo Costa ME) – 05.001.170/0001-04Processo Data da Dispensa

da Licitação / autorização

Responsável Serviço Contratado

Valor (R$)

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150003/05 12/08/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de palco 12 m X 14 m e locação do som tipo Haytec

7.800,00

150016/05 12/08/2005 José Antônio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de vinte tendas de 6m X 6m com sistema de anti-incêncio

7.200,00

VALOR TOTAL 15.000,00

DOS OUTROS EVENTOS

A título de ilustração, abaixo serão listados serviços prestados em eventos

diversos. Por oportuno, importante ressaltar que todos os contratos têm como signatária a

empresa SUPER STAR PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA e os gestores JOSÉ

ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA FILHO ou FRANÇOIS SILVESTRE DE

ALENCAR como responsáveis pela liberação da verba. Ademais, os serviços se equiparam

àqueles realizados nos eventos anteriormente tratados.

Tabela 11

EVENTO: diversosEMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos LtdaProcesso Data da

Dispensa autoriz.

Responsável Serviço Contratado Valor (R$)

192588/2004OBS: C/C parcer do TCE/RN

14/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produçaõ do 2º festival da criança – Cidade da Criança

4.950,00

174493/2004 14/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção de 30 paineis em telão e com pintura – Projeto auxílio-montagem de espetáculo de teatro

7.100,00

174482/2004 14/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção para curso de dança Conteporânea - EDTAM

6.880,00

205486/2004 29/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de equipamento de som – Projeto Serenata para Natal

2.000,00

180547/2004 24/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Montagem de palco para inauguração – Casas de cultura de Currais Novos, Parelhas e Umarizal

5.000,00

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EVENTO: diversosEMPRESA CONTRATADA: Super Star Produções e Eventos Ltda88866/2004 13/05/2004 François Silvestre de Alencar Locação de iluminação e palco – Praça

da Poesia - Pinacoteca7.800,00

75485/2004 29/04/2004Termo de

Inexigibilidade

François Silvestre de Alencar Apresentação teatral do espetáculo “AS BESTAS”

3.100,00

194469/2004 18/04/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de banheiros químicos, na “Semana da criânça” - Cidade da criança.

4.500,00

177895/2004 17/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de 05 tendas 2.625,00

192104/2004 08/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção do cenário do espetáculo de dança “De quem é? - TAM

4.300,00

192113/2004 08/10/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Criação e confecção de 20 (vinte) figurinos do espetáculo de dança “De quem é? - TAM

6.880,00

179732/2004 22/09/2004Termo de

Inexigibilidade

Sem assinatura Produção do III seminário de música de Cruzeta

27.090,00

170411/2004 10/09/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Contratação de 28 artirtas populares – Grupos folclóricos – na realização do X Encontro de folclore e cultura – Palácio da Cultura

37.000,00

150634/2004 16/08/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção de 01 cenário e 07 figurinos do espetáculo teatral “Diálogos de Nuestra América”

7.000,00

150640/2004 16/08/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção do espetáculo teatral “Diálogos de Nuestra América”

6.990,00

138076/2004 27/07/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Produção do espetáculo “Couro de Piolho”

5.000,00

123667/2004 13/07/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção de figurinos, cenario, banners – espetáculo “Natal em jinville” - Cia Dança do TAM

6.850,00

123661/2004 13/07/2004 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Confecção de 12 cenários destinados aos espetáculos

6.800,00

127903/2005 12/07/2005 José Antonio Pinheiro da Câmara Filho

Locação de palco, som e iluminação especial – Evento Casa de Cultura – Campo Grande /RN

5.000,00

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 4º, estabelece:

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Art. 37. A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao seguinte:(...)§º 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Os princípios informadores da Administração Pública, elevados à estatura

constitucional, devem ser rigorosamente observados, sob pena de não se atingir o

escopo das políticas públicas que devem ser implementadas pelo Estado.

Com o fito de regular o disposto no transcrito § 4º do art. 37 da CF, veio a

lume a Lei nº. 8.429, de 02/06/92, que define os atos de improbidade administrativa,

dividindo-os entre aqueles que: a) importam enriquecimento ilícito (art. 9º); b) causam

prejuízo ao erário (art. 10); e c) atentam contra os princípios da administração pública

(art. 11).

O administrador ímprobo é o que, utilizando-se da sua condição de gestor

administrativo, age de forma desonesta e em desconformidade com os princípios

orientadores da Administração Pública, no sentido de obter vantagem indevida, para si,

ou para outrem, ou, simplesmente, lesando o erário ou descumprindo princípios

basilares do direito, em especial os que regem a Administração Pública, daí advindo as

supracitadas categorias de atos de improbidade.

O constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA3 ensina que a probidade

administrativa consiste no dever de o

3(SILVA, José Afonso da; Curso de Direito Constitucional Positivo, Editora Malheiros, 20 edição, p.649)

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“funcionário servir à Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer. Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada.”

No caso em apreço, os demandados, na condição de gestores da FJA, ao

burlarem a obrigatoriedade de licitar, deram azo a contratações sucessivas de

determinadas empresas e inviabilizaram a ampla competitividade, que, caso tivesse

sido assegurada, poderia ter gerado uma considerável economia aos cofres públicos.

Frise-se que, como bem menciona Marçal Justen Filho:

"sendo previsíveis diversas aquisições de objetos idênticos, deve considerar-se o valor global. A regra subordina a Administração ao dever de prever todas as contratações que realizará no curso do exercício. Não se vedam contratações isoladas ou fracionadas - proíbe-se que cada contratação seja considerada isoladamente, para fim de determinação do cabimento da licitação ou da modalidade cabível. Se a contratação superveniente derivar de evento não previsível, porém, nenhum vício existirá em tratar-se os dois contratos como autônomos e dissociados" 4

Os requeridos incorreram na prática de improbidade administrativa,

previsto no art. 10, VIII, da Lei nº. 8.429/92, vazado nos seguintes termos:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: [...]VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; (destacamos)

Segundo estabelece a Constituição Federal (artigo 37, inciso XXI),

“ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de

4(Marçal Justen Filho, Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 14ª ed. Dialética, p. 302)

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licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensável à garantia do cumprimento das obrigações” .

O dispositivo constitucional em comento fixa o princípio da obrigatoriedade

da licitação para a contratação de obras e serviços pela Administração Pública – direta

ou indireta. Isto é assim porque, como bem adverte JOSÉ DOS SANTOS

CARVALHO FILHO,

“não poderia a lei deixar ao exclusivo critério do administrador a escolha de pessoas a serem contratadas, porque, fácil é prever, que essa liberdade daria margem a escolhas impróprias, ou mesmo a concertos escusos entre alguns administradores públicos inescrupulosos e particulares, com o que prejudicada, em última análise, seria a Administração Pública, gestora dos interesses coletivos”.

A FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, como uma autarquia estadual, deve ser

fiel à observância aos ditames da Lei de Licitação, de maneira que suas contratações

com terceiros devem, necessariamente, ser precedidas de licitação, salvo se existir

hipótese de dispensa ou inexigibilidade prevista em lei.

No caso em apreço, as contratações realizadas pelos demandados

FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA

CÂMARA e LAÉRCIO BEZERRA DE MELO, Agentes Públicos da Fundação

estadual, violaram a lei de licitação, pois, em que pese os valores dos contratos

estarem abaixo do limite previsto no artigo 24, inciso II, da Lei 8.666/93, houve o

fracionamento dos serviços a fim de haver a dispensa do processo licitatório.

Reza o dispositivo legal em análise:

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Art.24. É dispensável a licitação: [...]II- para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; (grifo nosso)

Nos eventos culturais descritos acima, os serviços prestados possuíam tanto

a mesma natureza como eram realizados no mesmo local.

Não resta dúvida de que as dispensas sucessivas e indevidas do processo

licitatório implicaram, por si sós, em prejuízo ao erário. O artigo 10 da Lei de

Improbidade Administrativa, por sinal, presume jure et jure o dano ao erário nas

hipóteses, expressa e exemplificadamente, nele elencadas.

Destarte, é prescindível para condenação dos demandados a prova cabal da

diminuição patrimonial do Ente Público lesado. Basta, para tanto, o juízo de subsunção

dos fatos narrados às hipóteses previstas no art. 10 em comento.

Acerca desse tema, o STJ já se manifestou da seguinte forma:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. ESPECIAL. VIA INADEQUADA. LICITAÇÕES. PROCEDIMENTO DE CONVITE DIRECIONADO, SEM PUBLICIDADE. PREJUÍZO AO ERÁRIO IN RE IPSA. ART. 334, INCS. I E IV, DO CPC. FATO NOTÓRIO SEGUNDO REGRAS DE EXPERIÊNCIA ORDINÁRIAS E SOBRE O QUAL MILITA PRESUNÇÃO LEGAL. [...]2. O prejuízo ao erário, na espécie (irregularidade em procedimento licitatório), que geraria a lesividade apta a ensejar a ação popular é in re ipsa, na medida em que o Poder Público deixa de, por condutas de administradores, contratar a melhor proposta (no caso, em razão da ausência de publicidade, houve direcionamento da licitação na modalidade convite a três empresas específicas).

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3. Além disto, conforme o art. 334, incs. I e IV, independem de prova os fatos notórios e aqueles em razão dos quais militam presunções legais ou de veracidade.4. Evidente que, segundo as regras de experiência ordinárias (ainda mais levando em conta tratar-se, na espécie, de administradores públicos), o direcionamento de licitações, sem a devida publicidade, levará à contratação de propostas eventualmente superfaturadas (salvo nos casos em que não existem outras partes capazes de oferecerem os mesmos produtos e/ou serviços).5. Não fosse isto bastante, toda a sistemática legal colocada na Lei n. 8.666/93 baseia-se na presunção de que a obediência aos seus ditames garantirá a escolha da melhor proposta em ambiente de igualdade de condições.6. Desta forma, milita em favor da necessidade de publicidade precedente à contratação mediante convite (que se alcança mediante, por exemplo, a fixação da cópia do instrumento convocatório em locais públicos) a presunção de que, na sua ausência, a proposta contratada não será a economicamente mais viável e menos dispendiosa, daí porque o prejuízo ao erário é notório. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido. (REsp 1190189 / SP RECURSO ESPECIAL 2010/0069393-7, Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento 10/08/2010, Data da Publicação/Fonte DJe 10/09/2010)

Contudo, caso esse juízo entenda imprescindível a demonstração do dano

ao erário para condenação dos demandados pelo art. 10 da Lei nº 8.429/92, o que se

admite só para argumentar, ainda assim, não haverá como afastar a sua

responsabilidade pela prática de improbidade administrativa.

Isso porque o art. 11 da Lei de nº 8.429/92 define como ato de improbidade

administrativa a conduta que viole os Princípios da Administração Pública, nos

seguintes termos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente (…)

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Definindo o Princípio da Legalidade, Emerson Garcia e Rogério Pacheco

Alves entendem que “os atos administrativos devem ser praticados com estrita

observância dos pressupostos legais, o que, por óbvio, abrange as regras e princípios

que defluem do sistema”. Assim, os administradores devem observar rigorosamente as

leis, não podendo agir senão quando e conforme permitido pelo ordenamento jurídico.

Assim, na prática de seus atos, o administrador jamais pode agir contra a

lei, o que, sem dúvida, além de lesar o próprio Estado Democrático de Direito,

configura-se em improbidade administrativa, independentemente de prova de lesão ao

erário, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AO ART. 454 DO CPC. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONCESSÃO DE "HABITE-SE" A OBRA QUE AINDA NÃO CUMPRIA CERTOS REQUISITOS LEGAIS (TERRAÇO SHOPPING). INEXISTÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO E AUSÊNCIA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ART. 11 DA LEI N. 8.429/92. DESNECESSIDADE. ELEMENTO SUBJETIVO DOLOSO. CONFIGURAÇÃO. OFENSA AO ART. 12, INC. III E P. ÚN., DA LEI N. 8.429/92. INOCORRÊNCIA. SANÇÕES FIXADAS NO MÍNIMO OU PRÓXIMAS DO MÍNIMO LEGAL. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.(...)6. Em segundo lugar, em relação à inexistência de dano ao erário e à ausência de enriquecimento ilícito por parte da recorrente, pacífico no Superior Tribunal de Justiça entendimento segundo o qual, para o enquadramento de condutas no art. 11 da Lei n. 8.429/92, é despicienda a caracterização do dano ao erário e do enriquecimento ilícito. Precedentes.7. Em terceiro lugar, da leitura do acórdão recorrido, tem-se que o recorrente não apenas liberou o "habite-se" sem a observância dos requisitos legais, como também omitiu esta liberação ilegal da comissão competente para encobrir eventuais provas do abuso e, enfim, eximir-se da punição certa (fls. 905/906, e-STJ).8. Plenamente evidenciado, pois, a vontade livre e consciente de perpetrar a ilegalidade - o dolo genérico de praticar condutas em flagrante desrespeito aos princípios que devem conduzir os agentes públicos.9. A geração de empregos nas proximidades da época natalina e as constantes pressões políticas neste sentido não constituem

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"justificativa plausível" para a conduta e não são bastantes para fundamentar com o mínimo grau de legitimidade a concessão do "habite-se" a certa edificação que não atendia os pressupostos para livre tráfego de pessoas deficientes.10. Não fosse isto suficiente, ficou evidente, do conjunto fático-probatório carreados aos autos, que o recorrente agiu com animus decipiendi contra a comissão de licenciamento (criada, frise-se, pelo próprio recorrente), que, em razão da omissão dolosa acerca da concessão do "habite-se", permaneceu com os trabalhos de vistoria da obra.11. Parece, portanto, à luz deste último fato, que a inauguração antecipada do shopping, longe de ter sido implementada com fins alegadamente altruístas (geração de emprego e revitalização de área que, á época dos fatos, era considerada meramente "área dormitório"), na verdade foi o resultado de uma conduta ilegal premeditada sob outras premissas: interesse exclusivamente pessoal e pressão política (para não dizer o mínimo!).12. Daí que, e em quarto lugar, não há que se falar em falta de proporcionalidade e ofensa ao art. 12 da Lei n. 8.429/92 na fixação das sanções no mínimo (suspensão de direitos políticos e proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios) ou muito próximas ao mínimo legal (multa civil na razão de 12 vezes o valor da remuneração mensal percebida pelo recorrente).13. A narrativa dos fatos revela o ardil do recorrente, não só em praticar a conduta ímproba para deliberadamente agradar o Governo Distrital, mas especialmente em tentar escondê-la para evitar publicidade exagerada e as conseqüentes medidas de responsabilização cabíveis.(REsp 977013/DF RECURSO ESPECIAL 2007/0059481-7 , Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento 24/08/2010)

No mais, as aquisições mediante dispensa de licitação malferiram o

Princípio da Moralidade, sobre o qual discorreu com maestria o doutrinador Marcelo

Figueiredo. Para ele, a probidade administrativa é corolário da moralidade

administrativa, sendo o “dever do agente público de servir à coisa pública, à

Administração, com honestidade, com boa-fé, exercendo suas funções de modo

lícito”5, aduzindo que

“o importante será verificar e detectar, na atuação dos órgãos

5 Probidade Administrativa – Comentários à Lei 8.429/92 e legislação complementar. 4ª ed. S. Paulo: Malheiros Editores, 2000. p. 22.

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administrativos, violações ao Direito. Diante de um caso concreto, deverá o juiz ou administrador sindicar exaustivamente o comportamento da Administração. Caso haja quebra de confiança, de lealdade, de ética, haverá maus-tratos à moralidade administrativa”6.

Sendo assim, resta evidente a violação aos Princípios da Legalidade e da

Moralidade, caracterizando-se as condutas, também, como ato de improbidade previsto

no artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92.

Em conclusão, os demandados LAÉRCIO BEZERRA DE MELO,

FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR e JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA

CÂMARA praticaram atos de improbidade administrativa previstos no art. 10, inciso

VIII, da Lei nº 8.429/92, na medida em que dispensaram a licitação a partir de meios

escusos e ilegais, frustrando a licitude do procedimento.

Já as empresas demandadas SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS LTDA

ME, SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, MARCELO COSTA

ME e TATÚ PUBLICIDADES E EVENTOS (atual L. BARBALHO FILHO ME),

por sua vez, concorreram para a prática dos atos de improbidade e dele se

beneficiaram, devendo sofrer as penas compatíveis com suas condições de pessoas

jurídicas, com fulcro no artigo 3º da Lei nº 8.429/92, que dispõe:

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Não bastasse isso, há fundados indícios de que essas empresas serviram tão

somente aos propósitos escusos de seus sócios e administradores, razão pela qual

desde já se requer a desconsideração de sua personalidade jurídica, com fulcro no art.

50 do Código Civil, incluindo-se no pólo passivo da demanda as pessoas de

6 Op. cit. p. 24.

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WILLIAM COLLIER, SATURINO DE OLIVEIRA FERNANDES BORGES,

LUCÍLIO BARBALHO FILHO, MARIA JACIRA MARQUES DE OLIVEIRA e

KARLA MARIA PEREIRA DO AMARAL, que, na condição de sócios ou gerentes

das empresas demandadas, concorreram para a prática dos atos de improbidade e

também dele se beneficiaram, devendo sofrer as penas compatíveis com suas

condições de terceiros beneficiários.

A respeito de MARCELO DA COSTA, diante da documentação juntada

aos autos (fls. 126), foi possível constatar que ele era mero laranja, sendo FABIANO

CÉSAR LIMA DA MOTTA o verdadeiro dono da empresa MARCELO COSTA

ME.

Isso fica evidente quando se constata que foi FABIANO MOTTA quem

respondeu à notificação encaminhada, por esta Promotoria de Justiça, a MARCELO

DA COSTA. Além disso, em outros inquéritos civis, entre eles o de nº 030/06 (que

deu ensejo à Ação de Improbidade Administrativa nº 0008615-32.2009.8.20.0001),

FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTA, confessou ser o verdadeiro dono da empresa

MARCELO COSTA M.E, oportunidade em que prestou as declarações adiante

transcritas:

“Que no início de 2005 procurou o Sr. ROBERTO DE PAULA na Secretaria de Turismo do Estado, para tratar de um assunto referente a uma dívida de ALEX PADANG conforme já narrado em depoimento nessa Promotoria, Peças de Informação 109/2005-27PJ; que depois do referido acerto o depoente passou a ser contactado por ROBERTO DE PAULA para que fornecesse notas fiscais de serviços fictícios; que tais notas eram emitidas sempre no valor abaixo de R$ 8.000,00 (oito mil reais) para ser dispensável a realização de licitação; Que a primeira vez ROBERTO DE PAULA ligou para o depoente dizendo que ia precisar da firma do depoente (Marcelo Costa -ME) para fazer alguns negócios; Que ROBERTO DE PAULA alegava que o dinheiro seria para ratear entre pessoas da Secretaria quando estas fossem viajar; Que desse modo eram simulados serviços, as notas fiscais eram emitidas, o processo era formalizado e feito o pagamento; que os pagamentos eram feitos mediante ordem bancária,

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sendo o valor sacado na boca do caixa, sempre no Banco do Brasil; Que o depoente após sacar os valores entregava a ROBERTO DE PAULA na Secretaria de Turismo; Que dos valores o depoente recebia 8% quando havia desconto de ISS e 13% quando não havia tal desconto; que para dar uma aparência de legalidade a contratação ROBERTO DE PAULA aproveitava eventos que realmente se realizariam e inseria o contrato da empresa Marcelo Costa-MA como se fosse parte integrante do evento; Que neste instante faz a entrega das notas fiscais de n° 0092, 00114, 0126, 0133, 0171, 0191, 0194 da MARCELO COSTA-ME e a nota n° 0034 da F C Produções, referentes a serviços que não foram prestados pela MARCELO COSTA-ME; Que este esquema permaneceu até início de 2006, cessando quando estourou o caso do "Foliaduto"; Que certa vez ROBERTO DE PAULA mencionou que os valores de um dos contratos seria para repassar a ARNALDO SAINT BRIZON, que iria fazer uma viagem (...)”

O depoimento acima transcrito tanto comprova que FABIANO CÉSAR

LIMA DA MOTTA é o verdadeiro dono da empresa MARCELO COSTA - ME,

razão pela qual foi incluído no pólo passivo da demanda, como torna indubitável a

existência desse grande esquema de fraudes à licitação, responsável pela dilapidação

do patrimônio público.

DA NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO

No caso em pauta, a prescrição quinquenal prevista no art. 23, I, da Lei nº

8.429/92 ainda não incidiu, haja vista que os demandados somente deixaram seus

cargos comissionados em 19.04.2006 (FRANÇOIS SILVESTRE) e em 20.04.2006

(JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO), datas em que foram exonerados.

Quanto aos terceiros beneficiários, aplicam-se a eles os mesmos prazos

prescricionais dos agentes públicos demandados.

Sendo assim, o prazo prescricional somente se consumará, com relação às

condutas ora descritas, em 19.04 e 20.04.2011, respectivamente, razão pela qual resta

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plenamente demonstrado o interesse processual na propositura da presente ação.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer o Ministério Público Estadual a Vossa

Excelência:

1) a notificação dos demandados FRANÇOIS SILVESTRE DE

ALENCAR, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA CÂMARA

FILHO, WILLIAM COLLIER, SATURINO DE OLIVEIRA

FERNANDES BORGES, LUCÍLIO BARBALHO FILHO,

MARIA JACIRA MARQUES DE OLIVEIRA, KARLA

MARIA PEREIRA DO AMARAL, FABIANO CÉSAR

LIMA DA MOTTA, LAÉRCIO BEZERRA DE MELO,

SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS LTDA ME, SUPER

STAR PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, MARCELO

COSTA ME e TATÚ PUBLICIDADES E EVENTOS (L.

BARBALHO FILHO ME) para, querendo, no prazo legal,

oferecer manifestação por escrito (art. 17, § 6º, da Lei nº

8.429/92);

2) o recebimento da ação, com a citação dos demandados

FRANÇOIS SILVESTRE DE ALENCAR, JOSÉ ANTÔNIO

PINHEIRO DA CÂMARA FILHO, WILLIAM COLLIER,

SATURINO DE OLIVEIRA FERNANDES BORGES,

LUCÍLIO BARBALHO FILHO, MARIA JACIRA

MARQUES DE OLIVEIRA, KARLA MARIA PEREIRA

DO AMARAL, FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTTA,

LAÉRCIO BEZERRA DE MELO, SUNLIGHT

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ENTRETENIMENTOS LTDA ME, SUPER STAR

PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, MARCELO COSTA

ME e TATÚ PUBLICIDADES E EVENTOS (L.

BARBALHO FILHO ME), para, querendo, oferecer contestação,

sob pena de confissão e revelia;

3) a citação da FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO e do ESTADO

DO RIO GRANDE DO NORTE, na pessoa da Procuradoria

Geral do Estado, para integrar o pólo ativo da relação jurídica

processual, nos termos do art. 17, § 3º, da Lei nº 8.429/92;

4) a condenação dos demandados FRANÇOIS SILVESTRE

DE ALENCAR, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO DA

CÂMARA FILHO, WILLIAM COLLIER, SATURINO DE

OLIVEIRA FERNANDES BORGES, LUCÍLIO

BARBALHO FILHO, MARIA JACIRA MARQUES DE

OLIVEIRA, KARLA MARIA PEREIRA DO AMARAL,

FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTTA, LAÉRCIO

BEZERRA DE MELO, SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS

LTDA ME, SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS

LTDA, MARCELO COSTA ME e TATÚ PUBLICIDADES

E EVENTOS (L. BARBALHO FILHO ME) nas sanções

previstas no artigo 12, inciso II, da Lei 8.429/92, pela prática de

ato de improbidade administrativa que causou, presumidamente,

lesão ao erário (Art. 10, Inc. VIII, da Lei nº 8.429/92), com a

desconsideração da personalidade jurídica das empresas que, na

instrução processual processual, ficar comprovado que serviram

aos propósitos escusos dos seus sócios e administradores;

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5) sucessivamente, caso o pedido anterior não seja acatado,

requer a condenação dos demandados FRANÇOIS

SILVESTRE DE ALENCAR, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO

DA CÂMARA FILHO, WILLIAM COLLIER, SATURINO

DE OLIVEIRA FERNANDES BORGES, LUCÍLIO

BARBALHO FILHO, MARIA JACIRA MARQUES DE

OLIVEIRA, KARLA MARIA PEREIRA DO AMARAL,

FABIANO CÉSAR LIMA DA MOTTA, LAÉRCIO

BEZERRA DE MELO, SUNLIGHT ENTRETENIMENTOS

LTDA ME, SUPER STAR PROMOÇÕES E EVENTOS

LTDA, MARCELO COSTA ME e TATÚ PUBLICIDADES

E EVENTOS (L. BARBALHO FILHO ME) nas sanções

previstas no artigo 12, inciso III, da Lei 8.429/92, pela prática de

atos de improbidade administrativa que violaram os princípios da

Administração Pública (Art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92), com

a desconsideração da personalidade jurídica das empresas que, na

instrução processual processual ficar comprovado que serviram

aos propósitos escusos dos seus sócios e administradores;;

6) Especificamente quanto à recomposição do erário estadual,

a condenação solidária dos demandados ao ressarcimento do

montante de R$ 777.288,50 (setecentos e setenta e sete mil,

duzentos e oitenta e oito reais e cinqüenta centavos) em valores

históricos que devem ser atualizados na fase de liquidação do

julgado, conforme tabela anexa com o somatório dos valores de

todos os contratos;

7) a condenação dos demandados ao pagamento de todas as

custas judiciais e sucumbenciais.

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Protesta o Ministério Público pela produção de todas as provas admissíveis,

inclusive a testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 777.288,50 (setecentos e setenta e sete mil,

duzentos e oitenta e oito reais e cinqüenta centavos).

Natal-RN, 15 de abril de 2011.

SÍLVIO RICARDO GONÇALVES DE ANDRADE BRITO

PROMOTOR DE JUSTIÇA

AFONSO DE LIGÓRIO BEZERRA JÚNIOR PROMOTOR DE JUSTIÇA

DANIELLI CHRISTINE DE OLIVEIRA G. PEREIRA PROMOTORA DE JUSTIÇA

EMANUEL DHAYAN BEZERRA DE ALMEIDA PROMOTOR DE JUSTIÇA

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