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  • 7/23/2019 ACAATINGA - RNSA- Plano de Manejo - Visualizao

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    PLANO DE MANEJO3. Iterao

    Portaria N 51 de 08 de setembro de 2000, IBAMAProprietrio: Associao Caatinga

    Crates (CE)2012

    RESERVA PARTICULARDO PATRIMNIO NATURAL

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    lano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    Realizao:

    Apoio:

    Samuel JohnsonCaatinga Conservation Fund

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    Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    Equipe Tcnica da Reviso do Plano de Manejo

    Coordenador da Reviso | Ewerton Torres Melo - Gegrafo, Coordenador do Ncleo Operacional deCrates da Associao Caatinga - Gerente da Reserva Natural Serra das Almas (RNSA).

    Equipe da Oficina de Reviso do Plano de Manejo

    Rodrigo Castro - Bilogo, Secretrio Executivo da Associao Caatinga. Daniel Fernandes - Bacharel em Direito, Coordenador do Ncleo Operacional de Fortaleza - Gerente

    administrativo financeiro da Associao Caatinga. Liana Sena - Biloga, Coordenadora de Educao Ambiental da Associao Caatinga. Samuel Portela - Bilogo, Coordenador do Projeto Caatinga Preservada. Sandino Moreira Silva - Bilogo, Coordenador do Projeto Caatinga Um Novo Olhar. Maria da Penha Moreira Gonalves - Engenheira Florestal, Coordenadora de Recomposio Florestal da

    Associao Caatinga. Railda Machado - Engenheira Agrnoma, Coordenadora de Tecnologias Sustentveis da Associao Caatinga. Jos Roniesley Dias Melo - Bacharel em Cincias Contbeis, Assistente administrativo financeiro da Associao

    Caatinga. Fernanda da Silva Chagas - Graduanda em Cincias Biolgicas, Assistente de Gerncia da Reserva Natural

    Serra das Almas.

    Gilson Miranda do Nascimento - Graduando em Cincias Biolgicas, Agente de Mobilizao da Associao Caatinga. Marcelo Delfino - Graduando em Cincias Biolgicas, Estagirio extensivo da RNSA. Marcos Roberto Marques - Encarregado de Servisos Operacionais da RNSA e guarda-parque. Ronaldo Neco de Lima - guarda-parque. Jonas tila de Souza - guarda-parque. Renato Rodrigues Cavalcante - guarda-parque.

    Elaborao do Plano de Manejo - 3 iterao

    Ewerton Torres Melo - Coordenador do Ncleo Operacional de Crates da Associao Caatinga - Gerente daReserva Natural Serra das Almas.

    Fernanda Chagas - Assistente de Gerncia da Reserva Natural Serra das Almas Liana Sena - Coordenadora de Educao Ambiental da Associao Caatinga Gleidson Almeida Aranda - Tcnico em Adequao Ambiental e criao de RPPN da Associao Caatinga. Gilson Miranda do Nascimento - Agente de mobilizao da Associao Caatinga. Maria da Penha Moreira Gonalves - Coordenadora de Recomposio Florestal da Associao Caatinga

    Reviso das Listas de Espcies | Gleidson Almeida Aranda - Associao Caatinga

    Mastofauna

    Prof. M.Sc. Shirley Seixas Pereira da Silva - Instituto Resgatando o Verde (IVR) Prof. Dr Patrcia Gonalves Guedes - Museu Nacional/RJ e Instituto Resgatando o Verde (IVR)

    Herpetofauna | Igor Joventino Roberto - Depart. De Cincias Fsicas e Biolgicas, Universidade Regional

    do Cariri (URCA)

    Avifauna | Weber Andrade de Giro e Silva - Aquasis

    Botnica | Maria da Penha Moreira Gonalves - Associao Caatinga

    Participantes da Oficina com as Lideranas Municipais

    Wanderley Marques - Secretrio de Meio Ambiente do Municpio de Crates Joo Cruz Martins - Presidente da Associao Comunitria de Tucuns Joo Teomar Gonalves Marques - Diretor da Escola de Cidadania de Ibiapaba (Ibiapaba) Antonio Teixeira Lima - Presidente da Associao de Desenvolvimento Comunitrio de Quebradas e Regio Ccero Rufino do Nascimento - Meliponicultor e Morador do Assentamento Xavier Raimundo Soares Rodrigues - Agroecologista e Morador de Filomena Iracilda Rodrigues de Sousa - Presidente da Associao dos Pequenos Produtores Rurais da Regio de Lagoas

    e Secretria da Escola de Cidadania Jos de Arajo Veras

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    lano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente ao patrono da Associao Caatinga o Sr. Samuel Johnson (in memoriam) que criou o Fundode Conservao da Caatinga e tornou possvel a criao da Reserva Natural Serra das Almas.

    Aos conselheiros da Associao Caatinga: Bosco Carbogim Presidente do Conselho, Roberto Macdo, Re-nato Arago e a Professora Maria Anglica Fiqueiredo (in memoriam) que muito contriburam para as pesquisasna RNSA e elaborao do primeiro Plano de Manejo desta Unidade de Conservao.

    A equipe da Associao Caatinga e a todos os funcionrios da Reserva Natural Serra das Almas.Aos parceiros e lideranas comunitrias das comunidades de Tucuns, Jatob Medonho, Queimadas, Assen-

    tamento Xavier, Cabaas, Ibiapaba, Assentamento Padre Alfredinho, Besouro, Boqueiro dos Galdinos, BarroVermelho, Filomena, Tapuio, Tabuleiro, Lagoas, Santa Luzia, Xavier, Quebradas e Salgado, que esto envolvidosde diversas formas nas aes e projetos desenvolvidos no entorno da RNSA.

    Ao Sr. Wanderley Marques (Secretrio de Meio Ambiente do Municpio de Crates) que j um parceiro delongas datas e que vem contribuindo de forma insistente para o desenvolvimento de uma poltica ambientalmais efetiva no municpio de Crates.

    Por fim, a todos os colaboradores e patrocinadores que contribuem ou contriburam de alguma forma paraa implantao e manuteno da RNSA e aes desenvolvidas no entorno da reserva, so eles: Ceras Johnson,

    Petrobras, Governo Federal, Ministrio do Meio Ambiente, Coelce, Enegio, O Estado, O Povo, Hidracor, Boves-pa, CNPQ, SESI, FIEC, Banco do Nordeste, The Nature Conservancy, Embrapa, Prefeitura Municipal de Crates,Approach, Diversey, Rede Folha, Secrelnet, Embaixada Suia, AD2M Engenharia de Comunicao, J Macdo,MPX, Fundao Grupo Boticrio, Mata Branca, Patrimonial, Natural Wax, Handara, Asa Branca, BSPAR, Ibama,FNMA, ASHOKA, SEBRAE, TAM, EcoNordeste, SindCarnaba, Promossel, Universidade Federal do Cear, Uni-versidade Estadual do Cear, R. Amaral Advogados.

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    Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    APRESENTAO

    O objetivo do Plano de Manejo ordenar, orientar e normatizar toda e qualquer interveno em uma reanatural protegida, visando manter sua integridade biolgica e o cumprimento dos objetivos pelos quais eladeve existir.

    O Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas foi finalizado em 2001, onde o foco das aes es-tava voltado prioritariamente para a conservao in situda fauna e flora, o desenvolvimento do programa depesquisas, a recuperao das poucas reas degradadas no interior da unidade, a implantao das estruturasfsicas (Centro de visitantes, alojamento, etc.), o estabelecimento de um plano de desenvolvimento local sus-tentvel para as comunidades do entorno da reserva, aes de educao e sensibilizao na regio e a visita-o a reserva.

    A segunda iterao do Plano de Manejo (2007-2011) foi elaborada atravs da reviso do Plano de Manejooriginal, mantendo os principais programas de manejo e ampliando as aes com base no zoneamento darea e no envolvimento com as comunidades do entorno. Foi dada uma ateno especial tambm a proteoda reserva e a pesquisa cientfica.

    O presente Plano de Manejo (3 iterao - 2012-2016) tambm foi construdo a partir da avaliao e revisodo Plano de Manejo anterior (2007-2011), sendo que a estrutura do atual documento foi adequada as reco-mendaes do Roteiro Metodolgico para a Elaborao de Plano de Manejo para Reservas Particulares do

    Patrimnio Natural (IBAMA, 2004).Durante a oficina de reviso do Plano de Manejo, em fevereiro de 2012, a equipe da Associao Caatinga

    definiu a nova misso da Reserva Natural Serra das Almas que ficou assim:

    Preservar uma rea significativa da Caatinga, consolidando estratgias de proteo a biodiversidade, edu-cao ambiental, pesquisa e sustentabilidade local.

    Desse modo, as atividades do presente Plano de Manejo foram definidas com base na nova misso da Re-serva Natural Serra das Almas. Em suma, as atividades esto direcionadas para a proteo dos 6.146 hectaresda reserva, a proteo das nascentes e espcies ameaadas de extino, o desenvolvimento de pesquisascientficas, recreao e visitao escolar, projetos de educao ambiental e desenvolvimento sustentvel juntos comunidades do entorno da reserva, combinando preservao ambiental com gerao de renda e melho-

    ria da qualidade de vida da populao local.

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    LISTA DE FIGURAS 07LISTA DE TABELAS 09LISTA DE SIGLAS 09LISTA DE ANEXOS 10INTRODUO 11

    1. INFORMAES GERAIS 121.1. Localizao e Acesso 121.2. Histrico de Criao e Aspectos Legais 121.3. Ficha-resumo da RPPN 13

    2.DIAGNSTICO 142.1. Caracterizao da RPPN 14

    2.1.1. Clima 142.1.2. Geologia 152.1.3. Geomorfologia 162.1.4. Solos 172.1.5. Hidrografia 182.1.6. Vegetao 192.1.6.1 Descrio Geral 19

    2.1.6.2 Caatinga Arbrea 212.1.6.3 Mata Seca 222.1.6.4 Carrasco 23

    2.1.7. Fauna 262.1.7.1. Mastofauna 262.1.7.2. Avifauna 262.1.7.3. Herpetofauna 28

    2.1.8. Aspectos histricos e culturais 282.1.9. Visitao 312.1.10. Pesquisa e Monitoramento 38

    2.1.11. Ocorrncia de Fogo 402.1.12. Atividades Desenvolvidas na RPPN 412.1.13. Sistema de Gesto e Pessoal 422.1.14. Infraestrutura 43

    2.1.14.1. Sede - Centro de Interpretao

    Ambiental Prof. Maria Anglica

    Figueiredo

    44

    2.1.14.2. CESJ - Centro Ecolgico Samuel

    Johnson

    47

    2.1.15. Equipamentos e Servios 492.2. CARACTERIZAO DO ENTORNO 50

    2.2.1. Populao e dinmica demogrfica 512.2.2. Saneamento Bsico: abastecimento degua e esgotamento sanitrio

    54

    2.2.3. Resduos Slidos 572.2.4. Aspectos Geolgicos-Geomorfolgicos 59

    2.2.4.1. Geologia 592.2.4.2. Geomorfologia 60

    2.2.5. Condies Hidroclimticas 622.2.5.1. Clima 622.2.5.2. Hidrografia 65

    2.2.6. Caractersticas dos Solos 672.2.7. Uso da Terra 67

    2.2.8. Caracterizao Ambiental (meio bitico) 682.2.8.1. Caracterizao de Vegetao das

    04 Microbacias do Entorno da RNSA

    68

    2.2.8.2. Caracterizao da Fauna das 04

    Microbacias do Entorno da RNSA

    78

    2.3. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE 802.4. DECLARAO DE SIGNIFICNCIA 82

    3. PLANEJAMENTO 833.1. Objetivos de Plano de Manejo 833.2. Zoneamento 83

    3.2.1. Zona Silvestre 843.2.2. Zona de Proteo 853.2.3. Zona de Recuperao 853.2.4. Zona de Visitao 853.2.5. Zona de Transio 86

    3.3. Progamas de Manejo 863.3.1. Progama de Administrao 863.3.2. Programa de Proteo e Fiscalizao 883.3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento 893.3.4. Programa de Visitao 89

    3.3.5 Programa de SustentabilidadeEconmica

    90

    3.3.6 Programa de Comunicao e Integraocom a Comunidade

    91

    4. CRONOGRAMAS DE ATIVIDADES 925. INFORMAES FINAIS 96

    5.1. Anexos 965.2. Referncias 142

    SUMRIO

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    Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

    07

    Figura 1. Localizao da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 12

    Figura 2. Vias de acessos a RPPN Reserva Natural Serra das Almas 12

    Figura 3. Logo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 13

    Figura 4. Tipos climticos da regio da Reserva Natural Serra das Almas 14

    Figura 5. Formao de chuva orogrfica na Reserva Natural Serra das Almas 15

    Figura 6. Ilustrao da chuva orogrfica na Reserva Natural Serra das Almas 15Figura 7. Estruturas geolgicas da regio da Reserva Natural Serra das Almas 15

    Figura 8. Seco Geolgica Esquemtica da Bacia Sedimentar do Parnaba 16

    Figura 9. Modelo Digital do Terreno da regio de Crates 17

    Figura 10. Perfil geolgico e geomorfolgico da Cuesta da Ibiapaba 17

    Figura 11. Classes de Solos da Reserva Natural Serra das Almas 18

    Figura 12. Rede de drenagem hdrica da Reserva Natural Serra das Almas 19

    Figura 13. Fitofisionomias ocorrentes no Estado do Cear 20

    Figura 14. Detalhes das fitofisionomias ocorrentes na RPPN Serra das Almas, sendo: A e B - Caatinga Arbrea em regeneraonatural; C e D - Mata Seca; E e F - Carrasco em regenerao natural

    21

    Figura 15. Detalhes de indivduos de Caesalpinia ferrea, Mimosa caesalpiniifolia,Amburana cearensiseAnadenanthera colubrina

    ocorrentes na fitofisionomia de Caatinga Arbrea

    22

    Figura 16. Detalhes de indivduos deAgonandra brasiliensis, Buchenavia capitata, Hymenaea colbarile Myracrodruon urundeuvaocorrentes na fitofisionomia de Mata Seca

    23

    Figura 17. Detalhes de indivduos de Hymenaea velutinae Copaifera martiina vegetao de Carrasco 24

    Figura 18. Detalhes de indivduos de Ingasp e Ficus guianensis, ocorrentes na vegetao de mata ciliar 25

    Figura 19. Paisagens ocorrentes no ambiente de Lajeiro da RPPN Serra das Almas 25

    Figura 20. Fitofisionomias encontradas na RPPN Serra das Almas 25

    Figura 21. Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), jaguatirica (Leopardus pardalis),veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), ona-parda (Puma concolor), soin (Callithrix jacus)

    26

    Figura 22. Periquito-do-serto (Aratinga cactorum), pica-pau-de-cabea-amarela (Celeusflavescens) 27

    Figura 23. Canco (Cyonocorax cyanopogon), ariramba (Galbula ruficauda) 27

    Figura 24. Choca-do-planalto (Thamnophilus pelzelni), casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata) 27

    Figura 25. Cabea-vermelha (Paroaria dominicana), dorminhoco (Trogon curucui) 28

    Figura 26. Coral-falsa (Oxyrhopus trigemius), perereca (Phylomedusagr.hypocondrialis), jararaca (Bothrops erythromelas), camaleo (Iguana iguana) 28

    Figura 27. Indicao da rea adquirida para compor o bloco de terras do formato inicial da Reserva Natural Serra das Almas 29

    Figura 28. Trilhas da RPPN Reserva Natural Serra das Almas 31

    Figura 29. Portal de entrada para as trs trilhas localizadas na regio da Sede da RPPN: Trilha do Lajeiro, Trilha dos Macacos e Trilha das Arapucas 32

    Figura 30. esquerda, grupo de visitantes no percurso do Mirante dos Macacos; direita, pesquisadores acompanhados pelo estagirio da RNSA 32

    Figura 31. Trilhas abertas e delimitadas para o fcil acesso 33

    Figura 32. Estruturas encontradas na Trilha do Lajeiro 33

    Figura 33. Placas informativas 34

    Figura 34. Trilha do Lajeiro 35

    Figura 35. Trilha das Arapucas (vista panormica da Serra de Ibiapaba e Serto de Crates) 36Figura 36. Trilha dos Macacos (rea de vivncia e casa de farinha) 37

    Figura 37. Mirante da Trilha dos Macacos: esquerda estrutura fsica do mirante e direita vista do vale do riacho Melancias e Serto de Crates 37

    Figura 38. Cascatinha da Trilha dos Macacos 37

    Figura 39. Placa de informao sobre a caatinga arbrea 38

    Figura 40. Atuao de alguns pesquisadores em campo na RNSA 39

    Figura 41. Foto de um trecho do aceiro da RPPN 40

    Figura 42. Imagem de satlite da RNSA com indicaes de reas crticas quanto a propagao do fogo 41

    Figura 43. Foto de integrantes do curso de combate a queimadas do PREVFOGO 41

    Figura 44. Alunos em visita a RNSA 42

    Figura 45. Sistema de comunicao 43

    Figura 46. Placas solares e baterias para armazenamento da energia oferecida no Espao Caatinga 44

    Figura 47. Ponto de coleta de gua para abastecimento das estruturas do CIA 44

    Figura 48. Viso geral do Espao Caatinga; banner informativo e maquetes; loja; e escritrio 45

    Figura 49. Alojamento; cozinha e refeitrio; laboratrio 45

    LISTA DE FIGURAS

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    lano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    Figura 50. Viso geral do CIA; Portais das trilhas; e rea de Vivncia 46

    Figura 51. Recanto da Fauna; Rplica de Leopardus pardalise Puma concolor; Jardim de Plantas Medicinais 46

    Figura 52. Horta orgnica (destaque para tomates e cereja); composteira 47

    Figura 53. Estao Meteorolgica (em detalhe painel de dados) 47

    Figura 54. Auditrio para cursos e capacitaes 48

    Figura 55. Viveiros de produo de mudas (estrutura geral, rea interna da casa de vegetao, semeadura, rea de sol pleno) 48

    Figura 56. Composteira (detalhe para o adubo orgnico) 49

    Figura 57. Meliponrio 49Figura 58. Cartograma da rea das 4 microbacias do entorno da RNSA 50

    Figura 59. Cartograma dos distritos pertencentes a rea das microbacias: Riacho Melancias, Riacho So Francisco, Riacho dasCabaas e Riacho do Padre, municpio de Crates

    51

    Figura 60. Ncleo urbano do distrito de Tucuns 52

    Figura 61. Deslocamento do gado nos distritos de Ibiapaba e Tucuns respectivamente 53

    Figura 62. Casa de farinha no distrito de Tucuns. Mulheres preparam a mandioca para a fabricao da farinha dgua e goma 54

    Figura 63. Morador de rea indgena Tabajara se desloca para conseguir gua 55

    Figura 64. Nmero de domiclios com ausncia de banheiros por setores censitrios nos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucun 56

    Figura 65. Domiclios particulares permanentes dos setores censitrios do distrito de Ibiapaba, por tipo de esgotamentosanitrio e ausncia de banheiro ou sanitrio

    56

    Figura 66. Domiclios particulares permanentes dos setores censitrios do distrito de Poti, por tipo de esgotamento sanitrio eausncia de banheiro ou sanitrio 66

    Figura 67. Domiclios particulares permanentes por destino do lixo 66

    Figura 68. Lixo encontrado no trajeto para as nascentes, na comunidade de Tucuns, observar a direo da gua indicado pelaseta vermelha, o lixo torna-se um obstculo no trajeto

    58

    Figura 69. Mdia anual da precipitao pluviomtrica no municpio de Crates, CE 63

    Figura 70. Distribuio da temperatura mdia anual do municpio de Crates, CE 63

    Figura 71. Distribuio anual do excedente (valores positivos) e da deficincia hdrica (valores negativos) segundo o BalanoHdrico de Thornthwaite e Mather

    64

    Figura 72. Valores mdios de precipitao, evapotranspirao potencial e evapotranspirao real em Crates 64

    Figura 73. Mdias anuais de precipitao em Crates 65

    Figura 74. Localizao da Barragem Fronteiras 66

    Figura 75. Cartograma com os pontos visitados durante as atividades de campo 68Figura 76. rea Antropizada e com indcios de Caatinga Arbrea em Estgio Inicial de Regenerao 70

    Figura 77. rea Antropizada e com indcios de Caatinga Arbrea em Estgio Inicial de Regenerao 70

    Figura 78. rea de Agricultura, Antropizada e com manchas de Caatinga Arbrea em Estgio Inicial de Regenerao ao fundo da imagem 71

    Figura 79. rea de Agricultura prxima ao Limite da RNSA 71

    Figura 80. Limite da RNSA - rea de Caatinga Arbrea em Estgio Intermedirio de Regenerao 72

    Figura 81. rea de Agricultura, Antropizada 72

    Figura 82. rea de Caatinga Arbrea em Estgio Inicial / Intermedirio de Regenerao 73

    Figura 83. rea de Caatinga Arbrea em Estgio Intermedirio de Regenerao (detalhe: Pseudobombax marginatumembiratanha e Anadenanthera colubrina angico)

    73

    Figura 84. rea de Agricultura, circundada por reas Antropizadas e com manchas de Caatinga Arbrea em Estgio Inicial de Regenerao 74

    Figura 85. rea de Agricultura, circundada por reas Antropizadas, muito cortada por trilhas de gado RNSA ao fundo da imagem 74Figura 86. rea de Caatinga Arbrea em Estgio Intermedirio de Regenerao 75

    Figura 87. rea de Caatinga Arbrea em Estgio Intermedirio de Regenerao 75

    Figura 88. rea de Mata Seca em Estgio Avanado de Regenerao 76

    Figura 89. rea de Mata Seca em Estgio Avanado de Regenerao 76

    Figura 90. rea de Agricultura, circundada por reas Antropizadas em uma regio de Mata Seca 77

    Figura 91. rea de Mata Seca em Estgio Intermedirio de Regenerao 77

    Figura 92. rea de Mata Seca em Estgio Avanado de Regenerao (detalhe: pau-marfimAgonandra brasiliensis) 78

    Figura 93. rea de Mata Seca em Estgio Avanado de Regenerao (detalhe a esquerda: gameleiraFicussp) 78

    Figura 94. rea desmatada prxima a localidade Buritizinho 79

    Figura 95. Espcies visualizadas em campo 79

    Figura 96. Proximidade e densidade dos fragmentos conservados 81

    Figura 97. rea indicativa da Reserva Natural Serra das Almas como rea de alta importncia (CA-391) para conservao dabiodiversidade do bioma Caatinga

    82

    Figura 98. Zoneamento ambiental da RPPN RNSA 84

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    Plano de Manejo da Reserva Natural Serra das Almas

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    01. Ficha- resumo da RPPN 1302. Lista dos atrativos de cada trilha de visitao da RNSA 3403. Relao das pesquisas realizadas atualmente na RNSA 4004. Moradores ou residentes em domiclios particulares permanentes na rea das quatro microbacias,

    municpio de Crates51

    05. Mdia do nmero de moradores por domiclios particulares permanentes nos distritos de Ibiapaba, Poti,Realejo e Tucuns

    52

    06. Evoluo da populao residente nos ncleos urbanos e povoados dos distritos de Poti, Realejo e Tucuns,segundo o IBGE 2000 e 2010.

    52

    07. Evoluo da populao residente na zona rural dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns, segundoo IBGE - 2000 e 2010

    53

    08. Valor do rendimento nominal mdio mensal das pessoas responsveis por domiclios particularespermanentes (com e sem rendimento) dos distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

    54

    09. Domiclios particulares permanentes, por forma de abastecimento de gua, segundo os Distritos deIbiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

    55

    10. Domiclios particulares permanentes, por existncia de banheiro ou sanitrio e tipo de esgotamentosanitrio, segundo os Distritos de Ibiapaba, Poti, Realejo e Tucuns

    55

    11. Domiclios particulares permanentes por destino do lixo segundo os setores censitrios dos Distritos deIbiapaba, Poti, Realejo e Tucuns 58

    12. Unidades geolgico-geomorfolgicas da Reserva Natural Serra das Almas e entorno (Fonte: organizadopor Almeida (2012), com base em CPRM (2011), Souza (2000) e Almeida (2005)

    62

    13. Balano hdrico, segundo Thornthwaite & Mather (1955). Crates, CE) 6314. Descrio das Unidades Fitoecolgicas 69

    LISTA DE SIGLAS

    RPPN Reserva Particular do Patrimnio NaturalRNSA Reserva Natural Serra das AlmasIBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais RenovveisICMBio Instituto Chico Mendes de Conservao da BiodiversidadeUC Unidade de ConservaoAER Avaliao Ecolgica RpidaTNC The Nature ConservancyIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatsticaCESJ Centro Ecolgico Samuel JohnsonCDA Centro de Difuso AmbientalCIA Centro de Intrepretao Ambiental Prof Maria Anglica Figueiredo

    CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e TecnolgicoAC Associao CaatingaSISBIO Sistema de Autorizao e Informao em BiodiversidadePREVFOGO Centro Nacional de Preveno e Combate aos Incndios FlorestaisNUC Ncleo Operacional de CratesPI Plano de InformaoUNESCO United Nations Educacional, Scientific and Cutural OrganizationASAS rea de Soltura de Animais SilvestresPSA Pagamento por Servios Ambientais

    LISTA DE TABELAS

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    LISTA DE ANEXOS

    5.1.1. Mapa da RPPN RNSA 97

    5.1.2. Portarias 985.1.3. Imagem de Satlite da rea da RNSA e reas do Entorno (satlite ALOS 2007) 1005.1.4. Detalhamento das Metodologias da Avaliao Ecolgica Rpida (1999/ 2000) 1005.1.5. Lista de Espcies Florestais 103

    5.1.6. Lista de Fauna 1105.1.7. Pesquisa de Satisfao do Vistante 1205.1.8. Ficha de Patrulha 1215.1.9. Formulrio de Pesquisa 1225.1.10. Termo de Compromisso 1275.1.11. Planilha de Dados e Grficos Meteorolgicos 1295.1.12. Planta do Meliponrio 135

    5.1.13. Mapa Geomorfolgico 137

    5.1.14. Mapa de Vegatao e Uso do Solo 1385.1.15. reas Prioritrias para Conservao 139

    5.1.16. Zoneamento Ambiental 140

    5.1.17. Oficina com Lideranas Municipais 141

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    INTRODUO

    A RPPN Reserva Natural Serra das Almas, localizada no municpio de Crates/CE, foi a primeira Unidade deConservao do bioma a receber o ttulo de Posto Avanado da Reserva da Biosfera da Caatinga, concedidopela UNESCO. uma rea de 6.146 hectares, que a coloca como a segunda maior Unidade de Conservaoprivada da Caatinga. A rea da reserva est inserida em duas unidades geoambientais, o Planalto da Ibiapabae a Depresso Sertaneja perifrica de Crates, e possui trs tipos de cobertura vegetal: a Caatinga arbrea, aMata seca e o Carrasco. Foi reconhecida como rea de prioridade muito alta para conservao do bioma, pelo

    Ministrio do Meio Ambiente, e por conta de sua importncia manejada como uma unidade de ProteoIntegral, resguardando sua integridade biolgica e reforando seu papel no sistema nacional de Unidades deConservao.

    Apesar da sua importncia e reconhecimento, a reserva tem sofrido com as presses antrpicas sobre suasriquezas naturais, seja na forma de caa ilegal ou pela propagao de fogo. Rodeada por 19 comunidades, comaproximadamente 1.700 famlias vivendo em seu entorno, a rea da reserva constantemente invadida porcaadores. Um programa de preveno e combate a incndios florestais realizado anualmente durante os trsltimos meses do ano quando o risco dos incndios florestais maior. A RNSA tem desenvolvido uma srie deaes e iniciativas com o objetivo de promover o envolvimento da comunidade na conservao, buscando inte-grar a reserva no contexto socioambiental local e contribuindo para o desenvolvimento sustentvel da regio.

    A Associao Caatinga vem consolidando a RPPN Reserva Natural Serra das Almas desde a sua criao em2000 como um modelo de conservao para a Caatinga, baseado numa viso de integrao das prioridadesde conservao com as prioridades de desenvolvimento local sustentvel. Nesta abordagem, a Unidade deConservao assume um papel importante na dinmica do desenvolvimento local, em que a rea protegidacontribui para a melhoria das condies de vida atravs do fomento a prticas de conservao e uso sustent-vel nas reas do entorno e do investimento social. Contribuindo para a reduo da presso ambiental sobre area e para o estabelecimento de uma relao de confiana e cooperao com as comunidades locais.

    Nesse sentido, esta 3 iterao do Plano de Manejo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas contemplaum conjunto de atividades que buscam atingir os seguintes objetivos: 1. Aprimorar o sistema de gesto deadministrao financeira, fsica e de recursos humanos da RPPN; 2. Assegurar a proteo da reserva atravs deestratgias de fiscalizao e controle, bem como promover o manejo da biodiversidade no interior da unida-

    de e da rea de influncia, assim como garantir a segurana da equipe e do visitante; 3. Fomentar atividadesde pesquisa na RPPN que possam dar subsdios para a conservao e manejo da rea. Monitorar e avaliar aefetividade da proteo assegurando que a RPPN cumpra seu papel de conservao dos recursos naturais;4. Estabelecer e ordenar as atividades para a visitao e Educao Ambiental, valorizando os atributos natu-rais e belezas cnicas; 5. Assegurar a Sustentabilidade econmica da RNSA atravs da captao de recursos,disponibilizao de produtos sustentveis e o desenvolvimento sustentvel das comunidades do entorno; 6.Promover o fortalecimento da relao com a sociedade, disseminar conhecimentos e divulgar a RNSA.

    Para cada objetivo foram definidas aes e atividades conforme os Programas de Manejo estabelecidospelo Roteiro Metodolgico para Elaborao de Plano de Manejo para RPPN (IBAMA, 2004). Essas atividades fo-ram propostas por uma equipe multi e interdiciplinar da Associao Caatinga durante a oficina de reviso doPlano de Manejo, sendo que, para a definio de algumas das atividades, houve a participao de lideranas

    comunitrias do entorno da RPPN durante uma oficina especfica. Por fim, a equipe da Associao Caatingatambm definiu qual seria a atual misso da RPPN Reserva Natural Serra das Almas, que ficou da seguinteforma: Preservar uma rea significativa da Caatinga, consolidando estratgias de proteo a biodiversidade,educao ambiental, pesquisa e sustentabilidade local. com base nessa misso que o presente Plano deManejo est estruturado.

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    1. INFORMAES GERAIS

    1.1 Localizao e Acesso

    A RPPN Reserva Natural Serra das Almas est situada entre os limites Oeste do Municpio de Crates CE(Figura 01) e limites Leste do municpio de Buriti dos Montes - PI, nas seguintes coordenadas geogrficas:515e 500 Sul e 4015e 4100 Leste. Abrange uma rea de 6.146 hectares.

    Figura 01 - Localizao da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

    A RNSA fica distante 385 km de Fortaleza e 50 km do centro urbano de Crates (Figura 02). De Crates ata sede da RNSA, o deslocamento realizado em aproximadamente 1 hora e 15 minutos e para o Centro Eco-lgico, que fica a 38 km de Crates realizado em aproximadamente 40 minutos.

    Figura 02 Vias de acessos a RPPN Reserva Natural Serra das Almas

    1.2 Histrico de Criao e Aspectos Legais

    Desde 1993, a estratgia da The Nature Conservancy (TNC) no Brasil inclua projetos voltados a conserva-o da biodiversidade em cada bioma terrestre brasileiro, sendo que at 1995 s o bioma Caatinga no haviasido contemplado. Inicialmente, a TNC verificou a possibilidade de investir em alguma iniciativa j existenteno Cear, mas nenhuma ao de proteo Caatinga foi encontrada.

    Em 1996, atravs de avaliao de mapas temticos, fotos areas, imagens de satlite e referncias biblio-

    grficas, especialistas identificaram reas prioritrias para a conservao da Caatinga no estado do Cear,considerando critrios de representatividade do bioma, biodiversidade, presena de carnaba e baixo ndicede alterao, cujos resultados elegeram a rea de Poti Sul como a primeira prioridade (TNC, 1999). Com estesdados, em meados de 1998, um projeto formalizado pela empresa americana S.C.Johnson & Son, Inc., com a defi-nio de um apoio financeiro. A partir da, foi criada a Associao Caatinga, em 21 de outubro do mesmo ano, que

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    junto a TNC adotaram uma estratgia de aquisio das terras visando construir um bloco que viabilizasse a existn-cia da reserva e que pudesse se fosse o caso, ser ampliado no futuro. Os procedimentos incluram a caracterizaoda situao da rea, a identificao das propriedades, sua situao dominial e um estudo da realidade do mercadode terras da regio. As negociaes foram conduzidas de forma cuidadosa, difceis no incio e envolvendo a autori-zao de colheita das roas a alguns meeiros aps a aquisio das reas (BRANT; ROCHA, 2000).

    A propriedade que permitia a formao do bloco de terras continuou em negociao, mas devido sobre-valorizao e a manuteno de critrios para o estabelecimento do preo final, outras reas s foram adquiridas

    posteriormente. Assim, a estratgia adotada permitiu novas ampliaes da reserva para 5.646 ha e, recentemente,alcanando o objetivo de 6.146 hectares, como recomendado pelo plano de manejo, elaborado em 2001. As es-crituras das propriedades foram unificadas e o total do processo de aquisio despendeu cerca de 800 mil dlares.

    A Reserva Natural Serra das Almas foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimnio Natural, inicialmen-te, pela Portaria do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) n 51 de 8de setembro de 2000 (4.750 ha) e, depois, pela Portaria no 117 de 9 de setembro de 2002 (494,50 ha), sendo queoutros dois processos tramitam para a incluso das duas ltimas reas adquiridas (vide anexo 5.1.2.).

    Durante a ltima reviso do Plano de manejo (2006/2007) foi criada a logo da RNSA (figura 03), inspirada namisso: Preservar uma rea significativa da Caatinga, construindo um modelo de proteo da biodiversidade edo desenvovimento local sutentvel. A logo conta com uma carnaba, destacando a motivao inicial para acriao da RPPN intimamente associada a histria e trajetria da famlia Johnson com a palmeira; representantetambm o relevo da Serra de Ibiapaba/Grande e, uma ave simbolizando toda a diversidade faunstica da rea.

    Figura 03 Logo da RPPN Reserva Natural Serra das Almas.

    1.3 Ficha-resumo da RPPN

    Nome da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

    Nome do proprietrio Associao Caatinga

    Nome do representante Rodrigo Castro

    Contato (85) 3241-0759 Rua Cludio Manuel Dias Leite, n 50 Coc, Fortaleza/CE.

    Endereo da RPPN Serra das Almas, setor oeste da zona rural do municpio de Crates.

    Endereo para correspondncia Rua do Instituto Santa Ins, 658, Centro, Crates-CE. CEP: 63700-000

    Telefone/e-mail/website (88) 3691-8671 / [email protected] / www.acaatinga.org.br

    rea da RPPN 6.146 hectares (mapa em anexo 5.1.3.)Principal municpio de acesso a RPPN Crates-CE

    Municpios e estados abrangidos Crates-CE e Buriti dos Montes-PI

    Coordenadas geogrficas 515e 500 Sul e 4015e 4100 Leste

    Data e nmero do ato legal de criao 8 de Setembro de 2000, IBAMA - portaria 51.

    Marcos e referncias importantes nos limitese confrontantes

    Norte: Distrito de Ibiapaba Crates/CESul: Distrito de Tucuns Crates/CELeste: Distrito de Poty Crates/CEOeste: Distrito de Jatob Medonho Buriti dos Montes/PI

    Bioma e/ou ecossistema Caatinga (formao no florestal estacional arbrea/arbustiva decduaespinhosa); Carrasco (formao estacional arbustiva densa decduaMontana); Mata seca (formao florestal estacional decdua submontana).

    Distncias dos centros urbanos mais prximos Fortaleza-CE: 310 km; Crates-CE: 50 km; Buriti dos Montes-PI: 35 km

    Meio principal de chegada UC BR-020; BR-226; CE-469

    Atividades ocorrentes Pesquisa, Fiscalizao, Visitao, Educao Ambiental, Turismos ecolgico.

    http://www.acaatinga.org.br/http://www.acaatinga.org.br/
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    2. DIAGNSTICO

    Caracterizao da RPPN

    A caracterizao da fauna e flora da RNSA se deu nos anos de 1999/2000 quando foi realizado uma Ava-liao Ecolgica Rpida (AER), com o objetivo de obter um mximo de informaes bsicas sobre a rea numcurto perodo de tempo (metodologias em anexo 5.1.4.). Esta metodologia foi desenvolvida pela TNC, per-

    mitindo que seja realizado um diagnstico rpido da biodiversidade de uma determinada rea, fornecendodados para o desenvolvimento do plano de manjo, retratando a situao inicial da rea.

    Desde ento, diversas pesquisas vem sendo desenvolvidas na RNSA com o intuito de identificar, levantare analisar diferentes pontos sobre o ecossistema e as interaes intra e interespecficas, alimentando assim aslistas de espcies da RNSA e suas funes na manuteno do ecossistema.

    2.1.1Clima

    A Reserva Natural Serra das Almas est inserida no contexto do clima semirido que se caracteriza pelasaltas temperaturas, forte evaporao ou evapotranspirao e pela pouca precipitao. Alm da pouca precipi-

    tao, as chuvas so mal distribudas no tempo e no espao.

    O clima da regio caracterizado tambm por duas estaes distintas: uma seca, de longa durao (de junhoa dezembro) e outra chuvosa (de janeiro a maio). Devido a variao da altitude, o Planalto da Ibiapaba possuitemperaturas mais baixas que a depresso perifrica, apresentando tambm maior umidade. Nesse caso, distin-guem dois tipos de clima na rea da Reserva Natural Serra das Almas, na parte baixa predomina o Clima TropicalQuente Semirido e na parte alta o Clima Tropical Quente Semirido Brando, como mostra na figura 04.

    Figura 04 Tipos climticos da regio da Reserva Natural Serra das Almas.

    Percebe-se, portanto, que o clima da parte alta da RNSA (Planalto da Ibiapaba) mais agradvel, mais brando.Nessa regio tambm chove mais que a parte baixa, e isso se deve a um fenmeno chamado Chuva Orogrfica,ou chuva de relevo (Figura 05). Esse fenmeno ocorre quando as massas de ar que atravessam a depresso serta-neja encontram o Planalto da Ibiapaba, que funciona como obstculo, e sobem rapidamente carregando umida-de para o alto onde se resfriam e se condensam provocando chuvas. Essa zona chamada de Barlavento, ou seja, o lugar onde o vento bate. Aps as nuvens terem descarregado toda a chuva nessa rea, o ar fica mais seco e carregado para o outro lado (para o Piau) diminuindo as chances de chuva, essa zona chamada de Sotavento

    (Figura 06). Alm da altitude, possivelmente, a chuva orogrfica favoreceu o desenvolvimento da Mata Seca nazona de barlavento (mais mido) e o desenvolvimento do Carrasco no sotavento (mais seco).

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    Figura 05 Formao de chuva orogrfica na Reserva Natural Serra das Almas. Foto: Ewerton Melo.

    Figura 06 Ilustrao da chuva orogrfica na Reserva Natural Serra das Almas

    2.1.2 Geologia

    A Reserva Natural Serra das Almas est inserida entre duas estruturas geolgicas: o Planalto Sedimentar daIbiapaba e o Embasamento Cristalino da depresso perifrica do Serto de Crates (Figura 07).

    Figura 07 Estruturas geolgicas da regio da Reserva Natural Serra das Almas.

    A parte alta da Reserva, comumente chamada de serra, na verdade uma parte do Planalto da Ibiapaba,que por sua vez faz parte da borda de uma bacia sedimentar, que nesse caso, trata-se da borda oriental da BaciaSedimentar do Parnaba. Essa rea foi soerguida, ou seja, essa formao geolgica foi empurrada para cima porfocas internas da Terra (tectonismo) durante o perodo Cretceo que ocorreu h cerca de 135 milhes de anos.

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    Mas, a formao da Bacia Sedimentar do Parnaba muito mais antiga, provavelmente iniciou-se h maisde 500 milhes de anos, quando os primeiros sedimentos comearam a preencher as partes mais baixas dessabacia. O acmulo de sedimentos formam camadas diferenciadas pelo tempo e tipo de material, que so cha-madas de formaes geolgicas.

    Desse modo, essa pequena poro da bacia do Parnaba que se encontra no Cear corresponde a umacamada muito antiga dessa bacia sedimentar denominada Formao Serra Grande, cuja idade do perodoSiluriano, ou seja, se formou h a cerca de 430 milhes anos. E com o soerguimento da borda oriental (Leste)

    da bacia do Parnaba, essa camada foi exumada formando o que chamamos hoje de Planalto da Ibiapaba. Oesquema abaixo (Figura 08) mostra um perfil da bacia sedimentar do Parnaba com as principais camadas, eentre elas o Grupo Serra Grande.

    Figura 08 Seco Geolgica Esquemtica da Bacia Sedimentar do Parnaba. (Fonte: Modificado de Ges et al., 1993).

    Nota-se no esquema acima que existem outras formaes sobre o Grupo Serra Grande, que evidentemen-te so formaes mais recentes. Porm, durante os eventos tectnicos do Cretceo, a parte oriental da baciasoergueu elevando as camadas do Grupo Serra Grande para a superfcie, exumando esse grande pacote de

    rochas sedimentares que compe o Planalto da Ibiapaba.A parte baixa da RNSA, popularmente chamada de Serto, est sobre uma estrutura geolgica muito anti-

    ga, na verdade a mais antiga do planeta, que o Embasamento Cristalino da Era Pr-Cambriana (4,6 bilhesde anos), como mostra a figura 08. Essa estrutura constituda por rochas metamrficas e granticas.

    2.1.3 Geomorfologia

    O Estado do Cear cercado por planaltos e chapadas e a parte central rebaixada e plana, da o nome deDepresso Sertaneja. A parte baixa da Reserva Natural Serra das Almas faz parte dessa Depresso Sertaneja,mas como se trata de uma rea que est em contato entre bacia sedimentar e embasamento cristalino, dar-seo nome de depresso perifrica.

    Portanto, a Depresso Perifrica de Cratespossui um relevo plano e suave ondulado, com altitude m-dia em torno de 300 metros acima do nvel do mar. A Figura 09 mostra a configurao do relevo da regio deCrates, onde as reas com colorao em verde claro so as reas mais baixas (Depresso Perifrica de Cra-tes) e as verde escuro so as mais altas (Planalto da Ibiabapa).

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    Figura 09 Modelo Digital do Terreno da regio de Crates. (Fonte:GlobalMapper 10)

    O Planalto da Ibiapaba, como foi dito anteriormente, o afloramento da borda da bacia sedimentar doParnaba que foi soerguida formando uma cadeia montanhosa que abrange todo o Oeste do Estado do Cea-r. Essa formao do relevo s interrompida pela passagem do rio Poti, que se imps sobre essa estruturaescavando as rochas arenticas com a fora das correntezas, criando uma paisagem surpreendente e nicachamada Boqueiro do Poti ou Cnion do Poti. Nesse caso, podemos dividir o Planalto da Ibiapaba em duaspartes, o Planalto Norte da Ibiapaba e Planalto Sul da Ibiapaba, onde o rio Poti seria a linha de diviso. Por-tanto, podemos afirmar que a parte alta da Reserva Natural Serra das Almas est localizada no Planalto Sul daIbiapaba, com altitudes que variam de 650 a 700 metros acima do nvel do mar.

    As camadas sedimentares do Planalto da Ibiapaba (Formao Serra Grande) mergulham suavemente paraoeste, formando um relevo de Cuesta, ou seja, o planalto possui uma elevao brusca de um lado (Front daCuesta) e se estende com caimento suave para o outro lado (reverso da Cuesta). Por isso, muito comum queo Planalto da Ibiapaba seja tambm chamado pelos gegrafos de Cuesta da Ibiapaba (Figura 10).

    Figura 10 Perfil geolgico e geomorfolgico da Cuesta da Ibiapaba.

    No terreno da Cuestada Ibiapaba predominam topos planos, rampas com declividades suaves e vales pro-fundos esculpidos no arenito da formao Serra Grande (ex: vale do riacho Melancias). A eroso nas encostasdo planalto, conhecida como eroso regressiva, provocou a formao de vales encravados chamados festes,ou relevos festonados. A camada superficial da formao Serra Grande que mais resistente aos efeitos daeroso chamada de cornija, ela aparece no topo das encostas com as feies de paredes de arenitos (Ex: omirante da Trilha das Arapucas est sobre uma cornija).

    2.1.4 Solos

    Para facilitar a identificao necessrio que os diferentes tipos de solos que possuem caractersticas co-muns sejam agrupados, formando assim as associaes de solos ou classes de solos. Na Reserva Natural Serradas Almas, trs classes de solos foram identificadas: o Latossolo Amarelo lico, o Podzlico Vermelho AmareloEutrfico e o Planossolo Soldico (Figura 11).

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    Figura 11 Classes de Solos da Reserva Natural Serra das Almas.

    O Latossolo Amarelo lico encontrado basicamente na regio do Planalto da Ibiapaba, trata-se de umsolo profundo e arenoso. Possui colorao amarelada, geralmente cido, pobre em nutrientes e possui boadrenagem, ou seja, de fcil infiltrao da gua.

    O Podzlico Vermelho Amarelo Eutrfico ocorre na maior parte da Depresso Perifrica (parte baixa daRNSA). Esse tipo de solo possui profundidade varivel, perfil bem diferenciado, tem textura arenosa e argilosamdia e apresenta com freqncia cascalhos (pequenas rochas/pedras). Possui ainda uma estrutura granularde consistncia dura quando seco e frivel (fcil fragmentao) quando mido.

    O Planossolo Soldico encontrado em uma pequena rea da parte de baixo da RNSA (Depresso Perif-rica). um solo de colorao clara, pouco profundo (espessura varia de 25 a 75 cm), estrutura forte de consis-tncia extremamente dura quando seco e muito firme quando mido.

    2.1.5 Hidrografia

    Todos os riachos, crregos e grotas juntos formam a rede de drenagem hdrica ou bacia de drenagem. Arede de drenagem hdrica da Reserva Natural Serra das Almas faz parte da Bacia Hidrogrfica do Rio Poti, quepor sua vez pertence Bacia Hidrogrfica do Parnaba.

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a rea de drenagem da bacia do rio Potiabrange uma superfcie de 51.000 km, e se estende pelos Estados do Cear e Piau. No Cear, o rio Poti drenaextensas reas de rochas cristalinas at adentrar no Piau onde encontra as rochas sedimentares da Bacia doParnaba. O Cnion do rio Poti o ponto de mudana do percurso do rio pelas duas estruturas geolgicas.

    Na RNSA encontram-se as nascentes do riacho Melancias, riacho das Cabaas, riacho do Gato, que se juntacom o riacho So Francisco, e de um pequeno riacho que drena em direo ao Piau at confluir com rio Poti

    na rea do cnion (Figura 12). Todos esses riachos so afluentes do rio Poti.

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    Figura 12 Rede de drenagem hdrica da Reserva Natural Serra das Almas.

    Na rea da RNA somente o riacho Melancias perene, ou seja, no seca durante o perodo de estiagem,e isso acontece porque ele alimentado por fontes de gua subterrnea que so conhecidos como olhosdgua. J os outros riachos so intermitentes, que significa dizer que secam aps as chuvas.

    Em relao s guas subterrneas, o Planalto da Ibiapaba possui maior potencial, uma vez que os solosarenosos permitem uma melhor infiltrao da gua que vai se acumulando nas rochas sedimentares da for-mao Serra Grande. Quando essa gua, que est acumulada em aqferos, encontra uma abertura nas fratu-ras da rocha ela ressurge, formando assim um olho dgua. Por outro lado, na Depresso Sertaneja, a gua dachuva no consegue infiltrar no solo com facilidade, pois o terreno formado por rochas cristalinas que soimpermeveis. Assim, enquanto que no Planalto da Ibiapaba a gua infiltra mais e escoa menos, na DepressoSertaneja a gua infiltra menos e escoa mais, por isso que na parte baixa da RNSA possui mais riachos que naparte de cima.

    A gua subterrnea na Depresso Sertaneja, ou seja, na parte baixa da RNSA, s pode ser encontrada deduas formas, ou no lenol fretico do leito dos rios e riachos ou em fissuras (fendas) na rocha cristalina. Naprimeira forma, a gua se acumula durante o perodo de chuva, quando o riacho est escoando, e durante aseca necessrio escavar um poo no leito do riacho para extrair essa gua. Esse poo chamado cacimba oucacimbo. J as guas que ficam armazenas nas fissuras da rocha cristalinas so exploradas por meios de po-os artesianos, ou poos profundos, que atingem grandes profundidades. Devido ao longo tempo de contatoda gua com a rocha cristalina, os sais so dissolvidos e deixam gua salinizada, e desse modo normalmenteas guas de fissuras cristalinas so salobras.

    2.1.6 Vegetao

    2.1.6.1 Descrio Geral

    A vegetao da RPPN Serra das Almas pertence ao bioma Caatinga. Essa vegetao descrita, de umaforma geral, como um tipo de floresta de porte baixo, com predominncia de um estrato arbreo ou arbus-tivo-arbreo com dossel geralmente descontnuo. Possui caractersticas morfofuncionais xerfilas, folhagemdecdua na estao seca e rvores com ramificao profusa, comumente armadas com espinhos ou acleos,microfilia (folhas pequenas), com presena de plantas suculentas e estrato herbaceo estacional. No entanto,ao longo da extenso do bioma, em especial no Estado do Cear (Figura 13), h uma grande variao na ve-getao, variao essa observada tanto do ponto de vista fisionmico, quanto do ponto de vista florstico, queresponde primariamente s grandes unidades geomorfolgicas e, secundariamente, variao na intensida-de do dficit hdrico, topografia e condies fsicas e qumicas do solo em escala local.

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    Figura 13 - Fitofisionomias ocorrentes no Estado do Cear. Detalhe na cor vermelha da localizao da RPPN Serra das Almas. (Fonte:Adaptado de Figueiredo, 1997)

    A RPPN Reserva Natural Serra das Almas em seus aproximadamente 6 mil hectares, apresenta grandesvariaes principalmente altitudinais e edficas, expressando-se dessa forma na vegetao que compreen-de um mosaico de diferentes fitofisionomias. Sendo assim, a RNSA detentora de uma rica biodiversidadecom distintas formas de vida vegetal, sendo composta, inclusive, por espcies endmicas. As fitofisionomiasocorrentes na rea so: Caatinga Arbrea, Mata Seca e Carrasco (Figura 14), alm de formaes vegetais dife-renciadas como as ocorrentes nas margens dos riachos (mata ciliar) e em cima dos afloramentos rochosos, oschamados lajeiros.

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    Figura 14 - Detalhes das fitofisionomias ocorrentes na RPPN Serra das Almas, sendo: A e B Caatinga Arbrea em regeneraonatural; C e D Mata Seca; E e F Carrasco em regenerao natural.

    2.1.6.1 Caatinga Arbrea

    A Caatinga arbrea ocorre na parte mais baixa da RPPN e corresponde ao tipo de vegetao mais ocorrentena regio em que est inserida a RNSA, porm no corresponde a vegetao de maior ocupao na rea daRNSA. Pode ser diagnosticado por estrato arbreo predominante com porte de 8 a 12 m de altura. Frequen-temente suas espcies apresentam folhas pequenas ou compostas, decduas na estao seca, e muitas vezesarmadas com espinhos ou acleos; cactceas colunares e bromlias terrestres so comuns; estrato herbceoefmero, presente apenas na estao chuvosa, constitudo principalmente por ervas anuais e algumas ge-fitas. Podemos citar como algumas das espcies caractersticas desse tipo de vegetao (Figura 15): ZiziphusjoazeiroMart. (Rhamnaceae); Caesalpinia ferreaMart. Ex Tul. var. frrea, Caesalpinea pyramidalis,Anadenanthe-ra colubrina, Mimosa caesalpiniifolia, Amburana cearensis(Fabacea); Croton sonderianus Mll. Arg Cnidoscolusobtusifolius Pohl ex Baill.(Euphorbiaceae) e Cereus jamacaru DC (Cactaceae).

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    Figura 15 - Detalhes de indivduos de catingueira (Caesalpinia ferrea), sabi (Mimosa caesalpiniifolia), imburana-de-cheiro (Amburanacearensis) e angico(Anadenanthera colubrina) ocorrentes na fitofisionomia de Caatinga Arbrea.

    2.1.6.2 Mata Seca

    A Mata Seca (Floresta Estacional Decdual) est posicionada na parte sul do Planalto da Ibiapaba, onde observado que a maior altitude (entorno de 800 m) e a posio vertente em relao aos ventos possibilitamum menor estresse hdrico favorecendo o desenvolvimento de uma floresta mais densa. Sendo assim a mataseca apresenta porte mais elevado do que a caatinga arbrea (10-20m de altura), dossel mais contnuo; pre-

    sena de sub-bosque; cactceas colunares; lianas e epfitas freqentes. As rvores so predominantementecaduciflias na estao seca, porm o grau de deciduidade da folhagem depende da intensidade da seca(Queiroz, 2009). Espcies caractersticas do dossel so:Acacia glomerosa, Hymenaea colbaril ar. stilbocarpa. (Fa-bacea); Agonandra brasiliensis (Opililiaceae), Buchenavia capitata Eichl.(Combretaceae), Myracrodruon urun-deuva Allemo (Anacardiaceae), Cavanillesia arborea (Willd.) K.Schum. (Malvaceae). No sub-bosque, so co-muns espcies de Myrtaceae (p.ex. Myrcia multiflora (Lam.) DC); Rubiaceae (p.ex. Richardia grandiflora (Cham.& Schltdl.) Standl.) e Rutaceae (p.ex. Pilocarpus spicatusA. St.-Hil.) (Figura 16).

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    Figura 16 - Detalhes de indivduos de pau-marfim (Agonandra brasiliensis),mirindiba(Buchenavia capitata),jatob (Hymenaeacolbaril) e aroeira (Myracrodruon urundeuva) ocorrentes na fitofisionomia de Mata Seca.

    2.1.6.3 Carrasco

    O Carrasco (Arbustaria Denso Montana) ocorre em torno de 700 m a.n.m. nos topos planos do reverso ime-diato do Planalto, sobre solos profundos da ordem Neossolos Quartzarnicos (Areias Quartzosas profundas)constituda por plantas com troncos finos, baixa representatividade de plantas armadas uma flora lenhosadensa, microfaneroftica e caduciflia, formando um frutceto alto. Fisionomicamente, distingue-se da Caatin-

    ga por ter maior densidade de indivduos lenhosos e pela quase ausncia de plantas suculentas, representan-tes das famlias cactaceae e bromeliaceae (Vasconcellos, 2006). Algumas espcies ocorrentes nessa formaoso: Hymenaea velutinaDucke, Copaifera martii Hayne (Figura 17), Mimosa acutistipula Benth, Bauhinia acurua-naMoric. (Fabacea); Euphorbia comosaVell., Stillingia uleana Pax. & H. Hoffm. (Euphorbiaceae); ErythroxylumbarbatumO. E. Schulz., Erythroxylum bezerraePlowam. (Erythroxylaceae).

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    Figura 17 - Detalhes de indivduos de jatob-de-porco (Hymenaea velutina) e copaba (Copaifera martii)na vegetao de Carrasco.

    Na vegetao da mata ciliar, devido ao maior favorecimento hdrico, principalmente nos riachos perenes,as espcies mantm sua folhagem mesmo na estao seca, proporcionando um contraste brusco com as fito-fisionomias do entorno. Algumas espcies do bioma Caatinga so de ocorrncia exclusiva desses ambientes,sendo encontrada como, por exemplo, brifitas e pteridfitas diversas alm das espcies lenhosas arbustivase principalmente arbreas. Entre as espcies podemos citar: Inga ingoidesWilld., (Fabaceae); FicusguianensisDesv. (Moraceae) (Figura 18) e LicaniarigidaBenth. (Chrysobalanaceae).

    Figura 18 - Detalhes de indivduos de ingazeira (Inga sp)e gameleira (Ficusguianensis), ocorrentes na vegetao de mata ciliar.

    A vegetao pioneira ocorrente nos afloramentos rochosos denominados de lajeiros observadaprincipalmente na regio serrada da RNSA na poro planaltica, sendo tais afloramentos de origem sedimen-tar e formadoras de belas paisagens esculturadas pela natureza (Figura 19). As espcies colonizadoras dessesambientes so na maioria suculentas pertencentes a famlias das Cactaceas e Bromeliaceas, sendo observa-dos alguns indivduos arbustivos de pequeno porte pertencentes s espcies ocorrentes nas fitofisionomiasdo entorno. Entre as espcies so encontradas: Pilosocereus gounellei (Cactaceae);Bromelia laciniosaMart exSchultez f., Bromelia plumieri(Bromeliaceae).

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    Figura 19 - Paisagens ocorrentes no ambiente de Lajeiro da RPPN Serra das Almas.

    Atualmente a lista de espcies da flora da RPPN Serra das Almas conta com 305 espcies divididas em: 66famlias, sendo a Fabacea com maior dominncia (em anexo 5.1.5.).

    Em relao a dominncia das forma de vida, analisando a vegetao nos trs ambientes da RNSA (Figura 20),quais sejam: caatinga (parte baixa), floresta decidual e carrasco (encosta e plat), verifica-se que os arbustos do-minam (32%), seguidos de rvores (25%), ervas (23%), trepadeiras (10%), subarbustos (9%) e hemiparasitas (1%).

    Figura 20 Fitofisionomias encontradas na RPPN Serra das Almas.

    A maior densidade e o maior nmero de espcies ocorrentes na Reserva foram encontradas na fitofiono-mia do Carrasco, confirmando assim a descrio desse ambiente que difere dos demais, entre outros motivos,

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    devido a sua maior densidade de indivduos.

    2.1.7 Fauna

    2.1.7.1 Mastofauna

    Na AER foram encontradas 38 espcies. Este nmero sobe para 42 se forem considerados os testemunhoslocais. Dentre as espcies encontradas, existe 01 provvel registro novo para o Cear e 01 registro novo con-

    firmado para o Cear, 02 espcies endmicas e 02 ameaadas. Existe no local uma forte presso de capturapara comrcio e 06 das espcies identificadas so muito caadas.

    Foi constatada a presena de algumas espcies de morcegos frugvoros e nectarvoros, o que contribui paraa polinizao e a disperso de sementes. A diversidade geral de espcies foi maior na parte alta da reserva.

    Atualmente a RNSA conta com uma listagem de 49 espcies de mamferos (Figura 21) divididas em oitoordens e 20 famlias (em anexo 5.1.6.).

    Figura 21 cachorro-do-mato(Cerdocyon thous), veado-catingueiro(Mazama gouazoubira), jaguatirica (Leopardus pardalis),veado-catingueiro(Mazama gouazoubira), ona-parda(Puma concolor), soin (Callithrix jacus).Fotos: Acervo/Gleidson Aranda

    2.1.7.2 Avifauna

    Durante a AER foram identificadas 173 espcies (podendo serem acrescentadas outras 06 ou 07 com iden-tificao ainda no confirmada). O nmero final de espcies de aves da reserva, a ser confirmado em novosestudos, deve ficar entre 210-220. Das 173 espcies identificadas, 25 so migratrias, sendo 08 delas associa-das aos ambientes aquticos, s aparecendo em anos de muita chuva. Algumas destas espcies so muitocaadas.

    Foram constatadas 03 espcies ameaadas e 02 consideradas raras; 13 espcies endmicas; 12 espcies decaa; 04 espcies muito visadas para criao em gaiola; e 03 espcies de grande importncia cultural. A famliadominante a dos Tirandeos, uma famlia com vrios dispersores de sementes.

    Existe uma tendncia de se encontrar mais espcies em cada ambiente alm das j identificadas, o que,embora no deva aumentar em muito o nmero de espcies da reserva, deve aumentar a variedade em cadaambiente. H uma diferena de composio da avifauna entre a parte alta e a parte baixa da reserva, tendo a

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    parte alta apresentado uma maior diversidade de espcies.

    A listagem atual consta com 231 espcies de aves (Figura 22, 23, 24 e 25), divididas em 22 ordens e 52 fam-lias, sendo que a Tyrannidae a mais representativa, com 32 espcies (em anexo 5.1.6.).

    Figura 22 periquito-do-serto(Aratinga cactorum), pica-pau-de-cabea-amarela(Celeus flavescens)Fotos: Gleidson Aranda

    Figura 23 canco (Cyonocorax cyanopogon), ariramba(Galbula ruficauda). Fotos: Gleidson Aranda

    Figura 24 choca-do-planalto(Thamnophilus pelzelni), casaca-de-couro(Pseudoseisura cristata). Fotos: Gleidson Aranda

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    Figura 25 cabea-vermelha(Paroaria dominicana),dorminhoco(Trogon curucui). Fotos: Gleidson Aranda

    2.1.7.3 Herpetofauna

    A equipe da AER detectou a presena de 57 espcies (Figura 26), assim divididas: 22 anfbios, 02 anfisbenas,

    19 lagartos, 13 serpentes, 01 jacar. O nmero total pode subir para 64 espcies, se forem considerados os teste-munhos de pessoas locais. Qualquer que seja o nmero, esta uma diversidade considerada alta para a regio.

    Vale ressaltar que 06 das espcies encontradas so novos registros para o estado do Cear, 16 so restritasao Nordeste, e 01 endmica do Cear. Uma das anfisbenas encontradas uma espcie amaznica.

    Em termos de abundncia, o predomnio foi de anfbios (cerca de 70%), seguidos de lagartos. As serpentesforam as menos abundantes. No geral, a similaridade foi baixa entre os ambientes. O olho dgua em Melan-cias foi o ambiente mais diverso, seguido do Graju. Nenhuma das espcies est em listas de espcies ameaa-das, mas tambm no so muito conhecidas. Embora algumas das espcies (lagartos, rs, jacar) sejam usadaspara alimentao, a presso de caa parece no ser muito grande, exceto para o jacar.

    Atualmente h registros de 85 espcies na RNSA (Figura 26), sendo 35 anfbios, de duas ordens e sete fam-

    lias; e 50 rpteis, de tres ordens e 18 famlias (lista em anexo 5.1.6.).

    Figura 26- coral-falsa (Oxyrhopus trigemius), perereca (Phylomedusa gr. hypocondrialis), jararaca (Bothrops erythromelas),camaleo (Iguana iguana)Fotos: Acervo Associao Caatinga; Gleidson Aranda

    2.1.8. Aspectos histricos e culturais

    Processo de aquisio das reas selecionadas

    O procedimento para a aquisio das terras adotado pela TNC foi de construir um bloco que viabilizassea existncia da reserva e que pudesse, se fosse o caso, ser ampliado no futuro. Levando em considerao acaracterizao da situao da rea, a identificao das propriedades, sua situao dominial e um estudo da

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    realidade do mercado de terras da regio para uma base de preos.

    O processo de aquisio da rea de Poti Sul, na Serra das Almas, envolveu nove propriedades rurais e umtotal de seis procedimentos de compra. No perodo de janeiro a julho de 1999, oito propriedades ou cincoprocedimentos foram concludos, contabilizando 4.749,6 ha situados nos municpios de Crates (CE) e Buritidos Montes (PI) (Brant; Rocha, 2000a). A delimitao resultante no foi a mais adequada, pois o permetroera relativamente grande para o tamanho e forma da rea, aumentando o efeito de borda e prejudicando aconservao. Contudo, a propriedade que permitia a formao do bloco de terras continuou em negociao,

    mas devido a sobrevalorizao e a manuteno de critrios para o estabelecimento do preo final, ela s foiadquirida posteriormente (Figura 27).

    Figura 27: Indicao da rea adquirida para compor o bloco de terras do formato

    Assim, a estratgia adotada permitiu novas ampliaes da reserva para 5.646 ha e, recentemente, alcanaro objetivo de 6.146 hectares, como recomendado pelo plano de manejo, elaborado em 2001. Posteriormente,as escrituras das propriedades foram unificadas.

    A Reserva Natural Serra das Almas foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimnio Natural, inicial-mente, pela Portaria do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) n51 de 8 de setembro de 2000 (4.750 ha) e, depois, pela Portaria n 117 de 9 de setembro de 2002 (494,50 ha),sendo que outros dois processos tramitam para a incluso das duas ltimas reas adquiridas.

    A inaugurao formal da Reserva deu-se em 21 de setembro de 2000 e contou com a presena de SamuelJohnson e de membros do Conselho da Associao Caatinga e da TNC. Nesta poca j contava com um geren-te e dois guarda-parques em seu quadro de pessoal, contratados desde 1999.

    O nome da RPPN Reserva Natural Serra das Almas uma referncia ao local onde havia um pequeno vilare-jo chamado Almas, localizado no Planalto da Ibiapaba e que hoje est inserido na rea da RPPN.

    A RPPN est localizada entre dois municpios: Crates (Cear) e Buriti dos Montes (Piau). Esta regio

    classificada como de alta importncia para a conservao pelo Ministrio do Meio Ambiente e abriga umaamostra significativa da flora e fauna e comunidades biolgicas do bioma Caatinga. Tendo a oportunidadede envolver os dois municpios na conservao da unidade, alm de seus aspectos histricos e peculiaridadespara incrementar a visitao e o turismo na RPPN.

    Breve histrico dos dois municpios:

    Municpio de Crates CE

    As terras dos Crates, ao sul da Chapada de Ibiapaba e as margens do Rio Poti, eram habitadas pelos ndios

    Karatis antes da chegada dos portugueses e bandeirantes no sculo XVII.Durante muitos anos, Crates foi chamado de Piranhas, pela abundncia desse peixe que dominava seus

    rios e riachos. Com o sucesso da economia do ciclo da carne seca e charque, a vida piauiense de Piranhas des-tacou-se entre a Serra Grande e a de Ibiapaba.

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    A vila Prncipe Imperial chegou a pertencer ao Piau, e no ano de 1880, este foi anexado ao territrio doCear, como resultado da soluo encontrada para o litgio territorial entre estes dois estados. O Cear reco-nheceu a jurisdio do Piau sobre o municpio de Amarrao e em troca o Piau ofereceu dois importantesmunicpios piauienses: Independncia e Prncipe Imperial.

    Com a expanso da Estrada de Ferro de Sobral-Camocim para o Piau, em 1911, as terras de Crates foramcortadas por esta ferrovia e, em 1912, duas estaes de trem foram contrudas no municpio: Crates e Suces-so e depois outras estaes foram construdas: 1916, Poti; 1918, Ibiapaba; 1932, Oiticica; e Santa Terezinha.

    Devido ao acidente geogrfico cnion do rio Poti, que corta a Serra Grande, uma conexo natural entre oCear e o Piau, o mercantilismo entre os dois estados e o crescimento ao redor da estrada de ferro, Cratesdesenvolveu-se tanto urbano como comercialmente.

    Possui a presena de diferentes grupos tnicos indgenas como os: Tabajara, Potyguara, Calabaas, Kariri eTupinanb.

    H vrias verses para o topnimo Crates, sendo:

    Origem Tupi composta de Car (batata) e Te (lagarto): batata de lagarto

    Origem tapuia - provavelmente cariri, composta de KRA (seco) mais T, formou KRAT (coisa ou lugar seco)e Y (muito freqente): lugar muito seco;

    Origem Karati Karetis ou Karatis (ndios que habitavam a regio) mais Us (povo ou tribo): ndios da triboKARATI.

    O municpio constitudo de 13 distritos: Crates, Assis, Curral Velho, Ibiapaba, Irapu, Lagoa das Pedras,Montenebo, Realejo, Santana, Oiticica, Poti, Santo Antnio e Tucuns. Assim permanecendo em diviso territo-rial datada de 2005.

    Atualmente a populao crateuense de 72.812 pessoas, sendo que na zona urbana conta com 49.013 ena zona rural 23.799 pessoas.

    A sede do municpio conta com uma estrutura de cidade polo, possuindo infraestrutura para atender apopulao dos sertes de Crates quanto ao estudo das cincias j conseguindo sediar trs universidadespblicas, (uma estadual e duas federais). Alm de outros polos particulares; sua economia tem como base a

    agricultura e pecuria.O municpio conta com uma vasta gama de opes voltadas para o turismo ecolgico, como o cnion do

    Rio Poti, RPPN Reserva Natural Serra das Almas, Furnas dos Caboclos, grutas e cavernas com um amplo stioarqueolgico pouco explorado entre os pontos histricos da cidade.

    Na parte cultural, conta com artesanato de redes, chapus-de-palha e bordados, que representam uma im-portante fonte de renda; vrios eventos culturais, com festas regionais e teatro amador, conta com um teatroque recebe mensalmente peas com artistas regionais e de outras cidades.

    Municpio de Buriti dos Montes PI

    O municpio de Buriti dos Montes possui uma rea de 2.652 km e localiza-se na microrregio de CampoMaior, situa-se na mesorregio Centro-Norte piauiense. Est a 62 km de Castelo do Piau, a 250 km da capitalTeresina, e a 57 km da cidade de Crates no Estado do Cear.

    O clima do municpio o tropical semirido, sendo que o perodo seco tem durao de seis meses, atingin-do a sua temperatura mxima de 38C e a mnima de 18C.

    Desmembrado do municpio de Castelo do Piau, atravs da Lei n 4.477 de 29/04/1992 possui como prin-cipais distritos os povoados de Cana-Brava, Jatob Medonho, Tranqueiras, Nova Olinda, Morro do Jati, Concei-o dos Marreiros, Santana, Assentamentos So Francisco, Vila Nova e Jurema.

    O relevo do municpio construdo por montes e serras, dentre elas a serra da Pitombeira, das Cangalhas,Ibiapaba e etc. A hidrografia composta por rios e riachos, barragens e pequenos audes, os principais rios

    so: Poty, Macambira, Capivara, Cais; e os riachos: da Burra, Seco, da Taboa, dos Meios, da Ponta da Serra, queunidos formam as nascentes do rio Cais.

    A base econmica do municpio essencialmente agrcola, tendo como principais culturas: feijo, milho,mandioca, arroz, cana-de-acar e a carnaba (com a produo do p e produtos artesanais); a pecuria entra

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    com a produo de queijo.

    Em todo o territrio buritiense existem vestgios de antigas civilizaes (stios arqueolgicos), em algunsdeles pode-se observar gravuras e pinturas rupestres. Existe ainda muitas reas de mata nativa como tambmos coqueirais que embelezam a sede do municpio, hoje, patrimnio municipal, cidades de pedra, mirantes,poos jorrantes, cachoeiras, sem falar no cnion do rio Poti que de extasiante beleza, como tambm os cris-tais de rocha da localidade Santana e a zona mineralizada de opala comum, opala leitosa e opala refugo queso abundantes no municpio, tambm ouro e quartzito.

    O principal ponto turstico do municpio o Cnion do Rio Poti, com seus paredes e trilhas, as cachoeirascom destaque a Cachoeira da Lembrada, as pedras redondas, os stios arqueolgicos, com suas inscriesrupestres. Na sede dos municpios possvel encontrar balnerios, a Praa Pe. Expedito, o Auditrio Joo doMonte no Complexo Administrativo, as barragens, o ASCOMB Clube e Buriti Palace Clube, as piscinas naturaisdo rio Macambira, a Pedra da Arara, as runas da agroindstria caraba (em Nova Olinda), o Cnion do Curu-pass, etc.

    2.1.9 Visitao

    A RPPN Reserva Natural Serra das Almas conta com um total de cinco trilhas para visitao: trilhas dasArapucas, Macacos, Lajeiro, do Aude e Cajueiro, estando duas inseridas na fitofisionomia da Mata Seca, uma

    que abrange a Mata Seca e o Carrasco, uma inteiramente na Caatinga e uma entre a Mata Seca e a Caatinga.As trilhas variam de 1, 5 at 11 quilmetros de extenso (Figura 28 e 29).

    Aps a visita disponibilizado aos turistas uma ficha de satisfao em referncia ao percurso, conduo einfraestrutura (em anexo 5.1.7.).

    Figura 28 - Trilhas da RPPN Reserva Natural Serra das Almas

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    Figura 29 - Portal de entrada para as trs trilhas localizadas na regio da Sede da RPPN: Trilha do Lajeiro, Trilha dos Macacos e Trilhadas Arapucas.

    As visitas para a RPPN so frequentes, sendo necessrio agendamento prvio. Os moradores do entornoso isentos da taxa de entrada e servios de hospedagem, alimentao e pernoite so oferecidos pela reserva,mediante pagamento de taxas acessveis ao pblico. Os objetivos da visitao so: ecoturismo para visitantesde comunidades prximas e de outras regies do pas com o objetivo de conhecer a biodiversidade da Caa-tinga; educao ambiental, voltada para estudantes de escolas pblicas e privadas, funcionrios de empresas,associaes e ncleos de pessoas com as quais o corpo tcnico da RNSA vem desenvolvendo atividades deconscientizao; pesquisa cientfica, atravs de convnios com instituies de ensino superior de graduao eps-graduao permitem sua realizao (Figura 30).

    Figura 30- esquerda, grupo de visitantes no percurso do Mirante dos Macacos; direita, pesquisadores acompanhados peloestagirio da RNSA

    Funcionrios e pesquisadores so os nicos que podem sair do limite das trilhas e adentrar a vegetao,para desenvolvimento de suas atividades. Pesquisas que alterem a estrutura fsica da floresta (vegetao, solosou outros) no podem ser realizadas nas trilhas de acesso comum.

    Todas as trilhas da reserva so sinalizadas e foram abertas visando o melhor percurso para o visitante eobjetivando o menor impacto possvel ao ambiente. As manutenes so realizadas periodicamente pelaequipe dos guarda-parques para evitar que sejam cobertas pela vegetao e para retirada de rvores cadas

    (Figura 31).

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    Figura 31 Trilhas abertas e delimitadas para o fcil acesso

    As trilhas contam com estruturas de suporte adequadas aos visitantes nos trechos onde h maior dificulda-de de locomoo e outras para descanso e informao. Essas estruturas incluem escadas e corrimos, cordas,pontes, bancos e placas de sinalizao e informativas (Figura 32 e 33).

    Figura 32- Estruturas encontradas na trilha do Lajeiro. Foto: Gleidson Aranda

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    Figura 33- Placas informativas da Reserva Natural Serra das Almas

    Cada trilha possui diferentes atrativos naturais encontrados ao longo do caminho (Tabela 02), de acordocom a distncia percorrida, a fitofisionomias encontrada e o estado de conservao da vegetao, o que per-mite aos visitantes conhecer uma amostra de cada poro da reserva, bem como sua vegetao algumasrvores apresentam placas com o nome popular e cientfico e vivenciar prticas de educao ambientaldiferentes em cada uma delas.

    Tabela 02 Lista dos atrativos de cada trilha de visitao da RNSA.

    Trilha Distncia (Km) Atrativos

    Lajeiro 1,5Transio entre Mata Seca/Carrasco

    Lajeiro

    Arapucas 6,5 Mirante das Arapucas

    Macacos 1,8

    Mirante dos Macacos

    Casa de Farinha

    Riacho Melancias

    Cascatinha

    Aude 1Vegetao Caatinga

    Aude

    Cajueiro 11 Transio Mata Seca/Caatinga

    A RPPN conta com um quadro prprio de condutores de trilhas capacitados em atender ao pblico emgeral nas trilhas da reserva e para auxiliar os visitantes. Os condutores so responsveis pela fiscalizao documprimento das regras pelos visitantes e pelo repasse de informaes sobre o bioma e sobre a RNSA. Gruposcom mais de 25 pessoas so divididos em dois ou mais subgrupos, com finalidade de melhorar a conduo ede causar menos impacto s trilhas.

    Trilha do Lajeiro

    A Trilha do Lajeiro muito visitada devido a seu percurso leve e de fcil acesso. A trilha inicia-se prximaao Centro de Interpretao Ambiental (CIA), na transio entre Mata Seca e Carrasco, na rea onde se situamas placas informativas da reserva.

    Logo no incio a trilha cruza o riacho Melancias, ainda na Mata Seca, e prossegue em direo fitofisiono-mia Carrasco. Sem subidas ngremes e com um caminho bem sinalizado, a trilha proporciona uma viso darea de ectono entre as duas fisionomias, at adentrar-se inteiramente no Carrasco.

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    Ao final da trilha e inserido completamente no Carrasco encontra-se o Lajeiro: um afloramento rochoso com-posto por rochas arenticas e pequenas ilhas de vegetao, onde se encontram cactceas como o xique-xique eo mandacaru, e bromeliceas como a macambira (Figura 34).

    Figura 34 - Trilha do Lajeiro. Foto: Gleidson Aranda

    Trilha das Arapucas

    a maior trilha da reserva. Recebe este nome devido ao topo do morro onde se encontra se assemelhar auma arapuca, uma antiga armadilha utilizada por caadores.

    Apesar da distncia (12 km com ida e volta) seu trajeto no apresenta grandes dificuldades, como subidas

    ngremes ou solo acidentado, porm requer preparo fsico para que a caminhada seja concluda. O trajetoadentra inteiramente na fitofisionomia da Mata Seca e encontra estado avanado de regenerao da mata,sendo possvel verificar rvores de grande porte e sub-bosque definido, e algumas espcies nicas da fitofi-sionomia como a Mama-cachorro (Vitex cymosa Bert. Ex Spreng.), Marfim (Agonandra brasiliensis) e Mirindiba(Buchenavia capitata).

    No final da trilha, se encontra o local mais alto da reserva com 739 metros em relao ao nvel do mar. Omirante das Arapucas(Figura 35) possui uma das mais belas vistas da reserva, onde se pode observar toda suarea localizada na depresso sertaneja e algumas das comunidades do seu entorno.

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    Figura 35 - Tirlha das Arapucas com vista panormica da Serra de Ibiapaba e Serto de Crates. Foto: Gleidson Aranda

    Trilha dos Macacos

    a trilha mais visitada da reserva e contm o maior nmero de atrativos tursticos. Possui esse nome devidoa maior possibilidade de encontrar macacos-pregos em seu percurso, por duas principais razes: a trilha segueacompanhando o Riacho Melancias, o nico curso dgua perene dentro da reserva pela quantidade de rvo-res frutferas ao longo do riacho, que servem de alimento aos animais, citando como exemplo as mangueiras,plantadas no local anteriormente instalao da RPPN.

    Seu nvel de dificuldade considerado mdio, devido ao terreno irregular, havendo subidas e descidas querequerem um pouco de cuidado dos visitantes. Em parte do percurso da trilha existe escadas e pontes (Figura36). A vegetao tpica encontrada durante o circuito caracterizada como floresta decidual, popularmenteconhecida como Mata Seca. As rvores de grande porte como: jatob, cipaba, espinheiro, aroeira, ing einhar, proporcionam sombra por quase toda trilha, possibilitando que esta seja feita em qualquer horrio dodia.

    Figura 36 Trilha dos Macacos (rea de vivncia e casa de farinha)

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    Em um determinado ponto, a trilha se bifurca, havendo continuidade para a Casa de Farinha ainda com ob-jetos da fabricao artesanal, localizada no final da trilha, ou podendo-se subir ao Mirante dos Macacos (Figura37). A subida ngreme e requer esforo fsico, no sendo recomendada a pessoas com problemas cardacosou de articulaes, principalmente no joelho.

    Figura 37 - Mirante da Trilha dos Macacos: a esquerda estrutura fsica do mirante e a direita vista do vale do riacho Melancias e Sertode Crates. Fotos: Marcelo Delfino/Gleidson Aranda

    No caminho para a casa de Farinha, o visitante encontrar a cascatinha, uma pequena queda dgua ro-deada por bancos de madeira, onde possvel descansar e refrescar-se antes de seguir o percurso (Figura 38).

    Figura 38 Cascatinha da Trilha dos Macacos

    Trilha do Aude

    a menor trilha da reserva. Localiza-se na depresso sertaneja, prxima ao Centro Ecolgico SamuelJohnson (CESJ), e encontra-se inteiramente na fitofisionomia da Caatinga stritu sensu (Figura 39).

    Em seu percurso possvel observar as caractersticas da vegetao, bem diferentes da Mata Seca e Carras-co, contendo rvores de menor porte, com troncos esbranquiados e bem espaados entre si. Em seu trajetoencontra-se um aude, o qual fica cheio na poca chuvosa.

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    Figura 39 - Placa de informao sobre a caatinga arbrea.

    Trilha do CajueiroTrilha que liga o CIA ao CESJ, em um trajeto atravs da encosta da Serra. um caminho de alta dificuldade,

    pois a depender do sentido percorrido pelo visitante, este encontrar descidas ou subidas muito ngremes eextensas, alm de percorrer uma grande distncia.

    No considerada a maior trilha, porm, devido a dificuldade (ida e volta) de ser realizada no mesmo dia, recomendado que os visitantes a percorram levando mudas de roupas para se alojarem no extremo opostoda reserva.

    A Trilha do Cajueiro e a Trilha das Arapucas tm os trs primeiros quilmetros em comum, partindo do CIA.Aps ento, h uma bifurcao que leva para os diferentes caminhos.

    excelente para quem gosta de trilhas com maior nvel de intensidade, alm de permitir verificar a transiodas fitofisionomias das reas de altitude Carrasco e Mata Seca para a Caatinga stritu sensu.

    Alm das trilhas, a RPPN possui um grande potencial para o turismo de birdwatching, ou observao deaves. Foram registradas at o momento 231 espcies de aves na reserva, abrigando mais de 60% das esp-cies presentes no bioma, dentre estas, espcies endmicas, como a Aratinga cactorumperiquito-do-serto,ameaadas de extino como a Podoaria dominicanagalo-da-campina, o Picumnus limaepica-pau-ano-do-nordeste, e de grande beleza, como o Icterus jamacaiicorrupio.

    2.1.10 Pesquisa e Monitoramento

    A RNSA possui um programa de pesquisa organizado para contribuir com o manejo mais eficiente da rea

    e para gerar conhecimento cientfico sobre a RPPN e o bioma. O Plano de Manejo indica a elaborao de umplano de pesquisa e recomenda quatro linhas prioritrias, o que vem sendo executado e aprimorado de acor-do com as necessidades da RPPN, havendo atualmente normas que especificam estas linhas prioritrias depesquisa e critrios para avaliao das propostas. O pesquisador interessado em realizar estudos na unidadedeve encaminhar sua proposta em formulrio especfico, juntamente com documentao adicional, para ava-liao feita pela Associao Caatinga e, se for o caso, emisso da licena.

    As linhas de pesquisa prioritrias para a reserva incluem: estudos que forneam informaes sobre a bio-logia e ecologia de espcies cinegticas; estudos que auxiliem na compreenso dos padres de disperso efisiologia das espcies vegetais; estudos com gentica de populao ou comunidades, que avaliem a riquezagentica das espcies; estudos de caractersticas do solo e estudos de biogeografia das espcies (Figura 40).

    So tambm aceitos estudos de outras linhas de pesquisa, porm, sempre dentro de temas que produzamdados que auxiliem no manejo das espcies da reserva, sendo estas prioridades, ou que contribuam para oconhecimento cientfico do bioma da Caatinga.

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    Exigncias para as propostas de pesquisa:

    Os projetos propostos devem estar em conformidade com o Plano de Manejo, alm de enquadrar-se naslinhas prioritrias de pesquisa para o bioma Caatinga.

    As propostas de pesquisas devem ser apresentadas em formulrio cedido pela Associao Caatinga (em anexo 5.1.9.). O formulrio deve ser encaminhado em meio digital e cpia impressa, devidamente assinada e com rubrica

    em todas as pginas, juntamente com os seguintes documentos: Resumo da pesquisa e cronograma de coletas na RNSA;

    Currculo do titular da pesquisa, preferencialmente nos moldes da Plataforma Lattes (CNPq); Carta-ofcio da instituio a qual o proponente representa, referendando a execuo do referido projeto; Cpia da licena de coleta de material biolgico relacionado ao projeto, emitida pelos rgos

    competentes e com validade dentro do cronograma apresentado na proposta; e Termo de Compromisso do Pesquisador, cedido pela Associao Caatinga, devidamente preenchido e

    assinado (em anexo 5.1.10.).

    As propostas que estiverem de acordo com as exigncias de apresentao sero avaliadas pela comissotcnica da Associao Caatinga, e, quando necessrio, ser solicitado parecer de Colaboradores Voluntriosespecialistas nos temas correlatos ao projeto, avaliando seu enquadramento nos objetivos e prioridades doPrograma de Pesquisa.

    Os projetos sero avaliados quanto a: Adequao da proposta frente ao Plano de Manejo; Adequao da proposta frente s Linhas Prioritrias de Pesquisa para o bioma Caatinga; Relevncia cientfica, exequibilidade da proposta e possibilidade de aplicao dos resultados do estudo para

    o manejo da UC; Experincia e capacidade tcnico-cientfica das instituies proponentes e parceiras para conduzir

    adequadamente as atividades de pesquisa propostas; Manuteno da integridade do ecossistema, mesmo com a conduo da pesquisa; Uso das facilidades da reserva (infraestrutura e equipamentos), bem como o acompanhamento das

    atividades dos pesquisadores pelo pessoal da UC.

    Para que os pesquisadores possam realizar suas atividades na reserva, assinado um termo de compromis-so onde este se compromete a cumprir as regras estabelecidas para controle e manuteno da propriedade,citar o local de realizao da pesquisa, alm de retornar a RNSA cpia do manuscrito produzido, indicando osresultados da pesquisa realizada.

    Para a realizao de coletas no interior na reserva, necessria autorizao do SISBIO, adquirida pelo pes-quisador com o rgo ambiental responsvel, e carta de autorizao do gestor da propriedade. A quantidadede material coletado tem que estar de acordo com o proposto na autorizao.

    A reserva dispe de infraestrutura para abrigar os pesquisadores e seus equipamentos, energia eltricapara utilizao dos mesmos, e equipamentos de campo que auxiliem na realizao de atividades, como esca-das, cavadores, etc. (vide 2.1.14). Os equipamentos podem ser utilizados a qualquer momento pelos pesqui-sadores, desde que no estejam em uso para outras atividades da reserva, realizadas pelos guarda-parques.

    Figura 40 - Atuao de alguns pesquisadores em campo na RNSA.

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    fim de estabelecer uma agenda para que seja feito o acompanhamento das queimadas pela brigada de incn-dio florestal. Com isso, a equipe da RPPN faz um levantamento anual das reas com maior risco de incndioflorestal no entorno (Figura 42).

    Figura 42 - Imagem de satlite da RNSA com indicaes de reas crticas quanto a propagao do fogo.

    Alm disso, a Associao Caatinga realiza capacitaes constantes de Manejo Correto do Solo e QueimadaControlada, visando a diminuio dessas prticas pelos agricultores, ou seno o controle adequado para quesejam evitados acidentes. A equipe de guarda-parques da reserva foi capacitada atravs do programa PREV-FOGO (Figura 43), do IBAMA, e so aptos a atuar no combate a incndios.

    Figura 43 - Foto de integrantes do curso de combate a queimadas do PREVFOGO. (Foto: Acervo)

    2.1.12 Atividades Desenvolvidas na RPPN

    Na RPPN so desenvolvidas aes de educao ambiental, turismo, cursos, capacitaes e pesquisa cien-tfica. As aes de educao ambiental so feitas atravs de visitas de escolas e grupos das comunidades doentorno (Figura 44), com objetivo de levar conhecimento aos turistas sobre a biodiversidade e importncia

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    do bioma, com a realizao de dinmicas de grupo e atividades recreativas. Geralmente os grupos percorremuma ou mais trilhas, com o acompanhamento de um guia e estagirio ou guarda-parque, onde so repassadasas informaes sobre a fauna e flora do local, e respondidas quaisquer dvidas dos educandos.

    Figura 44 Alunos em visita a RNSA (Foto: Marcelo Delfino)

    Grupos de estudantes dos nveis fundamentais, mdio, tcnico, graduao e ps-graduao, utilizam aRPPN como laboratrio para aplicao da teoria abordada em sala de aula em prticas voltadas para conserva-o, recuperao, manuteno e interao com o meio. Parcerias com instituies como a Universidade Fede-ral do Cear e o Instituto Federal do Cear, fazem com que o fluxo de estudantes com este fim seja constante.

    As atividades tursticas tem como objetivo mostrar o bioma Caatinga para os visitantes, podendo estespercorrer trilhas no perodo diurno ou noturno, pernoitar na reserva e, quando possvel, conhecer tambm ascomunidades do seu entorno.

    A RPPN conta com um centro de difuso ambiental Centro Ecolgico Samuel Johnson onde so rea-lizados os cursos e capacitaes, alm de poderem ser realizadas palestras e outras apresentaes. J foramcapacitados, entre outros, os guias que atuam na reserva na conduo dos visitantes; agricultores que visammelhor manejo do solo nas atividades agrcolas e que utilizam queimadas como maneira de limpeza da rea,para melhor controle desta tcnica; a brigada de incndio da reserva, e difuso de alternativas sustentveisde convivncia com o semirido.

    Demais atividades desenvolvidas na RNSA sero listadas em 2.1.14 Infraestrutura.

    2.1.13 Sistema de Gesto e Pessoal

    A gesto da RPPN Reserva Natural Serra das Almas realizada pela equipe do Ncleo Operacional de Cra-tes da Associao Caatinga. Segue abaixo a lista dos cargos que atualmente gerem e executam atividades

    na RPPN:

    01 Gerente