plano de manejo - maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Prefeitura Municipal de Maringá

Secretaria Municipal do Meio Ambiente

Prefeito Municipal

Carlos Roberto Pupin

Secretário Municipal do Meio Ambiente

Umberto Crispim Araujo

Diretora Técnica

Lídia Maria da Fonseca Maróstica

Apoio:

Jefferson Chamdler Claro – Biólogo

Maicon José Nocchi – Biólogo

Mauro Zanine Rosetto – Engenheiro Agrônomo

Iralice Ferraz de Medeiros – Administradora em Gestão Pública

Mauro Nanni – Técnico de Meio Ambiente

Av. XV de Novembro, 701 Centro

Maringá – Paraná – Brasil CEP: 87.013-230

Fone: (44) 3221.1234

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Empresa Consultora

Empresa Dados

Razão Social IGPlan Inteligência Geográfica Ltda.

CNPJ 04.576.573/0001-19

CREA/PR 39.388

CTF IBAMA 40.028

Endereço Travessa Rui Leão, 33 – Alto da Glória - CEP: 80.030-090

Cidade/Estado Curitiba - PR

Telefone/Fax (41) 3024-4477

E-mail [email protected]

Representante Legal Francisco Lothar Paulo Lange Junior

E-mail [email protected]

Equipe Técnica

Função Nome Formação

Coordenador Geral Francisco Lange Jr. Eng. Agrônomo, M.Sc.

Coordenador Técnico Euclides Grando Jr. Biólogo, Msc

Fauna / Avifauna Marina Marins de Souza Bióloga, Esp

Fauna / Mastofauna Sérgio Augusto Morato Biólogo, Dr

Fauna / Herptofauna Sérgio Augusto Morato Biólogo, Dr

Fauna / Ictiofauna Euclides Grando Jr. Biólogo, Msc

Flora André Sampaio Eng. Florestal, Esp

Meio Físico Fabiano Oliveira Geógrafo, Dr

Socioeconomia Tiago Valenciano Sociólogo, Msc

Zoneamento

Franco Amato Eng. Cartógrafo, Esp

Euclides Grando Jr. Biólogo, Msc

Cláudia Schafhauser Eng. Cartógrafa, Esp

Francisco Lange Jr. Eng. Agrônomo, M.Sc.

Cartografia e Geoprocessamento

Cláudia Schafhauser Eng. Cartógrafa, Esp

Letícia C.S. Wuensch Dalalibera Eng. Cartógrafa

Rosane Schulka Scariotto Eng. Cartógrafa

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PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

APRESENTAÇÃO O presente Plano de Manejo do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes, localizado na cidade de Maringá atende ao estabelecido no contrato n° 389/2012, efetivado em 30 de julho de 2012, Prefeitura de Maringá entre a Prefeitura de Maringá (PR) e a IGPlan Inteligência Geográfica LTDA. Este contrato decorreu da licitação pública tipo “Tomada de preços” 034/2012, cuja ordem de serviço n° SMMA 001/12 foi assinada em 21 de setembro do mesmo ano. Além de indispensáveis para a gestão de áreas naturais, a análise e o ordenamento de informações de cunho socioambiental consolidadas neste Plano de Manejo permitem atender a uma demanda específica e peculiar à área que, atualmente, constitui foco de discussão judicial sobre a responsabilidade compartilhada pela sua conservação. Assim, o presente instrumento de manejo vem atender, também, ao último pronunciamento judicial referente à Ação Civil Pública 726/2003 que indica a um conjunto de procedimentos necessários para a recuperação das condições ambientais do Horto, todas aqui contempladas. É certo que novas condições emergentes, inerentes à dinâmica de um ambiente natural imerso em área urbana, poderão demandar novas ações e abordagens para a condução das providências requeridas pela Ação mencionada, bem como para o atendimento do interesse coletivo pela conservação. Contudo, a entrega deste produto constitui um avanço importante nesse intento, podendo servir como referencial para novas maneiras de interação entre os diversos atores envolvidos na busca da resolução de questões ambientais de interesse público, como é o caso da recuperação do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................. 12

2.1 Enfoque internacional ................................................................................................... 12

2.2 Enfoque federal e estadual ........................................................................................... 13

3. ANÁLISE DA REGIÃO DA ÁREA PROTEGIDA EM SEU CONTEXTO

SOCIOECONÔMICO ........................................................................................................... 17

3.1 Caracterização histórica da ocupação da região de Maringá ........................................ 17

3.2 Localização do município de inserção da área protegida .............................................. 20

3.3 Acesso rodoviário ......................................................................................................... 21

3.4 Acesso aeroviário ......................................................................................................... 23

3.5 Produto Interno Bruto (PIB) e panorama da economia local ......................................... 24

3.6 Organização política ..................................................................................................... 26

3.7 Demografia ................................................................................................................... 27

3.8 Educação e escolaridade .............................................................................................. 28

3.9 Saúde e saneamento .................................................................................................... 31

3.10 Situação fundiária da área protegida e normas legais .................................................. 33

3.11 Condição institucional para a administração e manejo da área protegida (instituições

intervenientes) ..................................................................................................................... 36

3.12 Uso do solo no entorno da área protegida e representatividade das atividades

comerciais ........................................................................................................................... 37

3.13 Caracterização da população dos bairros do entorno imediato e usuários da área

protegida ........................................................................................................................... 41

3.14 Percepção dos usuários e cidadãos maringaenses com relação à área protegida ....... 43

3.15 Expectativas com relação ao(s) uso(s) potencial(is) da área pela população ............... 46

4. CARACTERIZAÇÃO DE FATORES ABIÓTICOS E BIÓTICOS .................................... 51

4.1 Meio físico ..................................................................................................................... 51

4.1.1 Métodos de estudo ..................................................................................................... 51

4.1.2 Clima ....................................................................................................................... 52

4.1.2.1 Características gerais do clima .............................................................................. 52

4.1.2.2 Precipitação e umidade relativa ............................................................................. 54

4.1.2.3 Temperatura e evapotranspiração.......................................................................... 59

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4.1.2.4 Vento ................................................................................................................ 61

4.1.3 Geologia ..................................................................................................................... 65

4.1.3.1 Contexto paranaense ............................................................................................. 65

4.1.3.2 Geologia do embasamento cristalino (escudo) ....................................................... 69

4.1.3.3 Geologia da bacia do Paraná ................................................................................. 71

4.1.3.4 Aspectos geológicos da área de estudo ................................................................. 74

4.1.3.5 Formação Serra Geral............................................................................................ 75

4.1.4 Geomorfologia ............................................................................................................ 77

4.1.4.1 Contexto paranaense ............................................................................................. 77

4.1.4.2 Aspectos geomorfológicos da área de estudo ........................................................ 81

4.1.4.3 Aspectos morfométricos da área protegida ............................................................ 83

4.1.5 Pedologia ................................................................................................................... 88

4.1.5.1 Contexto geral ........................................................................................................ 88

4.1.5.2 Solos na área protegida ......................................................................................... 90

4.1.6 Hidrografia .................................................................................................................. 95

4.1.6.1 Contexto hidrográfico nacional e regional .............................................................. 95

4.1.6.2 Hidrografia na área protegida ............................................................................... 100

4.1.7 Considerações gerais ............................................................................................... 106

4.2 Flora ......................................................................................................................... 107

4.2.1 Métodos de estudo ................................................................................................... 107

4.2.2 Estudos de flora realizados no Horto Florestal .......................................................... 110

4.2.3 Enquadramento fitogeográfico do Horto Florestal ..................................................... 110

4.2.3.1 Floresta Estacional Semidecidual Submontana ................................................... 112

4.2.4 Resultados ............................................................................................................... 113

4.2.4.1 Pontos amostrais ................................................................................................. 113

4.2.4.2 Florística .............................................................................................................. 113

4.2.5 Espécies endêmicas e ameaçadas de extinção ........................................................ 123

4.2.6 Espécies de interesse econômico e cultural ............................................................. 127

4.2.7 Espécies arbustivas herbáceas e lianas ................................................................... 130

4.2.8 Espécies vegetais exóticas ....................................................................................... 131

4.2.9 Cobertura vegetal e de ocupação do Horto Florestal ................................................ 140

4.2.9.1 Floresta no estágio avançado da sucessão .......................................................... 140

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4.2.9.2 Vegetação no estágio inicial da sucessão ............................................................ 146

4.2.9.3 Vegetação ornamental (áreas com ajardinamento) .............................................. 148

4.2.10 Considerações gerais ............................................................................................. 152

4.3 Peixes ......................................................................................................................... 153

4.3.1 Introdução................................................................................................................ 153

4.3.2 Métodos de estudo .................................................................................................. 154

4.3.3 Resultados ............................................................................................................... 155

4.3.4 Considerações gerais .............................................................................................. 157

4.4 Répteis e anfíbios ....................................................................................................... 158

4.4.1 Introdução................................................................................................................. 158

4.4.2 Métodos de estudo .................................................................................................. 159

4.4.3 Resultados................................................................................................................ 159

4.4.3.1 Riqueza de espécies e aspectos ecológicos e biogeográficos ............................. 159

4.4.4 Estado de conservação e principais interferências sobre a herpetofauna local .............

..................................................................................................................... 165

4.4.5 Espécies raras, ameaçadas de extinção e/ou indicadoras de qualidade ambiental . 166

4.4.6 Espécies exóticas .................................................................................................... 166

4.4.7 Espécies de interesse econômico ou utilizadas por moradores do entorno ............. 166

4.4.8 Considerações gerais .............................................................................................. 166

4.5 Aves ......................................................................................................................... 167

4.5.1 Introdução................................................................................................................. 167

4.5.2 Métodos de estudo ................................................................................................... 168

4.5.3 Resultados ............................................................................................................... 169

4.5.4 Considerações sobre espécies ................................................................................ 177

4.5.4.1 Espécies com potencial interesse comercial ........................................................ 177

4.5.4.2 Espécies endêmicas, ameaçadas de extinção e exóticas .................................... 178

4.5.5 Considerações gerais .............................................................................................. 178

4.6 Mamíferos ................................................................................................................... 178

4.6.1 Introdução................................................................................................................. 178

4.6.2 Métodos de estudo .................................................................................................. 179

4.6.3 Resultados ............................................................................................................... 180

4.6.3.1 Riqueza de espécies e aspectos ecológicos e biogeográficos ............................. 180

4.6.3.2 Estado de conservação e principais problemas relacionados à mastofauna local 183

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4.6.3.3 Espécies raras, ameaçadas de extinção e/ou indicadoras de qualidade ambiental ...

.............................................................................................................. 185

4.6.3.4 Espécies exóticas ................................................................................................ 185

4.6.3.5 Espécies de interesse econômico ou utilizadas por moradores do entorno .......... 185

4.6.4 Considerações gerais ............................................................................................... 185

5. PLANEJAMENTO ....................................................................................................... 187

5.1 Zoneamento ................................................................................................................ 187

5.1.1 Zona primitiva .......................................................................................................... 189

5.1.2 Zona de recuperação ............................................................................................... 190

5.1.3 Zona de uso especial ............................................................................................... 191

5.1.4 Zona de uso intensivo .............................................................................................. 191

5.1.5 Zona de Amortecimento ........................................................................................... 192

6. AÇÕES GERENCIAIS GERAIS .................................................................................. 193

7. PROGRAMAS DE MANEJO SUGERIDOS ................................................................. 195

7.1 Recuperação de áreas degradadas e zonas de recuperação ..................................... 195

7.2 Monitoramento de águas superficiais para tratamento e destinação adequada de

efluentes gerados no Horto e entorno ................................................................................ 199

7.3 Controle de animais domésticos e espécies vegetais exóticas .................................... 201

7.4 Controle da evasão de macacos e outros animais de hábitos arborícolas ................... 202

7.5 Programa de proteção contra incêndios ....................................................................... 205

7.6 Monitoramento, inventário e ecologia da fauna terrestre e anfíbia ............................... 206

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 209

9. ANEXOS ..................................................................................................................... 221

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1. INTRODUÇÃO

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, instituído pela Lei No 9.985 de 18 de julho de 2000, entende por Plano de Manejo o “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”.

No capítulo III – das Categorias de Unidades de Conservação, se depreende os seguintes conceitos:

Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com

características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral;

II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido

apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da

natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de

unidade de conservação:

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

A área em estudo não representa qualquer uma das categorias previstas em lei, para as quais o Plano de Manejo, principalmente admitindo-se o uso público, seria instrumento fundamental de gestão legalmente instituído.

Tal instrumento, após sua elaboração, conforme o parágrafo 5o do Art. 18: “será aprovado pelo seu conselho consultivo”. No regulamento do SNUC o acompanhamento da elaboração do Plano de Manejo novamente é atribuído como competência do Conselho Consultivo.

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Contudo, a condição apresentada pelo Horto Florestal Luiz Teixeira Mendes discrepa da maioria das situações preconizadas pelo SNUC, pois se trata de área privada em que não há, até o momento, condição legal de se estabelecer a pretendida e recomendável participação pública no processo de gestão.

Diante dessa questão, o presente plano de gestão propõe o tratamento da área como um Refúgio de Vida Silvestre, o qual conforme a legislação pode manter a condição de propriedade privada ou, alternativamente, ser desapropriada pelo poder público conforme preconiza o SNUC:

Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja

possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não

havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da

unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

Como não há até o momento um roteiro que estruture os conteúdos específicos para um Plano de Manejo em unidade de conservação dessa categoria (Refúgio de Vida Silvestre), o que se apresenta a seguir é uma adaptação do estabelecido para unidades de conservação de proteção integral, tais como os Parques.

Frise-se aqui, que os corriqueiros programas de uso público, com atividades destinadas a promover a visitação da área, não são aqui considerados. Isso se dá por dois motivos específicos: a) a necessidade de se estabelecer obras civis prioritárias para a recuperação de áreas degradadas distribuídas pela área; b) a manutenção das prerrogativas da proprietária da área, a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que em décadas passadas admitiu o ingresso irrestrito de visitantes.

Sob o ponto de vista das normas ambientais também não há a possibilidade de se estabelecer uma Zona de Amortecimento formal, restando a possibilidade de indicação das atividades que, localizadas no entorno do Horto, podem de alguma maneira interferir na qualidade ambiental de suas áreas interiores.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1 Enfoque internacional

Leis e esforços de criação de áreas naturais protegidas pelo mundo remontam milhares de anos. Contudo, o conceito de Parque como áreas naturais selvagens foi consolidado definitivamente nos Estados Unidos, onde no ano de 1872 criou-se o Parque Nacional de Yellowstone. Cem anos depois a Conferência de Estocolmo, evento das Nações Unidas para o Meio Ambiente, gerou recomendações para que as nações criassem instituições nacionais destinadas ao planejamento, gerenciamento e controle de recursos ambientais que podem ser vistas como os embriões de uma política de criação e manejo de áreas protegidas. O Programa Homem e a Biosfera da UNESCO (MaB), e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora em Perigo de Extinção (CITES), criados em 1973, decorrem desse momento de esforço internacional pela conservação da natureza. A Convenção Sobre Diversidade Biológica, assinada por 175 países no Rio de Janeiro em junho de 1992, indica em seu Artigo 8 sobre Conservação in situ, a criação de um sistema de áreas naturais protegidas como um dispositivo para o alcance dos objetivos de conservação globais. O Anexo I da convenção indica ainda ações destinadas à identificação de ecossistemas que compreendam grande diversidade, grande número de espécies endêmicas ou ameaçadas, ou vida silvestre (...). Entre os esforços mais importantes para o reconhecimento desses ecossistemas está o estudo de MYERS et al. (2000) reconhecendo 25hotspotsglobais, correspondentes a áreas com maior diversidade biológica e sob alto grau de ameaça, dentre os quais se destaca o Cerrado no Brasil (Figura 1).

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Figura 1 - Hotspots globais para a conservação da natureza. Adaptado de MYERS et. al. (2000).

Mesmo internacionalmente reconhecido como área de grande biodiversidade e sob ameaça crescente, o bioma Mata Atlântica, que insere as fitofisionomias presentes no Horto continua figurando entre os mais pressionados do planeta, com menos de 8% de sua cobertura original em vários estágios de conservação. Neste contexto, a existência de áreas de floresta bem estruturadas, sobretudo as inseridas em perímetros urbanos, constitui situação atípica e demandadora de esforços de conservação específicos.

2.2 Enfoque federal e estadual

Com o surgimento das convenções sobre questões ambientais estabelecidas em âmbito internacional o Brasil passou a formalizar políticas nacionais para o estabelecimento de áreas naturais protegidas. Até então o País definia seus parques e reservas em função de motivações fundamentadas basicamente em atributos da paisagem, sendo marcos do início dos esforços brasileiros para a proteção de áreas naturais a criação do Parque Nacional do Iguaçu e Parque Nacional do Itatiaia, na segunda metade da década de 1930.

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Na década de 1970, como resposta às convenções internacionais já apresentados, foi criada no Brasil a Secretaria Especial do Meio Ambiente, incumbida principalmente do controle da poluição e criação de unidades de conservação da natureza, assim como do trato das questões legais relacionadas ao meio ambiente. A Lei 6938/81, alterada pela Lei 7804/89, dispôs sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, estabelecendo entre seus instrumentos “a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas”. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação– SNUC foi instituído quase duas décadas mais tarde, pela Lei 9985 de 18 de julho de 2000, regulamentada pelo Decreto 4340 de 22 de agosto de 2002. O SNUC reconhece formalmente a denominação Refúgio de vida Silvestre que tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. No âmbito nacional, os refúgios de vida silvestre ainda constituem uma categoria de unidade de conservação minoritária, contudo, com grande potencial de aumento numérico, sobretudo em função da fragmentação das áreas de mata Atlântica, sobretudo no contexto do Sul do país, onde se insere o Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes (Figura 2).

Figura 2 - Biomas Brasileiros com destaque para o Estado do Paraná e indicação do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes.

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O Paraná é um estado da federação considerado vanguardista em termos de institucionalização e normatização das questões ambientais, com inúmeros dispositivos legais dirigidos à conservação de áreas naturais públicas e privadas. Nesses termos, vale mencionar o ICM’s ecológico, que resulta no deferimento do ICMS para aqueles municípios com maiores e melhores áreas de conservação ambiental. Paradoxalmente, é uma das unidades da federação com a sua cobertura florestal mais fragmentada e, mesmo com a importante redução de suas áreas naturais, o Estado figurou por mais de uma vez na última década como aquele em que mais se suprimiu a Floresta Atlântica (Figura 3).

Figura 3 – Evolução da cobertura florestal no Paraná ao longo de 100 anos (1890 – 1990). Fonte: http://www.funverde.org.br/blog/archives/date/2010/06.

Dentre todas as unidades de conservação do Paraná o Horto situa-se em uma região de representatividade relativamente baixa, conforme se depreende da Figura 4.

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Figura 4 – Inserção do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes com relação às unidades de conservação no Estado do Paraná.

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3. ANÁLISE DA REGIÃO DA ÁREA PROTEGIDA EM SEU CONTEXTO

SOCIOECONÔMICO

3.1 Caracterização histórica da ocupação da região de Maringá

O histórico de ocupação do município de Maringá mantém o mesmo perfil das demais cidades que compõem o Norte do Estado do Paraná, com início em 1925, a partir da construção da estrada de ferro São Paulo-Ourinhos-Cambará. A empresa responsável pelo desbravamento da região foi a Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná (CMNP), que adquiriu cerca de 30 mil alqueires em toda a faixa norte do Estado até a divisa com o Estado de São Paulo, no intuito de propiciar o povoamento de uma área ainda não desbravada. Tal povoamento culminou com a fundação de Londrina em 1930, expandindo-se a partir de 1934 com os primeiros núcleos urbanos. Para que o desenvolvimento da região fosse facilitado, a CMNP afixou quatro “sedes” ao longo da faixa norte do Estado e que distam aproximadamente 100 quilômetros umas das outras: Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama. Sanches (2010) enfatiza que a região de Maringá possui três períodos que marcam seu progresso, acarretando a fundação da cidade. O primeiro diz respeito ao início do desbravamento, em meados de 1935, quando a derrubada da mata virgem deu início ao plantio do café, a partir da compra dos lotes rurais em Londrina (também via Companhia de Melhoramentos). Destaca-se nesta época a fundação da cidade de Apucarana em 1943, a qual o patrimônio de Maringá passou a integrar – o que deixou de ocorrer somente em 1947, quando o atual município obteve a condição de distrito de Mandaguari. Já o segundo período inicia-se em 1942, quando a CMNP abriu seis quadras em meio à mata no intuito de fixar um ponto de apoio às explorações regionais. Este ponto, denominado Maringá Velho, serviu como local para a comercialização de mantimentos, utensílios de trabalho e encontro dos proprietários rurais da região. Foi neste ínterim que surgiu o nome da cidade (Maringá), batizada pelos caboclos que, à época, entoavam a canção de Joubert de Carvalho de mesmo nome – sucesso em todas as emissoras de rádio do país. No terceiro período, Sanches destaca a fundação propriamente dita de Maringá, em 10 de Maio de 1947, com a abertura oficial do escritório da Companhia e posterior venda de datas de terras no local onde está afixada a cidade. Foi a partir da expansão da região do Maringá Velho (aquela, composta por apenas seis quadras) que Maringá passou a ganhar perspectivas de cidade. Diante das más condições dos moradores que residiam na região “velha”, a necessidade de ampliação era evidente. Este processo de expansão obedecia não somente a busca

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por melhores instalações no então distrito, mas, sobretudo à grande quantidade de imigrantes que todos os dias desembarcavam em Maringá. Deste modo, concomitantemente com o plantio do café, os primeiros comércios, residências, agremiações associativas e instalações públicas tomaram força e vigor, destacando-se a figura dos pioneiros do município. Este grupo de fundadores de Maringá até hoje possuem prestígio local, não somente pela função de desbravamento da cidade, mas pela relevância que o grupo tomou ao longo dos anos, denominando ruas e constituindo uma espécie de baluartes da composição societária local. O período de rápida expansão de Maringá perpetuou-se até 1951, com a criação do município em 14 de Novembro daquele ano, a partir da Lei nº 790/1951, de autoria do Deputado Estadual Rivadavia Vargas. Neste hiato, surgiu a primeira igreja, o Hotel Maringá, a fixação do escritório da CMNP, a criação da unidade arrecadadora do município de Mandaguari e a subprefeitura, ambas em 1948, a instalação da coletoria estadual, fundação do aeroclube e do primeiro campo de aviação e da primeira emissora de rádio de Maringá. Em relação ao planejamento urbanístico de Maringá, destacamos a figura de Jorge Macedo Vieira, contratado pela CMNP em 1943 – antes mesmo da fundação do município, para a elaboração do traçado urbanístico (Figura 5).Optando por largas avenidas e canteiros centrais, Vieira esboçou o projeto a partir de uma tomada área, destacando até hoje os dois principais parques do município: o Parque do Ingá e o Bosque II, ambos formando a figura de dois grandes “pulmões” que colaboram na qualidade do ar1 da cidade.

1 Nota-se que o desenho urbanístico de Maringá com os dois parques faz uma alusão ao corpo

humano, que necessita dos pulmões para a oxigenação do ar e, por conseguinte, ajuda a mantê-lo vivo com o movimento de respiração.

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Figura 5 – Anteprojeto da cidade de Maringá de Jorge Macedo Vieira. Fonte: CORDOVIL, Fabíola Castelo de Souza (2010).

Segundo o portal da Prefeitura Municipal de Maringá, o plano inicial elaborado por ele contemplava as seguintes características:

a) Uma avenida atravessando a cidade de ponta a ponta, denominada Avenida Brasil (7450m); b) Zoneamento do uso do solo por funções: zona residencial destinada às classes sociais mais elevadas, zona residencial destinada às classes populares, zona comercial, zona industrial, centro cívico, aeroporto, estádio municipal, núcleos sociais, áreas verdes, parques, etc. Os quarteirões e terrenos foram planificados para atender a cada uma dessas finalidades. c) Na denominada zona 1, ficam concentrados o comércio, as edificações do centro cívico e de outros serviços públicos tais como: Prefeitura Municipal, Fórum, Câmara Municipal, Biblioteca Municipal, Agência dos Correios e Telégrafos, Central Telefônica e Estações Rodoviária e Ferroviária. Além desses equipamentos públicos, a zona conta também com a Catedral, estabelecimentos bancários e hotéis. d) As zonas 2 e 5 se destinariam às residências, sendo que nos limites da zona 3, designada de Vila Operária, ficaria a zona industrial. (MARINGÁ, Prefeitura Municipal. Acesso em: 19.nov.2012)

A cidade foi se constituindo ao longo dos anos. Tais características do projeto permanecem e, apesar do crescimento evidente, a conservação do mesmo ocorre, ainda que a cidade tenha se expandido com os grandes bairros no entorno da estrutura de Jorge Macedo Vieira. O aparelhamento público concentra-se na região

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central, denominada Zona 01, bem como a região de comércio; As Zonas 02 e 05 se caracterizam como áreas nobres, de alto custo imobiliário e de vida; A Vila Operária, engolida pelo crescimento do município, ainda preserva alguns operários e, agora, famílias de classe média; Os parques espalharam-se pela cidade, mesmo que a condição de preservação e conservação destes não sejam necessariamente as melhores. Apesar da explicação histórica sobre a fundação de Maringá dada por Sanches e outros autores que resgatam a memória (e porque não a história) da cidade, destacamos que a tríade café-pioneiros-CMNP nem sempre é unânime nos relatos históricos do município. Prova disso é o artigo de João Laércio Lopes Leal (2011), que aborda a então (des) conhecida história maringaense. Um enfoque dado pelo autor é a presença do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), do Posto Agropecuário de Maringá e da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima- RFFSA (federal) na fundação do município (LEAL, 2011, p.41). Segundo Leal, existem “pontos-cegos” na história local e um exemplo de uma chamada “história oficial” do município (grifo nosso) diz respeito aos pioneiros, que assumiram um papel social relevante nas narrativas históricas maringaense, como dito anteriormente. Para o autor:

A figura epopeica do pioneiro é mais uma construção ideológica, difícil de ser desmontada. Talvez, dentre os três componentes mistificadores da história maringaense, seja o detentor do maior potencial simbólico, superando os dois anteriores, a Companhia e o café. (LEAL, 2011, p. 42)

Assim, esta “história oficial” disseminada pelo poder público, pela mídia e pelos memorialistas locais deixa de lado figuras que colaboraram com a construção de Maringá, como por exemplo, os fluxos migratórios oriundos do nordeste, isto é, os caboclos que colaboraram no desbravamento das matas. Na contramão, vale ressaltar as comunidades indígenas que já estavam lá fixadas, normalmente esquecidas da produção histórica. Independentemente do viés historiográfico utilizado, a emancipação política recente do município contradiz com o atual estágio de desenvolvimento, sendo praticamente a terceira cidade do Paraná nos aspectos populacionais, econômicos, políticos e sociais. Completando 61 anos desde que se tornou município, Maringá abriga uma população jovem, de boa qualidade de vida e em franca expansão, como observaremos adiante. 3.2 Localização do município de inserção da área protegida

Maringá localiza-se, geograficamente, na mesorregião Norte Central Paranaense, Estado do Paraná, com área de 487,930 km², sendo 27% de área urbana e 73% de área rural, distando 436 km da capital Curitiba.

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Seus limites estão assim distribuídos: ao Norte com os municípios de Ângulo, Astorga e Iguaraçu; ao Sul com o município de Floresta; ao Leste com os municípios de Marialva e Sarandi; e ao Oeste com os municípios de Paiçandu e Mandaguaçu. Além da sede administrativa, há dois distritos em Maringá: Iguatemi, que abriga o Bairro de São Domingos e Floriano. Sua localização geográfica compreende as seguintes coordenadas: 23° 25' 30" S 51° 56' 20" O (Figura 6). Considerado o terceiro município em população conforme o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011, possui o sexto melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná e compõe o quinto Produto Interno Bruto (PIB) municipal do Estado.

Figura 6 – Localização de Maringá-PR. Fonte: IGPlan, 2013.

3.3 Acesso rodoviário

Situada em um entroncamento viário privilegiado, as rodovias que abastecem o município de Maringá destinam aos principais municípios do Paraná, de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo e à Argentina e ao Paraguai (Tabela 1).

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Tabela 1 – Principais rodovias que atravessam Maringá-PR.

BR / PR PRINCIPAIS RODOVIAS SAÍDA PR-323 Paiçandu » Cianorte » Cruzeiro

do Oeste » Umuarama» Guaíra Oeste

BR-376 Mandaguaçu » Nova Esperança » Paranavaí» Mato

Grosso do Sul

Noroeste

BR-376 Sarandi » Mandaguari » Apucarana » Ponta Grossa»

Curitiba » Litoral

Leste

PR-317 Santa Fé »São Paulo Norte PR-317 Floresta » Engenheiro Beltrão»

Campo Mourão Sul

Fonte: DNIT

A Tabela 2 apresenta as distâncias de Maringá a outras importantes cidades. Tabela 2 – Distância entre Maringá-PR e as principais cidades.

CIDADE DISTÂNCIA Curitiba 428 km Cianorte 75 km Foz do Iguaçu 400 km Londrina 93 km São Paulo 674 km Florianópolis 825 km Porto Alegre 1100 km Campo Grande 710 km Guaíra 280 km Cuiabá 1300 km Brasília 1200 km Porto Velho 2750 km Recife 3.161 Km Rio de Janeiro 1100 km Belo Horizonte 1100 km Presidente Prudente 186 km Bauru 410 km Goiânia 965 km Vitória 1520 km Salvador 2.486 Km Natal 3.348 Km Montevidéu 1920 km Assunção 730 km Buenos Aires 2380 km Belém 2.970 Km

Fonte: DNIT.

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Além da opção de acesso via automóvel, motocicleta, caminhão ou outro tipo de transporte rodoviário, é possível chegar até Maringá via Transporte Coletivo de Passageiros (Ônibus), sendo atendida pelas empresas: Brasil Sul, Kaiowa, Princesa do Ivaí, Andorinha, União Cascavel, Expresso Maringá, Viação Garcia, Expresso Nordeste, Nacional Expresso, Planalto Transporte, Viação Real, entre outras.

3.4 Acesso aeroviário

O Aeroporto Regional de Maringá Silvio Name Junior foi inaugurado em 16 de Setembro 2000 após a desativação do antigo Aeroporto Dr. Gastão Vidigal. Com uma pista de 2.100 metros de comprimento, o aeroporto atende mais de 600 mil passageiros por ano, operando com duas empresas aéreas: Azul/Trip e Gol. Com rotas diretas para cidades do Paraná (destacando-se a ponte aérea interiorana Curitiba-Maringá), Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, o aeroporto consolida-se como um dos principais do Brasil, com 36 operações diárias. A quantidade de embarques/desembarque tem aumentado significativamente, conforme dados fornecidos pela SBMG Terminais Aéreos que administra o aeroporto. Em 2011, 666.957 pessoas passaram pelo terminal. Em 2012, com dados atualizados até Outubro, 642.608 pessoas estiveram no aeroporto, com uma média mensal de 64 mil passageiros, aproximadamente. As figuras 7 e 8 ilustram como se dá o acesso ao Horto a partir da Rodoviária de Maringá e de seu aeroporto regional.

Figura 7 – Acesso ao Horto Florestal a partir da Rodoviária de Maringá. Fonte: Google Earth.

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Figura 8 – Acesso ao Horto Florestal a partir do Aeroporto Regional de Maringá. Fonte: Google Earth.

3.5 Produto Interno Bruto (PIB) e panorama da economia local

O PIB de Maringá é de R$ 7.284.401,00, por habitante, o que coloca o município na quinta colocação estadual e 62ª nacional, segundo dados do IBGE de 2009. Tal PIB não supera a média estadual, que é de R$ 17.779,00 per capita. O destaque econômico da cidade é o comércio e a prestação de serviços. No comércio, podemos destacar os cinco shoppings centers: Catuaí Maringá, Maringá Park, Mandacaru Boulevard, Avenida Center e Shopping Cidade. Além destes o forte comércio das principais avenidas da cidade movimentam a economia local, destacando-se as avenidas Brasil, São Paulo, Herval, Paraná, Morangueira, São Domingos, Tuiuti, Cerro Azul, Pedro Taques entre outras. Quanto à distribuição do comércio lojista, destacamos os segmentos de autopeças, alimentos, armarinhos, papéis, vidros, tecidos, madeira e eletrodomésticos. Além destes, as indústrias no setor têxtil se destacam fruto da vocação regional para confecções – o que também impulsiona o comércio atacadista no setor do vestuário.

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Já em relação às classes sociais de Maringá, destacamos que a maioria da população pertence às classes B2, C1 e B12, respectivamente (Figura 9). Entre os anos de 2008 e 2010, o Professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Joilson Dias, elaborou um levantamento da variação entre as classes sociais da cidade neste período. Para tal, a amostra utilizada foi de 1.620 pessoas, conforme o gráfico abaixo:

Figura 9 – Distribuição das classes sociais de Maringá (2008-2010). Fonte: Dias, Joilson. (2010).

Segundo Dias (2010), o fenômeno de aumento na quantidade de habitantes com classe social mais elevada e a diminuição do número de pessoas das classes sociais menores indica um processo de distribuição de renda na cidade. Ainda segundo Dias, este comparativo traduz que as famílias com renda média próximas das classes superiores migraram de classe, sinalizando assim uma melhoria na renda mensal dos maringaenses. Acerca do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município de Maringá, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), destacamos o excelente índice obtido quanto à educação, superando o índice de muitos Estados do país. Em geral, o IDH de Maringá é maior que o Estadual (0,820), e ocupa a sexta colocação do Paraná (Figura 10).

2As classes sociais, segundo a pesquisa, estão assim definidas, conforme a renda mensal dos

habitantes de cada domicílio: D – até 2 salários mínimos; C – de 2 a 4 salários mínimos; B – de 4 a 8 salários mínimos; e A – Mais de 8 salários mínimos.

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Figura 10 – IDH do Município de Maringá-PR (1991/2000). Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (PNUD).

Conforme o gráfico referente ao IDH de Maringá, podemos avaliar que os índices referentes à renda, longevidade e educação melhoram desde 1991, alavancando assim o índice municipal. A longevidade é a que mais avançou, seguido da educação e da renda. 3.6 Organização política

A organização política de Maringá respeita a legislação federal, com os poderes executivo e legislativo. No poder executivo, a cidade é administrada por Silvio Magalhães Barros II, que cumpre o segundo mandato à frente da Prefeitura Municipal de Maringá (2009-2012), sendo o primeiro de 2005 a 2008. Filho do Prefeito Silvio Magalhães Barros que administrou o município entre 1973-1976 e irmão do Prefeito Ricardo José Magalhães Barros (1989-1992), Silvio II pertence a uma família tradicional na política local e Estadual. Além dos cargos executivos exercidos, Ricardo e Silvio cumpriram mandatos como Deputado Federal e a cunhada de Silvio II, Cida Borghetti, já foi Deputada Estadual por dois mandatos e atualmente é Deputada Federal. Para o quadriênio 2013-2016, Carlos Roberto Pupin, atual vice-prefeito, foi eleito em 28 de outubro, no segundo turno, com 104.482 votos. Todavia, Pupin ainda enfrenta um embate jurídico em relação ao registro de sua candidatura, o que será solucionado em 19 de Dezembro, com a diplomação pela Justiça Eleitoral dos eleitos.

0,762 0,739 0,692

0,854 0,841 0,798 0,787

0,938

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

IDH Municipal IDH Renda IDH Longevidade IDH Educação

1991

2000

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Quinze são os vereadores que compõem a Câmara Municipal de Maringá, número este inalterado desde 2005. Portanto, é a terceira legislatura seguida que Maringá contará com 15 parlamentares. Para a 15ª Legislatura, 9 novos parlamentares assumirão o cargo. Em geral, o parlamento possui alta rotatividade de lideranças, mas que permanecem no cenário político mesmo sem exercer o mandato de vereador; a escolaridade dos parlamentares é alta; não há presença de “oligarquias” na elite legislativa maringaense; há fortes vínculos institucionais; o tempo médio de permanência no cenário político local é de 8 a 12 anos; a faixa etária de participação política dos vereadores inicia-se, na média, aos 41 anos e se encerra aos 60 anos3.

3.7 Demografia

A Tabela 3 abaixo demonstra a evolução populacional de Maringá ao longo dos anos, bem como a divisão por sexo e faixa etária da população4:

Tabela 3 – Evolução populacional de Maringá-PR

Ano População total

População Urbana

População Rural

Taxa de Urbanização

(%) 1950 38.588 7.270 31.318 18,84 1960 104.131 47.592 56.539 45,70 1970 121.374 100.100 21.274 82,47 1980 168.239 160.689 7.550 95,51 1991 240.292 234.079 6.213 97,41 1996 267.942 260.955 6.987 97,39 2000 288.653 283.978 4.675 98,38 2010 357.077 350.653 6.424 98,20

Fonte: Prefeitura Municipal de Maringá / IBGE.

Nota-se que a população de Maringá praticamente dobrou até 1960, o que demonstra a franca expansão do município, seja urbana/imobiliária, seja agrícola a partir do cultivo do café. Ainda assim, o êxodo rural que acompanhou o fluxo migratório brasileiro na década de 1970 também se configurou em Maringá, já que a população urbana chegou a 82,47% em cerca de vinte anos desde a fundação do município. Outro relevante fator da expansão populacional de Maringá revela-se na análise dos últimos quarenta anos: em 1970, a população do município era de 121.374 habitantes. Já em 2010, no último censo demográfico realizado pelo IBGE, a população atingiu a casa de 357.077 habitantes, praticamente triplicando em relação ao início da década de 1970. Do mesmo, se dividirmos este espaço temporal em três marcos (1970/1990/2010), verificamos que a cada vinte anos a população de

3Para mais informações, ver VALENCIANO, 2011.

4 Segundo o Censo do IBGE (2010)

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Maringá praticamente dobra, pois a população atual é de 362.329, conforme a contagem populacional de 20115. Na pirâmide abaixo destacamos a predominância da população jovem em Maringá, sobretudo na faixa entre 20 e 24 anos de idade, para ambos os sexos (Figura 11). De recente fundação, a explicação para a maioria da população jovem (conforme o perfil da pirâmide etária), dá-se pelos fluxos migratórios em direção ao município. Tal população fixou-se em Maringá, atraída pelas oportunidades de trabalho do comércio e das indústrias locais, pelo relevante número de instituições de ensino superior (destacado no item sobre educação e escolaridade) e pelas condições de infraestrutura que o município proporciona.

Figura 11 – Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade – Maringá-PR. Fonte: IBGE Censo 2010.

3.8 Educação e escolaridade

Segundo o censo demográfico de 2010, a população maringaense possui alto índice de alfabetização, com média de 88% entre todas as faixas etárias. Quanto ao tempo de estudo dos responsáveis pelos domicílios do município, apenas 7,3% estudou menos de um ano ou não possui instrução, enquanto 11,77% estudou mais de quinze anos. As maiores incidências em anos de estudos dos maringaenses

5 Se considerarmos a população das maiores cidades próximas de Maringá (Sarandi, Paiçandu,

Marialva e Mandaguaçu), a população de Maringá – somada a estes quatro municípios, ultrapassa 520 mil habitantes, confirmando nossa hipótese.

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aparecem entre 4 e 7 anos (26,75% da população) e 11 a 14 anos de estudo (24,69% da população). A prova da alta escolaridade da população está na quantidade de alunos matriculados nas creches, pré-escolas, ensino fundamental, médio, profissional, educação especial, educação de jovens e adultos e os matriculados no ensino superior que totalizam 109.462 alunos (Tabela 4). Ou seja, 30,11% dos maringaenses estão matriculados em alguma destas séries, conforme demonstramos abaixo:

Tabela 4 – Matrículas no ensino regular em Maringá-PR (2011).

Modalidade Matriculados Creche 6.488 Pré-escola 7.218 Fundamental 43.871 Médio 14.955 Profissional 2.450 Educação Especial/Jovens e adultos 6.187 Ensino superior 28.293 Total 109.462

Fonte: MEC/INEP.

Justificando a hipótese de que Maringá é um município de fundação recente e que se confrontarmos a faixa etária em que a maioria da população está concentrada (20 a 24 anos), o número de alunos matriculados no ensino superior é significativo. Além desta alta quantidade de acadêmicos, destacamos que existem nove instituições de ensino superior com educação presencial, atraindo a maioria dos ingressantes nos cursos acadêmicos, que são: Universidade Estadual de Maringá (UEM); União das Faculdades Metropolitanas de Maringá (UNIFAMMA); Centro Universitário de Maringá (CESUMAR); Faculdades Maringá; Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR); Faculdade Alvorada; Faculdade Cidade Verde; Faculdade Uningá; e Faculdade América do Sul (Tabela 5).

Tabela 5 – Matrículas e concluintes na educação superior segundo dependência administrativa - Maringá-PR (2010).

Dependência administrativa

Matrículas Concluintes

Estadual 11.465 1.922

Particular 16.828 3.382

Total 28.293 5.304 Fonte: MEC/INEP.

Outro destaque é a questão da qualidade educacional ofertada pelas escolas do ensino fundamental da cidade. Em relação às séries inicias, isto é, no fim do primeiro ciclo fundamental, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) vem

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superando as médias estaduais desde 2005, atingindo a diferença de 0,4 em 2011, conforme demonstrado na Figura 12.

Figura 12 – IDEB de Maringá-PR – 4ª Série/5º Ano. Fonte: MEC/INEP.

Quanto ao IDEB das séries finais do ensino fundamental, a média obtida por Maringá é menor que a média estadual paranaense, superando-a somente em 2005, quando do início da mensuração proposta pelo Ministério da Educação. Apesar da ascensão iniciada em 2005, o IDEB de 2011 em relação aos anos finais do Ensino Fundamental caiu dois décimos, conforme Figura 13. Portanto, a evolução do IDEB – Paraná não foi acompanhada pelo município:

Figura 13 – IDEB de Maringá-PR – 8ª Série/9º Ano. Fonte: MEC/INEP

4,7 5

5,7 6

4,6 5

5,4 5,6

0

1

2

3

4

5

6

7

2005 2007 2009 2011

Maringá

Paraná

4

4,2

4,3

4,1

3,6

4,2

4,3 4,3

3,2

3,4

3,6

3,8

4

4,2

4,4

2005 2007 2009 2011

Maringá

Paraná

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Por fim, expomos a classificação das Universidades e Faculdades de Maringá, conforme o “Ranking Universitário Folha” do ano de 2012, que avaliou critérios do ensino superior como pesquisa acadêmica, qualidade de ensino, avaliação do mercado e inovação (Tabela 6).

Tabela 6 – Melhores instituições de Ensino Superior de Maringá-PR segundo o Ranking Universitário Folha (2012).

Instituição Dependência administrativa

Nota Final Colocação Estadual

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Estadual 64,89 2º

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

Particular 57,73 4º

Fonte: Folha de São Paulo (2012).

3.9 Saúde e saneamento

Nos últimos anos, a Prefeitura Municipal de Maringá tem investido na prevenção enquanto política pública para a melhoria na qualidade de saúde da população. Apesar dos altos investimentos e ampliação do atendimento nos postos de saúde, a demanda por consultas especializadas, bem como a prestação de serviços para municípios menores da região, tem gerado críticas em relação ao governo municipal. Em vista disso, é evidente a atual situação da saúde do município, direcionada para os investimentos da iniciativa privada. Prova disso são os estabelecimentos de saúde particulares que representam 84% do total existente em Maringá. Do mesmo modo, 80% dos leitos estão na esfera pública (Figura 14). A utilização dos serviços da rede privada refere-se à condição socioeconômica dos moradores presentes em sua maioria nas classes B2, B1 e C1 que tentam priorizar a assinatura de um plano de saúde privado em suas contas mensais.

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Figura 14 – Aparelhamento de Saúde de Maringá-PR. Fonte: Censo IBGE (2010).

O índice de mortalidade infantil de Maringá também caiu ao longo dos anos. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, o índice de mortes por mil nascidos vivos beirava 38 em 1980 e, desde 2003, tal coeficiente esteve sempre abaixo dos 11, chegando ao menor número da história em 2008, com 8,46 e, em 2011 atingiu 8,6 pontos na estatística. Outro indicador importante quanto à saúde infantil é o de desnutrição: ao passo que em 2005 chegava aos 14,3% (com 75,6% das crianças bem nutridas), o índice regrediu a 1,97% em 2010, menor número da história – já que, na outra ponta, 90,89% das crianças estavam bem nutridas (conforme os dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Saúde). A empresa que realiza o abastecimento de água de Maringá é a SANEPAR – Companhia de Abastecimento do Paraná, que obteve concessão para o serviço em 1980. Fomentada pela bacia do Rio Pirapó (responsável por 90% da água da cidade), a história do uso da água em Maringá passa por três períodos, conforme Vendramel e Köhler (2002) destacam:

O abastecimento de água em Maringá está marcado por três períodos. O primeiro através de poços comuns e minas, condomínios de poços semiartesianos e redes particulares. O segundo caracterizou-se pela atuação da Codemar6. O terceiro período iniciou-se em 1980, quando a Sanepar obteve a concessão dos serviços de água e esgotos sanitários até 2010. (KOHLER & VENDRAMEL, 2002, p. 259)

6 Companhia de Desenvolvimento de Maringá, criada pela Lei Municipal 236/1962 e extinta em 1976.

230

36

194

1359

271

1088

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

Estabelecimentos de saúde (Total)

Estabelecimentos de saúde (Público)

Estabelecimentos de saúde (Particular)

Leitos para internação (Total)

Leitos para internação (Público)

Leitos para internação (Particular)

Total

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Com contrato renovado em 2010, a SANEPAR permanece abastecendo o município, dispondo de uma estação de tratamento situada na Avenida Pedro Taques, no Jardim Alvorada. Inaugurada em 1964, a estação opera em média 22 horas por dia, com uma vazão de 1000 L/s. Além da estação de tratamento, a companhia dispõe de diversos poços e distribuidoras espalhadas pela cidade. Tal sistema é sintetizado na Tabela 7, que dispõe sobre as unidades atendidas e as ligações efetuadas pela SANEPAR:

Tabela 7 – Abastecimento de água pela SANEPAR segundo as categorias – Maringá-PR.

Categorias Unidades atendidas7

Ligações8

Residenciais 122.578 98.704 Comerciais 16.199 11.741 Industriais 935 913 Utilidade pública 668 664 Poder público 446 446 Total 140.826 112.468

Fonte: SANEPAR (2011).

Além de cobrir 95% do esgoto da cidade com 125.394 unidades atendidas e 87.510 ligações, Maringá é a 7ª melhor do Brasil em relação ao tratamento do esgoto, sendo que todo o esgoto produzido pelos habitantes é coletado. Por fim, destacamos a realização por parte da Prefeitura Municipal de Maringá do “Plano Municipal de Saneamento Básico”, com reuniões, debates e audiências públicas. Ocorreu em 2011, sob o intuito de avaliar a realidade do município e seu crescimento aliado à legislação vigente, sobretudo da Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento). Disponível para consulta on-line, a audiência pública para apresentação do plano ocorreu em 30 de janeiro de 2012, expondo um plano de metas para ser alcançado em relação à situação do abastecimento de água no município.

3.10 Situação fundiária da área protegida e normas legais

A imagem de dedicação às áreas verdes e arborização constitui um dos destaques da cidade de Maringá. Desde a expansão da área urbana a partir da década de 1950, a população maringaense orgulha-se da presença do verde

7Unidades (Economias)Atendidas é todo imóvel (casa,apartamento, loja, prédio, etc.) ou subdivisão

independente do imóvel, dotado de pelo menos um ponto de água, perfeitamente identificável, como unidade autônoma, para efeito de cadastramento e cobrança de tarifa. Inclui-se aqui todas as unidades de Maringá, sendo elas utilizadas de fato ou não. 8 Ligações: são as unidades atendidas que estão em atividade, isto é, sendo utilizadas pela

população.

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concomitantemente com as construções advindas do progresso local. Além do codinome “Cidade Canção”, Maringá também é conhecida pela alcunha de “Cidade Verde”, por conta dos parques urbanos e da arborização existente nas vias da mesma. Desde a ampliação urbana e imobiliária (fomentada pela CMNP) o cuidado com o meio ambiente perpassa pelo planejamento de Maringá. Na história identificamos que, na aquisição de novas datas junto à companhia, o novo proprietário deveria proteger 10% da área de seu lote com árvores (em forma de incentivo pela companhia e não como lei), preservando assim a vegetação nativa. Inserida no bioma da Mata Atlântica, a vegetação local sofreu (e sofre) desde sua expansão com a ação humana devido à urbanização, o êxodo rural e a política dos governos de “colonizar” o interior do país de modo não sustentável. Poucas áreas da mata atlântica incluídas na paisagem urbana foram preservadas, sendo as principais o Parque do Ingá, o Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes e o Parque Florestal dos Pioneiros, conhecido como Bosque II. Neste contexto, destacamos as normas legais que protegem a mata atlântica de Maringá, na esfera nacional:

- Lei 4771/1965, instituindo o Código Florestal Brasileiro; - Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Artigo 225, Parágrafo 4º, incluindo a Mata Atlântica como “patrimônio nacional”; - Decreto 750/93 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que estabelece legalmente a delimitação precisa da área de abrangência da Mata Atlântica e a proteção dos estágios sucessionais avançado e médio de regeneração das formações vegetais do bioma e dá outras providências; - Lei nº 11428/2006, conhecida como a “Lei da Mata Atlântica”, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa da mesma; - Decreto 6660/2008, regulamentando os dispositivos da Lei da Mata Atlântica. Classificado como Área de Preservação Permanente (APP), o Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes está localizado na Zona 05. Com uma área de 3,68 ha, o Horto segue o projeto urbanístico de Jorge Macedo Vieira e, sob o planejamento do Engenheiro Agrônomo Luiz Teixeira Mendes, foi criado no intuito de cultivar espécies arbóreas para servir às cidades da região. Além disso, a tarefa do Horto era funcionar como um laboratório, atuando como espaço para profissionais que estudam a fauna e a flora, ou seja, criar o “Instituto Científico de Estudos de Botânica Regional”, projeto este ainda não concretizado. A imagem abaixo nos ajuda a visualizar a entrada do Horto Florestal em 1952: a abertura da mata, uma pequena camionete e uma placa indicativa do local do Horto (Figura 15).

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Figura 15 – Entrada do Horto Florestal em 1952. Fonte: SILVA, Miguel Fernando Perez (2012).

A propriedade do Horto Florestal ainda é da Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, declarada como reserva florestal a partir do Decreto nº 203, de 1994. A manutenção da área do Horto deve-se ainda a dois fatores: preservar a essência da mata nativa da região e zelar pelas nascentes que dão origem ao Córrego Borba Gato. Sua estrutura dispõe de trilhas no meio da mata e um pequeno lago no seu interior, nas proximidades das nascentes que dão origem ao córrego Borba Gato. O amplo espaço gramado em sua parte central, destinados a passeio ou recreação, além do viveiro de mudas, estão desativados. Ao longo da história, podemos constatar que nenhum dos projetos e ordenamentos jurídicos existentes deu conta de delimitar uma função ou criar algo que permanecesse como atração turística em relação ao Horto Florestal. O instituto de pesquisa proposto pela CMNP não foi implantado; as trilhas abertas na mata e as construções existentes sofrem com a ação do tempo; o turismo ecológico e o plantio de mudas para distribuição regional não foram realizados; e o impasse jurídico, ainda não solucionado, é fruto da atual situação do Horto. Os problemas gerados pelo Horto Florestal começaram no início da década de 2000. Fechado para visitação pública em 2003, o cenário pós-fechamento acarretou no abandono das instalações, na erosão causada pelas trilhas abertas na mata, na poluição das nascentes e no uso do espaço por viciados como declínio do local. O juizado cível da 4ª Vara da Comarca de Maringá por intermédio do processo 776/2003 determinou o fechamento da área, alegando que os buracos da erosão, a

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falta de sinalização aos visitantes e o mau-cheiro da poluição do local ocasionavam riscos aos visitantes. Após o fechamento do Horto Florestal, o então promotor do meio ambiente de Maringá à época (2003), Ilecir Heckert, determinou que o município recuperasse a área – algo que ainda não ocorreu. Há uma Escritura Pública de concessão de uso firmada com a Prefeitura em 29 de dezembro de 1994 referente aos lotes 355 a 360 da Gleba Patrimônio Maringá, segundo dados levantados. Por fim, destacamos que existem algumas leis municipais que dizem respeito ao Horto Florestal – a maioria delas sem aplicabilidade visível, que são:

- Lei nº 84/1995, isentando o pagamento de contribuição referente à melhoria da malha asfáltica na Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes; - Lei nº 8797/2010, criando uma extensão da Biblioteca Municipal no Horto Florestal; - Lei nº 6081/2003, autorizando a Prefeitura Municipal de Maringá a celebrar convênio com a SUDERHSA para combater a erosão existente no Horto; - Lei nº 5887/2002, autorizando a celebração de convênios para a revitalização do Horto.

3.11 Condição institucional para a administração e manejo da área

protegida (instituições intervenientes)

O impasse jurídico entre a CMNP e a Prefeitura Municipal de Maringá permeia a administração da área do Horto Florestal. Afinal, de quem é a responsabilidade do Horto? Se a área é de propriedade da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná e a mesma, com sua função “colonizadora” diminuiu as suas atividades após cumpri-la, como esperar que a CMNP zelasse pela área? E a Prefeitura Municipal de Maringá é responsável pela conservação da APP? Atualmente é a CMNP quem se responsabiliza pelo horto, mantendo apenas um vigia durante o dia para zelar pela área. À noite não há quem cuide pelo espaço, ficando vulnerável para ação de usuários de drogas, como relatado pelos moradores do entorno. Diante do impasse e da escritura pública de concessão, a Prefeitura manifestou publicamente o interesse em administrar o horto, pois a atual condição sugere uma parceria entre a CMNP e a Prefeitura Municipal de Maringá, que já manifestaram o interesse de acordo. Quanto à utilização, apenas estudantes tem realizado pesquisas com os morcegos que habitam o horto, sendo que a vegetação não é objeto de pesquisa de nenhum grupo acadêmico. A autorização para entrada no horto é concedida pela Prefeitura

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de Maringá e pelos funcionários da CMNP de Jussara e, atualmente, o grupo que estuda os morcegos, o vigia e a Prefeitura tem acesso à área.

Em face ao abandono estrutural, o escritório firmado pela companhia no interior do horto está desativado, com a construção de madeira em ruim estado; a guarita de entrada (também erigida em madeira) é o único local utilizado pelo vigia e as trilhas existentes são precárias (erosão e descarte de esgoto são os motivos), oferecendo riscos a quem delas utiliza. Ainda há o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente do Município de Maringá – COMDEMA, como instituição interveniente. Criado através da Lei nº 758/2009, é composto por 25 conselheiros, presidido por Lídia Maria da Fonseca Maróstica, que foi Secretaria Municipal do Meio Ambiente até 2011 e sustenta o mandato frente ao conselho até 2012. As reuniões do COMDEMA são realizadas às primeiras quintas-feiras do mês. Outra instituição interveniente é a Câmara Municipal de Maringá. Composta por 15 vereadores, a tarefa da Câmara é fiscalizar as ações do Poder Executivo e legislar em prol da população, interferindo via indicações, requerimentos, projetos de lei, entre outros. Quanto ao Horto Florestal, citamos no tópico “Situação Fundiária da área protegida e normas legais a instituiu” as principais leis elaboradas pelo legislativo local, no intuito de problematizar e readequar alguns espaços do bosque. Portanto, as instituições intervenientes diretamente na área do Horto são a Prefeitura de Maringá, a CMNP, o COMDEMA e a Câmara Municipal de Maringá.

3.12 Uso do solo no entorno da área protegida e representatividade das

atividades comerciais

O uso do solo ao entorno do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes corresponde basicamente à vizinhança dos fundos do mesmo, bem como àqueles estabelecimentos situados ao longo da Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes e da Rua das Azaleias. Aos fundos, situa-se a Sede Campestre da Sociedade Médica de Maringá. Dotada de campo de futebol, quadras de tênis, piscina, salão social e estacionamento, a Sede Campestre é frequentada pelos médicos locais, um espaço destinado a festas e convívio aos finais de semana/tarde. Ainda na mesma faixa de terras, constatamos a existência do Pesqueiro São José, existente há mais de 10 anos no local. É abastecido pelas águas do Córrego Borba Gato, cuja nascente está no Horto Florestal. O horário de atendimento inicia-se às 12h, estendendo-se até o início da noite. Por fim, na porção sul do Horto, destacamos ao fundo de vale do Córrego Borba Gato, o qual faz divisa com terras da Mitra Arquidiocesana de Maringá. No local,

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existem três entidades da igreja católica: Mosteiro, Salão da TV Terceiro Milênio e o Retiro da Mitra. A área é cuidada por um zelador, presente no local há mais de 20 anos. A faixa Oeste do Horto Florestal é dominada pelos condomínios residenciais. Quatro são os que merecem destaque: Primavera, Horto Florestal, Vinhedo e Saldanha Marinho. Acima, defronte à Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes, situa-se o Colégio Estadual Juscelino Kubistchek de Oliveira, o qual faz divisa direta com a mata nativa do horto. A Tabela 8 elenca os estabelecimentos comerciais e estatais presentes nas vias de acesso ao Horto.

Tabela 8 – Quantidade de estabelecimentos defronte ao Horto Florestal.

Estabelecimento Quantidade Médicos e clínicas 7 Sedes da Ass. Médica 2 Igreja Adventista 1 Escola Estadual 1 Profissional liberal 1 Lar dos Idosos 1 Pesqueiro 1 Lions Club 1 Teatro Calil Haddad 1 Total 16

Fonte: VALENCIANO, Tiago.

Neste levantamento, destacamos que a Avenida em que permeia o Horto Florestal, bem como a Rua das Azaleias é praticamente voltada às atividades de saúde. Tal fato relaciona-se com a presença do Hospital Paraná, localizado a poucas quadras do Horto. Logo, tal núcleo “médico” ali existente alimenta as atividades do hospital, bem como classifica a região da Zona 05 como espaço de atendimento de saúde. Por se tratar (ainda no projeto da cidade) de uma área residencial, provavelmente a facilidade em buscar os serviços de saúde (à época) junto à proximidade de moradia fez com que os profissionais se instalassem nas imediações da forte área residencial. Outro enfoque diz respeito às instituições classistas presentes. Destacamos a Igreja Adventista do 7º dia e a sede do Lions International na Rua das Azaleias, bem como a já citada Sede Campestre da Sociedade Médica de Maringá.

O Teatro Calil Haddad, localizado no perímetro da Avenida Dr. Luiz Teixeira Mendes, portanto, defronte ao Horto Florestal, é a principal casa de espetáculos artísticos e culturais de Maringá. Inaugurado em 1996, o teatro abriga a Divisão de

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Patrimônio Cultural e a Sede da Secretaria Municipal da Cultura de Maringá (Figura 16). Ocupando importante posição na região, o teatro é palco de apresentações teatrais, shows, eventos, conferências, entre outras. Comporta cerca de 800 pessoas sentadas e, quando das apresentações, a Avenida serve como estacionamento para o mesmo – que conta com poucas vagas para tal.

Figura 16 – Teatro Calil Haddad. Fonte: Turismo pelo Brasil (portal).

Na Figura 17 são apresentadas a principais estruturas e estabelecimentos no entorno da área do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes.

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Figura 17 – Uso ao entorno do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes. Fonte: IGPlan,

2013.

A área delimitada em vermelho diz respeito aos limítrofes do Horto Florestal. Em amarelo, destacamos o Teatro Calil Haddad e em azul o Colégio Estadual Juscelino Kubistchek. Quanto aos números, eis o que representam: 1- Igreja Adventista e Lions International, vizinhas; 2- Sede Campestre da Sociedade Médica de Maringá; 3- Lar de Idosos da Igreja Holiness do Brasil; 4- Pesqueiro São José; 5- Mitra Arquidiocesana de Maringá; 6- Área dos condomínios residenciais, sendo que não são ocupados sucessivamente, alternando-se com terrenos ainda não utilizados para este fim.

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3.13 Caracterização da população dos bairros do entorno imediato e

usuários da área protegida

A população residente ao entorno do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes é de 3.132 pessoas, segundo o Censo do IBGE 2010. Na amostra da pesquisa de opinião pública quanto ao Horto Florestal (abaixo explicada), traçamos um perfil da população que reside e trabalha na região do horto, selecionando os bairros que diretamente influenciam a área. O sexo da população foi utilizado como variável de controle, sendo a maioria dos entrevistados do sexo feminino (53,33%), contra 46,67% do sexo masculino (Figura 18).

Figura 18 – Sexo da população entrevistada. Fonte: VALENCIANO, Tiago. (2012).

Já a faixa etária condiz com o perfil dos moradores da região que há muitos anos residem ao entorno do Horto Florestal, como veremos a seguir. A Figura 19 demonstra a predominância de uma população de faixa etária intermediária, entre os 45 e 59 anos de idade (40% das entrevistas), seguindo de 20% para as faixas etárias 25 a 34 anos e 35 a 44 anos. Portanto, a hipótese de que os habitantes das proximidades do horto residem há algum tempo na região se confirma e, pela distância até o chamado “Maringá Velho”, a colonização antiga da área condiz com quem nela habita, não prezando pela atração de novos moradores de faixa etária mais jovem.

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Figura 19 – Faixa Etária da população entrevistada. Fonte: VALENCIANO, Tiago. (2012).

Quanto ao nível de escolaridade dos residentes, enfatizamos a predominância pelo nível superior, o que sinaliza uma alta escolaridade daqueles que mantém algum tipo de relacionamento com o Horto Florestal (Figura 20). A alta escolarização reflete a qualidade de vida da Zona 05, uma região em sua maioria residencial e considerada como área nobre da cidade.

Figura 20 – Escolaridade da população entrevistada. Fonte: VALENCIANO, Tiago. (2012).

Aliado ao tempo de residência, faixa etária e alta escolaridade está à alta renda familiar dos entrevistados, confirmando as boas condições de vida da Zona 05 e dos condomínios residenciais do entorno do horto. Dos entrevistados, 40% afirmou que a

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família recebe ao menos 2 salários mínimos e, se considerarmos que os integrantes do domicílio em que o entrevistado reside pode receber até 4 salários mínimos, somados aos que recebem acima de 4 salários mínimos ao mês (40%), a condição financeira dos habitantes da região de fato é privilegiada (Figura 21).

Figura 21 – Renda familiar mensal da população entrevistada. Fonte: VALENCIANO, Tiago. (2012).

3.14 Percepção dos usuários e cidadãos maringaenses com relação à área

protegida

Para levantar a percepção dos usuários e cidadãos maringaenses com relação à área protegida do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes, realizamos uma pesquisa de opinião pública com 150 pessoas que residem, trabalha ou utilizam a área ao entorno do Horto. Assim, as entrevistas ocorreram utilizando uma amostragem aleatória, respeitando como variável de controle o sexo da população de Maringá. O questionário procurou as duas abordagens usuais de pesquisas de opinião: quantitativa, pois um relevante número de entrevistas foi efetuado; e qualitativa, pois as expectativas em relação ao futuro do Horto Florestal também foram contempladas. Os questionários foram aplicados em 23 de Novembro de 2012, com os líderes das entidades citadas na caracterização do espaço, os principais estabelecimentos comerciais e estatais da região e a população residente. A seguir, apresentaremos os dados obtidos, bem como uma breve análise dos mesmos, em ordem das questões. Na questão “Qual o relacionamento do Sr. (a) com o Horto Florestal?”, 60% dos entrevistados responderam “todas as opções”, isto é, moram ao entorno do Horto,

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trabalham também ao entorno e utilizam do calçamento para caminhada (Figura 22). Nesta questão, verificamos que o lazer é a expectativa da pessoa em relação à reabertura do Horto Florestal para a comunidade – e não necessariamente que a função atual é de lazer. Tal constatação é válida para a maioria dos entrevistados, visto que pouquíssimas pessoas utilizam o passeio público do Horto para a prática de caminhadas ou corridas.

Figura 22 – Relacionamento dos entrevistados com o Horto Florestal. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

Também nos preocupamos em mensurar quanto tempo os entrevistados possuem este tipo de relacionamento com o Horto Florestal (Figura 23). Esta questão foi elencada para compreender se a população chegou a conhecer a área quando ainda estava aberta, ou seja, possível de acesso ao público. Destes, 60% dos entrevistados seguramente chegaram a obter a possibilidade de visitar o horto (fechado em 2003).

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Figura 23 – Tempo de relacionamento dos entrevistados com o Horto Florestal. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

Quanto à importância da área para o município, em uma escala que variou de desnecessário, pouco necessário, necessário, importante e muito importante, 86% dos entrevistados consideram o Horto Florestal como “muito importante” para Maringá, comprovando a tendência dos maringaenses em cultivar o imaginário de “cidade verde” (Figura 24).

Figura 24 – Importância do Horto Florestal para Maringá-PR.Fonte: VALENCIANO, Tiago.

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A percepção dos entrevistados acerca das atuais condições de infraestrutura do Horto Florestal reflete o impasse jurídico com a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Todos os entrevistados, em nosso levantamento, desaprovam a falta de estabelecimentos estruturais (Figura 25).

Figura 25 – Atual condição de infraestrutura do Horto Florestal.Fonte: VALENCIANO, Tiago.

Assim, destacamos que o perfil da percepção dos usuários quanto à situação do Horto Florestal reflete um cenário de duas mãos: na primeira, salientamos que os entrevistados residem e trabalham ao entorno da área e, na maioria dos casos, por mais de dez anos, demonstrando assim uma identificação com o Horto; na segunda, o cenário pessimista da condição de infraestrutura e uso da área – ainda que a mata seja considerada muito importante para Maringá.

3.15 Expectativas com relação ao(s) uso(s) potencial(is) da área pela

população

As expectativas dos entrevistados da pesquisa compõem a segunda parte do questionário, proporcionando a compreensão do que a população almeja em relação ao Horto Florestal. Igualmente, sugerimos que algumas intervenções (ainda no questionário aplicado) fossem realizadas na área – que comentaremos adiante nas perguntas relativas.

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Os mesmos números que surgiram na questão sobre a importância do Horto Florestal para Maringá se repetiram quanto ao anseio para a reabertura do mesmo. Dos entrevistados, 86% consideram “muito importante” o uso do espaço interno da área para visitação (Figura 26). Até seu fechamento em 2003, o Horto Florestal abrigava uma trilha e um lago, um espaço voltado para uso comunitário (deteriorados com a ação da natureza e do homem).

Figura 26 – Importância da reabertura do Horto Florestal. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

Sugerimos no questionário aplicado uma seção sobre as melhorias de infraestrutura para uso público do Horto Florestal, atendendo os futuros visitantes. Novamente a intenção de uso ambiental prevalece e, das opções oferecidas9, a criação de trilhas para os visitantes foi a mais citada (individualmente). Entretanto, “todas as opções” foram aceitas pelos entrevistados (Figura 27). A escolha por “todas as opções” reafirma a preocupação da população com as atuais condições de infraestrutura do Horto Florestal, demonstrando um descaso pela Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná – que é proprietária da área. Muitos afirmaram nem mesmo conhecer a atual situação interna do horto, em virtude de seu fechamento.

9 Banheiros públicos e bebedouros, trilhas, espaço para bancos e descanso e local de informações

turísticas

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Figura 27 – Melhorias de uso público (infraestrutura) indicadas para o Horto Florestal. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

A idéia de abertura de um Centro de Pesquisa Ambiental no interior do Horto Florestal resgata o projeto inicial da área. Segundo o Dr. Luiz Teixeira Mendes, o intuito da área é a criação de instituto de pesquisa de botânica regional, além de abastecer as cidades da região a partir das árvores cultivadas no horto. Dois terços dos entrevistados optaram pela criação do centro, mas, das opções oferecidas, muitos se manifestaram por não escolher nenhuma das opções (Figura 28). A maioria dos integrantes da amostra acredita que a função do horto é a de espaço de convívio familiar, respeitando suas características ambientais originais e prezando por pouquíssima intervenção no projeto e infraestrutura originais.

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Figura 28 – Criação de instalações na infraestrutura geral do Horto Florestal indicadas. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

A última questão contemplou um recente imbróglio referente ao Parque do Ingá, principal local verde público da cidade. No dia 13 de Novembro de 2012, por 10 votos a 4, os vereadores de Maringá aprovaram a abertura de licitação, por parte da Prefeitura Municipal, para que uma empresa administre alguns serviços do parque, tais como pedalinho, lanchonete, estacionamento, tirolesa, entre outros. Assim, mensuramos o índice de satisfação dos entrevistados quanto à terceirização dos serviços do Parque do Ingá, no sentido de verificar se a mesma medida poderia ser implementada no Horto Florestal. Sendo assim, cerca de 60% não aprovam a concessão dos serviços e, em muitos casos, acreditaram que ingressos serão cobrados para visitação do local – o que não foi cogitado (Figura 29). Em suma: a população que reside, trabalha ou usufrui de lazer na região do Horto Florestal não está satisfeita com a medida, o que provavelmente não caberia na situação do horto.

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Figura 29 – Índice de satisfação quanto à privatização de serviços do Parque do Ingá. Fonte: VALENCIANO, Tiago.

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4. CARACTERIZAÇÃO DE FATORES ABIÓTICOS E BIÓTICOS

4.1 Meio físico

4.1.1 Métodos de estudo

A elaboração do presente relatório temático foi composta por cinco fases principais: (1) pesquisa bibliográfica e cartográfica; (2) confecção de documentos cartográficos; (3) trabalhos de campo; (4) análise dos dados coletados e produzidos; (5) redação do relatório. O material bibliográfico e cartográfico consultado abrange livros, periódicos, estudos de impacto ambiental, relatórios e mapas de séries especiais. As pesquisas foram efetuadas em acervos próprios, em relatórios fornecidos pela contratante e em bancos de dados de órgãos estaduais e federais disponíveis na internet. O material cartográfico compilado e utilizado para a contextualização geral e específica da UC e adjacências foi obtido em fontes diversas, em geral disponibilizado na internet. A base cartográfica digital de trabalho foi composta pela folha do mapeamento topográfico do IBGE SF-22-Y-D (Londrina), na escala 1:250.000, e da folha SF-22-Y-D-II-3, na escala 1:50.000. Os dados cartográficos compilados e utilizados para a área de estudo referem-se aos itens discriminados no Quadro 1. Quadro 1 – Material cartográfico utilizado como base de trabalho na área de estudo.

Fonte Produto Escala

ANA Hidrografia Não informado

EMBRAPA Mapa de solos do Estado do Paraná 1:600.000

Carta de Solos do Estado do Paraná – folha SF-22-Y-D 1:250.000

IBGE Folha Topográfica 1:50.000

Mapa de Clima do Brasil 1:5.000.000

INPE Refinamento do Modelo Digital de Elevação do Programa Shuttle Radar Topography Mission - SRTM

até 1:50.000

ITCG

Mapa de Solos do Estado do Paraná 1:250.000

Recursos Hídricos (principais rios e bacias hidrográficas) 1:100.000

Mapas temáticos vetoriais (geologia, geomorfologia, solos) 1:250.000

MINEROPAR Geologia – Folha Londrina 1:250.000

SEMA Base Topográfica – Curvas de Nível 1:50.000

Base Topográfica – Hidrografia 1:50.000

SISCOM/IBAMA Mapa de Solos do Estado do Paraná 1:3.000.000

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SUDERHSA10

PR – Unidades Aquíferas não informado

PR – Unidades Hidrográficas não informado

PR – Bacias Hidrográficas não informado

Optou-se adicionalmente pela utilização de um refinamento, efetuado pelo INPE, do Modelo Digital de Elevação (MDE) gerado pelo programa aeroespacial Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) da NASA, referente à folha SF-22-Y-D, na escala 1:250.000. O MDE do SRTM permite a geração de produtos cartográficos temáticos complementares compatíveis com um mapeamento na escala 1:50.000, que se adequam à base digital de trabalho composta por folhas do IBGE na mesma escala. Dado o detalhamento da rede hidrográfica na escala 1:50.000, utilizou-se para contextualização geral da bacia dados cartográficos da rede hidrográfica disponibilizados pelo Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG) na escala 1:100.000. A produção cartográfica foi efetuada em ambiente SIG com o auxílio do programa ArcGIS 9.3, sendo todos os dados convertidos para a projeção UTM, datum SAD69, fuso 22 sul. Os trabalhos de campo foram realizados no mês de novembro de 2012. Efetuaram-se percursos distribuídos em trechos situados no interior da área estudada, preferencialmente concentrados nas proximidades dos eixos da rede hidrográfica local, com registros mais detalhados em cinco pontos específicos. O objetivo principal dos levantamentos de campo foi confirmar a existência das ocorrências geológicas e pedológicas já mapeadas e identificar novas ocorrências porventura ainda não registradas, efetuar avaliação da compartimentação geomorfológica e de distribuição da rede hidrográfica na área de estudo. Efetuou-se em todos os trajetos realizados o registro fotográfico dos elementos observados, assim como registro de coordenadas UTM em receptor GPS. 4.1.2 Clima

4.1.2.1 Características gerais do clima

O clima pode ser entendido como as condições atmosféricas médias em uma determinada região. Diversos componentes contribuem para a definição de uma classificação climática, dentre eles os elementos climáticos e os fatores do clima. Os elementos climáticos mais comuns são a distribuição da umidade e da temperatura, controladas pelos fatores do clima, ou controladores climáticos, que correspondem à

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Extinta entre 2009-2010 e substituída pelo Instituto de Águas do Paraná.

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latitude, altitude, relevo, vegetação, continentalidade e atividades humanas (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007). O sul do Brasil é considerado por Nimer (1979) como uma das áreas do globo que apresenta a melhor distribuição de chuvas durante o ano. Segundo o autor, os sistemas de circulação atmosférica associados à ocorrência de chuvas atuam de forma mais ou menos semelhante sobre todo o território da Região Sul. A dinâmica climática em nível estadual e, muitas vezes, local, é regida pelo predomínio durante o verão das massas de ar Equatorial Continental (mEc), Tropical Atlântica (mTa) e, eventualmente, Tropical Continental (mTc). A presença da massa Equatorial Continental (mEc), que tem origem na planície amazônica, promove a ocorrência de temperaturas e umidade elevadas, com intensa precipitação na forma de chuvas de convecção. Já a presença da massa Tropical Atlântica (mTa) é associada à ocorrência de fortes chuvas convectivas, porém de menor intensidade daquelas associadas à massa Equatorial Continental. Quando ocorre o predomínio da massa Tropical Continental (mTc), prevalece tempo quente e seco, com pluviosidade reduzida ou nula. No inverno, a passagem da Frente Polar Atlântica (FPA) precede a chegada da Massa Polar Atlântica (mPa), que desloca as massas tropicais para o centro e norte do País. As entradas das frentes polares ocorrem em geral com grande intensidade na Região Sul e são caracterizadas pela incidência de chuvas com trovoadas, seguidas de ar frio e seco. Diversas classificações climáticas podem ser aplicadas aos tipos e subtipos climáticos que ocorrem na região Sul do Brasil e no Estado do Paraná. Tais classificações procuram associar diferentes parâmetros climáticos, que se traduzem na definição de grupos climáticos principais. Segundo o mapeamento climático do Brasil produzido pelo IBGE (2002) na escala 1:5.000.000, o Estado do Paraná abrange diferentes tipos climáticos, que variam no sentido norte-sul. Ocorre no norte, leste e parte do oeste do estado o clima Tropical dos tipos super úmido e úmido. Em parte do oeste do estado e nos setores central e sul ocorre o clima Temperado. Ainda segundo o IBGE (2002), a região da área protegida é caracterizada por estar situada em uma zona de transição entre o clima Tropical do tipo super úmido, sem estação seca, para com estação subseca. O modelo de classificação proposto por Köppen, desenvolvido entre 1900 e 1936, abrange cinco grupos principais, subdivididos com base na distribuição sazonal da precipitação e nas características da temperatura. Tal combinação permite a composição de 24 diferentes tipos climáticos e constitui o sistema de classificação climática mais difundido no Brasil. Segundo o mapeamento (sem indicação de escala) efetuado pelo Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG), ocorre na região de Maringá e da UC o tipo climático Cfa da classificação de Köppen, que indica clima subtropical com

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chuvas bem distribuídas durante o ano e verões quentes (Figura 30). O mapeamento efetuado pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), sem escala definida, indica para a região da área de estudo a ocorrência do tipo climático Cfa da classificação de Köppen.

Figura 30 - Tipos climáticos do Estado do Paraná segundo o ITCG. Em destaque a área de estudo. Fonte: ITCG, 2013.

4.1.2.2 Precipitação e umidade relativa

A precipitação é um dos parâmetros mais utilizados na análise climatológica. Segundo o IAPAR (2013),

o termo "precipitação" é definido como qualquer deposição d’água em forma líquida ou sólida proveniente da atmosfera, incluindo a chuva, granizo, neve, neblina, chuvisco, orvalho e outros hidrometeoros. A precipitação é medida em altura, normalmente expressa em milímetros. Uma precipitação de 1 mm é equivalente a um volume de 1 litro de água numa superfície de 1 m2.

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Em termos de precipitação média anual, o Estado do Paraná apresenta, segundo o IAPAR (2013), valores que variam entre 1.200 a1.400 mm, na porção norte e leste, e 2.500 a3.500 mm no extremo leste do estado, junto à Serra do Mar. A região da UC conta com uma precipitação média anual de 1.400 a 1.600 mm (Figura 31). Tais índices são também confirmados através do mapeamento de distribuição da precipitação média anual apresentado pelo Instituto Tecnológico SIMEPAR (2013). Já o Atlas Climatológico da Região Sul do Brasil, da EMBRAPA, indica que o trecho da UC encontra-se em zona com precipitação média entre 1.500-1.600 mm anuais.

Figura 31 - Distribuição das médias anuais de precipitação no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

É característica do Estado do Paraná a baixa variação da precipitação. Segundo o IAPAR, o coeficiente de variação da precipitação anual que predomina no estado abrange principalmente as faixas de 15 a 20% e de 20 a 25%. A região em que se insere a UC apresenta coeficiente de variação de 15-20% da precipitação anual (Figura 32). Tal fato indica uma estabilidade superior a 80% no volume médio anual de chuvas esperado.

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Figura 32 - Distribuição dos coeficientes de variação da precipitação anual no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo e encontra destacada em vermelho. Fonte: IAPAR, 2013.

Quanto à distribuição da precipitação mensal, observa-se nos mapeamentos disponibilizados pelo IAPAR (2013) (Figura 33) que esta pode variar no estado de valores mensais mínimos entre 25 e 50 mm, em junho e agosto, a valores mensais máximos entre 350 e 450 mm, de janeiro a março. No entanto, é importante observar que na região onde se insere a UC a precipitação mensal pode variar em uma faixa ampla de 50 a 200 mm, porém com valores médios de aproximadamente 125 a 150 mm mensais distribuídos com variações ao longo dos meses do ano.

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Figura 33 - Distribuição da precipitação média mensal no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

Ainda segundo o IAPAR (2013), o trimestre mais chuvoso (dezembro a fevereiro) apresenta no estado totais que variam entre 400 e 1.200 mm, estando a área da UC situada na faixa de 500 a 600 mm de precipitação trimestral total, a segunda mais baixa do estado (Figura 34). Por outro lado, o trimestre mais seco (junho a agosto) apresenta no estado totais que variam entre 150 a mais de 450 mm. A área em estudo situa-se na faixa de 225 a 250 mm de precipitação trimestral total, sendo essa faixa intermediária entre os extremos do estado (Figura 2.5).

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Dado o posicionamento da região da UC na faixa entre as menores precipitações no trimestre mais chuvoso e entre precipitações medianas no trimestre mais seco, a área apresenta oscilação de aproximadamente 125% em termos de distribuição da precipitação anual, pois os valores médios oscilam entre cerca de 550 mm no trimestre mais úmido e cerca de 240 mm no trimestre mais seco (Figura 2.5).

Figura 34 - Precipitação do trimestre mais chuvoso e mais seco no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

Com relação à umidade relativa, o IAPAR (2013) informa que esta

é uma das formas de expressar o conteúdo de vapor existente na atmosfera. É definida como a relação entre o teor de vapor d'água contido no ar num dado momento e o teor máximo que esse ar poderia conter, à temperatura ambiente. O valor da umidade relativa pode mudar pela adição ou remoção de umidade do ar ou pela mudança de temperatura.

A distribuição da umidade relativa anual no Paraná varia na escala higrométrica entre 65 a 70%, no norte do estado, e 80 a 85% na sua porção leste. A região em que se situa a UC encontra-se na faixa de 75 a 80% de umidade relativa anual, o que indica tratar-se de área com o segundo maior valor de umidade do estado (Figura 35).

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Figura 35 - Distribuição da umidade relativa no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

4.1.2.3 Temperatura e evapotranspiração

Além da precipitação, a temperatura é provavelmente o elemento mais discutido e analisado do tempo atmosférico. Os registros das séries históricas de temperaturas no Estado do Paraná indicam uma importante variação da temperatura média anual em seu território (Figura 36).

Figura 36 - Distribuição da temperatura média anual no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

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Observa-se que as maiores médias (> 22oC) são encontradas na porção noroeste do estado, enquanto que as menores médias (<18oC) situam-se em uma faixa que o atravessa no sentido NE-SW, estando as menores médias absolutas (<16oC) concentradas no extremo sul do estado (IAPAR, 2013). A área da UC e entorno está localizada em uma das regiões mais quentes do Estado do Paraná, onde ocorrem temperaturas médias anuais nas faixas de 21 a 22oC e de 22 a 23oC (Figura 36). Conforme o IAPAR (2013), o trimestre mais quente do ano (dezembro a fevereiro) registra temperaturas médias bastante diversas no território estadual, que variam entre a faixa de 29 a 30oC e a faixa de 21 a 22oC. Assim como para as temperaturas anuais médias, as faixas de maiores temperaturas referentes ao trimestre mais quente localizam-se no noroeste do estado, enquanto que as faixas de menores temperaturas situam-se distribuídas no eixo NE-SW localizado no sudeste do estado (Figura 37). Ainda segundo o IAPAR (2013), o trimestre mais frio do ano (junho a agosto) apresenta temperaturas médias que variam entre a faixa de 18 a 19oC e a faixa de 11 a 12oC. Neste contexto repete-se uma vez mais a distribuição geográfica das médias de temperaturas, estando as maiores médias localizadas a noroeste do estado e as menores na faixa NE-SW situada na porção sudeste do Paraná (Figura 37).

Figura 37 - Temperaturas do trimestre mais quente e mais frio no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

Na área da UC e entorno verifica-se no trimestre mais quente o predomínio de temperaturas médias de 28 a 29oC, enquanto que no trimestre mais frio prevalecem temperaturas nas faixas de 17 a 18oC. Registra-se, assim, uma amplitude térmica de aproximadamente 11oC entre as médias de temperaturas do trimestre mais quente e do trimestre mais frio do ano.

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Com relação à evapotranspiração, o IAPAR (2013) relata que

a transferência de água de uma superfície qualquer para a atmosfera, por meio dos processos de evaporação e transpiração, é denominada evapotranspiração. Normalmente se estima a evapotranspiração devido à dificuldade de se separar os processos de evaporação - perda de água diretamente das superfícies para a atmosfera - e transpiração - perda de água dos organismos vegetais e animais para a atmosfera. A evapotranspiração é considerada como potencial quando ocorre a partir de uma superfície vegetada extensa e uniforme, coberta por vegetação de porte baixo e bem suprida de água.

Os registros do IAPAR (2013) apontam um gradiente de evapotranspiração anual para o Estado do Paraná, com valores mais elevados, entre 1.500 e 1.600 mm, situados no trecho noroeste do estado, e valores mais baixos, entre 700 e 800 mm e entre 800 e 900 mm, localizados no sudeste paranaense (Figura 38).

Figura 38 - Distribuição da evapotranspiração anual no Estado do Paraná segundo o IAPAR. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

A região onde se localiza a UC é caracterizada pela ocorrência da faixa de evapotranspiração anual entre 1.200 e 1.300 mm, fato que evidencia uma situação de pequeno superávit hídrico, uma vez que a precipitação anual média para a região situa-se na faixa entre 1.400 e 1.600 mm. 4.1.2.4 Vento

Quanto à direção predominante dos ventos, o monitoramento no Estado do Paraná é efetuado pelo IAPAR em 15 estações meteorológicas. A frequência média anual da direção predominante do vento não apresenta grandes variações no estado, concentrando-se principalmente no quadrante nordeste. Os dados das estações de

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monitoramento de Cianorte e Londrina, situadas a sudoeste e a leste da área em estudo, indicam ambas o predomínio de ventos de quadrante leste (IAPAR, 2013) (Figura 39).

Figura 39 - Frequência média anual da direção predominante do vento em municípios monitorados no Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: IAPAR, 2013.

O estudo de frequência e intensidade dos ventos no Estado do Paraná, efetuado por Kim et al. (2002) a partir de dados de 17 estações de agrometeorológicas, identificou na análise das normais mensais e anual de ventos máximos que a estação de Cianorte apresenta um valor médio anual de 8,61 m/s, enquanto que a estação Londrina apresenta um valor médio anual muito próximo, de 8,97 m/s (Tabela 1). Quanto aos picos máximos de ventos, registrou-se na estação Cianorte 30 m/s em 17/5/1988 e na estação Londrina 33,3 m/s em 17/01/1991 (Tabela 2).

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Tabela 1 - Normais mensais e anual de ventos máximos em m/s das estações agrometeorológicas analisadas Kim et al. (2002).

Fonte: Kim et al. (2002).

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Tabela 2 - Picos máximos de velocidades de vento em m/s registrados nas estações agrometeorológicas analisadas por Kim et al. (2002).

Fonte: Kim et al. (2002).

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4.1.3 Geologia

4.1.3.1 Contexto paranaense

A evolução geológica do Estado do Paraná, segundo a MINEROPAR (2001), teve início há mais de 2.800 milhões de anos (Ma). Os registros geológicos anteriores a 570 Ma, ainda que descontínuos, referem-se essencialmente a rochas magmáticas e metamórficas que constituem o embasamento da Plataforma Sul-Americana. Posteriormente, a plataforma constituiu a base para a formação das unidades sedimentares e vulcânicas. Este embasamento, também referido pelo termo Escudo, está exposto na parte leste do Estado (Primeiro Planalto e Litoral), sendo capeado a oeste pela cobertura vulcânica e sedimentar denominada Bacia do Paraná (Figuras 40, 41 e 42).

Figura 40 - Compartimentos geológicos do Estado do Paraná. Fonte: MINEROPAR, 2001.

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Figura 41 - Mapa de distribuição dos grupos litológicos no Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2001.

O Escudo Paranaense compõe as porções mais antigas e elevadas do Estado do Paraná, constituído por rochas cristalinas, ígneas e metamórficas da Plataforma Sul-Americana, sendo recoberto a oeste pelas rochas sedimentares paleozóicas da bacia. Na área do embasamento cristalino são reconhecidos quatro conjuntos litológicos, ou compartimentos, definidos com base em parâmetros estratigráficos, tectônicos e geocronológicos:

Arqueano e Proterozóico Inferior: terrenos cristalinos de alto grau metamórfico (fácies anfibolito a granulito);

Proterozóico Superior: terrenos cristalinos de baixo grau metamórfico (fácies xisto verde a anfibolito), que afloram principalmente na porção norte-noroeste do Primeiro Planalto Paranaense;

Proterozóico Superior ao Paleozóico Inferior: representado pelo magmatismo ácido, durando, com interrupções, até o começo do Paleozóico;

Paleozóico: bacias vulcano-sedimentares e sedimentares restritas formadas no Ordoviciano, durante a transição entre o final do Ciclo Brasiliano e a cratonização da Plataforma Sul-Americana, ao final das atividades orogênicas.

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Figura 42 - Mapa geológico do Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2001.

A Bacia do Paraná, onde se localiza a área de estudo, compreende o Segundo e o Terceiro Planalto Paranaense e recobre a maior porção do Estado. Trata-se de uma bacia sedimentar, intracratônica ou sinéclise, que evoluiu sobre a Plataforma Sul-Americana. Sua formação teve início no Período Devoniano, há cerca de 400 Ma, terminando no Cretáceo. A persistente subsidência na área de formação da bacia, embora de caráter oscilatório, possibilitou a acumulação de grande espessura de sedimentos, lavas basálticas e sills de diabásio, ultrapassando 5.000 metros na sua porção mais profunda. A forma da Bacia do Paraná é aproximadamente elíptica, aberta para sudoeste, e cobre uma área da ordem de 1,5 milhão de km2. Apresenta inclinação homoclinal em direção ao oeste, a porção mais deprimida. Sua forma superficial côncava deve-se ao soerguimento flexural, denominado Arqueamento de Ponta Grossa.

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As extensas deformações estruturais, tais como arcos, flexuras, sinclinais e depressões, posicionadas ao longo das margens da bacia, são classificadas como arqueamentos marginais, arqueamentos interiores e embaciamentos. A consolidação e evolução final do embasamento da Bacia do Paraná ocorreram no Ciclo Tectono-magmático Brasiliano, entre o Pré-Cambriano Superior e o Eo-Paleozóico. Sua evolução se deu por fases de subsidência e soerguimento com erosão associada, no transcorrer das quais a sedimentação se processou em sub-bacias. Na área da Bacia do Paraná podem ser individualizados três conjuntos litológicos (Figura 43):

Paleozóico: diz respeito aos depósitos sedimentares paleozóicos, correspondentes à grande feição de sedimentação marinha e litorânea conhecida como Bacia do Paraná, que se estende por mais de 1.500.000 km2 no sul e sudeste brasileiro e se manifesta geomorfologicamente no Segundo Planalto;

Mesozóico: constituído por rochas sedimentares de origem continental, de idade triássica, e por rochas ígneas extrusivas de composição predominantemente básica de idade jurássica-cretácea (Figura 3.4), responsáveis pelas feições do Terceiro Planalto Paranaense. Os últimos eventos de grande expressão na coluna estratigráfica no final do Cretáceo são os depósitos sedimentares de ambiente continental árido representados pelos sedimentos arenosos do noroeste do Estado;

Cenozóico: formado por sedimentos inconsolidados, de origem continental e marinha, que recobrem parcialmente as unidades acima descritas.

As últimas unidades geológicas a se formarem na região do Estado do Paraná são os sedimentos da Era Cenozóica. Os exemplos mais expressivos são:

Os depósitos originados em clima semi-árido que recobrem boa parte dos municípios de Curitiba e Tijucas do Sul;

Os depósitos sedimentares originados do intemperismo das rochas cristalinas da Serra do Mar que ocorrem na descida para o litoral;

Os depósitos marinhos de areia da orla costeira e os inúmeros aluviões recentes dos rios que cortam o território paranaense.

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Figura 43 - Conjuntos litológicos de rochas ígneas do Estado do Paraná. Em destaque a

área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2001.

4.1.3.2 Geologia do embasamento cristalino (escudo)

As rochas do embasamento cristalino constituem as porções mais antigas e elevadas do Estado, sendo formado por rochas cristalinas, ígneas e metamórficas, da Plataforma Sul-Americana, recoberto a oeste pelas rochas sedimentares paleozóicas da bacia. Na área do Escudo, quatro conjuntos litológicos, ou compartimentos, são definidos com base em parâmetros estratigráficos, tectônicos e geocronológicos.

Arqueano e Proterozóico Inferior - terrenos cristalinos de alto grau metamórfico (fácies anfibolito a granulito).

Proterozóico Superior - terrenos cristalinos de baixo grau metamórfico (fácies xisto verde a anfibolito), que afloram principalmente na porção norte/noroeste do Primeiro Planalto Paranaense.

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Proterozóico Superior ao Paleozóico Inferior - representado pelo magmatismo ácido, durando, com interrupções, até o começo do Paleozóico.

Paleozóico - bacias vulcano-sedimentar e sedimentar restritas formadas no Ordoviciano, durante a transição entre o final do Ciclo Brasiliano e a cratonização da Plataforma Sul-Americana, ao final das atividades orogênicas.

Conforme a MINEROPAR (2001), a evolução do Escudo é bastante longa. Envolve muitos eventos tectônicos e magmáticos durante o Arqueano e o Proterozóico, formando bacias preenchidas por rochas vulcânicas e sedimentares. Os registros mais antigos são as rochas ígneas do Domínio Luís Alves, formadas durante o Arqueano e o Proterozóico Inferior. Já naquela época compunham um segmento continental, com bacias marinhas ao seu redor. Em direção ao neoproterozóico aconteceram aberturas de oceanos com a formação de bacias vulcano-sedimentares, como a do Grupo Setuva (1,4 bilhão de anos) e a do Grupo Açungui (1,0 bilhão de ano), onde podem ser encontradas rochas de origem marinha, como calcários (hoje mármores), entre outras. As sucessivas aberturas e fechamentos dos oceanos envolveram processos tectônicos complexos com formação e colisão dos continentes, originando estruturas complexas, dobramentos e falhamentos, além do extenso magmatismo granítico, que ocorreu no final do Proterozóico. Ainda segundo a Mineropar (2001), no final do Proterozóico e início do Paleozóico, toda a área do Escudo foi palco de intenso magmatismo granítico, representado hoje por 42 corpos de granitos (ou granitóides), com dimensões variadas. Após a consolidação do Escudo, ocorreram intrusões de rochas básicas e alcalinas, relacionadas com os processos tectônicos associados aos eventos magmáticosmesozóicos da Bacia do Paraná. A porção paranaense do Escudo aflora nas regiões do Litoral e Primeiro Planalto, sendo constituída pelas rochas mais antigas do Estado. Contém rochas ígneas e metamórficas, cujas idades variam do Arqueano (2,6 bilhões de anos) ao Paleozóico Inferior (450 milhões de anos). As rochas mais antigas, de alto grau metamórfico (granulitos) situam-se na porção sudeste, próximo ao litoral. As rochas de baixo grau metamórfico ocorrem na porção noroeste do Escudo, correspondendo às rochas do Grupo Açungui (filitos, mármores, quartzitos, entre outras).

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4.1.3.3 Geologia da bacia do Paraná

A Bacia do Paraná recobre toda a porção centro-oriental da América do Sul, e tem continuidade no oeste do Continente Africano até o noroeste da Namíbia. Estas áreas apresentam características geológicas semelhantes em ambos os continentes, sendo um dos argumentos utilizados como indicador da presença de um grande continente pré-abertura do Oceano Atlântico e da deriva continental, denominado Gondwana, cuja fragmentação ou separação teve início há aproximadamente 120 Ma (CPRM, 2004). Testemunhos desta separação estão presentes tanto na Bacia do Paraná (Brasil) quanto na de Etendeka (Namíbia), relacionados aos episódios finais do preenchimento destas bacias e suas conexões com o rompimento de Gondwana, especialmente no que diz respeito ao deserto Botucatu e a Serra Geral. A Bacia do Paraná corresponde à porção Sul-Americana desta grande entidade geológica, que recobre uma área de aproximadamente 1,6x106 km2. A evolução desta bacia pode ser entendida em quatro grandes episódios (Almeida, 1981), sendo cada um característico de um ciclo tectono-sedimentar completo (Sloss, 1963). Os dois primeiros ciclos estão relacionados à sedimentação em uma bacia sinforme subsidente e os dois últimos correspondem às fases de soerguimento e extrusão de grande quantidade de lavas toleíticas, relacionadas ao intumescimento da crosta ocorrido ao redor de 135 - 120 Ma. Cerca de 730.000 km2 da parcela brasileira desta bacia estão recobertos pela Formação Botucatu e pelos derrames relacionados ao Magmatismo Serra Geral, correspondentes às fases finais de preenchimento da bacia, porção que atinge cerca de 1.700 m de espessura junto ao seu depocentro, posicionado no oeste do Estado do Paraná. A evolução da Bacia do Paraná, que durou mais de 350 milhões de anos, se fez em grandes ciclos geológicos, acompanhados de avanços e recuos da linha de costa de um antigo oceano que circundava o supercontinente Gondwana. Essas mudanças muito lentas, comparadas com a escala de tempo de eventos humanos, possibilitaram a formação de rochas de origens diversas como marinha, lacustre, fluvial, glacial, que compõem a sequência sedimentar paleozóica da Bacia do Paraná. Durante o Jurássico, esta extensa bacia transformou-se num imenso deserto (o deserto Botucatu) com mais de 1,5 milhões de km2, que cobriu parte do que é hoje o sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. A extensão da bacia do Paraná inserida no estado paranaense compreende o Segundo e o Terceiro Planalto Paranaense, recobrindo a maior porção do Estado, sendo classificada como uma bacia sedimentar, intracratônica ou sinéclise, que evoluiu sobre a Plataforma Sul-Americana. Sua formação teve início no Período Devoniano, há cerca de 400 Ma, terminando no Cretáceo (MINEROPAR, 2001).

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A persistente subsidência na área de formação da bacia, embora de caráter oscilatório, possibilitou a acumulação de grande espessura de sedimentos, lavas basálticas e sills de diabásio, ultrapassando 5.000 metros na porção mais profunda. A forma da bacia é aproximadamente elíptica, aberta para sudoeste, com inclinação homoclinal em direção ao oeste, porção mais deprimida. Sua forma superficial côncava deve-se ao soerguimento flexural, denominado Arqueamento de Ponta Grossa. As extensas deformações estruturais, tais como arcos, flexuras, sinclinais e depressões, posicionadas ao longo das margens da bacia, são classificadas como arqueamentos marginais, arqueamentos interiores e embaciamentos. A consolidação e evolução final do embasamento da Bacia do Paraná ocorreu no Ciclo Tectono-magmático Brasiliano, entre o Pré-Cambriano Superior e o Eo-Paleozóico. Sua evolução se deu por fases de subsidência e soerguimento com erosão associada, no transcorrer das quais a sedimentação se processou em sub-bacias. A Formação Botucatu representa um ciclo sedimentar final do preenchimento da Bacia do Paraná-Etendeka e iniciou-se como vasta superfície de deflação eólica que marcou o clímax da aridez desértica no interior desta bacia, caracterizando um prolongado episódio de interrupção da sedimentação que se desenvolvia, associado a fenômenos de rearranjo da sua morfologia. No topo da sequência estratigráfica da Bacia do Paraná, a Formação Serra Geral demarca o término do episódio magmático eocretácico de preenchimento desta entidade geológica. A Formação Serra Geral corresponde a um dos maiores eventos de vulcanismo do planeta, o qual se encerra com a abertura do Atlântico Sul e a ruptura de Gondwana. O contato entre as areias do antigo deserto Botucatu e os derrames de lavas da Formação Serra Geral configura desconformidade de ambientes geológicos, em função principalmente da natureza distinta dessas rochas. Entretanto, pode-se inferir uma relação transacional entre os campos de dunas eólicas e os derrames de lavas, visto que foi mantida uma alternância entre os ambientes durante certo intervalo de tempo. Esta transição estende-se até o total soterramento das areias pelas lavas, impedindo a manutenção e desenvolvimento do regime desértico após os primeiros eventos eruptivos (CPRM, 2004). Em alguns pontos sob a Formação Serra Geral pode-se observar a morfologia das dunas ainda perfeitamente preservadas, sendo recobertas progressivamente por vários fluxos extrusivos, assim como a presença de corpos eólicos lenticulares intercalados nos derrames inferiores da seção Serra Geral, materializando esta interdigitação basalto/arenito, elemento ilustrativo da coexistência temporal de ambos os sistemas. Esses elementos também constituem um importante critério

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cronológico para o estabelecimento da idade mínima do deserto de Botucatu (138 Ma). A figura 44 ilustra a coluna litoestratigráfica da Bacia do Paraná.

Figura 44 - Coluna litoestratigráfica da Bacia do Paraná, segundo Schneider et al. (1974), adaptada por Aboarrage & Lopes (1986), com destaque para a ocorrência na área de estudo. Fonte: CPRM, 2002.

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4.1.3.4 Aspectos geológicos da área de estudo

A área de estudo está inserida no compartimento geológico Bacia do Paraná, que compreende, em seu conjunto, dois grandes grupos litológicos, com idades que variam de mesozóica a paleozóica, além de coberturas cenozóicas. Ocorrem na área de estudo rochas ígneas referentes a eventos de magmatismo do Mesozóico (Jurássico-Cretáceo) (Figura 45).

Figura 45 - Mapa e perfil geológico simplificado do Estado do Paraná e localização da área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2013. Org.: IGPlan, 2013.

É mínima a diversidade litológica na área da UC, com ocorrência exclusiva da unidade geológica Formação Serra Geral, do Grupo São Bento (MINEROPAR, 2013) (Figura 46). O Grupo São Bento inclui as Formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral, esta constituída por extensos derrames de rochas ígneas, predominando basaltos, de idade jurássica-cretácica.

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Figura 46 - Geologia da área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2013. Org.: IGPlan, 2013.

4.1.3.5 Formação Serra Geral

Segundo o ITCG (2013), entre dois derrames consecutivos da Formação Serra Geral há geralmente intercalações de material sedimentar – arenitos e siltitos – ditos intratrapianos. Os derrames são representados por basalto amigdaloidal de base, basalto compacto, basalto vesicular e brecha basáltica e/ou sedimentar.

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O derrame de lavas proveniente do vulcanismo de fissura continental originou, ao atingir a superfície através de grandes fendas que se abriram na crosta, uma sucessão de derrames tabuliformes além dos diques e sills de diabásio que ocorreram em toda a região. Cada derrame pode ser estruturado em quatro zonas distintas que refletem diferentes estágios de resfriamento: amidalóide vesicular, tabular, colunar e vítreo. Estas rochas ocorrem na forma de derrames tabuliformes, cujas espessuras podem variar de cerca de 5 m a mais de 50 m. A sequência de derrames pode atingir em alguns locais mais de 1.000 m de espessura, representando o empilhamento de várias dezenas de derrames individuais. Cada derrame é formado de uma sequência de litologias distintas (Figura 47). Nos derrames relativamente espessos, a sequência é constituída por basaltos maciços nos dois terços inferiores e por basalto vesículo-amigdalóide e brechas basálticas no terço superior. Nos derrames mais delgados, esta sequência pode diferir, sem a ocorrência de algumas litologias.

Figura 47 - Seção geológica esquemática dos derrames da Formação Serra Geral. Fonte: CPRM, 2004.

As rochas predominantes são as efusivas básicas de caráter toleítico, genericamente denominadas como baselevados, embora ocorram subordinadamente termos ácidos e intermediários. Tanto nas áreas de rochas efusivas ácidas como básicas ocorrem eventualmente brechas vulcânicas formadas por uma massa heterogênea de fragmentos quebrados de derrames anteriores, que foram cimentados pelo material da erupção subsequente.

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A geologia dos derrames vulcânicos que constituem a Formação Serra Geral na região Centro Norte do Estado do Paraná é caracterizada pela presença de duas unidades litoestratigráficas distintas. As unidades individualizadas correspondem às rochas efusivas básicas e ácidas que, além das diferenças petrográficas e químicas, são caracterizadas por suas características macroscópicas, estruturais, morfológicas e de intemperismo. Ocorrem ainda termos intermediários, normalmente em percentuais superiores ao das rochas efusivas ácidas. A área protegida situa-se em meio ao sítio urbano do município de Maringá, caracterizado pela intensa alteração das condições superficiais naturais. As rochas da Formação Serra Geral encontram-se na área da UC sobrepostas por camada de espessura variável composta por materiais produzidos pela ação dos agentes intempéricos e solos derivados, não se observando afloramentos rochosos no seu interior ou em suas adjacências. 4.1.4 Geomorfologia

4.1.4.1 Contexto paranaense

O Estado Paraná pode ser compartimentado, segundo a MINEROPAR (2006), em três unidades morfoestruturais distintas:

Cinturão Orogênico do Atlântico;

Bacia Sedimentar do Paraná;

Bacias Sedimentares Cenozóicas e Depressões Tectônicas.

Em termos de compartimentação topográfica, o Estado do Paraná pode ser dividido em três unidades: Primeiro Planalto, Segundo Planalto e Terceiro Planalto (Figura 48).

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Figura 48 - Compartimentação topográfica do Estado do Paraná. Fonte: http://files.professoralexeinowatzki.webnode.com.br/200000386b9d2bbbc67/geologia%20pr2.jpg.

As três unidades morfoestruturais são subdivididas em unidades morfoesculturais, que contemplam também as unidades de compartimentação topográfica do estado. Cinturão Orogênico do Atlântico Segundo a MINEROPAR (2006), o Cinturão Orogênico do Atlântico é um dos mais extensos do Brasil e tem natureza poliorogênica. Desenvolve-se desde o Uruguai até o norte da Bahia, através do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, leste de Minas Gerais e Espírito Santo. Sua gênese vincula-se a vários ciclos geotectônicos, acompanhados de sedimentação, metamorfismo regional, falhamentos, dobramentos e extensas intrusões. O sistema de montanhas representado pelo Planalto Atlântico constitui uma das principais feições orográficas da borda leste do continente sul-americano. Caracteriza-se por um conjunto de serras com cerca de 1.000 km de extensão, desde o Rio de Janeiro até o norte de Santa Catarina. No Paraná, é constituído por duas unidades morfoesculturais: Serra do Mar e Morros (MINEROPAR, 2006). A unidade morfoescultural Serra do Mar e Morros divide-se, segundo a MINEROPAR (2006) em quatro subunidades morfoesculturais, enquanto que a unidade morfoescultural Primeiro Planalto Paranaense é dividida em dez subunidades morfoesculturais (Figura 49).

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Figura 49 - Mapa geomorfológico do Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2006. O Primeiro Planalto Paranaense configura-se como uma unidade de relevo de altitudes de até 1.200 m, sustentado por rochas metamórficas. Esta unidade estende-se desde a região de Jaguariaíva, Tibagi e Purunã, nos sopés da escarpa da Serra do Purunã, constituída de estratos horizontais devonianos, até a vertente leste da Serra do Mar (MINEROPAR, 2006). A Serra do Mar configura-se como uma cadeia de montanhas marginal do Primeiro Planalto Paranaense, que o separa da Planície Litorânea. Apresenta cumes elevados, com até 1.800 m, é sustentada por litologias diversas, quase sempre metamórficas de alto grau como migmatitos, gnaisses e xistos e mais raramente quartzitos, sendo frequentemente associados com rochas intrusivas relacionadas a ciclos metamórficos mais jovens (MINEROPAR, 2006).

Bacia Sedimentar do Paraná Segundo a MINEROPAR (2006), a Bacia Sedimentar do Paraná abrange uma área de cerca de 1.600.000 km2. Encontra-se encravada na Plataforma Sul-Americana e estende-se pelos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, além do Uruguai, Paraguai e Argentina. O embasamento da Bacia do Paraná é constituído principalmente de rochas cristalinas pré-cambrianas e, subordinadamente, por rochas eo-paleozóicas

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afossilíferas. A Bacia do Paraná encontra-se preenchida por depósitos marinhos e continentais com idades desde o Siluriano Superior (Formação Furnas) até o Cretáceo (Grupo Bauru) (MINEROPAR, 2006). Sobre esta grande unidade morfoestrutural, no território paranaense, pode-se distinguir duas subunidades morfoesculturais: a Zona de Denudação Periférica e a Zona de Capeamento Basáltico-Arenítico. A primeira está esculpida na faixa de rochas Paleozóicas e apresenta-se, no Paraná, como um planalto modelado em estruturas monoclinais, sub-horizontais, mergulhando para o oeste, o Segundo Planalto Paranaense (Figura 4.2). A Zona de Denudação Periférica tem seus limites entre a escarpa Devoniana, a leste, onde as altitudes médias de cimeira estão entre 1.100 a 1.200 m e, a oeste, com a escarpa arenito-basáltica (Serra Geral ou da Esperança) onde, em suas proximidades, as altitudes variam entre 350 e 560 m (MINEROPAR, 2006). A zona de capeamento arenito-basáltico corresponde ao grande derrame mesozóico de rochas eruptivas básicas que, no território paranaense, apresenta-se como o Terceiro Planalto Paranaense, ou Planalto arenito-basáltico, e abrange cerca de 2/3 do território do estado. Esta unidade desenvolve-se como um conjunto de relevos planálticos, com inclinação geral para oeste-noroeste e subdivididos pelos principais afluentes do rio Paraná, atingindo altitudes médias máximas de 1.100 m a 1.250 m na Serra da Esperança, declinando para altitudes entre 220 e 300 metros na calha do rio Paraná (MINEROPAR, 2006). Em síntese, a unidade morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná divide-se em duas unidades morfoesculturais, o Segundo Planalto Paranaense, com 16 subunidades morfoesculturais, e o Terceiro Planalto Paranaense, com 18 subunidades morfoesculturais. A UC ora em estudo encontra-se situada no contexto do Terceiro Planalto e de uma destas subunidades. Bacias sedimentares cenozóicas e depressões tectônicas De acordo com a MINEROPAR (2006), as morfoestruturas denominadas por Bacias Sedimentares Cenozóicas são subdivididas em três unidades morfoesculturais distintas: Planalto de Curitiba; Planície Litorânea; Planícies Fluviais. No caso da unidade morfoescultural do Planalto de Curitiba, o principal fator associado à sedimentação é, sem dúvida, a tectônica recente. Esta unidade apresenta formas de grabens e semigrabens, com preenchimento continental (fluvial e lacustre), e idade que varia desde Mioceno ao Holoceno. A estruturação da bacia associa-se a reflexos tardios dos eventos tectônicos que culminaram com a abertura do Atlântico Sul e subseqüente deslocamento da placa Sul-Americana (MINEROPAR, 2006). Quanto à unidade morfoescultural denominada Planície Litorânea, o principal fator associado à sedimentação diz respeito às variações glácio-eustáticas quaternárias.

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Os depósitos são representados pela Formação Alexandra, com idade associada ao Mioceno Inferior. No entanto, a ocorrência de áreas descontínuas, preenchidas por sedimentos continentais e costeiros cenozóicos, é uma feição marcante na zona costeira do Estado do Paraná. Os fatores associados à gênese de tais acumulações são na verdade mais abrangentes, já que afetaram toda a região sudeste e parte da região sul do país (MINEROPAR, 2006). As planícies fluviais ocorrem associadas aos principais rios do Estado e são geradas por deposição de origem fluvial. As planícies fluviais ocorrem em praticamente todas as unidades morfoesculturais do Cinturão Orogênico do Atlântico e da Bacia Sedimentar do Paraná (MINEROPAR, 2006). 4.1.4.2 Aspectos geomorfológicos da área de estudo

O mapeamento geomorfológico na escala 1:250.000, referente à folha Londrina, produzido pela MINEROPAR (2006), indica a ocorrência nesta região oeste do Estado do Paraná das seguintes unidades geomorfológicas (Figura 21): • Unidade morfoestrutural: Bacia Sedimentar do Paraná; • Unidade morfoescultural: Terceiro Planalto Paranaense.

Figura 50 - Mapeamento geomorfológico da folha Londrina, escala 1:250.000. Em destaque a área de estudo. Fonte: MINEROPAR, 2006.

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De acordo com o Atlas Geomorfológico do Estado do Paraná (MINEROPAR, 2006), a UC encontra-se integralmente inserida no contexto da Unidade Morfoescultural do Terceiro Planalto Paranaense, na sub-unidade morfoescultural Planalto de Maringá (2.4.9) (Figura 50). Segundo a MINEROPAR (2006), a sub-unidade morfoescultural número 2.4.9, denominada Planalto de Maringá, situada no Terceiro Planalto Paranaense, apresenta dissecação baixa e ocupa uma área de 4.125,23 km², que corresponde a 25% desta folha. A classe de declividade predominante é menor que 6% em uma área de 2.215,64 km². Em relação ao relevo, apresenta um gradiente de 400 metros com altitudes variando entre 340 m (mínima) e 740 m (máxima). As formas predominantes são topos alongados e aplainados, vertentes convexas e vales em “V”, modeladas em rochas da Formação Serra Geral (Figura 51).

Figura 51 - Relevo e modelado típicos do Planalto de Maringá, subunidade morfoescultural. Fonte: MINEROPAR, 2006.

No contexto regional, a UC situa-se na parte borda noroeste de um amplo planalto dissecado, de relevo suave ondulado, com baixa amplitude topográfica e inclinado em direção à calha dos rios Paraná e Paranapanema (Figura 52). Predominam na região colinas baixas de topos convexos, com vertentes longas e retilinizadas, associadas a vales fluviais amplos, em geral retilinizados e com entalhe pouco profundo (Figura 53).

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Figura 52 - Modelo Digital do Terreno do contexto regional onde se situa a área protegida, em destaque (pequena mancha negra na parte centro-oeste da imagem). Visada S-N. Fonte: IGPlan, 2013.

Figura 53 - Modelo Digital do Terreno da região onde se situa a área protegida, em destaque. Visada SO-NE. Fonte: IGPlan, 2013.

4.1.4.3 Aspectos morfométricos da área protegida

A área protegida possui forma triangular com lados de comprimento de aproximadamente 890 m na parte leste, 1.000 m na parte sul e 970 m na parte nordeste, sendo os lados sul e nordeste não lineares. Foi definida a partir dos remanescentes florestais de área de cabeceiras de pequenos córregos que a cortam no sentido O-L e NE-SO.

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Segundo dados altimétricos obtidos a partir do modelo SRTM (INPE, 2012), que permite obter dados até a escala 1:50.000, a área protegida apresenta amplitude topográfica de 41 m, com cota máxima de 587 m e mínima de 536 m, sendo a altitude média de 569 m, com desvio padrão de 11 m. As cotas mais elevadas se concentram ao longo das bordas noroeste e nordeste UC (Figura 54), em posição de meia vertente(Figura 55), enquanto que as cotas mais baixas se encontram junto dos pequenos vales dos dois principais córregos, na sua porção centro-sul. Deste modo, predomina na UC topografia caracterizada por pequena inclinação das vertentes ao longo das bordas nordeste e noroeste, com progressivo aumento da inclinação de rampa em direção ao fundo dos vales na sua parte sul, o que pode ser observado em um transecto paralelo ao eixo de sua forma triangular, indicando sua configuração assimétrica, com amplitude progressiva de altitudes para a parte sudeste da UC (Figuras 25 e 26).

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Figura 54 - Amplitude topográfica na área protegida. Fonte: IGPlan, 2013.

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Figura 55 - Transecto e cotas estabelecidas em paralelo ao eixo da UC. Fonte: IGPlan, 2013.

A morfologia predominante das vertentes na área protegida favorece a rápida concentração de fluxos hídricos nos fundos de vale por ocasião de eventos pluviométricos mais significativos, o que pode potencializar tanto a instalação de processos erosivos lineares ao longo das vertentes quanto à erosão de margens dos córregos que a cortam (Figura 56).

Figura 56 - Erosão de margens e leito em córrego da UC. Ponto de campo 4. Fonte: IGPlan, 2012.

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O mapa clinográfico da UC e seus arredores, produzido a partir do modelo SRTM em detalhe de escala 1:50.000 (Figura 57), indica o predomínio de declividades mais elevadas na partes sudeste e sul da UC e de declividades menores junto às bordas sudoeste, noroeste e nordeste. Em seu conjunto, as declividades na UC variam entre um máximo de 10,7º e um mínimo de 0º, com declividade média de 4º e desvio padrão de 2,2º.

Figura 57 - Declividades na área protegida e entorno. Fonte: IGPlan, 2013.

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No entanto, dada a grande imprecisão do modelo SRTM para áreas pequenas como a UC ora estudada, as declividades geradas não refletem os valores máximos de fato existentes junto aos vales dos córregos do seu interior. A profundidade do vale do córrego principal pode chegar a quase 3 m em alguns pontos, o que implica na existência de declividades significativas (Figura 58).

Figura 58 - Profundidade do leito do principal córrego da UC. Ponto de campo 3. Fonte: IGPlan, 2012.

4.1.5 Pedologia

4.1.5.1 Contexto geral

A classificação de solos no Brasil é distinta das demais classificações adotadas em outras partes do mundo e consiste de uma maior interatividade com os sistemas classificatórios norte-americano e da FAO/UNESCO. Predominava no Brasil até o final da década de 1990 um sistema classificatório originado na evolução do antigo sistema norte-americano, modificado ao longo de décadas pelo reconhecimento e adição de novas unidades. A partir de 1999 passa a vigorar no país o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), instituído pela EMBRAPA, que tem como unidade básica de estudo o perfil de solo. O novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) organiza os diferentes tipos de solos em classes de seis níveis categóricos. Do primeiro ao sexto nível os solos são organizados em Ordens, Subordens, Grandes Grupos, Subgrupos, Famílias e Séries, respectivamente. Os níveis mais baixos da

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classificação, correspondentes a Famílias e Séries, encontram-se ainda em discussão, sendo os critérios atuais apenas tentativos. Mapeamentos efetuados antes da implantação do SiBCS, mas ainda hoje utilizados, trazem a antiga nomenclatura brasileira de solos e devem portanto ser adaptados quando de sua descrição. São poucos os mapeamentos de solos que contemplam a região da linha de transmissão e entorno. Dentre os mapeamentos existentes, observa-se algumas diferenças quanto aos tipos de ocorrências, fato relacionado principalmente à variação de escalas dos produtos finais. Um dos principais mapeamentos em pequena escala que abrangem a parte norte do estado do Paraná e a área de estudo refere-se ao Mapa Exploratório de Solos produzido na década de 1980 na escala 1: 1.000.000 pelo Projeto RADAMBRASIL, correspondente à folha SF-22 Paranapanema, que no entanto ainda não foi disponibilizado. Segundo o mapeamento de solos disponibilizado em formato vetorial pelo SISCOM/IBAMA na escala 1: 3.000.000, ocorrem na UC somente solos da ordem nitossolos. Já conforme o mapa de solos disponibilizado pelo ITCG na escala 1:2.000.000, ocorrem na UC solos das ordens latossolos e nitossolos. A área ora estudada situa-se em uma zona na parte oeste do Estado do Paraná onde predominam grandes manchas de latossolos intercaladas por manchas de nitossolos (Figura 59). Os mapeamentos de solos em maior escala para o Estado do Paraná referem-se às folhas publicadas em 2008 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) na escala 1:250.000, também sintetizadas em mapa único na escala 1:600.000.

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Figura 59 - Mapa de solos do Estado do Paraná na escala 1:2.000.000. Em destaque a área de estudo. Fonte: ITCG, 2008.

4.1.5.2 Solos na área protegida

A Carta de Solos do Estado do Paraná, publicada pela EMBRAPA em 2008 na escala 1:250.000, constitui uma atualização para o SiBCS do Levantamento de Reconhecimento de Solos do Estado do Paraná (EMBRAPA/SLNCS, 1984) com base na Série Documentos nº 96 publicada pela EMBRAPA em 2007. Este constitui o único mapeamento de solos para o Estado do Paraná também oferecido em formato vetorial e que se encontra disponível no site do ITCG (2013). Deste modo, o mapeamento em formato vetorial correspondente às folhas SF-22-Y-D indica para a área protegida e seu entorno imediato a ocorrência de solos das ordens latossolos e nitossolos (Figura 60). Quanto à distribuição dos solos na UC, segundo o mapeamento disponibilizado pelo ITCG (2013) os latossolos constituem a principal tipo de solo de quase toda sua área, ocorrendo como latossolos vermelhos distroférricos típicos, sendo também identificada uma pequena área de nitossolos, que ocorrem como latossolos vermelhos eutroférricos típicos . No entorno sudeste da UC, porém fora de seus limites, também ocorrem segundo o mapeamento do ITCG (2013) nitossolos vermelhos eutroférricos típicos (Figura 5.2).

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Figura 60 - Recorte para a UC da Carta de Solos do Estado do Paraná na escala 1:250.000. Fonte: ITCG, 2013. Org.: IGPlan, 2013.

Com relação às principais características apresentadas pela EMBRAPA (2006) quanto aos tipos de solos que ocorrem na área de estudo, os latossolos constituem solos muito evoluídos, em avançado estado de intemperização, destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo. Apresentam

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horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial. São solos muito profundos, possuem boa drenagem e apresentam sequência de horizontes A, B, C com pouca diferenciação entre si e transições normalmente difusas ou graduais. O incremento de argila do horizonte A para o B é pouco expressivo. Constituem solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, típicos de regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas subtropicais distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão, normalmente em relevo plano e suave ondulado (EMBRAPA, 2006). Segundo a EMBRAPA11, os latossolos são formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+, etc.), após transformação dos minerais primários constituintes.

São definidas sete diferentes classes de latossolo, diferenciadas com base na combinação de características com teor de Fe2O3, cor do solo e relação Ki (SiO2/Al2O3). As cores variam de vermelhas muito escuras a amareladas, geralmente escuras no A, vivas no B e mais claras no C. A sílica (SiO2) e as bases trocáveis (em particular Ca, Mg e K) são removidas do sistema, levando ao enriquecimento com óxidos de ferro e de alumínio que são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso; apresentam estrutura granular muito pequena; são macios quando secos e altamente friáveis quando úmidos. Apresentam teor de silte inferior a 20% e argila variando entre 15% e 80%. São solos com alta permeabilidade à água, podendo ser trabalhados em grande amplitude de umidade. Os latossolos apresentam tendência a formar crostas superficiais, possivelmente devido à floculação das argilas que passam a comportar-se funcionalmente como silte e areia fina. A fração silte desempenha papel importante no encrostamento, o que pode ser evitado, mantendo-se o terreno com cobertura vegetal a maior parte do tempo. São solos muito intemperizados, com pequena reserva de nutrientes para as plantas, representados normalmente por sua baixa a média capacidade de troca de cátions. Mais de 95% dos latossolos são distróficos e ácidos, com pH entre 4,0 e 5,5 e teores de fósforo disponível extremamente baixos, quase sempre inferiores a 1 mg/dm³. Em geral, são solos com grandes problemas de fertilidade. Os latossolos normalmente estão situados em relevo plano a suave-ondulado, com declividade que raramente ultrapassa 7%. São profundos, porosos, bem drenados, bem permeáveis mesmo quando muito argilosos, friáveis e de fácil manejo. O

11

Informação disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_96_10112005101956.html

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caráter distrófico dos latossolos encontrados na UC, confere a estes baixa fertilidade natural. Os latossolos vermelhos apresentam matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA) (EMBRAPA, 2006) (Figura 61).

Figura 61 - Perfil de típico de latossolo vermelho. Fonte: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/LatossolosID-Ry0UpG6gDr.jpg

Os nitossolos, segundo a EMBRAPA (2006), apresentam em geral horizonte B bem desenvolvido, estrutura em blocos ou prismática composta de blocos subangulares e angulares, por vezes com aspecto característico de fendilhamento quando em cortes de estradas, indicativo de alta expansão e contração pelo umedecimento e secagem do material, decorrente dos altos teores de argila. Caracterizam-se pela presença de horizonte B nítico, com avançada evolução pedogenética. O horizonte nítico apresenta caráter não hidromórfico, textura argilosa ou muito argilosa, superfícies normalmente reluzentes dos agregados e transição gradual ou difusa entre os suborizontes. Nitossolos são solos profundos, bem drenados, de coloração variando de vermelho a brunada (EMBRAPA, 2006). Os nitossolos vermelhos apresentam matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA) (EMBRAPA, 2006) (Figura 62).

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Figura 62 - Perfil de típico de nitossolo vermelho. Fonte: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Terra_RoxaID-NZeosikVP3.jpg.

Quanto às características e atributos diagnósticos dos tipos de solos que ocorrem na UC e entorno, destacam-se:

Distrófico - condição química do solo abaixo da camada arável (horizonte no B, ou no horizonte C se não existir horizonte B, ou no horizonte A dos Neossolos Litólicos) com baixos valores de soma de bases (SB) e saturação por bases (V). Os valores de V oscilam de 30-50% , mas ao mesmo tempo aos valores de bases SB são menores que 1,2 cmol kg-1 de solo. Se o valor V for menor que 30%, a saturação por alumínio (m) deve ser menor que 50% (para eliminar a possibilidade de ser álico) e o valor RC deve ser maior que 1,5 cmol kg-1 (para eliminar a possibilidade de ser ácrico). No manejo possuem baixo potencial nutricional abaixo da camada arável, mas a saturação por alumínio não tão alta porque é inferior a 50% (Prado, 201212).

Eutrófico - condição química de um solo com elevado potencial nutricional abaixo da camada arável (horizonte no B, ou no horizonte C se não existir horizonte B, ou no horizonte A dos Neossolos Litólicos).Os valores de soma de bases (SB) são maiores ou iguais a 1,5 cmol kg-1 de solo e os de saturação por bases (V) maiores ou iguais a 50%. Esses solos possuem elevadas produtividades, desde que não sejam simultaneamente salinos (Prado, 2012).

12

http://www.pedologiafacil.com.br/glossario.php#p

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Distroférrico - solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe203 (pelo H2SO4) de 18% a < 36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).

Eutroférrico - Fe2O3 (pelo H2SO4) de 15% a < 36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).

Em síntese, a cobertura pedológica na UC é marcada pela ocorrência principal de latossolos vermelhos distribuídos por quase toda sua área, que apesar de profundos, bem desenvolvidos e de alta permeabilidade, apresentam-se altamente friáveis quando úmidos. Tal fato é especialmente preocupante dadas as condições de ocorrência deste tipo de solo na UC, destacando-se o contexto da zona de margens dos córregos. Trata-se de áreas constantemente úmidas e periodicamente sujeitas a fluxos hídricos intensos, que podem promover expressiva erosão marginal. A formação de crostas, típicas de latossolos, constitui elemento de descontinuidade de fluxos hídricos subsuperficiais, que pode potencializar a friabilidade natural deste tipo de solo. Por fim, deve-se destacar que tanto os latossolos como os nitossolos que ocorrem na UC encontram-se em ambiente de intensa urbanização, desta forma não apresentando mais suas características e propriedades naturais. 4.1.6 Hidrografia

4.1.6.1 Contexto hidrográfico nacional e regional

Em termos nacionais, a área protegida encontra-se na Região Hidrográfica do Paraná, conforme classificação da Agência Nacional de Águas (ANA) (Figura 63).

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Figura 63 - Regiões hidrográficas brasileiras. Em destaque a área de estudo. Fonte: http://www.rededasaguas.org.br/bacias-hidrograficas/regioes-hidrograficas/

A Região Hidrográfica do Paraná, com uma área de 879.860 km², abrange os estados de São Paulo (25% da região), Paraná (21%), Mato Grosso do Sul (20%), Minas Gerais (18%), Goiás (14%), Santa Catarina (1,5%) e Distrito Federal (0,5%) (ANA, 2012) (Figura 63). Já no contexto hidrográfico do Estado do Paraná, a UC situa-se no ambiente da bacia do rio Ivaí, porém na faixa de transição para a bacia do rio Pirapó, da qual dista somente cerca de 650 m. Ambas as bacias estão situadas na região hidrográfica do Paraná (Figuras 64e 65). O Estado do Paraná é dividido em 16 diferentes bacias hidrográficas, estando somente pequena parte delas inseridas integralmente no território estadual. A bacia do rio Ivaí constitui a segunda maior bacia do estado e a primeira integralmente inserida nos limites estaduais. A bacia do rio Pirapó representa a quinta e menor bacia integralmente inserida em território paranaense (Figura 65). Segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos – SEMA (2013), o rio Pirapó nasce no município de Apucarana a cerca de 1.000 m de altitude e escoa na direção norte, percorrendo uma extensão de 168 km até sua foz no rio Paranapanema, a cerca de 300 m de altitude, no município de Jardim Olinda. Contribuem para a bacia aproximadamente 60 tributários diretos, não levando em conta os pequenos riachos. O rio Pirapó percorre áreas do Terceiro Planalto Paranaense, apresentando no seu terço montante e central percurso encaixado, apesar de atravessar áreas de relevo predominantemente suave ondulado ao longo de sua bacia.

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Figura 64 - Localização da área protegida no contexto hidrográfico geral das principais bacias hidrográficas do Estado. Fonte: ITCG, 2013. Org.: IGPlan, 2013.

A bacia do rio Ivaí abrange áreas do Segundo e Terceiro Planaltos Paranaenses, possui orientação geral SE-NO e drena uma área de 36.587 km2, o que perfaz aproximadamente 19% da área estadual. O rio Ivaí forma-se no município de Prudentópolis, na parte sudeste do estado, a partir da confluência do rio dos Patos e do rio São João, na Serra da Boa

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Esperança, situada no Segundo Planalto. Desde o ponto de sua formação, na cota aproximada de 800 m, o rio Ivaí percorre um trajeto de 671 km até desaguar na margem esquerda do rio Paraná, município de Querência do Norte (PR), a uma altitude de 230 m. No entanto, se contabilizado o percurso de seu formador mais longo, o rio dos Patos, com nascentes na cota de 1.160 m, seu canal atinge 798 km de comprimento total. O rio Ivaí e apresenta vazão média nas proximidades de sua foz, verificada entre os anos de 1974 e 2007, de 689 m3s-1. Em termos administrativos, o Estado do Paraná é dividido em 12 Unidades Hidrográficas, criadas para atender as necessidades de gerenciamento e planejamento previstas na Política Estadual de Recursos Hídricos. A UC está incluída na Unidade 7 – Alto Ivaí (Figura 66). Quanto aos recursos hídricos subsuperficiais, o Estado do Paraná é dividido em 11 Unidades Aquíferas. A UC está integralmente incluída na unidade Serra Geral Norte (Figura 67).

Figura 65 - Regiões hidrográficas do Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: SUDERHSA, 2007.

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Figura 66 - Unidades Hidrográficas do Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: SUDERHSA, 2007.

Figura 67 - Unidades Aquíferas do Estado do Paraná. Em destaque a área de estudo. Fonte: Instituto das Águas do Paraná, 2012.

Quanto à Unidade Aquífera Serra Geral, o Instituto das Águas do Paraná13 (2012) informa que

13

http://www.aguasparana.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60

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Compreende as rochas basálticas da Formação Serra Geral abrangendo uma área de afloramento de aproximadamente 102.000 km

2, subdividida em Unidade Serra

Geral Norte (aproximadamente 64.000 km2) e Serra Geral Sul (38.000 km

2).

Os derrames são geralmente conhecidos como efusivas basálticas ou simplesmente basaltos, independentemente de sua eventual variação litológica. Na porção sul e central da Bacia do Paraná as porções inferiores das suítes vulcânicas são em geral de composição básica. Em muitos locais, no topo dos derrames. É verificada a ocorrência de rochas ácidas, não raro porfiríticas, produtos da diferenciação magmática. As espessuras dos derrames podem chegar a 1500 m. Sob essa espessa capa são encontradas as sequências sedimentares da Bacia do Paraná. Imediatamente abaixo e em parte intercalados nos derrames, posiciona-se a Formação Botucatu, também do Grupo São Bento. Uma das características marcantes das efusivas basálticas é o seu modo de ocorrência, constituindo empilhamentos sucessivos de lavas em regra unidades tabulares individualmente bem definidas. A circulação e acúmulo de água subterrânea nesta unidade é determinada pelas zonas de fraturamento e falhamentos, bem como pelas descontinuidades entre os derrames – zona vesículo-amigdaloidal. De acordo com o Banco de Dados Hidrogeológicos da SUDERHSA, os poços mais produtivos estão relacionados com a Unidade Serra Geral Norte, caracterizada pelos derrames mais básicos, que determinam espessuras de solo maiores, variando de 10 a 50 metros. A Unidade Sul é caracterizada por rochas de composição ácida, apresentando espessura média de solo muito pequena – 0 a 10 metros - e vazões menores. Do ponto de vista físico-químico, as águas das duas unidades são muito semelhantes, podendo ser classificadas como Bicarbonatadas-Sódicas, com conteúdo médio de Sólidos Totais Dissolvidos de 145 mg/L (ppm). Existem cerca de 2.500 poços cadastrados no Banco de Dados Hidrogeológicos da SUDERHSA na Unidade Serra Geral Norte e 550 poços na Unidade Sul, apresentando profundidade média de 120 metros e 130 metros e vazão média de 18 m

3/hora e 10 m3/hora, respectivamente.

4.1.6.2 Hidrografia na área protegida

No contexto hidrográfico local, a área protegida abrange a zona de cabeceiras da sub-bacia do córrego Borba Gato, afluente do ribeirão Pinguim, que por sua vez é afluente do rio Marialva, esse afluente do rio Ivaí por sua margem direita. Posiciona-se nas proximidades de um grande divisor de águas regional entre as bacias dos rios Pirapó, a norte e Ivaí, a sul. O córrego Borba Gato pertence, assim, às áreas de cabeceiras deste trecho do rio Ivaí (Figura 68).

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Figura 68 - Localização em modelo 3D da área protegida. Visada SE-NO. Fonte: IGplan, 2013.

A bacia do córrego Borba Gato possui área total 2.190 ha., ou 21,9 km2 (Borsato, 2005), dos quais 41,4 ha. correspondem à área da UC. Borsato & Martoni (2004) indicam que a bacia do córrego Borba Gato apresenta drenagem muito pobre, de 0,5 km/km2 (Figura 69) Segundo Menegatti et al. (2009), a ocupação urbana na área da cidade de Maringá teve início em 1942, a partir de um pequeno núcleo inserido na mata fechada, sendo a pedra fundamental de Maringá lançada em maio de 1947. O primeiro plano diretor de Maringá, de 1968, propôs adotar faixas de proteção ao longo dos córregos. A criação do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Leite veio a complementar o estabelecimento de áreas de proteção a mananciais do município. No entanto, a situação de cabeceira de drenagem do córrego Borba Gato encontra-se bastante descaracterizada dada a intensa urbanização no seu entorno. A densidade de drenagem na área é muito baixa, sendo verificado in loco a existência de poucos canais e seus afluentes, boa parte deles de caráter temporário (Figura 70).

Bacia do rio Ivaí

Bacia do rio Pirapó

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Figura 69 - Hidrografia do Horto Florestal. escala 1:2.000. Fonte: ITCG, 2013. Org.: IGPlan, 2013.

Grande parte dos fluxos hídricos dos canais existentes provém de pontos de lançamento de águas pluviais urbanas direcionados para o interior do Horto. O escoamento superficial tende a ser maior com o aumento da impermeabilização. Este fator contribui de modo significativo para a concentração de fluxos superficiais e velocidade de escoamento da água. O direcionamento de tais fluxos já aumentados

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para o interior do Horto Florestal por meio de galerias pluviais resulta em elevação de picos de enxurradas. Esse fator é agravado pelo baixo índice de compacidade da bacia identificado por Borsato (2005), que favorece a concentração de fluxos hídricos no exutório. Borsato (2005) também indica que outro impacto importante diz respeito à erosão no leito dos cursos d’água e em suas margens causadas pelas águas da chuva concentradas provenientes das galerias. As declividades mais acentuadas da bacia do córrego Borba Gato justamente em seu trecho de cabeceiras, correspondente à área do Horto Florestal, contribui sobremaneira para a intensificação dos processos erosivos associados à rede hidrográfica (Figura 70).

Figura 70 - Perfil do córrego Borba Gato. A parte inicial (aproximadamente 450 m), de maior declividade, corresponde ao trecho inserido na UC. Fonte: Borsato, 2005.

Observações efetuadas em campo comprovam a intensa degradação do sistema hidrográfico local, notadamente o aprofundamento do leito de córregos locais e a erosão de suas margens, dadas pelo lançamento de grandes volumes de água concentrados pelo sistema de captação urbana (Figuras 71 e 72).

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Figura 71 - Ponto de lançamento de águas pluviais em córrego no interior do Horto Florestal. Ponto de campo 5. Fonte: IGPlan, 2012.

Figura 72 - Intensa erosão de margens e de leito fluvial. Ponto de campo 4. Fonte:IGPlan, 2012.

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Identifica-se adicionalmente a existência de obras de natureza hidráulica no interior do Horto Florestal, como a criação de um pequeno reservatório (Figura 73) e de uma roda d’água (Figura 74), hoje sem função específica. Tais obras denotam o caráter perene de fluxos hídricos superficiais e subsuperficiais no interior do Horto, fato que evidencia a importância estratégica desta reserva florestal para o município de Maringá.

Figura 73 - Reservatório no interior do Horto Florestal. Ponto de campo 3. Fonte: IGPlan, 2012.

Figura 74 - Reservatório no interior do Horto Florestal. Ponto de campo 3. Fonte: IGPlan, 2012.

Adicionalmente, o direcionamento de fluxos hídricos externos ao Horto Florestal para o seu interior resulta também na introdução de volumes consideráveis de lixo trazidos pela águas pluviais (Figura 75), fato que potencializa sua degradação.

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Figura 75 - Introdução de grandes quantidades de lixo urbano no Horto Florestal dada pelo direcionamento de águas pluviais para o seu interior. Ponto de campo 5. Fonte: IGPlan, 2012.

Em síntese, a adoção pela municipalidade de um sistema de direcionamento de águas pluviais para os córregos de parques municipais, dentre eles o trecho de cabeceiras do córrego Borba Gato, representa o maior impacto sobre os recursos hídricos superficiais da área urbana do município, que além do acúmulo de lixo e dejetos urbanos no leito fluvial, resulta notadamente em intensa erosão de leitos e margens. A revisão deste sistema direcionamento de drenagem pluvial urbana constitui prioridade para a recuperação do Horto Florestal.

4.1.7 Considerações gerais

O Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes representa uma importante área para conservação de recursos ambientais do município de Maringá. Apesar de apresentar baixa diversidade geológica e pedológica e baixa densidade de drenagem, constitui um ambiente frágil dado seu posicionamento em área de cabeceira de drenagem e morfologia de entalhe aprofundado de alguns de seus vales fluviais associada à existência de solos friáveis quando úmidos, sujeitos aos impactos advindos da concentração artificial de fluxos hídricos urbanos. Autores e estudos diversos identificaram tais problemas. Menegatti et al. (2009) indicam que os espaços livres tendem a ser aqueles de maior vulnerabilidade no espaço urbano, pois são muitas vezes interpretados como espaços ainda livres de edificação, ou seja, no aguardo de algum outro tipo de ocupação.

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Ainda segundo os autores, os parques e reservas florestais existentes em Maringá encontram-se em situação bastante precária. As grandes manchas que representam sofrem uma intensa pressão pela urbanização do entorno e pela falta de reconhecimento de suas funções ambientais. Tornam-se, assim, espaços negligenciados, cuja preservação demanda, além de vigilância constante, ações corretivas imediatas. 4.2 Flora

4.2.1 Métodos de estudo

Para a caracterização fitogeográfica foram consultados livros e outras publicações relevantes, incluindo estudos realizados na região, no sentido de descrever a fisionomia típica dos tipos de vegetação existentes. A flora do Horto Florestal foi avaliada seguindo uma metodologia de Avaliação Ecológica Rápida (AER). Através da análise de mapas e imagens de satélites estabeleceram-se quatro sítios de estudo na área (Trilhas principais e seu entorno). Em cada sítio (trilha), com base nas imagens de satélite e caminhadas durante a fase de campo expedita, foram verificadas as fitofissionomias existentes e suas espécies ocorrentes (Figuras 76 e 77). Nas trilhas e no entorno destas foram marcados vários pontos amostrais, onde se procedeu à caracterização da vegetação seguindo as determinações de uma ficha simplificada de AER para flora, com os dados dos pontos se pode verificar a vegetação existente em cada transecto e com isso foi possível uma perspectiva geral da vegetação da área do Horto em sua totalidade. Os dados foram coletados através de reconhecimento visual das fitofisionomias e das

espécies mais relevantes. Sempre que possível, a identificação dos indivíduos foi efetuada

in situ, através da observação de caracteres botânicos e dendrológicos, buscando uma

caracterização florística preliminar dos tipos de vegetação existentes. Quando a

identificação em campo não foi possível, procedeu-se com a coleta de material botânico,

preferencialmente fértil (provido de estruturas reprodutivas, como flores e/ou frutos), o qual

foi herborizado segundo a metodologia usual, possibilitando sua posterior identificação em

laboratório.

Adicionalmente foram percorridos percursos no entorno do Horto, principalmente na borda. Funcionários e frequentadores do entorno foram entrevistados para a obtenção de informações sobre o histórico de exploração e perturbação dos remanescentes, assim como, sobre as espécies existentes e introduzidas no Horto.

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Com base no registro das espécies e nas demais informações coletadas, pôde-se definir as

associações florísticas existentes no Horto Florestal, assim como, suas classes de cobertura

vegetal. Na descrição florística foram abordadas as espécies ameaçadas e outras de

importância, descrevendo-se também as exóticas e invasoras existentes.

A descrição das espécies no item florística foi realizada com base na experiência de campo, e também através de consulta a diversas fontes: Almeida et al (1998), Carvalho (2003), Lorenzi (1992), Lorenzi (1998), Lorenzi (2000), Lorenzi e Matos (2002), Silva Júnior, Ramos et al. (2008), e Silva Junior e Silva Pereria, (2009), Santos (2005). Para classificação das espécies foi utilizado o Sistema de Taxonomia Vegetal APG III (2003). As espécies identificadas foram classificadas segundo a sua procedência, qualificação quanto ao status de invasão e categoria de sucessão ecológica. Essas classificações foram realizadas para verificações dos riscos de contaminações biológicas que podem estar ocorrendo na área e para visualização da qualidade da composição florística. As classificações foram feitas seguindo a lista de espécies exóticas “Informe sobre Espécies Invasoras que afetam o Ambiente Terrestre” (INSTITUTO HÓRUS, 2006; MMA, 2006).

Figura 76 - Trilha principal do Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012

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Figura 77 - Trilha interna no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012

As categorias de cada classificação foram especificadas da seguinte forma:

Categorias de procedência:

Exótica extra-brasileira (ex-BR) espécie que não ocorre espontaneamente em território brasileiro sendo oriunda de outro país e/ou outro continente;

Exótica extra-paranaense (ex-PR) espécie que não ocorre espontaneamente em ecossistemas paranaenses sendo oriunda de outros estados do Brasil;

Exótica extra-Floresta Estacional Semidecidual paranaense (ex-FES PR) espécie que não ocorre espontaneamente na Floresta Estacional Semidecidual (Tipologia da Floresta da região de Maringá) em território paranaense, podendo ocorrer em outras tipologias vegetais do Estado ou mesmo em outros estados do Brasil;

Nativa (Nat.) espécie que ocorre espontaneamente na região de Maringá, típica da Floresta Estacional Semidecidual que caracterizava originalmente a região.

Categorias do status de invasão (apenas para as exóticas):

Introduzida (Int) espécie trazida de outras regiões, cujos indivíduos conseguem se desenvolver, mas sem reproduzir-se no novo ambiente onde foram introduzidos;

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Estabelecida (Est) espécie trazida de outras regiões e que consegue se reproduzir no novo ambiente (região de Maringá), podendo ou não tornar-se uma invasora;

Invasora (Inv) espécie trazida de outras regiões e da qual já existem registros de invasão no Brasil que podem se repetir na região de Maringá;

Desconhecida (Des) espécie da qual ainda não existem registros como estabelecida ou invasora, não podendo-se, no entanto, descartar tais possibilidades;

Categorias de sucessão ecológica:

As classificações de categorias sucessionais das espécies foram classificadas de acordo com o sistema proposto por BUDOWSKI (1965):

Pioneira (P) São as que iniciam o processo natural de sucessão ecológica. Em geral têm pequeno porte e crescem muito rápido, desenvolvem-se a pleno sol e são pouco exigentes quanto às condições do solo. Produzem grande quantidade de sementes e possuem ciclo de vida curto;

secundária inicial (SI) São as que constituem os estágios intermediários da sucessão vegetal, desenvolvendo-se depois do estabelecimento das espécies pioneiras. As secundárias iniciais têm crescimento rápido como às pioneiras, mas vivem mais tempo que estas;

secundária tardia (ST) As secundárias tardias crescem mais lentamente preferindo sombreamento quando bem jovens, mas depois aceleram o crescimento em busca dos pequenos clarões entre as copas das árvores já adultas, atingindo as porções mais altas da floresta;

climácica (CL) Aparecem no estágio avançado da sucessão, constituindo a floresta clímax. São tolerantes ao sombreamento intenso e se desenvolvem bem nessa condição. Podem ser árvores de grande porte ou arvoretas do interior da floresta, que se crescem devagar e geralmente produzem frutos carnosos, muito dispersados pelos animais. As espécies climácicas vivem muito tempo, em geral por mais de 100 anos.

4.2.2 Estudos de flora realizados no Horto Florestal

Não foram encontrados estudos científicos específicos com listas de flora do Horto Florestal, existem trabalhos específicos com plantas encontradas no remanescente, porém, nenhum levantamento florístico ou fitossociológico. 4.2.3 Enquadramento fitogeográfico do Horto Florestal

De acordo com o Mapa de Vegetação do Brasil - 1: 5.000.000 (IBGE, 1993), o município de Maringá se encontra dentro do Bioma da Mata Atlântica.

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O bioma Mata Atlântica, no qual se inserem vários ecossistemas florestais, apresenta altos índices de biodiversidade e de endemismo, mas encontra-se em situação crítica de alteração de seus ambientes, já que seus domínios hoje abrigam 70% da população brasileira, além das maiores cidades e os mais importantes pólos industriais do Brasil. De acordo com dados recentes do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, o bioma está reduzido a apenas 7,26% do que existia originalmente no Brasil (SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2009). No Paraná a área de abrangência do bioma Mata Atlântica engloba 98% do território do Estado, e se constitui de distintas unidades fitogeográficas (ecossistemas florestais): Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) e Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Seca do Rio Paraná), além das formações não-florestais Estepes e Savanas (Campos gerais) (RODERJAN et al., 2002). Originalmente a cobertura predominantemente era florestal, ocupando aproximadamente 84% da área do Estado, sendo o restante ocupado pelas formações campestres. Algumas décadas de exploração intensa e contínua foram suficientes para modificar esta paisagem. O processo de devastação, ocasionado pela ocupação antrópica, acabou por reduzir a cobertura florestal nativa do Estado para apenas 10,53% do que havia originalmente, considerando o período de análise do ano de 2005 até 2008, (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2009). Todos os ecossistemas florestais encontrados no Paraná foram degradados. Restando aproximadamente 0,8% da cobertura original do Paraná da Floresta Ombrófila Mista (CASTELLA; BRITEZ, 2004), cerca de 2% da cobertura da Floresta Estacional Semidecidual (WILLIS, 1979; BIERREGAARD; LOVEJOY, 1988; DURIGAN et al; 2000) e apenas cerca de 7,73% da Floresta Ombrófila Densa (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2009). Estima-se que essas porcentagens sejam ainda menores atualmente, pois os estudos dessas coberturas (citados acima) já se encontram desatualizados e os desmatamentos apesar de terem sido reduzidos continuam acontecendo. O Município de Maringá enquadra-se totalmente na região fitogeográfica denominada de Floresta Estacional Semidecidual (FES) (MAACK, 1968; VELOSO e GOES-FILHO, 1982; IBGE, 1992). A Floresta Estacional Semidecidual (FES), foi o ecossistema florestal que mais rapidamente e extensamente foi devastado no Estado do Paraná e em toda a sua área de ocorrência natural, que compreende parte dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Espírito Santo e de países vizinhos, como o Paraguai e a Argentina. A expansão da atividade agrícola iniciada no Norte do Estado do Paraná a partir de 1920, em função da boa fertilidade do solo, trouxe associada a ela a devastação da Floresta Estacional Semidecidual, que foi rapidamente reduzida a pequenos e esparsos fragmentos florestais. Dos fragmentos remanescentes, poucos têm área representativa e encontram-se preservados. Um dos principais problemas

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ocasionados por esta fragmentação intensa é a extinção de espécies que tem sido frequentemente documentada no Brasil e no mundo (WILLIS, 1979; BIERREGAARD; LOVEJOY, 1988; DURIGAN et al; 2000). Maringá foi um dos municípios que teve sua área florestal mais devastada, estando atualmente entre os municípios com menor área florestal do Estado, contando com apenas 3% de sua cobertura original de florestas nativas (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2009). O Horto Florestal possui toda sua área composta por formação florestal da fitofissionomia Floresta Estacional Semidecidual submontana. A seguir fica descrita com maior detalhamento a fitofissionomia em questão: 4.2.3.1 Floresta Estacional Semidecidual Submontana

A Floresta Estacional Semidecidual é um tipo de vegetação condicionado pela dupla estacionalidade climática. Uma estação tropical com intensas chuvas de verão seguidas por estiagens e outra estação subtropical mais fria e seca (IBGE, 1992). Segundo VELOSO et al. (1991), nesta tipologia florestal, a porcentagem de árvores caducifólias situa-se entre 20 e 50 % no período desfavorável. A Floresta Estacional Semidecidual tem sua ocorrência típica no Paraná em altitudes inferiores aos 600 m s.n.m. (RODERJAN et al., 2002). Caracteriza-se por apresentar dossel irregular com indivíduos emergentes que podem alcançar em torno de 35 m de altura. No estrato superior destacam-se as espécies Aspidospermapolyneuron peroba, Tabebuiaheptaphylla ipê-roxo, Gallesiaintegrifólia pau-d’alho, Balfourodendronriedelianum pau-marfim, Peltophorumdubium canafístula, Cordiatrichotoma louro-pardo, Diatenopteryxsorbifolia maria-preta, Parapiptadeniarigida gurucaia, Anadenantheracolubrina monjoleiro, Lonchocarpusmuehlbergianus rabo-de-bugio, Machaeriumstipitatum sapuva, Apuleialeiocarpa grápia e Rauvolfiasellowii peroba-d’água, entre outras. Os estratos dominados são caracterizados por espécies como Guareamacrophylla baga-de-morcego, Chrysophyllumgonocarpum caxeteira, Actinostemonconcolor laranjeira-do-mato e Soroceabonplandii xinxo. São comuns as descontinuidades do dossel formando clareiras colonizadas por “taquarais” (Merostachys spp e Chusquea spp) (MAACK, 1981; LEITE e KLEIN, 1990; RODERJAN et al., 2002). O Horto Florestal possui em toda sua extensão essa fitofissionomia, apresentando pouca influência aluvial na vegetação, mesmo nos setores mais próximos do córrego Borba Gato. Apesar de sofrer perturbações pretéritas de origem humana e impactos por estar localizado em zona urbana de uso intenso (efeito de borda, lixo, descarga pluvial entre outros) o remanescente do Horto Florestal em geral está em ótimo estado de conservação, principalmente quando comparado aos ínfimos remanescentes florestais do município, que no geral estão bastante degradados.

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

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O Horto é claramente constituído por uma floresta secundária atualmente em regeneração, sendo seu estágio de sucessão em vários setores podendo ser considerado avançado, mas contendo áreas no estágio inicial e médio também. 4.2.4 Resultados

4.2.4.1 Pontos amostrais

Dentro de cada sítio (trilha) foram verificadas as espécies presentes em todo o trajeto. Foram marcados pontos de transição de estágios sucessionais para elaboração do mapa de vegetação (Anexo 1). Os pontos iniciais, médios e finais de cada trilha onde foram obtidos os dados sobre a flora ficam expostos na Tabela 3, abaixo. Tabela 3 - Coordenadas de início, meio e fim das trilhas (sítios) amostrais utilizadas no Horto Florestal:

Sítio Ponto UTM-E UTM-N

Sítio 01

Início 401.548 7.408.052

Meio (Córrego Cleópatra)

401.357 7.407.977

Fim 401.219 7.407.952

Sítio 02

Início 401.112 7.407.909

Meio (Córrego Cleópatra)

400.964 7.407.788

Fim 400.775 7.407.754

Sítio 03

Início 400.767 7.407.843

Meio (Córrego Cleópatra)

401.042 7.408.026

Fim 401.253 7.408.250

Sítio 04 (Borda)

Início 401.112 7.407.952

Meio (Córrego Cleópatra)

401.849 7.408.407

Fim 401.548 7.408.052

4.2.4.2 Florística

Tendo em vista o tempo relativamente curto (4 dias) destinados para a caracterização florística da área, considerando que inventários aprofundados da flora devem ser realizados em períodos de pelo menos um ano, alcançou-se um número considerável de espécies vegetais detectadas no Horto Florestal, graças as várias trilhas existentes e o empenho da equipe de campo. O levantamento florístico abrangeu 158 espécies pertencentes a 48 famílias botânicas (Tabela 4). É relevante ressaltar que, deste número total, 39 são plantas exóticas originárias de outros ecossistemas. As 118 restantes ocorrem naturalmente na região e estão presentes na área do Horto. Sob o ponto de vista da riqueza

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

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específica, considerando apenas as espécies que ocorrem naturalmente na área do Horto, destaca-se a família Fabaceae com 18 espécies distintas. Famílias com riqueza também relevante foram Meliaceae (8 espécies), Euphorbiaceae (6 espécies), Myrtaceae (5 espécies) e Lauraceae (5 espécies) dentre outras.

Algumas espécies não puderam ser identificadas, principalmente pelo fato de que suas famílias apresentam grande diversidade (Myrtaceae, Melastomataceae entre outras.), ou então porque seus grupos taxonômicos são de difícil identificação sem a coleta de material fértil (Cyperaceae, Lauraceae, Orchidaceae, Poacea, Polypodiaceae entre outras). Principalmente as gramíneas e arbustos, os estratos herbáceos em geral, lianas e epífitas. Tentou-se minimizar essa carência de dados diretos a partir de citações encontradas em bibliografia especializada, e listadas na metodologia.

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Tabela 4 - Lista da flora registrada no Horto Florestal:

Família/Gênero/Espécie Nome Vulgar Háb Status Sucess. Frug. Cons. T1 T2 T3 T4 BO

ACANTHACEAE

Pachystachys lutea Nees camarão-amarelo ab Ex-BR-est. si x

Justicia sp. justicia ab Ex-BR-est. si x

AMARYLLIDACEAE

Agave angustifoliaHaw. agave ab Ex-BR-est. si x

ANACARDIACEAE

Astronium graveolens Jacq. guaritá av. Nat. seci RR1 x x

Mangifera indica L. manga av. Ex-BR-inv. si x x

Schinus terebinthifolia Raddi aroeira-vermelha av. Nat. pion. F x

ANNONACEAE

Annona sp. ariticum av. Nat. sect. F x

APOCYNACEAE

Aspidosperma polyneuron M. Arg. peroba av. Nat. clim. RR1 x x x x

Tabernaemontana hystrix Steub. leiteiro av. Nat. pion. F x x

ARACEAE

Epipremnum pinnatum(L.) Engl. Engler, H.G.A. jibóia li Ex-BR-est. si x x

Monstera sp. costela-de-adão Hb Ex-BR-est. x x

Pistia stratiotes L. (Macrófita) alface-da-água Nat. si x

Philodendron sp. filodendro hb Ex-PR-est si x x

Philodendron bipinnatifidum Schott imbê Ab. Nat. si x x

Philodendron hederaceum (Jacq.) filodendro-brasil Hb. Nat si x x x

ARALIACEAE

Didymopanax morototoni (Aubl.) Decne & Planch. mandiocão ab. Nat. seci x

ARECACEAE

Euterpe edulis Martius palmito pal Nat. clim. F x

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman. jerivá pal Nat. seci F x x x x

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BALSAMINACEAE

Impatiens walleriana Hook. F. beijinho hb Ex-BR-inv. si x x

BIGNONIACEAE

Arrabidaea mutabilis Bureau cipó-camarão li Nat. pion. x

Jacaranda micrantha Cham. caroba av. Nat. seci. x x

Jacaranda puberula Cham. carobinha av. Nat. seci. x

Pyrostegia venusta Miers cipó-de-são-joão li Nat. pion. x

Tabebuia chrysotricha (Mart. Ex DC.) ipê-amarelo av. Ex-FES-est sect. x

Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo ipê-roxo av. Nat. clim. x

BORAGINACEAE

Cordia eucalyculata Vell. café-de-bugre av. Nat. seci x

Cordia trichotoma (Vell.) Steub. louro av. Nat. pion. x x

Patagonula americana L. guajuvira av. Nat. sect. x

BROMELIACEAE

Aechmea distichanta Lem. bromélia Hbe Nat. si x x

Tillandsia recurvata L. bromélia Hbe Nat. si x x x

Tillandsia sp. bromélia Hbe Nat. si x x

CACTACEAE

Epiphyllum sp. cacto hbe Nat. si x

Cereus sp. cacto hb Nat. si x

Pereskia aculeata Miller lobodo hbe Nat. si x

Rhipsalis sp. ripsalis hb Nat. si x x x

CANNABACEAE

Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. esporão-de-galo ab Nat. pion. x x

Celtis spinosa Spreng. esporão ab. Nat. pion. x x

Trema micrantha (L.) Blume. grandíuva av. Nat. pion. x x

CARICACEAE

Jaracatia spinosa (Aubl.) A. DC. jaracatiá av. Nat. sect. F RR1 x

Carica papaya L. mamão av. Ex-BR-inv. pion. x

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PLANO DE MANEJO

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CUPRESSACEAE

Cupressus sp. cedrinho av. Ex-BR-est. si x

EUPHORBIACEAE

Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. laranjeira-do-mato Ab. Nat. Pion. F x x

Alchornea glandulosa Poepp. tapiá av. Nat. pion. F x x x x x

Alchornea triplinervia(Spreng.) M. Arg. algodoeiro av. Nat. pion. F x x x x x

Croton floribundus Spreng. capixingui av. Nat. pion. F x x

Euphorbia milii L. coroa-de-cristo ab. Ex-BR-est. si x

Joanesia princeps Vell. cutieira av. Nat. seci F x

Ricinus communis L. mamona ab. Ex-BR-inv. pion. F x x x

Sapium glandulatum (Vell.) Pax pau-de-leite av. Nat. pion. x

FABACEAE

Acacia polyphylla DC. monjoleiro av. Nat. pion. x x x

Acacia velutina DC. arranha-gato av. Nat. pion. x

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico av. Nat. pion. x x x x

Anadenanthera peregrina (L.) Speg. angico-branco av. Nat. pion. x x x

Caesalpinea ferrea Mart.ex Tu. var. leiostachya Benth pau-ferro av. Ex-FES-est sect. x

Dalbergia brasiliensis Vogel. jacarandá av. Nat. pion. x x

Delonix regia Raf. flamboyant Av. Ex-BR-int. seci. x x x

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong orelha-de-macaco av. Nat. pion. x x x x

Holocalix balansae Micheli alecrim av. Nat. clim. F x x x

Ingamarginata Willd. inga-feijao av. Nat. pion. x x

Inga edulis Mart. ingá av. Nat. pion. x

Inga sessilis Mart. ingá av. Nat. pion. x x

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit leucena av. Ex-BR-inv. pion. x x

Lonchocarpus guilleminianus (Tul.) Malme embira-de-sapo av. Nat. pion. x x

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. feijao-cru av. Nat. pion. RR1 x x x

Machaerium sp. sapuva-graúda av. Nat. seci x

Machaerium paraguariense Hassler jacarandá av. Nat. seci RR x

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Machaerium stipitatum (DC.) Vogel sapuva av. Nat. seci x x

Myrocarpus frondosusAllemão cabreúva Av. Nat. Sect. RR1 x x

Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan gurucaia av. Nat. pion. x x x x

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. canafístula av. Nat. pion. x x x

Schizolobium parahyba(Vell.) Blake. guapuruvu av. Ex-FES-est pion. x x x x

LAURACEAE

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canelinha Av. Nat. seci F x x x x

Ocotea corymbosa (Meissn.) Mez canelão Av. Nat. seci F x

Ocotea indecora (Schott) Mez canela-fedida Av. Nat. sect. F x

Ocotea puberula (Rich.) Nees canela-guaicá Av. Nat. pion. F x x

Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez x x

Persea americana Mill. abacateiro Av. Ex-BR-est. seci F x x x

LECYTHIDACEAE

Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze jequitibá Av. Nat. clim. x x

LILIACEAE

Cordyline dracaenoides kunth uvarana ab. Nat. si x

Ophiopogon japonicus (L. f.) Ker Gawl. grama-preta hb. Ex-BR-est. si x x x

Sansevieria trifasciata (De Wild) N. E. Br. espada-de-são-jorge hb. Ex-BR-est. si x x

MALVACEAE

Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hassl. pau-jangada av. Nat. pion. x x x

Ceiba speciosa (St.-Hill.) Ravenna paineira Av. Nat. sect. x x x

Hibiscus sp. hibisco ab Ex-BR-est. si x

Luehea divaricata Mart açoita-cavalo av. Nat. seci x x

Sterculia apetala (Jacq.) Karst manduvi av. Ex-FES-est seci F x x

MARANTACEAE

Ctenanthe setosa Eichler maranta hb. Ex-PR-est si x

Calathea sp. caetê hb. Ex-PR-est si x

MELASTOMATACEAE

Miconia sp. pixirica ab. Nat. pion. F x x x

Page 119: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

MELIACEAE

Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjarana av. Nat. sect. F x x x

Cedrela fissilis Vell. cedro av. Nat. seci EM2 x

Guarea kunthiana A. Juss. marinheiro av. Nat. clim. F x x x

Guarea macrophylla Vahl baga-de-morcego av. Nat. clim. F x x x

Guarea guidonia (L.) Sleumer camboatã av. Nat. Sect. F x x x

Melia azedarach L. santa-bárbara av. Ex-BR-inv. pion. F x

Trichilia elegans A. Juss. catiguá av. Nat. sect. x

Trichilia pallida Sw. catiguá av. Nat. sect. x

Trichilia catigua A. Juss. catiguá av. Nat. sect. x

Trichilla elegans A. Juss. catiguá av. Nat. sect. x x

MONIMIACEAE

Mollinedia clavigera Tul. pimenteira ab. nat sect. F x x x

MORACEAE

Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. figueira av. Nat. sect. F x x x x

Ficus guaranitica Chodat figueira-grande av. Nat. sect. F x x

Ficus insipida Willd. figueira av. Nat. sect. F x x x

Ficus sp. figueira av. Nat. sect. F x x

Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. xinxo av. Nat. clim. x x x x

MUSACEAE

Musa sp bananeira ab. Ex-BR-inv. seci F x

MYRCINACEAE

Myrsine umbellata Mart. capororocão av. Nat. pion. F x x

Myrsine laetevirens (Mez) Arechav. capororoquinha av. nat pion. x

Myrsine sp. capororoca av. Nat. pion. F x

MYRTACEAE

Campomanesia xanthocarpa O. Berg. guabiroba av. Nat. sect. F x x x

Eucaliyptus sp. eucalipto av. Ex-BR-inv. pion. x x

Eugenia sp. guamirim av. Nat. clim. F x x

Page 120: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Eugenia uniflora L. pitanga av. Nat. clim. F x x x

Plinia sp. guamirim av. Nat. clim. F x

Psidium guajava L. goiaba av. Ex-BR-inv. pion. F x

Myrcia sp. guamirim av. Nat. clim. F x

NYCTAGINACEAE

Bougainvillea glabra Choisy primavera av. Nat. seci x x

Pisonia auleata L. espora-de-galo ab. Nat. pion. x x x

PHYTOLACCACEAE

Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms pau-d'alho av. Nat. seci x

Phytolacca dioica L. ceboleiro av. Nat. Seci x

POLYPODIACEAE

Polypodiumspp. samambaia hbe Nat. pion. x x x x

PIPERACEAE

Piper sp. jaborandi hb. Nat. pion. x x x x

Piper crassinervium HB. E K. piper hb Nat. pion. x x

Piper hispidum SW. piper hb Nat. pion. x x

Piper gaudichaudianum Kuntze piper hb Nat. pion. x x x x

Peperomia parnassifolia Miq. peperonia hb. Nat. pion. x x x

POACEAE

Dendrocalamus sp. bambuzão hb. Ex-BR-est. pion. x

Bambusa sp. bambuzinho hb. Ex-BR-inv pion. x x

Melinis sp. capim hb. Ex-BR-inv. pion. x x

Merostachys multiramea Hack. taquara At. Nat. Pion. x

Indeterminado capim hb. Ex-BR-inv. pion. x

Indeterminado capim hb. Ex-BR-inv. pion. x

RHAMNACEAE

Gouania sp. cipó li Nat. pion. x

Houvenia dulcis Thunb. uva-do-japão av. Ex-BR-inv. sect. F x x

ROSACEAE

Page 121: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

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Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl nespeira av. Ex-BR-inv. pion. F x

Prunus myrtifolia (L.) Urb. pessegueiro-bravo av. Nat. seci F x x

RUBIACEAE

Coffea arabica L. café ab Ex-BR-est. seci F x

RUTACEAE

Balfourodendron ridelianum (Engl.) Engl. guatambu av. Nat. sect. RR

1,

EM2 x x

Citrus sp. limoeiro av. Ex-BR-est. si F x

Metrodorea nigra A. St.-Hil. carrapateiro av. Nat. clim. x x

Zanthoxylum rhoifolium Lam. mamica-de-porca av. Nat. seci x x

Pilocarpus pennatifoliusLem jaborandi Ab. Nat. Sect. F x x x

Zanthoxylum chiloperone Mart. ex Engl. mamica av. Nat. seci x

Zanthoxylum riedelianum Engl. mamica av. Nat. pion. x x x

SALICACEAE

Casearia lasiophylla Eichler cambroé av. Nat. seci F DD2 x

Casearia sylvestris Sw. chá-de-frade Nat. pion. F x

Casearia gossypiosperma Briq. espeteiro av. Nat. seci F RR1 x

SAPINDACEAE

Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk. vacum av. Nat. sect. F x x

Cupania vernalis Cambess. cuvatã av. Nat. sect. F x x x x

Diatenopteryx sorbifolia Radlk maria-preta av. Nat. sect. x

Matayba elaeagnoides Radlk. miguel-pintado av. Nat. sect. F x

Serjania meridionalis Cambess. cipó li Nat. pion. x x

Serjania sp. cipó li Nat. pion. x

SAPOTACEAE

Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. aguaí av. Nat. clim. F x x x

SOLANACEAE

Solanum mauritianum Scop. fumo-bravo av. Nat. pion. x

URTICACEAE

Page 122: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Cecropia pachystachya Trécul, Ann. embauba Nat. pion. F x x

Urera baccifera (L.) Gaudich. Ex Wedd. urtiga ab Nat. pion. x

VERBENACEAE

Lantana camara L. cambará ab Ex-BR-inv. pion. x

Annona cacans Warm. ariticum av. Nat. sect. F x x

ZINGIBERACEAE

Hedychium coronarium J. Konig liírio-do-brejo hb. Ex-BR-inv. pion. x

LEGENDA:Hábito (Háb.), ab – arbusto, at – arvoreta, av – árvore, hb – herbácea, hbe – herbácea epífita, li –liana; Status, EX-BR – originária de outro país; EX-PR – originária de outro estado; EX-FES – originária de outra região fitogeográfica; Est – exótica estabelecida, Int. exótica introduzida, Inv – exótica invasora, Nat – nativa da região; Categoria sucessonal (Sucess.), pion – pioneira, seci – secundária inicial, sect – secundária tardia, clim – clímax, si – sem informação; Frugivoria (Frug.), F – representa espécies cujos frutos são consumidos por animais frugívoros; Categorias de conservação (Cons.), RR – rara, VU – vulnerável; EM – em perigo; DD – dados deficientes (de acordo com: 1 SEMA, 1995; 2 IUCN, 2011) T – Trilhas percorridas; BO – Borda.

Page 123: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

4.2.5 Espécies endêmicas e ameaçadas de extinção

Não foi detectada a existência de espécies endêmicas restritas à área do Horto Florestal. Por outro

lado, oficialmente, do total de espécies nativas abrangidas, dez se destacam por integrarem listas

de flora ameaçada (SEMA, 1995; IUCN, 2011; MMA, 2008):

Astronium graveolens guaritá (Figura 76)

Descrição: Árvore (15-25m), tronco cilíndrico, casca lisa com desprendimento de placas irregulares. Folhas compostas imparipinadas com 8 a 14 folíolos de cheiro característico. Flores pequenas de cor creme em agosto-setembro. Frutos secos entre outubro e novembro. Ecologia: Secundária inicial, decídua, heliófila ou de luz difusa. Típica da Floresta Estacional. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pela redução de habitar. Relativamente comum no Horto.

Aspidosperma polyneuron peroba (Figura 77)

Descrição: Árvore (20-30m), tronco ereto e cilíndrico, casca grossa e bastante estriada. Ramos pontilhados por pequenas lenticelas esbranquiçadas. Folhas simples, alternas e glabras. Flores pequenas esverdeadas. Frutos entre agosto e setembro, cápsula seca, cinzenta com pontos brancos. Ecologia: Climácica, perenifólia, de luz difusa. Típica da Floresta Estacional Semidecidual, onde foi muito explorada. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pela exploração madeireira, redução de habitat e fragmentação florestal. Indivíduos adultos são esparsos no Horto, no sub-bosque, nas regiões mais preservadas do Bosque ocorre regeneração natural com frequência.

Lonchocarpus muehlbergianus feijão-cru

Descrição: Árvore (15-25m), tronco cilíndrico e comprido, casca pardo-acinzentada. Copa pequena e pouco densa. Folhas compostas imparipinadas com 11 a 13 folíolos discolores. Flores azul-violáceas entre outubro e janeiro. Frutos vagens elípticas e achatadas, entre julho e agosto. Ecologia: Secundária inicial, semidecídua e heliófila. Típica da Floresta Estacional. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pela redução de habitat e fragmentação florestal. Relativamente comum no Horto.

Jaracatiá spinosa jaracatiá

Page 124: Plano de Manejo - Maring

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ

Descrição: Árvore (10-20m), tronco cilíndrico e espinhento, casca acinzentada. Folhas compostas palmatilobadas, com 8 a 12 folíolos glabros. Flores pequenas esverdeadas entre setembro e outubro. Frutos carnosos amarelos entre janeiro e março. Ecologia: Secundária inicial, decídua, heliófila. Comum na Floresta Estacional e ocasional na Floresta Atlântica. Seus frutos são comestíveis e muito apreciados pelos pássaros e outros animais silvestres. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pelo desmatamento e fragmentação florestal. Rara no Horto.

Machaerium paraguariense

Descrição: Árvore (5-12m), tronco curto e canelado, casca descama em placas finas. Folhas alternas, compostas, pinadas com folíolos elípticos. Flores pequenas, esverdeadas. Frutos secos e alados, de abril a junho. Ecologia: Secundária inicial, heliófila, semidecídua, de solos bem drenados. Ocorre tanto na Floresta Ombrófila. Mista quanto na Floresta Estacional Semidecidual. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pelo desmatamento e fragmentação. Ocorrência relativamente comum no Horto Florestal.

Myrocarpus frondosus cabreúva

Descrição: Árvore (20-35m), tronco cilíndrico e reto, casca rugosa, cinzenta e com densas fissuras reticuladas. Folhas compostas imparipinadas, alternas. Folíolos brilhantes, translúcidos. Flores pequenas verde-amareladas. Frutos em janeiro e fevereiro, sâmaras elípticas, apiculadas, planas, geralmente com uma semente. Ecologia: Decídua, secundária inicial a tardia, heliófila. Ocorre principalmente na Floresta Estacional Semidecidual e também na Floresta Ombrófila Densa Montana. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pela indústria madeireira, desmatamento e fragmentação florestal. Relativamente frequente no Horto.

Cedrela fissilis cedro

Descrição: Árvore (20-35m), tronco cilíndrico, longo, reto ou pouco tortuoso. Casca grossa, castanho-cinza com fissuras longitudinais profundas. Folhas grandes, alternas, compostas, pinadas. Folíolos verde-claros, tomentosos na face inferior. Inflorescência grande com pequenas flores branco-amareladas. Fruto de junho a agosto, cápsula seca, lenhosa de cor marrom-escura, com sementes aladas. Ecologia: Decídua, pioneira a secundária inicial, heliófila ou de luz difusa. Ocorre em todos os tipos florestais do Paraná. Situação: Considerada em perigo em nível global (IUCN, 2011). Ameaçada pela exploração madeireira e redução de habitat. Comum no Horto.

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HORTO FLORESTAL DE MARINGÁ

PLANO DE MANEJO

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Balfourodendron riedelianum guatambu (Figura 78)

Descrição: Árvore (20-30m), tronco ereto e longo, casca acinzentada a pardacenta, com lenticelas claras. Folhas compostas trifolioladas. Flores pequenas branco-amareladas de setembro a novembro. Fruto sâmara seca com quatro asas entre agosto e setembro. Ecologia: Secundária tardia, semidecídua, heliófila ou de luz difusa. Exclusiva da Floresta Estacional. Situação: Rara no Paraná e considerada em perigo em nível global (IUCN, 2011). Ameaçada pela exploração madeireira e redução de habitat. Relativamente comum no Horto, principalmente na regeneração natural de áreas do sub-bosque dos setores mais conservados.

Casearia gossypiosperma espeteiro

Descrição: Árvore (10-30m), tronco retilíneo e copa piramidal. Folhas alternas, membranáceas e glabras. Flores creme pequenas entre setembro e outubro. Frutos entre outubro e novembro. Ecologia: Secundária inicial, decídua, heliófila ou de luz difusa. Típica da Floresta Estacional, mas de ocorrência naturalmente esparsa. Situação: Rara no Paraná. Ameaçada pelo desmatamento e fragmentação florestal. Rara no Horto.

Casearia lasiophylla cambroé

Descrição: Árvore (5-10 m). Casca cinzenta. Folhas simples, alternas, tomentosas de forma a serem macias ao toque. Flores pequenas de cor branco-amarelado. Frutos de setembro a novembro, cápsulas globosas de cor amarela. Ecologia: Secundária inicial ou tardia, heliófila ou de luz difusa. Ocorre na Floresta Ombrófila Mista e na Floresta Estacional Semidecidual. Seus frutos são consumidos por aves. Situação: Em nível global é considerada com “Dados Deficientes”. Baixa frequência no Horto Florestal, observado apenas um indivíduo.

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Figura 76 -Astronium graveolens guaritá no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012

Figura 77 -Aspidosperma polyneuron peroba Fotos: IGPlan, 2012

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Figura 78 - Balfourodendron riedelianum guatambu no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012

4.2.6 Espécies de interesse econômico e cultural

São muitas as espécies úteis ao ser humano e, portanto de importância econômica existentes. Em cada fitofisionomia existe uma quantidade enorme de plantas que tem alguma forma de uso, principalmente usos econômicos, entram em questão o uso da madeira, fibras da casca, sementes, folhas, frutos ou raízes e até mesmo a sombra e o efeito ornamental, para uma produção de uma variedade de produtos, sejam eles móveis, remédios, alimentos, ou seja, a biodiversidade existente no Horto Florestal demonstra uma riqueza comercial imensa e uma reserva genética de plantas que tem muitas vezes utilidades ainda nem conhecidas. Dentre as espécies de importância madeireira se destacam principalmente as que ocorrem em

formações florestais, caso de Astroniumgraveolens guaritá, Myracrodruon urundeuva cabreúva,

Cedrela fissilis cedro, Tabebuia heptaphylla ipê-roxo e Aspidosperma polyneuron peroba várias

outras(IBGE, 2002;LORENZI, 1998).

Algumas espécies têm uso medicinal, dentre as presentes no Horto pode-se citar Casearia sylvestris guaçatunga, Gallesia integrifolia pau-d’alho e Sorocea bonplandii falsa-espinheira-santa dentre outras (ALMEIDA et al., 1998; IBGE, 2002;CARVALHO, 2003; LORENZI, 1998).

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Por fim, são igualmente relevantes as espécies alimentícias. Destacam-se Inga spp, Eugenia uniflora pitanga, Campomanesia xanthocarpa guabiroba e Annona cacans araticum (ALMEIDA et al., 1998; IBGE, 2002). A classificação completa de todas as possíveis formas de utilização de todas as espécies

encontradas é impossível, pois o número de usos em pesquisa e ainda não conhecidos é bastante

volumoso. Contudo diante de tamanha riqueza de usos ficam disponibilizados na Tabela 5, a

seguir, os principais usos de algumas espécies, obtidos por meio de informações bibliográficas e

conhecimento popular.

Tabela 5 - Principais espécies vegetais registradas no Horto Florestal de interesse cultural e econômico.

Nome cientifico Alimento Cosméticos / Corantes /

Resinas Madeira Medicinal Ornamental

Acacia polyphylla x

Acacia velutina x

Alchornea glandulosa x x

Alchornea triplinervia x x

Allophylus edulis x x

Anadenanthera colubrina x x

Anadenanthera peregrina x x

Annona cacans x x

Annona sp. x x

Aspidosperma polyneuron x x

Astronium graveolens x x x

Balfourodendron ridelianum x x

Bastardiopsis densiflora x x

Bougainvillea glabra X x

Cabralea canjerana X x

Campomanesia xanthocarpa x x

Cariniana estrellensis X x

Casearia gossypiosperma X x

Casearia sylvestris x

Casearia lasiophylla X

Cecropia pachystachya x x

Cedrela fissilis X x

Ceiba speciosa X x

Chrysophyllum gonocarpum X x

Croton floribundus X

Cupania vernalis X x

Dalbergia brasiliensis X

Enterolobium contortisiliquum X x

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Nome cientifico Alimento Cosméticos / Corantes /

Resinas Madeira Medicinal Ornamental

Eugenia sp. x

Eugenia uniflora x x

Ficus guaranítica X x

Ficus luschnathiana X x

Ficus sp. X x

Gallesia integrifolia x X x x

Guarea kunthiana X

Guarea macrophylla X

Holocalix balansae X x

Inga edulis x x

Ingamarginata x x

Inga sessilis

Jacaranda micrantha X x

Jacaranda puberula X x

Jaracatia spinosa x X X

Lonchocarpus guilleminianus X x

Lonchocarpus muehlbergianus X x

Luehea divaricata X x

Machaerium sp. X

Machaerium stipitatum X x

Machaeriumparaguariense X

Matayba elaeagnoides x x

Metrodorea nigra x x

Nectandra megapotamica x x

Ocotea corymbosa x

Ocotea indecora x

Ocotea puberula x

Parapiptadenia rigida x x

Peltophorum dubium x x

Plinia sp. x

Prunus myrtifolia x x

Schinus terebinthifolia x X x

Solanum mauritianum X

Sorocea bonplandii x X

Tabebuia heptaphylla x x

Trichilia elegans x

Trichilia pallida x

Trichilia sp. x

Urera baccifera X

Zanthoxylum chiloperone x

Zanthoxylum riedelianum x

Fonte: Pott e Pott (1994), Silva Junior e Pereira (2009), Silva Junior (2005) e Lorenzi, 1998.

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4.2.7 Espécies arbustivas herbáceas e lianas

Além das espécies arbóreas, as comunidades vegetais do Horto também comportam várias espécies arbustivas, herbáceas e lianas.Dentre as plantas de porte arbustivo e herbáceo mais relevante estão espécies heliófilas ou de luz difusa que ocupam as clareiras existentes e principalmente áreas degradadas na borda do Horto. Neste quesito destacam-se diversas lianas que acabam por se disseminar pelas clareiras e em árvores (Figura 79). A abundância destas espécies é um reflexo das perturbações ocorrentes devido ao efeito de borda, que potencializa principalmente luz e calor nas áreas de borda. Apesar de algumas dessas lianas serem espécies nativas, sua ocupação demasiada, potencializada pelas perturbações na floresta, pode retardar a regeneração da comunidade florestal, por dificultar a sobrevivência de espécies chaves, por formar amplas redes no dossel, retardar germinação e o desenvolvimento de outras espécies, podemos citar como exemplo dessas lianas: Pyrostegia venusta cipó-de-são-joão e Serjania spp.

Figura 79 - Lianas crescendo sobre árvores e ocupando clareiras na borda do Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

A composição do estrato herbáceo terrícola da floresta varia de acordo com as condições ambientais de cada setor do Horto Florestal. Nos ambientes mais sombreados, nos trechos em melhor estado de conservação, que constituem a maior parte do Horto Florestal, são relativamente comuns arbustos de Justicia brasiliana, Calathea sp. caête, Miconia sp. e Piper spp.. Nas áreas de clareiras prevalecem lianas diversas e espécies como Celtis iguanaea esporão-de-galo e Merostachys multiramea taquara. Outro grupo a ser mencionado é o das epífitas, plantas que se fixam sobre outras plantas, mas que ao contrário das parasitas, não causam mal ao indivíduo que lhes fornece o

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apoio. A riqueza em epífitas geralmente indica que a comunidade florestal se encontra em processo avançado de sucessão e que não vem sofrendo perturbações. De maneira geral, o Horto, possui riqueza de epífitas bastante interessante, porém, algumas não puderam ser identificadas por não apresentar flores. Em alguns indivíduos de maior porte o epifitismo se faz presente com expressão (Figura 80), incluindo epífitas exóticas. Dentre as espécies de epífitas registradas pode-se destacar Philodendron spp,Epiphylum sp. e Rhipsalis spp.

Figura 80 - Holocalix balansae alecrimcom epifitismo evidente no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

4.2.8 Espécies vegetais exóticas

Espécies exóticas são aquelas que ocorrem numa área fora de seu limite natural historicamente conhecido, como resultado de introdução acidental ou intencional através de atividades humanas (INSTITUTO DE RECURSOS MUNDIAIS; UNIÃO MUNDIAL PARA A NATUREZA; PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE, 1992). À medida que uma espécie exótica introduzida consegue estabelecer populações autossustentáveis, passa a ser considerada espécie estabelecida. Algumas das espécies estabelecidas tornam-se aptas a avançar sobre ambientes naturais e alterados, transformando-se em espécies invasoras. Desta forma, uma exótica invasora é uma espécie introduzida que se propaga, sem o auxílio do homem, e passa a ameaçar ambientes fora do seu território de origem, causando impactos ambientais e sócio-econômicos (ZALBA, 2006). As espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda

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maior causa de extinção de espécies no planeta, afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana (MMA, 2006). A problemática das espécies invasoras está relacionada ao fato de que estas não são consideradas daninhas pelas pessoas que as cultivam em suas propriedades. A sociedade desconhece o elevado potencial de contaminação biológica apresentado por determinadas espécies, considerando-as em muitos casos até como nativas (BLUM et al., 2005). Foram detectadas 39 espécies exóticas na área do Horto Florestal. Nas categorias introduzidas e estabelecidas enquadram-se várias espécies, principalmente de cunho ornamental, provavelmente inseridas no Horto em jardins que tentaram ser formados no passado, ficam em sua maioria em proximidade das edificações existentes, ou ao redor das lagoas, dentre essas espécies podemos citar: Epipremnum pinnatum jibóia (Figura 81), Agave angustifolia agave (Figura 82), Justicia sp., Hibiscus sp., Philodendron sp. (Figura 83), Monstera sp. costela-de-adão, dentre outras. Das mesmas categorias, mas com utilização mais diversa podemos citar Eucalyptus sp.,Delonix regia flamboyant (Figura 84), Coffea arabica café (Figura 85) e Citrus sp., observadas principalmente na bordadura do Horto ou da trilha de entrada (Sítio 01).

Figura 81 - Epipremnum pinnatum jibóia usando árvores como apoio no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 82 - Agave angustifolia agavepresente no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 83 - Phlodendroni sp.presente no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 84 - Flores de Delonix regia flamboyant no dossel da floresta. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 85 - Coffea arabica café no sub-bosque do Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Importante citar que existem plantios no Horto de espécies arbóreas de grande porte, de grande beleza ornamental, nativas do Brasil, porém não ocorrentes na Floresta Estacional Semidecidual, provindas de outras fitofissionomias. Como é o caso do Schizolobium parahyba guapuruvu (Figura 86), que é comumente encontrado na Floresta Ombrofila Densa, principalmente na serra do mar paranaense. No Horto Florestal foi criado um grande jardim com concentração dessa espécie (Figura 87), porém, ela não apresenta

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grande poder de disseminação e comportamento invasor, existindo poucos indivíduos em meio à floresta, não são indicados novos plantios. Outra espécie que pode ser citada é a Sterculia apetala manduvi (Figuras 88 e 89), espécie muito comum na Floresta do Pantanal, na Amazônia e com alguma frequência nas Florestas Estacionais do Mato Grosso, porém, não ocorrentes na Floresta Estacional Semidecidual do Paraná, trata-se de espécie importante para a preservação da ave Anodorhynchus hyacinthinu arara-azul, mas que também não é presente na região de Maringá. A ocorrência da Sterculia apetala manduvi no Horto Florestal é devido a plantios que foram realizados nas bordas de trilhas, pois se considerou a árvore para ornamentar ainda mais o remanescente, mas atualmente pode-se notar um alto poder de disseminação dessa espécie, constando indivíduos em vários setores do Horto e uma regeneração natural bastante evidente, mesmo em locais sombreados. Como os indivíduos adultos dessa espécie são enormes e sua retirada causaria grandes impactos à floresta, principalmente pela abertura de clareiras, fica recomendado o controle de disseminação dessa espécie explicitado em capítulo específico. As espécies Caesalpinea ferrea pau-ferro e Tabebuia chrysotricha ipê-amarelo, também se enquadram em espécies nativas do Brasil, mas exóticas da Floresta Estacional Semidecidual e plantadas no Horto Florestal para embelezamento, porém, estas não apresentam comportamento invasor, estando apenas estabelecidas no remanescente sem grandes impactos a flora e fauna. Importante citar a espécie Pistia stratiotes alface-da-água, uma macrófita aquática, que apesar de ser nativa do Brasil e provavelmente constante em lagoas e brejos da Floresta Estacional Semidecidual, no caso do Horto Florestal assumiu um comportamento de planta daninha (invasora), cobrindo toda a superfície de uma das lagoas existente, causando eutrofização e perda de biodiversidade desta lagoa (Figura 90). Também ocorrem espécies de forte caráter invasor como as árvores: Leucena leucocephala leucena, estando presente principalmente em clareiras nas bordas do Horto; Melia azedarachsanta-bárbara, com invasão ainda pouco evidente e estando isolada pontualmente principalmente ao redor da lagoa; Eriobotrya japonica nêspera, ainda com presença pouco evidente e esparsa dentro da área: Mangifera indica mangueira; apresenta presença esparsa; Persea americana abacate, vista esparsamente em setores diversos; Psidium guajava goiaba (Figura 91), apresenta invasão pouco evidente ainda, mas indivíduos foram observados em diversos setores; Holvenia dulcis uva-do-japão (Figura 92), observada principalmente em proximidades de bordas e da lagoa. Pode-se notar que ao redor da lagoa principal (coberta por alface-da-água) é onde temos a maior concentração de espécies exóticas, seja invasora ou estabelecida, isso se deve ao local ser destinado ao paisagismo sendo plantadas diversas espécies exóticas,

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inclusive arbóreas. Atualmente no local está sendo formado um pomar ao redor da lagoa, onde constam várias exóticas invasoras já citadas.

Figura 86 - Schizolobium parahyba guapuruvuno dossel da floresta do Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 87 - Bosque ornamental com predominância de Schizolobium parahyba no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 88 - Sterculia apetala manduvipresente no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 89 - Indivíduo adulto de Sterculia apetala manduvi no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 90 - Lagoa feita na nascente do Córrego Borba Gato com predomínio de Pistia stratiotes alface-da-água no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 91 - Psidium guajava goiaba no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 92 - Houvenia dulcis uva-do-japão no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Plantas herbáceas e consideradas de grande poder de invasão também são existentes como: Ricinus communis mamona (Figura 93), avistada em proximidade da lagoa e Hedychium coronarium lírio-do-brejo, presente nas aberturas de algumas vossorocas. Uma espécie de bambu Dendrocalamus sp. bambuzão (Figura 94) tem grandes touceiras localizadas, mas pouco poder de disseminação. Gramíneas invasoras encontram-se principalmente em áreas degradadas, clareiras em meio ao Bosque e bordaduras.

Figura 93 - Ricinus communis mamona no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 94 - Dendrocalamus sp. bambuzão nas margens do Córrego Borba Gato no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

4.2.9 Cobertura vegetal e de ocupação do Horto Florestal

Na tabela 6 são apresentadas as áreas de cobertura para cada classe de vegetação existente no Horto Florestal. Verifica-se que a classe mais representativa é a Floresta Estacional Semidecidual no estágio avançado da sucessão, ocupando quase a totalidade da área do Horto (50,68%). Tabela 6 - Classes de cobertura vegetal e ocupação do Horto Florestal.

Classes Área (ha)

Lagoa 0,04

Vegetação Ornamental (jardins e afins) 1,40

Floresta estágio Inicial 0,16

Floresta Estacional Semidecidual estágio Avançado 39,78

TOTAL (Limite do Parque) 41,38

A seguir são descritas as classes de cobertura vegetal existentes no Horto:

4.2.9.1 Floresta no estágio avançado da sucessão

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Essa fitofisionomia fica amplamente distribuída pelo Horto, englobando todos os sítios (trilhas) percorridos. A floresta do Horto Florestal se apresenta em geral com estratos florestais bem definidos, boa diversidade de espécies, e indivíduos de grande porte fechando um dossel relativamente bem constituído. Não se trata de uma floresta primária, tendo havido preteritamente, conforme relatos, retirada de espécies madeireiras como Aspidosperma polyneuron peroba e alimentícias como Euterpes edulis palmito, que atualmente ocasionalmente continuam a serem retiradas por invasores. Pesa sobre o conservado estado da vegetação, que engloba a maior parte do Horto, a ação degradante de descarga pluvial, que vem formando vossorocas e com isso derrubando árvores e abrindo clareiras não naturais que aumentam invasões de espécies exóticas e o efeito de borda, além de contribuir para a degradação do solo (Figuras 95 a 97).

Figura 95 - Descarga pluvial em área do Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 96 - Vossoroca formada por descarga pluvial no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 97 - Lixo e erosão consequência da descarga pluvial no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Na maior parte da área temos uma floresta bem conservadas, com árvores formando um dossel alto (25 metros) e demais estratos com melhor constituição. De um modo geral, o dossel da floresta é caracterizado por espécies pioneiras, secundárias e climácicas com destaque para Aspidosperma polyneuron peroba, Parapiptadenia rigida gurucaia (Figura 98), Alchornea spp. tapiás, Gallesia integrifólia pau-d’alho (Figura 99), Cabralea canjarana canjarana (Figura 100), Cedrela fissilis cedro,

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Balfourodendron riedelianum guatambu, Holocalix balansae alecrim, Astronium graveolens guaritá, Enterolobium contortisiliquum orelha-de-macaco e a exótica vinda do Pantanal Sterculia apetala manduvi. Também são comuns Nectandra megapotamica canelinha, Zanthoxylum spp. mamicas, Casearia sylvestre guaçatunga, Metrodorea nigra carrapateiro, Bougainvillea glabra primavera, Inga spp. ingás (Figura 101), Annona cacans ariticum, Cupania vernalis cuvatã, Campomanesia xanthocarpa guabiroba (Figura 102), Lonchocarpus muehlbergianus feijão-cru, Plinia sp. guamirim, Eugenia spp. pitangas, entre outras. O sub-bosque, é caracterizado por arvoretas e arbustos umbrófilos como Cordyline sp., Pilocarpus pennatifolius jaborandi (Figura103), Actinostemon concolor laranjeira-brava, Guarea spp. (Figura 104) e Trichilia spp.

Figura 98 - Indivíduo adulto de Parapiptadenia rigida gurucaia no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 99 - Imponente exemplar de Gallesia integrifólia pau-d’alho no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 100 - Cabralea canjarana presente no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 101 - Inga sp. presente no Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 102 - Campomanesia xanthocarpa guabirobaem meio à floresta do Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 103 - Pilocarpus pennatifolius jaborandi no sub-bosque do Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 104 - Fruto de Guarea sp. presente no Horto Florestal. Fotos: IGPlan, 2012.

4.2.9.2 Vegetação no estágio inicial da sucessão

Existem clareiras localizadas principalmente na bordadura do Horto Florestal e em áreas degradadas pela erosão, nestas existe uma vegetação no estágio inicial herbáceo-arbustivo da sucessão. São na maioria dos casos de pequena extensão, causadas

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principalmente por quedas de árvores e erosão, atualmente povoadas por lianas, bambus, arbustos e gramíneas invasoras (Figura 105 a 107). Estas pequenas clareiras não são possíveis de locação através de imagem de satélite, pois as copas do entorno camuflam sua existência, mas ficam estimadas no mapa de vegetação através de marcação in loco realizada por GPS de navegação.

Figura 105 - Clareira com vegetação herbácea em setor da borda do Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 106 - Clareira com invasão de espécies ornamentais exóticas. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 107 - Clareira com vegetação no estágio inicial herbáceo-arbustivo e invasão de espécies exóticas. Fotos: IGPlan, 2012.

Nas bordas do remanescente além de várias pequenas clareiras predomina também espécies arbóreas pioneiras, nativas e exóticas, fazendo deste setor (borda) o mais degradado do Horto. Em alguns setores de borda temos uma vegetação que podemos classificar como entre o estágio inicial arbóreo e médio da sucessão, porém, como para o mapeamento desses setores e classificação seriam necessários estudos mais aprofundados e levantamentos de longo prazo, mesmo na borda a floresta ficou classificada como em estágio avançado da sucessão. As espécies arbóreas nativas mais frequentes observadas na borda são: Croton floribundus capixingui, Solanum mauritianum fumo-bravo, Parapiptadenia rigida gurucaia; Alchornea spp. tapiás; Anadenanthera spp. angicos; Cedrela fissilis cedro; Cabralea canjarana canjarana; Cecropia pachystachya embaúba, Ceiba speciosa paineira; Bougainvillea glabra primavera; Tabernaemontana histryx leiteiro, Trema micrantha grandiúva e Acacia polyphilla monjoleiro. A espécie exótica que predomina nos setores mais degradados da borda é a Leucena leucocephala leucena.

4.2.9.3 Vegetação ornamental (áreas com ajardinamento)

Existem setores no Horto Florestal com plantios de espécies ornamentais nativas e exóticas que se diferenciam do restante do Horto. Enquadram-se nessa categoria a vegetação em torno da lagoa e barragens existentes, que desde a abertura do Horto foram utilizadas como jardins paisagísticos, atualmente um pomar está sendo constituído no local, além de ainda constar várias espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas

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ornamentais exóticas e nativas (Figuras108 a 110); a vegetação em torno das construções existentes em proximidade da entrada do Horto, que possui ajardinamento e áreas abandonadas de viveiros (Figuras 111 a 114); e o bosque constituído com predomínio de Schizolobium parahyba guapuruvu, que também fica em proximidade da lagoa.

Figura 108 - Lagoa principal com jardim no entorno na década de 1960. Fotos: CMNP, 2012.

Figura 109 - Edificação onde funcionava a administração do Horto Florestal. Fotos: CMNP, 2012.

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Figura 110 - Entorno da lagoa atualmente com pomar sendo constituído e lagoa eutrofizada. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 111 - Ruínas de antigo setor do viveiro com invasão de lianas e epífitas. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 112 - Ruínas de setor de viveiro e pesquisa do Horto. Fotos: IGPlan, 2012.

Figura 113 - Área de ajardinamento abandonada próximas a edificações e viveiro. Fotos: IGPlan, 2012.

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Figura 114 - Área de ajardinamento abandonada. Fotos: IGPlan, 2012.

4.2.10 Considerações gerais

Diante da atual situação em que se encontra a Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, com a cobertura original tendo sido quase totalmente destruída, é muito importante que o remanescente do Horto Florestal se encontre protegido, pois se trata de um dos poucos exemplos dessa tipologia florestal em bom estado de conservação. O Horto se apresenta em meio urbano consolidado, tendo a expansão do remanescente contido e causando um efeito de borda com invasão de espécies exóticas. Poucas ações de conservação foram efetivadas no Horto nos últimos anos, causando uma degradação contínua, principalmente pela ação das descargas pluviais existentes na área. De maneira geral, o remanescente continua mantendo uma floresta no estágio avançado da sucessão, mas sofrendo pressões e impactos que enfraquecem a evolução dessa sucessão ecológica. Um controle do efeito de borda com enriquecimento florestal e recuperação das clareiras, além da retirada das espécies exóticas são essenciais para que a funcionabilidade ecológica do Horto seja revigorada. O remanescente em questão tem importância principalmente como abrigo de fauna, proteção de nascentes, banco genético de espécies da flora, conservação de solo e como início de um corredor ecológico que poderá ser bastante funcional se recuperado, levando a outros remanescentes importantes.

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Programas de fiscalização e monitoramento das áreas do Horto, principalmente verificando focos de incêndio e vestígio de invasões por cidadãos não autorizados, são essenciais para resguardar a sua flora.

4.3 Peixes

4.3.1 Introdução

A cidade de Maringá inclui drenagens que afluem para as cabeceiras do rio Pirapó e em direção ao rio Ivaí, rios componentes do grande sistema hidrográfico da Bacia do Paraná. Seu núcleo urbanos e desenvolveu num divisor de águas entre as duas bacias hidrográficas mencionadas, incluindo rios de primeira a terceira ordens, cujas dimensões oferecem ambiente de vida principalmente para espécies de peixes de pequeno e médio porte, com frequência menos conhecidas em seus aspectos taxonômicos e ecológicos. Nessas condições hidrográficas a fauna de peixes é composta por uma parcela das espécies que caracterizam a grande Bacia do Paraná, na qual se indica a existência de não menos de 300 espécies ictíicas. Na realidade brasileira, ambientes aquáticos circunscritos por áreas de urbanização demonstram, na maioria dos casos, alterações das condições de fundo por assoreamento, perda de qualidade de água e severas modificações da vegetação ripária, resultando na simplificação ou, por vezes, desaparecimento da fauna de peixes original de pequenos córregos e rios. Na bacia do Paraná, uma das mais alteradas do mundo pela conversão de áreas agricultáveis e utilização das águas para fins hidrelétricos, as perdas de biodiversidade são de difícil contabilização, pois não se têm estudos sistemáticos prévios as alterações dos ambientes aquáticos. De estudos abrangentes como os de Galves et al. (2009), depreende-se que muito ainda se desconhece dos rios do Alto Paraná, sendo particularmente notável a carência de estudos na bacia do rio Ivaí, conforme se indica pelo mapeamento dos trabalhos analisados pelos autores. Entre os recentes trabalhos de levantamento realizados na região em estudo no norte do Paraná, particularmente nas bacias do alto Pirapó e Ivaí, podem ser citados Cunico et al. (2009) Araújo et. al. (2011) e Pagotto et al. (2012).

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4.3.2 Métodos de estudo

O levantamento de espécies de peixes apresentado adiante e a indicação das passíveis de ocorrência em ambientes aquáticos do horto florestal ou adjacências teve como fundamentos: visitas in loco para avaliação do estado de conservação dos ambientes aquáticos; análise dos trabalhos de levantamento de espécies realizados em ambientes análogos na região (bacias); Entrevistas com oradores locais e funcionários para a indicação de formas capturadas em atividades de pesca amadora; seleção das espécies potencialmente ocorrentes nos rios e coleções d’água estudadas. No caso do Horto Florestal Luiz Teixeira Leite, os principais ambientes avaliados correspondem ao Córrego Borba Gato e a um lago artificial estabelecido em sua área nuclear (Figuras 115 e 116).

Figuras 115 e 116 - Lago artificial com superfície tomada pelo repolho d’água Pistia stratiotes (esquerda) e o córrego Borba Gato (direita) em trecho com fundo rochoso e águas translúcidas.

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4.3.3 Resultados

Da análise desses trabalhos conclui-se que pelo menos 41 espécies ictíicas relacionadas para a região do Alto Ivaí, as quais poderiam estar habitando cursos d’água com as características do Córrego Borba Gato (Tabela 7). Estas se enquadram em 16 famílias de cinco diferentes ordens, das quais duas, Characiformes e Siluriformes, são tipicamente predominantes em número de espécies nos rios neotropicias. Tabela 7 - Lista de peixes de riachos de primeira e segunda ordens da bacia do rio Ivaí, distribuídas nas respectivas ordens e famílias, com base nos trabalhos de Maier (2008) e Araújo et al. (2011).

ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

ORDEM CHARACIFORMES (saicangas, lambaris, piaus e traíras) Família Acestrorhynchidae Acestrorhynchus lacustris (Lütken, 1875) peixe-cachorro Família Characidae Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 tambiú Astyanax bockmanni Vari & Castro, 2007 lambari Astyanax aff. fasciatus (Cuvier, 1819) lambari Astyanax aff. paranae Eigenmann, 1914 lambari Aphyocharax sp. pequira Bryconamericus aff. iheringi (Boulenger, 1897 lambari Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 lambari Odontostilbe sp. lambarizinho Oligosarcus paranensis Menezes & Géry, 1983 saicanga Roeboides descalvadensis Fowler, 1932 dentudo Família Crenuchidae Characidium aff. zebra Eigenmann, 1909 canivete Família Parodontidae Apareiodon affinis (Steindachner, 1879) canivete Família Curimatidae Cyphocharax nagelii (Steindachner, 1881) sagüiru Steindachnerina brevipinna (Eigenmann & Eigenmann, 1889) sagüiru Steindachnerina insculpta (Fernández-Yépez, 1948) sagüiru Família Anostomidae Leporinus amblyrhynchus Garavello & Britski, 1987 piau

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Família Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) traíra, lobo Hoplias sp. traíra

ORDEM SILURIFORMES (bagres e cascudos) Família Auchenipteridae Glanidium cesarpintoi Ihering, 1928 bocudo Família Pimelodidae Iheringichthys labrosus (Lütken, 1874) mandi-beiçudo Pimelodus heraldoi Azpelicueta, 2001 mandi Família Heptapteridae Cetopsorhamdia iheringi Schubart and Gomes, 1959 bagrinho Imparfinis mirini Haseman, 1911 mandizinho Imparfinis schubarti (Gomes, 1956) mandizinho Pimelodella avanhandavae Eigenmann, 1917 mandi-chorão Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) jundiá Família Trichomicteridae Trichomycterus sp.1 candiru Trichomycterus sp.2 candiru Família Callichthyidae Corydoras aeneus (Gill, 1858) limpa-vidro Família Loricariidae Ancistrus sp. cascudo-roseta Hisonotus sp. cascudinho Hypostomus ancistroides (Ihering, 1911) cascudo Hypostomus cf. strigaticeps (Regan, 1908) cascudo Hypostomus sp. cascudo Rineloricaria cf. latirostris (Boulenger, 1900) rapa-canoa Rineloricaria cf. pentamaculata Langeani & Araújo, 1994 rapa-canoa

ORDEM CYPRINODONTIFORMES (barrigudinhos e guarus) Família Poeciliidae Phalloceros harpagus Lucinda, 2008 barrigudinho Poecilia reticulata Peters, 1859 guaru

ORDEM PERCIFORMES (acarás e joanas) Família Cichlidae Geophagus aff. brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) cará

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ORDEM SYNBRANCHIFORMES (muçuns) Família Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 muçum

As espécies listadas correspondem aquelas até o momento citadas para rios tributários do Alto Ivaí. Contudo, se consideradas as espécies registradas por Cunico et al. (2009), também em Maringá, porém nas vertentes que afluem para o rio Pirapó, a estas somam-se outras 29, das quais 14 são indicadas como espécies novas naquele trabalho, o que totalizaria 70 espécies passíveis de ocorrência em drenagens da área urbana de Maringá. Interessante observar que nos corpos d’água estudados em Maringá, peixes não nativos da família Poecilidae representam a maioria absoluta dos espécimes capturados. Tal dominância possivelmente está relacionada ao fato de se tratarem de peixes muito resilientes a condições de conservação adversas, com estratégias de vida que incluem a predação de larvas de dípteros sinantrópicos e a proliferação por viviparidade, sem a exposição de ovos às condições hostis dos ambientes aquáticos poluídos. Os registros obtidos para o Alto Ivaí também são escassos em discussões sobre a presença de espécies exóticas largamente distribuídas em coleções d’água brasileiras, como é o caso da tilápia Oreochromis niloticus, usada em pisciculturas para alimentação e o lebiste Poecilia reticulada, frequentemente liberada em ambientes aquáticos urbano por aquaristas amadores. Também não incluem Gymnotiformes (tuviras) e o tamboatá Callichthys callichthys, geralmente comuns em coleções d’água de pequeno porte e pouco conservadas. 4.3.4 Considerações gerais

Os corpos d’água limítrofes e interiores ao Horto Florestal se encontram em condições de conservação não propícias à manutenção de importante parcela da fauna de peixes que deveriam caracterizar os rios de Maringá. O Córrego Borba gato, além do provável aporte de efluentes não tratados e despejados de maneira clandestina, recebe águas pluviais concentradas a partir de drenagens do entorno, condição que periodicamente instabiliza biótopos aquáticos pelo rápido aumento do fluxo hídrico. Por sua vez, o lago artificial estabelecido tem a lâmina d’água completamente tomada pelo repolho d’água Pistia stratiotes, situação deletéria para a manutenção de níveis de oxigênio e produtividade primária adequados para a subsistência da fauna aquática nativa. A proliferação de espécies de peixes não nativas já verificadas para ambientes aquáticos similares de Maringá indica a potencial competição com espécies autóctones por

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ambientes e recursos alimentares, potencialmente agravando o quadro de perda de biodiversidade da fauna ictíica. Da análise do trabalho de Oliveira & Bennemann (2005) evidenciam-se estes e outros fatores como tipicamente relacionados a alterações da ictiofauna em riachos urbanos do sul do Brasil. Programas ambientais básicos e de tecnologia já conhecida para o restabelecimento do equilíbrio físico e químico dos ambientes aquáticos podem ser conduzidos na área de conservação e seu entorno imediato, surtindo efeitos de médio e longo prazo positivos para a recuperação da biota aquática como um todo.

4.4 Répteis e anfíbios

4.4.1 Introdução

Originalmente, a região Norte do Estado do Paraná mostrava-se com uma alternância elevada de tipologias vegetacionais. Embora predominantemente revestida pela Floresta Estacional Semidecidual, ocorriam localmente pequenos fragmentos de Cerrados que testemunhavam que esse sistema já esteve presente na história regional (e.g., Maack, 1981), possivelmente gerando comunidades biológicas complexas pela miscigenação de faunas com exigências ecológicas variáveis (e.g., espécies de áreas abertas versus espécies florestais). Acrescente-se ainda a isso a presença de espécies associadas a ambientes periodicamente inundados, considerando-se especialmente as formações de várzeas e pequenos pantanais que ocorrem ao longo do rio Paraná e nas porções baixas de seus principais afluentes, com destaque ao rio Ivaí. Atualmente, o cenário da região norte do Paraná consiste na predominância de áreas alteradas pela ação antrópica, com destaque à pecuária e à agricultura mecanizada. Ainda assim, alguns fragmentos mantêm faunas com diversidade específica significativa e que sustentam a hipótese biogeográfica da influência do Cerrado e dos sistemas de várzeas nas composições das comunidades biológicas regionais. No processo de criação de Unidades de Conservação, é importante avaliar o quanto estas áreas comportam de faunas de diferentes origens, inclusive com vistas a se definir quais mecanismos de manejo poderão ser implementados com vistas à sua proteção. Este relatório apresenta uma lista de espécies de anfíbios e répteis registradas para o Horto Florestal de Maringá, acompanhada de informações referentes a ambientes de ocorrência e demais condições que possam subsidiar a avaliação da significância da área, seu zoneamento da área e estratégias com vistas à sua conservação.

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4.4.2 Métodos de estudo

O presente estudo foi realizado através da análise da literatura e mediante a busca em campo de espécies de anfíbios e répteis que pudessem ser utilizados como indicadores do estado de conservação do Horto e/ou subsidiar seu zoneamento e gestão. As atividades de campo foram realizadas nos dias 10 e 11 de novembro de 2012 e, para a constatação de espécies, foram efetuadas inspeções de diversos tipos de ambientes, realizadas tanto em períodos diurnos quanto noturnos (Heyer et al., 1990; Franco &Salomão, 2002). Quando do encontro de exemplares, foi efetuado o registro da espécie em caderneta de campo, contando com dados sobre coordenadas (tomadas com auxílio de aparelho GPS), horário, ambiente e atividade. Para anfíbios anuros, foi ainda efetuada a gravação de vocalização para identificação sonora. Não foram efetuadas coletas de espécimes. O trabalho de campo também foi efetuado através da realização de entrevistas com funcionários da Prefeitura Municipal de Maringá com conhecimento sobre a área. Em tais entrevistas, foram consideradas apenas aquelas espécies que não gerassem dúvidas, tais como a cascavel e o lagarto teiú. 4.4.3 Resultados

4.4.3.1 Riqueza de espécies e aspectos ecológicos e biogeográficos

Segundo dados da literatura (e.g., Bérnils & Moura-Leite, 1990; Morato, 1991, 1995; Bernarde et al., 1997; Moura-Leite et al., 1997; Machado et al., 1999; Ribas & Monteiro-Filho, 2002; Bérnils et al., 2004; Segalla & Langone, 2004) e das coleções herpetológicas do Museu de História Natural Capão da Imbuia (Curitiba) e do Instituto Butantan (São Paulo), para a região Norte do Paraná são esperadas as ocorrências de 47 espécies de répteis e 23 de anfíbios. Conforme já salientado, esta região insere-se no contexto da Floresta Estacional Semidecidual da bacia do Paraná, apresentando certa influência do Cerrado em função da possível presença desse ambiente de maneira significativa na história biogeográfica regional (Maack, 1981). As riquezas de espécies acima se referem a uma extensa área que estende-se desde a bacia do rio Tibagi a leste até o rio Paraná a oeste, tendo-se ainda como limites as bacias dos rios Piquiri ao sul e Paranapanema ao norte. Para a Grande Maringá, especificamente, existem poucas informações sobre a herpetofauna nas fontes consultadas. No total, os registros disponíveis indicam a ocorrência de 16 répteis e 7 anfíbios para território municipal, valores que perfazem 34% e 30,4% de cada grupo na região norte do Paraná, respectivamente. Além disso, registros mais recentes demonstram que esta fauna é composta quase exclusivamente por espécies de ampla distribuição geográfica, denotando a condição de alteração vigente na região.

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No que tange à área do Horto Florestal em si, não existem informações na literatura e/ou em coleções. Desta forma, os dados ora apresentados devem-se essencialmente às observações de campo realizadas e às entrevistas. Entretanto, uma análise da paisagem local permite também realizar predições sobre possíveis ocorrências de espécies, sendo tais informações apresentadas em caráter indicativo para a realização de atividades futuras de pesquisa e monitoramento. A variabilidade significativa de ambientes herpetofaunísticos encontrada submete à necessidade de tais estudos. A partir dos estudos de campo realizados, foi possível registrar a ocorrência, para a área do Horto, de sete espécies de anfíbios (todos da ordem Anura) e 12 de répteis (um quelônio, quatro lagartos, uma anfisbena e seis serpentes) (Tabela 8). Possivelmente, esta riqueza encontra-se subestimada em relação àquela presente no local, haja vista a boa condição da vegetação de partes da área e, também, à presença do ribeirão Borba Gato, o qual, ao interligar a área do Horto a outros pequenos fragmentos florestais a jusante, deve funcionar como um microcorredor ecológico, ao menos para espécies de menor porte. As espécies registradas não consistem em novidades para a região, sendo todas frequentes em diversas localidades amostradas na região Norte do Estado do Paraná, desde Unidades de Conservação até áreas com vegetação fragmentada. Algumas das espécies registradas são normalmente associadas a ambientes florestais em estágio médio e bom de conservação (e.g., as pererecas Aplastodiscus perviridis e Hypsiboas prasinus, a jararaca Bothrops jararaca e a coral-falsa Erythrolamprus aesculapii– ver Bernarde et al., 1997, Machado et al., 1999 e Sazima & Haddad, 1992). Entretanto, a maior parte das espécies registradas apresenta ampla valência ecológica, não detendo características indicadoras. Deve-se salientar, nesse sentido ainda, a ausência local, ao menos no período de estudo, de registro da perereca Vitreorana uranoscopa, a qual seria esperada para as margens do ribeirão Borba Gato em função das características do hábitat (pequeno curso d’água com vegetação ripária florestal). Esta espécie é considerada indicadora de águas em boa qualidade (Segalla & Langone, 2004), e estudos futuros deverão buscar avaliar essa condição.

Tabela 8 – Anfíbios e répteis registrados no Horto Florestal de Maringá.

Ordenamento Taxonômico Nome Popular Forma de Registro

Ambientes Hábitos

ANFÍBIOS Ordem Anura Família Bufonidae Rhinella schneideri Sapo ENT Fl, Bn, Ab Ter Família Hylidae Aplastodiscus perviridis Perereca-verde AUD Fl, Bn Arb Dendropsophus minutus Perereca AUD Bn Arb Hypsiboas prasinus Perereca AUD Fl, Bn Arb

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Ordenamento Taxonômico Nome Popular Forma de Registro

Ambientes Hábitos

Hypsiboas faber Sapo-ferreiro AUD Fl, Bn Aq, Ter, Arb Scinax fuscovarius Perereca AUD Fl, Bn, Ab, Ur Ter, Arb Família Leptodactylidae Leptodactylus latrans Rã-manteiga AUD Bn Ter, Aq RÉPTEIS Ordem Testudines Espécie não determinada Cágado (?) ENT Bn Aq Ordem Squamata (A-Lagartos) Família Tropiduridae Tropidurus torquatus Calango VIS Ab Arb Família Gekkonidae Hemidactylus mabouia Lagartixa VIS Ur Ter, Arb Família Teiidae Salvator merianae Lagarto ou teiú VIS, ENT Fl, Ab Ter Família Anguidae Ophiodes striatus Cobra-de-vidro ENT Fl, Ab Ter Ordem Squamata (B-Anfisbenas) Família Amphisbaenidae Amphisbaena sp. Cobra-de-duas-cabeças ENT ? Sub Ordem Squamata (C-Serpentes) Família Dipsadidae Erythrolamprus aesculapii Coral-falsa ENT Fl Ter Erythrolamprus poecilogyrus Cobra-lisa VIS Fl Ter Philodryas olfersii Cobra verde ENT Fl, Ab Ter, Arb Sibynomorphus mikanii Dormideira ENT Fl, Ab Ter Thamnodynastes strigatus Cobra-espada ENT Fl, Bn Ter, Arb Família Viperidae Bothrops jararaca Jararaca ENT Fl, Ab Ter, Arb

Legenda: Forma de registro: VIS: visualização em campo; AUD: registro auditivo; ENT: espécie registrada mediante entrevistas; Ambientes: Fl: Florestal; Ab: Aberto; Bn: Banhados; Ur: Urbano; Hábitos: Ter: terrícola; Arb: Arbustivo; Sub: Subterrâneo.

A espécie de quelônio citada, registrada mediante entrevistas, não pôde ser identificada em nível específico e/ou de família. É provável que se trate de Hydromedusa tectifera, espécie tipicamente associada a recursos hídricos com as características da área (nascentes e pequenos cursos d’água – ver Ribas & Monteiro-Filho, 2002). Entretanto, não se descarta a possibilidade de tratar-se de algum representante do gênero Mesoclemmys (cuja distribuição se dá desde o norte da América do Sul até os estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e à Argentina, sendo o mesmo esperado para o Paraná) ou a alguma espécie introduzida do gênero Trachemys (T. dorbignyi - tigre d’água, originário do Rio Grande do Sul e Uruguai, ou T. scripta – slider, de origem norte-americana). Estas duas últimas espécies são largamente comercializadas no Brasil como animais de estimação

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desde a década de 70 do Século XX (em geral de maneira ilegal), e contam com introduções e invasões em diversas regiões do país. A título de ilustração, as Figuras 117 e 118 apresentam algumas das espécies de anfíbios répteis registradas na área do Horto. O atual diagnóstico da herpetofauna local pode ser ainda caracterizado como preliminar. A avaliação da riqueza herpetofaunística completa da área depende de um estudo de longo prazo para se avaliar adequadamente as possibilidades de ocorrência de outras espécies, em especial de formas indicadoras das condições ambientais.

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Figura 117 – Espécies de Anfíbios Registradas no Horto Florestal. Legenda: (A) Rhinella schneideri (sapo); (B) Dendropsophus minutus (perereca); (C) Hypsiboas faber (sapo-ferreiro); (D) Scinax fuscovarius (perereca-das-casas); (E) Aplastodiscus perviridis (perereca-verde); (F) Leptodactylus latrans (rã-manteiga).Fotos: Sérgio A.A. Morato.

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Figura 118 – Espécies de Répteis Registradas no Horto Florestal. Legenda: (A) Salvator merianae (teiú); (B) Tropidurus torquatus (calango); (C) Erythrolamprus aesculapii (coral-falsa); (D) Philodryas olfersii (cobra-verde); (E) Sibynomorphus mikanii (dormideira); (F) Bothrops jararaca (jararaca).Fotos: Sérgio A.A. Morato.

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4.4.4 Estado de conservação e principais interferências sobre a herpetofauna local

As condições da paisagem do Horto Florestal de Maringá mostram-se favoráveis à ocorrência de diversas outras espécies de anfíbios e répteis de hábitos florestais, as quais são, atualmente, as formas mais ameaçadas no norte paranaense pela intensa descaracterização da vegetação sofrida pela região. A área demonstra uma serapilheira ainda densa (ver Figura 1D), sem indícios de fogo ou contaminação, fatores estes que tendem a gerar o desaparecimento local desta fauna. Entretanto, a avaliação da presença de espécies de caráter estenóico em relação ao meio (i.e., especialistas de intrínseca associação com o ambiente – Moura-Leite et al., 1993) somente será possível mediante a realização de estudos de longo prazo. A despeito das boas condições gerais da vegetação da maior parte da área, diversas situações de degradação puderam ser constatadas localmente. O Ribeirão Borba Gato, por exemplo, conta com deposições de resíduos sólidos em diversos trechos, situação esta que pode gerar contaminação local dependendo do tipo de material disposto. Esta condição pode afetar principalmente as formas aquáticas, com destaque às larvas de anuros e quelônios. Tal condição requer ações urgentes de recuperação. Outra situação de risco observada para a herpetofauna consiste na alta densidade de aguapés estabelecida sobre a área do lago (Figura 1A). Muito embora esta vegetação sirva de substrato de caça para os anuros adultos, sua intensa proliferação pode interferir na difusão do oxigênio na água, gerando dificuldades para o desenvolvimento de ovos e larvas da maioria das espécies. Um manejo das macrófitas aquáticas é requerido com vistas à minimização do problema. Já quanto aos ecossistemas terrestres, os principais problemas diagnosticados consistem na deposição irregular e intensa de resíduos em diversos locais e nos processos erosivos que têm se estabelecido ao longo de trilhas e outras áreas do horto. Estas condições impedem a regeneração da vegetação e/ou geram contaminação do solo, com efeitos deletérios para a herpetofauna associada à serapilheira. Por fim, dentre os impactos oriundos do entorno do Horto devem ser salientados a intensa presença local de animais domésticos, especialmente de cães e gatos. Tais espécies afetam especialmente lagartos em função da predação que imprimem sobre os indivíduos (com destaque a Tropidurus torquatus, normalmente perseguido por gatos, e ao teiú, Salvator merianae, perseguido por cães). Um controle da entrada desses animais, bem como campanhas educativas para os moradores do entorno, consistem em ações capazes de minimizar os danos da invasão local dessas espécies.

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4.4.5 Espécies raras, ameaçadas de extinção e/ou indicadoras de qualidade ambiental

A herpetofauna registrada até o momento consiste apenas em poucas espécies frequentes e de ampla distribuição geográfica, portanto de pequena validade enquanto indicadoras de qualidade ambiental. Nenhuma dessas espécies encontra-se em listas de anfíbios e répteis ameaçadas de extinção no Brasil (IBAMA, 2003) ou no Paraná (Bérnils et al., 2004; Segalla & Langone, 2004). Estudos a serem oportunamente desenvolvidos deverão buscar avaliar a ocorrência local de tais espécies, especialmente da perereca Vitreorana uranoscopa indicadora de boas condições hídricas e citada como em Dados Deficientes na lista do Paraná. 4.4.6 Espécies exóticas

Dentre as espécies de répteis registrados, a lagartixa-das-paredes (Hemidactylus mabouia) consiste em uma forma exótica à herpetofauna brasileira. Originária da África, esta espécie foi amplamente disseminada pelo mundo por ocasião do tráfico de escravos durante os séculos XVI a XVIII (Vanzolini, 1978). Trata-se, entretanto, de uma espécie inócua, uma vez que é geralmente encontrada junto a habitações humanas, raramente chegando a ocupar ambientes naturais (Baldo et al., 2008). Uma espécie não encontrada durante o estudo, mas passível de ocorrência, consiste na rã-touro norte-americana (Lithobates catesbeianus). Esta espécie foi introduzida no Brasil para fins de exploração comercial durante a década de 80 do século passado, porém escapes dos criatórios têm promovido sua invasão em ecossistemas naturais, com fortes danos à fauna nativa pela competição e predação (Borges-Martins et al., 2002). Caso venha a ser futuramente registrada, esta espécie deve ser removida da área do Horto. 4.4.7 Espécies de interesse econômico ou utilizadas por moradores do entorno

Dentre as espécies de répteis registradas, o lagarto ou teiú (Salvator merianae) é eventualmente abatido para ser utilizado como alimento. Na área do Horto, esta espécie tem sido alvo de abate por cães domésticos. 4.4.8 Considerações gerais

Diante do apresentado neste estudo, pode-se concluir que a herpetofauna do Horto apresenta uma baixa riqueza específica. Entretanto, apesar de parcialmente isolada, a área interliga-se a outros fragmentos florestais através do talvegue do ribeirão Borba Gato, podendo contar com registros de outras espécies. O próprio ribeirão, apesar de estar parcialmente afetado pela presença de resíduos, apresenta águas em aparentes boas

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condições, podendo contar com a presença de formas aquáticas associadas. A presença de algumas espécies estenóicas em relação a ambientes florestais sugere também a ocorrência local de outras espécies associadas a tal ambiente. Entretanto, tal situação somente poderá ser verificada a partir da continuidade dos estudos. 4.5 Aves

4.5.1 Introdução

O Brasil apresenta uma lista de aves extremamente rica e diversificada, contanto com 1832 táxons ocorrentes em seu território de acordo com o CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2010). Este número tende a crescer e se tornar defasado ao passar dos anos, em virtude da descrição de novas espécies, além do maior esforço amostral realizado em áreas muitas vezes pouco estudadas, a exemplo da região Amazônica. A obra de maior relevância científica na Ornitologia Brasileira, SICK (1997) contempla 1.667 espécies de aves para o território brasileiro, além de inúmeras informações, muitas delas inéditas, sobre biologia, história natural e aspectos comportamentais das espécies. O Paraná conta com pesquisas ornitológicas apenas a partir do início do século passado, tendo sido pouco privilegiado pela visita de naturalistas até o início do século XX. Resta na maior parte, escassos relatos de expedições exploratórias sem cunho propriamente científico (SCHERER-NETO & STRAUBE, 1995; STRAUBE & SCHERER-NETO, 2001). Com área de 199.554 Km2 o estado abrange aproximadamente 15,3% do Bioma Mata Atlântica no território brasileiro. Até agora as maiores taxas de desmatamento deste Bioma ocorreram no Estado do Paraná, que nos últimos 15 anos sofreu uma perda total de 2.889,95km2deste total, 1.442,40km2 entre 1985 e 1990, outros 846,09km2 entre 1990 e 1995 e mais de 601,46km2 entre 1995 e 2000. Além disso, esse Estado tem o maior índice de perda de área de floresta contínua (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2005). O Paraná destaca-se entre outros estados brasileiros pela diversidade natural de ecossistemas. Entretanto, muitos deles como a Floresta Ombrófila Mista e seus campos naturais, além da Floresta Estacional Semidecidual já foram largamente degradados ou, em vastas extensões, completamente eliminados (MIKICH & BÉRNILS, 2004). Mesmo diante deste cenário, a obra Aves do Paraná (SCHERER-NETO et. al., 2011) traz listadas 744 espécies de aves registradas para o estado, representando 44,6% e 40,61% da avifauna brasileira respectivamente em comparação à SICK (1997) e CBRO (2010).

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O estudo ora considerado mais relevante no contexto do Horto Florestal e de outros remanescentes florestais em Maringá é o de Krügel & Anjos (2003), o qual traz como áreas de estudo cinco espaços protegidos da cidade, entre elas a área em estudo. Além deste, outros estudos foram desenvolvidos na podem ser citados, entre eles os de Gimenes & Beal (2006), Gimenes & Anjos (2006) e Loures-Ribeiro & Anjos (2006). 4.5.2 Métodos de estudo

Durante a realização dos estudos foram utilizados métodos tradicionais para estudos ornitológicos os quais compreendem registros visuais e auditivos, além de apoio de literatura especializada (BUGALHO, 1974; PERRINS et al, 1991; BIBBY et al, 1992, SIGRIST, 2007).

O contato visual foi realizado com auxílio de binóculos (8x42) e os registros auditivos gravados (gravador Panasonic RR-US551). Para consulta sonora foram utilizados os cd’s especializados (VIELLIARD, 1995 a,b; BOESMAN,1999; MAYER, 2000; GONZAGA & CASTIGLIONI, 2001; SIGRIST, 2009).

Para consulta bibliográfica utilizou-se a seguinte literatura ornitológica: RIDGELY & TUDOR, 1994; SICK, 1997; LA PEÑA & RUMBOLL, 1998; NAROSKY & YZURIETA, 2003; SIGRIST, 2007.

A área de estudo possui trilhas já estabelecidas, as quais foram percorridas buscando o registro de espécies de aves assim como a avaliação dos ambientes existentes.O Quadro 2 apresentas as coordenadas UTM de alguns dos pontos amostrados os quais encontram-se demarcados na Figura 119.

Quadro 2 - Coordenadas UTM das áreas amostradas.

NOME COORD X COORD Y

Entrada_Horto 401517,65 7408031,74

Lago_Horto 401127,57 7407914,11

Córrego_Horto 400782,26 7407719,73

Horto 1 401412,77 7408092,97

Nascente _Horto 401125,79 7407924,88

Ponte_Horto 401081,03 7407794,23

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Figura 119 - Imagem das áreas amostradas.

4.5.3 Resultados

Durante os trabalhos de campo foram registradas 77 espécies de aves pertencentes a 30 famílias e 12 ordens, conforme apresentadas na Tabela 9. O enquadramento taxonômico das espécies de aves e os nomes vulgares seguiram CBRO (2010) e SICK (1997). A família mais representativa na atual amostragem foi a Tyrannidae, com 16 espécies de aves registradas, sendo constante em estudos avifaunísticos o destaque desta família como a mais especiosa. Isso se dá em razão de se tratar da maior família de aves do hemisfério ocidental, ao qual é confinada (SICK, 1997).

Fazendo referência ao estudo de Krügel & Anjos (2003) citado anteriormente como o de maior relevância para a área sob avaliação, houve o registro 91 espécies para o Horto Florestal. No atual foram registradas 77 espécies, sendo 62 coincidentes com aquele.

Tabela 9 - Aves registradas no Horto Florestal.

Ordenamento Taxonômico Nome Vulgar Tipo de registro/ambiente

Ordem Galliformes

Família Cracidae

Penelope superciliaris jacuaçu A/FL

Ordem Pelecaniformes

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Família Ardeidae

Syrigma sibilatrix maria-faceira V/AQ

Ordem Cathartiformes

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta V/Fl

Ordem Falconiformes

Família Accipitridae

Elanoides forficatus gavião-tesoura V/AE

Rupornis magnirostris gavião-carijó V/FL

Buteo albicaudatus gavião-de-rabo-branco V/AE

Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta V/AE

Ictinea plumbea Sovi V/AE

Família Falconidae

Caracara plancus Caracará V/AE

Ordem Gruiformes

Família Rallidae

Aramides saracura saracura-do-mato A/FL

Ordem Charadriiformes

Família Charadriidae

Vanellus chilensis quero-quero V, A/AE

Ordem Columbiformes

Família Columbidae

Columbina talpacoti rolinha-roxa V, A/FL

Columbina picui rolinha-picui V/FL

Patagioenas picazuro pombão V/FL

Zenaida auriculata pomba-de-bando V/FL

Leptotila verreauxi juriti-pupu V/FL

Ordem Psittaciformes

Família Psittacidae

Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã A/FL

Pionus maximiliani maitaca-verde A/FL

Amazona aestiva papagaio verdadeiro A/FL

Ordem Cuculiformes

Família Cuculidae

Piaya cayana alma-de-gato A, V/FL

Crotophaga ani anu-preto A, V/FL

Guira guira anu-branco V/FL

Ordem Apodiformes

Família Apodidae

Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento

V/AE

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Família Trochilidae

Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho

V/FL

Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco V/ANT

Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde

V/FL

Ordem Trogoniformes

Família Trogonidae

Trogon surrucura surucuá-variado A, V/FL

Ordem Coraciiformes

Família Momotidae

Baryphthengus ruficapillus juruva verde A,V/FL

Família Picidae

Picumnus temminckii pica-pau-anão-de-coleira A, V/FL

Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó A, V/FL

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca A/FL

Ordem Passeriformes

Família Thamnophilidae

Thamnophilus caerulescens choca-da-mata A, V/FL

Dysithamnus mentalis choquinha-lisa A/FL

Drymophila malura choquinha-carijó A/FL

Família Conopophagidae

Conopophaga lineata chupa-dente A, V/FL

Família Dendrocolaptidae

Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde A/FL

Família Furnariidae

Furnarius rufus joão-de-barro A, V/ANT

Synallaxis ruficapilla pichochoré A, V/ FL

Synallaxis spixii joão-teneném A, V/FL

Cranioleuca obsoleta arredio-oliváceo A/FL

Certhiaxis cinnamomeus curutié A/FL

Família Tyrannidae

Leptopogon amaurocephalus cabeçudo V/FL

Myiornis auricularis miudinho V/ FL

Poecilotriccus plumbeiceps tororó V, A/FL

Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio A/FL

Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada

V/FL

Camptostoma obsoletum risadinha A/FL

Capsiempsis flaveola marianinha-amarela V/FL

Megarynchus pitangua neinei A, V/FL

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Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado A, V/FL

Pitangus sulphuratus bem-te-vi A, V/ANT

Tyrannus melancholicus suiriri A, V/FL, ANT

Elaenia sp. guaracava V/FL

Lathrotriccus euleri enferrujado A, V/FL

Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado A, V/FL

Empidonomus varius peitica V/FL

Colonia colonus viuvinha V/ANT

Família Vireonidae

Cyclarhis gujanensis pitiguari V/FL

Vireo olivaceus juruviara A, V/FL

Família Corvidae

Cyanocorax chrysops gralha-picaça A, V/FL

Família Hirundinidae

Progne chalybea andorinha-doméstica-grande

V/AE

Tachycineta albiventer andorinha-do-rio V/AE

Família Troglodytidae

Troglodytes musculus corruíra A, V/ANT

Família Turdidae

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira A, V/FL, ANT

Turdus leucomelas sabiá-barranco A, V/FL

Turdus amaurochalinus sabiá-poca A, V/FL

Família Thraupidae

Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento A, V/FL, ANT

Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto A/FL

Euphonia chlorotica fim-fim A/FL

Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro V/FL

Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho A, V/FL

Família Emberizidae

Zonotrichia capensis tico-tico A, V/FL, ANT

Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro

A, V/FL, ANT

Família Parulidae

Basileuterus culicivorus pula-pula A, V/FL

Família Coerebidae

Coereba flaveola pitiguari A/Fl

Família Icteridae

Molothrus bonariensis vira-bosta A, V/FL, ANT

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Família Fringilidae

Saltator similis trinca-ferro A/Fl

Família Passeridae

Passer domesticus pardal A, V/ANT

LEGENDA: Tipo de Registro: V – visual; A – auditivo/ Ambiente de amostragem: FL – florestal; AE – aéreo; ANT – antropizado.

No Brasil ocorrem 208 espécies (CBRO, 2010) da família que apresentou neste estudo maior representatividade. Ressalta-se ainda que a riqueza de espécies, em especial de tiranídeos, está diretamente relacionada ao período da amostragem, em que várias espécies migratórias foram registradas, aumentando assim a riqueza específica observada para a área em análise. A região de Maringá foi originalmente coberta por Floresta Estacional Semidecidual. Embora o crescimento e desenvolvimento urbanos tenham suprimido grandes áreas verdes, a existência de áreas protegidas e arborização urbana expressiva possibilitam a ocorrência de avifauna de considerável riqueza. Este grupo se mantém utilizando estas áreas remanescentes como sítios reprodutivos, de forrageamento e abrigo, sendo estas consideradas como trampolins ecológicos, razão pela qual a avifauna desta cidade se mantém de maneira satisfatória quando observados e comparados os parâmetros urbanos usualmente estabelecidos. Outros fatores como fenologia de espécies vegetais com eventos de floração e frutificação também podem acrescer o número de espécies para a área em foco, situação não observada durante o período amostral. Cabe ressaltar que a absoluta maioria das espécies ocorrentes foi registrada em ambiente florestal como é possível verificar na Tabela 9,apresentada acima. As figuras 120, 121 e 122 ilustram a maria-faceira, o urubu-de-cabeça-preta e a alma-de gato espécies registradas no presente estudo. Foram também registradas aves com comportamento migratório, a exemplo de Elanoides forficatus (gavião-tesoura), Lathrotriccus euleri (enferrujado), Myiodynastes maculatus (bem-te-vi-rajado), Vireo olivaceus (juruviara), entre outros.

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Figura 120 - Syrigma sibilatrix – Maria-faceira fotografada no lago do Horto.

Figura 121 - Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta registrado no interior do Horto.

Figura 122 - Piaya cayana alma-de-gato fotografada no Horto.

Foto: Marina Marins

Foto: Marina Marins

Foto: Marina Marins

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Trata-se de área com estrutura florestal significativa, com pouca perturbação e presença de espécies remanescentes de grande porte em abundância, assim como considerável sucessão vegetal, o que estrutura significativamente o sub-bosque e certamente beneficia a avifauna ocorrente (Figuras 123 e 124). Estão presentes algumas espécies vegetais exóticas, mas que aparentemente não são invasoras, portanto não descaracterizam esta vegetação de maneira expressiva.

Figura 123 – Aspecto geral da vegetação ao longo de uma das trilhas.

Figura 124 – Densidade da vegetação no sub-bosque em um dos pontos avaliados para aves.

O rio existente nesta área ainda fornece água à fauna com sua vazão considerável em alguns trechos e água aparentemente límpida, importante para a manutenção de muitas espécies de aves associadas a este ambiente (Figura 125).

Foto: Marina Marins

Foto: Marina Marins

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Figura125 - Riacho existente no interior do Horto Florestal.

O lago estabelecido no interior do Horto se encontra em situação de superpopulação de plantas aquáticas (Figura 126), prejudicando a permanência de espécies relacionadas a ambientes aquáticos similares, a exemplo de espécies da família Anatidae, representada pelos patos, que poderiam ocupar esse corpo hídrico, assim como da família Alcedinidae, os martins-pescadores, que forrageiam capturando pequenos peixes observáveis na lâmina d’água.

Figura 126 - Lago do Horto florestal com superpopulação de plantas aquáticas

É também notória a superpopulação de macacos, tanto do gênero Cebus (Figura 127), quanto do gênero Callithrix, sendo a primeira aparentemente a mais ocorrente. Esta situação é extremamente danosa para a avifauna local, uma vez que o descontrole populacional destas espécies de primatas diminui consideravelmente as populações de aves que coabitam áreas. Isto se dá em razão da predação de ovos pelos macacos e também de indivíduos adultos, podendo em longo prazo, extinguir localmente alguns

Foto: Marina Marins

Foto: Marina Marins

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táxons mais sensíveis a tal desequilíbrio, principalmente aqueles que possuem naturalmente menores taxas de sucesso reprodutivo. Apesar da relativa riqueza é perceptível a baixa abundância de espécimes de aves no interior da área em relação à sua extensão florestal. Esta constatação sugere a alteração da composição desta fauna sendo relevante a pressão exercida pelos primatas.

Figura 127- Primatas do gênero Cebus ocorrentes na área de estudo.

4.5.4 Considerações sobre espécies

4.5.4.1 Espécies com potencial interesse comercial

Por se tratar de ambiente urbano e também por não ser permitida a visitação pública da área em avaliação, não foi observado ou relatado o interesse por caça e captura de espécies cinegéticas ou canoras, assim como daquelas com colorido de plumagem. Ainda assim, mesmo não havendo esta constatação é possível fazer menção ao papagaio verdadeiro Amazona aestiva, alvo constante de pressão por caça para manutenção em cativeiro descrito a seguir. Amazona aestiva (papagaio-verdadeiro): Como citado anteriormente, esta espécie é comumente alvo de captura e comércio ilegal principalmente por reproduzir a fala humana. Ainda que não tenha havido o relato desta situação sempre que há o registro desta espécie a possibilidade de capturas ilegais deve ser levada em consideração, assim como para demais psitacídeos registrados neste estudo, tais como Aratinga leucophthalma (periquitão-maracanã) e Pionus maximiliani (maitaca-verde).

F o t o : Mar i n a Mar i n s

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4.5.4.2 Espécies endêmicas, ameaçadas de extinção e exóticas

Durante a realização do estudo não foram constatadas espécies endêmicas tampouco ameaças de extinção restritas à área em avaliação. Com relação às espécies exóticas, apenas foi registrado o pardal (Passer domesticus), descrito abaixo. Passer domesticus: originária do oriente médio e difundida em torno do mundo, tendo chegado ao Brasil por volta de 1900. Esta espécie é muito comum em ambiente urbano, possuindo característica sinantrópica, ou seja, se beneficiando com a presença humana. Esta espécie compete com as nativas ocupando nichos e afugentando-as. 4.5.5 Considerações gerais

O Horto Florestal é uma área relevante sob o enfoque conservacionista, principalmente em relação à sua estrutura florestal. Ainda que existam espécies exóticas estas não alteram determinantemente a flora local, viabilizando a ocorrência de avifauna de considerável relevância. Como citado anteriormente, a presença de primatas dos gêneros Cebus e Callithrixé fator determinante para a redução das populações de aves ocorrentes no Horto Florestal. As populações destes macacos devem ser controladas, fato que seguramente favorecerá o restabelecimento da avifauna local. O lago existente no Horto Florestal encontra-se invadido por plantas aquáticas com a cobertura de toda a superfície, condição que limita a ocorrência de espécies com hábitos próprios deste tipo de ambiente. Deve existir o manejo deste corpo d’água para que então tais espécies possam explorar este ambiente.

4.6 Mamíferos

4.6.1 Introdução

A fauna de mamíferos do Brasil é uma das mais ricas do mundo, abrigando mais de 650 espécies conhecidas e cerca da metade de todas as ordens do grupo (Fonseca et al., 1996; Reis et al., 2006). Para o Estado do Paraná, estimam-se atualmente cerca de 175 espécies, sendo esta alta riqueza atribuída à grande variabilidade de sistemas com ocorrência no Estado relacionados à Floresta Atlântica e suas variações, aos Campos do Planalto Meridional, aos sistemas de várzeas do rio Paraná e ao Cerrado (Miranda et al., 2009). Os mamíferos apresentam uma alta diversidade de modos de vida, habitando os mais diversos tipos de habitats (Kloper & MacArtur,1960; Reis et al., 2006). Seus hábitos

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alimentares diversificados geram relações complexas nas cadeias alimentares, das quais resultam importantes condições de estabilidade dos ecossistemas. Muitas espécies (em especial os carnívoros) participam do controle das populações de diversos organismos, ao passo em que muitos herbívoros e frugívoros atuam ativamente nos processos de polinização e disseminação de sementes, colaborando assim com a manutenção e regeneração dos ecossistemas (Eisenberg & Redford, 1999). Muitas das espécies de mamíferos brasileiros encontram-se atualmente sob forte pressão antrópica. Pelo menos 69 espécies (ou 13% da mastofauna do país) encontra-se sob algum tipo de ameaça, em geral associada à descaracterização dos ecossistemas ou em função da caça diretamente aplicada sobre os indivíduos (Machado et al., 1998; IBAMA, 2003). Estas pressões incidem principalmente sobre as espécies habitantes dos biomas da Floresta Atlântica e do Cerrado, possivelmente os dois sistemas mais ameaçados do país e que abrigam alto número de endemismos do grupo (Mittermeier et al., 1997, 1999). No Estado do Paraná, pelo menos 24 espécies são consideradas como em algum nível de ameaça (Margarido & Braga, 2004). A perda e a fragmentação de hábitats, seguida de problemas relacionados à caça e à invasão dos ecossistemas por animais domésticos ferais (especialmente cães e gatos), configuram-se nos principais elementos de pressão sobre as populações de mamíferos silvestres do Estado (Margarido & Braga, 2004). Este relatório apresenta uma lista de espécies de mamíferos com ocorrência registrada para a área do Horto Florestal de Maringá, acompanhada de informações referentes a ambientes de ocorrência e demais condições que possam subsidiar a avaliação da significância da área, seu zoneamento da área e estratégias de conservação e manejo dos ambientes e das espécies. 4.6.2 Métodos de estudo

O presente estudo foi realizado através da análise da literatura e mediante a busca em campo de espécies de mamíferos e/ou de indícios de sua presença na área. As atividades de campo foram realizadas nos dias 10 e 11 de novembro de 2012, e foram direcionadas à procura de indivíduos de mamíferos de médio porte. Para tanto, efetuou-se a busca ativa de indivíduos em campo e de evidências da ocorrência de espécies (e.g., vocalizações, pegadas, tocas, pelos, etc). Não foram realizadas coletas ou capturas de espécimes. No trabalho de campo também foram efetuadas entrevistas com funcionários da Prefeitura Municipal de Maringá. Em tais entrevistas, buscou-se permitir que o entrevistado descrevesse o animal conforme sua própria experiência, sem que houvesse indução da resposta. Somente após a descrição é que o entrevistado teve acesso a fotos e imagens que pudessem corroborar a informação obtida. Por fim, também foram analisadas as informações disponíveis no Plano de Manejo do Parque do Ingá, as quais subsidiam as possibilidades de ocorrência de espécies na área do Horto, especialmente de quirópteros.

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4.6.3 Resultados

4.6.3.1 Riqueza de espécies e aspectos ecológicos e biogeográficos

Originalmente, a mastofauna da região Norte do Estado do Paraná era considerada como bastante rica, comportando representantes de todos os grandes grupos de mamíferos terrestres e alados da grande Região Neotropical. Segundo dados da literatura (e.g., Lorini & Persson, 1990; Rocha & Sekiama, 1994; Tiepolo & Santos, 1996; Sekiama, 1996; Rocha et al., 1998; Miretzki & Margarido, 1999; Miretzki, 2000; Reis et al., 2000), pelo menos 70 espécies terrestres e semiaquáticas poderiam ser esperadas para a região da Grande Maringá, acrescidas ainda de pouco mais de 30 quirópteros, grupo tido como o mais rico dentre a mastofauna paranaense (Miranda et al., 2009). Segundo Cabreda & Yepes (1960), esta mastofauna relaciona-se aos domínios zoogeográficos Tupi e Subtropical, com representantes tipicamente tropicais atlânticos e também com influência patagônica. Segundo Fonseca et al. (1999), por sua vez, a mastofauna regional encontra-se relacionada ao domínio do bioma da Floresta Atlântica sensu lato, considerado como o detentor da segunda maior riqueza mastofaunística do continente sul-americano e com elevada taxa de endemismos. A despeito dessa riqueza originalmente assinalada, a condição de descaracterização da paisagem da região Norte do Paraná impõe atualmente a ocorrência de uma mastofauna empobrecida na maior parte do território. As Unidades de Conservação regionais têm funcionado como reservas de indivíduos de algumas espécies de maior interesse em conservação, porém os esforços para a perpetuação de populações das espécies mais raras e/ou ameaçadas carecem ainda de ampliação das ações de manutenção de áreas primitivas e de sua recuperação com vistas ao estabelecimento de corredores ecológicos, inclusive em áreas urbanas (e.g., Primack & Rodrigues, 2001; Margarido & Braga, 2004). Algumas Unidades de Conservação próximas, a exemplo do Parque Estadual da Mata dos Godoy em Londrina, contam com cerca de 65 espécies de mamíferos registradas (IAP, 2002), porém a tendência é de contínua perda de espécies caso não sejam observadas medidas de proteção. Especificamente para a área do Horto Florestal de Maringá, os dados obtidos para o presente estudo permitem inferir a ocorrência de uma mastofauna empobrecida em relação à composição original. Considerando alguns poucos registros em literatura, a análise de documentos relativos a demais áreas verdes da área urbana de Maringá (com destaque ao Plano de Manejo do Parque do Ingá) e as observações de campo realizadas na área do Horto, é possível inferir a ocorrência de 27 espécies para a Unidade, dos quais 11 (40,7%) correspondem a morcegos. Esta fauna compreende essencialmente espécies de pequeno e médio porte, de pequeno interesse conservacionista. Entretanto, ao se

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considerar a condição urbana e as vocações de uso público da área, esta fauna passa a assumir maior importância, especialmente no que tange a fins educacionais. Deve-se ressaltar, nesse sentido, a ocorrência de algumas espécies que, embora não se encontrem nas listas oficiais de espécies ameaçadas do Paraná ou do Brasil, encontram-se atualmente em possível declínio na região norte do Estado, detendo, em geral, forte correlação com ambientes florestais, denotando a importância da área. Exemplos de tais espécies consistem no tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), no serelepe (Guerlinguetus ingrami), no tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) e no macaco-prego (Sapajus nigritus), além da maioria dos quirópteros. Outra espécie de interesse, embora seja bastante frequente em várias regiões do sul e sudeste do país, consiste no ratão-do-banhado ou nutria (Myocastor coypus – Figura 128). Embora também seja uma espécie que adapta-se a ambientes alterados, sua presença é relevante na medida em que indica que os ambientes aquáticos locais ainda apresentam fluxos d’água que permitem a existência de outros organismos aquáticos. A espécie também pode ser chave para o desenvolvimento de atividades educativas de observação de fauna. A Tabela 10 apresenta a lista de espécies de mamíferos registradas e/ou passíveis de ocorrência no Horto Florestal de Maringá, considerando-se nesta análise os registros de quirópteros para o Parque do Ingá.

Tabela 10 – Mamíferos registrados ou passíveis de ocorrência no Horto Florestal de Maringá, Estado do Paraná.

ORDENAMENTO TAXONÔMICO

NOME COMUM FORMA DE REGISTRO

STATUS Nacional Estadual

ORDEM DIDELPHIMORPHIA Família Didelphidae Didelphis albiventris Gambá ENT Nc Nc ORDEM CHIROPTERA Família Phyllostomidae Artibeus jamaicensis Morcego LIT Nc Nc Artibeus fimbriatus Morcego LIT Nc Nc Aribeus lituratus Morcego LIT Nc Nc Carollia perspicillata Morcego LIT Nc Nc Platyrrhinus lineatus Morcego LIT Nc Nc Pygoderma bilabiatum Morcego LIT Nc Nc Sturnira lilium Morcego LIT Nc Nc Família Vespertilionidae Lasiurus blossevillii Morcego LIT Nc Nc Myotis nigricans Morcego LIT Nc Nc Família Molossidae Molossops planirostris Morcego LIT Nc Nc

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ORDENAMENTO TAXONÔMICO

NOME COMUM FORMA DE REGISTRO

STATUS Nacional Estadual

Família Noctilionidae Noctilio albiventris Morcego LIT Nc Nc ORDEM PRIMATES Família Callitrichidae Callithrix jacchus Sagui-de-tufo-branco VIS Nc Nc Família Cebidae Sapajus nigritus Macaco-prego VIS, AUD, ENT Nc Nc ORDEM PILOSA Família Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim ENT Nc Nc ORDEM CINGULATA Família Dasypodidae Euphractus sexcinctus Tatu-peludo VES, ENT Nc Nc Dasypus novemcinctus Tatu-galinha ENT Nc Nc ORDEM CARNIVORA Família Procyonidae Nasua nasua Quati ENT Nc Nc Procyon cancrivorous Mão-pelada ENT Nc Nc ORDEM RODENTIA Família Sciuridae Guerlinguetus ingrami Serelepe ENT Nc Nc Família Caviidae Cavia sp. Preá ENT Nc Nc Família Myocastoridae Myocastor coypus Ratão-do-banhado VIS Nc Nc Família Dasyproctidae Dasyprocta azarae Cutia ENT, LIT Nc Nc Família Cricetidae Espécie não identificada Rato silvestre VIS Nc Nc Família Erethizontidae Sphiggurus villosus Ouriço ENT Nc Nc Família Muridae Rattus rattus Rato doméstico ENT Nc Nc Mus musculus Camundongo ENT Nc Nc Legenda: Forma de registro: VIS: visualização em campo; AUD: registro auditivo; ENT: espécie registrada mediante entrevistas; Ambientes: Fl: Florestal; Ab: Aberto; Bn: Banhados; Ur: Urbano; Hábitos: Ter: terrícola; Arb: Arbustivo; Sub: Subterrâneo.

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Figura 128 – Indivíduo de Myocastor coypus (ratão-do-banhado) Avistado na Área do Horto Florestal de Maringá por Ocasião dos Levantamentos de Campo. Foto: Marina Marins.

4.6.3.2 Estado de conservação e principais problemas relacionados à mastofauna

local

Os componentes da paisagem do Horto Florestal de Maringá (abrangendo sistemas florestais e aquáticos), bem como sua interligação com outros remanescentes através do ribeirão Borba Gato a jusante, são elementos de grande interesse para a conservação das espécies florestais da mastofauna ora registradas. A formação de mosaico entre tais ambientes consiste em um fator que possivelmente gere sistemas metapopulacionais de tais espécies, fator este que pode garantir sua resiliência em médio e longo prazo na região. Entretanto, os elementos florestais marginais encontram-se atualmente sob forte pressão da urbanização, situação esta que pode reduzir as possibilidades de conservação. Embora os sistemas florestais da área do Horto apresentem-se em geral em bom estado, algumas pressões sobre o ambiente e, possivelmente, sobre as espécies da mastofauna foram diagnosticadas durante o estudo. A presença de resíduos sólidos dispersos na área, tanto sobre o solo quanto nos cursos d’água (vide fotos no item relativo à Herpetofauna), e a constante invasão da mesma por cães e gatos domésticos, constituem-se nos principais fatores de impacto. No primeiro caso, os resíduos podem afetar diretamente os animais que venham a ingerir elementos inorgânicos ao tentarem utilizar-se de restos alimentares, ao passo em que os animais domésticos podem gerar pressões diretas e indiretas

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decorrentes de predação e de disseminação de agentes patogênicos. Ambas as situações carecem do desenvolvimento de ações de controle. Outros problemas registrados consistem em alterações do solo em função de processos erosivos e pela compactação às margens de trilhas. Ambas as condições diminuem a disponibilidade de hábitats florestais, bem como interferem na qualidade hídrica local, indispensável para a dessedentação das espécies e para a sobrevivência das formas aquáticas. Por fim, outra condição de impacto observada localmente consiste na presença de espécies exóticas, a saber, o sagui (Callithrix jacchus – Figura 129) e os roedores Rattus rattus (rato-comum) e Mus musculus (camundongo). À semelhança dos animais domésticos, ambas as espécies interferem na dinâmica natural do meio na medida em que competem com as espécies nativas e podem disseminar zoonoses. O sagui, em particular, apresenta alta capacidade de predação de aves, seus ovos e outros pequenos organismos. Atividades de controle dessa espécie devem ser efetuadas de forma a se evitar os riscos decorrentes de sua ampliação populacional.

Figura 129 – Indivíduo de Callitrhrix jacchus (Sagui) Avistado na Área do Horto Florestal de Maringá por Ocasião dos Levantamentos de Campo. Foto: Sérgio A.A. Morato.

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4.6.3.3 Espécies raras, ameaçadas de extinção e/ou indicadoras de qualidade

ambiental

Conforme se observa na Tabela 10, nenhuma das espécies ora registradas encontra-se em listas de mamíferos ameaçados de extinção no Brasil (IBAMA, 2003) ou no Paraná (Margarido & Braga, 2004). 4.6.3.4 Espécies exóticas

Dentre as espécies registradas, o sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus) consiste em uma forma exótica à mastofauna regional. Esta espécie é originária da região Atlântica brasileira, sendo presente desde o Estado do Rio de Janeiro até o Nordeste. Trata-se de uma espécie que eventualmente é capturada para venda no comércio ilegal de animais silvestres, sendo por vezes solta em ambientes naturais quando há desinteresse de seus proprietários em continuar a mantê-la. Outras espécies exóticas locais consistem nos roedores sinantrópicos Rattus rattus (rato comum) e Mus musculus (camundongo). Tais espécies denotam interesse por se tratarem de importantes vetores de doenças como a leptospirose e a raiva. Por fim, conforme já salientado, merece destaque a alta incidência, na área do Horto, de espécies domésticas de cães e gatos. Tais espécies consistem em formas predadoras, competidoras e/ou disseminadoras de zoonoses à fauna nativa, sendo imperativo seu controle a área. 4.6.3.5 Espécies de interesse econômico ou utilizadas por moradores do entorno

Dentre os mamíferos ora registrados, os dois primatas consistem em espécies comercializadas como “animais de estimação” através do mercado ilegal de animais silvestres. Há interesse em exploração dessas espécies através de criatórios, porém esta condição ainda não encontra-se regulamentada no Brasil. Já como espécies de interesse cinegético, destaca-se o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), o qual é normalmente caçado em várias regiões do país. Na área do Horto, entretanto, não foram evidenciadas pressões sobre a espécie. 4.6.4 Considerações gerais

Diante do apresentado neste estudo, pode-se concluir que a mastofauna do Horto Florestal de Maringá apresenta uma riqueza empobrecida em relação a uma composição original, decorrente da pequena área da Unidade, de seu isolamento em função do

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processo de urbanização e, em menor escala, em função da deposição irregular de resíduos e pela presença local de espécies domésticas e exóticas. Nestes dois últimos casos, em particular, ações de controle devem ser realizadas de maneira urgente. Quanto ao processo de isolamento do Horto, o mesmo é uma condição determinante para uma redução progressiva ainda maior da riqueza específica da mastofauna local. A interligação da área com outros sistemas naturais a jusante através do ribeirão Borba Gato, embora ocorra, é uma condição que poderá gerar a sobrevivência local apenas de espécies de menor porte, especialmente considerando-se que também estes remanescentes encontram-se pressionados pela ocupação urbana. As possibilidades de sobrevivência das espécies estão atreladas apenas a uma gestão territorial integrada, a qual considere todo o conjunto de remanescentes como uma unidade e, ainda, gere sua interligação com outras áreas naturais externas ao sistema urbano.

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5. PLANEJAMENTO

5.1 Zoneamento

Conforme definido no Sistema Nacional de Unidades de Conservação o zoneamento corresponde à “definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”. A definição constante do Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Mato Grosso indica, de maneira semelhante, que o zoneamento representa a “definição de setores ou zonas em uma Unidade de Conservação com objetivos e normas específicas, realizado de acordo com os parâmetros gerais da categoria e objetivos gerais da Unidade, visando sua efetiva proteção, manejo e controle”. A definição do zoneamento do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes levou em conta alguns critérios e etapas fundamentais:

a) Os conceitos definidos para zonas aplicáveis aos Refúgios de Vida Silvestre existentes no Roteiro Metodológico (IBAMA, 2002);

b) A distribuição e o mapeamento das tipologias vegetais; c) Os atuais usos estabelecidos na área protegida; d) O grau de alteração averiguado para cada área avaliada; e) As necessidades de intervenção para a recuperação ambiental de áreas internas; f) As discussões técnicas realizadas junto aos gestores da Secretaria de Meio

Ambiente da Prefeitura de Maringá; g) As reuniões internas com os pesquisadores vinculados à empresa consultora; h) A existência de normas municipais incidentes sobre o uso do solo no entorno da

área do Horto.

Tendo como base as informações obtidas in loco, a equipe de pesquisadores realizou uma reunião técnica em escritório destinada à formulação de uma proposta de zoneamento inicial, resultando na distribuição de zonas conforme a Figura 130 e Anexo 2.

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Figura 130 – Proposta de zoneamento estabelecida para o Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes.

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5.1.1 Zona primitiva

É aquela onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande valor científico. Deve possuir características de transição entre a Zona Intangível e a Zona de Uso Extensivo. O objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica e educação ambiental permitindo-se formas primitivas de recreação. Descrição É a zona mais abrangente entre as demais, estando distribuída por toda a área e perfazendo 33,39 hectares, ou 80,69% do Horto Florestal. Objetivo geral de reconhecimento da zona Promover a proteção integral dos remanescentes florestais do Horto Florestal em bom estado de conservação.

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5.1.2 Zona de recuperação

É aquela que contêm áreas consideravelmente antropizadas. Zona provisória, uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá ser natural ou naturalmente induzida. O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos ou restaurar a área. Esta zona permite uso público somente para a educação. Descrição

Compreende uma faixa de 20 metros ao longo de todas as drenagens onde foram detectadas áreas de degradação e várias pequenas áreas periféricas indicadas no mapa de vegetação como áreas de alteração e secundárias. No total as zonas de recuperação perfazem 5,63 hectares ou 13,61% da área total do Horto Florestal.

Objetivo geral de reconhecimento da zona

Promover a recuperação de áreas submetidas a processos e degradação por erosões e alteração da vegetação ripária.

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5.1.3 Zona de uso especial

É aquela que contêm as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços da unidade de conservação, abrangendo habitações, oficinas e outros. Estas áreas serão escolhidas e controladas de forma a não conflitarem com seu caráter natural e devem localizar-se, sempre que possível, na periferia da unidade de conservação. O objetivo geral de manejo é minimizar o impacto da implantação das estruturas ou os efeitos das obras no ambiente natural ou cultural da unidade.

Descrição Corresponde à porção do Horto Florestal que incluía os canteiros e edificações destinadas à manutenção das atividades básicas de plantio de mudas, totalizando 0,99 hectares ou 2,39% da área total do Horto. Objetivo geral de reconhecimento da zona Possibilitar a manutenção de um espaço administrativo e de serviços para a área independente de sua destinação pública ou privada futura. 5.1.4 Zona de uso intensivo

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Descrição A Zona de Uso Intensivo corresponde basicamente às trilhas e estradas atualmente estabelecidas na área, as quais não mostram sinais de degradação importantes, correspondendo assim a 1,37 hectares ou 3,31% da área total do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes. Objetivo geral de reconhecimento da zona Permitir o deslocamento de pessoal e equipamentos no interior da área protegida, bem como de potenciais futuros visitantes com fins educativos e recreativos a serem estabelecidos. 5.1.5 Zona de Amortecimento

A definição de uma Zona de Amortecimento não se aplica ao caso do Horto, uma vez que, além de não constituir uma unidade de conservação no sentido estrito da palavra, sobre seu entorno imediato incidem usos variados, conforme se depreende da análise da Carta Imagem contida no Anexo 3, além de normas já existentes para a ocupação e uso do solo urbano no município, tais como o Plano Diretor. Adicionalmente, há entre as indicações técnicas contidas nos roteiros de planejamento de unidades de conservação a adoção do critério de “não inclusão” de áreas urbanas já estabelecidas em zonas de amortecimento.

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6. AÇÕES GERENCIAIS GERAIS

As ações gerenciais gerais colocam-se como ações que, independente da execução dos programas de manejo descritos adiante e, considerando a manutenção das condições financeiras e de recursos humanos atuais, podem ser adotadas de antemão para iniciar a qualificação do manejo do Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes de maneira prática. Frise-se que a execução dos Programas, diferente das Ações Gerenciais Gerais, demanda a destinação de recursos específicos por meio de dotação orçamentária própria do Estado ou do proprietário privado, medidas compensatórias resultantes de licenciamentos ambientais ou da formulação de parcerias institucionais com instituições de pesquisa e organizações governamentais. Por sua vez, as Ações Gerenciais Gerais tem caráter operacional e, na maioria dos casos, prescindem de recursos financeiros e humanos específicos, podendo ser conduzidas considerando-se as possibilidades atuais existentes quanto à recursos humanos e materiais. São por isso de grande importância, uma vez que resultam de imediato na melhoria das condições de gestão da área, uso e conservação de recursos naturais a partir de sua aplicação pelos funcionários atuantes, sem que eventuais entraves burocráticos ou institucionais interfiram em sua adoção. Constituem ações Gerenciais Gerais aplicáveis ao Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes, partindo-se das mais abrangentes para as mais específicas:

1. A divulgação do seu instrumento de manejo (Plano de Manejo) entre órgãos

públicos, de pesquisa, organizações não governamentais e público interessado;

2. A capacitação dos funcionários lotados na área protegida tendo como referencial as

informações aqui consolidadas;

3. A articulação com outros órgãos da administração pública estadual e municipal e

Ministério Público para o conhecimento e assimilação dos preceitos de manejo

estabelecidos para o Horto Florestal;

4. A adequação periódica do instrumento de manejo tendo em vista novos

conhecimentos gerados ou as novas possibilidades de enquadramento legal da

área protegida, sobretudo entre as categorias preconizadas no Sistema Nacional de

Unidades de Conservação;

5. A formulação de materiais de divulgação destinados ao público contendo as

principais normas e ações de manejo postas para o Horto;

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6. A adoção de procedimentos de vistoria e fiscalização periódicos visando o registro

de demandas de manutenção;

7. A realização de reuniões internas mensais com funcionários e co-gestores dos

programas de manejo (órgãos da prefeitura e MP) para a discussão e definição de

procedimentos operacionais e necessidades do Horto;

8. O registro de demandas e necessidades orçamentárias específicas para busca de

parcerias com entidades públicas e privadas;

9. A formalização de parcerias institucionais para com universidades, terceiro setor e

empresas para fazer frente a eventuais carências orçamentárias para a execução

de ações e programas de manejo;

10. A aproximação com instâncias administrativas municipais para a compatibilização

de atividades e normas de uso do entorno.

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7. PROGRAMAS DE MANEJO SUGERIDOS

Os programas temáticos indicados no presente Plano de Manejo resultam da percepção de que algumas condições ambientais são recorrentes no tempo e distribuídas no espaço físico do Horto Florestal demandando, por isso, ações continuadas e recursos próprios para o seu atendimento. Mais do que a observância dos temas normalmente tratados no manejo de unidades de conservação e indicados em roteiros, os programas aqui descritos contemplam especificidades do Horto, considerando as questões ambientais prioritárias, mas também as condições e limitações legais, administrativas e financeiras disponíveis. Esta é uma premissa básica e fundamental para se elencar programas exequíveis dentro da realidade de gestão do Horto. Destaca-se que a execução destes programas poderá ser otimizada, em parte, por meio da formalização de parcerias institucionais capazes de fazer frente às necessidades financeiras de cada programa ou, adicionalmente, de viabilizar a destinação de pessoal habilitado para o planejamento detalhado e a realização das atividades propostas para cada um deles. A definição das responsabilidades técnica, financeira e de fiscalização destes programas, tendo em vista o complexo contexto institucional que envolve o Horto Florestal, inserido em área urbana, bem como as várias possibilidades de cooperação institucional existentes, deverá variar em função de arranjos e parcerias próprias para cada um dos programas, podendo assim sofrer adaptações ao longo da execução do Plano de Manejo. 7.1 Recuperação de áreas degradadas e zonas de recuperação

Objetivos

Restabelecer a estabilidade e a estrutura do meio físico em áreas submetidas à carreamento de solos ou descaracterização da vegetação;

Recuperar a biota associada aos ambientes sujeitos aos processos de degradação e em zonas de recuperação existentes no Horto.

Justificativas A perda de estabilidade do meio físico registrada em quase todos os cursos hídricos do Horto Florestal é responsável pelo comprometimento da fauna aquática e semiaquática, bem como da vegetação de áreas marginais. A evolução do atual estado de degradação se deu, em um primeiro momento, pela sobrecarga de fluxos hídricos oriundos de zonas

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de urbanização do entorno imediato, lançada sem critérios técnicos para o interior da floresta. O cenário evoluiu em função da falta de providências tomadas tempestivamente, a ponto de, na atualidade, representar um problema de difícil e onerosa solução para a administração pública e para o proprietário privado, a Companhia Melhoramentos. Contudo, trata-se de providência urgente, não só pelas demandas judiciais estabelecidas para fazer frente a esse quadro, como também pela progressiva perda de diversidade de áreas marginais, onde a vegetação tende a sofrer impactos diretos. A não adoção de prontas medidas práticas, como o estabelecimento de obras civis14 e a recuperação e manutenção da vegetação ripária poderá tornar as condições de degradação incontroláveis, comprometendo em definitivo os atributos do meio físico e biótico abrangidos pelo Horto Florestal. Atividades

Delimitação e mapeamento das áreas a serem recuperadas;

Estabilização de processos de erosivos de maior magnitude;

Retirada e destinação de resíduos sólidos de leitos de drenagem e áreas marginais

Restabelecimento de horizontes de solos em zonas ripárias;

Realização de plantios de recuperação nas zonas ripárias.

Normas técnicas e procedimentos básicos nas situações de plantio (subatividades):

O uso de máquinas pesadas que necessitem da abertura de acessos, derrubada de árvores ou capazes e provocar a compactação dos solos na margem dos leitos de drenagem deverá ser evitado ou restringido ao máximo;

O uso de gabiões rochosos ou de pavimento de concreto deverá ser contemporizado com a necessidade de preservação de trechos de leito natural, sobretudo nas drenagens que constituíam ambientes fluviais perenes;

O restabelecimento de horizontes de solos com uso de material orgânico ou solos de origem alóctone deverá ser precedido de análise que mostrem a não existência de ementes e propágulos de espécies vegetais invasoras;

14

A Prefeitura de Maringá já formulou projeto e orçamento específicos voltados à estabilização dos leitos de drenagem com padrão tecnológico similar ao utilizado no caso do Parque Ingá. O orçamento e a descrição do projeto se encontram disponibilizados no Anexo 4 e são assimilados no presente Plano de manejo como componentes fundamentais deste programa.

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Plantios de mudas em ambientes marginais às drenagens deverão estar restritos à zona impactada, utilizando-se apenas espécies nativas constantes dos estudos de flora disponibilizados neste plano de manejo ou no Anexo 5.

Como normas técnicas e atividades suplementares às apresentadas, especificamente destinadas aos plantios destinados à recuperação de áreas degradadas, têm-se: a) Delimitação de faixas de plantio e abertura de picadas Nos trechos com vegetação no estágio inicial de fisionomia herbáceo-arbustiva (clareiras) deverão ser delimitadas faixas de plantio retilíneas para facilitar sua manutenção posterior (Figura 131). Sugere-se um espaçamento entre faixas de 2 a 3 m, dependendo da fragilidade do local (espaçamento menor em locais mais frágeis). Após a delimitação do posicionamento das faixas, estas deverão ser abertas numa largura mínima que permita o deslocamento e posterior manutenção do coroamento das mudas. A limpeza da picada deverá concentrar-se somente no corte das gramíneas e demais herbáceas, poupando arbustos, árvores e arvoretas (nativas) que porventura já se encontrem na faixa de plantio. Arbustos de espécies ornamentais poderão ser retirados.

Figura 131 - Esquema de plantio em áreas de recuperação.

b) Coveamento, plantio e estaqueamento O coveamento e o plantio podem ser realizados em sequência. O plantio deve ser realizado a partir dos meses de setembro ou outubro (no fim da estiagem) devendo ser

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escolhido um período de chuvas constantes para efetuá-lo. Em dias de sol as mudas devem ser plantadas sempre no final da tarde evitando-se assim as horas mais quentes do dia. Após o plantio todas as mudas deverão ser estaqueadas com estacas de bambu para permitir sua localização durantes às atividades de manutenção do plantio. A capina de coroamento deve ser feita periodicamente (trimestralmente) retirando-se a cobertura herbácea e suas raízes num raio de 0,5 m em torno da muda. d) Monitoramento e manutenção do plantio O plantio deverá ser monitorado no mínimo por três anos com frequência trimestral. Nesta periodicidade, deverão ser realizadas as roçadas e capinas de coroamento, e, caso necessário, a reposição de mudas. e) Espécies indicadas O indicado é que cada faixa de plantio tenha diferentes espécies, nunca se repetindo espécies em sequencia na mesma faixa. Recomenda-se ainda que uma faixa de plantio seja composta de espécies prioritariamente pioneiras e outra faixa de espécies secundárias e climácicas e assim sucessivamente. O uso de espécies climácicas deverá se restringir à clareiras menores e locais de menor insolação. Recomenda-se que as mudas pioneiras e secundárias sejam maiores com cerca de 1 metro de altura e as climácicas de 0,3 a 0,5 metros, sendo indicadas espécies rústicas e ocorrentes das fitofissionomias da região, preferencialmente zoocóricas. Recomenda-se que as mudas sejam adquiridas em viveiros da localidade para melhor adaptação, diminuição de perda de diversidade e potencial genético, sendo fundamental que as mudas passem por período de rustificação antes do plantio final. As espécies pioneiras indicadas são preferencialmente zoocóricas (dispersas por animais), como: Casearia sylvestris guaçatunga, Inga marginata ingá, Solanum paniculatum jurubeba, Trema micrantha grandiúva e Syagrus romanzoffiana jerivá. Além destas, algumas pioneiras leguminosas também são recomendadas, pelos benefícios que trazem ao solo através da fixação de nutrientes e aporte de matéria orgânica. Dentre estas, são indicadas: Acacia polyphylla monjoleiro, Anadenanthera peregrina angico-branco, Anadenanthera colubrina angico e Enterolobium contortisiliquum orelha-de-macaco. Para as espécies secundárias-tardias e climácicas recomenda-se que espécies raras ou ameaçadas de extinção devam constar na seleção. São sugeridas: Aspidosperma polyneuron peroba, Eugenia uniflora pitanga, Holocalix balansae alecrim, Myrocarpus frondosus cabreúva, Campomanesia xanthocarpa guabiroba, Balfourodendron riedelianum pau-marfim, Allophylus edulis vacum, Cupania vernalis cuvatã, Cordia ecalyculata chá-de-

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bugre, Jacaratia spinosa jaracatiá, Casearia gossypiosperma espeteiro, Tabebuia heptaphylla ipê-roxo e Zanthoxylum riedelianum mamica entre outras. Estimando os tamanhos das clareiras verificadas, verifica-se a necessidade imediata de 420 mudas necessárias para o programa de recuperação, sendo aproximadamente metade pioneiras e metade secundárias e climácicas. Instituições Intervenientes Companhia Melhoramentos; Universidade Estadual de Maringá, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, IAP, Secretaria de Obras Públicas, Secretaria de Planejamento, Companhia Melhoramentos Norte Paraná, Organizações não governamentais.

7.2 Monitoramento de águas superficiais para tratamento e destinação adequada de

efluentes gerados no Horto e entorno

Objetivos

Obter informações qualificadas sobre as vazões e qualidade da água dos corpos hídricos do Horto e entorno.

Avaliar a qualidade dos corpos d’água regionais por meio do estudo da composição faunística da comunidade de macroinvertebrados;

Propor medidas de recuperação e controle da qualidade da água em áreas internas ou adjacentes ao Horto;

Possibilitar o restabelecimento da fauna aquática originalmente ocorrente nas drenagens da área do Horto;

Obter condições sanitárias e de qualidade da água adequadas visando o potencial uso público do Horto;

Promover a recuperação das funcionalidades ambientais da área visando a melhoria da qualidade da água vertida a partir de seu interior.

Justificativas Embora apresentando índices de saneamento que despontam no cenário nacional, não foi realizado até o momento nenhum estudo amplo e detalhado quanto às vazões e a qualidade dos corpos d’água inseridos no Horto Florestal e no seu entorno. Sabe-se, no entanto, que a modificação dos padrões de drenagem pela urbanização de Maringá, bem como a carga de efluentes domésticos gerados no entorno de áreas de cabeceiras atinge diretamente a qualidade das águas superficiais, bem como na vazão das drenagens.

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A realização de séries históricas e a obtenção de um conjunto abrangente de dados sobre a situação dos corpos hídricos da área sob manejo e arredores revelará o nível de impacto exercido pelas atividades existentes, indicando ainda adequações necessárias nos sistemas de saneamento urbano da região do Horto e bairros adjacentes. A aplicação do índice BMWP15, em associação a uma tabela de classes de qualidade de águas e a análise de parâmetros físico-químicos específicos, tem se mostrado bastante eficiente na caracterização da qualidade de águas a partir dos macroinvertebrados que nelas subsistem. Considerando-se a existência de nascentes e cursos d’água na área do Horto, bem como de espécies de fauna aquática e semiaquática relevantes, este programa mostra-se de grande interesse para fins de indicação de procedimentos de recuperação ambiental como também da necessidade de adequação do tratamento de efluentes originados em áreas externas. Atividades

Análise regular de amostras de água em todos os corpos hídricos do Horto visando à análise laboratorial de parâmetros específicos do IQA (Índice de Qualidade da Água);

Estabelecimento de protocolo de atribuições das instituições intervenientes, notadamente entre secretarias de planejamento, saneamento, meio ambiente e obras públicas, visando à sistematização de procedimentos para a execução deste programa;

Medição e registro de vazões dos cursos d’água monitorados para cálculo do volume hídrico vertido em eventos pontuais e sazonais;

Avaliação da qualidade dos corpos d’água regionais por meio do estudo da comunidade de macroinvertebrados, empregando referenciais e índices previstos para o BMWP;

Diagnóstico e mapeamento das fontes de alteração da qualidade da água e comunidades de fauna em corpos hídrico do Horto para sua desativação e destinação para tratamento.

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Procedimento para medir a qualidade da água a partir de grupos de macroinvertebrados que servem como indicadores biológicos.

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Instituições intervenientes Companhia Melhoramentos; Universidade Estadual de Maringá - UEM, Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Planejamento, Saúde, Obras Públicas e Organizações não Governamentais. 7.3 Controle de animais domésticos e espécies vegetais exóticas16

Objetivos Promover o controle da invasão e a retirada de animais domésticos (cães e gatos) do interior do Horto; Proteger a fauna nativa na área protegida dos impactos de predação e transmissão de doenças propiciados pela presença de espécies domésticas; Realizar o controle e erradicação de espécies exóticas invasoras constantes no Horto Florestal. Justificativas A presença de animais domésticos no interior do Horto pode resultar em uma série de prejuízos à preservação da fauna nativa. Cães e gatos são predadores de pequenos animais, além de transmitir ectoparasitas e outras zoonoses à fauna sendo verificados com frequência no interior da área protegida. Animais sinantrópicos não nativos, tais como pombos e ratos, assim como espécies de origem silvestre que tiram vantagem das perturbações típicas de ambientes urbanizados, a exemplo dos gambás e alguns canídeos, são reconhecidos vetores de doenças e competem vigorosamente com outros elementos da fauna silvestre. Portanto, devem ter suas populações monitoradas e controladas. Em áreas naturais urbanas torna-se cada vez mais comum a formação de grupos de cães ferais que, após algum tempo, forma matilhas que pressionam os recursos naturais e, em caso de visitação, podem provocar acidentes. Outra condição de impacto observada localmente consiste na presença de espécies exóticas, a saber, o sagui (Figura 129) e os roedores Rattus rattus (rato-comum) e Mus musculus (camundongo). Conforme informado anteriormente, assim como o mencionado para animais domésticos, as espécies interferem na dinâmica natural do meio na medida em que competem com as espécies nativas e podem disseminar zoonoses. O sagui em particular apresenta alta capacidade de predação de aves, seus ovos e outros pequenos organismos, demandando ações de controle populacional.

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Detalhamentos específicos destinados ao controle e erradicação de espécies exóticas são encontrados no Anexo 5, de autoria do Engenheiro Florestal Dr. André Sampaio.

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Foram verificadas no Horto condições para a invasão de tais animais, justificando a adoção de medidas próprias para que a área protegida não constitua ambiente propício à sua proliferação. Três espécies exóticas invasoras de porte arbóreo possuem grande vigor na região de Maringá e apesar de ainda não apresentarem invasão muito pronunciada no Horto, merecem destaque e maiores cuidados, são elas: Leucena leucocephala leucena; Melia azedarach santa-barbara e Hovenia dulcis uva-do-japão. O Horto Florestal possui também espécies exóticas vegetais em vários setores, condição que resulta em pressão sobre as espécies nativas a ponto de retirá-las do ambiente de competição ou inviabilizar os processos de sucessão e regeneração. Portanto, estas precisam ser erradicadas em sua grande parte visando à conservação da representatividade biológica do Horto Florestal. Atividades

Remoção periódica de animais domésticos do Horto, efetuando-se a entrega aos seus proprietários e/ou sua destinação a centros de adoção ou de controle de zoonoses;

Sensibilização e comunicação com moradores do entorno para que os mesmos realizem o controle da circulação de seus animais;

Contenção da entrada de animais domésticos por meio da revisão e manutenção constantes das cercas;

Capacitação do pessoal de manutenção para o adequado manejo de animais capturados;

Captura e destinação de saguis para centros de triagem ou outras áreas específicas para o desenvolvimento da espécie;

Capacitar o pessoal de manutenção para o reconhecimento das espécies vegetais invasoras e para a execução de procedimentos de controle das mesmas.

Instituições intervenientes Companhia Melhoramentos; Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Saúde, Universidade Estadual de Maringá - UEM, EMBRAPA, Organizações não governamentais. 7.4 Controle da evasão de macacos e outros animais de hábitos arborícolas

Objetivos

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Proteger espécimes da fauna nativas do Horto e promover a manutenção de populações viáveis;

Evitar o atropelamento de animais no entorno do Horto ou transtornos decorrentes da invasão de moradias do entorno.

Justificativas O Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes insere-se em uma área urbana com alta densidade de moradores lindeiros e, também, em região de intenso tráfego de veículos. A condição favorece a evasão da fauna silvestre para as áreas de entorno, expondo-a a atropelamentos, bem como os moradores à pequenos acidentes, notadamente com os primatas. Há soluções práticas já desenvolvidas para condições análogas em outras unidades de conservação que podem ser adotadas para o manejo do Horto com resultados positivos e pouco onerosos. Atividades

Sinalização de vias do entorno do Horto advertindo sobre a potencial presença de espécies silvestres nas rodovias;

Revisão e manutenção frequentes das cercas e alambrados;

Instalação de chapas metálicas com 50 cm de altura na porção superior de cercas do Horto (Figura 132), em especial nas áreas com maior proximidade da vegetação e/ou onde as evasões ocorrem com maior frequência;

Poda da vegetação arbórea e galhos nos limites do Horto que permitam a passagem de animais para espaço exterior, em espaço igual ou superior a 3,5 metros (Figura 133);

Conscientização de moradores do entorno quanto à necessidade de não alimentação dos animais quando ocorridas as evasões.

Instituições intervenientes Secretaria de Trânsito e Segurança, Secretaria de Obras Públicas, Secretaria de Meio Ambiente.

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Figura 132 - Modo de inserção de chapa metálica na porção superior da cerca do Horto Florestal, visando evitar tanto a evasão de macacos e outros animais escansoriais quanto à entrada de gatos domésticos.

Figura 133 - Área de poda da vegetação em relação à cerca, destinada ao controle da evasão de macacos do Horto em direção ao entorno.

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7.5 Programa de proteção contra incêndios

Objetivo Evitar potenciais eventos de incêndio na vegetação do horto Florestal com vistas à manutenção de sua representatividade biológica. Justificativa Mesmo com raros registros de incêndios florestais na área do Horto, a maioria dos quais restritos às pequenas áreas já impactadas, as condições de acesso e as ações de remoção de espécies exóticas indicadas neste Plano de Manejo podem aumentar a probabilidade de incêndios acidentais e/ou deliberadamente provocados. Em função de sua extensão relativamente pequena e de sua inserção em área urbana, um único incêndio pode resultar em danos ambientais importantes para a área, bem como afetar negativamente a comunidade do entorno que se beneficia de sua existência e conservação, justificando a existência de um programa constante de proteção, prevenção e controle. Atividades

Instalação de placas informativas nas calçadas do entorno do Horto advertindo sobre riscos de incêndio;

Fiscalização constante para cumprimento de normas com relação ao uso e descarte de artefatos e equipamentos capazes de gerar faíscas ou chamas;

Redução do material seco combustível no interior e limites do Horto;

Treinamento dos funcionários em cursos de combate a incêndios;

Formalização de convênio com PREVFOGO (IBAMA) para capacitação de funcionários no combate a incêndios florestais;

Adoção de um sistema de verificação de condições ambientais e níveis de risco para alerta quanto a potencial ocorrência de incêndios;

Registro e mapeamento de todas as ocorrências de fogo no interior da área;

Aquisição de equipamentos de combate a incêndios: abafadores, enxadas grandes, pulverizadores costais, pás;

Estabelecimento de termo de cooperação com Corpo de Bombeiros e Defesa Civil para treinamento mútuo, formulação de planos de contingenciamento e atendimento a emergências;

Instalação de hidrantes próprios para o fácil acesso à água em alta pressão;

Cooperação com secretarias municipais responsáveis pelo planejamento do uso do solo no entorno, recolhimento e destinação de resíduos sólidos;

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Planejamento e execução de atividades de conscientização de usuários do Horto e moradores do entorno com relação aos riscos e problemas gerados pelos incêndios.

Instituições Intervenientes Companhia Melhoramentos; Secretaria de Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná - IAP, Secretaria de Saneamento, Secretaria de Planejamento, IBAMA, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Universidade Estadual de Maringá, Organizações não governamentais.

7.6 Monitoramento, inventário e ecologia da fauna terrestre e anfíbia

Objetivos

Confirmar e ampliar os registros e o conhecimento da riqueza de espécies de vertebrados e invertebrados ocorrentes no Horto Florestal;

Obter subsídios para melhor orientar as estratégias de conservação da fauna local.

Caracterizar os ambientes de ocorrência e modos de vida de espécies relevantes;

Reconhecer padrões reprodutivos e migratórios relacionados à existência do Horto;

Gerar informações úteis a potenciais projetos de educação ambiental e/ou uso público que venham a ser conduzidos pela empresa proprietária do Horto Florestal ou instituições parceiras;

Justificativas Listas completas de espécies podem ser consideradas como indispensáveis para o entendimento de padrões de distribuição, reconhecimento de gradientes biogeográficos e compreensão de processos ecológicos básicos que influenciam na dinâmica de populações e estrutura de comunidades. Uma vez que não existem estudos publicados sobre a maior parte dos grupos de fauna do Horto, um inventário abrangente se mostra necessário para a confirmação de dados obtidos em campo para esse Plano de Manejo, particularmente para as espécies mais raras, ampliando as informações obtidas para espécies ora registradas e também permitindo registros de novas ocorrências para a área. Grupos mais sensíveis aos padrões de conservação e mudanças microclimáticas, tais como anfíbios e lepidópteros mostram-se particularmente interessantes e úteis para o aprimoramento das ações de manejo e conhecimento da dinâmica ecológica local.

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É, portanto, fundamental a realização de inventários mais detalhados das espécies da fauna, incluindo a investigação dos aspectos relacionados à sua biologia e ecologia, visando melhor orientar o desenvolvimento das estratégias de conservação. Considerando ainda a condição de progressivo isolamento dos ambientes naturais no contexto de Maringá, deve-se reconhecer que o Horto atualmente representa uma “ilha” onde devem ocorrer potenciais perdas de variabilidade genética de populações animais. Sendo assim, estudos que indiquem dinâmicas e reduções populacionais importantes podem ajudar no manejo destas espécies visando à sua conservação. Adicionalmente, condicionados ao êxito da primeira etapa de recuperação da área do Horto Florestal, eventuais ações de reabertura da área para uso público podeão ser qualificadas pelo aimento do conhecimento sobre a biota inserida na área, democratizando assim o conhecimento do público sobre a composição e os aspectos ecológicos da fauna local. Atividades

Aprofundar o inventário e levantamentos secundários realizados para o Plano de Manejo, avaliando-se de maneira comparativa a fauna presente nos diferentes ambientes;

Identificar as espécies raras, migratórias, ameaçadas de extinção e/ou endêmicas nos ambientes abrigados pelo Horto, bem como as espécies exóticas, peçonhentas e/ou de interesse médico-sanitário;

Estudar a estrutura e do tamanho das populações de espécies notáveis e/ou de importância conservacionista identificadas no Horto;

Estudar as relações fauna-flora, especialmente no tocante à disseminação de sementes e polinização por espécies de vertebrados e invertebrados17;

Promover e estudos sobre densidade e dinâmica populacional de espécies e/ou grupos de relevância para bioindicação, com destaque a primatas, anuros, aves e Lepidopteros (borboletas e maiposas);

Consolidar um banco de dados sobre a fauna do Horto, incluindo listas de espécies, pontos de registro por espécie, aspectos ecológicos e outras informações aplicáveis à proteção das espécies e à sua exploração para fins pedagógicos;

Permitir o monitoramento da fauna em áreas submetidas à recuperação ambiental;

Gerar materiais pedagógicos sobre biota do horto para utilização em atividades educativas e de uso público, a serem conduzidas após as ações de recuperação e em parceria com instituições públicas e/ou privadas.

17

São aqui particularmente interessantes os grupos das ordens Lepidoptera (borboletas e mariposas), Coleoptera (besouros e joaninhas) e Chiroptera (Morcegos).

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Instituições Intervenientes Companhia Melhoramentos; Universidade Estadual Maringá, Secretaria de Meio Ambiente, Organizações Não-Governamentais.

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9. ANEXOS