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LUCIENE MARIA DE SOUZA
ABORDAGENS PEDAGÓGICAS SOBRE ALFABETIZAR LETRANDO,
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
SIMOLÂNDIA/GO
2008
LUCIENE MARIA DE SOUZA
ABORDAGENS PEDAGÓGICAS SOBRE ALFABETIZAR LETRANDO,
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Trabalho de Conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Pós - Graduado no Curso Educação Infantil e Desenvolvimento, modalidade a distância da Universidade Candido Mendes - Rio de Janeiro. Professora: Maria Ester de Araújo Oliveira
SIMOLÂNDIA/GO
2008
A todos que acreditam em um sonho, seja ele qual for. A educação de qualidade também é um sonho que precisa ser sonhado, e, acima de tudo; galgado com todas as forças daqueles que são os seus maiores interessados que se propõem a realizar as mudanças: nós, os educadores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, a meus pais, também meu esposo e filhos e todos aqueles que me ajudaram na conclusão deste projeto acadêmico.
“A primeira idéia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade”.
(MARIA MONTESSORI)
RESUMO Neste trabalho monográfico possuem capítulos de grande relevância a todos os professores de alfabetização e d 1º ao 5º ano. O primeiro capitulo tem como pressuposto teórico uma perspectiva socioconstrutivista da aprendizagem apresentando um conceito de surgimento da escrita. A alfabetização no Brasil e como se dá a construção da leitura e escrita desenvolvida por Emília Ferreiro; são marcos históricos no processo de alfabetização, e o pensar da língua escrita por Vygostsky e Piaget. Levar o educador ao conhecimento a palavra letramento e, como inserir na nossa prática pedagógica, também como adaptar adequadamente o ato de escrever e ler dentro do contexto de letramento, revendo os estudos feitos pelos pesquisadores sobre o assunto. Porém, alguns deles não são pedagogos, mas ao escreverem suas obras, estavam interessadas, sobretudo, em compreender o ser humano, suas relações, sua existência socialmente configurada. O papel do educador para levar o individuo a ser letrado, requer várias reflexões sobre a sua prática pedagógica e de vários estudiosos sobre o assunto. Mostrando com isso, como o corre a alfabetização e o que está acontecendo com os alunos de hoje. Analisar os métodos mais ultrapassados que deixam os alunos em um mundo restrito da leitura. Leva a entender melhor a necessidade de mudança, as indicações pedagógicas e outras informações úteis necessárias de situações de ensino. Mostra a análise da escrita no processo de alfabetização para uma breve demonstração de alunos com diferentes maneiras de ensino. Palavras - Chave: Letramento; Leitura e escrita.
METODOLOGIA
O presente estudo tem como referenciais metodológicos a pesquisa
teórica e a pesquisa empírica. O desenvolvimento do trabalho consiste na
leitura de autores que desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em
estudo a fim de embasar, teoricamente, toda a pesquisa.
A pesquisa bibliográfica consiste na realização de um histórico da
alfabetização traçado desde o surgimento da escrita até os índices divulgados
pelo INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional) e no estudo das teorias de
Jean Piaget (1980), Emilia Ferreiro (2000), entre outros, possibilitando, assim,
um conhecimento teórico que servirá como alicerce para a fundamentação de
conceitos que envolvem o alfabetizar letrando.
Na prática, foi realizado um estudo de caso que buscou elucidar como
se dá a aquisição da leitura e escrita através do alfabetizar letrando, por meio
da análise das hipóteses de escrita construídas por duas crianças durante o 1º
ano do ciclo de alfabetização, enfatizando as práticas educativas que
permearam todo o processo de aprendizagem do alfabetizar letrando. Este
estudo foi realizado através da diagnose que permitia analisar, periodicamente,
a fase da escrita do educando e das atividades realizadas no cotidiano da sala
de aula permeadas por diversos tipos textuais, consideradas interessantes, na
visão da professora da turma para compor o presente estudo. O texto dos
Parâmetros Curriculares Nacionais - Língua Portuguesa possibilitou a
fundamentação de todo o estudo de caso. A leitura da revista Nova Escola que
tratava do assunto do tema em estudo, contribuiu também no desenvolvimento
dessa pesquisa. Depois que pesquisei em vários livros e revistas sobre o
tema e que melhor interagir .Pensando na minha prática docente do ensino
fundamental e ao elaborar e realizar o questionário nas escolas estaduais e
municipais, que então melhor compreende os problemas enfrentados pelos
alunos e professores do nosso município.
SUMÁRIO
1.Introdução.......................................................................................................09
2. CAPÍTULO I: História da Alfabetização: Fundamentação Teórica...............11
2.1. O Surgimento da Escrita.............................................................................13
3. CAPÍTULO II: Alfabetizar Letrando...............................................................23
4. CAPÍTULO III: O Papel Do Educador Para Tornar O Indivíduo Letrado.......26
5. Considerações finais....................................................................................28
Referências........................................................................................................29
Anexo I: .............................................................................................................30
Anexo II: ............................................................................................................32
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como enfoque principal a Alfabetização que,
como propõem Freire e Emilia Ferreiro (2000), ensinar a leitura e escrita dentro
de um contexto de letramento. E proporcionar uma reflexão e questionamento
em nossa prática de ensino proporcionando assim a buscar novas alternativas
de ensino e com isso pesquisar novas teorias melhorando nossa prática
pedagógica.
Durante muito tempo, acreditava-se que para formar alunos leitores-
escritores bastava alfabetizar. O resultado esta sendo insatisfatório, as crianças
chegam ao 5° ano sem saber ler, ou se ler não consegui interpretar o que esta
escrito, essa insatisfação, em vez de ficarmos paralisados devemos repensar a
prática cotidiana de ensino e buscar alternativa de mudanças . E preciso
deixar que o aluno constroem o seu conhecimento oferecendo diversidade de
leitura. Muitos métodos tradicionais de alfabetização entendido apenas com
aprendizagem mecânica do ler e escrever que leva o aluno a uma tortura de
decoreba.
E o letramento que, segundo Soares (2000), "é o estado em que vive o
indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de
leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive".
Assim como a alfabetização e o letramento são processos que
caminham juntos, este trabalho, em específico, busca repensar a prática de
ensino da leitura e da escrita, baseado no alfabetizar letrando.
Visto que a sociedade hoje é uma sociedade grafocêntrica, não basta ao
indivíduo ser simplesmente alfabetizado, ou seja, aprender meramente a
decodificar. Faz-se necessário que o mesmo seja também letrado para que
possa exercer as práticas sociais de leitura e escrita nesta sociedade.
No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de
alfabetização, em vários estudos mais recentemente a própria (Lei de Diretrizes
e Bases de 1996) Isso significa que a responsabilidade de uma mudança
radical na prática de alfabetização.
Infelizmente, a situação, nas últimas décadas, com relação aos índices
de analfabetismo, é muito alarmante, pois muito se discute mas, na prática,
muito pouco é feito. O número de alunos aprovados ao final do primeiro ano
escolar não é satisfatório, assim como o número dos que chegam ao 5º ano do
ensino fundamental sem estarem sequer alfabetizados/ letrados também é
preocupante.
Já que o paradigma tradicional defendido há décadas não está trazendo
resultados satisfatórios, foi realizado um estudo teórico aprofundado sobre a
Alfabetização, partindo para seu campo de atuação e confrontando a teoria
com a prática. Antecedendo toda a discussão teórica, foi traçado um histórico
sobre a alfabetização e, na prática, realizado um estudo de caso que
possibilitou ver o quão é importante e enriquecedor um processo alfabetizador
baseado na relação da criança com uma diversidade de textos, seja como
ouvinte, redator ou leitor.
Diante dessa temática, propõe-se o seguinte problema:
Como se ensinar leitura e escrita através do alfabetizar letrando?
Segundo Jean Piaget(1896-1980) As crianças constroem as noções
fundamentais de conhecimento lógico: como essa construção ocorre?
O estudo dessa pesquisa contribuirá para um repensar do educador
atuante nas classes do ensino fundamental, podendo reconstruí-la. Segundo a
problemática, portanto os objetivos desta pesquisa que é abordada busca-se
elucidar as seguintes questões: Compreender o papel histórico da
alfabetização ao longo dos anos; repensar a aquisição do ensino da leitura e da
escrita em uma visão de alfabetizar letrando:
CAPÍTULO I
HISTÓRA DA ALFABETIZAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
Este capítulo tem como primeiro pressuposto teórico uma perspectiva
socioconstrutivista da aprendizagem apresentando um conceito do surgimento
da escrita e como se da à construção da leitura e da escrita desenvolvidos
por Emilia Ferreiro, são marcos históricos no processo de alfabetização, e o
pensar da língua escrita por Vygotsky e Piaget.
Se, no início da década de 80, os estudos acerca da psicogênese da
língua escrita trouxeram aos educadores o entendimento de que a
alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo
processo de elaboração de hipóteses sobre a representação lingüística; os
anos que se seguiram, com a emergência dos estudos sobre o letramento,
foram igualmente férteis na compreensão da dimensão sócio-cultural da língua
escrita e de seu aprendizado.
Em estreita sintonia, ambos os movimentos, nas suas vertentes teórico-
conceituais, romperam definitivamente com a segregação dicotômica entre o
sujeito que aprende e o professor que ensina. Romperam também com o
reducionismo que delimitava a sala de aula como espaço único de
aprendizagem.
Reforçando os princípios antes propalados por Vygotsky e Piaget, a
aprendizagem se processa em uma relação interativa entre o sujeito e a cultura
em que vive. Isso quer dizer que, ao lado dos processos cognitivos de
elaboração absolutamente pessoal (ninguém aprende pelo outro), há um
contexto que, não só fornece informações específicas ao aprendiz , como
também motiva, dá sentido e “concretude” ao aprendido, e ainda condiciona
suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas. Entre o
homem e os saberes próprios de sua cultura, há que se valorizar os inúmeros
agentes mediadores da aprendizagem (não só o professor, nem só a escola,
embora sejam estes agentes privilegiados pela sistemática pedagogicamente
planejada, objetivos e intencionalidade assumida).
O ensino da leitura e da escrita durante muito tempo, nas séries de
alfabetização do ensino fundamental, teve como característica codificação que
os alunos deveriam memorizar de uma forma mecânica. Atualmente, o ensino
da leitura e da escrita constitui-se como um conjunto de atividades
cuidadosamente planejadas, nas quais o aluno construa seu próprio
conhecimento.
Segundo Cagliari (1998, p. 12):
Quem inventou a escrita inventou ao mesmo tempo as regras da alfabetização, ou seja, as regras que permitem ao leitor decifrar o que está escrito, entender como o sistema de escrita funciona e saber como usá-lo apropriadamente. A alfabetização é, pois, tão antiga quanto os sistemas de escrita. De certo modo, é a atividade escolar mais antiga da humanidade.
Fatos historicamente comprovados nos relatam que a escrita surgiu do
sistema de contagem feito com marcas em cajados ou ossos que
provavelmente eram usados para contar o gado, na época em que o homem já
domesticava os animais e possuía rebanhos. Essas marcas eram utilizadas,
também, para as trocas e vendas, representando a quantidade de animais ou
produtos negociados. Além dos números, era preciso inventar símbolos para os
produtos e os nomes dos proprietários.
Segundo Cagliari (1998, p. 14) naquela época de escrita primitiva, ser
alfabetizado significava saber ler o que aqueles símbolos significavam e ser
capaz de escrevê-los, repetindo um modelo mais ou menos padronizado,
mesmo porque o que se escrevia era apenas um tipo de documento ou texto.
A ampliação do sistema de escrita fez com que as pessoas
abandonassem os símbolos para representar coisas e passassem a utilizar,
cada vez mais, os símbolos que representassem sons da fala como, por
exemplo, as sílabas. Como, em média, há cerca de 60 tipos de sílabas
diferentes por língua, tornou-se muito conveniente a difusão da escrita na
sociedade, pois o sistema de símbolos necessário para representar as palavras
através das sílabas ficou muito reduzido e fácil de ser memorizado.
2.1 O Surgimento da Escrita
Segundo Cagliari (1998, passim), a escrita começou de maneira
autônoma e independente, na Suméria, por volta de 3300 a.C. É muito provável
que no Egito, por volta de 3000 a. Ce na China, por volta de 1500 a. Cesse
processo autônomo tenha se repetido. Os maias da América Central também
inventaram um sistema de escrita independentemente de um conhecimento
prévio de outro sistema de escrita, em um tempo indeterminado ainda pela
ciência, que talvez se situe por volta do início da era cristã. Todos os demais
sistemas de escrita foram inventados por pessoas que tiveram, de uma
maneira ou de outra, contato com algum sistema de escrita.
Na Antigüidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo
escrito e, depois, copiando. Começavam com palavras soltas e, depois,
passavam para textos famosos, que eram estudados exaustivamente.
Finalmente, passavam a escrever seus próprios textos. O trabalho de leitura e
cópia era o segredo da alfabetização.
As pessoas que não pretendiam se tornar escribas, aprendiam sem ir à
escola. A alfabetização dava-se com a transmissão de conhecimentos relativos
à escrita de quem os possuía para quem queria aprender. A decifração da
escrita era vista como um procedimento comum. Não era preciso fazer cópias
nem escrever: bastava ler. Para quem sabe ler, escrever é algo que vem como
conseqüência.
Os semitas, ao formarem seu sistema de escrita, escolheram um
conjunto de palavras cujo primeiro som fosse diferente dos demais. Nenhuma
palavra, naquela língua, começava por vogal, ficando a lista apenas com
consoantes, reduzindo os modelos silabários da época da escrita cuneiforme,
por exemplo, de cerca de 60 elementos para apenas 21 consoantes. Para
representá-las graficamente, foram escolhidos hieróglifos egípcios cujos
aspectos figurativos lembravam os significados das palavras daquela lista. Por
exemplo, a primeira palavra da lista era ‘alef, que significa boi, e o hieróglifo
escolhido foi o que representava a cabeça de um boi. Dessa maneira, a figura
da cabeça do boi passou a representar o som inicial da palavra ‘alef, que era
oclusiva glotal[1][1]. E, assim, com as demais palavras e suas respectivas
consoantes.
Assim sendo, cada palavra da lista passou a ser o nome da letra que
representava a consoante inicial. Além disso, esse nome passou a ser a chave
para se saber que som a letra representava: ‘alef representava a oclusiva
glotal, por exemplo. A escolha de uma lista de palavras como essa constitui o
que se chama de princípio acrofônico, ou seja, o som inicial do nome da letra
é o som que a letra representa: o desenho da cabeça de boi representa o som
da oclusiva glotal porque o nome dessa letra é ‘alef.
O princípio acrofônico permitiu uma grande simplificação no número de
letras e trouxe a forma óbvia de como se devia proceder para ler e escrever.
Uma vez identificada a letra pelo nome, já se tinha um som para ela. Juntando
os sons das letras das palavras em seqüência, tinha-se a pronúncia de uma
dada palavra – o que, feitos os devidos ajustes, dava o resultado final de sua
pronúncia; e, pronunciando-a, o significado vinha automaticamente.
Para se alfabetizar nesse sistema de escrita, bastava a pessoa decorar
a lista dos nomes das letras, observar a ocorrência de consoantes nas palavras
e transcrever esses sons consonantais usando o princípio acrofônico. Para
escrever David, por exemplo, bastava identificar as consoantes DVD, procurar,
na lista de letras, aquelas que começam com sons de D e V e escrevê-las.
Já os gregos, apesar de manterem o princípio acrofônico, se
diferenciaram dos semitas, pois, em grego, o conjunto de consoantes era
diferente, e eram usadas, as vogais. Assim, como vimos anteriormente, a letra
egípcia que representava pictograficamente a cabeça de um boi foi usada
pelos semitas para representar uma consoante oclusiva glotal, e a letra
recebeu o nome da palavra que significava boi, ou seja, ‘alef. Como em grego
não houvesse consoante oclusiva glotal, a letra ‘alef passou a representar a
vogal A, agora denominada alfa.
Apesar de manter o princípio acrofônico, os gregos adaptaram os nomes
das letras semíticas para a sua língua. Para eles, a alfabetização acontecia de
maneira semelhante à dos semitas, com a única diferença de que os gregos
tinham de detectar, na fala, não apenas as consoantes, mas, também, as
vogais para escreverem alfabeticamente.
Quando os gregos passaram a usar o alfabeto, aprender a ler e a
escrever tornou-se uma tarefa de grande alcance popular. De fato, pode-se
mesmo dizer que na Grécia antiga havia as escolas do alfabeto.
Os romanos assimilaram tudo o que puderam da cultura grega, inclusive
o alfabeto. Práticos como sempre, acharam interessante o princípio acrofônico
do alfabeto grego, mas perceberam que as letras não precisavam ter nomes
especiais: era mais simples ter como nome da letra o próprio som dela. Dessa
forma, mantinha-se o princípio acrofônico e ficava ainda mais fácil usar o
alfabeto e se alfabetizar. Foi assim que alfa, beta, gama, delta, épsilon, etc.
transformaram-se em a, bê, cê, dê, e, etc.
Os semitas, os gregos e os romanos nos deixaram alguns “alfabetos”:
tabuinhas ou pequenas pedras ou chapas de metal onde se encontravam todas
as letras na ordem tradicional dos alfabetos. Na verdade, serviam de guia para
as pessoas aprenderem a ler e a escrever, ou mesmo quando fossem
escrever. Tais documentos foram, por assim dizer, as mais antigas “cartilhas”
da humanidade: uma cartilha que continha apenas o inventário das letras do
alfabeto.
A alfabetização, na Idade Média, em geral ocorria menos nas escolas do
que na vida privada das pessoas: quem sabia ler ensinava a quem não sabia,
mostrava o valor fonético das letras do alfabeto em determinada língua, a
forma ortográfica das palavras e a interpretação da forma gráfica das letras e
suas variações. Aprender a ler e a escrever não era uma atividade escolar,
como na Suméria ou mesmo na Grécia antiga. Nessa época, como as crianças
já não iam mais à escola, as que podiam eram educadas em casa pelos pais,
por alguém da família ou até mesmo por um preceptor contratado para essa
tarefa. Isso se estende desde a época clássica latina até o século XVI.
Como o alfabeto tinha no nome das letras o princípio acrofônico, que é a
chave de sua decifração, bastava o aprendiz decorar o nome das letras para
ter condições de iniciar a decifração da escrita, a qual se completava quando,
somando-se os valores das letras, descobria-se que palavra estava escrita. O
contexto lingüístico e as ilustrações sempre ajudaram com informações
complementares, facilitadoras do processo de decifração. Vê-se, pois, que a
alfabetização pode, perfeitamente, acontecer fora da escola e do processo
escolar, podendo ser feita em casa se a isso as pessoas se dedicarem.
Com o uso cada vez maior da escrita na sociedade e com a produção
crescente de livros escritos à mão (e depois impressos), o alfabeto passou a ter
um problema a mais: foram surgindo formas variantes de representação gráfica
das letras (sem modificar o inventário do alfabeto). Isso fez com que uma letra
passasse a ser apenas um valor abstrato do alfabeto, que podia ser
representado por muitas formas gráficas, as quais, agora, o usuário do sistema
de escrita tinham de conhecer.
A primeira manifestação desse fato aconteceu quando das letras capitais
surgiram as letras minúsculas com forma gráfica diferente das antigas, que
passaram a se chamar maiúsculas. Isso aconteceu sem que as letras
perdessem seu valor fonético e sem que a ortografia das palavras mudasse.
Agora, o usuário da escrita precisava saber que “A” e “a” são a mesma letra e,
portanto, “CASA” equivale a “casa”. Isso trouxe um problema novo e
complicado para a alfabetização e para os leitores em geral. Não bastava saber
o alfabeto, seu princípio acrofônico e a ortografia: era preciso, ainda, saber
fazer a categorização correta das formas gráficas, reconhecendo a que
categoria pertence cada letra encontrada nas diferentes manifestações
gráficas da escrita. “Letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só
sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que
circulam na sociedade em que vive”. (SOARES, 2000).
O termo letramento passou a ter veiculação no setor educacional há
pouco menos de vinte anos, primeiramente entre os lingüistas e estudiosos da
língua portuguesa.
No Brasil, o termo foi usado pela primeira vez por Mary Kato, em 1986,
na obra "No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística". Dois anos
depois, passou a representar um referencial no discurso da educação, ao ser
definido por Tfouni em "Adultos não alfabetizados: o avesso dos avessos".
Segundo Soares (2003), foram feitas buscas em dicionários da língua
portuguesa quanto ao significado da palavra e nada foi encontrado nem mesmo
nas edições mais recentes dos anos de 1998 e 1999.
Na realidade, o termo originou-se de uma versão feita da palavra da
língua inglesa "literacy", com a representação etimológica de estado, condição
ou qualidade de ser literate, e literate é definido como educado, especialmente,
para ler e escrever.
Assim como as sociedades no mundo inteiro, tornam-se cada vez mais
centradas na escrita, e com o Brasil não poderia ser diferente. E como ser
alfabetizado, ou seja, saber ler e escrever, é insuficiente para vivenciar
plenamente a cultura escrita e responder às demandas da sociedade atual, é
preciso letrar-se, ou seja, tornar-se um indivíduo que não só saiba ler e
escrever, mas exercer as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na
sociedade em que vive (Soares, 2000).
Numa sociedade letrada, o objetivo do ensino deve ser o de aprimorar
a competência e melhorar o desempenho lingüístico do estudante, tendo em
vista a integração e a mobilidade sociais dos indivíduos, além de colocar o
ensino numa perspectiva produtiva.
O ensino da leitura e da escrita deve ser entendido como prática de um
sujeito agindo sobre o mundo para transformá-lo e, para, através da sua ação,
afirmar a sua liberdade e fugir à alienação.
É através da prática que desenvolvemos nossa capacidade lingüística.
Conhecer diferentes tipos de textos não é, pois, decorar regras gramaticais e
listas de palavras. No rap Estudo Errado, Gabriel, o Pensador, diz com
propriedade: “Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi. Decoreba: este é o
método de ensino. Eles me tratam como ameba e assim eu num raciocino”.
É lamentável que, no Brasil, a escola, lugar fundamental para a pessoa
desenvolver sua capacidade de linguagem, continue limitando-se, na maioria
das vezes, a um ensino mecânico. Na perspectiva do letramento, a leitura e a
escrita são vistas como práticas sociais.
Vargas (2000: 7-8) apresenta uma distinção entre ledores e leitores
muito importante quando se fala de alfabetização e de letramento. Segundo a
autora,
[...] A estrutura educacional brasileira tem formado mais ledores que leitores. Qual é a diferença entre uns e outros se os dois são decodificadores de discursos? A diferença está na qualidade da decodificação, no modo de sentir e de perceber o que está escrito. O leitor, diferentemente do ledor, compreende o texto na sua relação dialética com o contexto, na sua relação de interação com a forma. O leitor adquire através da observação mais detida, da compreensão mais eficaz, uma percepção mais crítica do que é lido, isto é, chega à política do texto. A compreensão social da leitura dá-se na medida dessa percepção. Pois bem, na medida em que ajudo meu leitor, meu aluno, a perceber que a leitura é fonte de conhecimento e de domínio do real, ajudo-o a perceber o prazer que existe na decodificação aprofundada do texto.
O objetivo de se ensinar a ler e escrever deve estar centrado em
propiciar ao estudante a aquisição da língua portuguesa, de maneira que ele
possa exprimir-se corretamente, aconselhado pelo professor por meio de
estímulos à leitura de variados textos, nos quais serão verificadas as diferentes
variações lingüísticas, tornando um poliglota em sua língua, para que, ao
dominar o maior número de variantes, ele possa ser capaz de interferir
socialmente nas diversas situações a que for submetido.
A educação, sendo uma prática social, não pode restringir-se a ser
puramente livresca, teórica, sem compromisso com a realidade local e com o
mundo em que vivemos. Educar é também, um ato político. É preciso resgatar
o verdadeiro sentido da educação. De acordo com Freire (1989: 58-9),
(...) o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo, é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem.
Assim, quando os alunos são os sujeitos da própria aprendizagem,
"seres fazedores, transformadores", no dizer de Paulo Freire, tomam
consciência de que sabem e podem transformar o já feito, construído. Deixam
a passividade e a alienação para se constituírem como seres políticos.
Como afirma Freire (1996: 42), o diálogo é fundamental em qualquer
prática social. O diálogo consiste no respeito aos educandos, não somente
enquanto indivíduos, mas também enquanto expressões de uma prática social.
(...) A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir,
depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como paciente de seu pensar a
inteligibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do
educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática
de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica,
produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há
inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se
funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico.
O aluno não pode ser um simples objeto nas mãos do professor. É o que Freire (ibidem) chama de “educação bancária”, isto é, o educando, ao receber passivamente os conhecimentos, torna-se um depósito do educador. “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção”. (Freire, ibidem: 52).
Cabe ao professor mostrar aos alunos uma pluralidade de discurso.
Trabalhar com diferentes textos possibilita ao professor fazer uma abordagem
mais consciente das variadas formas de uso da língua. Assim, o professor
pode transformar a sua sala de aula num espaço de descobertas e construção
de conhecimentos.
A tarefa de selecionar materiais de leitura para os alunos é uma das
tarefas mais difíceis. Nessa escolha, são postas em jogo as diferentes
concepções que tem cada professor sobre a aprendizagem, os processos de
leitura, a compreensão, as funções dos textos e o universo do discurso. Além
disso, coloca-se em jogo a representação que tem cada docente não só do
desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo dos sujeitos a quem vão dirigidos os
materiais, mas também dos interesses de leitura de tais destinatários. Assim,
também intervém como variável significativa o valor que o docente atribui aos
materiais enquanto recursos didáticos.
Trabalhar com gêneros textuais variados nos permite entender que a
escolha de um gênero leva em conta os objetivos visados, o lugar social e os
papéis dos participantes. Daí decorre a detecção do que é adequado ou
inadequado em cada uma das práticas sociais.
Diante disso, na medida em que o educador tomar consciência de sua
posição política, articulando conteúdos significativos a uma prática também
significativa, desvinculando-se da função tradicional de mero transmissor de
conteúdos e, conseqüentemente, de mero repetidor de exercícios do livro
didático estará transformando o ensino da leitura e da escrita. Um educador
como mediador, partindo da observação da realidade para, em seguida, propor
respostas diante dela estará contribuindo para a formação de pessoas críticas
e participativas na sociedade.
Assim, uma prática significativa depende do interesse do professor em
planejar as suas aulas com coerência, visando a construção de conhecimentos
com os alunos.
É importante destacar que letrar não é apenas função de professor de
Língua Portuguesa. Em todas as áreas de conhecimento, em todas as
disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leitura e de escrita: em
História, em Geografia, em Ciências, mesmo em Matemática, enfim, em todas
as disciplinas, os alunos aprendem lendo, interpretando e escrevendo.
Letrar é função de todos os professores, mesmo porque, em cada área
de conhecimento, a escrita e a leitura têm peculiaridades, que só os
professores que nela atuam é que conhecem e dominam.
O educador reeducando-se e transformando-se, deixará de vez "suas
tarefas e as funções da educação sob a ótica das elites econômicas, culturais e
políticas das classes dominantes", em direção a uma prática libertadora. Assim,
o ensino deixará de ser um martírio, para se tornar num processo de
construção permanente de conhecimentos. O educador deve estimular no
aluno o pensamento crítico, de modo que ele possa atuar na sociedade como
um indivíduo pensante, questionador.
Enfim, nos dias atuais, o conhecimento é uma das "ferramentas" para se
conquistar oportunidades de trabalho e renda. Assim, aos professores, cabe a
responsabilidade de fazer com que seus alunos se interessem pela leitura e
pela escrita. A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de
letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de
habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a
língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado;
entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento
metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem
da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas.
Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos
jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as
histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa,
fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. Letramento é
ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e
fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si
mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem
podemos ser.
CAPÍTULO II
ALFABETIZAR LETRANDO
A proposta é levar o educador ao conhecimento da palavra letramento, e
como inserir na nossa pratica pedagógica, como adaptar adequadamente o ato
de escrever e ler, alfabetizar dentro do contexto de letramento, revendo os
estudos feitos pelos pesquisadores sobre o assunto. Porém alguns deles não
são pedagogos mas ao escreverem suas obras, estavam interessados,
sobretudo em compreender o ser humano, suas relações, suas existência
socialmente configurada.
Para alfabetizar dentro do letramento é preciso mudar muitos
paradigmas nas classes de alfabetização. Quem acredita no letramento,
acriança primeiro aprende o sistema de escrita e só depois faz o uso social da
língua. Assim, a criança dissocia a aquisição do sistema das práticas sociais
de leitura e escrita.
É muito importante que o aluno que está sendo alfabetizado esteja
sempre em contato com texto, mesmo quando ainda não sabe ler. Canções,
poesias e parlendas são úteis para chegar à incrível mágica de fazer a criança
ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o
dedinho as letras que formam as estrofes.
Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o
aluno sabe que o título é: “atirei o pau no gato”, ele tenta ler e verificar o que
está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre
acompanhado pelo professor.
O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma,
as figuras que acompanham e imaginam no tema.
O professor deve ser um modelo para os alunos, deve ser um bom leitor
e ler para os alunos. Sabemos que, para adquirir conhecimentos, não basta
ouvir. Na verdade, as crianças interpretam o que ouvem, pensam e refletem a
partir do que já conhecem. Desde muito pequenos, elas podem e devem
conhecer os diferentes materiais de leitura, saber para que servem e tentar
descobrir o que está escrito.
É por isso que o trabalho com a linguagem escrita é de extrema
importância na educação infantil. Não se trata de preparar as crianças para a
1ª série, mas sim de oferecer-lhes a leitura e a escrita. As crianças pequenas
sempre podem e querem aprender muito. Por observar os adultos, ouvir
historinhas contadas pelos pais e brincar de ler e escrever. Algumas crianças
chegam à educação infantil em fase avançada. Por isso oferecer o acesso ao
mundo escrito desde cedo é uma forma de aprender facilmente a leitura e a
escrita.
Nas salas que os professores lêem diariamente, exploram o uso de
listas e promovem brincadeiras, os pequenos identificam com seu nome,
pastas e materiais, usam crachás, produzem textos coletivos que ficam
expostos nas paredes e têm sempre à mão livros e brinquedos que incentivam
a pensar sobre a escrita torna-se um ambiente alfabetizador.
Garanta sempre um espaço com textos conhecido pelos alunos,
aproveitando situações em que seja significativo ler e reler o que já conhecem.
Experimente, por exemplo, ensaiar uma música que todos vão cantar juntos,
acompanhando com a leitura no texto impresso, ou um poema. Essas
atividades tornam possível acompanhar no texto que vai sendo dito e ajudar a
pensar na correspondência entre o que “se diz” e “o que está escrito”.
A alfabetização, no sentido que atribui essa palavra, é que se concentra
nos primeiros anos de escolaridade. Concentra-se aí, mas não ocorre só aí: por
toda vida escolar os alunos estão avançando em seu domínio do sistema
ortográfico. Aliás, um adulto escolarizado, quando vai ao dicionário, resolver
dúvida sobre a escrita de uma palavra está retomando seu processo de
alfabetização. Mas esses procedimentos de alfabetização tardia são
esporádicos e eventuais, ao contrário do letramento, que é um processo que se
estende por todos os anos de escolaridade e, mais que isso, por toda a vida.
Termos despertado para o fenômeno do letramento - estamos
incorporando essa palavra ao nosso vocabulário educacional - significa que já
compreendemos que nosso problema não é apenas ensinar a ler e a escrever,
mas é também, e sobretudo, levar os indivíduos - crianças e adultos a fazer
uso da leitura e da escrita, envolvendo-se em práticas sociais de leitura e
escrita.
No entanto, infere-se de tudo o que foi dito, que o nível de letramento de
grupos sociais relaciona-se fundamentalmente com as suas condições sociais,
culturais e econômicas. É preciso que haja, pois, condições para o letramento.
Uma primeira condição é que haja escolarização real e efetiva da população-só
nos demos conta da necessidade de letramento quando o acesso à
escolaridade se ampliou e tivemos mais pessoas sabendo ler e escrever,
passando a aspirar a um pouco mais do que simplesmente aprender a ler e
escrever.
Uma segunda condição é que haja disponibilidade de material de leitura.
O que ocorre nos países de terceiro mundo é que se alfabetizam crianças e
adultos, mas não lhes são dadas às condições para ler e escrever: não há
livrarias, o preço dos livros e até dos jornais e revistas é inaccessível, há um
número muito pequeno de bibliotecas.
Como é possível tornar-se letrado em tais condições? Isso explica o
fracasso das campanhas de alfabetização em nosso país: contentam-se em
ensinar a ler e a escrever, deveriam, em seguida, criar condições para que os
alfabetizandos passassem a ficar imersos em um ambiente de letramento,
para que pudessem entrar no mundo letrado, ou seja, num mundo em que as
pessoas têm acesso à leitura e à escrita, têm acesso aos livros, revistas e
jornais, têm acesso às livrarias e bibliotecas, vivem em tais condições sociais
que a leitura e a escrita têm uma função para elas e tornam-se uma
necessidade e uma forma de lazer.
CAPÍTULO III
O PAPEL DO EDUCADOR PARA TORNAR O INDIVÍDUO LETRADO
O tema ira abordar varias reflexão de estudiosos que leva entender
melhor a necessidade de mudança, as indicações pedagógicas e outras
informações úteis necessárias de situações de ensino.
Na medida em que o educador tomar consciência de sua posição
política, articulando conteúdos significativos a uma prática também significativa,
desvinculando-se da função tradicional de mero transmissor de conteúdos e,
consequentemente, de mero repetidor de exercícios do livro didático estará
transformando o ensino da leitura e da escrita. Um educador como mediador,
partindo da observação da realidade para, em seguida, propor respostas diante
dela estará contribuindo para a formação de pessoas críticas e participativas na
sociedade.
Assim, uma prática significativa depende do interesse do professor em
planejar as suas aulas com coerência, visando à construção de conhecimentos
com os alunos. É importante destacar que letrar não é apenas função de
professor de Língua Portuguesa. Em todas as áreas de conhecimento, em
todas as disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leituras e de
escrita: em História, Geografia, em Ciências, mesmo em Matemática, enfim,
em todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo, interpretando e
escrevendo.
Letrar é função de todos os professores, mesmo porque, em cada área
de conhecimento, a escrita e a leitura têm peculiaridades, que só os
professores que nela atuam é que conhecem e dominam. O educador
reeducando-se e transformando-se, deixará de vez “suas tarefas e as funções
da educação sob a ótica das elites econômicas, culturais e políticas das
classes dominantes”, em direção a uma prática libertadora. Assim, o ensino
deixará de ser um martírio, para se tornar num processo de construção
permanente de conhecimentos. O educador deve estimular no aluno o
pensamento crítico, de modo que ele possa atuar na sociedade como um
indivíduo pensante, questionador.
Enfim, nos dias atuais, o conhecimento é uma das “ferramentas” para se
conquistar oportunidades de trabalho e renda. Assim, aos professores, cabe a
responsabilidade de fazer com que seus alunos se interessem pela leitura e
pela escrita.
A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento
como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades
de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua
escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado;
entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento
metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem
da língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse
aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento , devem ter
tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino
aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas.
Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos
jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as
historias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa,
fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. Letramento é
ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com histórias lidas, e fazer,
dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo
pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobri quem
podemos ser.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ensinar a leitura e a escrita dentro de um contexto de letramento é
ensinar com sentido e que faca sentido para o aluno.
Alfabetizar o aluno dentro do letramento, leva-o a ser mais interessado
pela leitura, pois desde seus primeiros contatos com o mundo da leitura e
escrita ele começa a ter contato com variados textos. Assim ele será um aluno
bem criativo na sua produção de texto e terá um amplo conhecimento de
mundo. O aluno precisa saber fazer uso e se envolver nas atividades de leitura
e escrita, ou seja, para entrar nesse universo do letramento ele precisa
apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de freqüentar revistarias,
livrarias e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do sistema de
escrita.
Muitos alunos chegam ao 4º e 5º anos lendo, mas não interpretam o que
está escrito, aprendeu a ler e a escrever, mas, por impossibilidade de uso da
leitura e escrita, por falta de acesso a textos impressos, não compreendendo o
que está escrito. Ao oferecer textos significativos na educação, o aluno vai
construir seu conhecimento saindo de um mundo restrito e adentrando em um
mundo amplo. Para que isso ocorra, é preciso que o professor alfabetizador
leia e ofereça um ambiente onde o aluno tenha a oportunidade de estar em
contato com leituras diversas. Assim os alunos participarão do mundo letrado.
Com este trabalho, pode-se identificar e explicar a trajetória da
alfabetização, para poder alfabetizar letrando e fazer com que o papel do
educador seja no sentido de tornar o indivíduo letrado. Com tudo isso, propiciar
uma visão geral e abrangente dos aspectos positivos e negativos, teorias e
abordagens sobre leitura e escrita e bem como a importância do letramento
para a sociedade. O papel do educador para tornar o indivíduo letrado foi
descrito como uma maneira de mostrar a melhor forma de levar o aluno ao
letramento, que venha a trazer bons resultados para as escolas. Alfabetizar
letrando tem a finalidade de mostrar o que é o letramento e como isso ocorre.
REFERÊNCIAS
FERREIRO,Emília e Teberosky, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto alegre: Artes Médicas.
FREIRE,Paulo. Pedagogia d autonomia – Pedagogia do oprimido. 26ª. Ed. Paz
e terra, S.A. 2003.
KLEIMAN, Ângela B. (org). Os significados do letramento. Mercado de letras,
2001;
PERRENOUD, Fhilippe. 10 novas competências para ensinar. Artmed, Editora
Porto Alegre, 2000.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, Ensino Fundamental/
Secretaria da Educação Fundamental.
REVISTA NOVA ESCOLA. Edição especial- PCN.
SMOLKA, A. L. B. A. A criança na fase inicial da escritura : A alfabetização
como processo discursivo. Campinas, Cortez, 1998.
Soares, Magda. Letramento, um tema em três gêneros. 2ª. Ed. Belo Horizonte,
Autêntica, 2001.
ANEXO I:
QUESTIONÁRIO
1- Qual tem sido o índice de reprovação nas salas de alfabetização
desta unidade escolar nos últimos anos?
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2- Qual o método de ensino utilizado para ensinar leitura e a escrita?
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3- O que acha dos livros didático adotado pela escola?
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4- O que você entende sobre letramento?
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5- Os resultados da aprovação na sua sala foi satisfatório no ano anterior?
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6 - Você tem o habito de ler para seus
alunos?_________________________________________________________
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ANEXO II:
MEU ALUNO COPIA, MAS NÃO SABE LER
“Gostaria de lidar com crianças que escrevem tudo e têm boa caligrafia, mas não conseguem ler uma linha do que copiam”
(Marluci Brasil de Castro, corumbá, MS).
Essa situação se dá com crianças que desenvolveram mecanismos para
esconder as dificuldades de aprendizagem e serem aceitas na escola. Assim
elas correspondem às expectativas de determinados professores: têm letra
bonita, participam da aula e são organizadas, atentas e bem comportadas.
Tornam – se ótimas desenhistas de letras e não erram um acento, mas não
conseguem ler. Às vezes sabem um pouco, mas, com medo de errar, se
recusam a fazer ditados e redações.
O fato é comum quando o ensino desconhece a função social da leitura
e da escrita. “Ler e escrever são exercícios que envolvem reflexão, raciocínio e
experimentação”, explica Eliana Mingues, educadora e acessora pedagógica.
Isso não significa que a cópia deve ser extinta. Os alunos podem copiar
receitas culinárias, endereços, poemas, bilhetes coletivos para os pais, etc. A
cópia tem, sim, lugar na escola inovadora, mas só se fizer sentido para a
criança.
Veja na tabela abaixo:
A alfabetização
Durante muito tempo, a escola priorizou a cópia e a decoreba como estratégias de aprendizagem. A situação começou a mudar no final da década de 1970, com as pesquisas de Ana Teberosky e Emília Ferreiro. De acordo com elas, (a criança estabelece muito cedo hipóteses em relação à escrita, primeiro acha que podemos “ler” desenhos: depois percebem que as letras existem para esse fim: e por último compreendem como usar essas letras para escrever). Por isso é necessário compreender que as idéias do aluno evoluem e, assim, dar espaço para que ele produza e mostre o que já sabe. O caminho para transformar copistas em leitores eficientes exige descobrir o estágio a alfabetização em que eles se encontram e ter consciência de que todos podem aprender.
Como recuperar
Para que o aluno que só copia seja alfabetizado, você precisa:
Ø Dar segurança a ele para que se arrisque e se sinta capaz de escrever. Mostre que o erro faz parte da aprendizagem;
Ø Incentivá-lo a desenhar, criar história e registrar idéias, pedir que reelabore textos e descreva situações apresentadas;
Ø Utilizar jogos com letras, palavras e frases;
Ø Enriquecer as atividades com pesquisas em jornais, revistas, livros, gibis e folhetos;
Ø Tornar a leitura e a escrita um hábito diário na sala de aula;
Ø Dar ajuda pedagógica em horários extra classe.