a volta ao mundo em 80 dias - editora...

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1 PROJETO PEDAGÓGICO A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS Rua Tito, 479 – Lapa – São Paulo – SP CEP 05051-000 DIVULGAÇÃO ESCOLAR (11) 3874-0884 [email protected] www.editoramelhoramentos.com.br www.facebook.com/melhoramentos

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projeto pedagógico

a volta ao Mundo eM

80 dias

rua tito, 479 – lapa – são paulo – sp

cep 05051-000

divulgação escolar

(11) 3874-0884

[email protected]

www.editoramelhoramentos.com.brwww.facebook.com/melhoramentos

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O Jules Gabriel Verne (Júlio Verne) é um escritor fantástico, do século XIX, que até hoje conquista muitos leitores, pois é um grande contador de histórias. Ele nasceu em Nantes, na França, em 8 de fevereiro de 1828 e, desde a infância, sempre so-nhou com aventuras em países longínquos e desconhecidos. Suas grandes paixões eram o mar, os barcos e ouvir muitas histó-rias, principalmente a dos velhos marinhei-ros que perambulavam pelo cais do porto.Aos onze anos, arriscou-se numa pri-

meira aventura, fugindo de casa e es-condendo-se num navio cargueiro. Esta-va apaixonado por uma prima e decidiu buscar para ela um colar de coral nos mares do sul. A aventura, porém, durou pouco tempo; o pai de Júlio o descobriu e fez com que o filho desembarcasse na primeira escala do navio, ainda em terri-tório francês. Mais tarde, já casado com Honorine, mu-

dou-se para Amiens, a terra de sua esposa, e lá concretizou sonhos: decorou seu escri-tório de corretor de câmbio como um na-vio e adquiriu barcos, batizando-os sem-pre com o mesmo nome: Saint-Michel. O pai de Júlio Verne era severo (casti-

gou o filho com uma surra de chicote por ter fugido para o navio cargueiro) e

sonhava em ver o filho formado em Direito. Mas os planos de Verne eram outros: ele gostava de escrever poemas e peças de teatro.A carreira de escritor de Júlio Verne

iniciou-se quando o amigo Alexandre Dumas percebeu o seu talento e resol-veu lançá-lo, em 1850, como autor de uma peça, apresentando-a em Paris, no teatro que acabara de fundar.Outro amigo que acreditou no potencial

de Júlio Verne e impulsionou a sua car-reira foi o fotógrafo Félix Nadar, um apai-xonado por balonismo, que o inspirou a escrever seu primeiro romance: Cinco Se-manas num Balão (relato de uma viagem de exploradores europeus à África cen-tral, então praticamente desconhecida). O livro foi entregue ao editor Pierre-Jules Hetzel, por intermédio de Nadar, após ter sido recusado por quinze editores. Het-zel ficou encantado com o livro e decidiu publicá-lo. O público adorou a história e sucessivas edições se esgotaram. Hetzel, então, propôs um contrato de trabalho a Júlio Verne: escrever dois livros por ano, recebendo vinte mil francos anuais (era uma boa quantia), durante vinte anos. O sucesso das obras de Júlio Verne está

relacionado a muitos fatores; um deles

O autor

A Volta ao Mundo em 80 Dias

Autor: Júlio VerneTítulo: A Volta ao Mundo em 80 DiasTradução e adaptação: Maria Alice A. Sampaio DoriaFormato: 13,5 x 20,5 cmN.º de páginas: 128Elaboração: Shirley Bragança

Ficha

Temas principais: Aventura e diversidade cultural Temas transversais: Ética, pluralidade cultural, meio ambiente, trabalho e consumoInterdisciplinaridade: Educação Física, Geografia, História, Matemática e Artes

Quadro sinóptico

12anos

IndIcação:

Leitor crítico:

a partir de

ensinofundamental

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é a técnica utilizada pelo autor para escrever seus livros. Primeiro ele se in-formava exaustivamente sobre os fatos da ciência do século XIX, depois extra-polava, com base nos fatos, suas conse- quências, entremeando-as aos enredos de aventura. Por exemplo, no século XIX, no plano teórico, já havia a teoria ou a possibilidade científica de como fa-zer um veículo que pudesse navegar de-baixo da água. Júlio Verne seguia aque-las ideias e trazia para a sua história o objeto pronto, idealizado como o sub-marino Nautilus do Capitão Nemo, em Vinte Mil Léguas Submarinas. Suas cria-ções estavam sempre dentro dos limites estabelecidos pelas hipóteses científicas, levando o leitor a vivenciar as experiên-cias ali propostas. Além disso, ele vivia numa época em que a corrente filosófi-ca era o positivismo, que levava as pes-soas a acreditarem como nunca na ci-ência. Essa maneira de escrever cativou leitores e lhe rendeu o título de um dos autores mais fantásticos da literatura. O livro A Volta ao Mundo em 80 Dias, por exemplo, foi traduzido àquela época em cinquenta e duas línguas e até hoje ele encanta leitores de todas as idades.Por tudo isso, vale a pena trabalhar em sala de aula esse grande autor.

ResenhaPhileas Fogg era um inglês excêntrico

que morava na cidade de Londres, no sé-culo XIX. Ele costumava frequentar um clube da cidade, cujos sócios eram da mais alta classe, para conversar e jogar uíste.

Durante uma partida de uíste, os par-ceiros comentavam o roubo do Banco da Inglaterra. Gauthier Ralph, um dos diretores do banco, informava a todos que haviam sido enviados vários inspe-tores de polícia para a América, a Euro-pa e para todos os principais portos do mundo, o que tornaria a fuga do ladrão quase impossível.

A partir desse fato, inicia-se uma dis-cussão sobre a eficiência da polícia para pegar o ladrão. Alguns achavam que seria impossível, pois a Terra é grande demais, o que facilitaria a fuga do la-drão. Outros opinavam que era possí-vel percorrer a Terra dez vezes mais rá-pido do que cem anos antes, agilizando as buscas da polícia. A discussão pros-segue e, em determinado momento, a ênfase recai sobre o tempo que se gas-taria para dar a volta ao mundo.

Em meio à discussão, Phileas Fogg apostou com os frequentadores do clu-be que ele daria a volta ao mundo em oi-tenta dias. Todos ficaram em polvorosa!

Fechadas as apostas, ele se atira nes-sa aventura, levando consigo Jean Pas-separtour, seu empregado, e enfrenta muitos desafios: o detetive Fix, que jul-ga ter encontrado o ladrão porque ele, Fogg, corresponde ao retrato falado emitido pela polícia e tenta prendê-lo; as confusões que Passepartour arruma durante a viagem, atrasando o percur-so; a paixão inesperada que sente pela bela Auda, uma desconhecida, e muitas outras coisas.

Cada capítulo lido provoca no leitor várias dúvidas sobre o sucesso de Fogg no seu empreendimento, além de vá-rios outros questionamentos, pois o autor costura o texto com conheci-mentos matemáticos e geográficos.

No final da história, o leitor vive uma grande expectativa, pois Phileas Fogg quase perde a aposta por causa de um detalhe que lhe passa despercebido; no entanto, seu fiel escudeiro detecta o pro-blema a tempo e, assim, eles cumprem prazo e percurso definidos na aposta.

Resumo

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É interessante notar que, em um de seus comentários, a autora faz referên-cia a um outro autor: Ítalo Calvino, es-critor italiano, que apresenta a mesma preocupação de Ana Maria Machado, o que permitiu um compartilhamento de ideias e um entendimento cúmplice, construído na narrativa por meio da in-tertextualidade.

No entanto, para que essa cumplici-dade seja estendida também ao leitor, é necessário que ambos (autor e leitor) tenham a certeza de que partilham de certo acervo clássico, garantindo uma compreensão mais abrangente do tex-to. É por isso que esses autores trazem à tona essa discussão, pois na atuali-dade esse acervo vem se perdendo na memória dos leitores.

Expressões como “justiça salomônica”, “presente de grego”, ou mesmo caracte-rizar alguém como “Medeia”, eram, se-gundo o crítico George Steiner, até mea-dos do século XX, no pós-guerra, perfei-

tamente compreensíveis entre texto e lei-tor, pois imediatamente o link se estabe-lecia, uma vez que essas histórias faziam parte de um acervo comum de referên-cia. Hoje, certas alusões e referências em obras não contemporâneas precisam de notas explicativas nos rodapés das pági-nas para que haja compreensão. Se, por um lado, esses esclarecimentos ajudam, por outro tornam a leitura penosa e len-ta, quebrando o ritmo da história.

Desprezar esse acervo traz outra con-sequência: empobrece a alma e a com-preensão do cotidiano. Alguns persona-gens e algumas estruturas narrativas des-sas histórias extrapolaram os livros e ago-ra são utilizados em outros suportes tex-tuais bem próximos, como as propagan-das, exigindo do leitor uma leitura inter-textual, o que nem sempre ocorre. Isso faz lembrar um fato ocorrido numa facul-dade em Brasília: alguns estudantes de Letras não assimilaram completamente a mensagem veiculada por uma agência de propaganda, cujo anúncio era sobre previdência, porque estava baseada na fábula A Cigarra e a Formiga, de La Fon-taine. Eles não fizeram a ligação por des-conhecer a fábula. Uma fábula tão popu-lar e já apagada da memória de alguns.

É certo que qualquer pessoa pode en-trar em contato com essas histórias por

A obra de Júlio Verne é um clássi-co. E, para falar sobre a importância de ler os clássicos, convidamos Ana Maria Machado, autora renomada – ela já ga-nhou o prêmio Hans Christian Ander-sen, considerado o Nobel da literatura infantil –, que nos ajudará a compreen-der um pouco mais esse universo da li-teratura.

Em seu livro Texturas – Sobre leituras e escritos, a autora faz as seguintes ob-servações a respeito dos clássicos:

“Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da me-mória, mimetizando-se como incons-ciente coletivo ou individual...”

“Os clássicos são aqueles livros que che-gam até nós trazendo consigo as mar-cas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessa-ram (ou mais simplesmente na lingua-gem ou nos costumes).”

“O que leva a concluir que: um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.”

“Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir di-zer, mais se revelam novos, inespera-dos, inéditos, quando são lidos de fato” (MACHADO, in CALVINO, p. 145).

conversa com o professor

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outros veículos de comunicação que não o livro. Mas é fundamental que se conheça o texto integral e não superfi-cialmente. Peter Pan, por exemplo, não é apenas uma história de um menino que não queria crescer, mas se trata de um questionamento sobre a valorização da memória num lugar em que se vive o eterno presente, onde tudo aos pou-cos vai sendo esquecido. Então, essa an-siedade por narrativas impulsiona Peter Pan a procurar uma contadora de histó-rias e, assim, ele encontra Wendy.

O livro é o suporte textual que possibili-ta esse mergulhar mais profundo no tex-to, deixando marcas na memória, crian-do laços de histórias vivenciadas entre ge-rações, pois são essas narrativas que, se-gundo Barthes, “a gente lê levantando a cabeça”.

Os personagens que nos convidam para participar dessa aventura (Passe-partout/Phileas Fogg) são intrigantes, merecendo uma atenção especial. Jú-lio Verne apresenta-os no início da nar-rativa de maneira provocativa. Por isso, teceremos um breve comentário sobre eles e sobre outros dois personagens, dividindo o enfoque aos pares, por en-

comentários sobre a obra

a) PHILEAS FOGG E JEAN PASSEPARTOUT – Phileas Fogg é um personagem misterioso, que instiga o leitor a investigá-lo e questio-ná-lo no decorrer da narrativa. A maneira como ele é descrito no primeiro capítulo é bem provocativa, contendo informações que levam o leitor, num primeiro momento, a não o considerar habilitado para o desafio da aventura: ele exigia o máximo de exati-dão e pontualidade (despediu o empregado porque a temperatura da água para fazer a barba estava a 28,8º e não a 30º); gostava de desafios que não exigiam esforço físico; não saía de Londres havia muito tempo; era metódico ao extremo (o seu dia a dia obede-cia a um roteiro que não admitia mudanças havia anos); gostava de requinte e conforto.

Porém, se considerarmos outras característi-cas elencadas pelo narrador, ele tem o perfil ideal para realizar o desafio: temperamen-to fleumático, jogador de uíste, conhecia o mapa-múndi muito bem, opinava com fun-damento sobre todos os lugares comentados no clube; rico, enigmático, observador, preci-so, determinado e um homem de poucas pa-lavras. Está instaurada a dúvida no leitor: essa dualidade fará dele um vencedor ou não?

Para auxiliá-lo na empreitada, ele escolhe o empregado recém-contratado Jean Passe-partout, com a função de “fiel escudeiro”. Passepartout é o contraponto de Fogg. O apelido (Passepartout = passaporte) su-gere esperteza, trânsito livre em qualquer lugar, ou seja, pessoa que se sai bem em qualquer situação. Sua experiência de vida, desempenhando várias funções nos mais diversos tipos de trabalho, proporcionou o desenvolvimento de certas habilidades, além de torná-lo uma pessoa espirituosa.

Para quem estava à procura de sossego, ati-vidades bem definidas, com horários preesta-belecidos, Passepartout não foi feliz na esco-lha do emprego. No primeiro dia de trabalho, Passepartout recebe a notícia da viagem inti-tulada “a volta ao mundo em oitenta dias”. Os argumentos utilizados para convencer o patrão a escolher outra pessoa são inúteis; ele terá de participar dessa aventura.

No decorrer da história, nos deparamos com o oposto de Fogg, um escudeiro atra-palhado, que se apavora ao menor sinal de perigo e desvio do percurso; uma pessoa que fala demais, mas que também é criati-va, forte e muito ágil.

tendermos que eles se complementam por causa de suas características antagônicas, dando, dessa forma, equilíbrio à narrativa. O

que falta num personagem excede no outro, provocando uma compensação e tornando--os interessantes.

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E é isso que faz dessa dupla um sucesso, a junção de diferentes características: enquanto Fogg tem a lógica a seu favor, Passepartout tem a inventividade, encontrando saídas inusi-tadas para problemas difíceis. O jeito compe-netrado, objetivo e metódico de Fogg é que-brado com a maneira espontânea de ser de Passepartout, dando a ideia de complemento dos personagens, o que provoca na história movimento, suspense e doses de humor.

b) FIX E AUDA – São personagens-entrave, ou seja, eles são desafios que Fogg en-frenta no decorrer da história. Eles provo-cam atraso na viagem e desvios de rota, promovendo suspense na narrativa e pro-vocando expectativa no leitor – é sempre bom lembrar que todo o percurso tem de ser feito em oitenta dias; para isso, é im-prescindível cumprir o roteiro dentro dos prazos estabelecidos.

O detetive Fix e a bonita Auda têm um inte-resse em comum: o senhor Phileas Fogg, mas objetivos diferentes. O primeiro tem grande interesse em receber uma boa recompensa em dinheiro oferecida a quem encontrar o ladrão que saqueou o Banco da Inglaterra. Phileas Fogg, além de corresponder ao re-trato falado emitido pela polícia, sai de Lon-dres numa atitude muito suspeita, segundo as conclusões de Fix; por isso, ele pensa ter

encontrado o ladrão. Para prendê-lo, ele faz mil e uma peripécias, entre elas a que tenta subornar Passepartout. Auda, a outra perso-nagem, quer conquistar o coração de Fogg, então usa de artifícios como os passeios em terra, olhares, a boa conversa, no intuito de provocar uma mudança no comportamen-to daquele homem. Suas atitudes revelam uma pessoa destemida, que aos poucos vai se entregando a um sentimento sincero de afeição por Fogg.

Assim, enquanto o personagem Fix movi-menta a narrativa, tramando e traçando planos terríveis contra Phileas Fogg, api-mentando o suspense, Auda faz o contrário disso: seus movimentos são lentos e muitas vezes sutis em relação a Phileas Fogg.

Fix é ambicioso, ardiloso, mentiroso, age traiçoeiramente. Auda é amiga, boa com-panhia, cooperadora e companheira. Te-mos, então, outro comportamento an-tagônico que promove um equilíbrio na narrativa, mantendo o leitor preso a ela, participando de todos os desafios que en-volvem Fogg e Passepartout no decorrer da história. Tudo isso suscita várias emo-ções e dúvidas no leitor, de tal maneira que o leva a querer ler o final da história antes de terminar o livro, pois as dúvidas são dissipadas somente no final.

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1. Converse com os alunos sobre o de-safio de dar a volta ao mundo viajan-do. Qual o roteiro que escolheriam para essa viagem? Quais os transpor-tes que utilizariam? Quanto tempo gastariam para realizar o desafio?

2. Comente a VOLVO OCEAN RACE 2006 (Regata de volta ao mundo 2006), uma competição de iatismo que tem como itinerário estabele-cido a rota dos antigos barcos Cli-pper, ou seja, aqueles que navega-vam seguindo os ventos favoráveis. A competição de 2006 contou, pela primeira vez, com a participa-ção brasileira, com o barco Brasil 1.

Nossos atletas e outras equipes nave-garam mais de 30 mil milhas náuticas durante nove etapas, denominadas pernas. Para fazer esse percurso foi montada uma ampla rede de comu-nicação e apoio mundial, além de portos e fiscais espalhados pelo pla-neta, para garantir legitimidade. Para saber mais sobre essa competição, acesse o site www.globo.com.br

3. Mostre no globo terrestre a loca-lização do Brasil e a proposta apre-sentada na competição, para que as crianças tenham ideia da dimensão do desafio.

Preparando a leitura4. Em seguida, peça aos alunos que

observem a ilustração da capa. O que ela nos permite imaginar a res-peito dessa viagem? Em que época ela ocorre? Esse meio de transporte ainda é utilizado na atualidade? Em que lugar?

1. Leia em voz alta os dois primeiros ca-pítulos para os alunos. Chame a aten-ção para a caracterização do persona-gem Phileas Fogg (sua rotina, manias e o jeito com que encara a vida). Agu-ce a curiosidade das crianças quanto à eficiência de Jean Passepartout na viagem. Chame a atenção para o so-brenome; que associações podem ser feitas? (Ler comentário acima sobre o personagem.)

2. Num outro momento, que julgar mais adequado, convide um aluno para fa-zer a leitura de dois capítulos em voz alta (sugestão: capítulos 12 e 13). Con-duza a reflexão dos alunos por meio de perguntas, como: Quais os trans-portes utilizados até aquele momento? Qual a tecnologia de orientação? Será que esses transportes são empregados na Índia ainda hoje? É prudente viajar

Trabalhando a leitura

com uma mulher desconhecida? Ela ajudará ou atrapalhará?

3. Chame a atenção das crianças para os argumentos lógico-científicos uti-lizados pelo Sr. Fogg e a importância disso para a construção da verossi-milhança no texto em questão.

4. Explore algumas ilustrações, condu-zindo os alunos no sentido de per-ceber as relações de coerência que existem entre o texto e as ilustrações (vestuário, paisagens, as cores preto e branco, o material empregado na ilustração etc.).

Tema: “Olhares intrigantes sobre lugares interessantes”Phileas Fogg, nosso condutor nessa aventura, tinha somente um propósi-to: cumprir o roteiro estabelecido. Ele nem sequer imaginou que, durante o percurso, pudesse ter uma bela sur-presa amorosa. O olhar muito centra-do no objetivo e a maneira de agir impediram-no de saborear as curio-sidades dos lugares, descobrir paisa-gens, pessoas e costumes de países surpreendentes.

Explorando a leitura

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Nosso propósito é que você, com a ativida-de que vamos propor a seguir, desperte o inte-resse dos alunos, para que eles desfrutem das curiosidades que o personagem desprezou.Proponha um roteiro de viagem para seus alunos em dois momentos, um no século XIX e outro na atualidade, com o intuito de nos aproximarmos dessas duas realidades, da seguinte forma:

Primeiro momento

1. Leve para a sala de aula um mapa e relem-bre com os alunos os lugares por onde Fogg passou. Compare com o trajeto feito pela re-gata Brasil 1, destacando: o tempo de reali-zação de cada viagem, o meio de transporte utilizado em cada desafio, as condições am-bientais, a tripulação, a função de cada um durante o percurso. Em seguida, questione as explicações científicas dadas pelo Sr. Fogg quanto ao dia da sua chegada. Elas têm fun-damento?

2. Pergunte a seus alunos quais, entre esses lugares, eles gostariam de conhecer e por quê. Como eles imaginam esse país. Exó-tico? Bonito? Atrasado ou com tecnologia avançada? Desenvolvido ou não? Em se-guida, peça que eles tracem um roteiro tu-rístico (parque de diversão, museu, praias, desertos, feiras etc.) e que imaginem uma visita ao país escolhido em dois momentos, um no século XIX e outro na atualidade.

1. Divida a turma em dois grandes gru-pos: “ontem” (século XIX) e “hoje”.

2. Promova uma pesquisa sobre o país esco-lhido, destacando os seguintes aspectos: tipo de tecnologia de orientação dispo-nível, transporte, arte, vestuário e curio-sidades gastronômicas, de acordo com a época. O grupo “ontem” pesquisará os aspectos supracitados no século XIX, e o grupo “hoje”, os mesmos aspectos na atualidade. (Você pode escolher outros aspectos que julgar mais interessantes.)

3. Peça aos alunos que tragam tudo o que encontrarem sobre o país em questão, observando os aspectos selecionados. Em cada dia da semana explore um item; por exemplo: segunda-feira: tecnologia; terça-feira: transporte; e assim por diante.

4. Organize as informações num mural, separando século XIX e atualidade. Chame a atenção dos alunos para cada novidade recebida.

5. Peça que registrem num diário pessoal, à sua maneira, o passo a passo da pes-quisa e o que sentiram no momento da realização da atividade.

6. Incentive os alunos a escrever reca-dos, mensagens, curiosidades sobre o assunto, enviando-os uns aos outros durante o período em que estiver sen-do desenvolvida a atividade, promo-vendo uma troca de gentilezas entre si. Essas gentilezas deverão ser cola-das no diário para que, no final do tra-balho, sejam feitos os agradecimentos e comentários.

No final da semana, exponha o parale-lo entre o ontem e o hoje feito com as observações trazidas, lançando algumas perguntas: O que mudou? Por que mu-dou? Qual foi a tecnologia que mais im-pactou esse país? O que a população ganhou? Todos foram beneficiados? Se não, por quê?

Depois da discussão proposta, escolha cinco alunos para ler os diários (um aluno para cada dia da semana). Eles também vão ler os recadinhos e as mensagens re-cebidas durante a realização da atividade. Em seguida, comemore o encerramento dos trabalhos com alguma(s) guloseima(s) típica(s) do lugar escolhido.

Terceiro momento

Segundo momento

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Metodologia da InterpretaçãoVivemos em uma sociedade grafocêntrica, embora se saiba que essa posição con-

ferida à palavra escrita não significa exclusividade; não só porque há culturas que dela prescindem, mas também porque, na atualidade, confere-se à imagem uma nova dimensão. Mas isso não impede que nos aproximemos da escrita informativa ou poética – com certo respeito.

QUER SABER MAIS?Leia, também de Júlio Verne, Cinco Se-manas em um Balão, Viagem ao Centro da Terra, Da Terra à Lua, Vinte Mil Lé-guas Submarinas, A Ilha Misteriosa e o Raio Verde.Assista ao filme A Volta ao Mundo em 80 Dias (2004), estrelando os atores Jackie Chan, Arnold Schwarzenegger e Cecille de France.

Com o objetivo de possibilitar a constru-ção da compreensão de diferentes textos, que abordam dos fatos mais simples aos mais complexos, dos mais concretos aos mais abstratos, valemo-nos da metodolo-gia dos três olhares – Metodologia da In-terpretação – para auxiliar o ato da leitu-ra. Essa metodologia tem sido vista como uma unidade tripartida em compreensão, interpretação e aplicação.

Assim, o primeiro momento, o da com-preensão, quando se faz o primeiro contato com o texto e a apreensão dos seus referen-ciais, corresponderia ao nosso nível de leitura literal, no qual o aluno deverá reconhecer os elementos da superfície do texto, como per-sonagens, espaço, tempo. Para isso, faz-se necessário, evidentemente, ter domínio do código da língua portuguesa.

O segundo momento, o da interpreta-ção, quando o aluno, pelo exercício da hermenêutica, dialoga com o texto, dá-se pela concretização de uma leitura mais apurada, tendo por base o horizonte de expectativa da primeira leitura. Esse mo-

mento corresponde, para nós, ao nível da leitura contextualizada, no qual o aluno deverá interpretar o texto narrativo.

O terceiro momento, o da aplicação, formado pelos dois precedentes, é o da recepção efetiva do texto, quando há formação de julgamento estético e, com ele, a atualização do texto. Esse momento abarca dois níveis de leitura: o nível da leitura crítica, no qual o aluno deverá apreender o discurso temático e ampliar o seu horizonte de expectativa, dialogando com outros textos, forma-dores de sua história de leituras e que abordem o mesmo tema, e o nível da metaleitura, no qual o aluno deverá ter o domínio do conhecimento, pela apro-priação do discurso metalinguístico.

Conceitos e teoria dessa metodologia podem ser aplicados à leitura do texto verbal e não verbal, uma vez que ela admite a intertextualidade e a interdis-ciplinaridade; enfim, o dialogismo entre textos de áreas diferentes, mas de con-teúdos complementares.

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MOMENTOS DO OLHAR

1o MOMENTOOlhar receptivo

2o MOMENTOOlhar mediador

3o MOMENTOOlhar ativo

O que acontece Encontro do leitor com um mundo que não conhece

Encontro do leitor com o mundo significativo

Encontro do leitor com o mundo

novo que agora conhece

O que faz

Uma leitura que apanha os elementos significativos,

sinais, referentes

Uma leitura de diálogo com o

texto, por meio da pergunta e da resposta

Uma leitura de cruzamento do ver e do sentir, do exterior e do interior, ou seja,

cruzar experiências

Como faz Olha e vê Olha, vê, interroga e busca

Olha, encontra, associa, reúne,

interioriza, vê e lê

O que importa

Reconhecer os elementos significativos,

sinais, referentes

O exame da realidade

representada, por meio do

questionamento da busca dos porquês, causas e motivos

A integração do novo que se vê e do antigo que é a experiência

do já visto, fusão de horizontes, ampliação de conhecimento

O que resultaCompreensão

VER-POR- -CONHECER

InterpretaçãoVER-E-PENSAR

AplicaçãoVER-PENSAR-LER

Bibliografia

JAUSS, H. R. A História da Literatura como Provocação à Teoria Literária. São Paulo: Ática, 1994.LONTRA, Hilda Orquídea Hartmann (org.). Leitura e Literatura Infantil – Ques-tão do ser, do fazer e do sentir. Oficina Editorial do Instituto de Letras da UnB: FI-NATEC, 2000.ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura – Perspectivas interdisciplinares. São Pau-lo: Ática, 1988.

Método dos três olhares à luz da estética da recepção

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INTERDISCIPLINARIDADE

Educação Artística (p. 6 e 7) – Elaboração de um roteiro tu-rístico do país escolhido pelos alunos, destacando os artistas mais significativos do século XIX e da atualidade, no referido país, para ser exposto no mural sugerido.

Educação Física (p. 7) – Dar a volta ao mundo é um desafio que até hoje encanta muitas pessoas. Prova disso é a compe-tição “Regata de volta ao mundo 2006”, que contou com a participa-ção da equipe brasileira Brasil 1. Aproveite esta oportunidade e amplie o conhecimento do seu aluno sobre esse espor-te, a partir da história de Phileas Fogg.

Geografia (p. 7) – O professor dessa área enriquecerá o projeto explorando: a lei-tura cartográfica da viagem realizada pelo personagem principal; as mudanças climáticas (causas e consequências) ocor-ridas na atualidade e os possíveis trans-tornos que poderiam impedir a regata Brasil 1 de alcançar o objetivo proposto, ou seja, dar a volta ao mundo.

História (p. 7) – Eleja, junto com os alunos, um país que eles gos-tariam de conhecer e pesquise os aspectos sugeridos no projeto, nestes dois períodos: o século XIX e a atua-lidade.

Matemática (p. 6) – Trace dois roteiros de viagem “vol-ta ao mundo”, cada um utilizando um meio de trans-porte diferente. Calcule o prazo mínimo e máximo de cada viagem. Em seguida, compare os dois roteiros e verifique quais as vantagens e desvantagens de cada um, de acordo com os critérios estabelecidos entre a turma e você.