o autor o ilustrador ficha - editora...

16
1 Colcha de Retalhos – Moreira de Acopiara PROJETO DE LEITURA Moreira de Acopiara é como Manoel Mo- reira Júnior assina seus trabalhos poéti- cos. Nasceu em Aco- piara, em 23 de julho de 1961, no sertão central do Ceará, e escreve desde a adolescência. Autodidata, apren- deu a escrever poesia de cordel com sua mãe e com os repentistas da região, lendo os clássicos e in- fluenciado pelo poeta cearense Pa- tativa do Assaré. Publicou nove livros e inúmeros fo- lhetos de cordel. Tem programa de rádio sobre cultura popular em Acopiara. Em 2004 foi eleito para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Gravou dois CDs com poemas de sua autoria e em trabalhos musicados e gravados por vários artistas. Estudioso da cultura popular brasileira e exímio declamador, Moreira de Acopiara dá palestras, oficinas e workshops sobre literatura de cordel, xilogra- vura e repente. O autor Erivaldo Ferreira da Silva é carioca e começou a fazer xilogravura aos 14 anos, incentivado pelo pai, que escrevia literatura de cordel e ven- dia livretos na tradicional feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Aprendeu a técnica com Ciro Fer- nandes e com o autor e ilustrador J. Borges. Mais tarde, com uma bolsa de estudo do Museu de Arte Mo- derna, no Rio de Janeiro, adotou e aperfeiçoou a xilogravura colorida. Em 1984 participou de exposição coletiva no SESC do Rio de Janeiro. Ilustrou capas de livros de cordel de vários autores. O ilustrador Autor: Moreira de Acopiara Título: Colcha de Retalhos Ilustrador: Erivaldo Ferreira Formato: 17 x 24 cm N.° de páginas: 40 Elaborador: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho Ficha Gênero: poesia de cordel Temas transversais: pluralidade cultural, ética, trabalho e consumo, meio ambiente e orientação sexual Interdisciplinaridade: Geografia, História e Artes Quadro sinóptico Colcha de retalhos ilustracoes Erivaldo , Moreira de Acopiara retalhos Colcha de 12 anos INDICAÇÃO: Leitor fluente a partir dos ensino fundamental

Upload: duongkiet

Post on 16-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

1

Colcha de Retalhos – Moreira de AcopiaraPR

OJE

TO D

E LE

ITU

RAPR

OJE

TO D

E LE

ITU

RA

Moreira de Acopiara é como Manoel Mo-reira Júnior ass ina seus trabalhos poéti-cos. Nasceu em Aco-piara, em 23 de julho de 1961, no sertão central do Ceará, e escreve desde a adolescência. Autodidata, apren-deu a escrever poesia de cordel com sua mãe e com os repentistas da região, lendo os clássicos e in-fl uenciado pelo poeta cearense Pa-tativa do Assaré.Publicou nove livros e inúmeros fo-lhetos de cordel. Tem programa de rádio sobre cultura popular em Acopiara. Em 2004 foi eleito para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Gravou dois CDs com poemas de sua autoria e em trabalhos musicados e gravados por vários artistas. Estudioso da cultura popular brasileira e exímio declamador, Moreira de Acopiara dá palestras, ofi cinas e workshops sobre literatura de cordel, xilogra-vura e repente.

O autorErivaldo Ferreira da Silva é carioca e começou a fazer xilogravura aos 14 anos, incentivado pelo pai, que escrevia literatura de cordel e ven-dia livretos na tradicional feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Aprendeu a técnica com Ciro Fer-nandes e com o autor e ilustrador J. Borges. Mais tarde, com uma bolsa de estudo do Museu de Arte Mo-derna, no Rio de Janeiro, adotou e aperfeiçoou a xilogravura colorida. Em 1984 participou de exposição coletiva no SESC do Rio de Janeiro. Ilustrou capas de livros de cordel de vários autores.

O ilustradorAutor: Moreira de AcopiaraTítulo: Colcha de RetalhosIlustrador: Erivaldo FerreiraFormato: 17 x 24 cmN.° de páginas: 40Elaborador: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho

Ficha

Gênero: poesia de cordelTemas transversais: pluralidade cultural, ética, trabalho e consumo, meio ambiente e orientação sexualInterdisciplinaridade: Geografi a, História e Artes

Quadro sinóptico

Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing

and typesetting industry. Lorem Ipsum has been

the industry's standard dummy text ever since the

1500s, when an unknown printer took a galley of

type and scrambled it to make a type specimen

book. It has survived not only five centuries, but

also the leap into electronic typesetting, remaining

essentially unchanged. It was popularised in the

1960s with the release of Letraset sheets contain-

ing Lorem Ipsum passages, and more recently

with desktop publishing software like Aldus Page-

Maker including versions of Lorem Ipsum.

Moreira de A

copiaraC

olcha de retalhos

Moreira de Acopiara é como

Manoel Moreira Junior assina

seus trabalhos. Nasceu em 1961

no município de Acopiara, sertão

central do Ceará, e ali viveu até

os vinte anos, entre os trabalhos

na roça e a leitura de livros de

bons autores, como Castro Alves,

Patativa do Assaré, Graciliano

Ramos e Camões.

Começou a escrever seus primei-

ros versos aos treze anos, influen-

ciado pelos mestres da literatura

de cordel e pelos cantadores

repentistas. Publicou mais de cem

cordéis e vários livros, entre eles

Cordel em artes e versos, pela

Duna Dueto, indicado como

Altamente Recomendável pela

FNLIJ em 2009. Gravou também

dois CDs com poemas de sua

autoria. Em 2004 foi eleito para

a Academia Brasileira de Literatu-

ra de Cordel (ABLC), com sede

no Rio de Janeiro.

Moreira de Acopiara é como

Manoel Moreira Junior assina

seus trabalhos. Nasceu em 1961

no município de Acopiara, sertão

central do Ceará, e ali viveu até

os vinte anos, entre os trabalhos

na roça e a leitura de livros de

bons autores, como Castro Alves,

Patativa do Assaré, Graciliano

Ramos e Camões.

Começou a escrever seus primei-

ros versos aos treze anos, influen-

ciado pelos mestres da literatura

de cordel e pelos cantadores

repentistas. Publicou mais de cem

cordéis e vários livros, entre eles

Cordel em artes e versos, pela

Duna Dueto, indicado como

Altamente Recomendável pela

FNLIJ em 2009. Gravou também

dois CDs com poemas de sua

autoria. Em 2004 foi eleito para

a Academia Brasileira de Literatu-

ra de Cordel (ABLC), com sede

no Rio de Janeiro.

ilustracoes Erivaldo,

Moreira de Acopiara

retalhosColchade

12anos

INDICAÇÃO:

Leitorfluentea partir dos

ensinofundamental

22

José Nicolau Gregorin Filho licen-ciou-se em Letras pela Unimauá, de Ribeirão Preto (SP), onde exerceu di-versos cargos até chegar a vice-rei-tor. Especializou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp de Araraquara, onde se tornou mestre e doutor em Letras. Possui vários artigos e capítulos de livros publi-cados no Brasil e no exterior sobre suas pesquisas em Literatura Infan-til e Juvenil. É parecerista ad hoc do Conselho Estadual de Educação de

São Paulo. Atualmente, é docente da área de Literatura Infantil e Ju-venil, docente e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Universi-dade de São Paulo.

O elaborador

3

O livro Colcha de Retalhos, de Mo-reira de Acopiara, pode ser indicado para o leitor fl uente, a partir dos doze anos do ensino fundamental II.

A obra é uma importante manifesta-ção da cultura popular bra-

sileira, representada pela literatura de cordel, que é um patrimônio histó-

rico e cultural do povo nordestino brasileiro.

Neste projeto, você encontrará sugestões de atividades que bus-cam explorar de ma-neira abrangente a leitura e as atividades com a obra. É eviden-

te que este projeto não pretende esgo-tar todas as possibilidades de trabalho em sala de aula nem todas as perspec-tivas de leitura do livro, visto que o lei-tor, em virtude de sua experiência de vida e relações com outros textos, pode investir a obra de novos e incontáveis signifi cados e interpretações.

Há necessidade de você refl etir sobre a adequação da obra ao projeto políti-co-pedagógico de sua escola e, desse modo, ampliar as possibilidades de sua utilização, às especifi cidades de cada grupo de alunos, a fi m de que este pro-jeto não se torne apenas um roteiro de leitura literária, mas consiga a constru-ção de leitores mais plurais.

Uma prosa com o professor

3

O livro Colcha de Retalhosreira de Acopiara, pode ser indicado para o leitor fl uente, a partir dos doze anos do ensino fundamental II.

A obra é uma importante manifesta-ção da cultura popular bra-

sileira, representada pela literatura de cordel, que é um patrimônio histó-

rico e cultural do povo nordestino brasileiro.

Neste projeto, você encontrará sugestões de atividades que bus-cam explorar de ma-neira abrangente a leitura e as atividades com a obra. É eviden-

4

ceu. Além disso, os personagens, o espaço e as situações presentes na obra garantem uma viagem ines-quecível à alma do Nordeste bra-sileiro, oferecendo a oportunidade de novos leitores conhecer outras formas de uma sociedade se mos-trar e dialogar com a natureza e o mundo que a rodeia e, em última análise, a constrói.

zinho de Zé havia raptado Regi-na, prometendo casamento. Mas a promessa não havia sido cumpri-da. E, pelo fato de a menina ter saí-do de casa, para lá não pôde voltar, pois os pais não mais a aceitariam. A mãe acaba falecendo, o pai fi ca desgostoso, e a avó não consegue terminar a colcha de retalhos, que guardava em cada pedacinho a his-tória de Regina.

Colcha de Retalhos é um livro sensível, cuja temática se desenvol-ve por meio da literatura de cordel, em que o poema narra em primei-ra pessoa a vida de um jovem que deixa o sertão cearense para procu-rar trabalho na cidade grande. Ao desencantar-se das pessoas e dos hábitos da metrópole, volta a Can-tinho, sua cidade natal, para rever a beleza singela do lugar e a simplici-dade das pessoas que havia deixado por lá. Revê o amigo Zé, que traba-lhava na roça e vivia com a única fi lha, Regina, a mulher, Ana, e a so-gra, Joaquina, de setenta anos.

Primeiros versos

“Era uma velha aprumada,A Joaquina. Despachada,Gente alegre, gente fi na.”

Havia quinze anos que a avó de Regina cosia uma colcha de reta-lhos com as sobras de panos, desde o nascimento de sua neta. Seria um presente de noivado para ela.

O jovem teve que partir. Após dois anos, fi ca sabendo que o vi-

“Guardou a colcha, dobrada,Suspirando uma saudade.Um mês depois soube que

Viera a fatalidade.Morreu, e poucos sentiram.

E eu soube que não cumpriramSua última vontade.”

A qualidade da obra está em tra-zer esse tipo de literatura de ma-neira a garantir os elementos que caracterizam esse tipo de texto, como a efabulação, a sonoridade, o ritmo e a utilização de expres-sões da região onde o texto nas-

>>

55

As atividades aqui listadas fazem par-te da preparação para a leitura e explo-ração das atividades com o livro Colcha de Retalhos e têm o objetivo de desper-tar o interesse do aluno para o assunto, a expressividade e as atividades oriun-das dessa obra.

Envolva os alunos com o tema, falan-do da origem da literatura de cordel e de toda a riqueza desse universo rela-cionado a essa manifestação cultural. É uma forma de trazer a atenção do alu-no para o assunto a ser discorrido.

Por meio dessa manifestação cultural popular, o aluno poderá conhecer as-pectos da história do nordestino, pois o cordel retrata a cultura, o dia a dia, a rea-lidade do povo e suas peculiaridades.

Você perceberá que o cordel é, como qualquer outra expressão artística, uma manifestação cultural em que a poesia, as cantigas e as histórias do povo são transmitidas por meio da escrita e pode ser utilizado como recurso pedagógi-co para debater temas relacionados à educação escolar, como cidadania, so-lidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social etc.

A origem do cordelAs primeiras manifestações de lite-

ratura popular no Ocidente ocorreram por volta do século XII, quando os pere-grinos do sul da França iam em direção à Palestina ou os do norte da Itália iam para Roma ou, ainda, quando os da Ga-lícia iam para o santuário de Santiago. Durante esses encontros, eram transmi-tidas as histórias, e os primeiros versos eram compostos, porém de forma pri-mitiva.

“Eu resolvi escreverUm cordel sobre cordel

Porque o cordel tem sidoMeu companheiro fi el

E pra tirar do leitorAlguma dúvida cruel.”

(Cordel em Arte e Versos,Moreira de Acopiara)

O universo do cordel É pra ser lido e cantado, Mas para fazer bonito

Tem que estar bem informado.

>>

6

Nossa literatura de cordel é ca-racterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que pas-sa de geração para geração.

Até hoje, esse gênero literário é bastante difundido no Nordeste, especialmente nos estados de Per-nambuco, Paraíba, Alagoas, Cea-rá e Piauí. Os poemas, geralmen-

Foi assim que surgiram os primei-ros núcleos de cultura regional, que se espalharam pela Europa e, pos-teriormente, pela América.

Por causa do atraso da chega-da da imprensa ao Brasil e de seu acesso pelo público, as produções literárias de populares tiveram seu apogeu apenas no século XX.

Antes da evolução do rádio, do jornal e da televisão no Nordeste, as pessoas fi cavam sabendo dos acontecimentos históricos, das no-tícias, dos romances por meio dos versos populares impressos em pequenos livros pendurados em barbantes vendidos nas feiras e mercados populares. Nascia, assim, a literatura de cordel.

A palavra “Cordel” teve origem em Portugal. O nome está ligado à forma de comercialização dos li-vretos.

O cordel chegou ao Brasil como poesia oral trazida pelos portugue-ses. Os temas principais desse tipo de literatura no país eram, e ainda são, o cangaço, a religiosidade, as catástrofes, os contos de fada e as grandes histórias de amor.

poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que pas-sa de geração para geração.

especialmente nos estados de Per-nambuco, Paraíba, Alagoas, Cea-rá e Piauí. Os poemas, geralmen-

>>

7

Cabral de Melo Neto e outros, e também grandes escritores, como Guimarães Rosa, Graciliano Ra-mos, José Lins do Rego, Raquel de Queirós e Ariano Suassuna.

pular, como Patativa do Assaré, Leandro Gomes de Matos, João Martins de Athayde, Cuíca de Santo Amaro, Cora Coralina, Car-los Drummond de Andrade, João

Cabral de Melo Neto e outros, e também grandes escritores, como Guimarães Rosa, Graciliano Ra-mos, José Lins do Rego, Raquel de Queirós e Ariano Suassuna.

pular, como Patativa do Assaré, Leandro Gomes de Matos, João Martins de Athayde, Cuíca de Santo Amaro, Cora Coralina, Car-los Drummond de Andrade, João

te vendidos pelos próprios autores, ainda narram fatos do cotidiano lo-cal, como acontecimentos políticos, festas, desastres, disputas, mila-gres, enchentes, secas etc. São im-pressos em folhetos tipo brochura, medindo cerca de 11 cm x 15 cm, geralmente com oito páginas e 28 a 32 estrofes. São ilustrados com a técnica de xilogravura, e seus ver-sos são declamados ou cantados para o público, com acompanha-mento de violas sertanejas ou pan-deiros.

Alguns poetas foram infl uen-ciados por essa manifestação po-

>>

8

Note que o segundo, o quarto e o sexto versos rimam. Os demais não seguem a mesma regra.

Em versos metrifi cados só se con-ta até a última sílaba forte. É impor-tante observar na estrofe do quadro ao lado que logo no primeiro verso há uma elisão, ou seja, duas vogais juntas no fi nal e no início de sílabas que acabam se fundindo, forman-do assim uma única sílaba.

Agora um exemplo de uma sep-tilha com versos de sete sílabas.

Quer fazer um cordel? – Aprenda a fazer fazendo

A poética dos cordéisO cordel é geralmente escrito em

sextilhas (estrofes com seis versos), ou septilhas (estrofes com sete ver-sos), com sete sílabas poéticas. Es-creve-se também em décimas e em oitavas, embora com menos fre-quência. As metrifi cações de dez e onze sílabas são mais usadas pelos violeiros repentistas.

Cordelistas e repentistas utilizam rimas e métricas. Entretanto, cor-delistas escrevem seus versos, ao passo que os repentistas cantam os seus, de improviso e ao som de suas violas.

Veja um exemplo de sextilha com versos de sete sílabas:

Nos Caminhos da Educação

É/ que os/ cor/déis/ sem/pre/ sãoHis/tó/rias/ bem/ tra/ba/lha/das,Pos/su/em/ lin/gua/gem/ fá/cil,Es/tro/fes/ sem/pre/ ri/ma/das

Ver/sos/ sem/pre/ bem/ me/di/dosPa/la/vras/ ca/den/ci/a/das.

(Cordel em Arte e Versos, Moreira de Acopiara)

“A/go/ra/ mes/mo es/tá/ ven/doNes/te/ cor/del/ sen/do u/sa/das

Es/tro/fes/ de/ se/te/ ver/sosCom/ se/te/ síla/bas/ con/ta/das.

A/ o/ra/ção/ in/clu/í/daEs/tá im/plí/ci/ta e/ con/ti/da

Nas/ in/for/ma/ções/ pres/ta/das”.

(Manoel Monteiro – membro da Academia Brasileira de Literatura

de Cordel)

>>

9

Agora veja um exemplo de estro-fe de oito versos (oitava), com sete sílabas poéticas, do poema “Cora-ção de poeta”, do mesmo autor:

A seguir, a estrofe inicial do poe-ma “O Brasil que imagino”, de Mo-reira de Acopiara, um exemplo de cordel de septilhas com versos de dez sílabas (decassílabos):

“O/ Bra/sil/ que i/ma/gi/no é/ di/fe/ren/te,Ne/le/ ve/jo/ so/men/te/ ce/nas/ be/las;

Não/ há/ bri/gas/ de/ gan/gues/ nem/ cor/rup/tos,Não/ há/ pon/tos/ de/ dro/gas/ nem/ fa/ve/las.

Há/ so/men/te in/fi /ni/tas/ a/le/gri/as,Pra/ças,/ par/ques,/ tran/qui/las/ mo/ra/di/as

E/ fe/li/zes/ cris/tãos/ mo/ran/do/ ne/las”.

(Cordel em Arte e Versos)

“Eu/ le/vo a/ vi/da/ can/tan/doA/le/gre e/ mui/to/ fa/cei/ro,

Mas/ não/ é/ só/ por/ di/nhei/roQue/ vi/vo/ can/tan/do/ as/sim.Vi/vo/ can/tan/do/ con/ten/te

E/ sem/ pre/o/cu/pa/ção/Pra/ cum/prir/ u/ma/ mis/são/Já/ pre/pa/ra/da/ pra/ mim/”.

(Cordel em Arte e Versos)

>>

10

A obra é rica em xilogravura. É importante que os alunos conhe-çam as ilustrações e identifi quem o que o ilustrador quer transmitir por meio delas, e assim possam fazer uma previsão dos acontecimentos.

os ideais, anseios e sonhos do ho-mem daquela região. É a genuína expressão da criatividade do artista primitivo, caracterizada pelo traço forte, incisivo, promovendo uma rude e bela expressividade dos de-senhos.

Finalizando, observe uma déci-ma (estrofe de dez versos) com sete sílabas, também do mesmo autor:

“Sou/ um/ ca/bo/clo/ de/ sor/te,Não/ te/nho/ me/do/ de/ na/da.

Fa/ço a/qui/lo/ que/ me a/gra/da,Ve/nho/ das/ ban/das/ do/ nor/te;

Meus/ ver/sos/ são/ meu/ es/por/te,Pres/to a/ten/ção/ no/ que/ di/go.Quem/ qui/ser/ fa/lar/ co/mi/go

Man/de u/ma/ men/sa/gem/ pa/raMo/rei/ra/ de A/co/pi/a/ra,

Seu/ po/e/ta,/ seu/ a/mi/go.”

(Cordel em Arte e Versos)

No cordel autêntico as rimas uti-lizadas, por tradição, são as sílabas, em que os sons são idênticos, des-de a vogal ou ditongo até a última letra ou fonema, como: amigo e contigo; mundo e profundo; válido e pálido; doce e fosse.

Um aspecto interessante e digno de destaque na literatura de cordel é a xilogravura de suas capas, que refl etem a paisagem nordestina e

>>

1111

literatura de cordel, que expõe de forma simples e exata a realidade de um sertanejo que convive com os desmandos e as injustiças de um típico coronel.

Sugerimos que você discuta e compare essa história do desenho animado com o nosso cotidiano.

Use como recurso para uma pré--leitura o desenho animado O Lo-bisomem e o Coronel, que pode ser acessado no link: http://glauco-cortez.com/2010/11/26/o-lobiso-mem-e-o-coronel-satira-a-uma-so-ciedade-coronelista-e-patriarcal/

Esse desenho animado é basea-do em uma história contada pela

>>

12

presentava uma boa lembrança da vida de Regina. Os alunos podem dar um fi nal feliz à história e ter uma colcha acabada. Que fi nal se-ria esse e que eventos poderiam re-presentar os retalhos que faltam?

A partir do roteiro, peça aos alu-nos que façam cordéis utilizando o próprio vocabulário. É uma forma de estimular a leitura de poesias de cordel e produzi-las.

O livro diz que o jovem sai da cidade peque-na em busca de melho-res condições na cidade grande.

O processo de leitura do livro deve ser composto de atividades que contemplem o seu universo textual, deve conduzir à explora-ção dos diversos recursos de lin-guagem da obra.

Divida a leitura de Colcha de Re-talhos em partes, de modo que as estrofes possam ser discutidas pas-so a passo.

Outra sugestão é pedir aos alu-nos que leiam as estrofes, de modo que percebam as rimas, a métrica, a sonoridade e o ritmo.

Você pode também ler as estro-fes sem dizer a última palavra, para que os alunos completem com a palavra que está faltando, confor-me a rima.

Peça aos alunos que tracem um roteiro sugerido pelas estrofes do poema.

A colcha de retalhos fi cou inaca-bada e cada pedaço de tecido re-

JÁ ESTUDEI MUITA COISA,JÁ SOU QUASE UM BACHAREL,

MAS, PARA FICAR MELHOR,AGORA É LER UM CORDEL.

Procure saber dos alunos como eles veem o mercado de trabalho para os jovens atualmente e quais as suas expectativas.

Discuta a difícil relação entre os pais e a fi lha Regina, a partir do momento em que a moça deixa a casa. nos que façam cordéis utilizando o

próprio vocabulário. É uma forma de estimular a leitura de poesias de cordel e produzi-las.

O livro diz que o jovem sai da cidade peque-na em busca de melho-res condições na cidade

13

ATIV

IDA

DE

INTE

RDIS

CIPL

INA

RArtes

Uma sugestão é que se faça uma pesquisa sobre a multiplicidade de expressões artísticas do Nordeste.

Peça aos alunos que façam fo-lhetos das poesias de cordel em sala de aula, com ilustrações de xi-logravura. Essa atividade amplia a expressividade do aluno, desenvol-ve seu potencial e descobre novos talentos.

Solicite ao professor de Artes que trabalhe a xilogravura com os alunos e organize uma exposi-ção com os poemas de cordel fei-tos pelos alunos, usando barbantes para pendurá-los. Peça aos alunos que organizem um sarau e se apre-sentem com declamação de textos, acompanhados de instrumentos musicais típicos nordestinos.

Os alunos podem fazer o papel de repentistas, criando desafi os com a utilização dos versos e de instrumentos musicais. É uma ativi-dade que deve ser feita de improvi-so e requer rapidez de raciocínio.

ATIV

IDA

DE

INTE

RDIS

CIPL

INA

RAlém das atividades sugeridas

para a área de Língua Portugue-sa, o livro Colcha de Retalhos pode proporcionar a discussão dos te-mas Meio ambiente e Pluralida-de cultural, já que a obra traz por meio das xilogravuras, uma produ-ção cultural inerente à região nor-destina.

Você pode estudar a diversida-de ambiental da região Nordeste e apresentar a fauna e a fl ora típicas da região.

Geografi a e HistóriaSugerimos que apresente os ele-

mentos geográfi cos e as caracterís-ticas do sertão, principalmente na relação com a cultura que ali se de-senvolveu.

Outro trabalho sugerido é a abor-dagem dos aspectos sociais e histó-ricos na ocupação do Nordeste.

Refl ita com os alunos sobre os movimentos migratórios e a trans-missão da cultura nordestina aos demais estados do Brasil.

Você pode também fazer uma análise da diversidade geográfi ca e dos recursos naturais ali presentes.

14

A avaliação do processo de lei-tura de uma obra não deve ser pautada apenas por provas ou tra-balhos que avaliem o seu conteú-do; o próprio ato de ler deve ser valorizado e se tornar instrumen-to para uma análise que sirva para avaliar o aluno de maneira mais ampla. Desse modo, a obra pode comportar uma avaliação contí-nua e formativa.

Considere os resultados dos di-versos trabalhos envolvidos no projeto de leitura e o contato com este livro. O objetivo é levar o alu-no a perceber as relações interdis-ciplinares abordadas na atividade literária.

Assim, são sugeridas avalia-ções de todas as ações propos-tas nas diferentes fases da leitura do texto, todas valorizando as im-pressões de leitura e a contextua-lização da obra.

Pode valer como instrumento de avaliação o envolvimento e o interesse do aluno pelos trabalhos relacionados às diferentes discipli-nas envolvidas no projeto de leitu-ra desta obra.

Observação em foco

>>

1515

“Literatura de cordelÉ poesia popular,

É historia contada em versos,Em estrofes a rimar,

Escrita em papel comum,Feita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravura,Trabalho de artesão,

Que esculpe em madeiraUm desenho com ponção,

Preparando a matrizPra fazer reprodução.

Os folhetos de cordelNas feiras eram vendidosPendurados num cordão,Falando do acontecido,De amor, luta e mistério,De fé e do desassistido.

A minha literaturaDe cordel é refl exão

Sobre a questão socialE orienta o cidadãoA valorizar a cultura

E também a educação.

Mas trata de outros temas:Da luta do bem contra o mal,

Da crença do nosso povo,Do hilário, coisa e tal,

E você acha nas bancasPor apenas um real.

O cordel é uma expressãoDa autêntica poesia

Do povo da minha terra,Que luta pra que um dia

Acabe a fome e a miséria,Haja paz e harmonia.”

(Autor desconhecido – pesquisado na web maio/2011.)

>>

16

Acredita-se que a literatura de cordel só poderá se transformar numa cultura de massa a partir do momento que a escola passar a es-timular seu uso, ou seja, quando a comunidade escolar adotar o hábi-to de leitura. Quando a escola pro-curar conscientizar a todos da real necessidade de se preservar o cor-del como um saber histórico, esta-remos caminhando em direção à revitalização de seu universo.

Bibliografi a:Bibliografi a:

ACOPIARA, Moreira de. Cordel em Arte e Versos. São Paulo: Duna Dueto / Acatu, 2008.HAURÉLIO, Marco. Breve História da Li-teratura de Cordel. São Paulo: Editora Claridade, 2010.HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009.FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2010.

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Lín-gua Portuguesa. São Paulo: Editora Me-lhoramentos, 1988.

Outra fonteEntrevista com Sebastião Marinho – Pre-sidente da União dos Cordelistas, Repen-tistas e Apologistas do Nordeste.

[email protected]