Janeiro 2008

Vice presidente do Pré- escolar

Presidente do Conselho Executivo

Biblioteca Escolar / Centro de Recursos

Coordenador Tic

Agrupamento Vertical de Escolas de Vizela

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Ainda estava deitada e eram para aí umas 6 horas da manhã quando Amelinha ouviu chamar.

Quem me chama e o que quer?

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Olá, meu amor. Sou eu, o Inverno. Acabo de chegar de muito longe e

vim visitar-te.

Não gosto de ti, Inverno. És feio, frio, mau e

rabugento. Só vens fazer disparates e coisas que

não aprecio.4

Sei bem do que és capaz!

Que maneira desagradável de

me receber, Amelinha! Para quem já não me via há um ano, é

uma triste saudação!

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As poucas folhas que ainda existem nas árvores vão ser levadas pelo vento, caindo estonteadas, aqui e além.

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O céu vai mudar de cor e faz lembrar o fumo escuro das fábricas…

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As nuvens irritadas hão-de correr de um lado para o outro e de tão tristes, às vezes desatam a chorar. A chuva então cairá dias a fio, batucando na terra alagada, aborrecida.

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Não preciso de ti Inverno. Só fazes coisas de que não

gosto.

Mas gostas de chapinhar nas poças de água que ficam nos

caminhos!

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Passo bem sem elas! Prefiro o Verão com os regatos onde posso nadar, o mar quentinho onde tomo

banhos deliciosos.

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Contigo é tudo triste, desconfortável. Trazes o vento que

me vira o chapéu, o frio que me obriga a vestir roupa sobre roupa, tanta, que mal posso brincar. Não

gosto de ti, Inverno.

Atchiiim!

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Mas sou eu que cubro de neve as montanhas, para

poderes brincar com os flocos tão

brancos, tão fofos!

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Passo bem sem isso

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Prefiro as montanhas cobertas de flores e as andorinhas de regresso aos ninhos, voando no céu azul. Nada se compara à Primavera com dias grandes e doces, cheios de nêsperas, cerejas… Ela sim, que nos traz a Páscoa com amêndoas coloridas e ovos recheados de chocolate!

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Não gosto de ti, Inverno! És irritante e constipado. Obrigas-

me a ficar na cama com o nariz a pingar, a tomar remédios e sem

poder ir à escola. És mau, cheiras a luvas de malha que

picam na pele…

Atchiiim!

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Estás a esquecer-te de que é comigo que os jardins se enchem de camélias e de violetas perfumadas.

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Ora, o que é isso comparado com a alegria das papoilas escarlates com que o Verão enfeita os campos, com

os malmequeres amarelos que os transformam em lindos tapetes de

ouro… e isto para não falar no perfume estonteante dos cravos, nas

cores variadas das zínias, das sécias…

Não gosto de ti, Inverno! És agreste e barulhento.

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Mas sou eu que encho os rios que correm felizes para o mar. Sou eu que espalho a geada nos caminhos…

E que me dizes do arco-íris, que aparece

mais vezes no Inverno?

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Mas és tu que fazes roncar a trovoada de que tenho

tanto medo, és tu que enxotas os animais, que

assustados se escondem a dormir

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O urso dorme meses a fio…

A rã adormece no lodo dos pântanos…

O morcego pendura-se nas vigas de um telhado de cabeça para baixo…

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Ouve, meu amor. Estás a ser injusta para comigo. Sem mim a vida não podia voltar a renascer, sem o sono que dorme a Natureza, não era possível que voltasse a tua querida Primavera vestida de flores e folhagens verdes, respirando brisas doces e transparentes, com sol colorido e céu azul.Para além de que estás as esquecer-te de uma coisa muito importante, querida!

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O que é?

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Sou eu que trago o Natal com pinheiros cheios de estrelas brilhantes, como os cabelos de uma fada. Sou eu que anuncio o nascimento do Menino Jesus. Já pensaste nisto, Amelinha?

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Não Inverno. Por acaso nunca tinha aliado o teu nome e a tua presença a essa festa de amor e de

paz. Desculpa

Está bem, minha jóia, está bem. E agora adeus, tenho de ir buscar o frio, para que logo ao serão te possas aquecer à lareira.

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Malta! Terminamos a nossa história

com uma canção ao Inverno.

Vamos a isto!

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