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A VIDA EM DEFESA DA TERRA DE TRABALHO – A LUTA PELA TERRA EM CATALÃO-GO
Marcelo do Nascimento Rosa Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia,
trabalho e Movimentos Sociais – GETeM/CNPq Universidade Federal de Goiás - UFG/Campus de Catalão
Aline Cristina Nascimento Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia,
Trabalho e Movimentos Sociais – GETeM/CNPq Universidade Federal de Goiás - UFG/Campus Catalão
Marcelo Rodrigues Mendonça Universidade Federal de Goiás - UFG/Campus Catalão
Resumo Este artigo é um episódio de uma luta na/pela terra no município de Catalão – GO a partir da participação do/no Movimento Camponês Popular (MCP) quando da tentativa de expulsão de uma família de sua terra de trabalho. Em fazendo isso tem como finalidade explicitar os desencontros das políticas públicas, em especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), para a agricultura camponesa que na maioria das vezes é um instrumento que subordina o campesinato ao capital financeiro e industrial e coloca para estes sujeitos uma única alternativa para não perderem suas terras: a luta de resistência. Palavras-chave: Campesinato. Terra. Existência. Resistência. Vida. TERRA: território de vida e de luta Os autores deste artigo fazem parte do Núcleo de Pesquisa Geografia, Trabalho e
Movimento Social da Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão
(GETeM/UFG/CAC) e exceto o Professor Marcelo Rodrigues Mendonça, os outros dois
fazem para do MCP. Assim, não só acompanharam, mas também fazem parte desta luta
dos camponeses no Brasil. E é com esses elementos vividos, bem como uma revisão
bibliográfica sobre o assunto que se analisa os fatos, não no intento de se fazer vozes
para os camponeses, até porque eles não precisam disso, mas na tentativa de ampliar
este debate.
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Este artigo narra um episódio de uma luta na/pela terra no município de Catalão – GO a
partir da participação e da experiência do Movimento Camponês Popular (MCP)
quando da tentativa de expulsão de uma família de sua terra de trabalho. Entre os
acontecimentos, um chama a atenção: a greve de fome1, última alternativa de luta de
uma família para não ter a terra de trabalho expropriada. Explicita os desencontros das
políticas públicas, em especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF), para a agricultura camponesa que, na maioria das vezes, é um
instrumento que subordina o campesinato ao capital financeiro e industrial e coloca para
a estes sujeitos uma única alternativa: a luta de resistência.
O discurso oficial autorizado, evita o uso dos termos “camponês”, “campesinato” ou
“família camponesa”. Prefere “agricultura familiar” ou outros equivalentes. Neste artigo
adotou-se “família camponesa”, por entendê-las como:
[...] aquelas que tendo acesso à terra e aos recursos naturais que esta suporta resolvem seus problemas reprodutivos a partir da produção rural, extrativista, agrícola e não agrícola desenvolvida de tal modo que não se diferencia o universo dos que decidem sobre alocação do trabalho dos que sobrevivem com resultado dessa alocação. (CARVALHO, 2010, p.1)
Esses sujeitos constituem seu território buscando em primeiro lugar sua sobrevivência.
A terra é seu espaço de vida, é local de moradia e de trabalho, coletivo e/ou individual, e
possibilita a construção de relações humanas com significados e sentidos específicos.
Sua terra é condição da reprodução social da família. É onde plantam roças, criam
animais, fazem queijo, recebem parentes e amigos, fazem festa etc., ou seja, é sua fração
do território.
Na produção cotidiana de suas identidades, as famílias camponesas dão ao espaço um
“uso” distinto daquele dado por empresários, que veem a terra como reserva de valor
e/ou especulação imobiliária, para quem o espaço, e a terra em particular, é o espaço da
geração do lucro, é enigma da continuação do capitalismo (HARVEY, 2005). Por isso,
o capitalismo disputa e quer dominar até as menores parcelas de terra.
Nesse processo de disputa pela terra, os conflitos significam o “entrechoque de
concepções distintas [...] na luta por uma fração do território capitalista”. (OLIVEIRA,
2009, p. 4). E esse conflito termina muitas vezes em morte. A resistência camponesa,
que reúne diferentes sujeitos, significa a “luta por um outro território, não capitalista”
(OLIVEIRA, 2009, p. 4), onde a prioridade é a vida.
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Uma história para ser contada
Em 1997 uma família camponesa moradora da comunidade rural Ribeirão, localizada a
cerca de nove quilometro da cidade de Catalão-GO, ficou sabendo, através dos meios de
comunicação, que o governo federal havia liberado no Plano Safra2 daquele ano
recursos para a “agricultura familiar”. A família foi até a agência do Banco do Estado de
Goiás (BEG) para contratar o crédito. Lá ficaram sabendo que se tratava do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).
Depois de providenciarem a vasta e obscura documentação exigida, receberam o
empréstimo de R$ 18.000, que utilizou para comprar gado leiteiro e reformar a
pastagem. A família tinha oito anos para pagar o empréstimo. Em 2000 o BEG abriu
falência e foi adquirido pelo Banco Itaú. Em 2005 após o pagamento de seis parcelas, a
família, enfrentando problemas de saúde, interrompeu o pagamento das parcelas
restantes.
No final de 2010, a família ficou sabendo que sua terra seria leiloada e desapropriada
para pagamento das parcelas do Pronaf que não haviam sido pagas. A saída da terra era
certa. Tentou-se, na justiça, impedir o leilão e a desapropriação. Mas, não conseguiu, e a
terra foi a leilão, sendo arrematada por um empresário do município, o que é sem lógica
porque ele era devedor do banco Itaú.
A data para o despejo foi marcada. A situação foi levada ao conhecimento do MCP do
qual a família participa. Então o MCP organizou, na propriedade da família, uma
reunião para todos juntos tentarem encontrar alguma solução e prestarem solidariedade
à família. Outras famílias daquela e de outras comunidades do município de Catalão e
dos municípios vizinhos participaram. Logo no início, a matriarca da família contou que
aquela terra é herança e que ela só sairia dali morta: “nos não comprô essa terra aqui
onde nós mora. Ela foi dos meus país e eu nasci aqui, sempre trabaiei aqui, casei aqui,
tive meus fios aqui e só saio daqui morta. Já comprei até o veneno e se eles vié me
arrancá daqui eu já sei o que fazê”. (E.C., 17/04/2012).
A luta contra “eles” - o capital financeiro, o poder judiciário e os empresários do
município de Catalão (GO) -, a luta pela terra de trabalho, não é uma luta que se luta só.
É uma luta da classe camponesa. E os camponeses estavam ali para lutarem.
Buscou-se sensibilizar juiz, banco e empresário, mas a ordem de despejo chegou, alguns
dias depois, junto com caminhões e com a polícia armada, para retirar a família da terra.
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Em menos de vinte minutos estavam cerca de quarenta pessoas dentro da propriedade.
A tensão se instalou.
Após horas de barricadas e gritos de ordem, o oficial de justiça e a polícia consideram a
área ocupada pelos camponeses que estavam lá e remeteram a ordem de despejo para a
Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, em Goiânia. Organiza-se um
acampamento na entrada da propriedade. Muitas pessoas, entidades e organizações se
juntam à luta e o acampamento se torna um símbolo de resistência e um local de estudo
e de definição de estratégias a serem utilizadas na luta.
Figura 1. Acampamento na entrada da Fazenda Ribeirão.
Fonte: MCP, 28/03/2012. Acessado em: 08/07/12.
Dentre as ações desenvolvidas decidiu-se pela realização de uma panfletagem em frente
à uma das agências do banco Itaú da cidade de Catalão, a que se localiza na Avenida
Vinte de Agosto, no intuito de sensibilizar a população urbana e convencer o banco Itaú
a receber da família camponesa o valor restante das parcelas não pagas do PRONAF
para que, desta forma, se cancelasse o leilão.
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Logo após a chegada de camponeses, juntaram-se a eles professores e estudantes de
diversos cursos da UFG e representantes de sindicatos de trabalhadores. Iniciou-se a
distribuição de panfletos e discursos esclareciam a situação. O Banco chamou a polícia
militar que, fortemente armada, iniciou uma repressão jamais vista no município. Foram
presos representantes do MCP e estudantes. Diversos camponeses foram espancados,
alguns dos quais tiveram que ser hospitalizados. As imagens feitas por um celular
ganharam a imprensa goiana.
Figura 2: Conflito com a polícia.
Fonte: MCP, 10/04/12. Acessado em 08/07/12.
Neste momento mais uma vez a morte é chamada à vida. De volta ao acampamento na
propriedade da família camponesa, a matriarca declara que, a partir daquele momento,
não se alimentaria mais, que iria fazer uma greve de fome, disposta a doar a vida se
entregando à morte para defender o direito da família à terra de trabalho. Outro
camponês, que também faz parte do MCP, se solidarizou e também entrou em greve de
fome.
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Apesar de muito questionada a ação, o grupo decidiu criar um outro acampamento na
praça central da cidade de Catalão onde os dois grevistas continuariam a greve de fome
com o apoio dos companheiros e criando-se, a possibilidade de receber o apóio da
sociedade.
Neste acampamento, conforme podemos ver na figura 3, outras pessoas, como
estudantes e representantes de igrejas aderiram à greve.
Figura 3: Acampamento na Praça Getúlio Vargas, praça central de Catalão.
Fonte: MCP, 14/04/12. Acessado em: 08/07/12.
Talvez fosse a primeira greve de fome da história do Estado de Goiás. Ocorreu então,
uma enorme mobilização de toda a sociedade de Catalão. Um abaixo-assinado colheu
cerca de oito mil assinaturas. O juiz que até então se dizia munido de todas as condições
para não cancelar o leilão, cancelou-o e exigiu que o banco Itaú abrisse negociação para
receber o pagamento da dívida de modo que a família permanecesse na terra. Vitória em
mais uma batalha na luta dos camponeses pela permanência na terra, terra de trabalho.
Narrada, ainda que resumidamente, a história desses sujeitos, o motivo que ocasionou
esta batalha serão analisadas a seguir.
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O desencontro do PRONAF na Agricultura Camponesa
Diferentemente da posição teórica da recriação do campesinato que defendemos, existe
e é fato a tese de que o campesinato é um resquício de outros modos políticos-
econômicos de produção e que está em via de extinção. E mais: que é um entrave a
plena modernização da agricultura. Por isso, há um esforço político para transformar os
camponeses em pequenos capitalistas ou em trabalhadores assalariados a serviço do
capital. Fazem parte desse esforço políticas públicas, como o PRONAF.
Para Carvalho (2009) o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar é
fruto da expansão e globalização do capitalismo no campo. No Brasil, esse processo foi
acentuado a partir década de 1950 e trouxe inúmeras mudanças na forma de agir do
capital e no modo contraditório de exploração das demais classes sociais como o
campesinato. Mas, apesar das mudanças, manteve uma constante: as empresas
capitalistas continuaram a busca pela maximização do lucro e apropriação dos recursos
naturais, em especial das terras.
Silva (1996), em seu texto “A nova dinâmica da agricultura brasileira”, na década de
1990, conceitua esse processo sofrido pela agricultura brasileira como “industrialização
da agricultura”, uma forma de aumentar a hegemonia do capital e, “enquadrar” os
camponeses na nova dinâmica agrícola.
As estratégias do capital de industrialização da agricultura foram chamadas de
Revolução Verde e eram justificadas pela necessidade de aumentar a produção de
alimentos no mundo para acabar com a fome. No Brasil esta Revolução Verde foi
implantada efetivamente a partir de 1970 pelo Estado ditatorial militar que criou
programas, normas e leis, além de uma enorme propaganda, para implantar esse novo
modelo de agricultura, baseado no uso intensivo de maquinários, insumos e sementes
híbridas, para a “modernização” e o “desenvolvimento” do campo.
Assim, eram atendidos os interesses dos capitalistas de expansão mundial para aumentar
a acumulação, principalmente capitais estrangeiros norteamericanos, europeus e
japoneses que “consolidaram a subordinação da agricultura aos interesses do capital
industrial e bancário.” (CARVALHO, 2010, p.9). Na história do Brasil, o país primeiro
foi submetido ao capitalismo mercantilista que implantou, na agricultura, o modelo de
“plantation”: latifúndio, monocultura para exportação, mão-de-obra escrava. Agora que
a nova necessidade do capitalismo era a difusão do desenvolvimento pelo mundo, na
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agricultura, o modelo será a “Revolução Verde”, a denominada modernização da
agricultura.
Nas expressões “desenvolvimento”, “modernização” está implícita uma carga
ideológica que relega tudo e todos que pensassem em viver ou produzir fora do pacote
estabelecido pela Revolução Verde ao atraso, devendo, portanto, ser combatido. Mas o
que estava em curso era a remodelação da agricultura para que o capital continuasse
acumulando, por isso a expressão “modernização conservadora da agricultura” traduz
melhor o significado desses fatos. O Brasil continuava sendo produtor de matéria-prima
para exportação e consumidor de produtos industrial impostos pelo capitalismo que
agora alocava suas empresas e seu capital, transnacionais, no território nacional.
Deste projeto estão excluídos os camponeses e a agricultura camponesa.
[...] o crédito rural caracterizou-se, neste período (1966 a 1982), pelo aumento de 500% nos volumes de crédito com taxas de juros negativas em relação à inflação. O objetivo dessa política foi implantar a modernização agrícola conservadora no Brasil, financiando tratores, colheitadeiras, adubos, venenos e sementes híbridas. Porém, não foram os agricultores familiares que acessaram o crédito nesse período. Em 1980, por exemplo, 69% do crédito foi destinado para a Agroindústria e Comércio, 23,2% para as Grandes Cooperativas e 7,8% para os agricultores. Estes agricultores eram os grandes latifundiários e as grandes propriedades capitalistas. (ASFAGRO, 2006, p.1-2)
A expressão “agricultura familiar” tem sido utilizada nas políticas públicas agrárias de
modo a impor a idéia do quão os camponeses estão inseridos no mercado. É uma
estratégia político-ideológica que busca homogeneizar as relações capitalistas de
produção. Contudo, como entendem Oliveira e Martins, no capitalismo o campesinato é
uma classe social que, contraditoriamente se reproduz numa relação não capitalista de
produção, dentro do próprio capitalismo. Por isso as expressões “agricultura
camponesa”, “camponeses” e “campesinato”, que trazem o sentido político da luta pela
terra por esses sujeitos, são evitadas pelos representantes do capitalismo.
O que não havia sido suposto, então, é a hipótese da construção política e ideológica do campesinato como classe social capaz de enfrentar como resistência social e com perspectiva de superação do modelo dominante na agricultura, com o apoio das classes populares urbanas, essa onda social e ambientalmente predatória de homogeneização capitalista no campo. (CARVALHO, 2009, p. 3).
Logo, não tardou para a agricultura camponesa ser “contemplada” com créditos nesse
processo. Era necessário dar aos camponeses condições para eles se modernizarem, o
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que significou transformar completamente a indústria em mantedora da agricultura,
porque as famílias camponesas que tivessem acesso ao crédito transferi-lo-iam à
indústria, se transformando em pequenos capitalistas, deixando de ser camponeses. E
mais: a inserção competitiva da chamada agricultura familiar no mercado completaria o
desenvolvimento de uma racionalidade capitalista de produção denominada “cadeia
produtiva3”, conforme estava sendo assimilada e divulgada pela Associação Brasileira
de Agribusiness (Abag).
Assim, em 1995, é criado o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar). Surge para “fechar” uma cadeia produtiva da qual faziam parte:
os agentes financeiros (bancos), as instituições de pesquisa, notadamente a Empresa
Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA), a indústria, o comércio, etc.
Neste contexto, o PRONAF é apenas um mecanismo de transformar o camponês num
pequeno capitalista e, se ele não tiver competência para sobreviver no mercado, ele será
transformado em trabalhador assalariado, seja nas cidades, nas indústrias; seja no
campo, nas empresas rurais.
Desta forma, o PRONAF se tornou segundo Carvalho (2009),
[...] numa ponte econômico-financeira onde de um lado estavam as indústrias produtoras de insumos (fertilizantes, agrotóxicos, hormônios, herbicidas, medicamentos desfolhantes, máquinas e implementos, etc) e, de outro lado, as indústrias (agroindústrias) compradoras, beneficiadoras e/ou industrializadoras dessas matérias-primas da agricultura (leite, aves, suínos, tabaco, soja, milho, etc). No meio, unindo a oferta de insumos com as compras das matérias primas pelas empresas do agronegócio estavam os produtores rurais orientados pelo modelo tecnológico disseminado de cima para baixo pelas empresas públicas e privadas de assistência técnica com o suporte técnico-científico da EMBRAPA e dos departamentos técnicos das grandes empresas transnacionais de insumos. E, por detrás, mas conduzindo esse processo de modernização da agricultura, os bancos ou, mais genericamente, o capital financeiro.” (CARVALHO, 2009, p. 4)
Em fim, longe de ser um instrumento de diminuição da pobreza via produção de
alimentos pelos camponeses no Brasil, o PRONAF adotado sem um conjunto de
políticas públicas simultâneas e permanentes como a assistência técnica, um programa
de comercialização, etc, leva ao endividamento e, em muitos casos, à perda da terra, seu
espaço de reprodução social. E neste processo o que resta é a resistência.
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Organizar e resistir para existir
A oferta de crédito para a agricultura camponesa que visa somente inserí-la na cadeia
produtiva capitalista acaba por si tornar um meio de expropriar a terra de trabalho e/ou
subjugá-la, e a classe que dela depende, ao mercado.
A resistência do campesinato para permanecer na terra é importante – é vital – para a
superação do capitalismo porque mostra como os camponeses são alienados do fruto de
seu trabalho e meios de produção. Cria-se uma consciência do trabalho muito maior.
Une camponeses e trabalhadores, une campo e cidade no reconhecimento da
exploração.
A possibilidade da perda da terra é motivo para a implantação de uma resistência
camponesa, que alimenta e é alimentada por um movimento coletivo e pode acabar
unindo diferentes sujeitos para a construção de um território não capitalista.
A luta é contínua e a resistência é parte central dela, mesmo que sua principal arma seja
o atentado contra a própria vida.
Notas ___________________ 1 Nos Meios de Comunicação o Movimento Camponês Popular (MCP) sempre noticiou Jejum, ao invés de Greve de Fome. Fez isso porque no Brasil, o JEJUM como estratégia política é paralisado toda a vez que o anúncio real da morte se instala. Já a GREVE DE FOME só é paralisada com a conquista da vitória. Mesmo assumindo a decisão da família como estratégia de luta, o movimento tinha como plano principal preservar a vida da família e isso poderia significar interromper o “Jejum” quando a vida estivesse ameaçada. Já para a família, principalmente para a matriarca, a decisão de deixar de comer só seria interrompida com a conquista de permanecer na terra, ou seja, era tudo ou nada. Desta forma, neste artigo trabalharemos com o termo “greve de fome” e não “jejum”, pois nos apoiamos nas intenções da família. 2 Plano Safra é um conjunto de políticas públicas que o governo lança a cada ano para a “agricultura familiar”. 3 Para Carvalho (2009) a cadeia produtiva é: [...] composta pelos vários agentes de um segmento econômico e como são ‘elos’ interdependentes, as políticas e as medidas governamentais precisam prever e planejar visando beneficiar todos os agentes da cadeia [...]” (CARVALHO, 2009, p. 4).
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___________. De produtor rural familiar a camponês: a cartase necessária. Curitiba, 2009. Disponível em: http://www4.fct.unesp.br/nera. Acesso em 25 de junho de 2012. ___________. Na sombra da imaginação: o camponês e a superação de um destino. Curitiba, 2010. Disponível em: http://www.mcpbrasil.org.br/biblioteca/agricultura-camponesa. Acesso em 22 de junho de 2012. HARVEY, D. O novo imperialismo. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalvez. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2005. OLIVEIRA, A. U. de; e MARQUES, M. I. M. (orgs). O campo no século XXI: território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo. Editora Casa Amarela e Editora Paz e Terra, 2004. ____________. Modo de produção capitalista, agricultura e reforma agrária. São Paulo: Labur, Edições, 2007. _____________. Modo capitalista de produção e agricultura. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987. PAULINO, E. T. Por uma geografia dos camponeses. São Paulo: UNESP, 2006. SILVA, J. G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas: UNICAMP, 1996.