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A UVA Envolvida por lendas e mistérios desde o inicio da história humana, talvez tenha sido a primeira fruta utilizada pelo ser humano. Sua origem mais remota foi na região das geleiras eternas da Groenlândia, no extremo da América do Norte. Hoje tem algumas regiões européias a uva é cultivada milenarmente, alguns dizem que esta fruta foram trazidas pelos deuses, até antes do dilúvio. No Brasil chegou com a esquadra de Brás Cubas, com mudas vindas da região do Porto, Portugal. Hoje a maior concentração de videiras se encontram no Rio Grande do Sul (70%), onde existe um clima muito semelhante ao europeu, com períodos de frio anuais, característicos de regiões temperadas. BOTÂNICA E VARIEDADES Família das Vitáceas, gênero Vitis, espécies de interesse econômico: Vitis vinífera = videira européia; Vitis labrusca ou Vitis bourquina = videira americana e Vitis spp = videiras híbridas. Trepadeira com caule e copa que atinge grande altura quando cresce sem condução cultural. Em vinhedo cultivado a altura varia de acordo com o método empregado. Os ramos recebem as seguintes denominações: - quando inicia a brotação, no inverno brotos, podem ser produtivos ou ladrões em plantas que é processada a poda. Ladrões roubam energia de crescimento dos ramos produtivos. – os ramos crescem varas ou sarmentos, que a uma distancia regular aparecem os nós, de onde saem as gemas (também chamadas de olhos). - gemas se encontram na base das folhas. – gavinhas do lado oposto dos olhos, enroscando a planta. – o cacho também aparece do lado oposto dos olhos. No final do ciclo vegetativo os sarmentos se tornam lenhosos e a partir dos dois anos de idade recebem o nome de braço ou cordão. As folhas variam conforme a variedade e espécie forma, espessura, cor e brilho, com maior ou menor presença de pêlos. São denteadas. Flores hermafroditas (órgãos masculino e feminino), se autofecundam. Alguns cultivares produzem flores com órgãos atrofiados, se tornando masculinas e femininas. Temperaturas muito baixas e excesso de chuvas podem prejudicar a fecundação quando as flores se abrem (sol e calor). Frutos são bagas que se unem em cachos, polpa recoberta por casca, cores e tamanhos diferentes conforme o cultivar ou variedade. Frutos sem semente são chamados apirenos. O suco se encontra na polpa é chamado mosto. Raízes planta por semente: uma raiz principal que se ramifica abundantemente, ocupando grande área de solo. por estaca: muitas raízes FOLHA N.º 1

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Page 1: A UVA - agrocursos.com.br · solo. Se divide em quatro áreas bastante distintas zona de absorção (finíssimas raízes de coloração amarelada. Zona da extremidade, zona de crescimento

A UVAEnvolvida por lendas e mistérios desde o inicio da história humana, talvez

tenha sido a primeira fruta utilizada pelo ser humano. Sua origem mais remota foi na região

das geleiras eternas da Groenlândia, no extremo da América do Norte. Hoje tem algumas

regiões européias a uva é cultivada milenarmente, alguns dizem que esta fruta foram trazidas

pelos deuses, até antes do dilúvio.

No Brasil chegou com a esquadra de Brás Cubas, com mudas vindas da

região do Porto, Portugal. Hoje a maior concentração de videiras se encontram no Rio Grande

do Sul (70%), onde existe um clima muito semelhante ao europeu, com períodos de frio

anuais, característicos de regiões temperadas.

BOTÂNICA E VARIEDADESFamília das Vitáceas, gênero Vitis, espécies de interesse econômico: Vitis

vinífera = videira européia; Vitis labrusca ou Vitis bourquina = videira americana e Vitis spp

= videiras híbridas. Trepadeira com caule e copa que atinge grande altura quando cresce sem

condução cultural. Em vinhedo cultivado a altura varia de acordo com o método empregado.

Os ramos recebem as seguintes denominações: - quando inicia a brotação, no inverno

brotos, podem ser produtivos ou ladrões em plantas que é processada a poda. Ladrões

roubam energia de crescimento dos ramos produtivos. – os ramos crescem varas ou

sarmentos, que a uma distancia regular aparecem os nós, de onde saem as gemas (também

chamadas de olhos). - gemas se encontram na base das folhas. – gavinhas do lado oposto

dos olhos, enroscando a planta. – o cacho também aparece do lado oposto dos olhos. No final

do ciclo vegetativo os sarmentos se tornam lenhosos e a partir dos dois anos de idade

recebem o nome de braço ou cordão. As folhas variam conforme a variedade e espécie

forma, espessura, cor e brilho, com maior ou menor presença de pêlos. São denteadas. Flores hermafroditas (órgãos masculino e feminino), se autofecundam. Alguns cultivares produzem

flores com órgãos atrofiados, se tornando masculinas e femininas. Temperaturas muito baixas

e excesso de chuvas podem prejudicar a fecundação quando as flores se abrem (sol e calor).

Frutos são bagas que se unem em cachos, polpa recoberta por casca, cores e tamanhos

diferentes conforme o cultivar ou variedade. Frutos sem semente são chamados apirenos. O

suco se encontra na polpa é chamado mosto. Raízes planta por semente: uma raiz principal

que se ramifica abundantemente, ocupando grande área de solo. por estaca: muitas raízes

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principais quanto sejam os entrenós da parte enraizada também ocupando grande espaço no

solo. Se divide em quatro áreas bastante distintas zona de absorção (finíssimas raízes de

coloração amarelada. Zona da extremidade, zona de crescimento e do lado oposto da

absorção a zona de ligação.

Variedades Deve-se levar em conta: o fim que se destina, o local onde será plantada, as

condições ambientais (clima, solo, etc.)

Videiras Européias – Vitis vinífera cultivadas no mundo inteiro, incluídas as de

melhor qualidade. As mais cultivadas para vinho no Brasil: Trebiano, Cabernet Franc, Barbera,

Moscatel Italiano, Riesling Itálico, Calitor, Peverella, Malvasia, Merlot, Bonarda, Sémillon,

Canaiolo, Sangiovese, Gamay, Palomino, Pinot Noir, Lambrusco, Grand Noir de la Calmette e

Aligoté. Para consumo in natura, os cultivares mais plantados são: Piróvano 65 ou Itália,

Piróvano 54 ou Perlona, Moscatel de Hamburgo, Alphonse Lavallée, Golden Queen, Cardinal,

Corniola de Milazzo, Moscatel Rosado e Regina. estas são mais exigentes a necessidades

climáticas, climas secos com bastante insolação.

Videiras americanas – Vitis labrusca – Vitis bourquina não são indicadas

para fabricação de vinhos, são as mais cultivadas no Brasil, mais rústicas e tolerantes a climas

úmidos. Destino principal consumo in natura e fabricação de sucos, destacando-se: Isabel,

Concord, Niágara Branca, Niágara Rosada e Bord^, Herbemont e Jacquez – estas duas

últimas eventualmente utilizadas na fabricação de vinhos e destilados (conhaque).

Videiras híbridas – Vitis spp produtos de cruzamento dos dois grupos

anteriores. Maior resistência a doenças e pragas, e pouco superiores para fabricação de

vinhos que as americanas, as principais são: Seibel 2, Seibel 10096, Seibel 5455, Seibel

13680, Seyve Villard 5276, Seyve Villard 12375 e Courdec 13. Os porta enxertos mais

utilizados estão neste grupo: 101-14, SO4, Kober 5BB, 420 A, 161-49 e R99.

O clone híbrido A1105 de uvas brancas sem sementes, obtido no Arkansas

(EUA), foi avaliado sobre os porta-enxertos IAC 766 e Kober 5BB, em Campinas (SP). O

comportamento do A1105 foi semelhante sobre os dois porta-enxertos, sendo a largura das

bagas a única característica influenciada diferencialmente por eles. As bagas mostraram

variação da massa entre 3 e 6 g, mesmo sem aplicação de ácido giberélico; sabor neutro

agradável e textura crocante. As plantas, vigorosas, de boa fertilidade de gemas, podem

produzir até 26 cachos em um metro de cordão, o que representaria produção de mais de 20

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t/ha. Os cachos são bem formados, de compacidade média, cônicos, com massa média de

mais de 225 g. O ciclo vegetativo foi curto, de 113 dias, mostrando ser material genético bem

precoce.

Clima e SoloA videira é uma planta caduca, clima temperado, que apresenta período de

repouso ou dormência durante o inverno, em região muito quente não apresenta repouso

produzindo o tempo todo (duas colheitas). Resumidamente:

DESENVOLVIMENTO DO FRUTO....................+ ou – 22°C;

MATURAÇÃO DO FRUTO.................................+ ou – 27°C

DURANTE A FECUNDAÇÃO.............................20° a 25°C (conforme a variedade)

DESENVOLVIMENTO E MATURAÇÃO.............temp. > 30° escaldadura

CRESCIMENTO DOS BROTOS....................temp. muito baixas prejudicam o desenvolvimento

DURANTE CICLO VEGETATIVA...................temp. elevada (desejável) antecipa a maturação e

aumenta o teor de açúcar na baga, no Nordeste – V. S. Francisco + doces do País (uva-passa)

CHUVAS EXCESSIVAS E MAL DISTRIBUIDAS videira não se dá bem

MUITA UMIDADE predispõe ao ataque de fungos

UMIDADE MUITO BAIXA predispõe ao ataque de ácaros

CUIDADOS geadas tardias e chuvas de granizo

VENTOS dependendo da freqüência, intensidade e direção dominante quando intensos:

seca e quebra dos brotos, irregularidade na frutificação. Depois dos frutos formados,

prejudicam as bagas pelo atrito entre elas no cacho

POMARES MAL AREJADOS suscetíveis à pragas e doenças

SOLOS não recomendados apenas solos úmidos e turfosos. Lençol freático e camadas de

argila superficiais.

SOLOS recomendados solos de textura mediana com médio teor de matéria orgânica

PLANTIO

• Pé Franco, através de estacas obtidas da planta mãe, só empregado para variedades

resistentes à filoxera (americanas e híbridas) e

• Enxertia, porta-enxerto de variedade resistente (garfagem simples diretamente no

campo). Estacas plantadas no mês de inverno (junho-julho) e serão enxertadas no

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mesmo período do ano seguinte. Se regiões sujeitas a geadas tardias plantadas no

mês de agosto

CUIDADOS:

• Caule porta-enxerto 10 a 15 cm de comprimento liso e reto;

• Fenda (no cavalo) 2 a 4 cm;

• Estaca de onde vai sair o garfo deve ter o mesmo diâmetro que o cavalo;

• Cortes no garfo mesmo comprimento que a fenda (sem partes expostas);

• Amarrio vime, ráfia ou fita plástica;

• Tutor de taquara ao lado do enxerto;

• Cobrir o enxerto com um monte de terra, só com a ponta para fora.

DO PLANTIO

• Solo mais arejado e preservado;

• Exposição, evitando a direção sul, ventos frios. Exposição norte + raios solares;

• Declividade, evitar terrenos com declividade > 20%;

• Fonte de água;

• Estrada (proximidade);

• Espaçamento 2 a 3 m entre linhas e de 1,5 a 3 m entre plantas (50 cm a + que a largura

da máquina);

• Adubação de correção (Ca, P, e K) e de manutenção. O P e K no período de repouso

da planta. O N ao redor da planta em duas parcelas quando a planta apresenta sinais

de brotação e a segunda após a floração.

CONDUÇÃOLATADA (pérgola, ou carramanchão) e a ESPALDADEIRA. (vertical 3 fios de

arme e em “TE” com 2 pares de fios), cercas, filares e semelhantes.

Região + úmida > distância entre a copa e o solo

No primeiro métodos a vegetação da videira se estende horizontalmente sobre

o solo, geralmente acima da estatura media humana. No seguindo, a parreira apresenta um

tronco com uma ou varias ramificações permanentes, das quais partem em posição vertical as

varas de produção que são anualmente renovadas e convenientemente amarradas a fios de

arame. Em qualquer dos métodos temos de formar uma amarração de tutores e fios de arame

para sustentar a videira.

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Latadas e pérgulas - Em instalações rústicas a latada ou pérgula não passa

de um jirau a moda cabocla. Fincam-se esteios de madeira boa: peroba, guarantã, cambará,

aroeira etc., distanciados 4 metros, ficando cada qual com 1,80 a 2,20 metros para fora. Sobre

as cabeças dos mourões arma-se um estrado de madeira roliça e bambus. Ao pé de cada

mourão uma boa cova é aberta, e nela são plantadas mudas enxertadas ou bacelos de

cavalos que serão enxertados depois de um ano. Deixa-se a videira crescer verticalmente, em

uma única vara, até balançar a armação. No segundo ano, se esta vara é de pouco vigor,

poda-se ficando só com duas gemas sobre a armação, destas brotando duas varas que serão

estendidas em sentido oposto. Se a vara tem bastante vigor, deixam-se quatro e até dez

brotações que irão sendo uniformemente distribuídas e amarradas por sobre o jirau.

Melhores tipos de latadas se obterão, substituindo a armação de pau roliço e

bambu por fios de arame n. 12 esquadrejados com capricho. Em instalações de luxo os

esteios de madeira são substituídos por postes de concreto armado. O tipo de condução é

entretanto o mesmo. O numero de varas formadas no segundo ano, que sejam, dois, quatro ou

dez, é nos anos seguintes duplicado, podando-se cada vara a dois ou mais olhos, conforme o

vigor da planta e assim paulatinamente se recobrirá a latada. A poda aplicada as latadas é

geralmente a mista, com esporões e varas de comprimento variável par se recobrir logo a

pérgula sem esgotar a videira.

Esse tipo de condução é particularmente indicado para exploração domestica

com uva de mesa, onde se podem formar lindos caramanchões enfeitando caminhos e

ensombrando agradáveis recantos.

Poda da videiraComo já examinamos, nas demais plantas frutíferas, a videira também é podada com o fim

de equilibrarmos a frutificação e a vegetação. Com a poda eliminamos a maior parte dos

ramos de um ano, que são os que frutificam, e só deixamos pequenos pedaços desses

ramos, assim ficarão relativamente poucas gemas, que brotarão bem, darão novas varas

vigorosas e carregadas com bonitos cachos. Se não podarmos, todas as gemas brotarão,

centenas de novas varas se formarão, cada qual trazendo de um a três cachos e tanto

varas como cachos serão fracos e de mau aspecto, esgotando ainda completamente a

planta. A poda então disciplina anualmente a videira, fazendo-a limitar sua vegetação

dentro do espaço que lhe reservamos e distribuindo as energias vegetais eqüitativamente

entre a frutificação e a vegetação.

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A videira só frutifica nos bacelos de um ano de idade, facilmente reconhecíveis por

apresentarem a casca mais ou menos encerada, serem roliços e bem lançados.

Esporadicamente pode da madeira velha nascer broto ostentando cacho. Na poda todos os

bacelos de um ano são cortados. Uns, por serem em demasia, são eliminados pela base e

outros são aparados, ficando com uma gema, duas, três, quatro até dez ou doze.

Poda curta é aquela em que os bacelos podados ficam com um, dois ou três olhos. Nesse

caso chamam-se esporões a esses toquinhos que ficam sobre a planta podada. Poda

longa é a que deixa cada bacelo podado com quatro ou mais gemas, chamando-se vara a

parte do bacelo que permanece sobre a planta após a poda. Poda mista é aquela que

deixa sobre a videira esporões e varas. Pode-se também chamar a poda curta de poda

pobre, e a poda rica de poda longa.

A escolha da intensidade da poda – curta, longa ou mista – depende do vigor da videira e

do ramo, como também, da variedade de uva.

Plantas fracas ou ramos débeis devem sofrer poda curta. Videiras vigorosas, com

sarmentos bem lançados, de bom comprimento e grossura, tem boa reação com a poda

longa. As variedades são suscetíveis a podas mais ou menos apropriadas, de acordo com

sua estrutura de produção: a Isabel e a Seibel 2, apresentam vigor e quase todos os ramos

frutíferos, aceitando qualquer tipo de poda; a Moscatel italiana, com vigor acentuado,

repete mesma disposição; a Niagara, branca ou rosada, tem vigor médio, saindo-se melhor

com podas curtas; a Cabernet Sauvignon, que só tem gemas frutíferas a partir do quarto ou

quinto nós, contados da base do sarmento, não deve sofrer podas curtas.

Poda seca, poda hibernal ou geral é a feita no inverno, de julho a setembro. Poda verde é a

feita durante a vegetação com o fito de eliminar ladrões, netos, brotos e outros ramos

indesejáveis. Vamos tratar aqui da poda hibernal, deixando para depois a poda verde.

Para termos videiras bem proporcionadas, com suas partes arranjadas de modo que

fiquem ao alcance dos tratos culturais, que produzam abundantemente bons frutos, é

preciso conduzi-las convenientemente. Condução é uma coisa, poda é outra. Na pratica

freqüentemente ambas são chamadas poda. Condução é a forma, aspecto e extensão que

damos a videira. Poda é a pratica anual de cortar ramos com a finalidade de equilibrar a

produção e a vegetação.

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OBSERVAÇÕES IMPORTANTESQuando a variedade escolhida for sensível as doenças (Golden Queen, Moscatel de

Hamburgo, Piróvano 65-Italia etc.), as pulverizações precisam ser repetidas e acuradas,

pois o ambiente unido e pouco ventilado das latadas baixas favorece o desenvolvimento

dos inimigos da videira. Entretanto, a condução em latadas apresenta algumas boas

vantagens que é necessário considerar. Esse tipo de condução oferece proteção contra

as ardências do sol, que causam queimaduras e escaldaduras nas bagas. Alem disso, nas

latadas os cachos ficam mais livres, melhor pendurados que nas espaldeira, facilitando

com isso ou seu manuseio para o desbaste das bagas e outras praticas e , também, podem

ser melhor atingidos pelos tratamentos antiparasitários.

Em regiões de luminosidade muito intensa, nas quais o sol durante o amadurecimento das

uvas se torna escaldante, a latada constitui a mais indicada das conduções pra a parra. Ë

bem convincente essa indicação para os que visitam os vinhedos de localidades como, por

exemplo, Presidente Prudente, em São Paulo e, de um modo mais expressivo ainda, os da

chamada zona sertaneja nordestina – Arida e tórrida – na qual belos cachos de finas

viniferas amadurecem debaixo das providenciais latadas baianas de Juazeiro e do Salitre

ou daquelas pernambucanas de Petrolina, Belém do São Francisco, Petrolandia e Coripós.

Para uvas de vinho ou em localidades de quadra de maturação com insolação mais

branda, a latada perde para a espaldeira no cômputo das vantagens oferecidas. No Sul

brasileiro, do Paraná ao Rio Grande do Sul, é ainda a latada largamente empregada na

condução de uvas para vinho, mas o seu uso vai entrando em declínio, com a crescente

falta de madeira.

As meias-latadas - A tendência atual na exploração moderna de uva de mesa vinifera

(qualidade muito acima de americanas e híbrida) é a adoção de pérgulas descontinuas

que, em linhas gerais, é constituída por uma latada pra cada linha do vinhedo. O sistema

tem muita analogia com a espaldeira-latada e com o sistema imaginado por Munson, de

que falaremos mais adiante.

Um dos tipos mais extensamente empregado é a latada obliqua. Ë a condução típica dos

vinhedos sul-africanos modernos, que sustentam o grosso da exploração de uva de mesa

para a Inglaterra e a grande conveniência de sua adoção esta no fato de permitir muito

maior ventilação da folhagem e dos cachos – condição decisiva no combate a peronospora

e ao oídio. Enseja, ainda, maior iluminação dos cachos, sem o perigo da escaldadura das

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bagas pela insolação excessiva e, dada sua conveniente altura do solo, facilita por

completo a passagem de maquinas cultivadoras e de aplicadoras de tratamentos

antiparasitários (polvilhadeiras e nebulizadores de caldas) e, nos casos dos climas semi-

aridos, em nada atrapalha a movimentação dos canos e implementos da irrigação por

aspersão.

Outros tipos congêneres ao descrito e buscando as mesmas vantagens enumeradas, são

aqueles em uso nos vinhedos de uvas finas conduzidos por viticultores de origem nipônica.

Quase sempre adotam eles armações que, pelo aspecto, lembram manjedouras para

capim, ou sejam, um poste reforçado que sustenta dois longos braços laterais

balanceados, quase horizontais e que apóiam o aramado sobre o qual os sarmentos são

distribuídos e bem amarrados, Há numerosas variantes do método, principalmente no que

toca a inclinação dos braços com relação ao poste, que vai de 45 graus até um ângulo

quase reto.

Espaldeiras - Já foi discutido nesta apostila a questão do espaçamento na formação do

vinhedo, estabelecendo que entre as plantas ele varia de 1 a 1,50 metro e entre as fileiras

de 2 a 2,50 metros. As espaldeiras são levantadas no centro das valetas, usando-se a

media de um poste (também chamado mourão e palanque) para cada quatro ou cinco pés,

conforme o espaçamento adotado. Primeiro colocam-se nas extremidades das fileiras

postes reforçados chamados cabeceiras, depois divide-se o intervalo entre eles, ficando-se

os mourões secundários. O mourão para videira pode ser da mesma qualidade explicada

para as latadas, devendo, entretanto, para uvas de mesa, ter 2,50 metros de altura,

ficando 0,60 metro enterrados e 1,90 metro para fora da terra. Para uvas de vinho basta

terem 2,20 metros, sendo 0,60 metro no chão e 1,60 metro para fora. No primeiro caso,

forma-se uma espaldeira ou cerca de quatro fios de arame n. 14, sendo:

o primeiro fio a 0,90 m do solo;

o segundo fio a 0,25 m do primeiro;

o terceiro fio a 0,30 m do segundo;

o quarto fio a 0,40 m do terceiro.

Sobra 0,05 metro que é a extremidade ou cabeça do mourão acima do ultimo arame,

geralmente chanfrada em ponta para escorrer as águas das chuvas.

Para uvas de vinho a espaldeira é de três fios, sendo o primeiro estabelecido a 0,90 metro

acima do solo, o segundo a 0,30 metro do primeiro e o terceiro a 0,40 metro do segundo. A

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boa altura do primeiro fio com relação ao solo é de grande importância para distanciar a

vegetação e os frutos da umidade do chão e dos respingos de chuva sempre portadores de

barro e agentes de doenças, Em instalações melhores, o primeiro fio que agüenta maior

peso, dever ser n. 12, tendo cada quilo 21 metros e os superiores podem ser n. 14, com 38

metros por quilo.

Postes de concreto - Para regiões de madeira cara e para os que tem facilidade na

aquisição de cimento e ferro e tenham bom pedregulho e areia lavada em sua

propriedades, a fabricação de postes de concreto é interessante. O melhor tipo é o de

seção constante em toda a altura, pois as formas são mais simples de serem armadas que

aqueles que são grossos embaixo, e vão afinado para a ponta.

A forma de madeira consistira de um soalho de madeira grossa, sobre o qual se armarão

cinco canaletas de madeira, de seção triangular, correspondentes a cinco postes. Cada

poste terá como seção um triangulo de cantos quebrados, cada lado desse triangulo terá 9

centímetros, e cada canto quebrado 1,5 centímetro.

Primeiro se fazem as armações de ferro redondo e após prontas serão colocadas nas

formas e estas enchidas com concreto.

A ferragem será constituída de dois ferros redondos de 3/16” e um de ¼, fortemente

ligados por cinco estribos de arame n. 14, dois em cada extremidade e três distribuídos no

meio, amarrados com arame fino n. 18. Os ferros devem ter o comprimento do poste

menos 6 centímetros, para que cada extremidade seja recoberta por 3 centímetros de

concreto. Os materiais necessários são aproximadamente os seguintes para 100 postes

de 2,20 metros de comprimento:

12 sacos de cimento;

1m3 de areia lavada grossa;

1m3 de pedregulho limpo;

60 Kg de ferro redondo 3/16”;

53 Kg de ferro redondo ¼”;

6 Kg de arame n. 14

Untam-se bem as formas com óleo usado de Carter, colocam-se as ferragens sustentando-

as nas beiradas da forma pelas pontas dos estribos para que o ferro de baixo não encoste

no fundo da forma , mas fique forrado pela massa de concreto.

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Prepara-se o concreto com o seguinte traço em volume: 1 de cimento, 2 de areia lavada

grossa e 3 de pedregulho muito limpo de diâmetro não superior a uma polegada. Mistura-

se tudo muito bem homogeneamente e junta-se de 20 a 23 litros de água. Enchem-se as

formas, socando-se cuidadosamente com uma barra de ferro de ½”. Após cheias, não há

perigo de a ferragem descer mais, então dobram-se as pontas dos estribos para dentro do

concreto, até que nele desapareçam. Acerta-se a face exterior do poste com

desempenadeira de madeira e depois alisa-se com colher de pedreiro. A forma deve

possuir três a quatro furos, pelos quais passam varões redondos de ¼”, dispostos a alturas

correspondentes aos fios de arame das espaldeiras. Tais varões durante o

amadurecimento dos postes nas formas são manivelados diversas vezes para impedir que

peguem no concreto.

Os postes ficam nas formas pelo menos 48 horas, recobertos com sacos de aniagem

mantidos molhados. Ao se retirarem os postes, primeiro se retiram os varões dos furos,

depois desmonta-se a forma e os postes se soltam. São a seguir deixados a amadurecer

por 10 dias, a sombra e constantemente molhados. Após um mês podem ser utilizados.

Postes especiais para cabeceiras podem ser previstos, reforçando-se a ferragem interna.

Em lugar de duas barras de 3/16”usam-se dois ferros de ¼’ e a barra de ¼ é substituída

por uma de 3/8”. Como exteriormente são iguais aos comuns, no alisamento com a colher

são marcados com um sinal qualquer, para futura distinção.

Condução em espaldeira - As mudas vem do viveiro com uma vara única e, dessa forma,

são plantadas no lugar definitivo. Na maioria dos casos, porem, as mudas são formadas já

no local definitivo. No primeiro ano planta-se o cavalo e no ano seguinte este é enxertado.

No inverno do terceiro ano cada muda enxertada apresenta-se com uma vara única,

semelhante a muda que veio do viveiro. As videiras formadas em lugar definitivo são muito

mais desenvolvidas e vigorosas que as transplantadas de viveiro.

Estamos, portanto, no mês de agosto, prontos para efetuarmos a primeira poda do jovem

vinhedo. Os pés que apresentam varas fracas (finas e curtas) são podados bem baixo,

ficando com apenas dois olhos; assim se revigorarão até o ano seguinte. Os que tiverem

varas longas e de boa grossura, receberão uma poda variável com o tipo de condução

escolhido para as espaldeiras. Os principais tipos de condução em espaldeira são:

1 - Guyot

2 – Cazenave

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3 – Sylvoz

4 – Sistema Munson e derivados

5 – Palmeta ou Leque

6 – Cordão esporonado ou Royat

Os três primeiros sistemas são rarissimamente empregados entre nós só os citaremos para

ilustrar a questão. Os três últimos são os mais adotados no Brasil, afora as latadas e

pérgulas já examinadas.

1 – Sistema Guyot - Neste sistema a videira é formada de um esporão curto de duas

gemas e uma vara longa de seis ou mais gemas estendida horizontalmente sobre o

primeiro arame. Para se conduzir uma videira a Guyot procede-se da forma seguinte:

A vara que veio do enxerto é podada a meia altura do chão, deixando-se que de suas

gemas desenvolvam apenas duas boas varas. No inverno seguinte a vara mais de baixo é

podada a dois olhos: é o esporão ou courson ou ainda o píton dos argentinos. A vara de

cima é deixada longa. Se a videira é vigorosa, ela é estendida até encontrar a próxima

cepa. A vara longa se carrega de frutos, é o cargador dos vinhateiros argentinos. O

esporão produz dois ramos vigorosos. No outro inverno, a poda elimina a vara cargador e

as duas varas vigorosas passam a constituir a nova condução: uma é deitada longa e a

outra podada curta, e assim sucessivamente pelos anos afora. Vê-se logo que é o tipo da

poda mista.

Na poda Guyot a videira só possui de permanente o tronco, pois o cordão horizontal é

anualmente renovado.

Gobbato sugere tal método de poda para as variedades americanas e européias em nosso

meio. Mas deixe-se bem acentuado, a Guyot é esgotante, exigindo plantas vigorosas e

terreno adubado. Só deve ser experimentada em castas que não se mostram

satisfatoriamente frutíferas em poda curta.

2 – Sistema Cazenave - Imaginemos um cordão permanente de videira, estendido sobre o

primeiro arame. Sobre esse cordão nascem distanciadas entre si, de 20 a 30 centímetros,

varas verticais. Estas serão podadas a dois olhos, daí se originam duas varas, uma será

podada curta a moda de esporão, outra longa como vara de produção. Ë portanto um

cordão permanente, tendo de espaço a espaço pequenos sistemas Guyot. Ë poda rica,

exigindo como a anterior variedades vigorosas e terreno muito fértil. Só deve ser tentada

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nos casos e em circunstancias especiais em que falhem os métodos mais simples, como o

cordão esporonado.

3 – Sistema Sylvoz - Gobbato recomenda este sistema de condução para variedades de

amplo desenvolvimento vegetativo, com Isabel, Trebbiano, Malvasia etc. Poderíamos

acrescentar outras de frutificação caprichosa e de bom vigor, tais como Moscatel Rosada,

Rosaki Rosada, Chaouch, Golden Queen etc. Mas é preciso sempre agir com cautela,

tratando-se de tipos de condução que deixam muitas gemas para brotar. Eles em geral são

enganosos, dando produções formidáveis no primeiro ano, mas esgotando rapidamente a

videira. Somente nas videiras de grande vigor e com alimentação farta é que tais processos

de condução podem ser ensaiados com êxito.

A condução Sylvoz implica, como na Cazenave, ma existência de um cordão permanente,

mas agora amarrado ao segundo arame da espaldeira, sendo que o mais próximo do solo

será mais fino, pois apenas servira para nele se amarrarem as extremidades dos arcos dos

bacelos. Para cima do segundo arame irão mais dois para amarração dos brotos. A

formação de uma videira no método Sylvoz segue em resumo as seguintes etapas:

Deita-se uma vara vigorosa no segundo arame (o mais grosso), cegando-se os olhos que

estão voltados para o chão. Brotam, dessa forma, só os superiores, em posição vertical,

que serão amarrados nos dois arames acima do cordão, Desses brotos verticais se

escolherão varas situadas a 30 centímetros, mais ou menos,uma das outras. No inverno

seguinte, por ocasião da poda, cada vara vertical e podada, ficando com 40 a 60

centímetros, (quanto mais vigorosa mais comprida se deixará) e em seguida é arqueada

para baixo e amarrada no arame inferior. O broto que nascer na base do arco, mais

próximo do cordão horizontal, é aproveitado na poda do ano seguinte para constituir um

novo arco, sendo o restante eliminado. Assim teremos anualmente a renovação dos arcos,

ficando o cordão sempre permanente. Vê-se pelo que acabamos de descrever que o

sistema Sylvoz emprega uma poda bastante rica.

4 – Sistema Munson e derivados - Nos climas de muito sol durante a maturação sentiu-se a

necessidade de dar maior desenvolvimento a folhagem da parreira, sem contudo cair no

excesso de sombra das latadas. Assim as videiras contariam com sombreamento extra no

tronco e frutos, com um bom telhado de folhas contra intempéries, sem ficarem as plantas

privadas de luz e ar com toda a abundancia. É enfim um sistema intermediário entre a

latada e a espaldeira, que procura reunir as vantagens de ambas, eliminando os pontos

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desvantajosos de cada sistema. A latada por exemplo é interessante pela sua sombra que

protege o tronco, a folhagem e o fruto das ardências solares, mas essa sombra é sempre

excessiva, dificultando o combate as pragas e moléstias, e o perfeito amadurecimento dos

frutos. A espaldeira enseja boa insolação, mas não tem proteção contra o excesso de

luminosidade ou contra as intempéries que açoitam diretamente folhas, ramos e frutos.

Alem disso, oferece muito grande resistência aos ventos, pois a espaldeira, constituindo

uma superfície vertical, age como uma parede, quando cheia de folhagem, sobre a qual a

força do vento incide com violência, danificando cachos de flores ou de frutos, quebrando

ramos etc.

Diante desses fatos, imaginou Munson, famoso viticultor americano, por volta de 1880, um

sistema de espaldeira-latada, o qual se resume no seguinte:

Ao longo das fileiras das videiras colocam-se postes de boa resistência, que ficarão 1,40

metro fora da terra, espaçados convenientemente cada três a quatro videira. Na cabeça de

cada mourão atarraxa-se uma cruzeta de madeira com cerca de 70 centímetros de

comprimento. A armação toma o aspecto de uma linha telefônica baixa. Nas pontas das

cruzetas corre fio n. 12. Nos postes, 15 centímetros abaixo da cruzeta, abrem-se furos,

pelos quais corre um terceiro arame n. 12, o qual constituirá o fio do meio e ligeiramente

inferior aos dois da cruzeta. O fio do meio sustentará o cordão permanente das videiras, os

dois laterais superiores sustentarão os sarmentos, que crescendo cairão com “chorão”,

como é do habito natural das variedades americanas. Haverá desse modo pequena sobra

protetora, boa altura do solo, suficiente iluminação e ventilação sem nenhum anteparo,

ficando os cachos balouçando no espaço como nas latadas.

Durante mais de 20 anos usou Munson satisfatoriamente o seu método, o qual é ainda hoje

usado na Califórnia para produção de uva de mesa de qualidade extra.

Muitas modificações e adaptações da idéia original de Munson tem aparecido, tais como as

do francês Camert e outros. No Rio Grande do Sul, Alberto Bins, viticultor no município de

Porto Alegre, adaptou ao seu caso o sistema Munson. Os tutores tem aproximadamente a

mesma altura original, só que a cruzeta em lugar de ser pregada no topo vai a 15

centímetros abaixo. O fio do meio corre em furos abertos no topo dos mourões e a cruzeta

tem 1,40 m de largura com dois arames de cada lado e fica a 1,10 metro do chão. Cada

videira é conduzida em um bambu fincado ao seu lado e amarrado no fio centra superior

sobre o qual corre um cordão horizontal permanente, podado a maneira de arremedo de

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Cazenave, derramando os sarmentos sobre os quatro fios da cruzeta inferior. O sistema

Munson admite tipos de poda curta, rica ou mista, conforme se julgar mais adequado.

Os viticultores de viniferas finas para mesa em Jundiaí introduziram a cruzeta de Munson

em suas espaldeiras. No lugar do segundo fio, prega-se uma cruzeta na qual correm

paralelamente dois fios, um de cada lado. O cordão permanente, guarnecido de esporões

curtos, é amarrado ao primeiro fio e os sarmentos que brotam dele são alternadamente

atados em forma de costelas de baleia aos fios da cruzeta e, mais tarde, com crescimento,

tornam a se reunir no terceiro e quarto fios superiores. A frutificação de distribui melhor e a

disposição dos sarmentos, abrindo para os lados nos fios da cruzeta, cria um túnel de

vegetação bem ventilado e com meia sombra protetora contra as ardências do sol.

5 – Palmeta ou Leque - A palmeta clássica é uma forma de condução muito usada para a

cultura da Chasselas, nos arredores de Paris, em Thomery. Elas se compõem de troncos

principais abrindo alternadamente cordões horizontais em diversas alturas de uma

espaldeira de quatro, cinco ou mais fios, protegidos superiormente por um telhado ou

encostadas a muros e paredes igualmente protegidos. Entre nós o que denominamos

palmeta ou leque nada tem a ver com o sistema descrito. Ë um sistema de condução

arbitrário, sem regras nem método, ao sabor do capricho de cada um, muito usado em

Jundiaí e São Roque e que atualmente esta sendo substituído pelo cordão esporonado. A

videira conduzida em leque ou palmeta começa a se bifurcar logo acima da região da

enxertia e pro bifurcações sucessivas anuais vai espalhando a sua armação lenhosa até o

primeiro arame e, se não houver rebaixamentos oportunos, a videira velha atinge os

arames superiores sem haver espaço para a vegetação nova. Ë condução irracional,

condenada. O tipo de poda geralmente empregado nas palmeiras é a mista, ora deixando-

se varas, ora rebaixando-se os bacelos em esporões.

6 – Cordão esporonado ou Royat - Este sistema de condução foi introduzido em Andradas

pelo emérito viticultor Zeca de Oliveira, no ultimo quartel do século XIX. Do seu vinhedo,

esse método generalizou-se por toda a região, difundindo-se logo após por Caldas e Poços

de Caldas. Por volta de 1935, deu de ser introduzido em Jundiaí e São Roque, sendo

atualmente na primeira das regiões o método dominante na maioria dos vinhedos. O tipo

da poda aplicado ao cordão esporonado é a curta. O cordão esporonado inclui o tronco

vertical de 0,80 a 1,00 metro de altura, até o primeiro arame, aí é dobrado em ângulo reto,

por meio de uma curvatura não muito brusca e estendido horizontalmente.

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O cordão pode ser simples ou unilateral e duplo ou bilateral, segundo é levado de um só

lado do tronco vertical ou dos dois. A formação do cordão esporonado é fácil. As vezes,

porem, sobrevêm contratempos como a não-brotação de certa gemas, que talham

inexplicavelmente, aborrecendo quem escolheu este excelente tipo de condução. Mas, com

o tempo vai se retocando , remendando a obra, até ficar todo o cordão com os seu

esporões bem distribuídos.

Se a enxertaria veio bem e temos varas roliças, bem lançadas, podemos, já no segundo

ano, dar inicio ao cordão. Se as plantas estão fracas, com varas mais finas que o dedo

indicador, então são podadas na meia altura, entre o chão e o primeiro arame, para que

brotem fortes com o fim de serem aproveitados no ano vindouro. Das duas varas que

deixamos da videira escolhemos a melhor (mais reta, mais roliça, mais comprida, mais

forte) e a curvamos e amarramos no primeiro arame, de tal modo que uma serie de gemas

fique olhando para o solo, enquanto outras estão em sentido oposto voltadas para o céu.

Se a vara for de um vigor excepcional e o espaçamento adotado, pequeno (Maximo 1,20

metro) podemos de uma só vez formar o cordão. Mas isto é raro, no geral é prudente

formar o cordão. Mas isto é raro, no geral é formar-se o cordão em 2 e 3 anos. No primeiro

ano forma-se um terço ou a metade da distancia até o pé seguinte, conforme a força da

videira. Acertada esta particularidade, corta-se a vara sempre deixando a gema da

extremidade voltada para baixo, pois é ela que tem que continuar o cordão, e, se estiver

volvida para cima, brotara verticalmente, resultando num prolongamento tortuoso ou

imprestável. As gemas brotarão mais ou menos regularmente. Os b rotos muito vigorosos

serão cortados na extremidade, assim com os netos que sempre se deixarão com uma

folha e uma gema, para proteger a gema do sarmento principal Esses cuidados são

tomados para forçar a brotação das gemas do cordão que não querem brotar. As gemas do

tronco vertical são segadas. Os b rotos oriundos das gemas do cordão e que estão

voltados para o solo são eliminados, só ficando em extremo recurso aqueles que sirvam

para ocupar o lugar das gemas superiores que não quiseram brotar de forma alguma.

Enfim, procura-se deixar o cordão com uma serie de brotos verticais distanciados de 15

centímetros uns dos outros e mais um terminal que se vai estendendo e amarrando

horizontalmente para o prolongamento do sistema.

No segundo ano, na ocasião da poda geral, o aspecto da videira é o de um cordão

horizontal, tendo no seu dorso uma série de bacelos verticalmente implantados. A poda é o

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que há de simples. O sarmento de prolongação é podado como se fosse um novo cordão.

Se for bem vigoroso, pode-se deixá-lo até encontrar o pé seguinte, se for fraco caminhara a

metade ou um terço da distancia. Os bacelos verticais soa podados curtos, a esporão de

dois olhos. Na primavera, de cada um desses olhos nascera um sarmento, ficando o

cordão dotado de uma serie de esporões bifurcados.

No terceiro ano, em cada espora;o elimina-se pela base o sarmento situado mais alto e o

mais baixo é podado curto, a dois olhos. Com essa repetição através de anos seguidos,

cada esporão via engrossando, retorcendo-se em degraus nodosos que tendem a subir até

o segundo arame. Na base desses esporões, junto ao cordão, nascem brotos adventícios

que serão aproveitados para o rejuvenescimento dos esporões. Quando o ramo adventício

crescer bem, o velho esporão é degolado pela base e o ramo novo, na ocasião da poda

hibernal, é podado a dois olhos, recomeçando o processo já descrito.

O cordão esporonado é um magnífico método de condução em espaldeira. Fácil de podar,

fácil de amarrar os brotos e executar tratamentos contra pragas e moléstias. Ë muito

frutífero para Niagara, Seibels em geral e a maioria das viníferas. Mas algumas variedades

exigem poda mais rica, com Trebbiano, muitas Piróvano e outras. Aí entre o bom sendo do

viticultor, introduzindo no cordão modificações segundo o sistema de Guyot, Cazenave ou

Sylvoz, prudentemente, com cautela, para não depauperar a planta, não querendo num só

ano abarrotar-se de produção , experimentando um tipo de poda mista, que melhor

convenha a variedade e as condições em que esta operando: clima, riqueza do solo etc.

Princípios da poda - Ë bom saber-se alguns dos princípios gerais que regulam a pratica

da poda, pois, como já frisamos, esta operação seta baseada em conceitos técnicos,

provados pela pratica e pela teoria. Tendo-se em mente estes princípios, é mais fácil

entender-se o porque de muitas particularidades e recomendações.

1. – A colheita da uva esta encerrada dentro das gemas situadas nos bacelos ou ramos de

um ano de idade. A colheita é por isso conseqüência da boa ou má estação precedente

e a poda pouco pode fazer para corrigir os defeitos que vem do passado.

2. – Cada gema que se deixar após a poda sobre os bacelos da origem a um ramo, o qual

traz ou não frutos.

3. – Se deixarmos sobre a planta compridos pedaços de bacelos, isto é, grande numero

de gemas, teremos conseqüentemente grande produção de frutos e pouco

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desenvolvimento vegetativo. Ao contrario, podas muito severas dão excesso de

vegetação e pouca fruta.

4. – A poda racional, portando, é a que, considerando os hábitos próprios da variedade

explorada e as condições de solo e clima, proporcionas as videiras uma frutificação

abundante e de boa qualidade, juntamente com uma vegetação adequada, boa

distribuição e maturação de ramos.

5. – Ramos verticais crescem com muito maior vigor que os horizontais.

6. – Bacelos excessivamente vigorosos, que chegam até a achatar-se e. e, contraposição,

os muitos fracos, são pouco frutíferos. Na formação dos cordões os melhores bacelos

são os roliços, lisos, de boa grossura e de entrenós de comprimento normal.

Execução da poda - Podar é um serviço realmente agradável, daquelas operações que se

executam com a maior satisfação. A tesoura deve ser apropriada, bem afiada e

constantemente lubrificada no eixo e na mola. Tesouras que mastigam, danificam o corte

dos bacelos, esmagando os tecidos, os quais cicatrizam mal. Ainda para se evitar esse

inconveniente, ao podar-se, a lâmina afiada da tesoura deve estar do lado da videira e a

contralâmina do lado do pedaço de rama que vai sair.

Plantações velhas, latadas antigas, não raro precisam ser renovadas. Empreguem-se

nesses casos pequenos serrotes recurvados, de dentes pequenos e bem travados, para a

supressão de galhos velhos.

Após bem podada, a videira é submetida a limpeza das cascas velhas, retirada das

gavinhas e restos de vegetação. Tudo isso é ajuntado e queimado para destruição de focos

de doenças e pragas sempre presentes. As cepas assim limpas são pulverizadas com

calda sulfocálcica ou pinceladas com solução forte de sulfato de ferro. Ë o tratamento

hibernal do vinhedo, importantíssimo para o controle sanitário da plantação.

Limpas e curadas, são as videiras amarradas aos seus tutores. As latadas e as espaldeiras

são previamente reorganizadas, trocando-se os moirões podres ou combalidos e

espichando-se os arames. A seguir amarram-se os troncos e os galhos com vime fino,

palha de milho umedecida, embira, folha de fórmio ou outro material, tomando-se cautela

para não se amarrar com muita força, o que pode ocasionar estrangulamento dos ramos.

Época de poda

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Ë um assunto de grande importância, há muito interesse em podar cedo, para facilitar a

execução de outras operações do vinhedo. Podando-se em dezembro-janeiro (lá na Califórnia

ainda em pleno repouso vegetativo) se libera tempo a vontade para o serviço de amarração

dos troncos e varas e para fazer cultivos do solo antes da brotacão. Mencionando

investigações em diversos pontos do mundo viticola, que a época da poda hibernal não exerce

influencia no vigor da videira, exceto se feita antes da queda das folhas, quanto em, então,

conseqüências depressivas. Em outra obra reafirma este conceito, consignando que se pode

seguramente dizer que a poda feita em qualquer tempo, depois da queda das folhas e antes

da brotação na primavera, pode ter efeito pequeno ou nulo no conteúdo das reservas de

carboidratos (amido e açúcar) da videira. Assim, feita dentro da estação de dormência, a poda

tem irrelevante influencia no vigor do crescimento e na safra de uvas. Há exceções

encontradas a esta regra: no sul da Califórnia e em áreas costeiras centrais, onde a poda

tardia (depois de 15 de março) vem resultando em marcantes aumentos de rendimento... a

razão não esta bem compreendida e parece ser relacionada com deficiência de boro...

Depois, prosseguindo no tema, recomenda-se cautela em podar cedo as videiras que

sobrecarregaram e que tem um baixo nível de reservas de carboidratos. Então, é para se

desconfiar que a época da poda tem conseqüências no que se refere ao montante de reservas

da planta.

Quanto a poda tardia, cujo único inconveniente é ocasionar o choro da videira, reconhece o

citado autor que nenhum prejuízo representa, já que pés, repetidamente despontados e que

assim forneceram 19 litros de linfa, em nada se mostraram afetados.

Mais recentemente, na França, retomou o discutidissimo assunto, chegando a conclusões

bastante opostas, que podem ser resumidas como segue.

Na produção de uvas, as reservas de hidratos de carbônio (amidos, açúcares), acumuladas

nas raízes e no tronco, não desempenham certamente o papel fundamental que se lhes quer

atribuir. A importância fundamental esta na atividade fotossintética da vegetação do ano

corrente, sobretudo durante a maturação, que é influenciada por fatores externos: alimentação

da planta, iluminação, temperatura, disponibilidade de água e de CO2 etc.

Durante a maturação, conforme esses fatores ocorrem, os açúcares sintetizados pelas folhas

ou vão para as uvas (aumentam a colheita) ou vão para outros pontos, o tronco e as raízes

(diminuem a colheita).

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Assim, é lógico que o conteúdo de reserva em hidratos de carbônico e a produção (peso das

uvas por pé) variam em sentido inverso: o rendimento da colheita é tanto mais alto quanto

mais baixo for o conteúdo de hidratos de carbônico nos sarmentos e vice-versa. Enfim, um

fenômeno é antagônico ao outro.

A produção de uva é suscetível de sofrer modificações muito importantes segundo a época de

poda que, assim, pode variar do simples ao dobro, passando por todos os rendimentos

intermediários. O rendimento mais alto, obtido com poda tardiamente executada, não pode ser

atribuído a uma subida das reservas de hidratos de carbônico, do tronco ou das raízes, pois tal

migração ascendente não existe durante o período de repouso.

Isso porque o aumento de hidratos de carbônico insolúveis (amido etc.) que se manifesta nos

sarmentos, durante a dormência da videira, é devido a transformação local de constituintes do

sarmento em amidos e nunca a uma migração ascendente de reservas. Intervém pois, no vigor

da brotação e na formação de gemas frutíferas, apenas reservas locais, do sarmento

propriamente dito e que são tanto melhores quanto mais tardia fora a execução da poda.

O assunto é confuso, com argumentação obscura, mas inegavelmente convém, continuamos

podando o mais tarde possível, até prova em contrário.

Nas regiões brasileiras do Polígono das Secas, tão propicias a videira vinifera, essa planta

sofre radicais transformações do seu ciclo brotação-maturação. O período de repouso é

mascarado, freqüentemente, pela continuidade vegetativa. Talvez a parte mais velha do

sarmento sazone, entrando em descanso, enquanto a parte mais nova inicia novo ciclo sem

zona delimitatória definida. O segredo de acertar a melhor época da poda, esta em determinar,

para cada variedade, o exato (e fugaz) momento de paralisação vegetativa.

As variedades de ciclo muito curto e, por isso mesmo, de maturação bem precoce, apresentam

intrincados problemas quanto a época mais conveniente de serem podadas. Ë o caso típico de

Cardinal, Jundiaí 930, Delight. Ao passo que variedades de ciclo longo – Itália, Queen, Gold,

Moscatel Rosada, parecem adaptar-se muito melhor ao regime de duas safras por ano, não

apresentando problemas críticos de época de poda.

Poda verde, poda viva ou poda de verão, já dissemos que é a que se faz durante a vegetação.

Ela compreende as seguintes operações: desbrota, esladroamento, desnetamento ou

desnetação, despontamento ou capação, incisão anular, desbaste dos cachos e desfolha,

cronologicamente executadas desde a brotação até a plena e satisfatória formação dos frutos.

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Desbrota e esladroamento - O primeiro é um termo genérico que exprime a supressão dos

brotos. Estes, se nascem na madeira velha, são considerados ladrões e, portanto, eliminados,

salvo se servirem para rejuvenescimento do esporão ou para preencher espaços vazios das

latadas e espaldeiras, caso que serão bem-vindos. O esladroamento, portanto, pode ser

incluído na desbrota. Entretanto, há neste ponto uma certa confusão entre o que seja

desbrotar e o que seja esladroar. Em português, como doutrina Villa Maior, a operação de

esladroar significa aquela em que se cortam ou se arrancam os rebentos que nascem no colo

da raiz, no tronco e nos braços da cepa, ou, generalizando, é a eliminação dos ramos que não

produzem fruto, conforme se verifica pelas diversas transcrições que faz aquele tratadista. Os

nossos práticos freqüentemente chamam de ladrões aos brotos dos cavalos que emergem

vigorosamente do solo. Esladroar é portanto para eles o arrancamento dessa brotação

indesejável, correspondendo ao suckering dos viticultores norte-americanos.

O mais razoável seria para nós continuarmos com o termo desbrota, operação correspondente

ao vocábulo francês ëpamprage, e ao disbudding dos americanos, abrangendo toa a sorte de

supressões de brotos inúteis, incluindo não só os do cavalo, como os da videira toda, que não

servem pra formação e reconstituição da planta ou para a próxima poda. Na pratica raramente

nós ouvimos o emprego da expressão esladroamento. O nosso viticultor, quando os brotos

atingem 10 ou 15 centímetros, via tratando de visitar periodicamente o seu vinhedo e ir, com

as mãos, arrancar brotos de os cavalos, brotos da madeira velha que não interessam e

descarregando a brotação dos bacelos podados ou porque são infrutíferos ou porque há que

descarregar um pouco a excessiva brotação das gemas. A essas visitas ele chama

indistintamente desbrota.

Desnetamento - O broto, nascendo e crescendo, vai se definindo com se fora uma fina e

comprida coluna verde, na qual se vêem interrupções - os nós – que trazem de um lado uma

gavinha ou um cacho e do outro uma gema pontuda e protegida por uma folha. Com o tempo,

das axilas das folhas de desenvolvem ramos secundários, chamados netos. O crescimento

desmesurado dos netos atrasa o desenvolvimento do sarmento principal e por isso precisa ser

contido pelo desnetamento. Com a unha quebra-se o neto na altura do seu primeiro nó,

deixando-o com apenas uma folha. Esta precaução é tomada para não se provocar a brotação

da gema do sarmento principal, o que perturbaria todo o sistema vegetativo da planta.

Despontamento ou capação - Ë o corte da ponta dos sarmentos herbáceos, com o fito de

conter temporariamente o seu desenvolvimento, desviando a corrente de seiva para os brotos

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atrasados com o fito de dar-lhes um impulso extra. O termo capação, que é evitado sem

motivo pelos autores nacionais, é de muito bom vernáculo e significa textualmente , segundo

Cândido de Figueiredo, o ato de capar ou cortar rebentos. Villa Maior o emprega

autorizadamente e dele dá o grande pomólogo moderno português Joaquim Rasteiro a

seguinte explicação: Capação é a quebradura, com a unha, da ponta do ramo frutífero, ou de

qualquer ramo no estado herbáceo. O emprego do vocábulo castração, como tem sido feito

pelos nossos autores, para significar o despontamento dos ramos é errado, porque castração

significa a ablação dos órgãos sexuais, operação que em viticultura só tem lugar nas flores

para a realização de cruzamentos e hibridações.

Na pratica o que se observa é o exagero no despontar. Desponta-se por habito, rotina e vicio,

sem se indagar das necessidades da planta. Atingindo o sarmento um comprimento que o

guarneça de cinco ou seis folhas, lá vem a unha do capador para extirpar o ápice, com ou sem

razão. A capação só deve ser feita com o fim de equilibrar a brotação, forçando os sarmentos

mais apressados e vigorosos a esperar os retardatários. A operação pode ser repetida varias

vezes para se obter esse efeito. Para variedades muito sujeitas as queimaduras das bagas

pelo sol, a capação, provocando o crescimento da vegetação lateral, é um meio de

proporcionar mais sombra aos cachos.

Incisão anular - Consiste em se remover nos sarmentos, um anel de casca, de 5 a 10

milímetros de largura, logo abaixo do engate do cacho, com o fim de encaminhar o fluxo de

seiva elaborada para o desenvolvimento extra dos frutos. A incisão anular, praticada na

ocasião do florescimento, melhora a fecundação dos ovários, evitando desse modo o aborto, e

outros acidentes da florada oriundos da falta de alimentação e aumentando o volume do

cacho. Praticada quando as bagas já estão formadas, melhora o tamanho da uva. Ë, portanto,

operação só interessante aos produtores de uva fina para mesa, pois é trabalhosa, delicada,

morosa e cara. Ë necessário ter cuidado de somente a casca ser removida, sem danificar o

lenho, pois assim dentro de 20 dias a ferida cicatrizará, havendo neste espaço de tempo

desviado a seiva para as flores ou frutos. Ë particularmente útil a incisão anular para certas

uvas de mesa sujeitas a permanência da corola sobre o estigma, podendo-se eventualmente

substituí-la por um arame fortemente atado ao sarmento, o qual será mantido de 20 a 30 dias

na planta.

Existem tesouras ou alicates especialmente idealizados para execução desta operação.

Essencialmente esses aparelhos são constituídos de dois cabos munidos de duas laminas

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finas, côncavas, unidas por um eixo, as quais rolam em volta do sarmento, destacando o anel.

Outro tipo é uma espécie de pequeno alicate, cuja boca dentada é substituída por duas

laminas.

Desbaste dos cachos - Ë operação privativa das uvas de mesa, há longos anos executada

em todas as regiões famosas pela qualidade de seus produtos, na França, Grécia, Bulgária,

Rússia, nos Estado Unidos, na Espanha, África do Sul, Argentina e, em escala naturalmente

modestíssima, nas regiões viticultoras brasileiras.

O desbaste dos cachos consiste em suprimir boa parte dos seus botões florais ou, mais tarde,

boa parte das baguinhas já formadas, Ë serviço indispensável nas variedades que apresentam

bagas desiguais: Moscatel de Hamburgo, Moscatel da Alexandria, Itália, Diamante Negro,

Perlona etc.; neste caso o desbaste é feito no cacho de bagas eliminando-se as de tamanho

anão. Quando se quer obter bagas maiores, o desbaste é feito no cacho de flores, quanto mais

cedo melhor. Trabalhos de Winkler, na Califórnia, em 1928, demonstram que o desbaste das

flores executado cedo, na abertura destas, aumenta o volume das bagas remanescentes em

32%, ao passo que o feito 10 dias após alcançou 18% e o feito, passados 17 dias do primeiro

desbaste, apenas 10%.

Para variedades de cachos compactos ou pouco soltos, Itália, Golden Queen, Moscato

Cataratto Cerletti, Perlona, Frankenthal, Gros Colman etc., o desbaste é obrigatório, se deseja-

se obter produtos de alta qualidade. Nesse caso é também feito preferivelmente em flor.

Alguns princípios gerais podem ser alvitrados para a pratica do desbaste:

1 – Um desbaste ligeiro retira cerca de 25% das flores, um médio 50% e um severo 75%.

2 – Tesouras apropriadas, finas e compridas, mão ágeis e um bom senso é todo o

aparelhamento necessário.

3 – Cachos muito compridos são despontados, para começar. Os com tendência ao

arredondamento prescindem dessa medida. Após essa preliminar, escolhem-se três ou quatro

boas ramificações principais do cacho, bem distribuídas, e o resto elimina-se. Se o que ficou é

ainda muito denso, dá-se-lhe um raleio. A gavinha é também suprimida. Quando o desbaste é

feito no cacho com frutinhos, os três itens são igualmente seguidos, mas todos os baguinhos

atrofiados devem ser eliminados. No caso da Diamante Negro, esses baguinhos amadurecem

antes dos de tamanho normal, de modo que quando estes estão maduros, aqueles já estão

em vias de apodrecimento, contaminando por essa razão o cacho todo.

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Desfolha ou desfolhamento - Ë a eliminação das folhas com o propósito de insolar e ventilar

os cachos. Na zona de Niágara Rosada esta pratica é estupidamente exagerada. Mal

aparecem os cachinhos de flores, surge a mão do mau viticultor a pelar o sarmento, deixando

o cacho completamente a nu. Cortando-se as folhas correspondentes aos cachos, suprimimos

de um golpe as melhores partes do estômago, que poderiam fornecer a esses cachos seiva

preparada para o seu desenvolvimento.

A desfolha deve ser praticada com muita cautela, quando os cachos já estiverem

completamente formados. Retira-se então uma ou outra folha para que haja melhor

iluminação, sem propriamente se expor o cacho ao pleno sol. Os trabalhos de inúmeros

pesquisadores tem demonstrado que é a luz, muito mais que a temperatura, que favorece a

combustão e, portanto, a diminuição de ácidos da uva, aumentando a sua riqueza sacarina.

Moreau & Viner, citados por Manaresi, concluíram, em 1932, que a supressão das folhas,

mesmo as mais antigas basilares, diminui a superfície de assimilação da videira, o que nas

regiões muito insoladas tem sempre efeito nocivo, ao passo que nas regiões mais frias os

resultados são duvidosos e quase nulos em relação ao mais rápido amadurecimento da uva.

Por aí vemos como o terreno demanda prudência. Convém, todavia lembrar que para

variedades muito vigorosas, sujeitas ao desalinho das flores, a retirada de folhas antes da

abertura das pétalas, pode dar bons resultados, pela diminuição do suprimento de seiva

elaborada aos órgão florais.

AmarraçãoO português chama de empa a operação a que se sujeita a vara do vinho, para se sustentar

levantada. Nas nossas condições, onde as videiras são amarradas quer por espaldeiras, quer

por latadas, a empa se reduz simplesmente as amarrações dos sarmentos.

Primeiro trata-se de amarrar o tronco, com vime fino, folhas de fórmio (Phormium tenax), palha

de milho, embiras etc., providencia essa tomada após a poda de inverno e após o tratamento

hibernal.

Quando os brotos novos atingem 15 a 20 centímetros, após a desbrota, portanto, são

cuidadosamente atados aos arames, sendo o melhor amarrilho a palha de milho molhada. A

ligadura deve ser frouxa para não haver estrangulamento dos ramos. Várzeas, brejos,

margens de córregos, lugares úmidos, enfim, devem ser aproveitados para plantação de vime,

fórmio e outras plantas fornecedoras de amarrilho. O vime é plantado de julho até setembro,

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desde que esteja despido de sua folhagem, enterrando-se em lugar definitivo, bem

firmemente, varas de 0,50 metro de comprimento. O fórmio é plantado no período das águas,

desmanchando-se velhas touceiras e destas separando-se diversas mudas.

Como uma base genérica, na primeira amarração sobre o segundo arame, um homem pode

amarrar 150 pés por dia. Na segunda amarração, geralmente em novembro, um homem

amarra de 70 a 100 pés diariamente, pois a vegetação esta muito mais desenvolvida.

Problemas da culturaHá dois grupos de videira que apresentam exigências climáticas e culturais bem diversas. O

primeiro é constituído pelas variedades da videira européia (Vitis vinifera), exigentíssima de

calor, muita luz e detestando a umidade. Em climas úmidos é arrasada pelas doenças,

exigindo repetidas pulverizações e outros cuidados. O segundo grupo abrange numerosas

espécies americanas, muito mais rústicas e de qualidade inferior, em comparação com as

européias.

As americanas prosperam nos climas úmidos e apresentam maior resistência as doenças.

Ambos os grupos só produzem bem e com abundancia em terras de pH próximo ao neutro,

ricas de matéria orgânica, cálcio, fósforo, potássio e magnésio.

As podas podem estimular a produtividade, a regularidade das safras e a qualidade das uvas,

principalmente das uvas de mesa finas, de alto preço, mas, como sempre, a poda da videira

não opera milagres.

Em geral as variedades produtoras de cachos grandes são mais fecundas em poda longa.

Noutras, menos vigorosas, as podas curtas são mais adequadas. Antes de pensarmos em tais

sutilezas, é imperioso que tenhamos proporcionado as nossas videiras excelente preparo do

terreno por ocasião do plantio, isto é, revolvimento do solo e incorporação de abundantes

quantidades de esterco, calcário magnesiano e adubos fosfatados e potássicos. Depois, é

também indispensável que a plantação esteja rigorosamente defendida contras as doenças.

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