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FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA - 30 DE MARÇO DE 2015 ECONOMIA PÁGINA 23 Saiba mais Leia amanhã Ameaças Nos dias 30 /1 e 2/2 deste ano três ligações feitas à central telefônica da Sefaz teriam ameaçado Mauro Filho. “Diga ao secretário que ele já entrou demais no setor”, conta ele, que associou o recado à investigação fiscal e ao cerco jurídico feito contra o esquema de sonegação. O mapa da sonegação O POVO foi a 15 dos 16 endereços onde funcionavam fábricas de fachada do esquema dos sonegadores. Vai mostrar quanto algumas das empresas devem, o que a Sefaz faz para tentar recuperar a dívida milionária dos impostos. Indústria têxtil. Dois empresários chefiam esquema de sonegação no Ceará O POVO inicia hoje série de reportagens que detalha como empresas abastecem comércio popular de vestuário em Fortaleza com Cláudio Ribeiro [email protected] A sonegação fiscal co- metida no segmen- to têxtil local, prin- cipalmente a de fornecedores de matéria-prima para o co- mércio popular de roupas e confecções em Fortaleza, há tempos é algo certo e sabi- do. Um crime flagrante, em áreas como o Beco da Po- eira e a Rua José Avelino. Mas que, até então ocultava nomes, cifras, e dimensões. Um levantamento minucioso do Setor de Inteligência da Secretaria Estadual da Fazen- da (Sefaz) desfiou o esquema, como opera e se camufla e quem são os cabeças. A estrutura reúne num mesmo grupo pelo menos 16 empresas de fachada, que, se- gundo a Sefaz, movimentou R$ 1,012 bilhão em apenas 14 meses e deve pelo menos R$ A TRAMA DA SONEGAÇÃO ESPECIAL 100 milhões ao fisco estadual. Os chefes, aponta o teor do ex- tenso relatório, são dois impor- tantes negociadores de tecidos em Fortaleza. Empresários for- mais, conhecidos no mercado local, eles teriam bancado a rede fraudulenta. Os dois são agora investigados formalmen- te pela Polícia Civil. Três delegados foram de- signados para o caso. O inqué- rito policial, aberto por ordem do Tribunal de Justiça, é sigi- loso e é o que dará validade judicial à apuração da Sefaz. Para não atrapalhar as inves- tigações, O POVO não divul- ga os nomes dos citados. A lista inclui mais de 30 sócios laranjas, com patrimônio não condizente ao que suas supos- tas fábricas de confecção mo- vimentaram. Acredita-se tam- bém em mais suspeitos por serviços prestados ao esque- ma. Inclusive agentes públi- cos, possivelmente recrutados por propina. Luxo e disfarce Os dois empresários apon- tados como chefes não apare- cem em nenhum dos quadros societários forjados. Nesse dis- farce, montaram patrimônios significativos, com carros im- portados luxuosos, moradias e muitos outros bens que não es- tariam em suas rendas decla- radas. O dinheiro seria lavado em investimentos fora do País e no ramo do entretenimento. A investigação da Sefaz analisa o período entre no- vembro de 2013 e janeiro de 2015. O bilhão de reais fatu- rado pelo esquema é medido pelos metros e quilos de teci- dos que apareceram em ras- tro de notas fiscais frias e na movimentação das falsas em- presas - espalhadas por vários bairros de Fortaleza. Pela investigação, a fraude era sustentada principalmen- te por liminares. Ao se virem acuados em operações fazen- dárias, os sonegadores recor- riam às esferas judiciais. Ale- gavam à Justiça incapacidade de seguir a regra fiscal de pagar o imposto no ato da compra, a chamada Substitui- ção Tributária (ST). O tecido, que o mercado local comumente traz de fora - tanto da China como de São Paulo, por exemplo - é taxado em 8% no Imposto sobre Cir- culação de Mercadorias e Ser- viços (ICMS). Pagos na fonte ou ao cruzarem a divisa ce- arense. Com seus advogados, os investigados pediam ao juiz o benefício de só pagarem ao revenderem o produto. Mas aí também não o fa- ziam. Se a Sefaz aumentasse o rigor, e já fosse inevitável a paga, “desapareciam”. Como acontece no momento atual. Praticamente todas 16 fábri- cas analisadas tinham o regis- tro da firma endereçado em imóveis alugados. Sabedoras do cerco fiscal e judicial ado- tado no início de 2015, fecha- ram as portas. Procuradoria Geral do Estado e Sefaz con- seguiram derrubar liminares existentes nas 15 Varas da Fa- zenda Pública Estadual. “Essas empresas abasteci- am a (rua) José Avelino, o Beco da Poeira, o que tornava desleal a venda de confecção no Ceará. Essas empresas não pagavam imposto nenhum, enquanto você tinha outras empresas pagando tudo no seu ICMS”, afirmou o secretá- rio da Fazenda, Mauro Filho. ENTREVISTA MAURO FILHO “Vamos fazer essa análise em outros segmentos” O POVO – O valor movimentado pelo esquema equivale, por exemplo, a que arrecadação? Mauro Filho – É maior do que, por exemplo, o que o Estado arrecada com o IPVA. São R$ 300 milhões que ficam com o Estado, porque os outros R$ 300 milhões recolhidos são do município. Esse pessoal tá faturando mais do que o Estado só sonegando ICMS. Faturando 1 bilhão de reais, o que precisa ser coibido fortemente. Numa análise simples de quem são os sócios e da documentação, é fácil a verificação do verdadeiro laranjal que está inserido nas empresas examinadas. OP – Que aspecto conseguiram identificar na investigação, das práticas que o esquema adotava? Mauro – Essas empresas eram chefiadas, até onde conhecemos, por duas pessoas somente. Eles nomeavam representantes para negociar a venda de mercadorias. Quando o produto chegava, a empresa fraudulenta emitia uma nota fiscal para quem estivesse comprando e essa nota não tinha nenhum valor fiscal porque a empresa não existia. Estranho é que algumas empresas que compraram com nota fiscal não pagaram para essas empresas fornecedoras. Uma demonstração clara que, de alguma maneira, as que estavam comprando sabiam que essas empresas não existiam. OP – E qual será o desdobramento dessa investigação que o setor de inteligência da Sefaz realizou? Mauro – Vamos, primeiro, aguardar a conclusão do inquérito policial, para colocar essas duas pessoas no devido lugar. E aprofundaremos mais cinco anos pra trás. Vamos fazer essa mesma análise de identificação de sócios de empresas no Estado, passaremos para outros segmentos. Como o setor de eletroeletrônicos, o de bebidas quentes e outros que o setor de inteligência está apurando. MILHÕES de reais, aproximadamente, é quanto as empresas investigadas devem ao Fisco estadual. O valor equivale a ICMS não pago e multa aplicada EMPRESAS até agora listadas, formam a estrutura de sonegação fiscal na área têxtil, que abastece as principais feiras populares de confecção em Fortaleza 100 16 COMO FUNCIONA O ESQUEMA DE FRAUDE 1 2 3 6 Empresas que adquirem seus estoque de tecidos fora do Ceará são obrigadas a pagar seus impostos pela Substituição Tributária (ST). O mecanismo fiscal garante a cobrança já na fonte, e não apenas quando a mercadoria for vendida por esse empresário. A arrecadação por ST é feita nos postos fiscais nas divisas do Ceará. Pela investigação, foram criadas 16 empresas com mais de 30 sócios laranjas. Elas obtinham liminares na Justiça, alegando que não poderiam pagar ao fisco por ST. Prometiam pagar o tributo ao negociarem a mercadoria. 8 Dois grandes empresários do setor, donos de empresas formais e legalizadas, são apontados como os cabeças desse esquema de sonegação. Seriam os reais financiadores das 16 empresas suspeitas. Os nomes já constam na investigação especial conduzida pela Polícia Civil. Resguardados legalmente por liminares, essas empresas, segundo a Sefaz, enchiam seus estoques para abastecer principalmente o comércio popular de confecções em Fortaleza – como lojas da rua José Avelino e do entorno da Catedral e boxes do Beco da Poeira. A sonegação fiscal do setor têxtil atingiu proporções gigantescas no Estado. 5 Nas autuações fiscais, ao tentar cobrar o ICMS, a Sefaz foi descobrindo o elo desonesto entre as várias empresas. As firmas eram registradas em imóveis alugados e “desapareciam” ao serem multadas – encerravam subitamente as atividades. 4 As empresas fraudadoras emitiam notas fiscais frias. Há informação de que alguns corretores do setor ofereciam mercadorias nessas condições ou até sem nota – dando descontos ao comprador pelo risco assumido. Em vários dos casos analisados, novas fábricas de confecção foram reabertas, com novos sócios, às vezes até no mesmo endereço e mantendo o esquema fraudulento. 7 Os “laranjas” não tinham como ser cobrados, muitos nem localizados. Alguns chegaram a admitir à Sefaz que nem se sabiam empresários. Alguns sabiam do esquema, mas não se preocupavam com os autos de infração. Quase sempre não tinham bens para penhorar no débito fiscal. O QUE É SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA (ST) 1,012 BILHÃO de reais é o faturamento do esquema estimado pela Sefaz, correspondente ao período analisado, calculado a partir da mercadoria adquirida e do débito fiscal existente 5 BILHÕES de reais é a estimativa de faturamento do esquema nos últimos cinco anos – período legal permitido para a Sefaz realizar a cobrança fiscal O mecanismo fiscal permite a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) logo na aquisição da mercadoria, e não somente após a venda. Assegura a igualdade na concorrência comercial entre as empresas de um mesmo setor. O ICMS no Ceará para operações interestaduais é de 8% sobre o produto adquirido. A ST foi criada ainda nos anos 1970, mas só foi regulamentada, por emenda constitucional, em 1993, quando passou a ser adotada por todas as unidades da federação. Diversos segmentos (têxteis, material de construção, combustíveis, bebidas, calçados, veículos...) adotam o ICMS/ST. 14 MESES foi o período investigado pelo Setor de Inteligência da Sefaz, que apurou informações de novembro de 2013 a janeiro de 2015 FONTE:SEFAZ esquema de sonegação. Sefaz investigou 14 meses de atuação do grupo e descobriu rombo fiscal de R$ 100 milhões

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Page 1: A TRAMA DA SONEGAÇÃO Indústria têxtil. Dois empresários ... · de matéria-prima para o co-mércio popular de roupas e confecções em Fortaleza, há ... de confecções em Fortaleza

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA - 30 DE MARÇO DE 2015 ECONOMIA PÁGINA 23

Saiba mais

Leia amanhã

Ameaças Nos dias 30 /1 e 2/2 deste ano três ligações feitas à central telefônica da Sefaz teriam ameaçado Mauro Filho. “Diga ao secretário que ele já entrou demais no setor”, conta ele, que associou o recado à investigação fiscal e ao cerco jurídico feito contra o esquema de sonegação.

O mapa da sonegação O POVO foi a 15 dos 16 endereços onde funcionavam fábricas de fachada do esquema dos sonegadores. Vai mostrar quanto algumas das empresas devem, o que a Sefaz faz para tentar recuperar a dívida milionária dos impostos.

Indústria têxtil. Dois empresários chefiam

esquema de sonegação no Ceará O POVO inicia hoje série de reportagens que detalha como empresas abastecem comércio

popular de vestuário em Fortaleza com

Cláudio Ribeiro [email protected]

A sonegação fiscal co-metida no segmen-to têxtil local, prin-

cipalmente a de fornecedores de matéria-prima para o co-mércio popular de roupas e confecções em Fortaleza, há tempos é algo certo e sabi-do. Um crime flagrante, em áreas como o Beco da Po-eira e a Rua José Avelino. Mas que, até então ocultava nomes, cifras, e dimensões. Um levantamento minucioso do Setor de Inteligência da Secretaria Estadual da Fazen-da (Sefaz) desfiou o esquema, como opera e se camufla e quem são os cabeças.

A estrutura reúne num mesmo grupo pelo menos 16 empresas de fachada, que, se-gundo a Sefaz, movimentou R$ 1,012 bilhão em apenas 14 meses e deve pelo menos R$

A TRAMA DA SONEGAÇÃOESPECIAL

100 milhões ao fisco estadual. Os chefes, aponta o teor do ex-tenso relatório, são dois impor-tantes negociadores de tecidos em Fortaleza. Empresários for-mais, conhecidos no mercado local, eles teriam bancado a rede fraudulenta. Os dois são agora investigados formalmen-te pela Polícia Civil.

Três delegados foram de-signados para o caso. O inqué-rito policial, aberto por ordem do Tribunal de Justiça, é sigi-loso e é o que dará validade judicial à apuração da Sefaz. Para não atrapalhar as inves-tigações, O POVO não divul-ga os nomes dos citados. A lista inclui mais de 30 sócios laranjas, com patrimônio não condizente ao que suas supos-tas fábricas de confecção mo-vimentaram. Acredita-se tam-bém em mais suspeitos por serviços prestados ao esque-ma. Inclusive agentes públi-cos, possivelmente recrutados por propina.

Luxo e disfarce Os dois empresários apon-

tados como chefes não apare-cem em nenhum dos quadros societários forjados. Nesse dis-farce, montaram patrimônios significativos, com carros im-portados luxuosos, moradias e

muitos outros bens que não es-tariam em suas rendas decla-radas. O dinheiro seria lavado em investimentos fora do País e no ramo do entretenimento.

A investigação da Sefaz analisa o período entre no-vembro de 2013 e janeiro de 2015. O bilhão de reais fatu-rado pelo esquema é medido pelos metros e quilos de teci-dos que apareceram em ras-tro de notas fiscais frias e na movimentação das falsas em-presas - espalhadas por vários bairros de Fortaleza.

Pela investigação, a fraude era sustentada principalmen-te por liminares. Ao se virem acuados em operações fazen-dárias, os sonegadores recor-riam às esferas judiciais. Ale-gavam à Justiça incapacidade de seguir a regra fiscal de pagar o imposto no ato da compra, a chamada Substitui-ção Tributária (ST).

O tecido, que o mercado local comumente traz de fora - tanto da China como de São Paulo, por exemplo - é taxado em 8% no Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Ser-viços (ICMS). Pagos na fonte ou ao cruzarem a divisa ce-arense. Com seus advogados, os investigados pediam ao juiz o benefício de só pagarem ao revenderem o produto.

Mas aí também não o fa-ziam. Se a Sefaz aumentasse o rigor, e já fosse inevitável a paga, “desapareciam”. Como acontece no momento atual. Praticamente todas 16 fábri-cas analisadas tinham o regis-tro da firma endereçado em imóveis alugados. Sabedoras do cerco fiscal e judicial ado-tado no início de 2015, fecha-ram as portas. Procuradoria Geral do Estado e Sefaz con-seguiram derrubar liminares

existentes nas 15 Varas da Fa-zenda Pública Estadual.

“Essas empresas abasteci-am a (rua) José Avelino, o Beco da Poeira, o que tornava desleal a venda de confecção no Ceará. Essas empresas não pagavam imposto nenhum, enquanto você tinha outras empresas pagando tudo no seu ICMS”, afirmou o secretá-rio da Fazenda, Mauro Filho.

ENTREVISTA MAURO FILHO

“Vamos fazer essa análise em outros segmentos”

O POVO – O valor movimentado pelo esquema equivale, por exemplo, a que arrecadação? Mauro Filho – É maior do que, por exemplo, o que o Estado arrecada com o IPVA. São R$ 300 milhões que ficam com o Estado, porque os outros R$ 300 milhões recolhidos são do município. Esse pessoal tá faturando mais do que o Estado só sonegando ICMS. Faturando 1 bilhão de reais, o que precisa ser coibido fortemente. Numa análise simples de quem são os sócios e da documentação, é fácil a verificação do verdadeiro laranjal que está inserido nas empresas examinadas.

OP – Que aspecto conseguiram identificar na investigação, das práticas que o esquema adotava? Mauro – Essas empresas eram chefiadas, até onde conhecemos, por duas pessoas somente. Eles nomeavam representantes para negociar a venda de mercadorias. Quando o produto chegava, a empresa fraudulenta emitia uma nota fiscal para quem estivesse comprando e essa nota não tinha nenhum valor fiscal porque a empresa não existia. Estranho é que algumas empresas que compraram com nota fiscal não pagaram para essas empresas fornecedoras. Uma demonstração clara que, de alguma maneira, as que estavam comprando sabiam que essas empresas não existiam.

OP – E qual será o desdobramento dessa investigação que o setor de inteligência da Sefaz realizou? Mauro – Vamos, primeiro, aguardar a conclusão do inquérito policial, para colocar essas duas pessoas no devido lugar. E aprofundaremos mais cinco anos pra trás. Vamos fazer essa mesma análise de identificação de sócios de empresas no Estado, passaremos para outros segmentos. Como o setor de eletroeletrônicos, o de bebidas quentes e outros que o setor de inteligência está apurando.

MILHÕES de reais, aproximadamente, é quanto as empresas investigadas devem ao Fisco estadual. O valor equivale a ICMS não pago e multa aplicada

EMPRESAS até agora listadas, formam a estrutura de sonegação fiscal na área têxtil, que abastece as principais feiras populares de confecção em Fortaleza

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COMO FUNCIONA O ESQUEMA DE FRAUDE

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Empresas que adquirem seus estoque de tecidos fora do Ceará são obrigadas a pagar seus impostos pela Substituição Tributária (ST). O mecanismo fiscal garante a cobrança já na fonte, e não apenas quando a mercadoria for vendida por esse empresário. A arrecadação por ST é feita nos postos fiscais nas divisas do Ceará.

Pela investigação, foram criadas 16 empresas com mais de 30 sócios laranjas. Elas obtinham liminares na Justiça, alegando que não poderiam pagar ao fisco por ST. Prometiam pagar o tributo ao negociarem a mercadoria.

8 Dois grandes empresários do setor, donos de empresas formais e legalizadas, são apontados como os cabeças desse esquema de sonegação. Seriam os reais financiadores das 16 empresas suspeitas. Os nomes já constam na investigação especial conduzida pela Polícia Civil.

Resguardados legalmente por liminares, essas empresas, segundo a Sefaz, enchiam seus estoques para abastecer principalmente o comércio popular de confecções em Fortaleza – como lojas da rua José Avelino e do entorno da Catedral e boxes do Beco da Poeira. A sonegação fiscal do setor têxtil atingiu proporções gigantescas no Estado.

5 Nas autuações fiscais, ao tentar cobrar o ICMS, a Sefaz foi descobrindo o elo desonesto entre as várias empresas. As firmas eram registradas em imóveis alugados e “desapareciam” ao serem multadas – encerravam subitamente as atividades.

4 As empresas fraudadoras emitiam notas fiscais frias. Há informação de que alguns corretores do setor ofereciam mercadorias nessas condições ou até sem nota – dando descontos ao comprador pelo risco assumido.

Em vários dos casos analisados, novas fábricas de confecção foram reabertas, com novos sócios, às vezes até no mesmo endereço e mantendo o esquema fraudulento.

7 Os “laranjas” não tinham como ser cobrados, muitos nem localizados. Alguns chegaram a admitir à Sefaz que nem se sabiam empresários. Alguns sabiam do esquema, mas não se preocupavam com os autos de infração. Quase sempre não tinham bens para penhorar no débito fiscal.

O QUE É SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA (ST)

1,012 BILHÃO de reais é o faturamento do esquema estimado pela Sefaz, correspondente ao período analisado, calculado a partir da mercadoria adquirida e do débito fiscal existente

5 BILHÕES de reais é a estimativa de faturamento do esquema nos últimos cinco anos – período legal permitido para a Sefaz realizar a cobrança fiscal

O mecanismo fiscal permite a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) logo na aquisição da mercadoria, e não somente após a venda. Assegura a igualdade na concorrência comercial entre as empresas de um mesmo setor. O ICMS no Ceará para operações interestaduais é de 8% sobre o produto adquirido. A ST foi criada ainda nos anos 1970, mas só foi regulamentada, por emenda constitucional, em 1993, quando passou a ser adotada por todas as unidades da federação. Diversos segmentos (têxteis, material de construção, combustíveis, bebidas, calçados, veículos...) adotam o ICMS/ST.

14 MESES foi o período investigado pelo Setor de Inteligência da Sefaz, que apurou informações de novembro de 2013 a janeiro de 2015

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EFAZ

esquema de sonegação. Sefaz investigou 14 meses de atuação do grupo e descobriu rombo fiscal de R$ 100 milhões

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#Data: 20150330 #Clichê: Primeiro #Editoria: Economia
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#Autor: Cláudio Ribeiro #Selo: Exclusivo #Observação: Especial A Trama da sonegação <INDÚSTRIA TÊXTIL> <SONEGAÇÃO> <EMPRESÁRIO> <SECRETARIA DA FAZENDA> <CEARÁ> <FORTALEZA /CE/>
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#Autor: Cláudio Ribeiro #Selo: Exclusivo #Observação: Especial A Trama da sonegação <ENTREVISTA> <MAURO FILHO /Político/CE/>