a teoria do conhecimento - filosofia e psicologia na...

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A Teoria do Conhecimento Objeto Conhecimento Objetivo Estudar a origem, natureza, valor e limites do conhecimento e da nossa capacidade de conhecer Problemas As formas do conhecimento A definição de conhecimento A origem do conhecimento A possibilidade do conhecimento Os limites do conhecimento O valor do conhecimento (o problema da verdade) A essência do conhecimento Ramos Teoria geral do conhecimento Ramo da filosofia que ocupa do estudo do conhecimento em geral, sobretudo do problema da sua: Validade/objetividade do conhecimento, i.e., na qual se reflete sobre a concordância do pensamento do sujeito com o objeto Trata também dos problemas da origem, essência e limites do conhecimento Gnoseologia ou Gnosiologia Teoria particular do conhecimento Ramo da filosofia que se ocupa do estudo do conhecimento científico (episteme) Qual o método científico? O que é o método científico? O que é uma lei científica? A ciência é objectiva? Como evolui a ciência? Epistemologia

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A Teoria do Conhecimento

Objeto

Conhecimento

Objetivo

Estudar a origem, natureza, valor e limites do conhecimento e da nossa capacidade de conhecer

Problemas

As formas do conhecimento A definição de conhecimento A origem do conhecimento A possibilidade do conhecimento Os limites do conhecimento O valor do conhecimento (o problema da verdade) A essência do conhecimento

Ramos

Teoria geral do

conhecimento

Ramo da filosofia que ocupa do estudo do conhecimento

em geral, sobretudo do problema da sua:

Validade/objetividade do conhecimento, i.e., na qual se reflete sobre a concordância do pensamento do sujeito com o objeto

Trata também dos problemas da origem, essência e limites do conhecimento

Gnoseologia

ou

Gnosiologia

Teoria particular

do conhecimento

Ramo da filosofia que se ocupa do estudo do conhecimento científico (episteme)

Qual o método científico? O que é o método

científico? O que é uma lei científica? A ciência é

objectiva? Como evolui a ciência?

Epistemologia

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Tipos de conhecimento segundo o objeto

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Tipos de conhecimento Características

Proposicional

Implica exclusivamente atividade intelectual

Implica obrigatoriamente o uso da linguagem

É consciente

Por contacto

Não implica exclusivamente atividade intelectual

Implica o uso dos sentidos

A linguagem pode estar ausente

É consciente

Saber fazer

Implica sobretudo atividade motora

Implica o uso dos sentidos

A linguagem pode estar ausente

É muitas vezes automático e inconsciente (hábitos)

Exercício

Tendo em conta os 3 tipos de conhecimento indica a que corresponde cada

um dos exemplos seguintes.

Usa a legenda seguinte: C=conhecimento prático; F= conhecimento por

contacto; P= conhecimento proposicional

1 Saber andar de bicicleta 2 Enunciar o teorema de Pitágoras 3 Inferir a partir de um determinado facto uma conclusão 4 Saber cozinhar 5 Conhecer a cidade de Lisboa 6 Defender uma teoria sobre algo 7 Indicar a data de um evento histórico 8 Ser capaz de consertar um determinado objeto 9 Apresentar uma perspectiva sobre o conceito de liberdade 10 Ensinar alguém a cozinhar

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Assinala com verdadeiro ou falso

V F 1 Nas proposições “Luís sabe tocar guitarra” e “Lúcia conhece Paris” estamos perante

conhecimento de saber-fazer

2 Um exemplo de conhecimento proposicional é a afirmação ”As gralhas são negras” 3 Saber qual é o autocarro que nos leva para a escola é um conhecimento de contacto 4 “ António é bombeiro” e “Carla é cabeleireira” são afirmações de conhecimento

proposicional

5 Andar de skate e jogar futebol são conhecimento por contacto 6 Saber quais os passos a dar para intentar uma ação em tribunal é um conhecimento de

saber fazer

7 Saber que o autocarro que nos leva à escola é lento é um conhecimento por contacto 8 Reconhecer o professor de matemática é um conhecimento proposicional

VAMOS TRATAR DO CONHECIMENTO PROPOSICIONAL

Na filosofia sempre se tratou do conhecimento proposicional.

Sendo este conhecimento sempre alvo de tratamento privilegiado

em detrimento dos outros.

Há muitos tipos de conhecimento proposicional, na medida em

que podemos conhecer imensas proposições. A questão que se

põe é o que é que faz de todo esse conhecimento aquilo que é, o

que é que todos têm em comum?

O que é o conhecimento?

Duas respostas

Fenomenológica de Edmund Husserl (séc. XIX

d.C.)

A tradicional de Platão (séc. IV a.C.)

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RESPOSTA FENOMENOLÓGICA

Fenomenologia do conhecimento

Fenómeno = o que aparece à consciência e pode ser descrito

Método destinado a descrever os fenómenos tal qual se

apresentam à consciência, de modo descrevê-los na sua

estrutura essencial.

Como é que se apresenta o fenómeno do conhecimento à consciência

nas suas caraterísticas essenciais?

Ler texto da 140

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No conhecimento há sempre um sujeito e um objeto

Sujeito e objeto são opostos/separados

A relação sujeito/objeto é uma correlação

As posições na relação são irreversíveis

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Do ponto de vista do sujeito o conhecimento consiste em 3

etapas: o sujeito sai da sua esfera, entra na esfera do objeto e

capta as suas características, o sujeito retorna a si com uma

imagem do objeto

Do ponto de vista do objeto, o conhecimento apresenta-se

como uma transferência de propriedades para a imagem

Por isso, na relação de conhecimento, o objeto é o

determinante e o sujeito o determinado

Fenomenologicamente, o conhecimento é a apreensão, por

parte de um sujeito, das caraterísticas de um objeto através

de uma imagem.

O que significa dizer que há uma oposição entre o sujeito e o objeto?

Mostre que a relação sujeito/objeto é uma correlação

Justifica a importância do sujeito sair da sua esfera

O que significa dizer que o objeto é o determinante e o sujeito é o determinado?

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Exercício

1-Assinala com verdadeiro ou falso

V F

1 A fenomenologia é um método filosófico

2 Para Husserl o conhecimento resulta de uma relação entre um sujeito e um objeto

3 Para a análise fenomenológica do conhecimento, o produto do conhecimento no sujeito é uma

representação do objeto

4 Aquele que conhece designa-se por “cognoscido”

5 No ato de conhecer estabelece-se uma relação reversível entre sujeito e objeto

6 Sujeito e objeto opõem-se na relação de conhecimento

7 Na relação de conhecimento o sujeito é pura e simplesmente determinado pelo objeto

8 Como resultado do conhecimento o objeto surge alterado

9 No ato de conhecer ao apreender o objeto o sujeito fia com as propriedades do objeto

10 Objeto e sujeito na relação de conhecimento são complementam-se

RESPOSTA TRADICIONAL

“Teeteto” é um diálogo platónico sobre a natureza do

conhecimento, que dá a resposta seguinte:

“O conhecimento é uma crença verdadeira justificada”

Crença = convicção de que algo é verdadeiro

Verdade = acordo da crença com uma certa realidade

Justificação = razões/fundamentos que permitem sustentar a verdade da

crença

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Todas as 3 são condição necessária

Nenhuma isolada é condição suficiente

Crença

Se não acreditarmos nas nossas ideias não

podemos ter confiança nelas

Não basta ter a convicção numa ideia para

ser conhecimento, pois tem de ser verdadeira

Verdade

Uma ideia falsa não pode ser conhecimento.

O conhecimento é factivo

Não basta acreditar que uma ideia seja

verdadeira, temos de saber porquê?

Justificação

Temos de saber a razão por que se acredita

na verdade de uma ideia

Não basta a justificação de uma ideia, é

necessário que ela seja verdadeira e que se

acredite nela

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A definição tradicional de conhecimento pode ser decomposta em duas partes

Em duas condições

Necessária: se algo é conhecimento, então é uma crença verdadeira justificada P→Q

Suficiente: Só as crenças verdadeiras justificadas são conhecimento Q→P

Apenas segunda condição foi alvo de críticas, isto é, as 3

condições, mesmo em conjunto, talvez não sejam condições

suficientes para haver conhecimento.

CRÍTICA À RESPOSTA TRADICIONAL ACERCA DO QUE É O CONHECIMENTO

Edmund Gettier deve a sua reputação a um

único ensaio de três páginas, publicado em

1963, intitulado "É uma crença verdadeira

justificada conhecimento?", em que disputou a

definição tradicional de conhecimento aceite

durante mais de dois mil anos.

Para se perceber porquê vejamos os dois exemplos seguintes

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Em ambos os casos parece que os sujeitos não sabem realmente o que

pensam saber. Parece que apenas têm sorte na sua crença.

Estes e outros exemplos semelhantes mostram que podemos ter uma crença

verdadeira justificada sem que essa crença seja conhecimento, ou seja, ter

uma crença verdadeira justificada não é suficiente para saber.

Isto abre de novo o problema do conhecimento: além da crença, da

verdade e da justificação, que mais será necessário para haver

conhecimento? Gettier levantou o problema, mas não o avançou solução.

Soluções

propostas

O conhecimento deve ser

imprescritível

Não deve haver nada que se fosse conhecido anularia as

razões para acreditar em algo

Causalidade adequada

ou

Justificação adequada

A crença verdadeira só é conhecimento se a crença for

causada por fatores relevantes.

ou

A crença verdadeira só é conhecimento se as razões que a

justificam também são as que a tornam verdadeira

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Tendo em conta o que aprendeste sobre a teoria tradicional do conhecimento faz o

exercício seguinte:

Afirmações

V F Justificação

1. O conhecimento distingue-se da mera opinião ou

saber comum

2. Pode haver conhecimento sem crença

3. A crença não é uma condição suficiente do

conhecimento

4. Podemos conhecer uma proposição sem que esta

seja verdadeira

5. Não pode haver conhecimento sem justificação do

que acreditamos ser verdadeiro

6. “Acredito que Mourinho é treinador do Real de

Madrid. Logo sei que que o Mourinho é o

treinador do Real de Madrid

7. Acredito que amanhã o Sol vai nascer. Logo, é

verdade que o Sol vai nascer.

8. A proposição “Mourinho é treinador do Real de

Madrid” é verdadeira. Logo, o Miguel sabe que é

verdade que Mourinho é o treinador do Real de

Madrid.

9. O Manuel sabe que a Joana está no café. Logo

Joana está no café.

10. Crença e conhecimento não são a mesma coisa

11. A minha crença de que o “Sol vai nascer amanhã

está justificada”, logo constitui um conhecimento