a teoria da empresa

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  • 8/18/2019 A Teoria Da Empresa

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    A teoria da empresa: o novo Direito "Comercial"

    Marlon Tomazette

    Publicado em 04/2002. laborado em 0!/2002.

    . #ist$rico do direito comercial

    %ntuitivamente poder&se&ia a'rmar (ue o direito comercial ) o direito docom)rcio* entendido como o con+unto de atos e,ercidos -abitualmente nosentido da intermediao dentro da cadeia produtiva* com intuito lucrativo*vale dizer* o comple,o de atos praticados -abitualmente para levarprodutos da sua onte ao consumidor. Todavia* modernamente talconcepo no corresponde 1 realidade* pois o direito comercial abranemuito mais (ue simplesmente o com)rcio.

    3 com)rcio remonta 1 Antiuidade* -avendo notcia do e,erccio de talatividade por v5rios povos* destacando&se os encios. Contudo* em talperodo ainda no se podia coitar da e,ist6ncia de um direito comercial*apesar de +5 e,istir aluma reulamentao.

    7a Antiuidade suriram as primeiras normas reulamentando a atividade

    comercial 82.09! a. C* as (uais remontam ao C$dio de Manu na ;ndia e aoC$dio de #ammurabi da nico.7o direito romano tamb)m -avia v5rias normas disciplinando o com)rcio8(ue se encontravam dentro do c-amado ius civile* sem autonomia (ue*todavia* em virtude da base rural da economia romana* tamb)m nocorpori'caram alo (ue pudesse ser c-amado de direito comercial ?@.

    3 direito comercial* en(uanto sistema or>nico de normas* s$ suriu naidade m)dia diante de uma necessidade de reulamentar as relaes entreos novos personaens (ue se apresentaram ao mundo* os comerciantes. Aatividade mercantil an-ou impulso em tal perodo* mostrando&seinsu'ciente a reulamentao do direito romano.

    A princpio* comea a se desenvolver um direito comercial* essencialmentebaseado em costumes* com a ormao das corporaes de mercadores

    8B6nova* lorena* eneza* suridas em virtude das condies avessas aodesenvolvimento do com)rcio. ra preciso (ue os comerciantes se unissem

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    para ter "aluma ora" 8o poder econ=mico e militar de tais corporaes oito rande (ue oi capaz de operar a transio do reime eudal para oreime das monar(uias absolutas. "3 direito comercial suriu* conorme sev6* no como obra leislativa nem criao de +urisconsultos* por)m comotrabal-o dos pr$prios comerciantes* (ue o construram com os seus usos e

    com as leis (ue* reunidos em classe* elaboraram" ?2@.

    7essa ase* os comerciantes estavam su+eitos a uma +urisdio especial8c=nsul* distinta da +urisdio comum* o direito comercial s$ se aplicava aoscomerciantes. #avia o c-amado crit)rio corporativo 8sistema sub+etivo*pelo (ual se o su+eito osse membro de determinada corporao de ocio odireito a ser aplicado seria o da corporao. Posteriormente o direito seriaaplicado pelo pr$prio stado com a ascenso da buruesia ao poder*mantendo&se a disciplina aut=noma. Desse modo* pode&se a'rmar (uenuma primeira ase o direito comercial era o direito dos comerciantes.

    Com o passar do tempo os comerciantes passaram a praticar atosacess$rios* (ue suriram liados a atividade comercial* mas loo setornaram aut=nomos 8ttulos cambi5rios* sendo utilizados inclusive por(uem no era comerciante. E5 no era su'ciente a concepo de direitocomercial como direito dos comerciantes* era necess5rio estender seu>mbito de aplicao para disciplinar relao (ue no envolviam

    comerciantes. Desenvolve&se a partir desse momento o sistema ob+etivista*o (ual desloca o centro do direito comercial para os c-amados atos decom)rcio. Tal sistema oi adotado pelo de C$dio Comercial napole=nico* o(ual inFuenciou diretamente a elaborao do nosso C$dio Comercial de9G0* posteriormente complementado pelo Heulamento I!I de 9G0.

    Modernamente sure uma nova concepo (ue (uali'ca o direito comercialcomo o direito das empresas* orientao maciamente adotada na doutrinap5tria ?!@* apesar de aluma ainda e,istir aluma resist6ncia ?4@. 7esta ase

    -ist$rica* o direito comercial reencontra sua +usti'cao no na tutela docomerciante* mas na tutela do cr)dito e da circulao de bens ou servios?G@.

    Al)m da aceitao doutrin5ria* tal concepo inFuenciou os trabal-os deatualizao do direito comercial positivo brasileiro* sobretudo na elaboraodo novo C$dio Civil* (ue uni'ca a disciplina das mat)rias mercantis e civis*similarmente ao ocorrido na %t5lia no C$dio de J42. Por isso* ) salutarcon-ecermos os delineamentos da c-amada teoria da empresa* (ue mesmo

    antes de ser acol-ida pelo direito positivo +5 a+udou a solucionar (uestese,tremamente comple,as do direito comercial ?K@.

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    2. Conceito econ=mico de empresa

    A noo inicial de empresa adv)m da economia* liada 1 id)ia central daoranizao dos atores da produo 8capital* trabal-o* natureza* para arealizao de uma atividade econ=mica.

    5bio 7usdeo a'rma (ue a "empresa ) a unidade produtora cu+a tarea )combinar atores de produo com o 'm de oerecer ao mercado bens ouservios* no importa (ual o est5io da produo". ?I@ Eoa(un Barriuesno entende de modo diverso* asseverando (ue "economicamente aempresa ) a oranizao dos atores da produo 8capital* trabal-o com o'm de obter an-os ilimitados". ?9@

    A partir de tal acepo econ=mica ) (ue se desenvolve o conceito +urdicode empresa* o (ual no nos ) dado e,plicitamente pelo direito positivo* nemmesmo nos pases onde a teoria da empresa oi positivada ?J@ inicialmente.

    Por tratar&se de um conceito oriinalmente econ=mico* aluns autorespretendiam near import>ncia a tal conceito* outros pretendiam criar umconceito +urdico completamente diverso. Todavia* os resultados de taistentativas se mostraram insatisat$rios* tendo prevalecido a id)ia de (ue oconceito +urdico de empresa se assenta nesse conceito econ=mico* pois oen=meno ) o mesmo econ=mico* sociol$ico* reliioso ou poltico* apenasormulado de acordo com a viso e a linuaem da ci6ncia +urdica ?0@.

    !. Conceito +urdico de empresa: A teoria dos per's de Alberto As(uini

    7a %t5lia* o C$dio civil de J42 adota a teoria da empresa* sem* contudoter ormulado um conceito +urdico do (ue se+a empresa* o (ue deu marem

    a inLmeros esoros no sentido da ormulao de um conceito +urdico.7essa seara* destaca&se por sua oriinalidade e por aspectos did5ticos ateoria dos per's da empresa elaborada por Alberto As(uini.

    Derontando&se como o novo C$dio Civil* As(uini derontou&se com aine,ist6ncia de um conceito de empresa* e analisando o diploma lealc-eou a concluso (ue -averia uma diversidade de per's no conceito* paraele " o conceito de empresa ) o conceito de um en=meno +urdico

    poli)drico* o (ual tem sob o aspecto +urdico no um* mas diversos per's emrelao aos diversos elementos (ue ali concorrem" ?@

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     Tal concepo +5 se encontra -o+e em dia superada* mas teve o m)rito detrazer 1 tona v5rios conceitos intimamente relacionados ao conceito deempresa* os (uais traduziriam o en=meno da empresarialidade* na eliz

    e,presso de aldirio

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    4. 3 (ue ) a empresaN

    Ouperada (ual(uer impreciso terminol$ica do ordenamento +urdico* -5(ue se esclarecer de imediato o (ue vem a ser +uridicamente a empresa*vale dizer* a empresa ) a "atividade econ=mica oranizada de produo oucirculao de bens ou servios" ?9@* ou se+a* e(uivale ao per'l uncional dateoria de Alberto As(uini.

     Trata&se de atividade* isto )* do con+unto de atos destinados a uma'nalidade comum ?J@* (ue oraniza os atores da produo* para produzirou azer circular bens ou servios. 7o basta um ato isolado* ) necess5riauma se(6ncia de atos diriidos a uma mesma 'nalidade* para con'urar a

    empresa.

    no se trata de (ual(uer se(6ncia de atos. A economicidade da atividadee,ie (ue a mesma se+a capaz criar novas utilidades* novas ri(uezas ?20@*aastando&se as atividades de mero ozo. 7essa criao de novas ri(uezas*pode&se transormar mat)ria prima 8indLstria* como tamb)m pode -aver ainterposio na circulao de bens 8com)rcio em sentido estrito*aumentando o valor dos mesmos ?2@.

    Ademais* tal atividade deve ser diriida ao mercado* isto )* deve serdestinada 1 satisao de necessidades al-eias* sob pena de no con'urarempresa. Assim* no ) empresa a atividade da(uele (ue cultiva ou abricapara o pr$prio consumo* vale dizer* "o titular da atividade deve ser diversodo destinat5rio Lltimo do produto" ?22@.

     Tamb)m* ) trao caracterstico da empresa a oranizao dos atores da

    produo* pois o 'm produtivo da empresa pressupe atos coordenados eproramados para se atinir tal 'm. Tal oranizao pode assumir as ormasmais variadas de acordo com as necessidades da atividade* abranendo"se+a a atividade (ue se e,ercita oranizando o trabal-o al-eio* se+a a(uela(ue se e,ercita oranizando um comple,o de bens ou mais enericamentede capitais* ou como para o mais adv)m* a(uela (ue se atua coordenandouns e outros" ?2!@.

    Diante da necessidade dessa oranizao* deve ser ressaltado ainda (ue as

    atividades relativas a pro'sses intelectuais* cient'cas* artsticas eliter5rias no so e,ercidas por empres5rios* a menos (ue constituam

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    elemento de empresa 8art. JKK* par5rao Lnico do novo C$dio Civil. Talconstatao se deve ao ato de (ue em tais atividades prevalece a naturezaindividual e intelectual sobre a oranizao* a (ual ) reduzida a um nvelinerior ?24@. Portanto* ) a relev>ncia dessa oranizao (ue dierencia aatividade empresarial de outras atividades econ=micas.

    A empresa deve abraner a produo ou circulao de bens ou serviospara o mercado. 7a produo temos a transormao de mat)ria prima* nacirculao temos a intermediao na neociao de bens. 7o (ue tane aosservios devemos abarcar toda "atividade em avor de terceiros apta asatisazer uma necessidade (ual(uer* desde (ue no consistente na simplestroca de bens" ?2G@* eles no podem ser ob+eto de deteno* mas de ruio.

    4. Q 7atureza +urdica da empresa

    A empresa entendida como a atividade econ=mica oranizada* no seconunde nem com o su+eito e,ercente da atividade* nem com o comple,ode bens por meio dos (uais se e,erce a atividade* (ue representam outrasrealidades distintas. Atento 1 distino entre essas tr6s realidades* aldirio

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    Assim* a empresa deve ser en(uadrada como um terceiro 6nero* uma novacateoria +urdica* pois no se trata nem de su+eito nem de ob+eto de direito?!0@* en(uadrando&se pereitamente na noo de ato +urdico em sentido

    amplo. Tal noo se mostra mais ade(uada (ue a de ato +urdico* poisalamos da atividade* do con+unto de atos* e no de cada ato isolado* (uepoderia ser en(uadrado na condio de ato +urdico.

    G. 3 empres5rio

    A empresa ) uma atividade* e como tal deve ter um su+eito (ue a e,era* otitular da atividade (ue ) o empres5rio. ste ) (uem e,ercepro'ssionalmente atividade econ=mica oranizada para a produo ou a

    circulao de bens ou servios 8conceito do novo C$dio Civil* artio JKK Qno mesmo sentido do artio 2092 Q C$dio civil italiano. 3 empres5rio ) osu+eito de direito* ele possui personalidade* pode ele tanto ser uma pessoasica na condio de empres5rio individual (uanto uma pessoa +urdica nacondio de sociedade empres5ria* de modo (ue as sociedades comerciaisno so empresas* como a'rmado na linuaem corrente* mas empres5rios.

    A con'urao do su+eito e,ercente da empresa pressupe uma s)rie dere(uisitos cumulativos. As(uini al)m da condio de su+eito de direito

    destaca a atividade econ=mica oranizada* a 'nalidade de produo para ocom)rcio de bens e servios e a pro'ssionalidade ?!@. Biampaolo dalleedove* rancesco errara Eunior e rancesco Balano no destoam daorientao de As(uini destacando a oranizao* a economicidade daatividade* e a pro'ssionalidade ?!2@.

    A oranizao e a economicidade +5 oram esclarecidas (uando daormulao do conceito da empresa. Desse modo* resta destacar apro'ssionalidade* pois s$ ) empres5rio (uem e,erce a empresa de modo

    pro'ssional. Tal e,presso no deve ser entendida com os contornos (ueassume na linuaem corrente* por(uanto no se reere a uma condiopessoal* mas a estabilidade e -abitualidade da atividade e,ercida ?!!@. 7ose trata de uma (ualidade do su+eito e,ercente* mas uma (ualidade domodo como se e,erce a atividade* ou se+a* a pro'ssionalidade no dependeda inteno do empres5rio* bastando (ue no mundo e,terior a atividade seapresente ob+etivamente com um car5ter est5vel ?!4@. 7o se e,ie ocar5ter continuado* mas* apenas uma -abitualidade* tanto (ue atividadesde temporada tamb)m podem caracterizar uma empresa* mesmo em acedas interrupes impostas pela natureza da atividade ?!G@.

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    Suem e,erce pro'ssionalmente uma empresa* ) o empres5rio.

    K. stabelecimento

    A atividade 8empresa ) e,ercida por um su+eito 8o empres5rio* (ueeralmente viabiliza o e,erccio da atividade por meio de um comple,o debens* (ue denominaremos estabelecimento ou undo de com)rcio [email protected]* podemos conceituar estabelecimento como "o con+unto de bens (ueo empres5rio reLne para e,plorao de sua atividade econ=mica" ?!I@. steconceito uarda uma certa correspond6ncia com o conceito do artio 2GGGdo C$dio civil italiano* bem como com o conceito do artio .42 do 7ovoC$dio Civil.

     Trata&se de um con+unto de bens liados pela destinao comum deconstituir o instrumento da atividade empresarial. Tal liame entre os bens(ue compem o estabelecimento permite&nos trata&lo de orma unit5ria*distinuindo&o dos bens sinulares (ue o compem ?!9@* classi'cando&ocomo uma coisa coletiva ou universalidade de ato. Tanto isto ) verdade (ueo novo C$dio Civil permite e,pressamente (ue o estabelecimento se+acomo um todo ob+eto unit5rio de direitos e ne$cios +urdicos 8art. .42*sem contudo* proibir a neociao isolada dos bens interantes doestabelecimento ?!J@.

    As universalidades de ato so "o con+unto de coisas sinulares* simples oucompostas* arupadas pela vontade da pessoa* tendo destinao comum"?40@* identi'cando e,atamente a noo de estabelecimento* pois se trata decon+unto de bens* liados pela vontade do empres5rio a uma 'nalidadecomum* o e,erccio da empresa.

    A natureza +urdica do estabelecimento no se conunde com a natureza da

    empresa* pois no se trata da atividade empresarial* nem com a naturezado empres5rio* pois no se trata de ente personalizado. 3 estabelecimentono ) pessoa* nem atividade ) empresarial* ) uma universalidade de ato(ue intera o patrim=nio do empres5rio ?4@.

    Como restou patenteado o estabelecimento ) composto de um con+unto debens* abranendo tanto bens materiais (uanto bens imateriais. 7a primeiracateoria encontramos mercadorias do esto(ue* mobili5rio* e(uipamentos ema(uinaria. E5 na seunda cateoria encontramos patentes de inveno*

    marca reistrada* nome empresarial* ttulo do estabelecimento* e o pontocomercial. Todos estes elementos ormam o estabelecimento no -avendo

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    (ue se conundir o mesmo com o local do e,erccio da atividade* oestabelecimento ) um conceito mais amplo (ue abrane todos esses bens*unidos pelo empres5rio para o e,erccio da empresa.

     Tal con+unto de bens* en(uanto articulado para o e,erccio da atividade daempresa possui um sobrevalor em relao 1 soma dos valores individuaisdos bens (ue o compe* relacionado a uma e,pectativa de lucros uturos* asua capacidade de trazer proveitos. ssa mais valia do con+unto ) (ue sedenomina aviamento ?42@.

    3 aviamento pode ser sub+etivo (uando liado 1s (ualidades pessoais doempres5rio ou ob+etivo (uando liado aos bens componentes do

    estabelecimento na sua oranizao ?4!@. m (ual(uer acepo oaviamento deve ser entendido como "o sobrevalor em relao a simplessoma dos valores dos bens sinulares (ue interam o estabelecimento eresumem a capacidade do estabelecimento* por meio dos ne,osoranizativos entre os seus componentes sinulares* de oerecer prestaesde empresa e de atrair clientela" ?44@. m outras palavras* o aviamento ) aaptido da empresa para produzir lucros* decorrente da (ualidade e damel-or pereio de sua oranizao ?4G@.

    3 aviamento no pode ser ob+eto de tratamento separado* no podendo serconsiderado ob+eto de direito ?4K@* por(uanto no -5 como se conceber atranser6ncia apenas do aviamento. Assim* no se pode conceber oaviamento como um bem no sentido +urdico* e conse(entemente no sepode inclu&lo no estabelecimento* vale reorar* o aviamento no intera oestabelecimento.

    7a maioria da doutrina* o aviamento no ) considerado um bem depropriedade do empres5rio* mas apenas o valor econ=mico do con+unto* )

    antes uma (ualidade (ue um elemento ?4I@. "7o ) um elemento isolado*mas um modo de ser resultante do estabelecimento en(uanto oranizado*(ue no tem e,ist6ncia independente e separada do estabelecimento". ?49@

    sta (ualidade do estabelecimento ) medida essencialmente pela clientelado empres5rio* vale dizer* (uanto maior or o nLmero de clientes maior ) oaviamento. A clientela ) "o con+unto de pessoas (ue* de ato* mant6m coma casa de comercio relaes contnuas para a(uisio de bens ou servios"?4J@. Tal con+unto de pessoas como se pode intuir no ) um bem* e

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     Tal alienao poder5 inFuenciar diretamente interesses de terceiros*sobretudo dos credores e devedores do empres5rio alienante. Por isso* onovo C$dio Civil e,ie para a validade perante terceiros* (ue o contrato decompra e venda do undo de com)rcio se+a averbado a marem do reistrodo empres5rio no $ro competente. A mesma e,i6ncia ) ormulada para

    os casos de arrendamento ou instituio de usuruto para o undo decom)rcio 8Art. 44 do 7ovo C$dio Civil.

    Ademais* e,ie&se a publicao no $ro o'cial da notcia de tal neociao*o (ue uncionar5 como uma esp)cie de uma primeira noti'cao aoscredores para (ue ten-am con-ecimento da neociao* resuardem seusdireitos* e saibam (uem ) o titular do undo de com)rcio* a partir de ento.

    Al)m dessa publicidade* o novo C$dio Civil 8art. 4G* reorando aproteo dos interesses dos credores e reiterando a orientao constante doartio G2* %%% do Decreto&lei I.KK/4G* in(uina de ine'c5cia a alienao doestabelecimento sem o paamento de todos os credores* ou sem oconsentimento e,presso ou t5cito dos mesmos em !0 dias contados de suanoti'cao. Oer5* todavia* v5lida a alienao se o empres5rio mantiver benssu'cientes para o paamento dos credores. Trata&se de uma inovaosalutar (ue permite de orma 5il o combate a raudes no trespasse* namedida em (ue permite o recon-ecimento da ine'c5cia da alienao*

    independentemente do processo de al6ncia.

    eito o trespasse* entendia&se (ue* antes do advento do novo C$dio Civil* aprincpio* o passivo no azia parte do estabelecimento. Oe s$ oestabelecimento era neociado as dvidas no eram transeridas* salvodisposio em contr5rio das partes* obtida a anu6ncia dos credores* ou dalei 8art. !! do CT7.

    3s d)bitos no so bens (ue interam o estabelecimento* so =nus (ueravam o patrim=nio do empres5rio ?G4@. Assim* antes do novo C$dio Civilera necess5ria a insero de uma cl5usula no contrato do trespasse para(ue -ouvesse a sucesso. Com o advento do novo diploma normativo 8art.4K* o ad(uirente do estabelecimento sucede o alienante nas obriaesreularmente contabilizadas* como ocorre no direito italiano ?GG@. Todavia*-5 (ue se ressaltar (ue o alienante continua solidariamente obriado porum ano a contar da publicao do trespasse no caso de obriaesvencidas* ou a contar do vencimento no caso das dvidas vincendas.

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    De outro lado* os cr)ditos so transeridos ao ad(uirente* pois sointerantes do estabelecimento ?GK@* produzindo eeitos perante osdevedores a partir da publicao do trespasse no $ro o'cial 8Art. 4J do7ovo C$dio Civil. Todavia* nem sempre os devedores tomarocon-ecimento eetivo do trespasse* podendo* eventualmente eetuar o

    paamento ao antio propriet5rio do undo de com)rcio. 7esse caso*protee&se a boa )* e,onerando a(uele (ue paou de boa ) ao alienante*restando ao ad(uirente um acerto com o mesmo.

    Con(uanto a princpio no interem o estabelecimento* pois no so bens?GI@* o novo C$dio Civil 8art. .49 estabelece (ue* salvo disposio emcontr5rio* o ad(uirente se sub&roa nos contratos estipulados parae,plorao do estabelecimento* se no orem personalssimos. Trata&se demedida e,tremamente +usta e l$ica* pois se protee a manuteno daunidade econ=mica do estabelecimento* sem* contudo aetar as relaespersonalssimas* nas (uais no -aver5 sucesso.

    Para rancesco Balano e rancesco errara Eunior* nos contratos de car5terpessoal* protee&se o ad(uirente* pois o car5ter pessoal a(ui reerido* dizrespeito 1s (ualidades do terceiro contratante ?G9@* (ue no poder5 serimposto ao ad(uirente. Biampaolo Dalle edove sustenta (ue nesteparticular no se pode entender (ue a rera se+a em benecio do

    ad(uirente* pois o mesmo poderia estipular pela no transer6ncia docontrato ao 'rmar a alienao do estabelecimento* destarte* atuaria essecar5ter pessoal em avor do terceiro contratante* (ue teria levado em contaas caractersticas pessoais do alienante ?GJ@.

    Apesar de concordarmos com a possibilidade da e,cluso de imediato doscontratos (ue no interessarem ao ad(uirente* per'l-amos o entendimentode rancesco Balano e rancesco errara Eunior* no sentido de (ue talcar5ter pessoal deve ser relativos 1s (ualidades do terceiro contratante*

    pois* caso contr5rio no -averia maior sentido na rera do artio .49 do7ovo C$dio.

    A rera supramencionada e,cepciona a rera eral dos contratos* pois asub&roao opera&se independentemente do consentimento do outrocontratante. Todavia* este no ser5 pre+udicado* por(uanto se admite aresciso do contrato por +usta causa nos J0 dias seuintes 1 publicao dotrespasse* desde (ue -a+a +usta causa para tal resciso. sta +usta causa dizrespeito 1s (ualidades pessoais do ad(uirente do undo de com)rcio* pois se

    as condies pessoais do alienante oram determinantes na ormulao done$cio* no se pode e,iir (ue o contratante prossia com outra parte na

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    avena ?K0@* e tamb)m a (uestes de ormulao ob+etiva como* pore,emplo* a e,ist6ncia de uma ao +udicial do terceiro contratante emdesavor do ad(uirente ?K@. m tais caos* -5 um inadimplemento por partedo alienante do estabelecimento* (ue conse(entemente deve serresponsabilizado.

    Heularizado o trespasse* discutia&se* no reime anterior* a validade dac-amada cl5usula de no restabelecimento* vale dizer* da imposio doalienante no azer concorr6ncia ao ad(uirente* diante do te,toconstitucional (ue estabelece a liberdade para o e,erccio da pro'sso. Como novo C$dio Civil 8Art. 4I* adota&se a orientao do direito italiano*estatuindo lealmente a proibio de concorr6ncia pelo prazo de G anos*salvo disposio e,pressa em contr5rio.

     Trata&se de uma proteo do aviamento ?K2@* (ue no viola (ual(uerliberdade constitucional* na medida em (ue limitada no tempo tal proibio.Caso se tratasse de uma proibio por prazo indeterminado* no -averiadLvida da inconstitucionalidade da mesma. Todavia* com a limitao de Ganos* se restrine uma liberdade para tutelar outra* sem destruir nen-umadas duas.

    3ra* se ao alienar o undo de com)rcio ) recebido um valor maiordecorrente do aviamento* (ue na maioria dos casos est5 liado a condiespessoais do empres5rio* nada mais +usto e l$ico do (ue asseurar aoad(uirente o ozo desse aviamento* proibindo o alienante de l-e azerconcorr6ncia* l-e roubar a clientela* e conse(entemente se enri(uecerindevidamente ?K!@.

    9& Concluso

    A teoria da empresa representa uma rande evoluo nos estudos do direitocomercial* na medida em (ue altera a 'ura central das preocupaes*transportando&a para a atividade empresarial.

    uisa de concluso* devemos ter em mente (ue a teoria da empresaenvolve tr6s 'uras (ue podem ser distinuidas pelos verbos aplic5veis acada (ual: empres5rio se )* empresa se e,ercita* e estabelecimento se tem.

    J&

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    A

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    BAWBA73* rancesco. Diritto civile e commerciale. ol. %%%* Tomo . !V ed.Padova: CDAM* JJJ

    BAHH%B[O* Eoa(un. Curso de derec-o mercantil. Tomo %. IV ed.

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    D3* Biampaolo dalle. 7ozioni di diritto dXimpresa. Padova: CDAM*2000]

    7otas

    ..CAHAW#3 D M7D37_A* E. \. Tratado de direito comercial brasileiro.Atualizado por Hicardo 7ero. Campinas:

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    J..AOS[%7%* Alberto. Pro'li dellXimpresa. Hivista di diritto commerciale* ol.\W% Q Parte %* p. &20* J4!* p. .

    0..

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    20..D3* Biampaolo dalle. 7ozioni di diritto dXimpresa. Padova: CDAM*2000* p. 4] HHAHA E7%3H* rancesco] C3HO%* rancesco. Bli imprenditorie le societ5.. ed. Milano: BiuYrZ* JJJ* p. !!.

    2..AOCAHWW%* Tullio. Corso di diritto commerciale* p. K2.

    22..AOCAHWW%* Tullio. Corso di diritto commerciale* p. K!* traduo livre de"%l titolare dellXattivit5 deve essere diverso dal destinatario ultimo delprodotto".

    2!..D3* Biampaolo dalle. 7ozioni di diritto dXimpresa* p. !J* traduolivre de "sia lXattivit5 C-e si esercita oranizzando il lavoro altrui* sia (uellaC-e si esercita oranizzando um complesso di beni o piL enericamente deicapitali* o* come per lo piL avviene* (uella C-e si attua coordinando lXuno eli altri".

    24..D C[P%O* Adriano. %nstituzioni di diritto privato. Milano: BiuYrZ* JI9* v.!* p. !4.

    2G..D3* Biampaolo dalle* op. Cit.* p. !&4.

    2K..Tratado de direito empresarial* p. 00.

    2I..MOO%73* rancesco. Manuale di diritto civile e commerciale. Milano:

    BiuYrZ* JGI* v. * p. !!I] OA7T3H3 PAOOAHWW%* rancesco. Oai di dirittocivile. 7ap$li: Eovene* JK* v. 2* p. JIJ] 7BHU3* Hicardo. Manual de direitocomercial. Campinas:

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    2J..AOCAHWW%* Tullio. Corso di diritto commerciale: introduzione e teoriadellXimpresa* p. GK.

    !0..

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    4..HA7C3* era #elena de Mello* op. Cit.* p. 9!]

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    G...AOCAHWW%* Tullio. Corso di diritto commerciale* p. !4!.

    G2...BAWBA73* rancesco* Diritto Civile e Commerciale* v. !* Tomo %* p. 92.

    G!...C3W#3* abio [l-oa* op. Cit.* p. ]