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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

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CENÁRIO ATUAL

Dinheiro como primeiro item do artigo 9º da LEF (Lei nº 6.830/80)

Em segundo lugar estão previstos a Fiança Bancária e o Seguro Garantia

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

Interesse público de facilitar e acelerar a satisfação dos débitos fiscais

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CENÁRIO ATUAL

Artigos 820 do Novo Código de Processo Civil (art. 620 do CPC/73) e 185-A do Código Tributário Nacional. Execução de forma menos onerosa ao devedor e esgotamento de meios pra localização de patrimônio do devedor

Equívoco de se generalizar todo devedor da Fazenda Pública como fraudulento e sonegador em detrimento da sociedade e, por este motivo, promover-se a execução mais agressiva em face daqueles que possuem recursos

Afã arrecadatório

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CENÁRIO ATUAL

A Lei nº 9.703, de 17/11/1998, regulamenta os depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e contribuições federais, prevendo que os valores devam ficar disponíveis na Conta Única do Tesouro Nacional

Eis a transcrição de seu artigo 1º:

“Art. 1º - Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, específico para essa finalidade. (...) § 2º Os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais. (...) § 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal serão debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de restituição

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CENÁRIO ATUAL

Segundo reportagem publicada pela Folha de São Paulo, desde a edição da Lei nº 9.703/1998 já entraram no caixa quase R$ 50 bilhões. A União argumenta que esse dinheiro pode ser contabilizado como receita porque a média de devoluções equivale a cerca de 10% do que é arrecadado anualmente em depósitos judiciais

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1407200815.htm)

O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a ADI nº 1933, declarou constitucional o repasse de depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e contribuições federais à Conta Única do Tesouro Nacional, sob os argumentos de que: (i) não há violação do princípio da harmonia entre os poderes; (ii) também não há violação do princípio do devido processo legal; (iii) por fim, que o depósito judicial consubstancia faculdade do contribuinte, não se confundindo com o empréstimo compulsório

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CENÁRIO ATUAL

Trecho de petição recentemente apresentada pela Procuradoria da Fazenda Nacional em Execução Fiscal:

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CENÁRIO ATUAL

• Dívida Ativa da União e a PGFN

Em 2006, a DAU era de 400bi e havia 1.352 procuradores

Em 2016, a DAU é de 1,84tri e existem 2.117 procuradores

Em 2017, a DAU é de 2tri e existem 2.143 procuradores

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CENÁRIO ATUAL

Estoque total da Dívida Ativa Federal

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CENÁRIO ATUAL

Recuperação Total em 2017

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CENÁRIO ATUAL

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CENÁRIO ATUAL

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CENÁRIO ATUAL

Tempo médio do processo na Justiça Federal e Estadual

*Relatório Anual do CNJ – Ano base 2017

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CENÁRIO ATUAL

Total de processos pendentes em 2017

*Relatório Anual do CNJ – Ano base 2017

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CENÁRIO ATUAL

Total de execuções fiscais pendentes por tribunal em 2017

*Relatório Anual do CNJ – Ano base 2017

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CENÁRIO ATUAL

Impacto da execução fiscal na taxa de congestionamento total

*Relatório Anual do CNJ – Ano base 2017

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CENÁRIO ATUAL

Medidas Adotadas pela PGFN: Novo Modelo de Cobrança da Dívida Ativa da União

Rating: análise apenas do valor consolidado do débito x novo modelo

Suspensão das execuções fiscais cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 1.000.000,00, desde que não conste nos autos garantia útil à satisfação, integral ou parcial, do crédito executado, ou que o débito seja objeto de EPE, Embargos ou outra ação que infirme a certeza e liquidez do crédito tributário

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CENÁRIO ATUAL

Exemplo prático de pedido de suspensão de Execução Fiscal

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CENÁRIO ATUAL

Adoção de outras medidas alternativas de cobrança

Protesto de CDAs: desde março de 2013, quando o protesto entrou em produção até a data de outubro de 2015, foram enviados a protesto 839.954 inscrições, com valor consolidado de R$ 3.797.035.841,99 reais. Desse total, foram recuperados, em virtude do protesto, 167.219 inscrições com valor consolidado de R$ 728.260.828,54 reais, alcançando um percentual de recuperação de 19% (dezenove por cento)

(http://www.pgfn.fazenda.gov.br/noticias_carrossel/protesto-de-cdas-possui-taxa-de-recuperacao-de-19

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CENÁRIO ATUAL

Dívida Ativa dos principais Estados da Federação:

Rio de Janeiro: R$ 77 bilhões (exercício 2016) São Paulo: R$ 335 bilhões (exercício 2016)

Minas Gerais: 63 bilhões (exercício 2016

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CENÁRIO ATUAL

O cenário atual das Execuções Fiscais na visão da Fazenda Nacional

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)*, apenas 2,6% dos processos federais procedem a leilões de bens penhorados. A principal causa de extinção de execuções fiscais é a prescrição ou decadência (36,8%).

O índice de recuperação de créditos através de Execuções Fiscais é de menos de 1% (um por cento)

*CUNHA, Alexandre dos S.; KLIN, Isavela do Valle; PESSOA, Olívia A. G. Custo e tempo do processo de execução fiscal promovido pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Brasília: IPEA, 2011.

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CENÁRIO ATUAL

Resumo do cenário atual

Contribuintes: o modelo adotado atualmente é falho para os contribuintes que objetivam discutir judicialmente os seus débitos, em razão do afã arrecadatório do Fisco

Fazenda: o modelo adotado atualmente é falho para a Fazenda, que não consegue arrecadar o que deveria

Conclusão: está ruim para todo mundo!

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

O que é a Securitização da Dívida Ativa?

Medida que objetiva a antecipação da receita de recebíveis dos Entes Federados a partir da negociação (cessão ou novação) de títulos a instituições financeira

Dois modelos possíveis:

1 - Securitização propriamente dita: É possível que ocorra a venda apenas dos direitos creditórios da Fazenda, conferindo‐se um caráter de direito autônomo aos recebíveis, sem alienação dos créditos inscritos

Exemplo: Estado de São Paulo (Lei Estadual nº 13.723/09)

Criação de SPE que adquire os créditos e emite debêntures a serem negociadas aos particulares. A empresa estatal emite a debênture negociada e o Estado emite uma debênture subordinada, que representa a posição de garante do ente cedente.

2 - Novo modelo proposto: o Estado aliena um crédito futuro sob deságio e, quando o contribuinte paga, repassa a importância a quem tiver onerosamente adquirido a cessão de direitos creditórios.

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Projeto de Lei Objeto Andamento Vantagens Desvantagens

PLC 181/2015 (Rel. Deputado Vicente

Cândido)

altera o CTN para prever a cessão de créditos da dívida

ativa

Após aprovação na CFT, apresentado parecer na CCJC

voltando ao instituto da cessão

O crédito cedido mantém as suas

garantias (preferência da FN)

e privilégios e o cessionário pode

transigir

Os PLs vedam a cessão: (i) de crédito com exigibilidade suspensa; (ii) pendente de

julgamento; (iii) obrigação de

litisconsórcio; (iv) se o devedor for

ente público.

PL 3337/2015 (Rel. Deputado Vicente

Cândido)

disciplina a cessão (no PL após a CFT,

novação) dos créditos da dívida

ativa

Aguardando manifestação do relator sobre as emendas na CFT

Licitação na modalidade de

leilão A cobrança correrá por conta e risco

da cessionária Deságio fixado no

Edital

PL nº 204/2016 (PLP 459/2017)

(Rel. Senador José Serra)

permite a cessão dos créditos da

dívida ativa

Enviado à Câmara dos Deputados

O crédito cedido mantém as suas

garantias e privilégios

A cobrança permanece com a Fazenda e restrito

a créditos reconhecidos

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Projeto de Lei Complementar nº 181/2015:

Parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania:

Não há inconstitucionalidade quanto à competência exclusiva dos procuradores, pois haverá extinção definitiva do crédito público.

Crítica à utilização da novação, ante a inexistência de consentimento do devedor. Retorno à “cessão”.

Conclusão: constitucionalidade do substitutivo por ela apresentado e inconstitucionalidade daquele apresentado pela CFT

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Comentários sobre os Projetos de Lei

Projeto de Lei Complementar nº 181/2015 e Projeto de Lei nº 3337/2015:

A cessão não pode se limitar aos chamados créditos “podres”, devendo ser incluídos aqueles parcelados e em que há discussão judicial sobre o débito tributário.

Projeto de Lei nº 204/2016:

Deve ser alterado na parte em que limita a cessão aos créditos reconhecidos pelos contribuintes, bem como quando dispõe que não haverá transferência da prerrogativa de cobrança.

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Opinião da Fazenda Nacional

Parecer PGFN nº 1505/2015: inconstitucionalidade do PLC nº 181/2015 e PL nº 3.777/15, com base nos seguintes argumentos:

• violação ao superprincípio da indisponibilidade do interesse público: o legislador somente poderá estabelecer exceções à indisponibilidade através de instrumentos específicos previstos no art. 150, §6º da CF/88;

• violação ao princípio da igualdade: a alienação do crédito tributário como título de livre circulação no mercado ou a permissão para a sua negociação discriminam devedores em situações idênticas levando em conta razões aleatórias;

• violação ao princípio da capacidade contributiva: a alienação do crédito tributário implica em deixar de exigir o imposto de acordo com a capacidade de cada devedor

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Comentários sobre os Projetos de Lei

• repartição e vinculação de receitas tributárias: o Poder Público não pode realizar liberalidades não previstas expressamente na Constituição com créditos cujo produto não irá lhe pertencer;

• Cobrança do crédito tributário através de órgãos específicos: a cobrança administrativa ou judicial de créditos tributários da União, Estados ou Municípios somente poderá ocorrer através de órgãos próprios do ente político respectivo ou de outras pessoas jurídicas de direito público e, no caso da União, somente a PGFN tem competência para representá-la em juízo na execução fiscal destinada à cobrança de sua dívida ativa;

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A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

Paralelo com outras questões relevantes

Em entrevista à Folha de São Paulo, o presidente da Transparência Internacional, Josê Ugaz, assim destaca:

“No Peru, usamos muito [o conceito de delação premiada] no caso de Fujimori [exditador preso desde 2005] e Montesinos [braço direito de Fujimori]. Setores conservadores defendiam ser imoral negociar com os corruptos. Eu sempre sustentei que imoral era não chegar aos crimes, não repatriar o dinheiro e manter a impunidade.”

O interesse público e a regra de cobrança de tributos através de órgãos específicos devem prevalecer, mesmo com a previsão de que a securitização aumentará a arrecadação tributária?