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Na raiz das dificuldades esta a questao dos criterios a serem adotados para se proceder a uma divisao espa- , ,cia!. Que elementos ou caracterfsticas do espa<;o serao considerados na delimitac;ao regional? Os elementos eco- n6micos e sociais saQ, sem duvida, os mais importantes e adequados, Porem 0 Brasil possui grandes areas onde as paisagens naturais ainda nao foram muito modificadas pela ac;ao humana, Alem disso, no ambito da econ6mia e da sociedade, que aspectos servirao de base para fazer a divisao do territorio? Ecomo medi-Ios com precisao? As respostas a essas interrogac;oes nao san simples e dependem das posturas polfticas e teoricas de quem pro- --- - pee os criterios para a regionalizac;ao, Vejamos a seguir as duas regionalizac;oes mais comumente utilizadas e uma regionalizac;ao mais recente, sugerida pelo Programa das Nac;oes Unidas para 0 Desenvolvimento (Pnud), com a preocupac;ao maiorde caracterizar as regioes consideradas. A regionaliza~ao do espa~o brasileiro A divisao do Brasil emespa~os regionais nao e tare- fa faci!, Quais os limites daarea central? Eaperiferia ime- diata, contfgua ao centro econ6mico, com 0 qual tem ligac;oes de toda ordem, ondecome<;a eonde termina? Alem da dificuldade de estabelecer os limites entre umaregiao e outra, ha 0 problema de que a realidade es- pacial e dinamica, sobretudo no casodo Brasil, que tem passado nas ultimas decadas por intensas transforma<;oes. g ~ ~ 'C ~ I'll' liIi1 Area central au centro economico 'C' .. o Area de agropecuaria mais modema, com cidades de porte medio e agroindustrias I51il Area de agropecuaria tradicional, mas com algumas grandes cidades ~ Area pouco povoada,.com economia mais ou menos estagnada o Area pouqulssimo povoada, comreduzida ocupacao produtiva do solo <:) Expansao das fronteiras agricolas e do povoamento @ Metr6poles globals Metr6poles nacionais o Metr6poles regionais Adivisao polftico-administrativa o Brasil e dividido oficialmente em cinco regioes: Su- deste, Sui, Nordeste, Centro-Oeste e Norte (mapa da pagina seguinte). Trata-se de uma divisao polftico-admi- nistrativa elaborada pela Fundac;ao Instituto Brasileiro de ESCALA 440 880 km .' I 1 em - 440 km

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Page 1: A regionaliza~ao do espa~o brasileiro · regioes que se voltaram para 0 desenvolvimento de com-plexos agroindustriais - soja, laranja, carne e cana-de- ... Alem de todos os estados

Na raiz das dificuldades esta a questao dos criteriosa serem adotados para se proceder a uma divisao espa-

, ,cia!. Que elementos ou caracterfsticas do espa<;o seraoconsiderados na delimitac;ao regional? Os elementos eco-n6micos e sociais saQ, sem duvida, os mais importantes eadequados, Porem 0 Brasil possui grandes areas onde aspaisagens naturais ainda nao foram muito modificadaspela ac;ao humana, Alem disso, no ambito da econ6miae da sociedade, que aspectos servirao de base para fazera divisao do territorio? E como medi-Ios com precisao?

As respostas a essas interrogac;oes nao san simples edependem das posturas polfticas e teoricas de quem pro-

--- - pee os criterios para a regionalizac;ao, Vejamos a seguir asduas regionalizac;oes mais comumente utilizadas e umaregionalizac;ao mais recente, sugerida pelo Programa dasNac;oes Unidas para 0 Desenvolvimento (Pnud), com apreocupac;ao maior de caracterizar as regioes consideradas.

A regionaliza~aodo espa~o brasileiroA divisao do Brasil em espa~os regionais nao e tare-

fa faci!, Quais os limites da area central? E a periferia ime-diata, contfgua ao centro econ6mico, com 0 qual temligac;oes de toda ordem, onde come<;a e onde termina?

Alem da dificuldade de estabelecer os limites entreuma regiao e outra, ha 0 problema de que a realidade es-pacial e dinamica, sobretudo no caso do Brasil, que tempassado nas ultimas decadas por intensas transforma<;oes.

g~~'C

~I'll' liIi1 Area central au centro economico'C'..o Area de agropecuaria mais modema, com

cidades de porte medio e agroindustrias

I51il Area de agropecuaria tradicional, mas com algumas grandes cidades

~ Area pouco povoada,.com economia mais ou menos estagnada

o Area pouqulssimo povoada, com reduzida ocupacao produtiva do solo

<:) Expansao das fronteiras agricolas e do povoamento

@ Metr6poles globals

• Metr6poles nacionais

o Metr6poles regionais

A divisao polftico-administrativao Brasil e dividido oficialmente em cinco regioes: Su-

deste, Sui, Nordeste, Centro-Oeste e Norte (mapa dapagina seguinte). Trata-se de uma divisao polftico-admi-nistrativa elaborada pela Fundac;ao Instituto Brasileiro de

ESCALA440 880 km.' I

1 em - 440 km

Page 2: A regionaliza~ao do espa~o brasileiro · regioes que se voltaram para 0 desenvolvimento de com-plexos agroindustriais - soja, laranja, carne e cana-de- ... Alem de todos os estados

Geografia e Estatfstica (IBGE)com base na homogeneida:de ffsica, humana e economica das regioes. Como seuslimites coincidem com os limites dos estados, essadivisao.tem grande valor para fins estatrsticos e de planejamento.

D Regiao Norte

o Regiao Nordeste

~ Regiao Centro-Oeste

D Regiao Sudeste

~ RegiaoSul

ESCALA568 1136 km

I I

1cm-568km

o criterio de homogeneidade adotado pelo IBGE,contudo, tem sido questionado, uma vez que as caracte-rfsticas regionais nao acompanham necessariamente 0

trac;ado dos estados. Tamanhas sac as diferenc;as no inte-riorde uma mesma regiao que nos ultimos anos tem sur-gido varias propostas para a criac;ao de novos estad9s eterritorios. Entre elas, destaca-se a criac;aodos estados deAraguaia (norte de Mato Grosso), Carajas e Tapajos (aserem desmembrados do Para). Os novos territoriosseriam: Alto Solimoes, Rio Negro e Jurua (desmembradosdo Amazonas). Observa-se que a maioria das propostas- cercadas dos mars diferentes interesses economicos epolftico-estrategicos - refere-se ao desmembramentoda regiao Norte do pafs.

Os'espa~os regionais

Uma forma alternativa de c1assificac;aoregional eaquela que nao se atem aos limites estaduais e, por isso,

.e pouco pratica, mas reflete com maior precisao os limi-tes da homogeneidade de cada regiao. Segundo essac1assificac;ao,0 Brasil divide-se em tres grandes espac;osregionais: 0 Centro-Sui, 0 Nordeste e a Amazonia (mapaa seguir).

~ Amazonia

~ Nordeste

D Centro-Sui

ESCALA578

!

Centro-Sui: desconcentra~aoe desenvolvimento

o Centro-Sui compreende 0 sui de Mato Grosso,Goias, 0 sui de Tocantins, a maior parte de Minas Gerais,Mato Grosso do Sui, Espfrito Santo, Parana, Santa Cata-rina, Rio Grande do Sui, Sao Paulo e Rio de Janeiro.

Trata-se do complexo regional mais importante,englobando 0 centro economico do Brasil, bem como asareas mais intensamente ligadas a ele. Concentra mais de60% da populac;ao brasileira, 0 principal parque indus-trial, a mais moderna produc;ao agropecuaria, a maiorproduc;ao de energia, as maiores redes ferroviaria e rodo-viaria, as principais universidades e centros de pesquisacientifica de ponta.

Alem de reunir dezesseisdas vinte e tres areas metro-politanas do pafs (Sao Paulo, Rio de Janeiro, Bela Hori-zonte, Curitiba, Porto Alegre e outras ruenores), e noCentro-Sui que se localiza a capital federal, p610 de deci-soes polftico-administrativas do Brasil.

Como vimos, foi no interior desse complexo regionalque se iniciou 0 processo de desconcentrac;ao economica.Na regiao metropolitana de Sao Paulo, as polfticas deinvestimento voltadas para a consolidac;ao dos setorespetroqufmico - refinarias de Paulfnia (Replan) e Sao Josedos Campos (Revap) - e siderurgico - Cosipa - resul-taram na desconcentrac;ao de atividades produtivas.

Tambem foi decisiva a implantac;ao de institutos depesquisa de ponta associados ao setor produtivo naregiao de Campinas - Unicamp - e em Sao Jose dos

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Campos - Centro Tecnico Aeroespacial (CTA) e InstitutoTecnol6gico da Aeronautica (ITA).

Alem disso; aprofundou-se a integra<;ao de sub-regioes que se voltaram para 0 desenvolvimento de com-plexos agroindustriais - soja, laranja, carne e cana-de-a<;ucClr-,particularmente 0 Oeste paulista. Tambem seampliou a diversifica<;ao industrial de Minas Gerais eEsplrito Santo (industrias de bens de produ<;ao), sobretu-do em consequencia da redu<;aoda atra<;aoexercida peloestado do Rio de Janeiro.

Os tres estados que correspondem a regiao Sui na. divisao do IBGEdeixaram de ter uma estrutura produtivafundamentada particularmente na agropecuaria, passan-do a desenvolver diferentes ramos industria is: industriasde bens de capital (implementos agrfcolas, maquinas),industrias de bens de consumo nao-duraveis, industria demadeira e de couro e cal<;ados.

o dinamismo industrial dessa area continuou associa-do ao desenvolvimento de complexos agroindustriais, des-tacando-se sua produ<;aogranjeira, de graos e carnes, dire-tamente vinculada as industrias de bens de consumo nao-duraveis. Estao na regiao Sui alguns dos mais importantesabatedouros de gada e frigorfficos do pals, especializadosna produ<;aode embutidos e frangos para consumo nacio-nal e para exporta<;ao. A proximidade geografica dessaregiao com os pafsesvizinhos do Mercosul privilegia suas

. atividades produtivas e a exporta<;aode seus produtos.Na por<;ao centro-oeste desse espa<;o regional, a

grande disponibilidade de terras, os incentivos fiscais efinanceiros, alem da crescente atra<;aoexercida pela capi-tal do pals, contribulram para que a fronteira agricola seampliasse cada vez mais. A moderna produ<;ao agrope-cuaria (soja, milho, carne) e voltada principalmente parao mercado externo. Desde a decada de 1970, industriasde bens de consumo ligadas a essa produ<;ao agricoladirigem-se para a regiao. A integra<;ao de transportesrodofluviais no conjunto da hidrovia Tiete-Parana tempermitido a essa area ampliar suas atividades, determi-nando mudan<;assignificativas na ocupa<;ao do espa<;oena forma<;ao de redes de comunica<;ao (foto abaixo).

Nordeste: incentivos para a integra~ao

Alem de todos os estados que compoem 0 Nordestena c1assifica<;aooficial, esse espa<;o regional abrange 0extremo norte do estado de Minas Gerais. Reune aproxi-madamente 30% da popula<;ao brasileira e, desde 0 pro-cesso de integra<;ao econ6mica, destacou-se por ser umazona de refluxo demografico, fornecendo mao-de-obrapara as demais regioes. As polfticas regionais de desen-volvimento, com incentivos fiscais e investimentos esta-tais diretos, criaram outras formas de integra<;ao desseespa<;oregional ao restante do pals.

A desconcentra<;ao que teve inlcio na decada de1950, com forte interferencia do Estado, intensificou-se apartir da decada de 1980, gra<;asa iniciativa privada. Nosultimos anos, destacam-se a instala<;aode um p610 auto-motivo junto a Salvador e a consolida<;ao da industria debens intermediarios: setor qulmico, particularmente emRecife (PE); setor petroqufmico na Bahia, com 0 PoloPetroqufmico de Cama<;ari(foto abaixo), que envolve rela-<;oescom Sergipe e Alagoas; e industrias tradicionais deprodutos texteis e alimentlcios, como a industria a<;ucarei-ra. Fortaleza, Recife (Grande Recife) e Salvador (CentroIndustrial de Aratu), como metr6poles nacionais, concen-tram as principais atividades produtivas da regiao.

o setor agropecuario, tradicionalmente divididoentre os latifundios canavieiros da Zona da Mata, a pol i-cultura do Agreste e a pecuaria extensiva do Sertao, ini-ciou seu processo de moderniza<;ao sobretudo no finaldos anos 1980. Destacam-se a produ<;ao de graos nooeste baiano e a agricultura irrigada do vale medio doSao Francisco (Bahia e Pernambuco).

o complexo amaz6nico reune todos os estados quecorrespondem ao Norte do pars na divisao oficial, 0 oestedo Maranhao, 0 centro-norte de Mato Grosso e Tocantins.

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Toda a regiao e associada a grande pais.;lgem natu-ral formada pela floresta equatorial umida e pela densarede hidrografica da bacia Amazonica. Apesar de ter sidointensamente ocupada e explorada a partir da decada de1970, essa regiao ainda apresenta uma baixa densidadedemogrMica.

As atividades produtivas concentram-se no extrati-vismo vegetal e mineral e na agropecuaria.

Tambem nesse caso, a integraC;aoao centro econo-mico do pais ocorreu grac;asa uma forte intervenC;aodoEstado: a criac;ao da Sudam, do Banco da Amazonia(Basa) e da Superintendencia da Zona Franca de Manaus(Suframa).

A Zona Franca foi criada em 1967 com 0 objetivo deestimular a industrializac;ao da cidade e sua area adjacen-te, bem como ampliar seu mercado de trabalho. Trata-sede uma area de livre-comercio, em que nao sac cobradosimpostos de importac;ao sobre os produtos compradosdo exterior. Alem de contribuir para 0 desenvolvimentodo comercio local, a isenC;aoalfandegaria favoreceu aformac;ao de um expressive distrito industrial junto acapital do Amazonas (foto abaixo). A maioria de suasindustrias, contudo, e apenas montadora de produtosobtidos com tecnologia estrangeira.

As estrategias de ocupaC;aoda Amazonia envolveramprojetos militares voltados para a seguranc;anacional (con-trole das fronteiras) e para a identificac;ao das riquezasminerais. Com 0 objetivo de ocupar 0 "grande vazio demo-grafico" e anexar definitivamente a regiao ao restante dopais, foram elaboradas polfticas de incentivo a imigrac;ao.

Alem das polfticas regionais, outro fator importantepara 0 desenvolvimento de atividades produtivas foramos investimentos de grandes grupos economicos nacio-nais e estrangeiros interessados nas atividades de extra-

c;ao mineral - ferro, manganes, bauxita, ouro, etc. Apreocupac;ao em explorar as materias-primas para a side-rurgia e metalurgia do aluminio tambem estava relacio-nada com a necessidade de 0 governo brasileiro aumen-tar as exportac;6es para pagar a diyida extern a do pais.

Quanto a atividade industrial, destacam-se na regiaoo p610 siderurgico do Grande Carajas e 0 p610 eletronicoda Zona Franca de Manaus. a primeiro localiza-se no Para,relaciona-se com 0 Maranhao e pode ser visto como umnucleo inicial de uma zona industrial. No segundo, insta-laram-se grandes empresas nacionais do setor.

o espa~o brasileiro segundo 0 IDH- fndice de DesenvolvimentoHumano

Desde 1990, 0 Pnud vem introduzindo na analise doespac;o mundial uma nova conceituac;ao de desenvolvi-mento e um novo fndice para medi-Io - 0 fndice deDesenvolvimento Humano (IDH).

Com 0 terminG da guerra fria, 0 fim do socialismo eos altos indices de desemprego e de miseria social, quedenunciam 0 mundo capitalista desenvolvido nao neces-sariamente como vencedor, aumentou a percepC;aodeque 0 desenvolvimento nao pode ser medido somenteem termos da expansao da base produtiva.

Quando 0 crescimento economico, ~ pobreza e 0desemprego pareciam ser a inevitavel parceria do final doseculo, a realizac;aode uma serie de f6runs internacionaisao longo da decada de 1990 apontou importantes pers-pectivas sociais, politicas, culturais e ambientais para 0

desenvolvimento interne das nac;6es e para as relac;6esinternacionais.

a conceito de desenvolvimento passou a ter comoreferencial 0 valor da igualdade entre as pessoas, valori-zando 0 mesmo acesso a oportunidades de educaC;ao,saude e emprego. au seja, tudo 0 que possibilita aampliaC;ao da participac;ao da maioria da populaC;ao navida economica, politica e cultural de um pais.

E 0 que 0 relat6rio anualmente elaborado pelo Pnud,em associac;ao com 0 Instituto Brasileiro de PesquisaEconomica Aplicada (Ipea), chama de desenvolvimentodas pessoas, desenvolvimento para as pessoas e desen-volvimento pelas pessoas.

Com base nesses novos paradigmas, os relat6riospublicados desde 1996 apontam uma nova estruturac;aodo espac;o brasileiro, considerando nao mais os criteriosadministrativos ou de integrac;ao economica como fontede regionalizaC;ao.

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o que ja se pode chamar de "Nova RegionalizaC;,1o"parte de outras dimensoes do desenvolvimento humano,como a expectativa de vida, a escolaridade e a renda.

o IDH, originalmente criado para c1assificar paises,foi obtido para cada regi,1o brasileira definindo-se amedida de privaC;,1ode tres fatores: saude, educaC;,1o epoder de consumo. Sua escala vai de ° a 1, mas diferen-cia-se das conceituac;oes de carMer mais economico, comoo desenvolvimento e 0 subdesenvolvimento. 0 limite maxi-mo 1 n,1Oe considerado um ideal a ser alcanc;ado, po is 0

objetivo e que 0 desenvolvimento represente uma amplia-C;ao cada vez maior de oportunidades e opc;oes, numasuperaC;,1ocontinua de todas as variaveis.

o mapa abaixo sintetiza a nova diferenciaC;,1oregional.

Ira: 0,636" IDH" 0,71313211 AC, AL, SA, CE, MA, PA,

PE, PI, PS, RN, SE, TO .,.f~>Fi~.~Venezuela: 0,723" IDH" 0,773 .,.",_ AM, AP, GO, MG, .

MT, Ro, RR

Mexico: IDH ;;, 0,778E:EI DF, ES, MS, PR, RJ,

RS, SC, SP

Alem de possuir indicadores'- sociais comparaveis aos do

Ira e do Mexico, 0 Brasilagora apresenta urn terceirosegmento comparavel

a Venezuela.

'" Em 2000, 0 Para (IDH = O,723) situava+se no bloco de cor roxa e 0 Amazonas(IOH ="0.713), no bloco laranja.

*"" 0 Espirito Santo (JDH = 0,765) situava-se no ana 2000 no bloco de cor roxa.

A primeira area reline os estados da regi,1o Nordeste,Amazonas, Tocantins e 0 Acre, que apresentam um reduzi-do nfvel de de5envolvimento humano (IDH inferior a 0,713).

A segunda faixa, que reune os estados de Minas Gerais,Goias, Mato Grosso, e a porC;,1oda regi,1o Norte compreen-dida por Rondonia, Roraima, Para, Espfrito Santo e Amapa,apresenta IDHs inseridos no intervalo de 0,723 a 0,773,

Finalmente, ha a area constitufda por seis estados do'Centro-Sui do pafs que, juntamente com 0 DistritoFederal, apresenta elevado nfvel de desenvolvimento huma-no (IDH superior a 0,778),

Na media, portanto, ° Brasil esta situ ado entre ospafses de nfvel intermediario de desenvolvimento huma-no, Como vimos no capitulo 1, figura em 72': lugar no

mundo, com IDH de 0,775. Os primeiros c1assificadossac: Noruega (0,956), Australia (0,946), Canada (0,943),Suecia (0,946) e Belgica (0,942). Na America Latina, emordem, Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica, Mexico,Panama e Venezuela est,1o a frente do Brasil.

Considerando-se a c1assificac;ao por regi,1o adminis-trativa do Brasil, os valores do IDH referentes as regi6esSui (0,808), Sudeste (0,791) e Centro-Oeste (0,792) sacmuito aproximados, mas muito superiores aos estados doNorte (0,725), que, por sua vez, est,1o bastante distantesdo fndice nordestino (0,675).

Observa-se, portanto, que essa c1assificaC;,1odistin-gue com maior c1areza a escala de diferenciac;ao regionalno pais, Assim, muitos analistas ja falaram em "tres Bra-sis", superando uma conhecida c1assificaC;,1ode algunsanos atras, que considerava "dois Brasis". Antes conheci-do por Belindia (nome formado de Belgica e india), hoje 0

pais apresenta um perfil que se afasta dos do is extremosanteriores, apresentando um bloco intermediario,

,.;:A estrutura.~

. 'i1 centro-periferiaAs analises economlcas da estruturaC;,1o regional

demonstram que 0 espac;o geogrMico brasileiro estaorganizado segundo um modelo centro-periferia, carac-terfstico d~ fase atual do sistema capitalista.

o centro e formado pelas duas metr6poles globais -S,1oPaulo e Rio de Janeiro -, cada qual com suas respec-tivas areas metropolitanas e adjacencias, bem como pelafaixa que une essas metr6poles - 0 vale do rio Pararba doSui, sobre 0 qual passa a rodovia Presidente Dutra (foto dapagina seguinte). Esse espac;o, altamente industrializado eurbanizado, .configura uma megal6pole, que comec;a naDepress,1o Periferica Paulista, nas cidades de Limeira,Americana e Piracicaba (mapa da pagina seguinte). Ao lon-go desse eixo, est,1o localizadas as sedes das grandes em-presas - nacionais (privadas e estatais) e transnacionais -,os grandes bancos, as maiores bolsas de valores, servic;osmedicos especializados, as maiores universidades do pafs.

A periferia e constituida de diversas areas, cada qualcom suas caracterfsticas e suas paisagens, mas todas liga·das por lac;os de dependencia economica, politica e cul-tural com Sao Paulo e Rio de Janeiro. A maior parte das 'relac;oes das areas perifericas com 0 centro e feita porintermedin das atividades industria is, do comercio e dosservi<;:osexistentes nas metr6poles nacionais.

Observa-se, portanto, que apesar do processo dedesconcentra<;:,1o economica, particularmente do setor

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Ao acompanhar 0 vale do Paraiba e unir Sao Paulo ao Rio de Janeiro, a Via Dutraconstitui 0 eixo da megal6pole brasileira. Na foto, trecho da rodovia em Ca~apava (SP).

industrial, a organizac;ao do espac;obrasileiro e comanda-da par um centro, estruturado a partir de Sao Paulo. quetem a mais completa estrutura produtiva de todo 0 terri-

torio nacional, au seja. modernos e desenvolvidos setoresagropecuario, industrial e de servic;os.

Essa estrutura e comandada pelo grande capitalmonopolista. representado par grandes empresas e conglo-merados e a unico com condic;oesde articular as segmen-tos produtivos regionais. direcionando as investimentos nasregioes perifericas segundo seus interesses. Assim. pode-mas observar que a atual divisao inter-regional do trabalhoe basicamente a mesma desde meados do seculo xx.

o processo de desconcentrac;ao pouco alterou essadivisao. pais as economias perifericas tiveram de se adapctar aos interesses da regiao mais industrializada. especia-lizando-se em produzir aquilo que e necessario para amodern a estrutura produtiva do Sudeste. Essa e justa-mente a caracteristica que faz do territorio brasileiro umespac;o articulado. com as economias regionais muitomais voltadas para as trocas internas do que para a mer-cado internacional. No entanto. essasituac;ao comec;ou amudar a partir de 2002, com a retomada mais intensa dasexportac;oes. Com isso, a dinamica da economia passou aapresentar um novo perfil. com um numero cada vezmaior de setores voltados para a mercado internacional.

@ Melr6poles globais

• Cidades com industrias variadas

• Partos importantes

- Rodovia

Io++++t Ferrovia

Industrias

~ Siderurgica

t:, Petroquimica

• Automobilfstica~ Aeronautica e de armamentos

\D Naval

Q Usina nuclear

ESCALA40 80 km

! ,

1 cm-40km