apicultura em regioes tropicais

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    Fundao Agromisa, Wageningen, 2004.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida qual-quer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou em microfilme, ou por quaisquer outrosmeios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

    Primeira edio em potugus: 1996Segunda edio em potugus: 2004

    Autor: P. SegerenEditores: V. Mulder, J. Beetsma, R. SommeijerDesign grfico: Janneke ReijndersImpresso por: Digigrafi, Wageningen, Pas Baixos

    ISBN: 90-77073-77-9NUGI: 835

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    Prefcio 3

    Prefcio

    Para o homem, a criao de abelhas pode ser um passatempo interes-

    sante, uma forma de ganhar algum dinheiro ou ainda um modo devida. Indicamos neste livrete os mtodos a seguir para trabalhar com aabelha melfera do Oeste (Apis mellifera). Para alm disso, encon-tram-se, no final do mesmo, informaes sobre a abelha melfera deLeste (Apis cerana). Os dados so provenientes de diversas partes domundo.Embora os princpios da apicultura sejam globalmente idnticos emtodo o mundo, contudo necessrio ter em linha de conta a espcie

    das abelhas, a raa, o clima e a vegetao. pessoa que tenciona iniciar-se na apicultura, aconselha-se trabalhardurante pelo menos um ano com um apicultor experimentado. Comefeito, os segredos da profisso s se aprendem com a prtica.O Ministrio da Agricultura e das Florestas pode fornecer informaese, em muitos casos, este ministrio possui um departamento reservado apicultura que organiza demonstraes e cursos, prope a sua fre-quncia e fornece igualmente, em certos casos, colnias de abelhas.Se desejar promover a cultura das abelhas na sua regio, tome semprecomo ponto de partida o mtodo local e actual e tente progressivamen-te melhor-lo em vez de se lanar directamente na introduo de ummtodo completamente novo.

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    A apicultura nas regies tropicais4

    ndice

    1 A importncia da apicultura 6

    1.1 O mel 61.2 A cera 61.3 O plen 71.4 A polinizao 7

    2 Espcies e raas de abelhas 8

    3 A composio da colnia 10

    3.1 A rainha 103.2 As operrias 113.3 Os zngos 14

    4 A vida quotidiana numa colnia 154.1 O enxame 154.2 O ciclo de desenvolvimento da abelha 154.3 O desenvolvimento da colnia 164.4 A enxameao 174.5 O abandono da colmeia (absconding) 194.6 A substituio silenciosa da rainha 20

    5 A prtica da apicultura 225.1 Alguns princpios do mundo das abelhas 225.2 Lidar com as abelhas 235.3 As colmeias 245.4 Colmeias de quadros mveis (construo desmontvel) 265.5 As colmeias de quadros 295.6 Outras necessidades 365.7 A preparao da colmeia 425.8 A instalao do apirio 44

    6 A primeira poca 48

    6.1 A captura de um enxame 48

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    ndice 5

    6.2 A gesto 506.3 A inspeco 506.4 A alimentao 516.5 Medidas a tomar durante o crescimento da colnia 53

    7 Os preparativos para a colheita de mel 577.1 Uma inspeco rigorosa 577.2 A ampliao das colnias 597.3 Da apicultura nmada/transumante 627.4 A enxameao 63

    8 A colheita do mel 68

    8.1 A extraco dos favos de mel 688.2 A extraco do mel 708.3 A conservao do mel 75

    9 O tratamento da cera 769.1 O mtodo do coador 769.2 O cerificador solar (tambm recipiente para destapar) 77

    10 A colheita de plen 79

    11 Doenas e pragas 8011.1 Doenas 8011.2As pragas 82

    12 A abelha melfera do leste (a. Cerana) 89

    Anexo 1: Medidas e dimenses 91

    Anexo 2: Aplicaes de cera de abelha 92

    Leitura recomendada 93

    Endereos teis 94

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    A apicultura nas regies tropicais6

    1 A importncia da apicultura

    1.1 O mel

    O mel um alimento aconselhado para as crianas, para os doentes epessoas que efectuam trabalhos fsicos esforados porque constitu-do, na sua maior parte, de acar facilmente assimilvel pelo homem(80%).? O mel pode ser usado para adoar bebidas e comida.? O mel pode ser usado para tratar feridas superficiais e as irritaes

    da garganta.?

    Devido ao seu carcter nutriente, estimulante e medicinal, o melpossui um alto valor econmico e, portanto, apresenta-se como umbom produto comercial.

    ? Um apicultor experimentado pode tratar de uma centena de colni-as. Isto quer dizer que o apicultor deve, durante alguns perodos doano (preveno da enxameao, extraco do mel, alimentao dascolnias), fazer da manuteno das suas colmeias uma tarefa diria.O tempo que lhe resta pode ento ser empregue noutras actividades.

    Se a apicultura for uma actividade familiar, torna-se ento possvelmanter um maior nmero de colnias. A produo de mel dependemuito do clima e da vegetao.

    Quadro 1: A produo mdia (em kg) da abelha melfera do Oes-

    te, por ano e por colmeia, a seguinte:

    Continente A produo mdia Continente A produo mdia

    Ocenia 35 CEI 11Amrica do Norte 26 Europa 9

    Amrica Central, do Sul 25 frica 6

    sia (excepto CEI) 12

    1.2 A cera? utilizada no fabrico de produtos cosmticos, velas, folhas de cera

    moldada, produtos farmacuticos, graxas, etc. O mercado da cera muito estvel e bom.

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    A importncia da apicultura 7

    ? A produo de cera varia, conforme a colmeia, de 0,2 a 0,5 kg seforem utilizados pequenos quadros e de 0,5 a 2 kg quando o mel

    prensado e todos os favos so dissolvidos.

    1.3 O plenO plen apanhado pelas abelhas pode ser recolhido atravs de um sis-tema muito simples. Uma colnia de abelhas colhe 100 a 200 g de p-len por dia, 30 a 50 kg por ano. Naturalmente, apenas se poder reteruma parte da colheita para no retardar muito o desenvolvimento dacolnia.O plen pode conter at 35% de protenas. Pode ser consumido seco

    ou misturado com outro alimento. O plen muito utilizado na inds-tria dos perfumes e ainda, nos nossos dias, para o consumo.

    1.4 A polinizaoA principal importncia da apicultura reside na polinizao das plantashortcolas e de cultura extensiva.As abelhas mantm-se fiis a uma flor. Quando uma abelha encontrouflores de uma dada espcie vegetal, chama as suas companheiras deninho para visitarem essa fonte de alimento. Esgotada essa espcie, asabelhas procuram ento uma outra espcie. No desempenho desta fun-o, as abelhas so muito importantes para as plantas que necessitamde uma polinizao cruzada. Quando, durante a florao, um nmerosuficiente de colnias se encontra nos arredores de uma espcie vege-tal, no s o rendimento ser maior como melhor ser a qualidade dosfrutos.

    A vantagem da polinizao atravs das abelhas foi demonstrada para:o abacate a ameixa a amndoa a bagao caf o caju a cereja os citrinoso coco a colza o damasco o feijoo girassol a goiaba a lechia a maa manga o maracuj o melo a mostardaa pra o pssego o piretro o ssamoo trevo

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    2 Espcies e raas de abelhas

    De entre as espcies mais conhecidas, a abelha melfera do Oeste

    (Apis mellifera) e a abelha melfera de Leste (Apis cerana) so as ni-cas que apresentam interesse econmico. Dentro da espcieA. mellife-ra, distinguem-se vrias raas. A abelha melfera italiana (A. melliferaligustica) exportada de Itlia para pases da Europa Ocidental, para aAmrica do Norte, Central e do Sul, Madagscar, Nova-Zelndia eAustrlia. Na frica do Norte, trabalha-se com a A.mellifera intermis-sa e a Sul do Saar com A. mellifera adansonii (a abelha Africana). Aabelha Afro-Brasileira, resultado de um cruzamento entre a abelha

    Africana e as raas melferas europeias outrora importadas, propagou-se em toda a Amrica do Sul e continua a sua evoluo para Norte(atingiu a Costa-Rica em 1983). Este cruzamento muito agressivo.

    Encontra-se Apis mellifera meda no Prximo OrienteDentro da espcie Apis cerana distinguem-se igualmente vrias raasconhecidas.Apis cerana indica na ndia e no Sri Lanka; no JapoApiscerana cerana eApis cerana sinensis na China.H todo o interesse em saber queA. mellifera adansonii e sobretudo amaior parte das raas deApis cerana tm um tamanho inferior Apismellifera ligustica. A literatura europeia diz respeito s raas europei-as; a literatura da frica do Norte Apis mellifera intermissa; a maior

    parte da literatura africana refere-se todavia A. mellifera adansonii.A literatura da sia de Leste dedica-se Apis cerana.

    por isso que na leitura das descries das colmeias, da cera moldada(dimenso da clula), das redes para excluso de rainhas (dimensodas fendas) e da largura dos intervalos entre os favos, preciso ter emconsiderao a espcie e a raa a que esses dados se referem (ver ocaptulo 12 para as adaptaes).

    Para alm destas espcies e raas de abelhas, extrai-se (furta-se) emgrande quantidade mel de abelhas que vivem em estado selvagem

    como a abelha da Floresta-Virgem (A. dorsata), a abelha An (A. flo-

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    Espcies e raas de abelhas 9

    rea) por exemplo na Indonsia, na ndia e no Sri Lanka e de abelhassem ferro (espcies Melipona e Trigona) sobretudo na Amrica doSul. As abelhas sem ferro podem perfeitamente ser criadas em caixi-nhas de madeira ou em potes de argila. Produzem um a dois litros de

    mel por ano.

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    3 A composio da colnia

    Numa colnia, existem duas castas femininas (a da rainha e a da ope-

    rria) e uma casta masculina (a do zngo) (figura 1).

    Figura 1: Rainha (A), operria (B) e zngo (C).

    3.1 A rainhaReconhece-se a rainha pelo seu longo abdmen que ultrapassa em lar-

    ga medida as asas quando estas esto em repouso. O trax maior queo da operria. A cabea redonda na frente. Cada colnia possui umanica rainha. Se surgir uma segunda rainha, trava-se um combate ques termina com a morte de uma delas, geralmente a mais velha (a maisfraca). Em condies normais, a rainha a nica fmea capaz de provos. Uma boa rainha reprodutora de uma grande colnia pode prdiariamente 1000 a 2000 ovos. Antes da postura, a rainha efectua pri-meiro o seu voo de acasalamento. Assim, alguns dias aps a instalao

    do novo ninho, esta expulsa para fora da colmeia pelas operrias. Noar, acasala com uma dezena de zngos e os espermatozides soacumulados e guardados num saco (espermateca) situado no abdmenda rainha.A partir do momento em que se encontram espermatozides na esper-mateca (no caso de acasalamentos conseguidos isto pode ocorrer du-rante 3-5 anos), a rainha capaz de pr ovos fecundados. Quando arainha pe nas grandes clulas hexagonais dos zngos, nenhum es-

    permatozide libertado da espermateca, de forma que o ovo no

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    A composio da colnia 11

    fecundado. A rainha inicia a sua postura alguns dias aps o voo deacasalamento. Como a produo de ovos mais abundante nos pri-meiros anos da existncia da rainha, o apicultor trabalha preferencial-mente com rainhas de um a dois anos de idade.

    Os ovos fecundados so postos nas pequenas clulas hexagonais e ho-rizontais das operrias bem como nas clulas reais redondas e penden-tes (figura 2).A rainha no procura a sua pr-

    pria alimentao mas alimen-tada essencialmente por umalimento especial segregado

    pelas glndulas alimentares das

    operrias. A rainha tem um fer-ro grosso e curvo, desprovidode gancho, com o qual podematar as outras rainhas.

    3.2 As operriasUma grande colnia pode ser constituda por mais de 50 000 operri-as. Estas possuem uma cabea triangular. A ponta das suas asas toca,quando em repouso, a extremidade do seu abdmen. As patas posteri-ores apresentam pelos compridos que servem de corbelhas. Quando,durante a visita flor, o corpo da abelha est completamente cobertode plen, este armazenado nas corbelhas por meio de escovas situa-das nas patas e depois transportado.As forrageadoras despejam elas prprias as suas corbelhas nos alvo-los do favo que rodeiam as clulas da criao.

    As partes dobradas da boca formam um tubo atravs do qual o nctarextrado das flores pode ser aspirado. As abelhas transportam o nctarno estmago de mel ou papo e entregam depois o contedo desta aoutra abelha da colmeia. Depois de passar de uma abelha para outra, onctar acaba por ser introduzido num alvolo do favo. Durante estaoperao, a gua do nctar evapora-se e so acrescentadas enzimas

    que transformam os acares compostos em acares simples e facil-

    Figura 2: Clulas reais. A: clula

    real, B: clula normal

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    mente assimilveis (glicose e frutose). Quando o mel est maduro, aclula selada com uma tampa (mel operculado).

    As operrias esto munidas de um ferro direito e fino; este ferro

    compreende duas agulhas (lancetas) fixadas a um estilete e dotadas, nasua extremidade, de ganchos. O veneno da abelha produzido por du-as glndulas situadas no abdmen e armazenado no reservatrio doveneno. Durante a picada, o veneno percorre o ferro para ser injecta-do na vtima. Quando uma abelha pica um animal de sangue quente(como o caso do homem), o ferro no pode ser retirado devido aosseus ganchos. O dispositivo do ferro separa-se ento do reservatriode veneno.

    Devido aos danos causados no abdmen, a abelha no tardar a mor-rer. Se for picado, trate primeiro de matar a abelha agressora pois aatitude desta pode atrair outras abelhas que seguiro o exemplo da

    primeira. Dever-se- em seguida retirar o ferro raspando a pele coma unha ou ainda com um objecto cortante, sem nunca tentar remover oferro puxando-o com o polegar e o indicador. Desta forma, proteger-se- contra uma maior penetrao do veneno.

    As jovens abelhas de casa trabalham na sua colmeia. Segundo asnecessidades da colnia, estas efectuam as tarefas seguintes:? Limpeza das clulas e expulso de partculas de cera e de abelhas

    mortas para fora da colmeia.? Alimentao da rainha, dos zngos e das larvas. Esta alimentao

    compe-se de uma parte de nctar e outra de suco nutritivo. Esteproduto, muito rico em protenas, fabricado pelas glndulas ali-mentadoras ou mamrias das operrias. As abelhas-amas s podem

    produzir este suco se houver quantidade suficiente de plen acumu-lado no favo. A rainha precisa das protenas para a produo deovos, enquanto que os zngos precisam dele para a produo deespermatozides. Protenas e acar so indispensveis para a pas-sagem do estdio de larva ao estdio de adulta. Em 6 dias, o peso deuma larva multiplica-se por 1 500.

    ? Guarda da colmeia na entrada.

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    ? Manuteno da temperatura da criao (35 C). O calor produzidopelo tremor dos msculos do peito.

    ? Produo da cera, construo dos favos e selagem das clulas demel e de criao. A cera segregada pelas glndulas cerferas e em

    seguida exsudada por 8 plaquetas abdominais situadas por baixo doabdmen. Na superfcie destas plaquetas, a cera coagula formandoescamas transparentes que so depois destacadas pelas patas e emseguida mastigadas.

    ? Converso do nctar em mel maduro.

    Aps aproximadamente 3 semanas de tarefas de casa, a jovem abe-lha vai orientar-se nas proximidades. Assim, a forrageadora faz o re-

    conhecimento de diversas coisas, como uma rvore, uma moita, umacasa, etc., o que lhe permitir doravante encontrar sempre a sua habi-tao. O apicultor afirma ento que a abelha est doravante orientada

    para a sua colmeia. As forrageadoras podem circular numa regio comum raio de aproximadamente 3 km.

    O que, na prtica, significa que:? No se deve deslocar uma colmeia de qualquer maneira. Aps um

    voo, as forrageadoras voltariam de qualquer forma ao local anterior.Se a colnia tiver de ser deslocada numa distncia curta, deve mo-v-la de meio metro em meio metro, com um intervalo de algunsdias entre cada deslocao. Se no conseguir atingir o seu objectivodesta forma, a colmeia deve ser instalada fora da zona de voo du-rante 3 semanas e a uma distncia de 5 a 6 km para que se esqueado local anterior. Depois disto, a colnia pode ser instalada num s-tio qualquer da regio primitiva.

    ? Nunca se deve mudar o que quer que seja na colmeia ou nas proxi-midades durante o perodo de voo de acasalamento da rainha, poisesta orienta-se em relao colmeia e s proximidades durante asua sada.

    ? Um enxame orienta-se em relao sua nova habitao. Quandoum enxame perde a sua rainha, as abelhas voltam para o local ante-rior.

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    So as prprias abelhas que procuram (exploradoras) ou encontram,graas s indicaes de outras forrageadoras (atravs da dana dasabelhas), as fontes de alimentao: plantas que produzem nctar e/ou

    plen. muito importante que as abelhas, juntamente com os alimen-

    tos, possam abastecer-se de gua (nomeadamente para regular a tem-peratura no interior da colmeia). Se as abelhas no puderem abastecer-se em gua, devem ser instalados bebedouros. Colocam-se pedras den-tro destes para evitar o afogamento das abelhas.As abelhas colhem a prpole nos rebentos e utilizam-na para taparfendas da sua colmeia ou ento misturam-na com cera para soldar osfavos. A prpole uma substncia muita pegajosa.

    As funes das operrias acima descritas no dependem obrigatoria-mente da sua idade. Se retirssemos, por exemplo, as jovens abelhasde uma colnia, as forrageadoras substitu-las-iam e vice-versa.O perodo de vida das operrias est ligado sua actividade. Quandouma colnia muito activa, as operrias atingem aproximadamente aidade de seis semanas. Durante o perodo de repouso (o Inverno, aestao das chuvas) este perodo multiplica-se (at seis meses).

    3.3 Os zngosReconhecem-se facilmente pela sua constituio mais robusta. Somais largos do que as operrias mas menos compridos do que a rai-nha; o seu abdmen truncado. Os olhos tocam-se no cimo da cabea.

    No possuem ferro. Como so incapazes de se alimentarem sozinhos,so as operrias, portanto, que lhes do de comer. A sua nica funoconsiste em acasalar com uma jovem rainha. Morrem logo aps a co-

    pulao pois o abdmen danificado quando o rgo reprodutor sesepara. Quando a fome assola, os zngos deixam de ser alimentadose, passado algum tempo, so expulsos do ninho.

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    A vida quotidiana numa colnia 15

    4 A vida quotidiana numa colnia

    4.1 O enxame

    J toda a gente viu um enxame. Vamos agora observ-lo de mais pertoe acompanh-lo.Algumas abelhas do enxame em forma de cacho, as explorado-ras/patrulhas, partem procura de uma nova habitao. Se descobri-rem, por exemplo, a sua colmeia e se para alm disso a apreciarem, asua localizao comunicada s abelhas do enxame atravs da danadas abelhas.

    No havendo outros alojamentos atraentes, o enxame instala-se na suacolmeia. As operrias comeam a construir novos favos ou ento lim-pam e consertam os favos eventualmente existentes. Se se tratar de umenxame com uma rainha poedeira ou uma jovem rainha de enxamenupcial, os primeiros ovos sero postos nos dias seguintes. Se a rainhafor virgem, dever primeiro efectuar o seu voo de acasalamento.

    4.2 O ciclo de desenvolvimento da abelhaA sada da larva do ovo d-se aps trs dias; o estdio de larva duraaproximadamente seis dias. Durante os primeiros cinco dias, as larvasrecebem nas clulas abertas pequenas pores de alimento por partedas abelhas-amas. Em seguida, a criao selada com uma tampa decera porosa e passa a designar-se de criao selada. A larva tece umcasulo, d-se a excreo e passa do estdio de larva ao de ninfa. O es-tdio selado da criao de operria dura cerca de doze dias. Depois

    disto, a abelha sada da ninfa ri a tampa de cera e aparece no favo.Reconhece-se facilmente as abelhas muito jovens pela sua cor cinzen-to-claro.

    O ciclo de desenvolvimento mais longo para os zngos pois man-tm-se quinze dias nas clulas seladas. Em contrapartida, as jovensrainhas esto prontas a aparecer aps sete dias. O apicultor deve, por-tanto, sobretudo saber que aps ter tornado uma colmeia rf, pode vir

    a ter uma jovem rainha dali a mais ou menos treze dias.

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    A apicultura nas regies tropicais16

    Quadro 2: Vista de conjunto sobre o ciclo mdio de desenvolvi-

    mento em dias.

    ovo criao aberta criao selada total

    operria 3 5 12 20*

    zngo 3 6 15 24*

    rainha 3 5 7 15

    *Para A. mellifera adansonii, o ciclo de desenvolvimento mais curto de um a dois dias.

    4.3 O desenvolvimento da colniaSe a rainha estiver em boa forma e se as condies nectarferas da re-gio forem propcias (grande quantidade de plantas melferas em flor,

    bom tempo), o ninho cresce rapidamente, sobretudo se a colnia forgrande. A rainha inicia geralmente a sua postura no favo central, apso que o ninho alastra para os favos da direita e da esquerda em relaoao centro. Se se examinar, passados nove dias, o favo central, v-seento a criao selada no centro e, do interior para o exterior, sucessi-vamente, as larvas mais velhas, as jovens e os ovos. Da mesma forma,verifica-se essa construo para a esquerda e para a direita do centro.

    Se colocssemos todos os quadros de criao lado a lado, o ninho teriaento a forma de um globo achatado. No centro, portanto, os favoscom uma grande rea de criao e, gradualmente, os favos lateraiscom reas mais reduzidas (figura 3).

    Logo que as clulas de criao selada do centro so libertadas, as abe-lhas mais jovens limpam-nas e imediatamente a seguir a rainha depo-sita os ovos da nova postura.

    Encontram-se volta da criao algumas filas de alvolos cheias deplen. Queremos com isto dizer que os favos que se situam direita e esquerda da criao podem por vezes estar cheios, em grande parte,do plen que consumido pelas jovens abelhas. As clulas vazias fu-turas destinam-se quer postura da rainha quer ao armazenamento de

    plen. Quando introduzido demasiado plen, tornando assim reduzi-do o espao para a criao, dever-se- ento intercalar um favo vazioentre o quadro de plen e a criao; de outra forma, seria travada a

    postura reprodutora da rainha. O nctar armazenado nas clulas que

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    A vida quotidiana numa colnia 17

    rodeiam a faixa de plen, sobretudo por cima da criao e do plen e,se o nmero de quadros aumentar, esquerda e direita do ninho decriao. No caso de forte produo nectarfera, preciso ter em contaque o espao no ninho torna-se muito reduzido, sendo necessrio um

    aumento do mesmo intercalando um ou dois quadros vazios no ninhoou colocando uma cmara de quadros vazios por baixo dele.

    Figura 3: A: Quadro de criao durante trs perodos sucessivos

    da poca; B: Quadro de criao numa colmeia de trave superio-

    res.

    4.4 A enxameaoMuito antes de atingir o tamanho mximo, a colnia pode, na presenada rainha velha, criar novas rainhas de forma a dividir a sua populao

    em famlias, possuindo cada uma delas a sua prpria rainha. A propa-gao de uma colnia , portanto, uma propagao social. A uma parteda populao d-se o nome de enxame. A diviso em famlias (a en-xameao) o mtodo normal de reproduo e de ampliao das co-lnias de abelhas.

    No se conhecem exactamente os factores que determinam a prepara-o da enxameao. A escassez de espao no ninho que leva a rainha a

    pr menos, travando assim o desenvolvimento da criao, parece ser

    uma das causas mais importantes.

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    Uma outra interpretao sugere que, numa colnia que se torna cadavez maior, a influncia da rainha sobre as operrias poderia diminuir,

    provocando nelas uma mudana de atitude. Enquanto que numa cma-ra de criao em crescimento aparece primeiro a criao das operrias,

    a criao de zngo aparece, em princpio, antes do perodo de enxa-meao. Os preparativos para a enxameao comeam com a constru-o de cpsulas de enxameao; trata-se neste caso de pequenas c-lulas em forma de tigela cuja abertura est virada para baixo. Estasclulas de enxameao so construdas na sua maior parte na extremi-dade inferior mas tambm nas extremidades anterior e posterior dofavo. A rainha deposita os ovos em alguns desses alvolos. Aps onascimento da futura larva real, as abelhas-amas comeam de novo a

    depositar alimentos nestas clulas; por outro lado, estas clulas sotransformadas em clulas reais. O alimento fornecido larva da clulareal difere do alimento fornecido larva da clula de operria no s

    pela quantidade, que maior, como tambm pela sua composio (ge-leia real). A razo pela qual o ovo fecundado d uma rainha em vez deuma operria est portanto ligada quantidade e composio doalimento.A partir do momento em que a rainha depositou os seus ovos nas pri-meiras clulas, comea logo a receber menos alimentos por parte dasoperrias. A atitude da operria perante a rainha modifica-se radical-mente quando as primeiras clulas de enxameao so seladas.A rainha velha ento forada a abandonar o ninho, acompanhada poruma parte da populao. D-se a enxameao da colmeia.Em princpio, um enxame procura um local de repouso nos arredoresmais prximos da colmeia primitiva. Se as exploradoras no encontra-rem um local ideal para estabelecer o ninho, o enxame emigra.Os enxames que possuem uma jovem rainha efectuam as maiores dis-tncias. Aproximadamente uma semana aps a sada do enxame pri-mrio (com a rainha velha) aparecem as jovens rainhas. No favo, a

    jovem rainha pode produzir um som de trombeta (canto da rainha); asjovens rainhas que ainda no saram do casulo reagem a este sinal,num tom mais baixo: o cacarejar. Poder-se- ouvir estes sons dandouma pancada na colmeia e encostando a orelha contra a parede da

    mesma. o sinal de que j existem jovens rainhas.

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    Podem surgir ento trs situaes:1 A jovem rainha deixa a colmeia com uma parte da populao. Se

    uma outra rainha aparecer neste momento, pode emigrar com omesmo enxame. O enxame ento dividido. Esta diviso d-se

    quando, aps a escolha de um local de repouso, se formam dois ca-chos em vez de um.2 A jovem rainha mata as outras rainhas que se encontram ainda nas

    clulas de enxameao; terminando aqui a enxameao.3 Vrias rainhas aparecem ao mesmo tempo. Aps um combate tra-

    vado no favo, apenas subsiste uma rainha; terminando aqui a enxa-meao.

    O resultado final o seguinte: no interior de uma colmeia (ou de umresto de colnia) apenas sobrevive uma rainha.

    Complicaes: a presena de clulas reais maduras numa colniano implica sempre a enxameao. As clulas de enxameao podemser destrudas pelas abelhas, qualquer que seja o estdio de desenvol-vimento. Por outro lado, a sada do enxame pode ser adiada devido ams condies climatricas.

    4.5 O abandono da colmeia (absconding)Acontece por vezes que uma colnia inteira deixa a sua colmeia,abandonando a cmara de criao. Neste caso, nenhuma clula real construda. D-se por terminada a propagao social.

    As causas possveis so as seguintes:1 Falta de alimento (a massa de abelhas designada indevidamente

    por enxame esfomeado) ou diminuio da produo nectarfera.Apis cerana indica eApis mellifera adansonii emigram para as re-gies situadas entre as montanhas e a plancie procura de novasfontes/plantas melferas.

    2 Uma perturbao demasiado grande da colmeia, causada por exem-plo por formigas, vespas, trmites ou eventualmente o apicultor.

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    4.6 A substituio silenciosa da rainhaAcontece tambm, muitas vezes aps o perodo de enxameao, que arainha velha seja substituda por uma jovem. No se d, ento, a for-mao de enxame. Neste caso, algumas clulas reais (do gnero dasclulas de enxameao) so construdas. Ambas as rainhas, a jovem ea velha, pem os seus ovos em simultneo e em locais diferentes dacolmeia. A dado momento, a rainha velha eliminada pelas operrias.

    A colnia rfQuando a rainha morre (por morte natural ou causada pelo apicultoraquando de uma inspeco da colmeia), a colnia fica ento rf.

    Os sinais da colnia rf so os seguintes:? As abelhas esto agitadas.? No existem ovos.? So construdas clulas de emergncia (clulas reais suplementares)

    sobre clulas de operrias que contm jovens larvas. A clula hexa-gonal arredondada e na face superior surge um pequeno resguar-do. A larva recebe mais alimento (neste caso geleia real) e a clulade operria horizontal alongada por uma parte redonda virada para

    baixo. nestas clulas que crescem as jovens rainhas de clulas deemergncia. Utilizando estas larvas com menos de trs dias de idadee atravs desta mudana no mtodo de tratamento, podem ainda sercriadas rainhas a partir de larvas de operrias.

    Quando uma rainha desaparece durante o seu voo de acasalamento(por exemplo comida por um pssaro), a colmeia encontra-se entosem criao; no podem ser criadas rainhas. A colmeia est desespera-

    damente rf (no existe soluo natural) e a populao morre. Se aorfandade demorar (sem construo de clulas de emergncia) as ope-rrias acabaro por pr. Como estes ovos no so fertilizados, apenasdo zngos. A presena de operrias poedeiras nota-se pelo nmerode ovos por clula (5-10) que so igualmente depositados na parede daclula. As operrias pem muitas vezes nas clulas masculinas maislargas. O oprculo bulboso da clula em relao ao plano do favo (cri-ao convexa) indica a criao de zngos nas clulas de operrias.

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    Medidas a tomar:Se a colnia estiver rf: retirar todas as clulas de emergncia excep-to uma (uma clula real cuja forma e comprimento sejam adequados),ou: retirar todas as clulas de emergncia e instalar em seguida uma

    rainha jovem proveniente de uma outra colnia por meio de uma gaio-la real,ou ainda: reunir a colmeia rf com uma colnia que possua uma rai-nha.

    Se a colnia estiver desesperadamente rf: introduzir um quadro con-tendo criao ou larvas jovens (construo de clulas de emergncia).Se as operrias puserem ovos: sacudir toda a colnia a alguns metros

    da colmeia. As forrageadoras voltaro enquanto que as operrias poe-deiras ficaro para trs. Em seguida, fornecer uma cmara de criao colmeia (construo de clulas de emergncia) ou introduzir uma rai-nha ou ainda reuni-la com uma colnia que possua uma rainha.

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    5 A prtica da apicultura

    5.1 Alguns princpios do mundo das abelhas

    As abelhas constroem os favos de cima para baixo. Negam-se, co-mummente, a colar o favo ao fundo da colmeia ou s paredes inclina-das para dentro.Existe uma distncia fixa entre os favos (intervalo de circulao). Se oespao for mais largo do que o intervalo, este preenchido por favos.Se os favos estiverem a uma distncia inferior ao intervalo, estes socolados uns aos outros. A distncia do centro de um favo ao centro do

    favo seguinte de 37 mm para as raas nrdicas e de 32 mm paraApismellifera adansonii (figura 4).

    Figura 4: Corte transversale de trave superior e favos.

    As abelhas so fiis a uma flor; isto quer dizer que quando uma esp-cie vegetal seleccionada como fonte de nctar, a abelha no a aban-donar at esgotar essa fonte melfera. As abelhas so caseiras. Voltam

    sempre para o local da sua colmeia, ainda que tenha sido deslocadapelo homem.

    As abelhas possuem, perante a sua colnia, um cheiro de ninho carac-terstico, de tal forma que so rejeitadas pelas outras colmeias (a noser que tragam consigo nctar).

    Tenha sempre em mente estes cinco princpios quando trabalhar com

    as abelhas.

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    5.2 Lidar com as abelhasO apicultor deve saber que as abelhas reagem fortemente aos odorescaractersticos como os da transpirao, do lcool, do sabo ou do per-fume. So de evitar, portanto, estes odores fortes quando for ter comas abelhas, bem como a guarda de animais domsticos nas imediaesdo apirio.As abelhas enredam-se nos cabelos bem como nas roupas de l; acon-selha-se, por isso, a cobrir a cabea e usar apenas roupas feitas de te-cido liso. Se as abelhas forem agressivas, dirigem-se em primeiro lu-gar para objectos de cor escura. Vista-se o mais possvel de branco; dequalquer forma, combinar melhor com o calor.

    Quando for visitar as colmeias, leve sempre consigo uma forma defazer fumo. Sobretudo para as espcies de abelhas muito agressivas,por exemplo na frica e na Amrica do Sul, faa primeiro uma fumi-gao pela entrada. Em seguida, levante um pouco o tecto, deite um

    pouco de fumo no interior e volte a fechar a colmeia por um instante(um minuto). Aconselha-se a ter sempre consigo recargas para o fumi-gador (consultar Outras necessidades).Certas espcies de abelhas ficam muito perturbadas quando objectos

    causadores de tremores, em particular as mquinas, se encontram porperto. Afaste-se deles escolhendo judiciosamente a localizao do seuapirio. A sacha da erva ou de ervas daninhas com uma enxada ou foi-ce pode tambm irritar terrivelmente a abelha (consultar igualmente ocaptulo: a instalao do apirio).Execute movimentos calmos. As abelhas reagem muito aos movimen-tos rpidos. Se se for picado, primeiro reintroduz-se o quadro na col-meia antes de se preocupar com a picada. de evitar qualquer choque

    contra a colmeia.

    Se for picado, mate primeiro a abelha; depois retire o ferro raspandoa pele com a unha ou um objecto cortante. No incio da actividadeapcola, as picadas causam inchaos. Com as picadas sucessivas, estareaco diminui. Se se produzirem reaces mais violentas (transpira-o, vertigem), aconselhamo-lo a interromper a actividade apcola (fe-lizmente, s muito raramente estes sintomas acontecem).

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    5.3 As colmeias

    As colmeias tradicionaisSo constitudas por um tronco de rvore oco, uma caixa de madeira,

    um pote em terracota ou um tonel de metal. As abelhas preenchem oespao disponvel com favos de cima para baixo. impossvel inspec-cionar os favos j que os mesmos se encontram colados ao lado supe-rior e s paredes laterais da colmeia. O mel s pode ser extrado quan-do for retirada uma parede da colmeia para depois destruir ou cortar osfavos.

    Vantagens dos tipos tradicionais:? Baratas e fceis de fazer.? Poucas perturbaes provocadas por formigas, ratos, etc., porque

    em princpio as colmeias esto suspensas numa rvore.

    Desvantagens:? No se pode inspeccionar o interior da colmeia.? Aquando do corte dos favos, aqueles que contiverem criao no

    podem ser reinseridos e, portanto, perdem-se.

    Figura 5: Colmeias tradicionais de fundo mvel.

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    Uma verso melhorada consiste num tronco de rvore oco dotado deum fundo mvel, o que torna assim possvel uma inspeco da col-meia por baixo (figura 5).

    Desta forma, possvel destruir apenas os favos que contenham mel.Deixa-se ficar os favos de criao; a colmeia constri novos favos e ocrescimento da populao prossegue. Princpio idntico aplicado aomodelo de caixa do Qunia (figura 6).

    Figura 6: Colmeia modelo de caixa (Qunia). A: Entrada da col-

    meia.

    Figura 7: a: Colmeia feita com um barril de petrleo.

    b: Isolada contra o calor.

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    Podem ser utilizados para o mesmo fim bides de petrleo, sendo umdos lados serrado. Esses bides so protegidos contra o calor intensoou o arrefecimento quando envoltos em palha ou em material similar(figura 7).

    5.4 Colmeias de quadros mveis (construodesmontvel)

    A colmeia de traves superiores (Top-bar hive):Este tipo de colmeia utilizado no Qunia e representa a passagem dacolmeia de tipo tradicional para a colmeia de tipo moderno (figura 8).Esta caixa, em forma de bebedouro, compe-se de paredes laterais

    inclinadas (formando um ngulo de 115 com o fundo) e coberta depequenas traves de determinada largura.

    Figura 8: Colmeia de traves superiores (Qunia). A: tampa.

    Em vez das traves planas, pode-se utilizar paus arredondados, desdeque o intervalo de um para o outro seja regular. A utilizao de travesunidas vantajosa pois, durante a inspeco de uma parte dos favos, arestante colmeia permanece fechada e no sofre perturbaes. cons-

    trudo um favo sobre cada trave, sobretudo se ajudarmos as abelhas

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    derretendo alguns centmetros de favo na parte inferior das traves, ouainda mergulhando o lado inferior da trave em cera lquida. O factonotvel neste tipo de colmeia que as abelhas no colam o favo s

    partes laterais; o intervalo fica livre.

    Figura 9: Plano de uma colmeia de traves superiores (medidas-

    adansonii). A: trave superior; B: parede posterior; C: fundo;

    D: parede lateral; E: parede anterior

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    Nos pases onde se trabalha com as abelhas adansonii, as traves devemter uma largura de 32 mm; sob cada uma delas, passa precisamente umfavo (figura 4); nos outros pases, a sua largura deve ser de 35 mm.Quando se trabalha com paus arredondados, estes devem situar-se (de

    centro a centro) a um intervalo de 32 mm ou 35 mm entre cada um,conforme o pas. Se desejar determinar esta dimenso para as abelhasda sua regio, pode faz-lo tirando a medida em colnias que estabe-leceram o seu ninho numa rvore oca.

    Construo (figura 9)

    Como material, pode-se utilizar toda a espcie de madeira, a mais bemaplainada possvel. A madeira de cipreste e de cedro muito apropria-

    da. Deve ser bem tratada de forma a no ter tendncia a empenar.A colmeia constituda por um fundo, duas paredes laterais, uma pa-rede anterior e outra posterior (para as medidas consultar figura 9). Ofundo pode ser um pouco mais largo do que a cota indicada no dese-nho. A parte saliente pode ento servir de placa para levantar voo (pis-ta de aterragem) para as forrageadoras. Na parte inferior da parede dafrente, fazem-se dois entalhes de 1 15 cm.O tecto pode ser fabricado num material qualquer desde que protejacontra a luz, o sol e a chuva. O lado inferior das traves deve ser aplai-nado em forma de v. muito importante que as traves tenham a lar-gura exacta ou, caso se utilizem paus, que estes sejam colocados a umintervalo regular uns dos outros por meio, por exemplo, de pregos oude traves metlicas. O comprimento de 48 cm.A colmeia pode ser suspensa entre duas rvores ou postes por meio dearame bem slido, o que permite mant-la ao abrigo das formigas, dastrmites e de outros inimigos. Finalmente, a colmeia deve ser pintadade branco, podendo ser eventualmente tratada a madeira exterior comum produto de conservao (sem insecticida).

    As vantagens de uma colmeia de traves em relao s colmeias tradi-cionais so:? Os favos podem ser retirados da colmeia; desta forma, pode-se con-

    trolar o desenvolvimento da populao.

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    ? Os favos de mel podem ser retirados sem que a criao seja danifi-cada; a colnia prossegue o seu desenvolvimento sem perturbao.

    ? A qualidade do mel superior porque a criao fica afastada da co-lheita.

    ? Podem ser utilizadas duas placas perfuradas para isolamento de rai-nhas para separar os favos de criao dos favos de mel ( esquerda e direita).Uma grade para isolamento de rainhas uma placa provida de fen-das de determinada largura atravs das quais as operrias podemcircular mas no a rainha. Desta forma, temos favos de mel conten-do algum plen mas nunca criao.

    As vantagens para os favos desta colmeia em relao colmeia dequadros so:? Fabrica-se com pouco material (logo, barata).? Quando os favos so utilizados uma nica vez, a cera bruta deve

    ser minimamente purificada. A produo de cera , portanto, maior.? No utilizado um extractor de mel, sendo os favos prensados.

    5.5 As colmeias de quadrosExistem vrios tipos de colmeias, por exemplo WBC, Langstroth, Da-dant, Simplexruche, etc.. Mas no propomos um estudo pormenoriza-do de cada um destes modelos. Com base na colmeia Langstroth e naLong-bar da frica Oriental, explicaremos a construo deste gnerode colmeias. Nestas colmeias, as abelhas constroem os favos a partirde uma folha de cera moldada, fixa em pequenos quadros de madei-ra. A cera moldada uma folha com uma espessura de mais ou menosum mm de cera de abelha, com um formato um pouco inferior ao qua-dro e na qual, por meio de uma prensa, foi impresso o fundo hexago-nal das clulas de operrias, a partir do qual as abelhas constroem decada lado as suas clulas horizontais.

    As vantagens de uma colmeia de pequenos quadros:? Os favos de criao podem ser separados dos favos de mel de forma

    simples.

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    ? Como os favos esto bem fixos aos quadros, torna-se possvel traba-lhar com os favos de forma mais rpida e mais simples. Por outrolado, durante o transporte deste tipo de colmeias, os favos no cor-rem o risco de partirem.

    ? Graas ao sistema dos quadros, pode-se tratar rapidamente o melcom um extractor.? Os favos podem ser utilizados durante vrios anos. uma vantagem

    sobre a colmeia de traves, desde que no esteja interessado na pro-duo de cera, mas principalmente na colheita de mel. Como no in-terior deste tipo de colmeias as abelhas no tm de produzir muitacera, podem gastar toda a sua energia a tratar da criao e a armaze-nar as provises.

    Dois exemplos de colmeias de quadros:1 A colmeia Langstroth (Amrica do Norte, do Sul, frica, Austrlia).2 A colmeia Africana Moderna (Uganda).

    A colmeia LangstrothAs peas mais importantes so as seguintes (figura 10):? Uma cmara de criao com um fundo fixo e uma placa para levan-

    tar voo ou, por cima de um fundo mvel, uma cmara de criaosem fundo. Para a ventilao, pode-se deixar no fundo uma aberturade 15 30 cm, por exemplo, coberta por uma rede de arame. A c-mara de criao contm dez quadros mantidos a intervalos regulares

    pela forma das traves laterais ou por meio de pregos, agrafes.? Uma grade para isolamento de rainhas (no indispensvel).? Um ou vrios armazns de mel contendo nove ou dez quadros; estes

    armazns de mel so colocados sobre a cmara de criao.N.B.: Em vez de um pequeno armazm de mel, pode-se tambmutilizar cmaras de criao para o armazenamento do mel, o que

    permite trabalhar com um nico modelo de quadros e de caixas. Asdesvantagens destas cmaras de mel grandes so:1 necessrio mais tempo para que os quadros estejam selados. Se

    a produo nectarfera for alternada com perodos de penria,uma ala grande no ser muitas vezes selada enquanto que uma

    pequena s-lo- mesmo a tempo.

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    2 2 Uma cmara de criao que contm dez quadros de mel oper-culado torna-se muito difcil de transportar.

    ? necessrio um quadro de viagem para a ventilao durante otransporte.

    ? Uma tampa interna com uma espessura de 0,5 a 1 cm.? Um tecto de madeira, coberto de zinco ou de alumnio (por exemplo

    placas offset). Deve colocar-se bem acima do armazm de mel. Parauma melhor ventilao, pode-se dispor nos cantos do lado interiordo tecto quatro cubos de um cm de espessura, o que facilita a circu-lao do ar por baixo do tecto.

    Figura 10: A colmeia Langstroth.

    Consultar a figura 11 para as medidas da cmara de criao, do arma-

    zm de mel e do fundo. Para a construo das cmaras deve-se basearsempre nas medidas dos quadros: fabrique pois um corpo de colmeiapara dez quadros. Certifique-se de que fica um espao de mais ou me-nos trs mm por baixo dos quadros e um espao de mais ou menosseis mm por cima dos quadros (figura 12). Recorde os princpios daapicultura (ver A preparao da colmeia).

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    Figura 11: Plano da colmeia Langstroth.

    O quadroNa cmara de criao e no armazm de mel, os quadros nos quais ofavo vai ser construdo esto suspensos. Os quadros compem-se de:uma trave superior, duas laterais e uma inferior (figura 14). A travesuperior deve ultrapassar de cada lado das traves laterais, constituindo

    prolongamentos ou suportes que se designam tambm por orelhas.

    O quadro assenta atravs das suas orelhas nos entalhes praticados nasparedes anterior e posterior da cmara de criao e da ala.

    Existem dois sistemas que permitem manter os quadros distnciaapropriada (figura 13):A. Com agrafes. Nas duas orelhas, mas nos lados diferentes dos qua-

    dros, colocado um agrafe, um parafuso ou uma tacha que fica sa-liente 10 mm (para as abelhas adansonii 7 mm).

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    B. Por meio de traves laterais extralargas. Estas saem de cada lado doquadro (largura 25 mm) 5 mm (para a abelha adansonii 3,5 mm).Para evitar que as traves laterais fiquem demasiado juntas, umlado da trave trabalhado de forma enviesada, reduzindo assim ao

    mnimo a superfcie de contacto.

    Figura 12: Corte transversal da cmara de criao da colmeia

    Langstroth.

    Figura 13: Dois sistemas para manter os quadros a uma distncia

    apropriada uns dos outros.

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    Na face interna da trave superior, encontra-se uma ranhura de 2 mmde largura e 4 mm de profundidade. nesta ranhura que fixada acera moldada. Se quisermos centrifugar o mel, fazem-se furos de 2mm de dimetro nas traves laterais. Estes furos so reforados por il-

    hs metlicos que impedem assim o arame de roer a madeira (ver Apreparao da colmeia).

    Figura 14: Medidas de um quadro da cmara de criao da col-

    meia Langstroth.

    Como esses ilhs metlicos assentam apenas nos estreitos rebordos, osquadros s podem ser soldados por a. As abelhas tm por hbito ve-dar qualquer fenda inferior a 5 mm com a prpole. A trave inferiordeve ser colocada a cerca de 1 cm do fundo, para ter em conta o inter-valo (mais ou menos 1 cm). As abelhas utilizam o intervalo para circu-lar entre os pequenos quadros e por baixo destes. Os pequenos qua-

    dros da ala so mais baixos (figura 14).

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    A colmeia Africana ModernaAo contrrio da colmeia Langstroth, este tipo de colmeia no compre-ende a cmara de criao e a ala sobrepostas mas colocadas uma aolado da outra (figura 15).

    Os pequenos quadros so inseridos verticalmente na parte anterior dacolmeia, como no modelo anterior. So encastrados doze quadros querna cmara de criao quer no armazm de mel. As traves laterais des-tes quadros tm uma largura de 32 mm (medidas-adansonii) (figura15).

    A colmeia constituda por um fundo, fixado ou no caixa, uma pa-

    rede anterior dotada, no centro, de uma entrada de 1 30 cm, umagrade para isolamento de rainhas, 4 tbuas de cobertura que cobrem osquadros e, finalmente, um tecto. Para as medidas, consultar a figura15.

    Figura 15: Colmeia Africana Moderna.

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    Para consolidar a colmeia, coloca-se por vezes uma fina parede trans-versal entre a parede anterior e a posterior. A colmeia est montadanum suporte de madeira.Convm ter ao lado de uma colmeia grande uma colmeia pequena de

    reserva contendo 4 a 6 favos. Fabricam-se, por isso, pequenas colmei-as contendo esse nmero de favos.

    5.6 Outras necessidades

    A grade para isolamento de rainhasEsta grade serve para isolar a rainha em determinada parte da colmeia.

    Existem dois modelos: a de buracos (uma placa de zinco ou de plsti-co perfurada) e a grade ou rede de arame (figura 16).

    Figura 16: Grades para isolamento de rainhas.

    A grade para isolamento de rainhas intercalada entre a cmara decriao e o armazm de mel. O dimetro das aberturas deve condizercom o tamanho das abelhas. H uma certa largura que impede a rainhade passar atravs da grade; desta forma, pode ser encerrada na cmarade criao. Para poder armazenar os alimentos o armazm de mel, asoperrias devem poder atravessar a grade sem dificuldade ( por issoque as aberturas oblongas so colocadas paralelamente s traves supe-riores). A rea total de passagem deve ser a maior possvel. A separa-o dos quadros de criao dos quadros de mel simplifica a colheita demel porque no so necessrios cuidados especiais com a eventual

    presena de ovos.

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    O escape de abelhas (porter Bee escape)Figura 17 et figura 18. Colocado numa abertura praticada na tampa, utilizado em colmeias cuja cmara de mel est sobreposta cmara decriao. Quando se coloca esta tampa entre as duas cmaras, as abe-

    lhas s podem efectuar o caminho da cmara de mel para a cmara decriao (e no em sentido contrrio). Desta forma simples se pode li-bertar o armazm de mel das suas abelhas para em seguida extrair omel.

    A cera moldada uma folha de cera de abelha (mais ou menos 1 mm de espessura)cujas faces so impressas com o desenho das clulas.

    As abelhas constroem as paredes das clulas a partir destes desenhos.A utilizao da cera moldada favorece a construo regular do favo.Por outro lado, as abelhas gastam menos energia na produo de cera,

    beneficiando evidentemente a produo de mel.

    Figura 17: Tampa com abertura para o escape de albehas.

    Figura 18: Plano superior e de perfil de um escape de albehas.

    Geralmente, pode-se encomendar a cera moldada a uma cooperativade apicultores ou por vezes ao departamento de apicultura do Minist-

    rio da Agricultura e da Floresta. A cera moldada s necessria para

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    as colmeias de quadros de madeira, no o sendo para as colmeias tra-dicionais e para as colmeias de traves superiores.

    O fumigador

    O fumo um meio que permite repelir as abelhas das traves superio-res; as abelhas refugiam-se na parte inferior da colmeia e empantur-ram-se de mel, o que as torna menos agressivas. Se apenas tiver deinspeccionar algumas colmeias ou se as suas abelhas no forem muitoagressivas, pode muito bem acender um charuto, um cigarro ou umcachimbo. Se tiver de inspeccionar muitas colmeias ou se trabalharcom abelhas Africanas ou Afro-Brasileiras, aconselhamo-lo a utilizaro fumigador, de que existem vrios tipos; podem ser atestados de bos-

    ta de vaca, restos de espigas de milho, fibra de coco, trapos ou pape-lo.

    Para fabricar um fumigador de fole, so necessrios (figura 19):? 2 tabuinhas de 12 20 cm.? uma mola tirada de um sof, de uma cama ou coisa parecida.? um pedao de couro artificial ou de cmara de ar de um carro.? um pedao de tubo metlico de 19 mm de seco.? uma placa de zinco.? pregos.

    ConstruoRecorte uma tira do couro artificial como indicado na figura 19. Fixena tbua 1 a mola com alguns pregos. Na outra tbua, faa um furo de13 mm de dimetro. Fixe o couro artificial na parte lateral da tbua 2 e

    junte depois a outra tbua provida de mola. Para reforar o couro naparte lateral da tbua, aconselhvel guarnec-lo com uma placa dezinco. possvel a qualquer um fabricar o seu depsito de combust-vel com base numa placa de zinco mas tambm se pode partir, porexemplo, de um pedao de caleira. A junta lateral e o fundo so acha-tados. Faz-se um buraco de 19 mm de dimetro a 1 cm do rebordo in-ferior.A 2 cm do fundo, coloca-se uma grelha para impedir o combustvel de

    descer. A tampa fabricada por meio de uma placa de zinco.

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    Figura 19: Fumigador.

    O fole fixo ao depsito com 2 abraadeiras. Nesta fase, necessrioter o cuidado de verificar que o buraco do depsito comunica exacta-mente com o do fole. Para melhor encaminhar o ar para dentro do de-

    psito de combustvel, pode-se, eventualmente, colocar um tubinho de2 a 3 cm no buraco do depsito. No entanto, no convm que este dis-

    positivo toque nas duas partes, pois aquando do enchimento do fole(aps a presso) o ar deve poder afluir rapidamente.

    A tampaPara impedir que muitas abelhas deixem a colmeia durante a inspec-o dos favos e, em simultneo, para proteger a colmeia dos saques,coloque sobre a colmeia coberta um pano de algodo hmido. Certos

    apicultores preferem utilizar dois panos pequenos de forma que os

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    quadros da direita e da esquerda do quadro retirado permaneam co-bertos.

    O pano com fenol

    Em vez de fumigar, pode-se tambm utilizar o vapor de fenol. Esteprocesso usa um pano de algodo humidificado e aspergido com al-gumas gotas de cido fnico. Quando retirar o tecto da colmeia, devecobri-la em simultneo com o pano salpicado de fenol. Geralmente,no necessrio deixar o pano muito tempo em cima dos favos.

    Recortes de pano com salitre (azotato de potassa)So apenas utilizados para as abelhas muito agressivas! O fumo de

    salitre (KNO3) anestesia as abelhas durante um curto perodo de tem-po. Recortes de algodo com medidas de 7 10 cm so mergulhadosnuma soluo composta por duas medidas de gua para uma de cris-tais de salitre e, seguidamente, deixados secar. Tornam-se brancos pelaaco do salitre cristalizado e esto prontos ento a serem metidos nofumigador. muito inflamvel! No utilize demasiado salitre e evitefechar as abelhas durante demasiado tempo pois, em caso de anestesiademorada, estas podero morrer.

    O vuO vu protege a cabea e o pescoodas picadas de abelha (figura 20). Atouca feita de algodo muito finono qual se providencia uma janela detule negra, por exemplo rede demosquiteiro (25 25 cm).Para facilitar a ventilao, utilize-seo mais possvel rede de mosquiteiro.Em vez de uma forma de bon, ima-gine-se um dispositivo que encaixanum chapu de abas largas.Quando se trabalha com abelhasagressivas, um vu sem chapu de abas largas no chega pois as abe-

    lhas podem picar o rosto ou o pescoo atravs do algodo. O vu cai

    Figura 20: O vu.

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    at aos ombros e introduzido dentro da camisa ou do fato-macaco.Deve ser utilizado tule negro para a janela porque se torna bastanteincmodo olhar atravs de tule de cor clara.

    O fato-macacoUsa-se, de preferncia, um fato-macaco branco com fecho-clair.Quando se trabalha com abelhas agressivas, as mangas so ajustadasnos pulsos e as pernas nos tornozelos por meio de um elstico, porexemplo, de um atilho ou de uma fita adesiva. Hoje em dia, encon-tram-se na Amrica fatos-macacos leves para apicultores, feitos emtecido de nylon, nos quais as abelhas no querem picar e que facilitama tarefa por serem menos quentes. Usam-se sapatos altos ou botas.

    As luvasSo de couro macio e cobrem os pulsos. Nesta extremidade, acrescen-ta-se um prolongamento de 20 cm, terminado por um elstico. As lu-vas devem ser limpas regularmente com uma escova e gua pois ocheiro dos ferres existentes no tecido incita as abelhas a picar.

    N.B.: O uso de vu, de fato-macaco, de sapatos altos e de luvas obrigatrio quando trabalhar com A. adansonii ou cruzamentos destasabelhas com outras raas.

    A escovaPara varrer as abelhas dos favos, usa-se uma escova fina e oval ouuma asa ou ainda uma pena dura de pssaro.

    A alavancaA alavanca indispensvel para levantar a tampa, a(s) cmara(s) demel ou as traves superiores coladas pelas abelhas. Uma chave de para-fuso pode tambm remediar.

    A placa redutoraTrata-se de uma placa de madeira, de 2 a 3 cm de espessura e de com-

    primento inferior ao da entrada. Coloca-se esta placa frente da entra-da quando a colnia est fraca ou quando a produo nectarfera es-

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    casseia. Reduzida a entrada, as colmeias enfraquecidas podem defen-der o seu ninho contra os saques.

    5.7 A preparao da colmeiaO aprontamento da colmeia importante que as colmeias sejam construdas conscienciosamentede forma que, tirando a entrada, no subsistam quaisquer aberturas

    pelas quais alguns saqueadores poderiam penetrar. O saque semeia opnico e faz baixar a produo de mel. Para permitir a troca de qua-dros, as colmeias e todas as partes que as compem devem ter dimen-

    ses idnticas. A madeira exterior deve ser protegida por uma camadade verniz ou de tinta branca. Como as abelhas tm tendncia a roer osrebordos da colmeia, provocando assim aberturas indesejveis, adver-timo-lo a proteger esses rebordos com uma tira fina de zinco ou alu-mnio. Aquando do seu regresso a casa, acontece que as abelhas seenganem nas colmeias, sobretudo quando estas esto bem alinhadasumas ao lado das outras. conveniente, ento, pintar figuras diversas(com um tamanho de 10 a 20 cm) por cima da entrada da colmeia.

    Se a colmeia for ocupada por um enxame reduzido, coloca-se proviso-riamente uma placa redutora na entrada da colmeia.

    A colocao da cera moldadaPara utilizar o extractor (ver captulo 8) os quadros devem ser refora-dos por arame fino galvanizado para evitar que os favos rompam du-rante a extraco. tambm muito apropriado fio de cobre retirado,

    por exemplo, de transformadores avariados. Alm do mais, tem a van-

    tagem de no enferrujar.A ranhura praticada na trave superior permite fixar correctamente afolha de cera moldada na parte superior. Depois de inserida a folha decera, a ranhura deve ser preenchida com cera lquida para impedir quea traa-da-cera venha pr ali os seus ovos. Depois de fazer uns furi-nhos no centro das traves laterais com a ajuda de uma sovela, estes soreforados com ilhs metlicos. Em seguida, introduz-se horizontal-mente o fio de arame que bem esticado antes de ser fixo com dois

    pequenos pregos (figura 21).

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    Figura 21: Colocao do fio de arame num quadro da cmara de

    criao da colmeia Langstroth.

    Depois de colocada a cera moldada no quadro, o fio enterrado nacera por meio de uma roda dentada (figura 22).

    Figura 22: Roda dentada (esporo).

    Esta roda, provida de uma ranhura, mergulhada em gua quente oumantida por cima de uma chama (white-spirit); em seguida, passa-se

    por cima do fio de arame a fim de o enterrar na cera. Tambm poss-

    vel aquecer o fio atravs da corrente elctrica (de uma bateria ou deum transformador de campainha, por exemplo). Um terceiro mtodo

    baseia-se na utilizao de um ferro de soldar no qual se adapta umprego grosso que substitui o prprio ferro e cuja extremidade acha-tada com uma lima; em seguida, faz-se uma pequena ranhura pela qual

    passa, at meia espessura, o fio de arame. importante que a folha de cera moldada fique uma distncia de 0,5cm das traves laterais e inferior do quadro. Assim, a folha de cera

    pode estender-se sem formar rugas.

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    Se no utilizar a folha de cera moldada, pode derreter uma tira de favopuxado de 2 a 3 cm de espessura na travessa superior; as abelhas pros-seguiro a construo a partir desse modelo. Quando no se conseguirencontrar folhas de cera moldada, pode-se mergulhar em cera lquida

    tiras de papel resistente de 3 cm de largura e de comprimento ligeira-mente inferior ao dos pequenos quadros, para depois as fixar, como sefossem folhas de cera, na trave superior do quadro. De qualquer for-ma, as abelhas construiro os favos no devido lugar. A construo dofavo a partir da folha de cera ou da tira de favo pode dar-se quer nacmara de criao quer no armazm de mel, verificando-se quando a

    produo nectarfera for abundante e nunca durante a preparao daenxameao.

    5.8 A instalao do apirioUma boa produo de mel comea com uma escolha judiciosa da lo-calizao do apirio e a sua boa instalao. Seguem-se algumas regrasa respeitar:

    A escolha do local? O local deve situar-se numa regio que, no raio de 1 km, oferea

    uma ou vrias fontes de nctar. Embora as abelhas se desloquemdentro de uma zona num raio de 3 km aproximadamente, prefer-vel colocar as abelhas entre as plantas melferas. Quanto menos asabelhas tiverem de voar, menos energia consomem: maior, portanto,ser a produo.

    ? O local no pode ficar inundado durante a estao das chuvas.? Deve existir gua potvel nas imediaes do apirio. Se no for o

    caso, providencia-se uma fonte para as abelhas por meio, por exem-plo, de um bido do qual se deixa cair um fio de gua numa pedra( sombra).

    ? Se se trabalhar com raas de abelhas agressivas (frica, Amrica doSul), o apirio no deve situar-se perto de zonas habitadas ou fre-quentadas regularmente por gado ou ainda reservadas agricultura.Em princpio, consideram-se seguras as seguintes distncias:

    ? 100 m, se houver um bosque a separar.

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    ? 200 m se se tratar de mato.? 300 m para um terreno descampado.

    ? O apirio no deve ficar muito afastado da habitao do apicultor deforma a no tornar as inspeces regulares demasiado cansativas

    ou/e demasiado onerosas.? Um caminho em boas condies deve conduzir ao apirio, evitando

    assim transportar a grandes distncias as colmeias e as caixas bemcomo os bides de mel.

    A proteco das colmeias

    O sol

    Deve-se proteger sempre as colmeias do sol violento, o que vlidoquer para as abelhas quer para as colmeias. Existem trs solues pos-sveis:1 As colmeias so colocadas debaixo de ou em rvores que dem

    sombra suficiente.2 Providencia-se um pequeno tecto extra por cima das colmeias afas-

    tadas umas das outras, usando por exemplo uma placa de metal on-dulada (zinco, amianto, folha).

    3 Juntam-se as colmeias que so depois dotadas de um resguardo co-mum (placas de zinco, palha, canios, folhas).

    O vento

    Deve-se colocar as colmeias de forma que a entrada no fique viradacontra o vento dominante. Se o apirio estiver situado num terrenodescampado sujeito a vento forte de direco dominante, aconselha-sea plantao de uma sebe ou a colocao de pra-ventos (erva, palha,folhas).

    A chuva

    Coloque as colmeias ligeiramente inclinadas para a frente; ento, es-tando a entrada 1 cm mais abaixo, a gua da chuva j no pode infil-trar-se na colmeia.

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    O gado, a fauna selvagem

    de evitar que gado ou animais selvagens rondem as colmeias. Nessaeventualidade, instala-se uma vedao.

    Os ratosQuando os ratos causam muitos estragos, convm pendurar as colmei-as em fios de arame, a cerca de 1 m do solo ou em ramos horizontaisou ainda a uma estrutura de postes feita por si.

    Os sapos

    Nos trpicos hmidos, os sapos so temveis devoradores de abelhas.Neste caso, colocam-se sempre as abelhas a uma altura de 50 cm aci-

    ma do solo.

    Figura 23: Proteco dos suportes das colmeias contra as formi-

    gas por meio de chapus untados de graxa.

    As formigas, as trmites (figura 23)

    Em muitas regies, as formigas representam um grande perigo para asabelhas e torna-se necessrio, portanto, repeli-las. Uma primeira solu-o consiste em pendurar as colmeias em fios de arame. Uma segundasugere proteger os suportes das colmeias contra as formigas usando,

    por exemplo, graxa. Monta-se um chapu de zinco ou de alumnio em

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    cada um dos ps da colmeia; de seis em seis meses, unta-se a parteinferior dos chapus com graxa obtida numa oficina (A em figura 23).

    Deve-se evitar o crescimento de ervas daninhas volta dos suportes

    das colmeias pois poderiam servir de passagem para as formigas che-garem s colmeias. Tomam-se medidas aquando da instalao do api-rio, pois a sacha das ervas irrita, de modo geral, as abelhas. Uma solu-o indica que se regue o solo volta do apirio com leo de lubrifi-cao queimado. Pode-se tambm colocar debaixo dos ps das col-meias pedaos velhos de borracha inutilizveis ou de lona. Quando acolmeia possui um tecto bastante saliente, o suficiente, de forma ge-ral, para combater o crescimento macio de ervas daninhas. Finalmen-

    te, pode-se recorrer tambm aos herbicidas que no apresentam perigopara as abelhas.

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    6 A primeira poca

    6.1 A captura de um enxame

    Como recolher um enxameAconselhamo-lo a proteger-se convenientemente com roupas adequa-das durante a captura de um enxame. As abelhas ficam agressivas, so-

    bretudo quando a enxameao j foi iniciada alguns dias antes. Quan-do descobrir um enxame num local de fcil alcance, pode comear poraspergi-lo com gua fresca por meio de uma escova ou de um vapori-zador para o impedir de fugir. Coloca-se, por baixo do enxame, uma

    pequena colmeia sem quadro, uma cesta, uma corbelha ou uma caixa.As abelhas deixar-se-o cair logo que sacudir o ramo em que o enxa-me est suspenso. Em seguida, cobre-se a pequena colmeia com um

    pano fino e coloca-se em lugar fresco. Se a sacudidela no produzirefeito, pode forar as abelhas a ir para a colmeia varrendo-as, usandoum pano com cido fnico ou ainda atravs de fumigao. Desde quea rainha esteja na colmeia, as restantes seguem-na. noite, retiram-se alguns favos construdos de uma colmeia previa-mente colocada no lugar desejado e sacodem-se as abelhas para dentrodesta. Os quadros so reintroduzidos com muito cuidado e, por fim,tapa-se a colmeia. A entrada da colmeia pode ficar aberta; as abelhasque ficaram para trs so ento sacudidas na tabuinha de entrada. D-se-lhes de comer no dia seguinte, assunto que ser abordado adiante.

    Como atrair um enxame

    Sirva-se de uma pequena colmeia que j foi habitada por abelhas eencha-a de quadros ou de traves superiores. Dois desses quadros con-tm favo antigo j construdo; os restantes so guarnecidos de ceramoldada ou de uma tira de favo antigo. Coloca-se a pequena colmeianuma rvore ou no telhado, cuidando de a proteger do vento. Logoque um enxame ocupar a pequena colmeia, as abelhas orientar-se-o

    para esse local. Aconselha-se, por isso, a colocar nesse mesmo dia nolocal destinado a pequena colmeia que aloja o enxame.

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    Se a pequena colmeia for ocupada durante alguns dias, ento as abe-lhas j esto orientadas. Uma mudana de lugar no possvel a noser a uma grande distncia. A pequena colmeia pode ser instalada nolugar desejado umas semanas mais tarde.Se se dispuser de colmeias

    velhas (uma cmara mvel com uma tampa remedeia), pode-se sem-pre providenciar algumas, isto , com uma tampa e eventualmente umtabuleiro inferior, nas imediaes da habitao, para atrair os enxames.Para os principiantes, sempre bom saber que em certos pases o Mi-nistrio da Agricultura e/ou da Floresta fornece colnias de abelhas.

    A insero de jovens colniasPor vezes, encontram-se num bosque ou noutro lado qualquer enxa-

    mes velhos; estes enxames j esto bem organizados e j construramalguns favos onde se pode ver mel e ovos. Embora as probabilidadesde permanecer sejam inferiores s da recolha de um enxame, pode-se sempre tentar colocar este gnero de colnias na sua totalidadenuma colmeia. Repelem-se as abelhas do favo mais exterior com mui-to fumo. Com uma faca bem afiada, corta-se o favo medida do pe-queno quadro que foi dotado de fio de arame e no de cera moldada.

    No local do fio, recorta-se uma fila de clulas de tal forma que o fiopossa ser introduzido. Para maior segurana, ata-se um cordel ou umfio volta do quadro e do favo, dando um n na trave superior paramais tarde poder tirar facilmente o favo. Os favos so colocados me-diante este sistema, uns atrs dos outros, nos pequenos quadros que

    por sua vez so encastrados na colmeia. Finalmente, as abelhas sovarridas ou afastadas da colmeia. Como elas j esto orientadas, ne-cessrio instalar a pequena colmeia a 5 ou 6 km do local onde o en-xame foi descoberto.

    Reunio de colmeiasQuando todos os favos da pequena colmeia esto cheios de ovos, altura de criar espao. Desloca-se lateralmente a pequena colmeia demeio metro e, no seu lugar, instala-se a colmeia grande. Fumigam-seos quadros da pequena colmeia ou cobrem-se com um pano aspergidocom cido fnico. Aps uma curta espera, pode-se destacar os quadros

    com uma alavanca. Retira-se ento o primeiro quadro (situado contra

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    a parede lateral da pequena colmeia) pelas orelhas, levanta-se comcuidado e introduz-se na colmeia grande. Os quadros seguintes sointercalados com cuidado e pela mesma ordem, permitindo assim queo criao de ovos conserve a sua forma (cuidado com a presena de

    ovos e da rainha).Ento, acaba-se de encher a colmeia com quadros inseridos de cadalado do criao. Fumiga-se ligeiramente a parte superior da colmeiaque tapada em seguida; verifique se a entrada est aberta (reduza-ase necessrio). Agora, j possui a sua primeira colmeia no local dese-

    jado.Debrucemo-nos agora sobre o que se deve fazer durante a primeirapoca.

    6.2 A gestoPara ter sempre uma viso de conjunto sobre o desenvolvimento dacolnia (o que particularmente importante quando se possui vriascolmeias), aps cada inspeco, aponta-se num mapa a quantidade decriao, as reservas de alimentos, a presena de clulas masculinas oude enxameao, bem como todos os tratamentos efectuados. Alm dis-so, regista-se a produo melfera ou o seu atraso e todas as caracters-ticas particulares como, por exemplo, a agressividade das abelhas.Pode-se fixar o mapa da colmeia na parte inferior do tecto.Em vez do sistema de mapas, pode-se usar um caderno (ou melhorainda uma capa de argolas) que se leva para casa. Quando se trabalhacom abelhas agressivas (logo, quando se usam luvas), o preenchimen-to do mapa no nada fcil e torna-se mais simples tomar algumasnotas numa folha de papel que sero mais tarde aperfeioadas emcasa. A numerao das colmeias facilita a sua gesto e os dados com-

    pilados dar-lhe-o mais tarde bastante prazer, sobretudo se o apiriocrescer consideravelmente ou se empreender, por exemplo, a seleco.

    6.3 A inspecoTodas as semanas, inspecciona-se a colmeia. Na realidade, as abelhas

    no devem ser incomodadas muitas vezes, mas como se trata de um

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    aprendiz de apicultor cuja formao se reveste, neste momento, damaior importncia, a sua formao est acima dos interesses das abe-lhas. Pode inspeccionar as colmeias de dia, quando faz bom tempomas de preferncia sem a ameaa de tempestade. Abre-se com cuidado

    a colmeia, fumiga-se sob a tampa ou ento retira-se para cobrir deimediato os quadros com um pano embebido em cido fnico. Umacurta espera aps a qual coloca o pano de forma que apenas passem

    para fora as orelhas dos quadros.Destacam-se os quadros com a alavanca e coloca-se o primeiro quadrocontra a colmeia, assente numa orelha. Agora, j se pode retirar osquadros uns atrs dos outros para serem examinados. Certifique-seque os panos hmidos cobrem a maior parte dos quadros. preciso ter

    em conta os pontos seguintes:Existem ovos, larvas, criao operculada ou criao de machos? Arainha est presente? H alimentos suficientes? H larvas de traa-da-cera? As abelhas e o criao esto em boas condies?As observaes so anotadas no mapa da colmeia. Alm disso, seguresempre nos quadros por cima da colmeia para evitar que a rainha caiafora.

    6.4 A alimentaoA colnia alimentada a fim de estimular o seu desenvolvimentoquando as condies de produo nectarfera so pouco favorveis. Aalimentao incentiva o incio da criao. A alimentao regular pormeio de pequenas quantidades de soluo aucarada (ou de mel dilu-do) estimula a produo da criao. Os vveres armazenados nos favos

    permitem s abelhas sobreviver mas no estimulam as grandes activi-dades. As colnias cujo mel foi extrado no podem atravessar um pe-rodo de escassez de nctar sem uma alimentao suplementar basede soluo aucarada. Este xarope prepara-se a partir de igual quanti-dade de acar (acar cristalizado de boa qualidade) e de gua que semistura e aquece at que o acar se dissolva (no deixar ferver).A alimentao faz-se com um alimentador (figura 24 et figura 25).Pode-se usar um frasco grande de doce ou um pequeno balde de pls-

    tico. So praticados furinhos de 1 mm de dimetro na tampa, o que

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    pode ser feito com um prego na tampa metlica do frasco de doce.Faz-se uma abertura de dimenso ligeiramente inferior da tampa natampa. Coloca-se o alimentador ao contrrio, com a tampa perfurada

    para baixo, na abertura da tbua. Por cima do frasco, coloca-se uma

    cmara de criao vazia ou um armazm de mel igualmente vazio e,por cima disto, o tecto da colmeia.

    Figura 24: A instalao do alimentador.

    Figura 25: Suporte a introduzir na entrada.

    Tambm se pode retirar 2 ou 3 quadros inutilizados do armazm demel e substitu-los pelo alimentador. O alimentador pode igualmenteser instalado numa pequena caixa de madeira que se introduz na en-trada (figura 25). Neste caso, certifique-se que nenhuma abelha podechegar ao xarope a partir do exterior. A vantagem deste mtodo que

    no necessrio penetrar na colmeia.

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    ? Evite as aberturas atravs das quais abelhas, vespas, formigas, etc.possam penetrar no interior para roubar o acar. O saque previne-se reduzindo a entrada.

    ? Nunca faa mais xarope do que as abelhas necessitam para alguns

    dias. O acar fermentado prejudicial para as abelhas.? Deixe de fornecer o nutriente quando as abelhas j no se alimen-

    tam directamente: deixam, por exemplo, o acar intacto duranteum dia. Aps a retirada do alimentador, necessrio tapar a abertu-ra praticada na tampa.

    ? Seja generoso na alimentao das abelhas durante um perodo deescassa produo nectarfera, pois o mel pode vender-se a bom pre-o; recupera a despesa em acar atravs do desenvolvimento

    acrescido da colnia e de uma maior produo de mel.? Para evitar o saque, nunca alimentar as abelhas no exterior da col-

    meia!

    6.5 Medidas a tomar durante o crescimento dacolnia

    O criao de criao comea agora a estender-se ao conjunto de favos.A cera moldada e as tiras de favo aumentam. As clulas dos favos so

    preenchidas, a partir do centro, com criao, plen e mel. Esta cons-truo exige, no entanto, muita energia; logo, se constatar uma produ-o fraca (mau tempo, produo nectarfera fraca), aconselhvel for-necer pequenas quantidades de xarope. Quando as abelhas preenche-rem todos os quadros com alimentos e criao, altura de lhes conce-der uma habitao suplementar, por exemplo, um armazm de mel.

    Esta interveno depende do modelo de colmeia que possuir. Para ascolmeias de construo em largura nas quais o armazm de mel ficaparedes meias com a cmara de criao, separa-se o armazm de melda cmara por uma divisria de tbua, por exemplo. Mantm-seigualmente fechada a entrada do armazm de mel. muito importante que o espao (o nmero de cmaras) coincida coma dimenso da colnia. necessrio deixar que as abelhas preen-cham todos os quadros. S ento a rea total de favo poder ser pro-

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    tegida contra os saqueadores (por exemplo a traa-da-cera) e mantida temperatura correcta.

    Para evitar que a criao alastre para o armazm de mel, coloca-se

    uma grade para isolamento de rainhas entre as duas cmaras.Para incentivar as operrias a construir rapidamente os favos no arma-zm de mel, insere-se no centro deste um ou dois quadros de criaoextrados da respectiva cmara (ter o cuidado de no levar a rainha).Para substituir os quadros retirados, introduzem-se na cmara de cria-o alguns favos alargados ou cera moldada.A troca de favos entre as duas cmaras s pode ser efectuada se osmesmos forem de formato idntico.

    A velocidade de desenvolvimento da colnia depende sobretudo dascondies de produo nectarfera e do tempo. Se as proximidadesforem prolixas em plantas ricas em plen e nctar e se o tempo ajudar,a jovem colnia cresce rapidamente.Se o seu desenvolvimento for medocre, necessrio verificar se exis-tem alimentos suficientes, se h gua potvel nas proximidades ou seapareceu alguma doena a afectar as abelhas. A cmara de criao re-flecte perfeitamente o estado da colnia: aumenta ou diminui confor-me os factores condicionantes.

    A produo nectarferaFala-se de produo nectarfera quando um grande nmero de plantas

    produzindo nctar florescem ao mesmo tempo. A fonte de nctar podeser uma espcie vegetal (ento, o mel extrado Eucalyptes puro) ouainda vrias espcies ao mesmo tempo. O mundo das plantas dispede diversos mecanismos que activam a formao das flores. Nas regi-es temperadas, trata-se sobretudo da temperatura e do comprimentodo dia.

    Nas regies tropicais, onde a temperatura e o comprimento do dia novariam muito durante o ano, a florao sobretudo condicionada pelachuva e pela seca. Nas regies tropicais hmidas, a maior parte das

    plantas comea a florir aps algumas semanas de forte seca. Existemno entanto excepes, por exemplo determinadas espcies de citrinos,

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    que florescem aps o incio das chuvas. Nas regies secas, a floraocoincide geralmente com o incio da estao das chuvas.

    Na qualidade de apicultor, deve-se estar atento s plantas que as abe-lhas visitam. Desta forma, o apicultor principiante pode facilmente

    anotar durante um ano o perodo de florao das plantas melferas,obtendo assim uma boa viso de conjunto sobre o ano melfero eadquirindo, portanto, uma melhor preparao para a produo nectar-fera.

    A colheita do mel pode comear trs a quatro semanas decorridas apso incio da produo nectarfera. Pode-se ento retirar os quadrosoperculados para os centrifugar ou para os prensar. Se se estiver a

    trabalhar com colmeias providas de pequenos quadros, pode-se deix-los cheios at ao final da poca de produo nectarfera. Trata-se entode pensar na altura certa para instalar uma nova ala de forma a

    proporcionar s abelhas espao suficiente para armazenar o mel.Por via de regra, o mel no retirado da cmara de criao, sendo dei-xado s abelhas para os tempos piores de penria.

    O perodo de descanso

    Pelos finais da produo nectarfera, verifica-se o que resta de alimen-tos para as abelhas nos favos. Se o mel ainda no foi extrado, h poisalimentos suficientes para atravessar os tempos difceis. Se o mel jtiver sido extrado e se a colnia se revelar demasiado fraca para for-necer criao uma boa faixa de mel, torna-se ento necessrio dar-lhes pequenas quantidades de soluo aucarada.Durante este perodo, verifica-se tambm se as abelhas no esto a serincomodadas por formigas, trmites e, principalmente, pela traa-da-cera. Pode-se obstruir a entrada atravs de uma rede de malha grossaque inibir a entrada de lagartos e de ratos sem contudo impedir a sa-da das abelhas. Quaisquer quadros que no possam ser ocupados pelasabelhas devem ser retirados pois elas no podem proteg-los contra atraa-da-cera. Caso contrrio, a traa-da-cera toma a forma de uma

    praga que leva as abelhas a abandonar a colmeia.

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    A conservao dos quadros construdosA melhor forma de guardar os quadros construdos em lugar abriga-do mas aberto e arejado. Pousam-se os quadros vazios em prateleirasou enfiados num arame. Nunca se deve guardar quadros construdos

    nas colmeias vazias pois no levariam um ms a serem destrudos pelatraa-da-cera.

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    7 Os preparativos para a colheitade mel

    O desenvolvimento da colnia durante a poca foi descrito anterior-mente. A partir de agora, vamos abordar as intervenes mais impor-tantes do apicultor face a esse desenvolvimento. O objectivo a atingir o de ter a colnia mais forte possvel no momento em que a produ-o nectarfera est boa. As medidas gerais a tomar tratadas aqui di-zem respeito principalmente s colmeias de favos mveis. , comefeito, difcil intervir nas colmeias tradicionais.

    7.1 Uma inspeco rigorosaNo final da estao das chuvas (nas regies tropicais hmidas) ou doperodo de seca (nas regies tropicais ridas) a actividade da colmeiarecomea.Para as abelhas, o incio de uma nova poca, a qual principia comuma rigorosa inspeco colnia.

    Primeiro, certifica-se que a rainha est presente e que no est a pro-duzir criao convexa (criao de machos nas clulas de operrias).Uma rainha que produza ninhadas de machos (devido velhice ou auma fecundao insuficiente) deve ser retirada e a seguir eliminada. Acolnia rf ento reunida com uma outra que possua rainha. Quan-do de uma colnia j s resta um punhado de abelhas, o melhor noreuni-las com outra colnia pois essas abelhas devem, com certeza,estar doentes e mais vale enterr-las depois de as matar. Quando o ta-

    buleiro inferior estiver coberto de partculas de cera e de cristais deacar, torna-se necessrio limp-lo (lembre-se da traa-da-cera e dasformigas).A limpeza do tabuleiro inferior mvel no representa qualquer pro-

    blema; para as colmeias de fundo fixo, dever-se- colocar os quadrosnuma cmara prpria. Como a colmeia se tornou agora relativamente

    pequena, a busca da rainha no se revela muita difcil.

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    Sendo necessrio repetir esta operao mais tarde durante a poca,aconselha-se a marc-la desde j. Por meio de um fsforo, por exem-

    plo, aplica um ponto de tinta no txica ou de verniz de unhas nas cos-tas do trax. Se utilizar todos os anos uma cor diferente, saber, por

    um lado, a sua idade e, por outro, se a mesma foi substituda. Existemno mercado pelculas de plstico para marcao que se colam no traxcom verniz visvel. Para alm disso, apara-se uma asa da rainha (omotivo desta operao ser-lhe- explicado no captulo preveno daenxameao).Lavam-se primeiro as mos. Em seguida, agarra-se a rainha pelo trax(nunca pelo abdmen!!) e corta-se com cuidado metade da asa anterior(figura 26). Aconselha-se a treinar primeiro com alguns zngos. Para

    ter a certeza de que no se est a cortar a asa de uma rainha no fe-cundada (que dever ainda efectuar o seu voo de acasalamento), ape-nas se procede ao corte se se verificar a existncia de criao de oper-ria selada!!

    Quando se coloca de novo a rainha no quadro donde foi retirada, necessrio velar a que esta no seja atacada pelas abelhas (cheiro es-tranho). Faz-se uma fumigao, se necessrio. Se ela for atacada bru-talmente, de toda a convenincia isol-la numa gaiola para rainhafechada por uma tampa de pasta aucarada (acar amassado com

    mel). Esta gaiola em seguida colocada ou introduzida sobre/entre osquadros (figura 27). As operrias consumiro a pasta aucarada, liber-

    Figura 26: O corte da rainha.

    Figura 27: Gaiola para rainha.

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    tando-se assim a rainha. Se no se conseguir arranjar uma gaiola pararainha, pode-se igualmente utilizar uma caixa de fsforos na qual se

    providenciaram furinhos. Anotam-se todas as manipulaes e todas asobservaes umas horas mais tarde.

    7.2 A ampliao das colniasExistem vrios mtodos para ampliar uma colnia. preciso saber, noentanto, que uma grande colnia armazena maior quantidade de mel(maior economia de trabalho) do que duas pequenas colnias. por isso que se deve tentar, sendo a produo de mel o principal ob-

    jectivo, ter as colmeias maiores possveis e no o maior nmero poss-

    vel de colnias.

    Consegue-se a ampliao de uma colnia atravs:

    Da estimulao do incio da criao

    A alimentao suplementar quando as condies so adversas; mu-dana de lugar dos favos (da cmara de criao para o armazm demel) e a adio de favos.

    Da reunio de colnias

    No incio da estao, pode-se reunir de forma muito simples pequenascolnias aspergindo-as ao fim do dia com gua aucarada; em segui-da, intercalam-se os favos numa grande caixa de criao. A pior rainhaou a mais velha eliminada. Se no houver preferncias, renem-se ascolnias, sem mais; no dia seguinte, apenas subsistir uma rainha,sendo esta, de forma geral, a mais jovem.Os quadros suprfluos guarnecidos de alimento so arrumados deforma a ficarem ao abrigo das formigas e das abelhas (caixas de cria-o fechadas, caixa , saco de papel ou de plstico).

    O mtodo do jornal

    Coloca-se um jornal sobre a caixa que contm a primeira colnia efazem-se alguns furinhos no papel de forma a permitir uma troca de

    cheiro (as abelhas de duas colnias devem ter um cheiro comum). Em

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    seguida, coloca-se a caixa contendo a segunda colnia (sem tabuleiroinferior) sobre a primeira caixa. As abelhas vo lentamente roer o pa-

    pel para se reunirem de forma pacfica. Os indcios da actividade dasabelhas so pedacinhos de papel que aparecem na tabuinha de entrada.

    Mais tarde, retira-se o que resta do jornal.

    Gaze

    Para que duas colnias se habituem gradualmente uma outra, pode-se utilizar um quadro de viagem, constitudo por um quadro de madei-ra com as mesmas medidas que a tampa. Faz-se um entalhe de 5 cmde largura e de 0,7 mm de profundidade numa das quatro traves; estaabertura constituir a entrada da colmeia (figura 28).

    Quando se aplica na trave lateral, por meio de uma dobradia, umatabuinha de medidas iguais s do entalhe, torna-se ento possvel, senecessrio, fechar a abertura. Rebatida, serve de prancha de voo. Fixa-se ento uma fina gaze de mosquiteiro no lado inferior do quadro.Para as colmeias cujas duas cmaras esto paredes meias, fabrica-seum quadro idntico que separe ento a cmara de criao do armazmde mel.

    Figura 28: Quadro de viagem que pode servir para reunir duas

    colnias em colmeias de construo superior (ao alto).

    A entrada, aqui, no imprescindvel dado que o armazm de mel jpossui a sua. Aps a colocao do quadro de viagem na primeira col-nia, pe-se por cima a outra colnia. Decorrida uma semana, pode-se

    retirar o quadro de viagem e reunir as cmaras de criao. Deve-se

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    proceder de forma a obter-se um ninho de criao mais ou menos bo-judo.

    .

    Figura 29: Esquema da localizao das 2 colmeias antes e duran-

    te o voo.

    Da reunio parcialA colnia produtora pode ser igualmente ampliada atravs:? Da insero de quadros constitudos por clulas de criao seladas

    retiradas de outras colmeias (depois de varridas ou sacudidas asabelhas). O nmero destes quadros a acrescentar restrito. Para evi-tar o extermnio da criao, o conjunto dos quadros deve estar, nofinal, preenchido pelas abelhas.

    ? Da sada da colmeia (figura 29). As colmeias foram colocadas umasao lado das outras durante algumas semanas. Desloca-se a colmeiacujas forrageadoras tm de levantar voo a uma distncia de, porexemplo, cinco metros; depois disto, desloca-se a colmeia receptoraem direco ao lugar primitivo do primeiro cortio at se encontrara meio caminho. As forrageadoras da primeira colmeia instalar-se-o na segunda no caso de trazerem consigo nctar ou mel.Caso contrrio, sero repelidas pelas abelhas-guardas da segunda