regioes cabeça do cavalo

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Vol. 1 — Fasc. 2 Setembro de 1939 Departamento de Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos Prof. Dr. M. Barros Erhart DEMARCAÇÃO DAS REGIÕES DA CABEÇA NO CAVALO POR Plinio Pinto e Silva e Armando Chieffi Assistentes Com 4 estampas O escopo principal do presente trabalho é o de tornar possivel delimitar qualquer região da cabeça no cavalo tomada isoladamente, sem o auxilio prévio de uma figura e desse modo, conseguir localizar e demarcar a parte que se pretende estudar. Este estudo se justifica, pois que todos os tratados de Ezoognosia por nós compulsados (•), limitam-se unicamente a denominar as regiões da cabeça do cavalo e de outros mamíferos domésticos e, quanto à demarcação das mesmas, apenas apresentam figuras esquemáticas, ou enumeram a situação em relação às regiões limítrofes, sem citar pontos de reparo, quer superfi- ciais, quer profundos. Quanto aos tratados de Anatomia Topográfica, com exceção de ELLENBERGER e BAUM, que limita as regiões da cabeça, não usando, porém, «in totum» o esquema adotado em Exterior, e de RUBAY, MON- GIARDINO, que determinam os limites para uma ou outra região, os de- mais se abstêm em precisar os limites, usando o critério dos AA. de Exterior. Em Anatomia Descritiva, os limites dados pelos tratados clássi- cos para a divisão do crâneo em normas ou regiões, se relacionam aos planos profundos e, os pontos de reparo, são geralmente as suturas ós- seas. Sob o ponto de vista Ezoognosico, porém, não nos podendo ser- vir destes limites profundos, faremos o possivel para transportá-los para o exterior, traçando linhas convencionais e tomando como pontos de referencia, saliências ósseas, depressões, ou mesmo saliências musculares. Para localizar e delimitar as diversas regiões da cabeça do cavalo, serviram de orientação as figuras esquemáticas dos tratados de Exte- rior e Anatomia Topográfica. Partindo destes esquemas, foram as linhas decalcadas sobre a cabeça de um animal fixado por injeção ar- terial de formól a 10 %, ainda recoberta pela pele e depois transpor- tadas para o vivo, sendo procuradas as particularidades anatômicas descritivas e linhas imaginárias convencionais, que permitiram a reu- nião dos pontos certos e conhecidos, de modo a tornar possivel deli- mitar as diversas regiões. (*) Deixamos de citar os nomes dos AA. porque são os que constam da lista bibliográfica.

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descrição detalhada das partes da cabeça do cavalo.

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  • Vol. 1 Fasc. 2 Setembro de 1939

    Departamento de Anatomia Descritiva dos Animais DomsticosProf. Dr. M. Barros Erhart

    DEMARCAO DAS REGIES DA CABEA NO CAVALOPOR

    Plinio Pinto e Silva e Armando ChieffiAssistentes

    Com 4 estampas

    O escopo principal do presente trabalho o de tornar possiveldelimitar qualquer regio da cabea no cavalo tomada isoladamente,sem o auxilio prvio de uma figura e desse modo, conseguir localizare demarcar a parte que se pretende estudar. Este estudo se justifica,pois que todos os tratados de Ezoognosia por ns compulsados (),limitam-se unicamente a denominar as regies da cabea do cavalo ede outros mamferos domsticos e, quanto demarcao das mesmas,apenas apresentam figuras esquemticas, ou enumeram a situao emrelao s regies limtrofes, sem citar pontos de reparo, quer superfi-ciais, quer profundos.

    Quanto aos tratados de Anatomia Topogrfica, com exceo deELLENBERGER e BAUM, que limita as regies da cabea, no usando,porm, in totum o esquema adotado em Exterior, e de RUBAY, MON-GIARDINO, que determinam os limites para uma ou outra regio, os de-mais se abstm em precisar os limites, usando o critrio dos AA. deExterior.

    Em Anatomia Descritiva, os limites dados pelos tratados clssi-cos para a diviso do crneo em normas ou regies, se relacionam aosplanos profundos e, os pontos de reparo, so geralmente as suturas s-seas. Sob o ponto de vista Ezoognosico, porm, no nos podendo ser-vir destes limites profundos, faremos o possivel para transport-los parao exterior, traando linhas convencionais e tomando como pontos dereferencia, salincias sseas, depresses, ou mesmo salincias musculares.

    Para localizar e delimitar as diversas regies da cabea do cavalo,serviram de orientao as figuras esquemticas dos tratados de Exte-rior e Anatomia Topogrfica. Partindo destes esquemas, foram aslinhas decalcadas sobre a cabea de um animal fixado por injeo ar-terial de forml a 10 %, ainda recoberta pela pele e depois transpor-tadas para o vivo, sendo procuradas as particularidades anatmicasdescritivas e linhas imaginrias convencionais, que permitiram a reu-nio dos pontos certos e conhecidos, de modo a tornar possivel deli-mitar as diversas regies.

    (*) Deixamos de citar os nomes dos AA. porque so os que constam da lista bibliogrfica.

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    Naturalmente, no devem ser levadas em conta as pequenas va-riaes decorrentes das diferenas relativas individuais e, principal-mente, das raciais.

    ESTUDO DAS REGIESA cabea pde ser considerada estendendo-se at o limite pos-

    terior das regies da nuca, partidas e garganta, pores estas que emmuitos tratados so consideradas como fazendo parte do pescoo, e, emoutros, como partes intermedirias entre este ltimo e a cabea. Nsas estudaremos, como GOUBAUX e BARRIER, LE HELLO, BOURDELLE eBRESSOU, MARCQ e LAHAYE e DUERST, incluindo-as na extremidade supe-rior da cabea.

    Todos os AA. so concordes em dar cabea do cavalo a frmade uma pirmide quadrangular, com pice truncado, apresentando quan-to situao e orientao: uma face anterior, duas faces laterais, umaface posterior, uma extremidade inferior ou pice e uma extremidadesuperior ou base. Tal descrio facilita nosso objetivo, pois permitedemarcar, nas faces, as diversas regies em que dividida a cabea.

    A - FACE ANTERIOR

    Na face anterior da cabea, esto localizadas: a fronte, o chan-fro e a extremidade do nariz.

    Fronte: a regio mpar que se coloca na parte antero-superior da cabea. (Est. l e 2 A ) .

    Limites: A fronte limitada posteriormente, com a regioda nuca; inferiormente, com o chanfro; lateralmente, com as orelhas,tmporas, olhais, regies orbitrias (olhos) e pequena parte das par-tidas.

    Linhas de demarcao: A demarcao aboral desta re-gio dada por uma linha transversal, traada no ponto mais alto dacabea, em correspondncia protuberncia occipital externa. Esta li-nha limita a fronte com a nuca. Oralmente, a fronte separa-se dochanfro pela transversal que une os dois ngulos mediais dos olhos.A demarcao lateral dada por uma linha que, partindo da poromais lateral da demarcao posterior, onde se nota a reflexo da pelesobre a orelha, se continua margeando medialmente a base do pavilho;contorna, em seguida, a arcada zigomtica em sua margem dorsal eatinge o sulco formado pela poro oral do msculo crotafito. Segueeste sulco, que separa a fronte dos olhais, at atingir a crista temporaldo osso frontal; muda, agora, de direo, seguindo pela crista (facil-mente palpvel) e vai ter parte mdia da insero da plpebra su-perior. Contorna, em direo oral, esta insero, at o angulo internodo olho, onde atinge a linha de demarcao oral.

  • Pinto e Silva e A. Chieffi Demarcao das regies da cabea no cavalo 81

    Descrio: - - A fronte, nos eqinos, uma regio que podeser dividida em duas partes: uma aboral ou parietal e outra oral oufrontal propriamente dita, visto ter por base ssea os parietais e osfrontais.

    A parte mais aboral ou parietal da fronte recoberta, na linhamediana, pelas crinas do topete; lateralmente, so notadas duas sa-lincias representadas pelos msculos crotafitos, e, delimitando as mes-mas, no plano sagital, existem duas cristas cristas temporais con-formadas em V, com vrtice aboral que podem ser percebidas pela pal-pao.

    A fronte recoberta externamente por uma pele espessa, ade-rente fascia aponevrtica. Nesta regio, em todos os animais, haum certo nmero de plos que toma uma orientao inversa natural(espiga). A disposio dos plos, na espiga, to caracterstica, a pon-to de permitir a identificao. Nos animais de pelagem escura, a es-piga constituda por plos brancos, justificando a denominao deanimal com estrela ou luzeiro.

    Chanfro: -- E' uma regio impar, situada na face anterior dacabea, que se estende desde a fronte at as ventas. (Est. l e 2B).

    Limites: Para a maior parte dos AA., esta regio limitadasuperiormente pela fronte; inferiormente pela extremidade do nariz;de cada lado pelos olhos, bochechas e narinas. Como a regio dochanfro, invade a poro da face que tem por base os ossos zigomaticose lacrimais, que, por sua vez, concorrem para a delimitao das arca-das orbitrias, somos levados a colocar as regies orbitrias (olhos)em seu limite posterior.

    Linhas de demarcao: Usando o critrio acima, consi-deraremos, na demarcao aboral, uma poro mdia, correspondendo fronte, e outra lateral juxtaposta regio orbitria.

    A linha transversal que une os dois ngulos mediais dos olhossepara a sua poro mdia, da fronte; a partir do angulo medial doolho, demarca-se a poro lateral, seguindo a insero da plpebra in-ferior at a salincia dada pela crista facial, linha que separa o chanfroda regio orbitria. Oralmente uma transversal que une as comissu-ras nasais superiores, cruza o plano sagital ao nivel da extremidadeoral dos ossos nasais, ou melhor, da cartilagem lateral e separa estaregio da extremidade do nariz. Lateralmente, a linha de demarcaoser dada pela salincia da crista facial, continuando-se oralmente poruma reta que alcana o contorno da narina, aproximadamente na metadede sua poro aboral; segue este contorno, a um centmetro, mais oumenos, do bordo livre, at a comissura nasal superior, onde alcana

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    o limite oral. Fica portanto, includo nesta regio o divertculo cut-neo nasal, formao anatmica particular dos eqinos.

    Descrio: Trs pores podem ser consideradas nesta re-gio: uma mediana e duas laterais. A primeira tem como base sseaprincipal, os ossos nasais, bem mais saliente do que as pores lateraise, de conformidade com sua orientao, determina os diversos perfis doanimal. Assim, quando retilnea, contribe para a formao da cabeaquadrada, de perfil reto; quando convexilinea, o perfil ser acarneiradoe, quando cncava, determinar a denominada cabea de rinoceronte.As duas outras pores, isto , as partes laterais do chanfro, bombeadasnos animais jovens por possurem ainda os dentes pr-molares definiti-vos contidos nos alvolos, tornam-se planas aps a erupo dos dentespermanentes e mesmo excavadas com o aumentar da idade do animal.

    A base ssea das partes laterais formada, principalmente pelomaxilar superior e, mais aboralmente, pelo zigomtico e lacrimal.

    O agrupamento de plos brancos, ocupando zonas mais ou menosestensas do chanfro, permite dar ao animal as seguintes denominaes:

    animal com cordo si, da estrela ou luzeiro, a mancha se con-tinuar pelo chanfro por um pequeno risco que se dirige para a extret-midade do nariz. O cordo ou filete pode apresentar-se completo ouincompleto;

    animal frente aberta quando o cordo se mostra largo e desceatravessando o chanfro, at a extremidade do nariz;

    animal mala cara quando toda ou grande parte da face anteriorda cabea recoberta por pelagem branca;

    animal com embornal quando, do chanfro para baixo, a pela-gem apresenta-se branca;

    animal com cabeada de mouro si, na mesma regio vista an-teriormente, a pelagem se apresentar preta. Si toda a cabea fr dessacr, ter a denominao de cabea de mouro.

    Extremidade do nariz: ' a regio da face anteriorda cabea que se acha em situao mais oral (Est. l e 2C).

    Limites: Situada entre as narinas, que lhe ficam lateral-mente, a extremidade do nariz limita-se aboralmente com o chanfro e,oralmente, com o lbio superior.

    Linhas de demarcao: Aboralmente, separa-se do chan-fro pela linha transversal dada pelo limite oral desta regio, isto , aque rene as comissuras nasais superiores. Oralmente separa-se doslbios pela transversal que corresponde internamente ao sulco gengi-vo-labial superior e que, transportado para a superfcie, demarca a

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    extremidade do nariz em toda sua extenso. Os limites laterais sodados por uma linha, convexa medialmente, traada no sentido aboral-oral, ligando as linhas de demarcao extremas.

    Descrio: A extremidade do nariz, bastante mvel, acha-serecoberta por uma pele fina extremamente aderente aos planos profun-dos. Em alguns animais pode aparecer uma pequena mancha de colo-rao branca que se denomina beta.

    B - FACES [LATERAIS

    A face lateral da cabea, que se estende da partida regiolabial, compreende as regies auricular (orelha), da tmpora, olhais,regio orbitria (olhos), bochecha e narina.

    Regio auricular (orelha): E' uma regio situadana parte superior da cabea, de cada lado e anteriormente nuca(Est. 1-2 e 4 D).

    Limites: Limita-se medialmente com a fronte e se colocasuperiormente partida que invade seu bordo oral.

    Linhas de demarcao: A linha de demarcao desta re-gio de contorno circular, corresponde ao ponto de reflexo da peleque recobre a cartilagem da concha, sobre as regies vizinhas.

    Descrio: A expresso orelhas em exterior, nosignifica todo o aparelho auditivo, mas simplesmente a concha que uma expanso da pele conformada em cometo, tendo um arcabouocartilaginoso que contorna o orifcio do meato acstico externo. Opavilho auricular recoberto externamente por uma pele fina, bas-tante aderente, atravs da qual desenham-se alguns vasos superficiaiscom trajeto sinuoso. Internamente, apresenta-se ela mais delgada, rsea,entremeada de plos longos, finos e entrelaados, que servem paraamortecer os rudos e impedir a penetrao de corpos extranhos.

    Sendo a pele muito aderente aos planos profundos, qualquercompresso que se faa ou um processo inflamatrio que a se desen-volva, so bastante dolorosos. Este apndice, pela sua sensibilidadee fcil apreenso, pode ser usado como meio de conteno.

    Conforme a orientao tomada pelo pavilho auricular, recebem,os cavalos, denominaes diversas que no sero aqui tratadas, por-quanto, cabem mais num trabalho exclusivamente de ezoognosia.

    Tmpora: Regio par, situada na face lateral da cabea,corresponde parte externa da articulao tmporo-mandbular (Est.l e 2E).

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    Limites: Inferiormente limitada pela poro masseterina(chato da bochecha), superiormente pelos olhais e fronte, aboralmente,separa-se da orelha por pequena poro da partida e, oralmente,relaciona-se com a regio orbitria.

    Linhas de demarcao: Superiormente separa-se da frontee dos olhais por uma linha de concavidade inferior, marcada na super-fcie pelo bordo superior da arcada zigomtica, linha esta que se es-tende at a regio palpebral, ponto que corresponde mais ou menos parte mdia da arcada. Inferiormente ou lateralmente, a demarcaodesta regio dada pelo bordo inferior da arcada, desde seu meio, atatingir aboralmente o colo do cndilo da mandbula. Esta linha separaa tmpora da bochecha. O limite anterior dado pela linha de inseroda plpebra superior, reunio dos limites superior e inferior, ou pelalinha que cruza a face lateral da arcada zigomtica, em seu meio. Ademarcao aboral dada por uma linha que, passando pela parte maissaliente do rebordo posterior do cndilo da mandbula, rene os limitessuperior e inferior.

    Descrio: O plano cutneo desta regio bastante del-gado e mvel, notando-se, principalmente nos animais de pelagem es-cura, o aparecimento dos primeiros plos brancos que caracterizam,para alguns AA., a idade avanada do animal. Tais plos, no entre-tanto, podem ser notados tambm em ptros.

    No raro, nesta regio, aparecerem excoriaes ou depilaes,conseqncia de um decbito prolongado.

    Olhais: Regio par, situada postero-superiormente arca-da orbitria, representada por uma depresso que corresponde fossaorbito-temporal (Est. l e 2F).

    Limites: Os olhais colocam-se aboralmente aos olhos; me-dialmente e oralmente limitam-se com a fronte e lateralmente, com astmporas.

    Linhas de demarcao: Aboralmente, separa-se da frontepor uma linha que corresponde salincia do bordo oral do msculotemporal, recoberto em parte pelo coxim adiposo que preenche a fossarbito-temporal, e que se estende da crista temporal do osso frontal,at o bordo superior da arcada zigomtica. A linha de demarcao me-diai e oral dada pela poro da crista temporal do frontal, na parteque esta se estende pelo bordo posterior do processo zigomtico domesmo osso, at a parte mdia do bordo superior da arcada zigomticaque separa os olhais medialmente da fronte, e, oralmente, da regioorbitria. Lateralmente segue a salincia, muito ntida, formada pelo

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    bordo superior da arcada zigomtica, que constite o limite de separa-o entre os olhais e a tmpora.

    Descrio: - A pele que recobre os olhais dobra-se entre osdedos com muita facilidade. Preenchendo toda a regio acha-se umcoxim adiposo que recobre o processo coronide da mandbula e estem contacto ntimo com o mesmo. Os olhais no devem ser muito pro-fundos, pois isto indicaria cansao ou velhice do animal e contribuiriapara a formao da cabea descarnada.

    Regio orbitria: Aplicamos esta denominao (regioorbitria) para designar o que vulgarmente, em Ezoognosia, se denominaolhos. (Est. l e 2Q). Achamos a primeira mais exata, porquanto,alm do rgo essencial da viso globo ocular so estudados,nesta regio, seus anexos, como: plpebras, msculos motores do globoocular, membrana nictitante, etc. Como o fim deste trabalho princi-palmente o de delimitar as regies e descrever sucintamente as parti-cularidades de superfcie, no cogitaremos de detalhes referentes anatomia do globo ocular e seus anexos, exceo feita das plpebras.

    Limites: - - Regio situada de cada lado da fronte, acima dabochecha, anteriormente tmpora e olhais e posteriormente ao chanfro.

    Linhas de demarcao: A regio orbitria perfeitamentelimitada por um crculo sseo, correspondendo ao bordo da arcadaorbitria, crculo este formado pelo osso frontal, seu processo zigom-tico, processo zigomtico do temporal, ossos zigomtico e lacrimal. Parase demarcar esta regio, basta seguir o ponto de insero das plpe-bras, em toda sua extenso.

    Descrio: Afim de tornar mais claro o estudo da regioorbitria, haveria necessidade de lembrar alguns conhecimentos da ana-tomia do globo ocular e de suas partes anexas, que, como dissemos an-teriormente, no sero abordados, pois que iriam prolongar muito estanota, caso fosse por ns empreendido, e ultrapassaria os fins a que nospropusemos. A descrio das plpebras porm de algum interesse

    - porquanto pela frma, defeitos, implantao, fendidura, etc., a regiorecebe denominaes particulares.

    As plpebras so duas pregas cutneas, bastante mveis, que,pela sua posio, so distintas em superior e inferior.

    Ambas possuem: 1.) uma face externa, convexa, recoberta pelapele e dividida em 2 partes desiguais pelo sulco rbito-palpebral;2.) dois bordos um aderente, correspondendo ao contorno da cavi-dade orbitria e outro livre, cncavo na plpebra superior e quasi reti-lneo na inferior. Os bordos so fortemente pigmentados e divididos

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    em duas partes: uma externa, onde se implantam os clios: outrainterna, onde so vistas pequenas aberturas representando a desembo-cadura dos canais das Gll. tarseae Meibomi; 3.) duas comissuras,unio dos bordos livres, distintos em interna, nasal ou medial e externaou lateral.

    Bochecha: E' uma regio par, que compreende a maiorparte da face lateral da cabea, estendendo-se da partida comis-sura dos lbios e do chanfro ganacha, (Est. 2 e 3H). Encarada sobo ponto de vista ezoognosico, pode ser ela dividida em duas regiesdistintas, bem delimitadas pela salincia do bordo anterior do ms-culo masster. A poro posterior, chato da bochecha ou poro mas-setrica, delimitada aboralmente pelo ramo montante da mandbulae corresponde totalmente ao msculo masster. A poro anterior,bolsa ou bochecha propriamente dita, corresponde ao msculo bucina-dor e separa-se do chanfro pela crista facial, estendendo-se at a co-missura labial.

    Limites: Superiormente limita-se com as regies da tmpo-ra, orbitria e do chanfro; inferiormente com a ganacha; aboralmentecom a partida e oralmente com a comissura dos lbios.

    Linhas de demarcao: Aboralmente, a linha de demarca-o dada por toda a extenso do ramo montante da mandbula,desde o angulo at o cndilo, separando esta regio da partida.Oralmente, por uma linha de concavidade anterior, que partindo damargem postero-lateral da protuberncia do mento, acompanha o ms-culo orbicular dos lbios, contorna a comissura labial, mais ou menos distncia de um centmetro e atinge o ponto que corresponde apro-ximadamente metade da poro aboral do contorno da narina. Su-periormente, a bochecha separa-se da tmpora, regio orbitria e chan-fro, por uma linha que, partindo do bordo posterior do ramo montanteda mandbula, ao nivel do colo, continua pela margem inferior da arca-da zigomtica, pela crista facial e por uma reta que se prolonga desta,at alcanar o contorno da narina, aproximadamente na metade de suaporo aboral.

    Ventralmente demarca-se esta regio pela linha que parte doangulo da mandbula e se dirige para diante, seguindo o bordo inferiordo msculo masster; alm deste, se continua pelo bordo ventral doramo da mandbula at chegar margem postero-lateral da protube-rncia do mento, unindo-se linha limtrofe oral.

    Descrio: Na parte anterior desta regio bolsa oubochecha propriamente dita percebemos uma estreita coluna carnsa,

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    o M. depressor do lbio inferior que muito bem se destaca sob a pelefina e mvel. Medialmente nota-se a salincia formada pelo msculobucinador que torna a regio convexa. A parte posterior, correspon-dente ao chato da bochecha completamente plana, e tem por base,em toda a extenso, como dissemos, o M. masseter.

    Narina: Regio par, representada pelos orifcios exterioresdas cavidades nasais (Est. 1 e 2 I). As narinas so duas aberturas co-locadas de cada lado da regio da extremidade do nariz, convergindoinferiormente em frma de elipse ou, como mais comumente se compara,idnticas a duas vrgulas com seus bordos convexos voltados lateral-mente.

    Limites: - - Superiormente cada narina ou venta limitada pelaregio do chanfro; lateral e anteriormente, pelo lbio superior e me-dialmente, pela extremidade do nariz.

    Linhas de demarcao: A demarcao de seu contorno dadapela linha que acompanha, cerca de um centmetro, suas asas: interna eexterna e comissuras: superior e inferior.

    H certa discordncia entre os AA. em estabelecer diferenciaoentre - - narinas, divertculo do nariz e vestbulo do nariz elemen-tos que constituem a extremidade oral das cavidades nasais.

    BRUNI, nas suas pesquisas morfolgicas sobre o divertculo nasaldos Eqinos domsticos, diz que para os antigos anatomistas, narinasignificava toda a cavidade nasal. A denominao de falsa narina,pelo mesmo motivo, significaria, ento, falsa cavidade nasal.

    Outros AA. usam a denominao narina para o vestbulo do na-riz, porm, para B. N. A. o termo nares, ou naris (I. N. A. 1935)significa abertura externa da cavidade nasal apertara nasi externa, denominao esta que julgamos mais exata e que deve ser adotada.

    A prega cutnea, representada por um fundo cego, colocado noangulo formado pela incisura inter-maxilo-nasal, erroneamente denomi-nada falsa narina, ser chamada divertculo do nariz ou como aindaprefere BRUNI divertculo cutneo do nariz ou divertculo do vestbulodo nariz. Acha, este A., as ltimas denominaes mais exatas, por-quanto, divertculo do nariz so todas as cavidades acessrias dasfossas nasais.

    Falsa narina no seria, ento, sinnimo de divertculo cutneodo nariz, mas compreenderia a parte dorsal da narina (apertura nasiexterna), pela qual se tem acesso cavidade do divertculo cutneo,sem penetrar nas fossas nasais.

    Toda a poro da cavidade nasal que posse revestimento cut-neo seria denominada de vestbulo do nariz, BRUNI. KORMANN que es-

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    tudou muito bem, por pesquisas histolgicas, os limites entre vestbuloe cavidade nasal propriamente dita considerou-os muito ntidos em ani-mais pigmentados, onde se nota a passagem brusca da pele para a mu-cosa. O mesmo no acontece com a delimitao entre vestbulo edivertculo cutneo do nariz, pois que, neste ponto, os limites no es-to bem estabelecidos pelos AA..

    Para ELLENBEROER e BAUM, O vestbulo e divertculo cutneodo nariz so compreendidos sob o nome de nariz cutneo (nasuscutanius).

    Embora esta regio receba a denominao que anatmicamentecompreende exclusivamente a abertura externa das fossas nasais, emExterior, alm desta abertura, estudam-se tambm o vestbulo do narize seu divertculo cutneo, estendendo-se ainda mais internamente paraas fossas nasais, porquanto, a pituitria , igualmente levada em consi-derao, quando so estudadas as belezas e defeituosidades da regio.

    A narina, na respirao socegada, tem a frma de um crescen-te ou de uma vrgula invertida, com a convexidade voltada ventro-lateralmente; na respirao profunda, apressada, intensa, toma mais afrma ovalar, com a grande curvatura voltada ventralmente.

    Os limites da narina so dados pelas asas do nariz, das quais,a medial tem como arcabouo a cartilagem alar, enquanto que alateral, somente na poro ventral alberga, em seu interior, o cornoda cartilagem alar, no restante mvel e flexvel, entrando em suaconstituio msculos e tecido conjuntivo. Na poro ventral, as asasdo nariz continuam-se uma na outra formando uma doce curva, aopasso que a comissura dorsal se faz em angulo agudo.

    Do acima exposto, fica bem claro que pela poro dorsal danarina (comissura dorsal) falsa narina BRUNI ; penetra-se no diver-tculo cutneo do vestbulo do nariz e, pela poro ventral (comissuraventral), penetra-se pelo vestbulo do nariz, nas cavidades nasais propria-mente ditas.

    Achamos oportuno lembrar que BRUNI, no estudo j mencionado,considera o orifcio da narina como uma formao secundria e, segun-do este critrio, o orifcio externo vestibular seria limitado lateralmente,como nos outros animais, pela asa que tem como arcabouo a cartila-gem alar. Deste modo, para este A., imprprio empregar o termo deasa lateral para a dobra cutnea, de crescimento secundrio, que apa-rece limitando lateralmente o contorno da narina. BRUNI de preferenciausa a denominao parede lateral do nariz cutneo em substituioa de asa lateral.

  • Pinto e Silva e A. Chieffi Demarcao das regies da cabea no cavalo 89

    C - FACE POSTERIOR

    A face posterior da cabea compreende toda a regio que seestende da garganta protuberncia do mento, apresentando ao estudoezoognosico trs regies: fauce, ganachas e barba.

    Fauce: E' uma regio mpar, situada entre os dois ramosda mandbula (Est. 3 J).

    Limites: - Tem como limite aboral a garganta. Oralmente con-tina-se com a barba e lateralmente com as ganachas.

    Linhas de demarcao: Lateralmente a fauce demarcadapela salincia ntida formada pelos bordos inferiores da mandbula,que a separam da ganacha. Estes bordos, reunindo-se na snfise man-dibular, constituem a demarcao oral separando a fauce da barba.Seu limite aboral dado por uma transversal que une os dois ngulosda mandbula, limitando esta regio com a da garganta.

    Descrio: Preenchendo todo o espao inter-mandibular, a fauceapresenta-se com forma de um V, com vrtice oral, deprimido em rela-o aos bordos inferiores da mandbula, que constituem, mesmo, seuslimites.

    A pele desta regio fina, entremeada de plos longos, prin-cipalmente nos animais linfticos.

    A abundncia do tecido celular subcutneo em sua poro aboral,permite o maior deslocamento da pele, necessrio ba movimentaoda cabea.

    Ganacha: Regio par, situada de cada lado da fauce, esten-dendo-se pelo ramo horizontal, angulo e ramo ascendente da mandbula(Est. 3K). Na poro correspondente ao ramo horizontal da mesma,s entra na constituio desta regio, o bordo ventral do osso. Atin-gindo o angulo e o ramo ascendente, estende-se sobre a face medialdessas pores sseas, onde se continua com a regio da garganta.

    Limites: Aboralmente limita-se com a garganta e partida,oralmente contina-se com a barba e medialmente, com a fauce.

    Linhas de demarcao: As linhas de demarcao destaregio podem ser dadas por toda a extenso dos bordos ventrais damandbula, desde o angulo, aboralmente, at o corpo, oralmente. Naporo correspondente ao angulo e ramo ascendente, esta regio, comovimos, ultrapassa o bordo, para se estender em parte sobre a face me-dial do osso, servindo como ponto de reparo para sua delimitao me-diai, a reflexo da pele sobre a garganta.

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    Descrio: A ganacha pode ser dividida em duas partes, poruma salincia situada na altura do limite entre a poro massetricada bochecha e a bolsa da mesma, salincia esta formada pela artria eveia faciais e canal de Stenon. A parte anterior facilmente exploradapela palpao, o que no se d com a posterior, devido sua quasiconfuso com as regies vizinhas. na face interna da poro aboralque tomamos os batimentos arteriais no cavalo, comprimindo a artriamaxilar externa contra a face interna da mandbula.

    A pele desta regio delgada e mvel sobre o plano sseo.Barba: a regio mpar situada imediatamente atrs da

    protuberncia do mento, onde repousa a barbla do freio. (Est. 3L).Limites: Oral e lateralmente limita-se com o lbio inferior,

    aboral e lateralmente continua-se, de cada lado, com as ganachas e pos-teriormente, com o vrtice da fauce.

    Linhas de demarcao: Oralmente separada do lbio poruma linha que margeia o bordo aboral da protuberncia do mento.Seu limite aboral, corresponde ao bordo posterior do corpo da mand-bula, limite que a separa da fauce. As linhas de demarcao lateraisso traadas pela reunio dos limites oral e aboral e correspondem,profundamente, s margens laterais do corpo da mandbula.

    Descrio: A barba uma regio de pequena extenso, queno apresenta interesse importante para uma descrio mais ou menosdetalhada. Certos AA. querem vr, na conformao da mesma, carac-teres etolgicos secundrios (MARCHI), descrevendo-a mais arredondadanos animais novos e cortante nos de idade avanada. No h, entre-tanto, observaes precisas respeito.

    D - EXTREMIDADE INFERIOR OU PICEA extremidade inferior da cabea apresenta como nica regio

    a estudar a boca, parte de grande importncia em Ezoognosia, onde,alm de se estudar sua abertura, faz-se descrio detalhada dos dentes,gengivas, barras, lngua, palato e canal lingual.

    Boca: Sendo o fim deste trabalho, como tivemos ocasio dedizer, delimitar as regies externamente, dar-se- apenas a demarcaoe descrio de seu contorno oral formado pelos lbios superior e infe-rior (Est. l , 2 e 3 M ) .

    Limites: Superiormente limita-se com a extremidade do nariz;lateral e dorsalmente com as narinas, lateralmente com as bochechas einferiormente com a barba.

  • Pinto e Silva e A. Chieffi Demarcao das regies da cabea no cavalo 91

    Linhas de demarcao: A linha de demarcao superior cor-responde, internamente, ao sulco gengivo-labial, limite oral da extre-midade do nariz. Dorso-lateralmente segue, a cerca de 1 centmetroo contorno da narina, limitando-se com esta regio, at a parte mdiada asa lateral, ponto de terminao das linhas divisrias do chanfro ebochecha. Margeia a salincia do msculo orbicular, acompanha late-ralmente a comissura dos lbios, at atingir a poro mais lateral eposterior da protuberncia do mento, limite oral da bochecha. Ven-tralmente, a boca separa-se da barba por um sulco bem ntido, quepassa pelo limite posterior da protuberncia do mento.

    Descrio: A boca fechada anteriormente por duas pre-gas msculo-membranosas os lbios uma superior e outra inferiore que, nos eqinos, so utilizadas como rgo de preenso dos alimen-tos, sendo ainda, sob o ponto de vista do Exterior, rgos de expresso.

    O lbio superior, mais mvel, toma parte mais saliente na preen-so dos alimentos. A pele, tanto do lbio superior, como do inferior,pode apresentar-se branca, nos animais de pelagem escura, que sodenominados: Bebe no branco do lbio superior, inferior ou de ambos.

    Os lbios oferecem ao estudo duas faces, externa e interna; doisbordos, livre e aderente e duas comissuras.

    A face externa, anterior ou cutnea do lbio superior convexa,apresentando um sulco mediano denominado sub-nasal, que a divide emduas salincias pouco ntidas. A face cutnea do lbio inferior noapresenta este sulco, mas sim, pregas semi-circulares, que a separamda protuberncia do mento. Esta face revestida de plos comuns etcteis, sendo que na do lbio superior, de cada lado do sulco sub-nasal,pode notar-se uma grande quantidade de plos longos, agrupados emfeixes, formando verdadeiros bigodes.

    A face interna, posterior ou mucsa, cncava e se coloca sobrea face anterior das gengivas e arcadas dentrias, sendo revestida pelamucsa lbial que se continua pela mucsa gengival. Esta face lisa,de cr rsea plida, apresentando algumas vezes manchas pigmentadas.

    O bordo livre, arredondado, marca a transio entre a pele e amucsa. E' regular nos primeiros anos de vida, tornando-se rugosocom o avanar da idade.

    O bordo aderente nivelado pela reflexo da mucsa labialsobre a gengiva, que constite os sulcos gengivo-labiais superior e in-ferior.

    As comissuras so arredondadas e se colocam lateralmente, pro-ximo metade das barras.

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    E - EXTREMIDADE SUPERIOR OU BSEA extremidade superior da cabea representada por duas re-

    gies mpares nuca e garganta e uma par partidas.Alguns AA. como GOUBAUX e BARRIER, LE HELLO, BOURDELLE

    e BRESSOU, MARCQ e LAHAYE, DUERST e outros, incluem tais regies naparte posterior da cabea, estudando-as, como faremos, na extremidadesuperior.

    Outros como: FAELLI, MARCHI, GMELIN, RUBAY, consideram-nascomo regies intermedirias entre a cabea e o pescoo, estudando-as parte.

    Nuca: A nuca que no homem se estende da protubernciaoccipital externa e linhas curvas occipitais superiores, pela face posteriordo pescoo at a 7.a vertebra cervical, nos animais, est colocada entreas orelhas, correspondendo regio mais alta da cabea e anterior-mente ao bordo superior do pescoo (Est. 2 e 4N).

    Limites: Oralmente a nuca est limitada pela fronte; lateral-mente com as orelhas e partidas e posteriormente, com a parte maisanterior do bordo superior do pescoo.

    Linhas de demarcao: Oralmente esta regio demarcadapela linha transversal que acompanha a poro mais alta da cabea,representada pela protuberncia occipital externa e linha superior danuca. O limite aboral representado pela linha transversal que acom-panha o bordo ou margem anterior do atlas, que tem sua poro maisevidente nas salincias da poro cranial das asas do mesmo osso,separando a nuca, da regio cervical superior. Lateralmente, tomandocomo ponto de partida a poro extrema da linha superior da nuca,a demarcao da regio se faz acompanhando a base da concha, noponto de reflexo da pele. Segue, depois, a corda muscular formadapelo msculo pequeno oblquo da cabea, que passa acima da regioda partida, at atingir a parte anterior da asa do atlas.

    Descrio: Nuca, regio de extenso mnima, representa-da por uma faixa transversal, onde se reconhece uma poro medianae duas laterais. A primeira recoberta por uma pele grossa e aderente,na qual se implanta um tufo de plos denominado topete. As regieslaterais apresentam a pele mais fina, menos aderente, e so recobertaspor plos comuns.

    Garganta E' a regio que compreende toda a poro re-presentada pela prega do pescoo sobre a cabea e rene as duas par-tidas inferiormente (Est. 2 e 3O).

  • Pinto e Silva e A. Chieffi Demarcao das regies da cabea no cavalo 93

    Limites: Anteriormente limita-se com as fauces; supero-lateralmente com as ganachas e partidas; posteriormente se continuacom o limite anterior do bordo inferior do pescoo.

    Linhas de demarcao: A linha de demarcao oral dadapor uma transversal, que une os dois ngulos da mandbula. A abo-ral, posterior salincia muito perceptvel do bordo postero-ventralda cartilagem cricide, corresponde internamente aos primeiros anisda traqua e separa a garganta da regio do pescoo. Lateralmentesua demarcao dada pela linha que, partindo do ponto de reflexoda pele logo acima do angulo da mandbula sobre a face medial do ramomontante, se dirige para trs at cruzar a linha imaginria que prolon-ga o relevo anterior da asa do atlas at atingir o bordo ventral do pes-coo. Esta linha separa a garganta da ganacha e partida.

    Descrio: A pele desta regio delgada e muito mvel,apresentando pregas transversais, que desaparecem quando a cabease estende.

    Partida: E' uma regio par, situada lateralmente cabea,constituindo para alguns autores a regio intermediria entre esta e asparedes laterais ou tboas do pescoo (Est. 2 e 4P) .

    Limites: Superiormente, limita-se com a orelha; inferior-mente, com a garganta; anteriormente, com a bochecha e a tmpora eposteriormente, com a tboa do pescoo.

    Linhas de demarcao: Superiormente a partida separa-seda orelha por uma linha de concavidade dorsal, que contorna late-ralmente a base da concha, no ponto de reflexo da pele, abraando-aaboral e oralmente. Separa-se da nuca pela corda saliente formada pelomsculo pequeno oblquo. A linha de demarcao inferior traadado angulo da mandbula para trs, at atingir a linha imaginria queprolonga para baixo o relevo anterior da asa do atlas. Oralmente, alinha de demarcao parte da poro mais aboral da arcada zigomtica,contorna posteriormente a articulao tmporo-mandibular, segue peloramo ascendente da mandbula, at seu angulo, onde se une com o limi-te inferior. Aboralmente demarca-se a regio da partida pelo relevoanterior da asa do atlas prolongado inferiormente por uma linha ima-ginria, at ao ponto de cruzamento com a da demarcao inferior.

    Descrio: A regio da partida recoberta por uma pelebastante mvel que se prega transversalmente quando a cabea entraem flexo. A glndula partida ocupa toda a extenso da regio,feita exceo de uma pequena parte situada no angulo antero-inferior,

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    que cruzada pelo msculo digstrico e pelo tendo do msculo es-terno-maxilar.

    Esta contribuio para o estudo da demarcao das regies dacabea no cavalo, a primeira de uma srie de trabalhos que preten-demos encetar, nos quais abordaremos sucessivamente as demais regiesdo corpo desse animal. Do mesmo modo, nosso intuito estenderidntico estudo s demais espcies domesticas.

  • Pinto e Silva e A. Chieffi Demarcao das regies da cabea no cavalo 95

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  • 96 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 1, fasc. 2, 1939

    EXPLICAO DAS ESTAMPASEstampa 1 Face anterior da cabea.Estampa 2 Face lateral da cabea.Estampa 3 Face posterior da cabea.Estampa 4 Extremidade superior da cabea.

    Indicaes comuns das estampasA FronteB ChanfroC Extremidade do narizD OrelhasE TmporasF Olhais0 Regies orbitriasH Bochechas1 NarinasJ FauceK GanachasL BarbaM BocaN NucaO GargantaP Pairtida.

  • Pinto e Silva e A. Chieffi, Regies cabea cavalo Rev. Fac. Med. Vet. s. Pauto, Vol. 1 ,fasc. 2Estampa 1

  • Pinto e Silva e A. Chieffi, Regies cabea cavalo Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo, Vol. 1, fasc. 2Estampa 2

  • Pinto e Silva e A. Chieffi, Regies cabea cavalo Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo, Vol. 1, fasc. 2Estampa 3

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  • Pinto e Silva e A. Chieffi, Regies cabea cavalo Rev- Fac- Med. Vet. s. Paulo, Vol. 1 ,fasc. 2Estampa 4