a região da cisplatina foi disputada, primeiramente,...

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A região da Cisplatina foi disputada, primeiramente, por espanhóis e portugueses e depois, por argentinos e brasileiros. A área era considerada estratégica, pois era de grande domínio fluvial, com acesso aos rios Paraná e Paraguai e via de transporte da prata andina. Em 1916, quando a Argentina formalizou sua independência da Espanha, os portugueses invadiram a Banda Oriental (atual Uruguai), sob o pretexto de assegurar a autoridade de Fernando VII, rei da Espanha. Em 1821, o território foi incorporado ao Império do Brasil, provocando protestos da Argentina e da Inglaterra, que também tinha interesses na região. Com a independência do Brasil, em 1822, esta região foi rebatizada de Província Cisplatina. Inconformados com a ocupação brasileira, um grupo de uruguaios, denominados de Trinta y Tres Orientales , iniciou a resistência armada, chegando a obter vitórias sobre o exército brasileiro. Em outubro de 1825, a Banda Oriental foi reincorporada às Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina), às quais, dois meses depois, o Brasil declarou guerra. Ao encerrar-se o conflito, por exigência inglesa, a Banda Oriental tornou-se independente, sob o nome de República Oriental do Uruguai; aprovou-se, então, uma Constituição e se escolheu para presidente Fructuoso Rivera (1828). Ao Brasil e à Argentina restou reconhecer e garantir a independência uruguaia. Reabriu-se o porto de Buenos Aires – sob bloqueio dos brasileiros desde o início do conflito -, beneficiando o comércio livre e a Inglaterra. Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/common s/2/2d/Mapa_platine_war.PNG?uselang=pt Referência: AQUINO, Rubim santos Leão de. História das Sociedades Americanas. Rio de Janeiro: Record, 2008.

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A região da Cisplatina foi disputada, primeiramente, por espanhóis e portugueses e depois, por argentinos e brasileiros. A área era considerada estratégica, pois era de grande domínio f luvial , com acesso aos rios Paraná e Paraguai e via de transporte da prata andina. Em 1916, quando a Argentina formalizou sua independência da Espanha, os portugueses invadiram a Banda Oriental (atual Uruguai), sob o pretexto de assegurar a autoridade de Fernando VII, rei da Espanha. Em 1821, o território foi incorporado ao Império do Brasi l , provocando protestos da Argentina e da Inglaterra, que também tinha interesses na região. Com a independência do Brasil , em 1822, esta região foi rebatizada de Província Cisplatina.

Inconformados com a ocupação brasileira, um grupo de uruguaios, denominados de Trinta y Tres Orientales , iniciou a resistência armada, chegando a obter vitórias sobre o exército brasileiro. Em outubro de 1825, a Banda Oriental foi reincorporada às Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina), às quais, dois meses depois, o Brasil declarou guerra. Ao encerrar-se o confl ito, por exigência inglesa, a Banda Oriental tornou-se independente, sob o nome de República Oriental do Uruguai; aprovou-se, então, uma Constituição e se escolheu para presidente Fructuoso Rivera (1828). Ao Brasil e à Argentina restou reconhecer e garantir a independência uruguaia. Reabriu-se o porto de Buenos Aires – sob bloqueio dos brasileiros desde o início do confl ito - , beneficiando o comércio l ivre e a Inglaterra.

Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2d/Mapa_platine_war.PNG?uselang=pt

Referência: AQUINO, Rubim santos Leão de. História das Sociedades Americanas. Rio de Janeiro: Record, 2008.

As primeiras disputas territoriais entre o México e os Estados Unidos se deram durante o processo de expansão territorial norte-americano, em que o governo partiu para uma polít ica de compra de praticamente toda a região sul dos Estados Unidos e dos territórios que se local izavam a oeste, até as montanhas Rochosas.

O Texas chegou a representar um grande dilema para os governos norte-americano e mexicano. O interesse dos estados Unidos no território se deu logo após a independência do México, quando proprietários de escravos do sul foram colonizar o solo texano. Por um lado, os texanos desejavam que o território fosse anexado aos Estados Unidos; por outro, o governo mexicano tomava medidas para impedir a entrada de novos escravos no país, já desde 1829 a escravidão havia sido abolida. Os texanos rebelaram-se contra os exércitos mexicanos e se declararam independentes, uma condição que permaneceu inalterada por algum tempo, até que os Estados Unidos anexaram o Texas em 1845.

Mas esta não foi a única medida tomada pelo governo norte-americano do presidente James K. Polk contra o território mexicano. A fronteira entre o México e os Estados Unidos foi modif icada a favor dos norte-americanos. Diante das pressões e ameaças, de 1846 a 1848, intensif icaram-se os confl itos entre os dois países.

Disponível em: http://lh3.ggpht.com/_KFZuB8FSfnY/TKs-UT4iGwI/AAAAAAAADGA/eiDRUq9q0YY/Guerra%20Mexico-EEUU.jpg

O verdadeiro interesse dos EUA eram as terras da Cal ifórnia que, em 1845, possuíam cerca de 12 mil habitantes, a maioria era de norte-americanos. A região era rica em recursos minerais e com l itoral banhado pelo Pacíf ico.

Quando, no f inal da guerra, se assinou o Tratado de Guadalupe-Hidalgo (1848), pelo qual o México reconheceu a fronteira do Rio Grande e a perda do Texas, os EUA obtiveram ainda a Cal ifórnia e o Novo México, que corresponde aos atuais estados de nevada e Utah. Pouco depois, descobriu-se ouro na Cal ifórnia, proporcionando o rápido crescimento da região, que, dois anos depois (1850), foi admitida na União como Estado. Dessa maneira o expansionismo dos EUA tomou posse de mais da metade do território do México, ou seja, mais de dois milhões de km2.

Referências :

AQUINO, Rubim santos Leão de. Histór ia das Sociedades Americanas. R io de Janeiro: Record, 2008 .

NARO, Nancy Prisc i l la S. A formação dos Estados Unidos. São Paulo, Atual , 1994.

Batalha de Cerro Gordo (1847), litografia Universidade de Yale, New Haven, Connecticut (EUA) Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/27/Batalla_de_Cerro_Gordo.jpg

Conhecida também com Guerra da Trípl ice Al iança, porque

confrontou os al iados Argentina, Brasil e Uruguai contra o

Paraguai. As razões do confl ito geram um polêmico debate

historiográfico e várias interpretações distintas, conforme

os interesses de cada um dos envolvidos no confl ito. A

Guerra do Paraguai foi parte de um conjunto de guerras

que caracterizam a emergência e desenvolvimento da fase

imperial ista, a partir das agressões que os países latino-

americanos sofreram das potências centrais nesse período,

principalmente a Inglaterra.

O Paraguai, antes da guerra, t inha sido um caso singular na

América Latina: seu modelo econômico buscava o

desenvolvimento autônomo a partir de suas próprias

forças. Por isso tinha praticado o isolamento e fechado seu

mercado ao exterior, deixando, inclusive, de sol icitar

empréstimos. Ao contrário dos demais países da região,

todos de economia aberta, estavam já endividados desde

antes da guerra. E, para poder sustentar seus gastos de

guerra, t iveram que aumentar ainda mais o ritmo dos

empréstimos. Foi essa uma das maneiras como o capital

participou nessa guerra. Através desses empréstimos,

britânicos especialmente, foi possível, em grande parte,

manter os exércitos al iados.

Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-FuKl3Wh7Pf8/TnjM2PzVaYI/AAAAAAAAAMs/d0zxkeu5jo4/s1600/MAPA+PARAGUAY.jpg

A polít ica da Grã-Bretanha não é clara nessa guerra.

Segundo a historiografia oficial , foi neutra. Mas na

verdade, a polít ica britânica conjunta, trabalhou

ativamente contra o Paraguai. Os ingleses consideravam

vital o l ivre acesso ao mar através do Uruguai. Mas a Grã-

Bretanha não admitiu que a possível absorção da República

do Uruguai pela Argentina ou pelo Brasil afetaria

materialmente a vida do Paraguai, ou que seria uma ameaça

à l ivre navegação pelo sistema de rios compartido por

esses quatro países sul -americanos. Neste cenário, o

Paraguai seria um obstáculo e uma ameaça à expansão

britânica na bacia do Rio da Prata.

Mas é preciso entender que não foram apenas as causas

econômicas que provocaram a Guerra do Paraguai. De um

lado, o Brasil Imperial sempre pretendeu os territórios que

com a guerra acabou conseguindo; de outro, as pretensões

argentinas iam até a região do Chaco Boreal . É claro que a

economia é a mola inicial e que incomodava os interesses

ingleses, mas não se deve desconsiderar os motivos

secundários dos seus agentes na América do Sul. Nas ações

contra o Paraguai coincidiam os interesses britânicos,

argentinos e brasileiros; foi isso o que selou uma al iança

informal. De modo geral, a Grã Bretanha apoiou o Brasil e

Argentina, primeiro contra o Uruguai e depois contra o

Paraguai.

Unidade de cavalaria paraguaia (à esquerda) é atacada por um soldado montado aliado (à direita).

(Harper's New Monthly Magazine, Vol. 40, 1870). Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/INROAD_OF_THE_CAVALRY.JPG

Como resultado do confl ito, o Paraguai foi quase que

totalmente destruído mas, f inalmente, foi aberto ao free

trade (l ivre comércio) . “Morreram 96,5% dos homens e dos

sobreviventes apenas 1,08% tinha mais de 20 anos. Da

população total (800 mil), morreram 75,75% (606 mil)”

(CHIAVENATTO, apud AQUINO, 2008, p.260).

Com o f im do confl ito em 1870, os beneficiados foram,

primeiro, os interesses britânicos; estes, f inalmente,

conseguiram entrar no Paraguai e, simultaneamente,

conseguiram também aumentar seu controle econômico

sobre os vitoriosos. Em segundo lugar, podemos citar os

governos argentino e brasileiro; estes, além de obterem

grande parte do território paraguaio, deixaram de temer

seu modelo que, como dissemos, antes da guerra era não-

escravocrata, isolado e poderoso. O Uruguai foi o al iado

menor, que nada conseguiu.

Referências :

AQUINO, Rubim santos Leão de. Histór ia das Sociedades Americanas. R io de Janeiro: Record, 2008.

AMARO, Enrique. A Guerra do Paraguai em perspect iva histór ica. Estudos Avançados 9 (24), 1995, p .255 -268.

Pedro Américo. Batalha do Avaí (1872-77), Museu Nacional de Belas Artes, Brasil. Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Avai_01.JPG

Os confl itos entre as repúblicas sul-americanas decorreram, muitas vezes, da disputa dos caudilhos pelo poder. Em 1836, começou um confl ito entre o Chi le e a Confederação Peru-Bolívia, tendo como pano de fundo, divergências quanto às taxações sobre dois importantes produtos de exportação: o trigo chileno era fortemente taxado pelo Peru, que tinha o seu açúcar altamente tributado pelo Chile. A paz foi assinada em 1839. Decorridos apenas dois anos, a nova guerra ocorreu, desta vez opondo peru e Bolívia (1841-1842), por causa de questões fronteiriças: era pretensão do Peru anexar parte do território boliviano. Sob mediação do Chile, a paz foi estabelecida sem que a república peruana atingisse seus objetivos.

As disputas territoriais e econômicas entre Peru, Bolívia e Chile para assegurar os benefícios com o comércio internacional inglês levou à chamada Guerra do Pacíf ico. Desde o período colonial e durante grande parte do século XIX as fronteiras entre Chile Bolívia permaneceram indefinidas . Enquanto a região não tinha importância econômica tanto para um país quanto para outro, a indefinição das fronteiras era irrelevante. No entanto, a partir do momento em que o guano (esterco de gaivotas e alcatrazes) e os nitratos passaram a ser uti l izados em larga escala na agricultura mundial, a região entre Chile e Bolívia, rica nesses recursos, passou a ser disputada devido aos interesses pelo direito de exploração e comercial ização do guano e dos nitratos, principalmente com a Inglaterra.

Disponível em: http://www.launion.edu.pe/sate/contenido/secundaria/quinto/Ciencias%20Sociales/Geograf%EDa%20-Per%FA.%20Bolivia%20y%20Chile%20en%201879/peru_1879.jpg

Nesse contexto, a Bolívia e o Peru estabeleceram uma al iança mil itar e comercial, em que ambos se beneficiaram e se fortaleceram para enfrentar o Chile. As empresas chilenas passaram a ser prejudicadas e t iveram suas propriedades confiscadas na fronteira com a Bolívia. A guerra foi declarada em 1879. Devido à sua supremacia naval , o Chi le foi superior no confl ito, derrotando primeiro o Peru e depois a Bolívia.

A Guerra do Pacíf ico é um exemplo claro de problema territorial mal resolvido. Ao f inal do confl ito, o Chile, vitorioso, anexou parte do Peru e da Bolívia, t irando deste último sua saída para o Pacíf ico. Esta questão é tratada pelos bolivianos até hoje como uma questão nacional . Além disso, o Chile passou a obter o monopólio mundial dos nitratos, estimulando sua economia e beneficiando os capital istas ingleses e chilenos. Ao se iniciar a últ ima década do século XIX, a dependência econômica do Chile em relação à Inglaterra era ainda maior do que quando iniciou o confl ito.

Referências :

AQUINO, Rubim santos Leão de. Histór ia das Sociedades Americanas. R io de Janeiro: Record, 2008 .

Fotografia de soldados chilenos, tirada pouco depois da tomada da capital Lima (Peru) durante a Guerra do Pacifico (1881) Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b2/Soldados_Chilenos%281881%29.jpg