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Programa Joaquim Nabuco 3

PROGRAMA JOAQUIM NABUCO

- SERVIDORES 1º/2011 -

1 SUPERVISOR:

Nayse Hillesheim

Assessoria de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Telefone: + 55 XX (61) 3217-4012

2 COORDENADOR:

Erismar Souza Freitas Filho

Assessoria de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Telefone: + 55 XX (61) 3217-6505

3 SERVIDOR INTERCAMBISTA

Nome: Edinalva Ferreira dos Santos

Nacionalidade: brasileira

Tribunal de origem: Supremo Tribunal Federal do Brasil

Período: 6/6/2011 a 16/6/2011

E-mail: [email protected]

Alocação: Suprema Corte de Justicia del Uruguay

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................5

VISITA À SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA E À ESCOLA JUDICIAL ..............................................................................7

VISITA AO PALÁCIO DOS TRIBUNAIS ..............................................................................................................................12

AUDIÊNCIA NO JUIZADO LETRADO CIVIL, VISITA AO TRIBUNAL DE APELAÇÃO DE 1º TURNO E AO DEPARTAMENTO DE JURISPRUDÊNCIA DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA URUGUAIA ............................ 15

VISITA AO CENTRO DE INSTRUÇÃO CRIMINAL ..........................................................................................................19

REUNIÃO COM OS PRÓ-SECRETÁRIOS DA CORTE E VISITA AOS NOVOS JUIZADOS DE FAMÍLIA ......... 20

VISITA AO PALÁCIO LEGISLATIVO E REUNIÃO COM O SECRETÁRIO LETRADO DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA ................................................................................................................................................................23

VISITA AO TRIBUNAL DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO ................................................................................24

DEBATE SOBRE ALGUNS ASPECTOS INSTITUCIONAIS DA SUPREMA CORTE BRASILEIRA ....................... 26

PODER JUDICIÁRIO URUGUAIO .......................................................................................................................................27

AVALIAÇÃO FINAL E IMPRESSÕES PESSOAIS .............................................................................................................30

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INTRODUÇÃO

6 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

O programa Joaquim Nabuco foi instituído no âmbito do Supremo Tribunal Federal pela Resolução nº 445, de 26.11.2010 com a finalidade de promover o intercâmbio de magistrados e servidores dos Tribunais e das Cortes Supremas dos países do MERCOSUL e associados. Seu grande objetivo é buscar promover uma maior integração e cooperação entre os diversos órgãos integrantes do Poder Judiciário dos países do MERCOSUL e associados. Devido aos fatos históricos entrelaçados entre o Brasil e o Uruguai; pela sua relevância por ser o país sede do MERCOSUL; suas peculiaridades geográficas, onde se destaca por ser um país de administração política Unitária enquanto que o Brasil é uma Federação ocasionando desta maneira grandes diferenças na forma de administração do Poder Judiciário. Tudo isso, contribuiu, sem dúvida, para a minha escolha do Uruguai como primeiro destino para este universo inesgotável de troca de conhecimentos que é participar de um intercâmbio. Fatos Históricos O registro da história do Uruguai se inicia com a chegada dos primeiros europeus a área no inicio do século XVI. A colonização começa com a chegada de espanhóis e portugueses à região. Portugal tinha a sua base em Colônia do Sacramento e os espanhóis fundaram a cidade de Montevidéu que mais tarde se transformaria na capital do país. No início do século XIX iniciou-se um movimento de independência por quase toda América do Sul.

O Uruguai foi objeto de disputa entre o Brasil e Argentina. O Brasil representava os Portugueses e a Argentina os Espanhóis. O Brasil sob o domínio de Portugal já havia ocupado a área em 1811 e anexada em 1821 (incorporação da Cisplatina). Entre 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira reivindicava a independência. A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros ao império. Derrotado o Brasil reconheceu a independência da Cisplatina que passou a se chamar República Oriental do Uruguai. Em 1928 o Uruguai se tornou uma nação independente com a assinatura do tratado de Montevidéu. A partir daí, o país experimentou uma série de presidentes eleitos e nomeados e entrou em conflitos com estados vizinhos, flutuações e modernizações políticas e econômicas e grandes fluxos de imigrantes, provenientes especialmente da Europa. Os militares tomaram o controle da administração em 1973 e o governo civil só regressou em 1985, um ano depois de vastos e violentos protestos contra os regimes militares na América do Sul, inclusive no Uruguai. A Geografia

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O território uruguaio está localizado n centro sul da América do Sul e é banhado ao sul pelo oceano Atlântico. Faz fronteira ao norte com o Brasil e a oeste com a Argentina. Sua população estimada gira em torno de 3,5 milhões de pessoas. Montevidéu é a capital uruguaia e sua população gira em torno de 1,8 milhões de pessoas. O Uruguai não tem religião oficial e, portanto, a igreja e o estado estão oficialmente separados e a liberdade religiosa é garantida. Uma pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Nacional de Estatística do Uruguai apontou o catolicismo como a principal religião, com 45,7% da população, 9,0% são cristãos não católicos. A república uruguaia é dividida em 19 departamentos. A língua oficial do país é o espanhol e a moeda é o peso uruguaio. A economia do Uruguai baseia-se basicamente na pecuária e agricultura. O turismo é também uma importante fonte de riqueza da república uruguaia. O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul.

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VISITA À SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA E À ESCOLA JUDICIAL

6 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita à Suprema Corte de Justiça - Passeio pelas instalações Primeiramente, fizemos uma visita pelas instalações da Suprema Corte de Justiça, acompanhados da Sra. Ethel Mercadal, servidora lotada no Departamento de Relações Públicas e Protocolo. A Suprema Corte de Justiça do Uruguai, conhecida como Palácio Píria, fica situada na “Pasaje de los Derechos Humanos” entre San José e Plaza Cagancha. Já na entrada do edifício, em seu andar térreo, podemos ver fixadas as fotos de todos os ministros da Corte. Muito bonito, pode-se afirmar, com certeza, que o palácio é um dos monumentos arquitetônicos mais destacados da cidade. Construído em 1917 por Francisco Píria, o estilo da construção relembra a linguagem eclesiástica da época, com finos toques da arquitetura francesa, do arquiteto Camilo Gardelle. “El Señor Píria” (1847-1933) que fora um rico empresário e fundador da cidade de Piriápolis (linda cidade, bem próxima a Punta Del Este), desejou que esse palácio fosse a sua morada. Como Píria era alquimista, a “casa” possui numerosas representações simbólicas na sua decoração, explicou-nos a Sra. Ethel. Em seguida, o Dr. Fernando Tavagliare, Secretário Letrado da Corte, assumiu a visitação apresentando a sala de juramentos, para a qual fomos convidados a participar de uma seção solene de juramento dos advogados recém formados. Belíssima cerimônia, onde ficam presentes os familiares, que assistem, emocionados e orgulhosos, seus entes queridos, advogados recém formados, serem recebidos pelos cinco Ministros da Suprema Corte de Justiça e para os quais prestam seu juramento. Reunião com o Secretário Letrado da Corte - Breve explicação sobre a competência da Suprema Corte de Justiça e sobre as tarefas da Secretaria Em seguida, nos reunimos com o Dr. Fernando Tavagliare, Secretário Letrado da Corte, que nos deu uma breve explicação sobre a organização, competência e funcionamento da Suprema Corte de Justiça e sobre as tarefas da Secretaria. No Uruguai, desde a Constituição de 1830, se adotou o sistema republicano de governo baseado no princípio da separação dos poderes, inspirado nas idéias de Montequieu segundo as quais os poderes do Estado se fracionam em três: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. A finalidade deste sistema era evitar a centralização do poder em uma única pessoa e os abusos que esta situação poderia criar. Por isso, se estabeleceu, também, o controle recíproco entre os Poderes. A Constituição da República Oriental do Uruguai estabelece em seu artigo 233 que o Poder Judiciário será exercido pela Suprema Corte de Justiça e pelos Tribunais e Juizados, na forma que estabelecer a lei. A Suprema Corte de Justiça é o órgão máximo do Poder Judiciário, um dos pilares deste sistema, e tem suas competências fixadas, principalmente, no artigo 239 da Constituição, o qual estabelece que: cabe à Suprema Corte de Justiça julgar todas as infrações à Constituição; sobre delitos contra toda a População e causas de Almirante; questões relativas a tratados, pactos e convenções com outros Estados; conhecer das causas em que estejam envolvidos diplomatas, e os casos previstos pelo Direito Internacional; julgar os recursos de cassação e extraordinário de revisão; exerce a administração do Poder Judiciário, a superintendência diretiva, corretiva, consultiva e econômica dos Tribunais e Juizados e demais dependências do Poder Judiciário, seus recursos materiais e humanos necessários ao seu funcionamento. Competem, ainda, a nomeação, transferência e destituição de Juízes. A declaração de inconstitucionalidade de uma lei e sua inaplicabilidade às disposições afetadas por esta lei, é o maior destaque no rol de competências da Corte. O processo de inconstitucionalidade pode ser exercido diretamente à Suprema Corte por via de AÇÃO; ou dentro de

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um processo mediante interposição de uma EXCEÇÃO (ou DEFESA) de inconstitucionalidade; ou pelo JUIZ DA CAUSA (estabelecer de OFÍCIO), ou seja, o Magistrado que conheceu o processo pode estabelecer a eventual inconstitucionalidade da lei aplicada ao caso, e o fez igualmente diante da Suprema Corte. E o que mais nos chamou atenção foi que o artigo 258 da Constituição Uruguaia estabelece que a declaração de inconstitucionalidade de uma lei e a inaplicabilidade das suas disposições afetadas pela mesma, pode ser solicitada por TODO aquele que se considere lesionado em seu interesse direto, pessoal e legítimo, feita por via de AÇÃO direta perante a Corporação, ou por via de EXCEÇÃO que pode opor-se em qualquer processo jurisdicional. Também pode ser estabelecida pelo Magistrado que intervém no processo, JUIZ DA CAUSA (de ofício), ou pelo Tribunal de Contencioso Administrativo que conhece as demandas de nulidade de atos administrativos definitivos cumpridos pela Administração, no exercício de suas funções, contrários a uma regra de direito ou com desvio de poder. E é o que podemos realmente destacar, é o fato de que a decisão que for tomada pela Suprema Corte de Justiça do Uruguai, ao ser declarara a inconstitucionalidade de uma lei, tal decisão se refere EXCLUSIVAMENTE ao CASO CONCRETO, e somente tem efeito no processo a quem se habilitou, só para a parte habilitada. Portanto, o controle de constitucionalidade não é abstrato. É uma análise para o caso concreto, ou seja, destinado a resolver a situação concreta e não a lei em tese. Não possui efeito “erga omnes”. Outro destaque que nos chamou bastante atenção também foi com relação à forma de designação dos Ministros da Suprema Corte de Justiça do Uruguai, que é um órgão único e colegiado, e que é integrado por cinco Ministros (artigo 234, CF) indicados para um período de 10 anos (art. 237, CF) ou até completar 70 anos de idade (art. 250, CF), o que for primeiro. Estabelece o artigo 236 da Constituição Uruguai que os Ministros da Suprema Corte de Justiça são designados pela Assembléia Geral, entendida por tal como a reunião das Câmaras do Parlamento, necessitando da maioria especial de dois terços do total de seus componentes. O diferencial destacado é que a Assembléia tem um PRAZO de 90 dias para se pronunciar sobre a vacância. Se não ocorrer tal indicação, ocorre um mecanismo subsidiário em que será designado automaticamente um membro dos Tribunais de Apelação com MAIOR ANTIGUIDADE NO CARGO e a igual antiguidade em que tenha mais anos de exercício na Jurisdição do Ministério Público o Fiscal. Concluindo, após o fim da ditadura naquele país, o que ocorre na prática, atualmente, é que todos os membros da Suprema Corte são, de fato, magistrados de carreira. Não há mais indicação do Parlamento, o que tem dado lugar ao preenchimento dos cargos com Ministros do Tribunal de Apelação. Cabe destacar que os cinco Ministros devem resolver todos os assuntos jurisdicionados de competência da Suprema Corte de Justiça, qualquer que seja a matéria, sem prejuízo dos assuntos administrativos e de governo e do Poder Judiciário, a função colegislativa e a representação de um dos Poderes do Estado. Atualmente, o número de juízes, em todas as categorias é de 470. Dados de 2007 informam que os defensores de ofício eram 260; entre técnicos, os dedicados às tarefas jurisdicionais eram 375 e os dedicados às tarefas técnicas eram 394. Cada Ministro, nos dias atuais, tem dois (2) assistentes, que são Assessores Letrados, funcionalmente equiparados ao Juizado de Primeira Instância do Interior. Não há dúvida de que para o bom funcionamento do Poder Judiciário com o objetivo de alcançar de forma eficiente a jurisdição, sua função de julgar e fazer Justiça, o Poder Judicial Uruguaio conta com seus juízes, auxiliares técnicos, secretários, actuários e funcionários. Suas numerosas oficinas, de caráter administrativo, constituem o suporte e a sustentação necessários ao correto exercício da função de julgar. Assim, fomos informados que o tempo do processo na justiça ordinária de 1ª instância (Tribunais – Juiz de Paz e Juiz Letrado) é de aproximadamente um ano; na 2ª instância (Tribunal de Apelação) é de aproximadamente seis meses e o da 3ª instância (Suprema Corte -

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Cassação) é de aproximadamente seis meses. Ficamos impressionados com tamanha celeridade que é a prestação jurisdicional no Uruguai.

Organograma da Suprema Corte de Justiça do Uruguai

Visita ao CEJU (Centro de Estudos Judiciais) - Reunião com o Diretor do CEJU - Breve explicação sobre as competências do CEJU O Centro de Estudos Judiciários – CEJU (“Escola Judicial”) é um centro educativo para os operadores do Direito a serviço da Justiça. É uma das escolas mais antigas da América Latina, existente há 22 anos nos moldes atuais, ou seja, como órgão estatal pertencente à estrutura orgânica do Poder Judiciário. Originou-se pela necessidade de capacitação dos diversos operadores dos serviços da Justiça, com o propósito de incrementar sua eficácia e eficiência no desempenho da função jurisdicional do Estado, objetivando o fortalecimento do sistema e incrementando sua credibilidade e sua confiança perante a sociedade. Com o advento da Democracia em 1985 (fim de uma época de ditadura iniciada em 1973), as autoridades do Poder Judiciário pensaram em realmente introduzir em uma de suas competências, a capacitação dos futuros magistrados, surgindo assim em 1986 uma comissão com representantes do Poder Judiciário e da Faculdade de Direito da Universidade da República e a posteriori, essa comissão foi incrementada com representantes do Ministério Público e do Ministério da Educação e Cultura. Essa comissão definiu como finalidade da CEJU organizar cursos para os aspirantes a carreira da Magistratura Nacional, ao Poder Judiciário ou ao Ministério

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Público e ainda cursos de aperfeiçoamento para os magistrados de carreira. E, assim, em 1988 aconteceu o primeiro curso para aspirantes à Magistratura. É necessário assinalar que a norma que criou a CEJU (art. 483 da Lei nº 16.736, de 5.01.1996, alterado pelo art. 264 da Lei nº 18.172, de 22.08.2007) incluindo esta Escola Judicial no âmbito da estrutura do Poder Judiciário, estabeleceu que a CEJU depende diretamente da Suprema Corte de Justiça mas que possui AUTONOMIA TÉCNICA. Ou seja, suas autoridades são as que tomam todas as decisões acadêmicas, fixam os lineamentos gerais, estabelecem os cursos a desenvolver, proporcionam os programas, selecionam o corpo de docentes, resumindo, resolvem tudo o que for de conhecimento natural para o funcionamento de uma Escola Judicial. Portanto, está a CEJU encarregada de planejar, organizar e executar os diferentes cursos de pós-graduação para os aspirantes a ingresso à carreira judicial, e também dos cursos de aperfeiçoamento e atualização aos juízes em atividade. Concluímos então que, os objetivos essenciais desta Escola Judicial são a Formação Inicial que se refere à capacitação e a formação dos aspirantes para o ingresso à Magistratura, bem como a Formação Contínua que compreende a atualização dos conhecimentos profissionais dos juízes que se encontram em plena atividade no Uruguai. Para fazer a Escola Judicial o aspirante à Magistratura participa de uma pré-seleção que é constituída de: uma prova-prévia de conhecimentos jurídicos. Aprovado, realiza duas provas psicológicas. Aprovado, entregará um currículo para análise e depois fará uma entrevista final. Mas, além disso, para que o aspirante conclua o curso e se torne um juiz, faz-se necessário a participação no CEJU durante um período de 2 anos dividido em: 18 módulos-matérias que estão subdivididos em três módulos realizados a cada semestre. É necessária a aprovação em todos os módulos. Depois terá que fazer o quarto e último módulo que é o estágio de seis meses. Finalizado todo este processo de aprendizagem que tem a duração de dois anos, a Suprema Corte de Justiça nomeará para a Magistratura, conforme a ordem de classificação do aspirante, que recebe uma pontuação ao concluir o curso. Cumpre observar que para o ingresso na carreira o aspirante não poderá perder nenhum módulo e, caso reprove ou desista, terá que pagar o curso, uma vez que é custeado pelo Estado. Chamou-nos a atenção o fato de que se o aspirante for chamado para ingressar, pode pedir para ir para o final da lista. Mas, quando da segunda vez que for chamado, terá que ingressar, do contrário estará configurada a desistência, e aí terá o aspirante que pagar a CEJU todos os gastos realizados durante o período do curso. Assim, concluímos que o ingresso na carreira da Magistratura, ao contrário do Brasil, é custeado pelo Estado e depende da participação prévia do candidato em curso de formação. O ingresso na carreira da Magistratura se dará com a nomeação pela Suprema Corte de Justiça em solenidade de juramento ao cargo. O início da carreira se dará com a nomeação dos aprovados para o cargo de Juiz de Paz do Interior. Posteriormente, a promoção na carreira se dará para o cargo de juiz de Paz de Montevidéu, Juiz Letrado do Interior, Juiz Letrado da Capital e depois para Ministro do Tribunal de Apelação, sucessivamente. O último cargo da magistratura é o Tribunal de Apelação. O Diretor da CEJU ainda conversou conosco sobre a nomeação dos Magistrados para a composição da Suprema Corte de Justiça, o que já fora abordado anteriormente. Falou-nos ainda sobre o Tribunal de Contencioso Administrativo (TCA) e sobre a jurisprudência mais badalada do momento no Uruguai que é a decisão com relação aos delitos cometidos durante a ditadura. Estes assuntos serão abordados mais adiante. Reunião com o Presidente da Suprema Corte de Justiça - Dr. Leslie Van Rompaey Reunião com os Assessores Letrados dos Ministros da Suprema Corte de Justiça - Dra. Laura Barbieri e Dra. María Del Carmen González Dr. Leslie Alberto Van Rompaey Servillo em comentários feitos sobre a Justiça Uruguaia afirmou que são muito raros os casos de denúncias de irregularidade ou de corrupção no Poder Judiciário.

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Afirmou ainda que é consenso no meio jurídico que o Poder Judiciário Uruguaio é muito ético, independente e inflexível quanto a pressões políticas. Não há influência política. Citou que o último caso de corrupção no Poder Judiciário é datado de 40 a 50 anos atrás (Caso Púrpura). Afirmou ainda que as demandas submetidas ao Poder Judiciário levam entre 2 e 3 anos para serem julgadas, incluindo, nesse prazo, o julgamento pela própria Corte Suprema de Justiça. Ressaltou ainda que não há influência do Poder Executivo no Poder Judiciário. Há de fato uma independência entre os Poderes. Isso se confirma pelo fato do Poder Executivo não indicar os membros da Suprema Corte de Justiça e pelo fato de, tradicionalmente, o Parlamento, o legitimado para tanto, quando permanece inérte por mais de noventa dias, dá lugar ao preenchimento dos cargos pelos membros do Tribunal de Apelação, como já mencionado anteriormente. Destaca-se que desde 1985, com a volta da Democracia, o Parlamento não indica juiz para preencher vacância na Suprema Corte de Justiça; ou quando o faz indica o mais velho, conforme previsão constitucional. Nessa linha, os membros da Suprema Corte são todos magistrados de carreira.

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VISITA AO PALÁCIO DOS TRIBUNAIS

7 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita ao Palácio dos Tribunais Visita à Oficina de Recepção e Distribuição de Assuntos - ORDA – Consulta de expedientes, telemáticas, etc. Foi realizada visita à Divisão de Recepção e Distribuição de Assuntos – ORDA, onde fomos apresentados à Chefe da Divisão, Sra. Rosário Martinez, servidora do Tribunal, que nos falou sobre o setor em questão. Foi-nos afirmado que a Divisão teve sua criação em 1992 e que nela são recebidas e distribuídas todas as matérias, salvo matéria penal em que há a atuação da polícia; matéria aduana; matérias sobre violência doméstica (se for matéria de Direito de Família mas ocorre violência doméstica, não passa pela ORDA; vai para a especializada) e adolescente infrator (é o mesmo que matéria penal, só que para menores – adolescente infrator só a apelação passa pela ORDA). Matéria penal, quando não há interposição da polícia, vem para a distribuição na ORDA (mais raro). O que se observa com mais frequência é que se for delito penal com a atuação da polícia haverá uma distribuição manual conforme a data do delito, tudo nos termos de tabela de distribuição das seccionais. Ou seja, quando há atuação da política, ela demanda, comunica ao juiz de plantão. A polícia tem um quadro, uma planilha carregada no sistema, que diz quem está de plantão. São recebidos em média 400 a 500 feitos por dia. A distribuição se faz por meio eletrônico e de forma aleatória. Neste ponto, cabe ressaltar que a distribuição também obedece ao critério complexidade, de modo que pode haver distribuição diferenciada de acordo com o peso da matéria/complexidade da matéria. Impende destacar também que após a distribuição eletrônica o advogado já saberá para qual juiz foi distribuído o feito e então terá que levá-lo pessoalmente para o turno (vara) competente para que se dê regular processamento. No Brasil, uma vez peticionado e distribuído o feito, o advogado não terá que se dirigir à vara competente com os autos do processo, pois a própria distribuição o fará. Foi destacado também que é possível a consulta eletrônica dos feitos que estão em trâmite perante o judiciário diretamente pela Internet. Fomos informados de que está em fase de implantação o expediente eletrônico (carátula de expediente –> iue = número de expediente), que diminuirá o tempo de processo no juizado, na oficina. Vai julgar mais rápido. Contudo não vai diminuir o tempo na Distribuição. Necessidade de treinamento e aumento de servidores. Neste setor, também são recebidas por fax/e-mail as apelações com vistas à distribuição eletrônica, não precisando, assim, de chegar os processos físicos à Distribuição. Por fim, destacou-se que são prestadas informações processuais por telefone ou pessoalmente. Reunião com o Diretor da Divisão de Comunicação Institucional - Dr. Raúl Oxandabarat - Intercâmbio de informações e boas práticas

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Dr. Raúl Y. Oxandabarat, Diretor da Divisão de Comunicação Institucional da Suprema Corte de Justiça, que exerce função Assessor de Imprensa, Relações Públicas da Corte, fez uma explanação genérica, e não menos importante, sobre diversos pontos do ordenamento político, administrativo e jurídico do Uruguai. Afirmou que o Poder Judiciário não tem autonomia financeira e representa 1,4% dos gastos do Estado. Afirmou que muitas mudanças necessárias inclusive de modernização do Judiciário encontram barreiras em razão das limitações financeiras. O Judiciário faz projeto de seu orçamento que é encaminhado ao Poder Executivo que faz cortes e o envía para o Parlamento que, por sua vez, também procede a cortes financeiros. Ressaltou-se porém que tem independência como poder. Afirmou que o sistema penal adotado no Uruguai é o Inquisitivo, no qual o magistrado realiza a instrução de ofício, investiga, julga e também promove a execução. Destacou que há críticas e também projetos com vistas à sua mudança, contudo esse é o que vigora ainda no Uruguai. Afirmou que o Processo Penal é todo escrito enquanto que o Processo Civil admite procedimentos orais. Há projetos em tramitação no Parlamento para que o processo passe a ser oral. Atualmente, o processo oratório é optativo (faz ou não faz oralmente). O projeto em trâmite vai mudar para as pequenas causas, tornando obrigatório, nestes casos, o sistema oral. Há projetos em tramitação no Parlamento para reformas no CPP e no CP. O Código Geral de Processo é visto como código modelo. Fez comentários à Lei de Caducidade (semelhante à Lei de Anistia no Brasil), pois é atualmente a jurisprudência mais discutida e de maior repercussão no Uruguai. Afirmou que existe dispositivo na lei que diz que o Poder Executivo é que deve dizer quais condutas estão caducadas ou não, de modo que deve o juiz pedir permissão ao Executivo para aceitar denúncia. Disse que houve dois plebiscitos para consultar à população sobre interesse de sua manutenção e não se obteve a maioria em nenhum deles, menos de 50% da população votou, permanecendo, assim, vigente. A Suprema Corte no ano de 1986 votou pela constitucionalidade da lei. Porém, recentemente, no ano de 2009, com nova composição, votou pela sua inconstitucionalidade, sob o fundamento de que violava a separação dos poderes e houve a prisão, inclusive, de vários acusados. Posteriormente, o Tribunal Internacional disse que nos termos do Tratado de São José da Costa Rica, o país deveria punir os responsáveis, uma vez que não caducou. O Parlamento, a seu turno, está debatendo a possibilidade de editar outra lei e derrogá-la, mas não há unanimidade. Há também divergência da doutrina dizendo que se revogar, terá que julgar aqueles que o executivo não havia autorizado a investigação, ocorrendo, assim, “novo julgamento”, ou seja, um bis in ídem. Por fim, também há forte pressão da opinião pública para que seja resolvido essa celeuma, uma vez que muitos crimes prescreverão em novembro de 2011. Visita ao PROFOJU (Programa de Fortalecimento do Poder Judiciário) – Reunião com a Dra. Ivonne Carrión Ramos, Coordenadora Geral. Explicação do sistema de notificação eletrônica e demais tarefas do programa. O Programa de Fortalecimento do Poder Judiciário Uruguaio (PROFOJU) tem a finalidade de desenvolver projetos de melhora e informatização dos serviços nos tribunais e julgados. Visa à melhora da parte administrativa (indicadores, compromisso de evolução, organograma e manual de organização e funcionamento). Visa também a restringir aos juízes só matéria jurisdicional (deixar a Suprema Corte com assuntos estritamente constitucionais). E ainda aperfeiçoar os despachos judiciais, buscar uma melhora na gestão dos despachos, inclusive com melhoras tecnológicas. Para viabilizar e implementar esse programa começou-se com a criação, após 2004, da IUE (Identificação Única de Expediente). O IUE foi a padronização do número dos processos, ou seja, foi criado um novo número para os processos. Todos os processos (novos e antigos) em trâmite no Poder Judiciário

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foram renumerados, foram identificados novamente, com vistas a unificar a identificação dos processos em todo o Uruguai. Cada expediente tem um único número e que não se repete. O programa está em fase de desenvolvimento e sua instrumentalização é realizada por meio do Sistema de Gestão dos Tribunais que tem como uma de suas finalidades a implantação do expediente eletrônico. O PROFORU também é responsável pelo Sistema de Comunicação Eletrônica que comporta a Notificação Eletrônica e o Domicílio Eletrônico. A notificação eletrônica visa à comunicação no âmbito do Judiciário (entre órgãos do Poder Judiciário) facilitando e agilizando a comunicação entre os juízos. É utilizado para enviar e receber documentos mediante o número único de documento (NUD) e principalmente mediante assinatura digital. O domicílio eletrônico, o seu turno, é o instrumento por meio do qual se promove a notificação, intimação e comunicações em geral das partes/advogados, dispensando, assim, a necessidade de publicações em diários, envio de ofícios ou outros instrumentos que demandam tempo e recursos humanos e financeiros. Dessa forma a Suprema Corte de Justiça se encontra responsável pela informatização do Poder Judiciário em todo o país a fim de que todas as sedes judiciais estejam em rede. Assim, resta apenas a informatização de algumas sedes de juízos de Paz no interior.

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AUDIÊNCIA NO JUIZADO LETRADO CIVIL, VISITA AO TRIBUNAL DE APELAÇÃO DE 1º TURNO E AO DEPARTAMENTO DE JURISPRUDÊNCIA DA SUPREMA

CORTE DE JUSTIÇA URUGUAIA

8 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita a uma Oficina de um Juizado Letrado Civil – Comparecimento a uma audiência preliminar e complementar - Dr. Edgardo Ettlin (Juiz Letrado Civil do 5º Turno) A audiência que teve como parte autora o Banco hipotecário do Uruguai e pela parte demandada o Sr. Geraldo R. foi encerrada após a conciliação das partes – Decreto nº 1618/2011. Após a audiência, o Dr. Edgardo Ettlin, Juiz Letrado Civil do 5º Turno, esclareceu que estes julgados conhecem em segunda instância das apelações que se deduzem contra as sentenças proferidas pelos julgados de paz de sua circunscrição territorial. Na capital do país os juízes letrados se encontram especializados da seguinte maneira: julgados letrados em direito penal, em civil, em trabalho, em aduana, em adolescentes, em família, em família especializada (violência doméstica), em contencioso – administrativo e de concursos (ver tabela abaixo). No interior do país existem julgados letrados especializados em algumas cidades e em outros lugares possuem matérias compartidas conforme previsto nas leis respectivas. Afirmou ainda que a competência da 1ª Instância dos Juizados de Paz se ocupa de causas, conflitos econômicos, de até 16500 dólares (330.000 pesos uruguaios). Acima desse valor será competência dos Juizados Letrados Civis, cuja competência principal é julgar os conflitos privados contratuais e extracontratuais. Afirmou que os juízes sempre tentam o acordo. E, afirmou também, que as Apelações contra as decisões dos juízes de paz são julgados pelos juízes civis letrados. Os trabalhos são distribuídos para os turnos (varas). Aditou que as ordens judiciais são cumpridas pelo “aguacil” (Oficial de Gabinete). Os Julgados de Paz estão distribuídos em todas as seções judiciais nas quais se dividam em departamentos (é uma divisão territorial). Existem os seguintes julgados de paz: departamentais da capital, departamentais do interior, rurais e julgados de faltas (ver tabela abaixo). Todos os julgados dividem suas funções em razão da matéria, de lugar e segundo o valor da matéria. As quantias são fixadas pela Suprema Corte e são reajustadas. No que tange à duração dos processos no Poder Judiciário, afirmou que na 1ª Instância gira em torno de 1 a 2 anos, na 2ª Instância (Tribunal de Apelação) de 7 a 8 meses e na Suprema Corte de 8 meses a 1 ano e meio. Disse que o sistema recursal uruguaio simplificou os recursos. É mais simples e sem efeito suspensivo. Entretanto, se forem os recursos de impugnação ou apelação contra decisão definitiva ou interlocutória que põe fim ao processo, então haverá efeito suspensivo. Dentre os recursos previstos no ordenamento uruguaio, pode-se destacar o Recurso de Queixa (denegação de apelação ou denegação de inconstitucionalidade) e Recurso de Cassação (contra as decisões do Tribunal de Apelação – este recurso exerce o controle dos direitos objetivos). No Tribunal de Apelação há uma medida cautelar -> não tem efeito suspensivo -> controle do direito objetivo -> não julga fatos.

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O Dr. Eduardo Ettlin, Juiz Letrado do 5º Turno, compartilha sua oficina com o Juizado Letrado do14º Turno.

Tabla 1 Número de Juzgados y Tribunales

Juzgados por materia Número de Tribunales

Nacional Suprema Corte de Justicia

Civil 7

Familia 2

Trabajo 3

Tribunales de Apelaciones

(competencia nacional)

Penal 3

Civil 20

Concursal 2

Contencioso Administrativo 3

Familia 28

Familia Especializados 4

Trabajo 14

Penal 21

Adolescentes (infractores) 4

Aduana 1

Juzgados de Paz Departamento de la Capital

38

Juzgados de Falta 2

Juzgados Letrados de

Primera Instancia

Montevideo

Juzgados de Conciliación 4

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Civil 52

Penal, Adolescentes y Aduana

31

Todas las Materias 12

Juzgados de Paz Departamento del Interior

44

Paz de Ciudad 42

Paz de 1º Categoría 55

paz de 2º categoría 40

Interior del País

Paz Rural 3

Total 435

Fuente: División Planeamiento y Presupuesto

Visita ao Tribunal de Apelação Civil de 1º Turno Dra. Nilsa Salvo, Dra. Alicia Castro y Dr. Eduardo Vázquez (Ministros do Tribunal de Apelação) Os Tribunais de Apelação conhecem, em Segunda Instância, as apelações interpostas contra as sentenças de Primeira Instância proferidas pelos Juízes Letrados nas matérias respectivas. Estes tribunais têm competência nacional, com sede na cidade de Montevidéu, e é composto cada Tribunal por três membros indicados pela Suprema Corte de Justiça e mediante aprovação da Câmara de Senadores. O Tribunal de Apelação está especializado em quatro matérias específicas, quais sejam: Tribunal de Apelação Civil, Família, Trabalho e Penal. Durante a visita Dra. Nilsa Salvo informou que os Ministros do Tribunal de Apelação não tem assessores, tendo que desenvolver seus trabalhos jurisdicionais praticamente sozinhos. Informou ainda que desenvolvem seus trabalhos em suas próprias residências e se dirigem ao Tribunal de Apelação para as sessões de julgamento. Destacou que durante as sessões um Ministro para relata e profere seu voto e os demais se estiverem de acordo assinarão em baixo da assinatura do relator, de modo que o acórdão terá um único voto e a assinatura dos três ministros. Dessa forma, faz-se necessária a existência de unanimidade para que se conclua o julgamento. Por outro lado, se não houver unanimidade será convocado Ministro de outro Tribunal na área respectiva para chegar à unanimidade. Inclusive apenas nesta situação é que haverá o registro do voto divergente. Aditou ainda que, de modo geral, os Ministros já conhecem o entendimento de seus pares sobre as matérias a eles submetidas.

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Visita ao Departamento de Jurisprudência da Suprema Corte de Justiça - Intercâmbio de experiências – Reunião com a Diretora Dra. Pilar Beñarán. Com a criação da Base de Jurispruência Nacional foi possível integrar a jurisprudência da Suprema Corte de Justiça e a jurisprudência dos Tribunais de Apelação em todas as matérias. Nesse sentido, a base contem sentenças sistematizadas e analisadas mediante um sistema de estruturas jurídicas elaborado por juízes e magistrados. Cumpre ressaltar que, por hora, essa base não está disponível na Internet, salvo se for celebrado convênio e mediante o pagamento de uma taxa. Dra. Pilar manifestou grande interesse em conhecer o sistema de pesquisa de jurisprudência da Corte Brasileira questionando, inclusive, se havia tradução para o espanhol. Como no banco de jurisprudência não há decisões em espanhol, houve manifestação no sentido de que seria interessante a existência de decisões em espanhol, com vistas a facilitar a integração da jurisprudência entre as Cortes.

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VISITA AO CENTRO DE INSTRUÇÃO CRIMINAL

9 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita ao Centro de Instrução Criminal Dra. Adriana de Los Santos (Juiza Letrada Penal - 1ª Instância – Penal 14º) A presente visita foi uma das mais inusitadas para nós intercambistas, pois nos foi apresentado o cotidiano de um juiz criminal aplicando o sistema inquisitivo. Trata-se de uma experiência realmente muito nova, uma vez no Brasil o sistema adotado é o acusatório que não permite atuação de ofício do juiz sob pena de ser arguida sua suspeição ou parcialidade, enquanto no Uruguai o juiz está completamente envolvido na fase instrutória pré-processual. Os juízes estão em contato direto com as autoridades de polícia que lhes comunicam, imediatamente após a ciência da prática do delito, e, os juízes, ainda por telefone, decidem (resolución) sobre a prisão ou liberdade dos acusados. A título de ilustração nós intercambistas fomos convidados a participar de um procedimento de reconhecimento de acusados pelas vítimas em uma sala do Centro de Instrução Criminal. As vítimas, em uma sala cuja identidade ficava resguardada, tinham que fazer a idenficação do agente que praticou o delito contra elas. Nessa sala, para a nossa surpresa, também estavam o juiz, o MP e a Defensoria Pública. Segundo informado, o juiz queria presenciar as impressões das vítimas ao reverem os seus supostos agressores. Esse foi um dos pontos altos das visitas, uma vez que permitiu acompanhar o dia-a-dia e um pouco das rotinas dos sistema inquisitivo no Uruguai. Posteriormente, o juiz de forma sucessiva adota as seguintes medidas: nomeia defensor, colhe depoimento da vítima, ouve o acusado, recebe o pedido do Ministério Público (Fiscal/Fiscalia) e depois a retificatória (confirmação de tudo ocorrido até então e pedido da Defensoria Pública). Por último, terá lugar a sentença final (resolución). Por fim, foi afirmado que no Uruguai a prisão é a regra, salvo para pena provável menor que dois anos. Contudo, se for reincidente ou se tiver maus antecedentes será processado com prisão. As taxas de prisão (encarceramento) são as maiores da América latina e os presídios são superlotados, assim como no Brasil. Reunião na Sala Odriozola com a presença do Diretor da DICOM, da Diretora de Jurisprudência e do Secretário Letrado da Corte – Apresentação do Portal Internacional da Suprema Corte Brasileira Dra. Cintia, servidora da Assessoria Internacional no Supremo Tribunal Federal, apresentou o Portal Internacional. Na oportunidade, ficou definido que seria feito um ajuste no site da Suprema Corte Uruguaia que estava redirecionando para o site da Justiça Federal quando deveria direcionar para o site da Suprema Corte Brasileira. Ficou também ajustado que enviaria as decisões mais relevantes para serem disponibilizadas no Portal Internacional.

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REUNIÃO COM OS PRÓ-SECRETÁRIOS DA CORTE E VISITA AOS NOVOS JUIZADOS DE FAMÍLIA

13 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Reunião com os Srs. Prosecretários da Suprema Corte de Justiça Dr. Carlos Alles – PróSecretário Judicial Dra. Rosario Real – PróSecretária Administrativa Explicação do controle disciplinário de juízes, do trâmite de pedidos e sobre as competências da seção liberdades. São dois os Prósecretários da Suprema Corte de Justiça: o Prósecretário Judicial e o Prósecretário Administrativo. O Prósecretário Judicial – é com ele que se tramita toda a matéria de liberdade. Estruturado para receber os pedidos de privação de liberdade. O art. 114, do CGP aprecia: a liberdade condicional; a liberdade antecipada (pessoa está na prisão) e a liberdade por graça (provisória/definitiva – para os casos em que se estendem demais o processo;preso está com a prisão além do prazo). O Habeas Corpus (art. 17 CF) é utilizado só para explicar porque estão presos, não serve para pedir liberdade. Do Pedido de Liberdade Antecipada (para a SCJ) = é quando há processo/condenação. É para colocar em liberdade aquele que está preso. Requisitos: tem que ter cumprido metade da pena imposta e passado por todos os informes. Do Pedido de Liberdade Condicional = se tramita de ofício pela Corte. Só para pena máxima não maior que dois anos. Pessoa está livre. Só para crimes com pena menor de dois anos. Juiz da causa da os informes para a Corte. É concedida durante o processo que é encaminhado a SCJ fixando a liberdade condicional. Da Liberdade por Graça = não pode ser para presos. Tem que ter cumprimo metade da pena mínima. Não pode: para reincidentes , habituais; preventiva inferior a metade do mínimo. Só para processar e não para condenar. No momento da sentença, que ainda não está firmada, finalizada; aí pede a liberdade por graça. Há sentença condenatória, mas não há o trânsito em julgado, coisa julgada. O Prósecretário Administrativo trabalha exclusivamente com os processos disciplinares (para receber os pedidos de pena administrativa; denúncias contra juízes). Matérias administrativas. Ou seja: atua no processo disciplinar; no pedido de extradição; cartas rogatórias (ou êxodos); pedidos de licenças. * Investigação administrativa. Denúncia (escrita) contra magistrado: Requisitos: - fatos ocorridos a menos de dois anos. Fatos ocorridos a mais de dois anos prescreve, e não se faz mais a denúncia; - firma letrada; - qualquer um pode fazer a denúncia ( cidadão, advogado, etc...) desde que seja de forma pontual e com provas (documentos).

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A Corte informa o magistrado quando ele está sofrendo denúncia. Causas que cabem o processo disciplinar (responsabilidades do juiz): 1 – ação e omissão – cumprimento = prejuízo para a instituição; 2 – falta injustificada, abandono do cargo e suas funções; 3 – irregularidade de sua conduta moral; 4 – quando há casos que envolvem dinheiro; 5 – abuso de autoridade. Não pode ser contra decisão de natureza jurisdicional; só administrativa. A Suprema Corte de Justiça tem a responsabilidade disciplinar, a qual se faz efetiva mediante o processo administrativo típico, com a garantia de defesa e o controle externo de jurisdicidade. Recebida a denúncia solicita-se informação ao juiz contra quem o relatório aborda o mesmo e depois de ser avaliado os antecedentes do caso, a Suprema Corte pode ordenar a instauração do processo disciplinar (sumário de investigação administrativa) ou o arquivo da denúncia. A instauração do processo disciplinar é feita por decisão fundamentada da Corte onde na qual é designado um instrutor, u tarefa que cabe a um juiz de maior categoria que o juiz submetido ao processo disciplinar. A instrução deve ser concluída no prazo de 60 dias. As sanções previstas estão estabelecidas no art. 114 da Lei nº 15.750, que são: 1. Aviso 2. Advertência e censura oral perante a Corte esculpindo acta das diligência; 3. Suspensão do exercício do cargo; 4.Perda de direito à ascenção, promoção, de 1a 5 anos 5. Descida para a próxima categoria imediatamente inferior. Demissão em caso deinaptdão, omissão ao delito. Além disso, as sanções impostas caberá recurso de revocação para ante a Suprema Corte de Justiça do Supremo Tribunal de Justiça e pode ser operado no Tribunal deContencioso Administrativo, solicitando a anulação do ato ou pode haver lugar ao contencioso de reparação direto. Visita aos novos Julgados de Família – Dr. Washington Baliva e Dra. Alicia Álvarez - Recorrida pelo edifício e Intercâmbio de Informações. Em visita às novas instalações dos Juizados Letrados de Família, fomos recebidos no 21º e 22º Turnos pela Actuaria, que seria a Chefe de Gabinete, que nos mostrou todas as instalações, desde as Salas de Audiências até as instalações da cozinha. E também fomos informados por ela sobre a estrutura e o funcionamento dos Turnos. O Dr. Washington Baliva e a Dra. Alicia Álvares, muito bem instalados e estruturados, auxiliados por uma equipe de servidores extremamente bem capacitados, nos informou sobre as competências dos Juizados Letrados de Família em uma das salas de audiências. Assim, podemos dizer que os Juizados Letrados de Família entendem, em primeira instância, as questões atinentes ao nome, estado civil e capacidade das pessoas e as relações pessoais e patrimoniais entre os membros da família legítima e natural fundadas em suas qualidades de membros da família (nome), como: as reclamações e contestações de filiação legítima e natural de posses do estado civil; as ações referentes ao matrimônio e a situação dos cônjuges, separação de corpos, divórcio, nulidade do matrimônio; as pensões alimentícias e o regime de visitas; a guarda, tutela, administração dos pecúlios dos filhos, suspensão, limitação, perdas e restituição do pátrio poder; emancipação, habilitação de idade e vênia de disposição de bens; a irracional discordância dos pais para contrair matrimônio; adoção e legitimação adotiva; declaração de incapacidade, curatela e ausência; regime matrimonial de bens; o processo sucessório; as questões pessoais e

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patrimoniais que originam do concubinato e os procedimentos a que tem lugar as situações dos menores materialmente abandonados. O que chamou nossa atenção foi o fato de que, em audiência oral, é obrigatória a presença do menor. Ou seja, para a manutenção do interesse superior do menor há uma obrigação legal de se ouvir o menor, ou ouvir o seu curador-defensor quando este for incapaz e necessita deste curador para que o represente. Em todas as audiências há a presença de um defensor.

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VISITA AO PALÁCIO LEGISLATIVO E REUNIÃO COM O SECRETÁRIO LETRADO DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA

14 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita ao Palácio Legislativo Política O Uruguai é uma República democrática representativa, com um sistema presidencial. Os membros do governo são eleitos para um mandato de cinco anos, por um sistema de sufrágio universal. O Uruguai é um Estado unitário: justiça, educação, saúde, segurança externa, política, a defesa são administrados em todo País. O poder executivo é exercido pelo presidente e por um gabinete de 13 ministros. O poder legislativo está composto por duas câmeras e é exercido pela Assembléia Geral, que é presidida pelo Vice-presidente da República. A Câmara dos Senadores está integrada por 30 senadores e pelo Vice-presidente da República, que tem voz e voto e exerce sua presidência. A Câmara dos representantes está composta por 99 deputados que representam os 19 departamentos, eleitos com base na representação proporcional e a Câmara de Senadores, composta de 31 membros, dos quais 30 são eleitos por um mandato de cinco anos por representação proporcional e pelo vice-presidente que a preside. A presidência da câmara dos representantes é exercida anualmente por um representante eleito entre eles. O Palácio Legislativo é um monumento Histórico Nacional. Sua constituição em estilo eclético foi projetada pelo arquiteto italiano Cayetano Moreti e começou a ser construído em 1908. O Palácio foi concluído em 1925. Tanto pela qualidade dos materiais utilizados como pelo seu valor arquitetônico e artístico, considera-se o edifício mais importante do País. Mármores, granitos, pórfiros e basaltos uruguaios luzem no seu exterior e interior. Além de toda a história do Uruguai estar retratado no Palácio Legislativo, podemos afirmar com absoluta certeza, que se trata de uma das maiores belezas arquitetônicas existentes na América do Sul. Reunião com o Secretário Letrado de da Suprema Corte de Justiça Discussão de temas jurídicos. Sugestão de sites: www.oas.org/juridico/mla/sp/ury/index.html www.cejamericas.org (ceja justicia reporte uruguay) Discussão sobre a atuação do juiz no sistema uruguaio (Inquisitivo): O MP (fiscal) está dentro do poder executivo, ele é parte na demanda e por isso não é imparcial. É como o defensor. Mostrará ao juiz só o que lhe interessa.

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VISITA AO TRIBUNAL DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

15 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visita ao Tribunal do Contencioso Administrativo. O Tribunal do Contencioso Administrativo (TCA) está no mesmo nível hierárquico da Suprema Corte de Justiça. O sistema de nomeação de seus membros é idêntico ao adotado para a Suprema Corte, ou seja, seus membros são indicados pelo parlamento e, diante de sua inércia por 90 dias, será nomeado o membro mais antigo do Tribunal de Apelação. A sua competência se concentra majoritariamente (90%) no contencioso anulatório. Trata-se de decisões contra atos administrativos estatais (3 poderes, mais as empresas públicas que atuam em atividade que desenvolvem atividade que poderiam ser exercidas pelo setor privado). O TCA pode anular ou confirmar o ato administrativo (não pode modificá-lo, ou mesmo dizer o que o organismo tem que fazer). A estatística de julgamentos ao ano é em torno de 1000 sentenças. E o prazo médio de para o julgamento dos feitos de sua competencia é de 3 a 4 anos. O cargo dos membros do TCA, assim como a Suprema Corte, tem duração de 10 anos e aposentadoria compulsória aos 70 anos. Recurso: antes do cabimento do recurso ao TCA, caberá simultaneamente entre 2 ou 3 recurso administrativo hierárquico no prazo de 10 dias. Somente após o esgotamento da esfera administriva é que caberá recurso ao TCA. No TCA a parte dita prejudicada poderá ingressar com Ação de Nulidade no prazo de 60 dias. O TCA não adota o Código Geral de Processo e sim o Código de Procedimento Civil do ano de 1877 que, por sua vez, não prevé os procedimentos orais, mas somente os escritos. Após a instrução do feito os autos são enviados ao Procurador do Estado em Contencioso Administrativo (que correspondería ao membro do Ministério Público) que terá 90 dias para dar parecer (não vinculante). Depois, serão os autos conclusos para sentença mediante distribuição aleatória. Cumpre destacar que as decisões desta Corte não envolvem materia constitucional. A sentença é una para todos os ministros, ou seja, não haverá votos separados, salvo se discordar, situação em que haverá até 2 votos contra. Ademais, a sentença anula ou confirma o ato impugnado. Não pode modificá-lo (não diz o que o organismo tem que fazer). Da sentença caberá recurso de aclaração (obscuridade) ou ampliação (omissão) e recurso de revisão (para fatos novos que não puderam ser apresentados antes). A sentença pode amparar a demanda (anulando o ato) ou desestimar a demanda (mantendo o ato, ou seja, confirmando do ato). Cumpre destacar que entre 70 a 80% das sentenças confirmam os atos (salvo previdenciário e tributário).

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Por fim, vale destacar que não existem mecanismos de coerção. No máximo pode intimar a parte para cumprir a sentença. Nesse sentido, há projeto para posibilitar a aplicação de astreintes e medidas cautelares, bem como para criação de juízos de primeira instancia e Tribunal de apelação. Site: www.tca.gub.uy Comparecimento em Audiência Complementar no Julgado Letrado de 1ª Instância cível – 20º turno. Resumo do caso A é um fornecedor de andaimes e cofragens metálicas. A demanda B (a empresa proprietária da obra de um edifício) e C (construtora), por contas não pagas entre fevereiro e maio de 2010. Alegou que C assumiu a condição de responsável solidário (traduzindo literalmente) de B para o pagamento do arrendamento de certos equipamentos. A requer de B US$125,329.62, e requer solidariamente de B e C US$ 115,510.87. B afirma que nada deve à A. Alega que no momento do requerimento não tinha nenhuma relação com A. C como construtor se encarregava diretamente pela contratação de equipamentos, e B somente pagava a C pelo progresso e pelas fases das obras. B apresenta como garantia D para o caso de ser condenada, porque D junto com C também era responsável por pagar as contas. C diz que apenas se limitava a receber os materiais, e que as contas e os pagamentos eram recebidos e pagos apenas por B. C apresenta como garantía a demandada B para o caso de C seja condenada. B e D se opõem a citação como garantia. Na audiência no dia 15/06/2011 depuseram os representantes da empresa e as testemunhas. O objeto em debate no processo é determinar se e possível ou não a condenação de B e C, e se for o caso de solidariedade ou isoladamente, e se procede a nomeação em garantia de B e D.

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DEBATE SOBRE ALGUNS ASPECTOS INSTITUCIONAIS DA SUPREMA CORTE BRASILEIRA

16 de junho de 2011

Edinalva Ferreira dos Santos Supremo Tribunal Federal

Brasília - Brasil

Apresentação de alguns aspectos institucionais da Suprema Corte Brasileira: a Central do Cidadão, a Repercussão Geral, o Processo Eletrônico, a TV Justiça

Apresentamos, em reunião com o Secretário de Comunicação, com o Secretário Letrado da Corte, com a chefe da Jurisprudência e com mais cinco servidores da Suprema Corte, dados institucionais e estatísticos da Suprema Corte Brasileira. Ato contínuo, fizemos uma pequena apresentação sobre a TV Justiça, Central do Cidadão, Processo Eletrônico e Repercussão Geral. Aduzimos ainda a sua relevância para a aproximação da sociedade ao poder judiciário brasileiro, bem como o papel imprescindível da repercussão geral na Suprema Corte como instrumento limitador de demandas que não versem sobre matéria constitucional, viabilizando, assim, uma melhor prestação jurisdicional. Entrega de presente da Assessoria Internacional (STF) ao Presidente da SCJ Nós entregamos uma pequena lembrança (livro) em nome da Suprema Corte Brasileira ao Sr. Presidente da Suprema Corte Uruguaia Dr. Leslie Van Rompaey. Palestra – Paraninfo da Faculdade de Direito Palestra realizada pelo processualista argentino Dr. Emílio sobre infância e juventude. Afirmou que se faz necessário haver equilíbrio na tutela dos direitos do menor infrator, evitando com isso não só uma conduta paternalista, mas também a impunidade.

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PODER JUDICIÁRIO URUGUAIO

17 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília – Brasil

Reunião com o Secretário Letrado da Corte com vistas a dirimir dúvidas finais sobre o funcionamento e organização da Corte, bem como do poder judiciário do Uruguai. PODER JUDICIÁRIO URUGUAIO Suprema Corte de Justiça La Suprema Corte de Justicia es la máxima autoridad en las actividades administrativas del Poder Judicial, habiendo delegado el ejercicio de algunas de esas funciones, como las actividades técnicas y de planificación, a la Dirección General de los Servicios Administrativos del Poder Judicial. La SCJ ejerce la superintendencia directiva, correctiva, consultiva y económica sobre los Tribunales, juzgados y demás dependencias del Poder Judicial, formulando, además, los proyectos de su presupuesto. 2.2.1. Dirección General de los Servicios Administrativos Está encargada de planificar, organizar, dirigir y controlar los servicios administrativos del Poder Judicial a su cargo. Sus atribuciones se ejercen sobre todas las dependencias del Poder Judicial en materia administrativa, sin perjuicio de las facultades propias de la Suprema Corte de Justicia y de las que esta atribuya a otros órganos [19]. 2.2.5. Control disciplinario Finalmente, en el Índice de Accesibilidad a la Información a través de Internet del año 2009, elaborado por CEJA[24], Uruguay obtuvo un acceso global a la información de Internet del 23,6% ubicándose en el puesto 25 en comparación al lugar Nro. 13 del 2004, entre los países de la OEA. Asimismo, en el índice de accesibilidad a información de Tribunales de Justicia para el año 2009 fue del 45,51% posicionándose en el lugar Nro. 22, representando también una disminución del logro obtenido para el año 2004 y 2006, donde Uruguay alcanzó el 15º lugar y respecto del Nro. 21 alcanzado en el 2007 [25]. 2.4. Asistencia jurídica [26] La Defensoría de Oficio es un servicio integrante del Poder Judicial, sin estructura de rango constitucional, encargado de la defensa jurídica en todas las materias para personas de bajos recursos y para cualquier persona en materia penal; jerarquizado a la Suprema Corte de Justicia a través de direcciones técnicas a cargo de Defensores; funcionarios técnicos y administrativos con régimen de inamovilidad, designados, trasladados y cesados por la Suprema Corte de Justicia, mediante un sistema de carrera. El patrocinio legal gratuito patrocinado por el Estado se encuentra amparado en la norma constitucional, la cual establece que la justicia es gratuita para los declarados pobres con arreglo a la ley[27].

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A su vez, las Facultades de Derecho otorgan patrocinio legal gratuito a personas de escasos recursos a través de sus Consultorios Jurídicos, correspondiendo la mayoría de los casos a materia de familia y a situaciones derivadas de la vivienda, no obstante no existe un consultorio gratuito en materia penal. Dichos consultorios son atendidos por estudiantes que cursan el último año de la carrera de Derecho bajo supervisión directa del docente. En el caso de la Universidad de la República, además del Consultorio Jurídico ubicado en su edificio central, existen 10 consultorios en barrios distribuidos de distintas zonas de la capital del país. Sin embargo, cabe señalar que no se permite el patrocinio en causas penales por parte de los Consultorios Jurídicos de esta casa de estudios. 2.6. Presupuesto El presupuesto del Poder Judicial incluye a todos los Tribunales y a sus servicios administrativos de apoyo, entre los cuales se encuentra el Servicio de Defensa Pública. Como en Uruguay no existe Ministerio de Justicia, el Ministerio Público y Fiscal depende del Poder Ejecutivo. El presupuesto asignado para el 2008 aumentó un 53,5%, respecto del año 2005, observándose una tasa de crecimiento del 15,4% entre el período 2005-2008.

Tabla 2

Créditos Presupuestales Asignados[29]

Concepto 2008 2007 2006 2005[30]

Servicios Personales 1.644.855.938 1.404.986.922 1.189.928.393 1.064.317.884

Gastos Funcionamiento 247.925.291 228.625.302 240.931.922 226.881.799

Rentas Generales 97.463.188 106.425.066 70.667.847 21.022.281

Endeudamiento Externo 41.165.100 46.252.500 29.073.000 10.993.444

Presupuesto TOTAL 2.031.409.517 1.786.289.790 1.530.601.162 1.323.215.408

Monto en dólares estadounidenses[31] N/D 81.939.899 62.524.557 N/D

Fuente: Poder Judicial de Uruguay – Suprema Corte de Justicia

2.7. Medios personales y materiales El año 2008 se contaba con 469 jueces prestando servicio, de los cuales el 56% fueron mujeres. Se observa, además, que existe una relación de cinco empleados auxiliares por cada juez trabajando en Tribunales. También, se observa que el personal contratado se redujo en el 2008 un 49% en comparación al año2005.

Tabla 3

Medios personales y materiales

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Dato 2008 2007 2006 2005

Cantidad total de jueces 469 467 465 468

Cantidad total de jueces hombres 205 206 202 211

Cantidad total de juezas mujeres 264 261 263 257

Cantidad de personal auxiliar en Tribunales 2.175 N/D N/D N/D

Cantidad de personal administrativo 361 Ídem Ídem Ídem

Cantidad de personal por contrato 419 489 397 821

Número de computadoras en el Poder Judicial, en los Tribunales y fuera de los Tribunales.

980 780 630 490

Número de computadoras conectadas a Internet en el Poder Judicial. 450 350 230 60

Fuente: Poder Judicial – Suprema Corte de Justicia

Asimismo, durante el 2008 hubo en el Poder Judicial 980 computadoras de las cuales el 46% estaban conectadas a Internet, está cifra duplica las computadoras del año 2005, donde además solo el 12% de las mismas contaban con el servicio de Internet.

(FONTE: http://www.cejamericas.org/reporte/2008-2009/muestra_pais3f2fd.html?idioma=espanol&pais=URUGUAY&tipreport=REPORTE4&seccion=JBRANCH_)

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AVALIAÇÃO FINAL E IMPRESSÕES PESSOAIS

17 de junho de 2011 Edinalva Ferreira dos Santos

Supremo Tribunal Federal Brasília – Brasil

Participar do Programa Joaquim Nabuco foi uma das experiências mais gratificantes para a minha carreira nos últimos anos. Estou muito feliz por ter tido essa oportunidade. Servidora do Supremo Tribunal Federal há quinze anos, afirmo com certeza que me sinto uma pessoa realizada profissionalmente. Mas, se eu achava que não mais passaria por surpresas alegres e positivas no âmbito profissional, estava enganada. Ter tido a chance de representar a mais alta Corte de Justiça do meu país na mais alta Corte de Justiça do Uruguai foi algo de extremo orgulho, promovendo vários câmbios na minha vida, na forma de encarar as adversidades, como por exemplo, ficar longe da família... De ter tido a coragem de enfrentar um país, a trabalho, tendo que me comunicar através de uma língua quase que totalmente desconhecida. Ainda bem que fiz aulas antes de ir. Foram extremamente úteis. Gostaria então de deixar registrado que fiquei encantada com a cordialidade, o respeito e o afeto dos uruguaios. Eu já tinha notícia de que se tratava de uma população que valoriza muito a educação. De fato, estive ao lado de pessoas muito preparadas e que puderam me passar muito conhecimento jurídico e cultural. Gente educada na convivência social. E, como acabei de afirmar, pude presenciar que entre eles, colegas de trabalho, havia um cumprimento de afeto e respeito: todos se beijam na face (um beijo só) no primeiro encontro do dia. Faz parte da cultura dos uruguaios. Vi isso ocorrer nas ruas, nos restaurantes, nos Tribunais... Encanta-me muito saber que as pessoas procuram conviver civilizadamente e com afetividade em seus ambientes de trabalho, na vida social. Com certeza, qualquer dificuldade que ocorra fica mais fácil de enfrentar quando se convive em um ambiente de trabalho de respeito e harmonia. Fomos muito bem recebidos. Nem mesmo a falta de uma estrutura adequada para nos receber, com um local de trabalho disponível com computador, mesa, foi uma barreira para adquirirmos conhecimentos, pois era impossível não estar envolvida com aquelas pessoas uma vez que todos, todos mesmo: juízes, servidores, advogados, escrivãos, todos nos cumprimentavam com a mesma cordialidade e educação. Foi muito acolhedor e favoreceu bastante para superar qualquer dificuldade por falta de estrutura física que a Suprema Corte de Justiça do Uruguai possa ter apresentado. Aprendemos que lá o Poder Judiciário não tem autonomia financeira. Portanto, cientes da falta de recursos financeiros fica mais fácil compreender a ausência de tecnologia. E esta associada à resistência do servidor em aprender a lidar com a tecnologia, resultou na falta de estrutura física para nos receber. Mas continuo afirmando: fomos tão bem recebidos que essa pequena adversidade de falta de estrutura para trabalhar foi logo superada e não atrapalhou nosso aprendizado. Ensinaram-nos muitas coisas e, o mais importante é que eles estavam abertos e interessados em tudo o que informávamos. Houve uma verdadeira troca de informação, um intercâmbio de conhecimentos. Agora, qualquer coisa que possa não ter funcionado bem aqui no Brasil antes de irmos para o Uruguai, afirmo que foi apenas no quesito comunicação clara entre as partes envolvidas. Problemas com peso da bagagem, ausência de cartões de visita...

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No mais, quero agradecer primeiramente a Deus, e depois à Secretaria de Recursos Humanos e à Assessoria de Assuntos Internacionais do STF que fizeram a seleção. E, sem dúvida, impossível não mencionar e agradecer à minha chefia imediata que me apoiou desde o início na participação deste intercâmbio. Agradeço também a minha família (esposo, filho, secretária, mãe, irmãos), e aos amigos. Sem eles, definitivamente teria sido impossível estar ausente, deixando meu filho para trás por duas semanas. Nunca fiquei tanto tempo longe da família, e superar isso foi o mais difícil, mas foi muito bom ao mesmo tempo. Melhorou demais nossas relações de afeto um pouco adormecidas na correria e rotina do dia a dia que acaba afetando a convivência familiar. E, claro, a estrutura montada na minha casa foi favorável para que eu pudesse trabalhar com tranqüilidade tão longe dos meus entes queridos. Eu tinha preconceito em estudar espanhol. Já mudei este pensamento. Agora, vou organizar minhas finanças, meu tempo e vou começar a estudar essa língua, tão difícil, mas também encantadora. Agradeço também ao meu parceiro de intercâmbio. Formamos uma verdadeira equipe de trabalho. Foi muito tranqüila a nossa convivência, o que favoreceu a aquisição de novos conhecimentos. Penso que conseguimos representar bem o STF lá na Corte Uruguaia. Até uma próxima oportunidade.