a produção e o consumo do espaço nas aglomerações urbanas

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1 A produção e o consumo do espaço nas aglomerações urbanas brasileiras: desafios para uma urbanização sustentável. Ricardo Ojima Palavras-chave: Meio Ambiente; Espaço; Urbanização. Resumo Não são raras as associações entre urbanização e degradação ambiental, sobretudo quando se relaciona o crescimento da população urbana à escassez de recursos, poluição e qualidade de vida. As recentes mudanças no padrão de distribuição populacional nas principais aglomerações urbanas do país apontam para um novo cenário onde o arrefecimento das taxas de crescimento populacional se confronta com uma nova forma de ocupar o espaço, alterando a dinâmica intra-urbana e os impactos ambientais relacionados à expansão urbana. Assim, ganha força um padrão de urbanização disperso e fragmentado que é conseqüência das mudanças estruturais da sociedade e as novas formas de mobilidade espacial. Assim, se a globalização pode ser entendida como algo além da expansão, em nível planetário, de modelos econômicos, é preciso deixar claro que os impactos vão além das mudanças na esfera da indústria, emprego ou das categorias ocupacionais, ou seja, não basta analisar a produção social do espaço, é preciso entender também o binômio produção- consumo. Afinal, se há mudanças na forma de produção do espaço, há também mudanças importantes nas formas de consumi-lo. Enfim, o trabalho procura abordar a urbanização brasileira, utilizando o exemplo do Estado de São Paulo para destacar as mudanças no consumo do espaço e apontar os desafios para uma urbanização sustentável nas aglomerações urbanas recentes. Trata-se de um investimento exploratório na busca de evidências que confirmem as proposições teóricas de uma nova etapa do desenvolvimento da sociedade moderna e os desafios para questão ambiental nos contextos urbanos. Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 18-22 de Setembro de 2006. Este trabalho é parte integrante da tese de doutoramento do autor (2003-2007), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Trabalho desenvolvido no âmbito do projeto "Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sócio-demográfica nas metrópoles do interior paulista", no Núcleo de Estudos de População (NEPO) em parceria com o Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional (Nesur), ambos da Unicamp. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Demografia, Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UNICAMP); e-mail: <[email protected]>.

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A produção e o consumo do espaço nas aglomerações urbanas brasileiras: desafios para uma urbanização sustentável.∗

Ricardo Ojima ♣

Palavras-chave: Meio Ambiente; Espaço; Urbanização.

Resumo

Não são raras as associações entre urbanização e degradação ambiental, sobretudo quando se relaciona o crescimento da população urbana à escassez de recursos, poluição e qualidade de vida. As recentes mudanças no padrão de distribuição populacional nas principais aglomerações urbanas do país apontam para um novo cenário onde o arrefecimento das taxas de crescimento populacional se confronta com uma nova forma de ocupar o espaço, alterando a dinâmica intra-urbana e os impactos ambientais relacionados à expansão urbana. Assim, ganha força um padrão de urbanização disperso e fragmentado que é conseqüência das mudanças estruturais da sociedade e as novas formas de mobilidade espacial.

Assim, se a globalização pode ser entendida como algo além da expansão, em nível planetário, de modelos econômicos, é preciso deixar claro que os impactos vão além das mudanças na esfera da indústria, emprego ou das categorias ocupacionais, ou seja, não basta analisar a produção social do espaço, é preciso entender também o binômio produção-consumo. Afinal, se há mudanças na forma de produção do espaço, há também mudanças importantes nas formas de consumi-lo.

Enfim, o trabalho procura abordar a urbanização brasileira, utilizando o exemplo do Estado de São Paulo para destacar as mudanças no consumo do espaço e apontar os desafios para uma urbanização sustentável nas aglomerações urbanas recentes. Trata-se de um investimento exploratório na busca de evidências que confirmem as proposições teóricas de uma nova etapa do desenvolvimento da sociedade moderna e os desafios para questão ambiental nos contextos urbanos.

∗ Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 18-22 de Setembro de 2006. Este trabalho é parte integrante da tese de doutoramento do autor (2003-2007), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Trabalho desenvolvido no âmbito do projeto "Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sócio-demográfica nas metrópoles do interior paulista", no Núcleo de Estudos de População (NEPO) em parceria com o Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional (Nesur), ambos da Unicamp. ♣ Doutorando do Programa de Pós-graduação em Demografia, Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UNICAMP); e-mail: <[email protected]>.

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A produção e o consumo do espaço nas aglomerações urbanas brasileiras: desafios para uma urbanização sustentável.∗

Ricardo Ojima ♣

Introdução

Nos anos recentes, diversos trabalhos nas áreas de sociologia, geografia, planejamento urbano, demografia, entre outros, passaram a discutir mudanças estruturais no espaço urbano. A chamada reestruturação do espaço ou reestruturação urbana passou a ser encarada como um fato empiricamente observável em todas as aglomerações urbanas brasileiras e, por esse motivo, não foram poucas as pesquisas que passaram a investigar tais mudanças sob diversas perspectivas teóricas. Grande parte dos estudos contempla argumentações baseadas nos impactos da reestruturação produtiva, pós-fordismo ou da globalização; entretanto, em linhas gerais, a maioria das abordagens recentes procura nas transformações do modo de produção capitalista os desdobramentos que se refletem nos contextos urbanos; ou seja, a partir das mudanças no modo de produção capitalista, entender a transformação no modo de produção social do espaço urbano.

Mas se a globalização pode ser entendida como algo além da expansão, em nível planetário, do modelo econômico, é preciso deixar claro que os impactos vão além das mudanças na esfera da indústria, emprego ou das categorias ocupacionais, pois a globalização é causa e efeito de uma mudança social mais profunda. Dessa forma, para analisar a produção social do espaço, é preciso entender também o binômio produção-consumo. Pois, se há mudanças na forma de produção do espaço, há também mudanças importantes nas formas de consumi-lo.

Segundo Villaça (1998:13), “o simples registro de transformações espaciais não é suficiente para caracterizar a estruturação ou a reestruturação [do espaço]”. Ou seja, não basta identificar as transformações físicas que ocorrem nas principais aglomerações urbanas brasileiras para denominá-la de reestruturação do espaço urbano, tratando-as como evidências das mudanças no modo de produção capitalista. Também é necessário verificar mudanças estruturais na vida social que justificam a mudança na lógica de consumo do espaço.

∗ Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 18-22 de Setembro de 2006. Este trabalho é parte integrante da tese de doutoramento do autor (2003-2007), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Trabalho desenvolvido no âmbito do projeto "Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sócio-demográfica nas metrópoles do interior paulista", no Núcleo de Estudos de População (NEPO) em parceria com o Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional (Nesur), ambos da Unicamp. ♣ Doutorando do Programa de Pós-graduação em Demografia, Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UNICAMP); e-mail: <[email protected]>.

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Assim, no jogo dos riscos sociais, muitas vezes, a expansão de áreas urbanas se torna uma disputa por qualidade de vida. E, portanto, a reestruturação dos espaços urbanos representa muito mais do que impactos econômicos da globalização ou da reestruturação produtiva. Trata-se de uma mudança mais ampla na esfera da reprodução social, no estilo de vida cotidiano. De certa forma, diz muito mais respeito às transformações na esfera do consumo e da vida cotidiana do que as transformações no modo de produção capitalista.

Entre as evidências dessa mudança social está a inserção da questão ambiental. A valorização do meio ambiente dentro da esfera das ações sociais é, sem dúvida, uma variável relevante quando analisamos as mudanças recentes na estruturação urbana, pois, entre outros fatores, a questão ambiental passa a ser entendida como causa e efeito das decisões que orientam as transformações do tecido urbano. Ou seja, se por um lado temos a demanda crescente pela qualidade de vida urbana associada à proximidade dos artefatos ambientais, por outro lado temos um aumento na pressão sobre o consumo do espaço urbano.

A bibliografia internacional acerca dos processos de expansão urbana vem apontando um conjunto de fatores associados aos impactos que o padrão de ocupação das áreas urbanas pode trazer, sendo eles desde os aspectos estéticos até impactos nos gastos públicos (consumo de água, energia elétrica e combustíveis fósseis, afastamento das áreas agrícolas, alocação de bens e serviços públicos), nos aspectos sociais (heterogeneização socioespacial, segregação social, aumento das distâncias diárias de locomoção) e nos aspectos ambientais (poluição da água e do ar, ilhas de calor, mudança nos regimes de precipitação, aumento de áreas alagáveis e alterações na incidência de doenças e problemas de saúde associados).

E, embora o tema da expansão urbana não seja uma questão nova, os processos atuais assumem novas características. Pois, de certa maneira, o que podemos chamar de segunda transição urbana é uma fase em que as tendências de crescimento populacional urbano perdem sua força para dar lugar à acomodação dessa população dentro de seu tecido urbano. Assim, pode-se dizer que o conceito de periferização está relacionado à primeira transição urbana, quando as taxas de crescimento populacional urbano impulsionavam o crescimento de áreas ocupadas por assentamentos urbanos. Mas principalmente porque era um momento em que a polarização condensava o urbano em torno de um núcleo relativamente autônomo.

Enfim, o que há de novo na urbanização brasileira é o fato de que a dinâmica regional reduz a autonomia desse núcleo e dispersa as tensões internas que garantiam sua hegemonia. Assim, as taxas de crescimento populacional mudam seu padrão nas principais aglomerações urbanas brasileiras - sobretudo, quando analisamos os antigos núcleos polarizadores e suas relações com o seu entorno – concomitantemente ao aumento do consumo do espaço urbano e a disseminação do padrão de vida e consumo metropolitano. O objetivo do presente trabalho é, portanto, identificar as mudanças sociais que evidenciam esta mudança estrutural dos padrões de consumo e da vida cotidiana que, direta ou indiretamente, alteram as relações entre população-meio ambiente nas aglomerações urbanas; para, então, caracterizar as mudanças sociodemográficas que justificam a reestruturação dos espaços urbanos, desafiando o futuro sustentável dessas regiões.

A produção e o consumo social do espaço

Dentro do debate sobre os dilemas ambientais na virada do século podemos apontar a relação entre urbanização e meio ambiente como uma das mais evidentes. Não podemos negar que é na cidade que este dilema se torna mais contundente, pois as interfaces sociais,

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econômicas e políticas se dão com maior intensidade. Mas embora natureza e cidade sempre estivessem na pauta das discussões sobre a crise ambiental como partes antagônicas de um processo de degradação sistemática, colocar o urbano em oposição à natureza reduz significativamente a capacidade analítica das forças sociais intrínsecas à chamada “crise ambiental”. Enfim, a natureza em si não pode ser interpretada única e exclusivamente como áreas “intocadas”, selvagens ou naturais (em seu sentido literal).

O ambiente é hoje mais ‘social’ do que nunca, no sentido de que está mais conectado a crenças, ideologias, discursos e construções sociais do que a restrições físico-materiais (BUTTEL et al., 2002). Assim, a percepção dos riscos ambientais se torna hoje uma das forças sociais definidoras das sociedades, incorporando e refletindo novos veículos de ação social e novos padrões estruturais nas sociedades modernas (BUTTEL, 2001: p.29-30). Portanto, não se trata apenas de identificar e analisar as relações entre os artefatos ambientais (áreas verdes, rios, ar, solo) mesclados no cenário urbano das cidades e aglomerações urbanas; pois o espaço urbano é uma expressão física da sociedade moderna que age e interage com a dinâmica socioambiental e, dessa forma, é o modo de vida urbano que contribui para intensificar os processos que conduzem aos dilemas ambientais.

A dimensão ambiental e os conflitos decorrentes podem ser percebidos nos contextos urbanos quando uma parcela da população passa a valorizar o meio ambiente como parte essencial de uma determinada qualidade de vida; ou quando as ocupações urbanas, mesmo que ilegais, passam a ser determinadas pelo potencial risco ao meio ambiente; ou quando cresce o número de coletores e separadores de lixo reciclável como alternativa de geração de renda; ou quando, enfim, a dimensão ambiental não pode mais ser dissociada dos processos de decisão individual e social dentro dos contextos urbanos, onde os riscos e incertezas se tornam a racionalidade que determina, em última instância, a ação social.

Segundo Smolka (1996: 136),

decisões quanto ao ambiente construído tomadas em um passado irrevogável constrangem o presente, e nem sempre podem ser facilmente revertidas. E o mais grave, essas decisões correntes são marcadas pelas incertezas quanto ao seu impacto futuro (...). Ademais, essas mudanças podem, muitas vezes, implicar fenômenos não-antecipados.

Assim, a questão ambiental revela um conjunto de tensões sociais que, nos dias atuais, se tornam mais difusas e anestesiam a capacidade de percepção do risco social. Neste contexto, o urbano e o meio ambiente fazem parte de um único processo e não pode ser tratado separadamente quando se procura discutir questões como a segregação socioespacial, pobreza ou qualidade de vida. Portanto, conforme o processo de urbanização se torna mais cristalizado, cresce o entrelaçamento dos dilemas ambientais.

No Brasil, em um período de pouco mais de cinqüenta anos, a população urbana que representava cerca de 30% da população total, passou a ser de 81% no ano de 2000. E, no mesmo período, muitas mudanças estruturais ocorreram no cenário social, político e econômico. Algumas delas, claro, fortemente derivado do processo de urbanização, outras, viabilizadas por ela. O exemplo do Estado de São Paulo consolida tais tendências e ilustra a mudança estrutural que delineia processos semelhantes em outras regiões do país.

Segundo Baeninger (2004:9), desde a década de 1970,

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“os processos de mudanças na estrutura produtiva, especialmente, a desconcentração industrial a partir da Região Metropolitana de São Paulo, teve importantes desdobramentos no tecido urbano do interior do Estado, gerando a multiplicação de pólos industrializados nessa área”.

Dessa forma, consolidaram-se novas espacialidades no processo de urbanização através de configurações urbano-metropolitanas diversificadas no interior paulista. E a nova dinâmica econômico-industrial mudou as feições da distribuição populacional no Estado ao longo dos últimos trinta anos da urbanização, através de fluxos migratórios intra-estaduais desencadeados da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em direção a pólos de atração regional no interior (Baeninger, 2004:9). Por outro lado, pouca importância foi direcionada para as mudanças nos padrões de consumo associadas às tendências desse processo de urbanização iniciado nos anos 1970.

Principalmente pelo fato de que a consolidação destes espaços se dá em uma etapa do desenvolvimento social onde os riscos passam a assumir papel decisivo na ação social, uma realidade na qual

a vida pessoal e os laços sociais que ela envolve estão profundamente entrelaçados com os sistemas abstratos de mais longo alcance. (...) Com a globalização acelerada dos últimos cinqüenta anos mais ou menos, as conexões entre a vida pessoal do tipo mais íntimo e mecanismos de desencaixe se intensificaram. Como observou Ulrich Beck: ‘O que há de mais íntimo – digamos, amamentar uma criança – e de mais distante, mais geral – um acidente nuclear na Ucrânia, política energética – estão agora, de súbito, diretamente conectados’ (GIDDENS, 1991).

Há uma ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas de conhecimento, afetando as ações de indivíduos e grupos. De certa maneira, “a estrutura local não é simplesmente o que está na cena; a ‘forma visível’ do local oculta as relações distanciadas que determinam sua natureza” (GIDDENS, 1991). Ou seja, considera-se que no momento atual os modelos de ação social estão cada vez mais entrelaçados e os processos e padrões que se desenvolvem nestas aglomerações urbano-metropolitanas reproduzem e assimilam contextos distanciados como os padrões de consumo globais. Por exemplo, a disseminação de condomínios e loteamentos fechados em Cuiabá, Manaus ou Belém do Pará, seguindo os mesmos padrões daqueles encontrados em São Paulo.

O processo de globalização é muito mais abrangente do que apenas a articulação da economia em escala planetária. É a generalização dos modelos e padrões de consumo distanciados de contextos locais que transforma o espaço e evidencia novas formas urbanas. Segundo Lefebvre, (1999:18), é a gestação de uma sociedade urbana, uma urbanização completa, onde o tecido urbano se prolifera explodindo a grande cidade e dando lugar a “duvidosas excrescências: subúrbios, conjuntos residenciais ou complexos industriais, pequenos aglomerados satélites pouco diferentes de burgos urbanizados”. Enfim, atravessamos um momento de transição onde o meio ambiente aparece no centro da discussão e a segurança na vida social passa a ser guardada dentro de uma “caixa preta” (Giddens, 1991; Lefebvre, 1999).

Em uma tentativa de abrir parcialmente esta caixa preta, considera-se imprescindível encarar a necessidade de outras abordagens teóricas e metodológicas na análise do urbano brasileiro. Do ponto de vista teórico, é preciso se dar conta de “uma sociedade virtualmente

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urbana” (MONTE-MÓR, 2006:11) em que as relações de consumo se dispersam por extensões indefinidas do espaço e consolidam novos padrões de vida em escalas de produção distintas. Ou seja, o urbano se desenvolve com a dispersão do padrão de consumo e muito menos pelas condições de produção.

Neste processo, as aglomerações urbano-metropolitanas que se consolidam ao longo dos últimos anos do século XX apresentam uma condição social distinta onde a região se destaca sobre as dimensões locais. Ou seja, o processo de dispersão urbana e as novas formas de consumo do espaço só podem ser entendidos a partir de uma escala regional, observando em outra escala a implosão-explosão urbana.

Entretanto, a idéia de dispersão urbana – que parece ser a radicalização do que já havíamos reconhecido no tecido urbano das metrópoles brasileiras como a expansão periférica dos pólos tradicionais, principalmente por parte da população mais pobre em direção às áreas urbanas de menor valorização econômica - sob o paradigma da periferização urbana assume novos contornos. Pois, este novo processo de expansão periférica nas aglomerações urbanas inclui outras dimensões da vida social que não eram consideradas. Em linhas gerais, a periferização não trata necessariamente da expansão do urbano no espaço, mas do processo de segregação socioespacial na metrópole capitalista e, dessa forma, destaca o modo de produção capitalista como agente organizador do espaço urbano, deixando de lado as determinações sociais e culturais dos agentes sociais.

O que há de novo no processo de dispersão urbana contemporânea é a ocupação descontrolada de áreas cada vez maiores para ocupar um volume populacional cada vez menos intenso; ou seja, uma segunda etapa no processo de urbanização onde as aglomerações urbanas brasileiras têm apresentado um arrefecimento nas suas taxas de crescimento populacional. Áreas cada vez mais extensas do seu espaço foram ocupadas, não apenas pela expulsão das camadas sociais mais empobrecidas como forma de segregação socioespacial, mas também pela generalização dessa dispersão para todas as camadas sociais sob uma nova orientação dos padrões de consumo.

Uma das abordagens para se captar estas transformações na organização do espaço urbano é o conceito de urban sprawl (doravante sprawl) ou dispersão urbana. Mas trata-se de novo padrão ou de um novo paradigma para o processo de urbanização brasileiro? O termo sprawl tem sido alvo central de vasta produção acadêmica norte-americana, sobretudo, nos últimos anos do século XX. E, na maioria dos estudos, tem sido atribuída à expansão territorial das cidades, diminuição das densidades populacionais, aumento da dependência por transportes automotivos de uso individual, padrões de ocupação residencial e não-residencial nas regiões metropolitanas, entre outros (GALSTER et al, 2000). Trata-se da difusão da edge city (cidades de contorno), com a formação de verdadeiros simulacros de cidades em áreas distantes do contexto dos centros urbanos consolidados. Segundo Garreau (1988), primeiro a usar o termo edge city, essas ocupações são, sobretudo, os enclaves de alta renda onde se encontram as ocupações urbanas com grandes lotes residenciais e com alto padrão de consumo. Simbolizando o American way of life, onde algumas parcelas da população buscam qualidade de vida “oposta” aos valores da cidade.

No caso brasileiro, embora ainda não haja consenso, o processo de urbanização apresenta sinais de mudanças importantes e significativas. O número de condomínios e loteamentos fechados já é expressivo e devido às suas características, a analogia com o padrão norte-americano é facilmente visível. Segundo Caldeira (2000), o surgimento de condomínios e loteamentos faz parte de um novo padrão de segregação espacial e

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desigualdade social na cidade, substituindo aos poucos o padrão dicotômico centro-periferia (rico-pobre). Mas não se trata apenas de uma tendência que abrange uma pequena parcela da população. Pois, apesar de ter inicialmente atendido aos interesses de famílias de alta renda, esse padrão hoje passa a representar um modelo de consumo difundido entre todas as camadas sociais. Ou seja, o mercado imobiliário já passa a direcionar investimentos para consumidores diversificados através de empreendimentos que vão desde R$30 mil até R$3 milhões só na Região Metropolitana de São Paulo (Embraesp, 2006). Assim, as regiões periféricas, distantes dos centros consolidados das aglomerações urbanas e que antes eram reservadas aos conjuntos habitacionais populares, passam a ser o sonho de consumo de uma variada parcela da população, traduzindo as aspirações de uma determinada qualidade de vida.

Dispersão urbana (urban sprawl)

Quando avançam os estudos sobre as formas distintas de expansão urbana, em meados da década de 1960 nos Estados Unidos, o termo “urban sprawl” emerge com um significado pejorativo para expressar o crescimento desordenado das aglomerações urbanas norte-americanas. E, embora seja objeto de pesquisas que utilizam um instrumental tecnológico e metodológico sofisticado, o uso do termo sprawl não foi alvo de uma reflexão teórica aprofundada. Na maioria dos casos, está associado a um fenômeno perceptível na paisagem urbana, ou seja, como se fosse uma realidade óbvia dentro do senso comum, mas que, de certo modo, deixou de lado uma perspectiva crítica mais profunda em torno das mudanças estruturais da sociedade.

Movimentos políticos e sociais

Grande parte das referências encontradas sobre a dispersão urbana trata dos efeitos negativos trazidos por esse modelo de ocupação das áreas urbanas. Assim, são importantes os grupos políticos e sociais que defendem tal hipótese e se organizam em torno de um projeto de resistência. Entre os grupos que possuem um relevante arsenal argumentativo na discussão está o Sierra Club, o Sprawl City e o Smart Growth; todos contêm em sua agenda princípios relacionados à sustentabilidade ambiental, qualidade de vida e consumo consciente. De modo geral, o movimento de crescimento consciente (smart growth) é uma bandeira de todos e coloca a dispersão urbana como um dos principais vilões ao ambiente urbano, atribuindo a ele fatores como, por exemplo, redução de áreas verdes, congestionamento de trânsito, poluição atmosférica, custos para atendimento de serviços públicos, etc. A preocupação política não impede que as análises tenham suporte acadêmico, pois os estudos são conduzidos por diversas universidades e mobilizam recursos importantes no sentido de subsidiar a gestão urbana. Assim, surgem entre as plataformas políticas de grupos políticos, uma preocupação em assumir novos caminhos para o desenvolvimento urbano que seja mais sustentável.

Estudos de caso – definição por exemplo

Os estudos que dão suporte às convicções dos movimentos sociais são inúmeros e freqüentemente partem da avaliação da situação encontrada em aglomerações urbanas específicas. A maioria dos trabalhos que procuram definir as novas configurações urbanas e a urbanização dispersa se utilizam desta abordagem para visualizar o processo. Ou seja, a partir de estudos de caso, procura-se exemplificar a dispersão do urbano pelo território.

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O caso de Los Angeles é um dos mais associados à dispersão, pois entre 1970 e 1990 a população desta região teve uma variação de 45%, mas, no mesmo período, a área urbana ocupada por esta população cresceu em 300% (MEADOWS, 1999). Ou seja, os estudos de caso normalmente colocam em discussão o arrefecimento das taxas de crescimento populacional somado ao aumento significativo da área urbana, isto é, as baixas densidades urbanas associadas a um padrão residencial disperso. Neste sentido, podemos encontrar diversos estudos que mostram a mesma transformação do tecido urbano de Los Angeles ocorrendo em diversas regiões dos Estados Unidos e em outras regiões do mundo, inclusive cidades européias tradicionalmente associadas ao seu desenho urbano compacto (RICHARDSON & CHANG-HEE, 2004).

De modo geral, as abordagens da dispersão urbana que se apóiam em estudos de caso, evidenciam o processo histórico de ocupação urbana, definindo-o como um processo de redução das densidades urbanas. Um dos problemas deste tipo de abordagem, embora seja importante para esclarecer os processos em uma escala facilmente perceptível pela opinião pública, é que ele não permite estudos comparativos e perde sua capacidade analítica no sentido de generalizar o padrão; por um lado, se utilizam de fontes de dados muitas vezes exclusivas para aquele contexto e, por outro, porque só conseguem demonstrar os processos dentro daquele contexto histórico, social e político.

Causas e conseqüências

Do ponto de vista metodológico, os estudos que procuram avaliar os impactos e conseqüências da dispersão urbana são os mais importantes, pois neles residem os principais desafios para a compreensão deste processo de transformação. Isso ocorre pois a partir deste momento os desafios teóricos de caracterização se tornam mais evidentes. O crescimento urbano e periférico das cidades não é nenhuma novidade; de certa forma, foi sempre assim que se deu o processo de ocupação humana no território. O que parece ser novo é o padrão dessa ocupação. Grande parte dos estudos sobre a dispersão urbana tende a confundir as causas com as suas conseqüências, pois muitas vezes a definição do que é a dispersão urbana é dado exclusivamente pelas suas causas ou conseqüências. O fato é que pouco esforço teórico tem sido dado para se aprofundar nas mudanças sociais que conduziram a este modelo de urbanização. Poucos associam o fato de que a dispersão urbana é muito mais um processo do que uma condição; enfim, a dispersão urbana não faz sentido se não for entendida sob uma perspectiva comparativa.

Entre as causas e conseqüências apontadas por estes estudos podemos encontrar:

• maiores distâncias para a cobertura dos serviços públicos (segurança, educação, saúde, etc.);

• agravamento dos conflitos sociais através do aumento da segregação socioespacial;

• maior consumo de recursos naturais (água, energia elétrica e combustíveis fósseis);

• aumento da poluição atmosférica;

• crescimento da demanda por transporte automotivo individual;

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• congestionamentos e maior consumo do tempo médio das viagens diárias;

• maior incidência de alguns problemas de saúde e causas de óbito (obesidade, acidentes de trânsito, problemas respiratórios, enfermidades tipicamente rurais, etc.).

Formas de mensuração

Finalmente, como podemos saber se este processo realmente está ocorrendo nas aglomerações urbanas do mundo? Somado ao desafio de entender a dispersão urbana enquanto um processo que faz parte de uma mudança social, ganham importância os estudos que procuram identificar as evidências empíricas deste processo no tecido urbano contemporâneo, sobretudo, para que possam ser usados como parâmetro de comparação entre diferentes regiões. Para isso são muitas as referências que trabalham com indicadores a partir das mais variadas perspectivas e abordagens instrumentais. A densidade é o indicador mais utilizado em todos os estudos que procuram quantificar a dispersão urbana; entretanto, é importante que sejam consideradas as densidades populacionais e residenciais urbanas. Com a incorporação dos Sistemas de Informação Geográficas (SIG) nos estudos urbanos, tornou-se possível compatibilizar imagens de satélite e informações espaciais e socioeconômicas com uma precisão até então nunca utilizada. Dessa forma, passou a ser possível qualificar a dispersão urbana, além de apenas quantificá-lo.

Isso porque os impactos descritos pelos estudos de caso mostram que a dispersão urbana pode ser distinta não apenas em termos do aumento da área urbanizada em relação ao crescimento populacional, mas também pelos desenhos e funções dos espaços intra-urbanos. Isso quer dizer que duas regiões com densidades urbanas semelhantes vão apresentar impactos da forma urbana distintos se o seu tecido urbano for mais ou menos desconectado ou se a diversidade das atividades urbanas forem mais ou menos acentuadas.

Assim, valendo-se de SIG, os estudos mais recentes sobre a dispersão urbana incluem a variável espacial nas análises e, dessa forma, incorporam uma dimensão até então pouco considerada nos estudos urbanos.

0

1-50

51 e +

0

1-50

51 e +1 2 3

Figura 1

Diagrama ilustrativo de distintas formas e mesma densidade urbana Em termos espaciais, a análise da cidade moderna sempre foi confundida com a

análise da cidade industrial monocêntrica (diagramas 1 e 2); neste modelo, as dicotomias centro-periferia e rico-pobre se destacam como expressões mais freqüentes e ratificam a homogeneidade no espaço intra-urbano. Entretanto, se o modelo da cidade monocêntrica foi um dia o principal modelo de ocupação urbano, hoje parece haver um novo cenário (diagrama 3). Ou seja, o urbano contemporâneo assume uma estruturação cada vez mais

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complexa, sobretudo, pela ramificação das redes urbanas, a integração dos fluxos econômicos, a intensificação dos fluxos de mobilidade populacional e a mudança nos padrões de consumo. Assim, uma aglomeração pode assumir distintas formas de se dispersar no espaço e, por suposto, essas diferentes formas podem assumir impactos sociais e ambientais diferenciados.

Entre os impactos mais evidentes desta dispersão pulverizada do urbano está a fragmentação das áreas. E, na busca pela qualidade de vida próxima à natureza, o urbano se posiciona em recortes fragmentados, recortando os espaços intermediários sem a preocupação da contigüidade necessária aos processos naturais. Assim, o risco se dispersa e a todos resta pouco daquela suposta qualidade.

Evidências da dispersão: o caso paulista

Embora o conceito de sprawl ainda esteja em processo de construção conceitual, possui características que o diferenciam do conceito de periferização amplamente comentado na literatura brasileira. Entre as distinções, a mais relevante para o estudo das mudanças ambientais está a estreita vinculação espacial, não apropriada pelos estudos brasileiros. Em termos gerais, a periferização da população urbana brasileira esteve sempre vinculada a um simultâneo processo de segregação e exclusão social e, desse modo, concentraram-se os esforços teóricos e metodológicos para compreender estes processos. Assim, justifica-se porque, embora a problemática ambiental seja parte dos estudos urbanos, poucos tenham se concentrado em torno das dimensões formais da cidade para entender os processos de deterioração da qualidade de vida.

Como se salientou anteriormente, o Brasil deixou de ser uma sociedade tipicamente rural em período de tempo muito curto; pois, entre 1950 e 1980, a população urbana aumentou em 61,5 milhões de pessoas, ou seja, uma variação percentual de 328%. Este período que chamaremos de primeira transição urbana, momento em que a população urbana supera a população rural e o grau de urbanização (quociente entre a população urbana pela população total) ultrapassa os 50%, ocorre no Brasil em meados da década de 1960. E é neste mesmo momento que a população rural não apenas perde seu peso relativo no total da população, mas também passa a apresentar uma redução absoluta.

Embora os dados oficiais sejam definidos através de legislação municipal específica e, portanto, possuam suas limitações em termos de critérios, é preciso explorá-los antes de buscar formas alternativas de mensuração das áreas urbanas, bem como a definição do que vem a ser uma área urbana. Neste sentido, não são poucas as pesquisas que criticam os padrões utilizados para a definição das áreas urbanas2.

2 Para se ter uma idéia, os critérios do que é considerado urbano são muito distintos entre os países. Em geral, segundo avaliações das Nações Unidas (UNITED NATIONS, 1998), os critérios de ‘urbano’ podem ser classificados em pelo menos três tipos: 1) tamanho das localidades; 2) classificação dos centros administrativos e 3) classificação dos centros administrativos de acordo com critérios selecionados (tipo de governo local, número de habitantes ou proporção da população em atividades tipicamente agrícolas). Países como a Albania consideram urbanas as localidades (cidades, vilas, etc) com pelo menos 400 habitantes enquanto que na Austria o limite inferior é de 5 mil. Na Bulgária, são as áreas constituídas legalmente independentemente do tamanho; em Israel são os centros predominantemente não-agrícolas; na Suécia são consideradas as áreas onde não hajam distâncias superiores a 200 metros entre as residências e no Japão são consideradas as municipalidades com mais de 50 mil habitantes desde que possuam pelo menos 60% das residências em áreas antropizadas e pelo

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Gráfico 1

Grau de urbanização, população urbana e rural, Brasil – 1950 a 2000

36,2

45,1

55,9

67,6

81,2

75,6

-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

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140

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1950 1960 1970 1980 1991 2000

Milh

ões

Ano

Habitantes

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20

30

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50

60

70

80

90

100

% de população urbana

Grau de Urbanização População Urbana População Rural Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1950, 1960, 1970,1980, 1991 e 2000.

No Brasil, toda sede de município ou distrito é considerada como área urbana, sendo tais perímetros definidos por legislação municipal. Ou seja, a classificação das áreas urbanas é atribuída aos municípios a partir de um critério político-administrativo. Mas, considerando essa limitação dos dados, a disponibilidade de informações mais detalhadas sobre as áreas urbanas no Brasil depende de estudos que utilizam ferramentas de sensoriamento remoto e SIG e a sua viabilidade técnica ainda é limitada pelo alto custo das imagens de satélite para um estudo comparativo de grande abrangência. Neste sentido, como forma de introduzir o debate sobre a reestruturação do espaço urbano, optou-se – neste trabalho – por fontes de dados secundários que permitam generalizar os modelos para um conjunto maior de localidades.

Mobilidade e padrões de vida

Considerando a população em áreas urbanas, destaca-se entre as principais evidências dessa dispersão urbana a alta mobilidade populacional. Uma boa aproximação da grande mobilidade que caracteriza a urbanização recente pode ser obtida através dos dados de deslocamento pendular3 coletadas no Censo Demográfico. Tal informação é um importante indicador de integração regional e tem sido alvo de pesquisas no Brasil desde a década de 70, principalmente em razão da demanda por definições das regiões metropolitanas. Entretanto,

menos 60% dos habitantes empregados em atividades industriais, comerciais ou demais atividades tipicamente urbanas. 3 Deslocamento diário de pessoas em relação ao seu município de residência e o município de trabalho ou estudo.

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foi só mais recentemente, a partir da divulgação dos resultados do Censo 2000, que passou a ser mais explorado em termos analíticos4.

Em termos de padrões de consumo, esta mobilidade pode ser relacionada a pelo menos dois processos distintos e concorrentes. Um deles é a melhoria da qualidade dos sistemas viários de transporte, fornecendo subsídios importantes para que a expectativa de mobilidade se realizasse com mais facilidade; de certa forma, quando as condições materiais para a realização plena (ou semiplena) de mobilidade espacial se satisfazem, emergem outro processo como causa e conseqüência: a consolidação do uso de veículos de transporte, sobretudo aqueles de uso particular.

Tabela 1

Percentual da população urbana que trabalha ou estuda em outro município, por aglomerações urbanas, Estado de São Paulo - 2000

Mesma aglomeração Fora da aglomeração TotalJundiaí 7,2 4,0 11,2Baixada Santista 7,2 1,9 9,1Campinas 6,3 1,7 8,0São Paulo 6,0 0,6 6,6Guaratinguetá/Aparecida 3,1 2,8 5,9Moji-guaçu/Moji-mirim 2,5 2,8 5,3Sorocaba 3,4 1,8 5,2São José dos Campos 3,0 1,5 4,5Ribeirão Preto 2,3 1,4 3,7Limeira 0,8 2,0 2,8São José do Rio Preto 1,4 1,4 2,8Araçatuba 0,7 1,8 2,5Araraquara/São Carlos 0,3 1,9 2,2Outros municípios 2,9 1,4 4,3

Aglomeração urbana Estuda ou trabalha em outro município

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (tabulações especiais do autor)

A Tabela 1Tabela 1 ilustra a importância do fenômeno nas aglomerações urbanas5 do Estado de São Paulo. São Paulo é o estado onde ocorre o maior volume de deslocamentos

4 A informação não foi incluída no Censo de 1991. 5 Para fins analíticos foram consideradas neste estudo as aglomerações urbanas definidas pela pesquisa “Características e tendências da rede urbana no Brasil” (IPEA/IBGE/UNICAMP, NESUR-IE). Sendo consideradas 13 aglomerações no Estado de São Paulo: São Paulo: Arujá, Atibaia, Barueri, Biritiba-Mirim, Cabreúva, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista; Baixada Santísta: Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente; Campinas: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Jaguariúna, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d'Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo; Araçatuba: Araçatuba e Birigui; Araraquara/São Carlos: Araraquara e São Carlos; Guaratinguetá/Aparecida: Aparecida, Cachoeira Paulista, Canas, Guaratinguetá, Lorena e Piquete; Jundiaí: Campo Limpo Paulista, Itupeva, Jundiaí, Louveira e Várzea Paulista; Limeira: Araras, Cordeirópolis, Iracemápolis, Leme, Limeira e Rio Claro; Mogi-Guaçu/Mogi-Mirim: Itapira, Mogi Guaçu, Moji Mirim e Estiva Gerbi; Ribeirão Preto: Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Pradópolis, Ribeirão Preto, Serrana e Sertãozinho; São José do Rio Preto: Bady Bassitt, Mirassol e São José do Rio Preto; São José dos Campos: Caçapava, Jacareí, Pindamonhangaba, São José dos Campos, Taubaté e Tremembé; Sorocaba: Alumínio, Iperó, Itu, Mairinque, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sorocaba e Votorantim.

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pendulares, totalizando mais de 2 milhões de pessoas, o que representa quase 30% do total do país e cerca de 6% da população urbana do Estado. Mas a importância do fenômeno se destaca dentro das aglomerações urbanas, pois os deslocamentos representam aproximadamente 5 vezes mais do que a soma dos movimentos entre os demais municípios que não fazem parte de aglomerações urbanas. Cabe ressaltar que, apesar da aglomeração de São Paulo possuir o maior volume absoluto, a sua participação no volume total da população é relativamente baixa se comparado com outras aglomerações de consolidação recente como Campinas, Baixada Santísta e Jundiaí.

Mapa 1

Percentual da população urbana que trabalha ou estuda em outro município, por municípios do Estado de São Paulo - 2000

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (tabulações especiais do autor).

Os deslocamentos pendulares intra-aglomerações urbanas superam os inter-aglomerações por um fator de 3,5. A dispersão urbana favorece, assim, o aumento na demanda por veículos (em especial, automóveis) e coloca em discussão a sustentabilidade deste tipo de urbanização. Em parte como conseqüência dessa mobilidade, as aglomerações paulistas apresentam uma relação automóvel por habitante muito maior que o encontrado nos demais municípios. Como podemos ver na Tabela 2Tabela 2, apenas duas aglomerações urbanas possuem uma razão veículo por pessoa menores do que a observada no conjunto dos demais municípios. E, novamente, faz-se destaque para o caso do município de São Paulo que apesar da desproporcional frota de veículos (mais de 4,5 milhões), não figura entre as maiores proporções veículo/habitante.

Essa expansão da área de influência direta de interação, em cada aglomeração urbana, é o que chamamos aqui de mudança no padrão de consumo do espaço urbano. Ou seja, ao mesmo tempo em que deslocam as relações espaço-tempo dentro da racionalidade individual, tais alterações se refletem no espaço urbano. Assim, o consumo do espaço se dá em um modo

Legenda0,41 - 6,05

6,06 - 12,94

12,95 - 26,22

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de vida metropolitano6, ampliando o circuito onde as atividades cotidianas ocorrem. A urbanização dispersa se caracteriza, portanto, pela desconexão do espaço das atividades cotidianas.

Tabela 2

Número médio de veículos por cem habitantes urbanos, aglomerações urbanas do Estado de São Paulo – 2000/20027

Aglomeração Urbana Automóveis Motocicletas e similares Ônibus Microônibus Total

São José do Rio Preto 28,56 10,05 0,23 4,34 43,17Araçatuba 22,22 14,52 0,25 3,50 40,48Araraquara/São Carlos 28,44 6,49 0,28 3,79 39,01Ribeirão Preto 26,34 7,72 0,28 3,95 38,29Campinas 28,42 5,09 0,28 3,89 37,68Jundiaí 27,72 5,24 0,17 4,04 37,17Limeira 24,89 8,21 0,23 3,67 37,00Moji-Guaçu/Moji-Mirim 23,34 8,99 0,35 3,59 36,27São Paulo 26,05 2,63 0,24 3,50 32,42Sorocaba 24,01 4,70 0,19 3,27 32,17São José dos Campos 23,79 4,32 0,17 3,02 31,29Guaratinguetá/Aparecida 18,69 4,12 0,32 2,83 25,96Baixada Santista 14,29 4,53 0,15 1,85 20,81Outros municípios 20,93 5,39 0,27 3,55 30,14Total 24,33 4,13 0,24 3,47 32,17 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (tabulações especiais do autor); Fundação SEADE.

Neste processo, áreas mais extensas do território passam a fazer parte de um mesmo processo econômico, social, cultural e ambiental e, dessa forma, reduz-se a densidade populacional urbana. Pois o caráter limitador da distância se reduz significativamente e o esquema da cidade mononuclear perde seu potencial econômico. A urbanização dispersa diz respeito a uma cidade complexa, fragmentada e polinucleada.

Densidade urbana

A partir da bibliografia comentada anteriormente, as densidades urbanas constituem-se como um importante indicador do grau de dispersão urbana. Segundo esta perspectiva, as aglomerações urbanas recentes têm apresentado uma mudança na relação entre população urbana e a área ocupada por assentamentos urbanos, mudança que se refere a um novo processo de consumo dos espaços urbanos.

No sentido de caracterizar este processo no território, buscou-se estimar as densidades urbanas para os municípios do Estado de São Paulo utilizando-se das malhas digitais de setores censitários rurais disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e partindo-se das categorias de classificação dos setores segundo situação de domicílio. A malha digital disponível no IBGE, “retrata a divisão político-administrativa do período em que foi realizada a coleta do Censo 2000, e está estruturada para utilização em Sistemas de Informação Geográfica – SIG, espelhando a situação vigente na data de referência do Censo Demográfico – 01/08/2000” (IBGE, 2000) e traz a informação da área de

6 O termo metropolitano aqui é usado sem a referência das Regiões Metropolitanas Oficiais; trata-se de um modo de vida orientado para o contexto regional e supra-municipal. 7 A informação sobre a frota de veículos corresponde ao ano de 2002.

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cada setor censitário segundo situação (rural e urbano8). Assim, é possível estimar as áreas de cada subdivisão espacial a partir dos polígonos, somando-se as áreas (em km2) dos setores censitários classificados como urbanos. Além disso, neste caso em particular, foram adicionados ainda os setores classificados como “Rural – Extensão urbana”, por se considerar que esta categoria se situa dentro da discussão da dispersão urbana.

Mapa 2 – Setores censitários urbanizados e rurais – Estado de São Paulo, 2000.

Fonte: IBGE, Malha de Setor Censitário Rural Digital do Brasil – 2000.

8 Área urbanizada de vila ou cidade: Setor urbano situado em áreas legalmente definidas como urbanas, caracterizadas por construções, arruamentos e intensa ocupação humana; áreas afetadas por transformações decorrentes do desenvolvimento urbano e aquelas reservadas à expansão urbana; Área não urbanizada de vila ou cidade: Setor urbano situado em áreas localizadas dentro do perímetro urbano de cidades e vilas reservadas à expansão urbana ou em processo de urbanização; áreas legalmente definidas como urbanas, mas caracterizadas por ocupação predominantemente de caráter rural; Área urbanizada isolada: Setor urbano situado em áreas definidas por lei municipal e separadas da sede municipal ou distrital por área rural ou por um outro limite legal; Rural - extensão urbana: Setor rural situado em assentamentos situados em área externa ao perímetro urbano legal, mas desenvolvidos a partir de uma cidade ou vila, ou por elas englobados em sua extensão; Rural – povoado: Setor rural situado em aglomerado rural isolado sem caráter privado ou empresarial, ou seja, não vinculado a um único proprietário do solo (empresa agrícola, indústria, usina etc.), cujos moradores exercem atividades econômicas no próprio aglomerado ou fora dele. Caracteriza-se pela existência de um número mínimo de serviços ou equipamentos para atendimento aos moradores do próprio aglomerado ou de áreas rurais próximas; Rural – núcleo: Setor rural situado em aglomerado rural isolado, vinculado a um único proprietário do solo (empresa agrícola, indústria, usina etc.), privado ou empresarial, dispondo ou não dos serviços ou equipamentos definidores dos povoados; Rural - outros aglomerados: Setor rural situado em outros tipos de aglomerados rurais, que não dispõem, no todo ou em parte, dos serviços ou equipamentos definidores dos povoados, e que não estão vinculados a um único proprietário (empresa agrícola, indústria, usina etc.); Rural - exclusive os aglomerados rurais: Setor rural situado em área externa ao perímetro urbano, exclusive as áreas de aglomerado rural.

Setores censitários urbanizadosSetores censitários ruraisSetores censitários urbanizadosSetores censitários rurais

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O Mapa 2Mapa 2 ilustra as áreas classificadas como urbanas na ocasião do Censo Demográfico 2000 e mostra que, apesar de ser o Estado com o maior grau de urbanização, apenas uma pequena parcela do território é urbanizada. Ou seja, dos aproximadamente 250 mil km2 do Estado, apenas 7,1% dele é ocupado por áreas classificadas como urbanas. Ou seja, mais de 90% da população total de São Paulo vive em apenas cerca de 7% da área total, o que aponta para elevadas densidades populacionais urbanas.

Entre os 645 municípios paulistas existentes em 2000, o que apresentava a menor área urbana era o município de Guarani d’Oeste com uma área de 0,104 km2 e o de maior, o município de São Paulo, com 953,076 km2. A grande maioria dos municípios possui apenas uma pequena parcela de sua área total classificada como urbana, sendo que 80% dos municípios possuem não mais do que 10% da sua área total urbanizada. A densidade populacional urbana média para o Estado é de aproximadamente 2000 habitantes por km2 e representa melhor a condição eminentemente urbana, principalmente se comparada à densidade populacional total, que não raramente é utilizada nas caracterizações do território9.

Tabela 33

Densidade populacional urbana por aglomerado urbano, Estado de São Paulo - 2000

Aglomeração Urbana Densidade UrbanaSão Paulo 3.967São José do Rio Preto 3.246Araraquara/São Carlos 2.368Araçatuba 2.321Limeira 2.267Ribeirão Preto 2.005Moji-Guaçu/Moji-Mirim 1.991Guaratinguetá/Aparecida 1.897Jundiaí 1.805Campinas 1.796Sorocaba 1.681São José dos Campos 1.348Baixada Santista 1.321

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 (tabulações especiais do autor); Malha de Setor Censitário Rural Digital do Brasil.

Entretanto, quando se analisam as densidades populacionais urbanas dentro dos aglomerados urbanos, há diferenciais importantes. São Paulo apresenta uma das mais altas densidades urbanas, chegando a aproximadamente 4 mil habitantes por km2, enquanto que a Baixada Santista apresenta valores bem inferiores, com cerca de 1,3 mil habitantes por km2.

Assim, o uso destas informações permitiria elaborar um quadro de referência para análises comparativas e identificar as áreas de maior dispersão urbana. Neste sentido, acompanhando a literatura internacional, áreas com menores densidades urbanas dizem respeito àquelas com maior dispersão, por conter um volume menor de pessoas vivendo em áreas consideradas urbanizadas. Ou seja, a região da Baixada Santista, que possui um alto percentual de sua população urbana realizando movimentos pendulares (7,2%), apresenta também uma baixa densidade populacional urbana, dando indícios de que a ocupação da região é dada de forma dispersa quando considerada a região como um todo. O caso santista é exemplar, pois o município de Santos possui uma densidade urbana muito elevada, sugerindo uma verticalização intensa, entretanto, ao se abordar a dinâmica demográfica regional,

9 A densidade populacional considerada a área total do Estado é de cerca de 150 habitantes por km2.

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percebe-se que existe uma dispersão urbana mais acentuada que em outras aglomerações de Estado. A situação especial de Cubatão, grande empregador da região mas que atrai poucos residentes, gerando uma notável pendularidade intra e inter-aglomeração, foi dos poucos casos estudados com os dados do censo de 1980 (Hogan, 1993) e merece ser estudado novamente.

Considerações finais

Embora não tenhamos abordado a questão em uma perspectiva temporal, esta relação parece ser importante no sentido de avaliar se o aumento da mobilidade pendular teria alguma relação com a variação no tamanho da frota de veículos nas aglomerações paulistas ou ainda na diminuição das densidades populacionais urbanas. Neste sentido, o aprofundamento das análises poderia ser realizado através da incorporação de uma comparação entre dois pontos no tempo.

Assim, apesar do caráter preliminar desta análise, o trabalho pretendeu chamar a atenção para a questão da dispersão urbana enquanto um processo em curso e que ainda carece de maior aprofundamento teórico e metodológico. Do ponto de vista teórico, procurou-se destacar a importância de se incorporar a dimensão do consumo do espaço para poder entender porque mudam as expressões espaciais nas aglomerações urbanas. Ou seja, os movimentos pendulares e o aumento na frota de veículos destacados entre outras variáveis, dão sinais de que as formas de se consumir o espaço dentro do modo de vida metropolitano é diferenciado e ele reproduz o distanciamento das relações sociais apontadas como conseqüências da modernidade (GIDDENS, 1991). Se como apontado por Baeninger (2004), “as mudanças no paradigma da indústria (...) já revelaram o deslocamento do eixo explicativo da migração via industrialização”, assim também se coloca a explicação da dinâmica demográfica dentro dos contextos urbanos. Portanto, se a esfera da “produção” perde cada vez mais seu caráter explicativo, porque não empreender esforços no sentido do “consumo” do espaço para entender as novas territorialidades que se constituem no processo de reestruturação urbana contemporâneo?

Da mesma forma, se a urbanização se dispersa no território, ela ocupa áreas cada vez mais extensas e compromete cada vez mais o meio ambiente. Assim, a urbanização dispersa é um importante limitador para uma urbanização sustentável, pois embora seja criada em função de uma perspectiva de maior proximidade da qualidade de vida, essa dispersão consome os espaços com uma voracidade mais agressiva. Apesar de desejarmos viver em meio aos bosques e campos verdejantes, não deixamos de querer as facilidades que o urbano oferece, portanto buscamos nosso lugar ao sol sem que as conseqüências sejam calculadas para o conjunto da sociedade. Aqueles que possuem poder de decisão fogem dos riscos sem calcular a possibilidade dos efeitos colaterais dessa busca.

Quanto aos aspectos metodológicos e instrumentais, é preciso avançar nas fontes de dados que permitam avaliar o padrão e a intensidade em que se dão os novos processos de consumo do espaço. As ferramentas de SIG e sensoriamento remoto possuem um potencial vasto, mas ainda são limitadas as fontes que viabilizam pesquisas de maior amplitude tanto pela demanda de um aperfeiçoamento técnico quanto pela viabilidade financeira de tais recursos. Assim, a popularização gradual deste tipo de ferramentas permitiria ir além do mapeamento temático de informações sociodemográficas, para efetivamente permitir a construção de novas variáveis para a compreensão do espaço enquanto produto social e, conseqüentemente, avaliar suas formas de consumo, ou seja, suas expressões físicas.

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Enfim, como todo trabalho em andamento, não se encerram as respostas, abrem-se novas. Portanto, nada melhor do que finalizar com uma nova pergunta: Será a urbanização sustentável aquela que busca atender a qualidade de vida desejada por todos, próximo ao campo e longe do cinza da cidade, em uma urbanização dispersa que corrói o espaço? Ou será aquela cidade compacta, verticalizada, onde o verde está distante, mas ao menos está lá?

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