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II Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Mestrado e Doutorado Santa Cruz do Sul, RS – Brasil - 28 setembro a 01 de outubro.
A PROBLEMÁTICA EM RELAÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS COMPETITIVAS DE INTERDEPENDÊNCIA DA PEQUENA E MICRO EMPRESA DO SETOR DO VESTUÁRIO DE SANTA CRUZ DO SUL
Milton Luiz Wittmann1 Dalva Maria Righi Dotto2
Resumo
O desenvolvimento regional e a nova concepção de mercado tornaram difícil a
tarefa de adequar a gestão regional, relativas a estratégias de micro e pequenas empresas
a essa nova realidade, cuja configuração criou a necessidade dos governos nacionais e
regionais e empresas redirecionarem suas estratégias voltadas para atender este novo
ambiente concorrencial. Esse estudo justifica-se pelo alto número de micro e pequenas
empresas, que segundo SEBRAE (1999) respondem por 98% do total de empresas do
Brasil, responsáveis por 28% do PIB (Produto Interno Bruto) e representam 43% da
mão-de-obra ocupada, informações estas que nos lembram a importância deste
segmento na economia nacional. A pesquisa baseou-se no método descritivo utilizando-
se da técnica de levantamento com aplicação de questionário na forma de entrevistas
junto a uma amostra de 22 micro e pequenas empresas inscritas no Sindicato dos
Empregados do Vestuário de Santa Cruz do Sul. Como conclusões principais verificou-
se que a grande maioria das empresas (64%) segue o ramo de confecções em geral,
sendo as demais fabricantes de produtos esportivos, para festas e roupas íntimas e
malharia, sacolas, bolsas e cortinas e 55% direto ao consumidor e 45% vendem para
outras empresas. Em relação aos concorrentes, as micro empresas são as que oferecem
maior concorrência para as empresas entrevistadas e, para 59% das empresas, a
principal estratégia para superar os concorrentes é diferenciação do produto.
1 Doutor pela FEA/USP, Prof. do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado e Doutorado da UNISC e líder do Grupo de Pesquisa ESCORE. Prof. dos Programas de Pós-Graduação em Administração e Engenharia de Produção da UFSM. [email protected] 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado e Doutorado da UNISC, participante do Grupo de Pesquisa ESCORE e professora do Departamento de Ciências Administrativas da UNSIC.
Abstract
Regional development and the new conception of market made difficult to work
to adequate the regional strategies administration of local firms into this new reality,
which configuration produce a demand to change the strategy course of national and
regional government and firms in order to attend the new concurrence environment.
This study warrant because of the high number of local firms. SEBRAE (1999)
indicates that 98 per cent of the entire Brazilian local firms respond for 28 per cent of
PIB and 43 per cent of active engaged labor, information that shows the importance of
this segment to the national economy. The presented research had base on descriptive
methodology and take advantage of a questionnaire that was introduced to a sample of
22 local firms from Santa Cruz do Sul Textile Labor Union. Some interesting
conclusions are making in realizing that most local firms follow general textile
manufacture processes (64%), while others are manufacturing sport’s articles, parties
articles, underwear articles and weft, knapsacks, purses and curtains. The sample
indicates that 55 per cent of all articles produced are launched to end-users, while 45 per
cent are launched to retailers. Another important observation is that the concurrence
came from small industries and 59 per cent of sample indicates that the most important
strategy used to overcome the concurrence is the product differentiation strategy.
1 Introdução
O desenvolvimento regional depende de vários fatores, sejam eles sociais,
culturais, políticos ou econômicos. Neste sentido, essa pesquisa sobre características de
interdependência de micro e pequenas empresas, reveste-se de relevância social, pois se
volta para uma pesquisa em cujo setor verificam-se altos índices de mortalidade que
geram transtornos sociais, como o desemprego e a estagnação econômica local e
regional. Ressalva-se que o grande número de empresas deste porte é predominante
dentro da economia mundial e responsável pelo maior número de postos de trabalho e
por grande percentual da arrecadação de tributos. O conhecimento das características de
interdependência competitivas de micro e pequenas empresas reveste-se também de
importância, pelo fato de alertá-las em relação às suas deficiências e superá-las de forma
a promover a respectiva sustentabilidade através da formação de parcerias e alianças
empresariais.
Os objetivos propostos neste trabalho consistiram em identificar relações com
fornecedores e clientes e características de interdependência quanto a existência de
investimentos em atividades conjuntas entre as empresas, ações e estratégias utilizadas
para superar concorrentes e as principais dificuldades das micro e pequenas empresas
do setor do vestuário de Santa Cruz do Sul.
2 Problema da pesquisa
A nova concepção da economia, a partir da globalização de mercados, tornou
difícil a tarefa de adequar as micro e pequenas empresas a esta nova realidade. Esse
novo ambiente competitivo, modificado pela introdução de tecnologias avançadas e
pelo processamento em tempo real das informações, criou a necessidade das empresas
redirecionarem suas estratégias.
Observa-se, neste cenário, uma maior complexidade nas relações funcionais do
comércio, de tal modo que cresce a necessidade de formação de alianças, ou seja,
trabalhar de forma associada ou cooperativada com outros empreendimentos alicerçados
no comprometimento de inter-relações entre os membros organizados em redes de
negócios.
Kessler (1998) observa que, ao longo do século XX, o poder econômico se
caracterizou pelo domínio da grande empresa industrial. A pequena empresa, segundo o
autor, nas raríssimas ocasiões em que logrou ser considerada como força econômica, foi
vista como o resquício simpático, porém anacrônico, de uma era econômica mais
simplória, mas causando impacto na transformação do panorama econômico. Apesar de
essenciais para a economia, conforme Heemann (2000), só há muito pouco tempo
percebeu-se que o futuro depende de pequenos estabelecimentos, produzindo renda e
emprego para a grande maioria da população.
Embora, muitas vezes não reconhecido, o papel das micro e pequenas empresas é
muito importante, principalmente no que tange ao número de postos de trabalho e
geração de renda.
Mesmo considerando a grande representatividade no contexto nacional, segundo o
SEBRAE, 80% das pequenas e microempresas abertas anualmente no Brasil, fecham
suas portas antes de completar um ano de existência. Apesar disso, Heemann (2000)
observa que este fechamento ou insolvência não repercute nos ouvidos das
comunidades, porque o reflexo da sucumbência é ínfimo se comparado com o
fechamento/insolvência de uma empresa de grande porte.
Contudo, Lustosa (1986) quando escreve sobre as dificuldades das pequenas
empresas afirma que a crise não é o grande adversário dos pequenos negócios no Brasil.
Ao contrário, ela tem funcionado como elemento propulsor para a expansão das micro e
pequenas empresas, dentro da tecnologia de sobrevivência que a classe média concebeu
para enfrentar o desemprego. O grande inimigo dos pequenos é, segundo o autor, a
cultura do grande, isto é, o condicionamento das elites brasileiras a lidar com os
grandes empreendimentos, de feição oligopolista, caracterizando o que classifica de
síndrome de faraonismo.
Frente a este cenário surge a interrogação: Como as micro e pequenas empresas
industriais do vestuário de Santa Cruz do Sul enfrentam o mercado concorrencial
considerando fatores de interdependência?
3 A competitividade na era da globalização
Está-se passando por um momento da economia e do desenvolvimento
contemporâneo, em que a globalização e, em conseqüência, a competitividade,
tornaram-se as regras do jogo.
Segundo Vigevani (1998), a globalização, enquanto abertura e liberalização dos
mercados, não pode ser encarada como uma novidade absoluta, a não ser pela
formidável aceleração que promoveu e que tem como uma de suas principais causas o
impulso dado pelas novas tecnologias. Os grandes avanços tecnológicos foram
fundamentais para que se chegasse a esta etapa do desenvolvimento social e econômico.
Estas mudanças tecnológicas determinam crescentes dicotomias entre empresas e
trabalhadores caracterizados como incluídos ou excluídos do mercado, devido à
inaptidão dos mesmos aos novos padrões de competitividade.
Quando menciona empresas, Vigevani (1998), lembra que a globalização as faz
pensarem estrategicamente e de forma global, uma vez que elas estão inseridas num
panorama mundial. Conforme o ponto de vista do referido autor, elas têm a obrigação,
se quiserem permanecer e se desenvolver, de atender às exigências de um mercado
transnacionalizado, ou seja, tem-se clientes em todo mundo, mas em contrapartida, há
também concorrentes em nível mundial.
Considerando especificamente a atuação das empresas é importante enfatizar que
a cada dia crescem as exigências. Além da eficiência na administração dos negócios, da
obtenção de resultados e da qualidade dos produtos que oferece a seus clientes, as
empresas devem demonstrar que estão comprometidas com o desenvolvimento da
sociedade como um todo, exercendo a cidadania empresarial. Esta ação compreende a
atividade econômica, geração de empregos, estabelecimento de novas relações de
trabalho que propiciem o desenvolvimento profissional e pessoal para todos os
colaboradores, e principalmente, remunerando tanto o trabalho, o governo e o acionista.
É evidente que as grandes empresas estão plenamente comprometidas com este
processo, sendo que para as micro e pequenas empresas não é simples, mas, se quiserem
permanecer e se desenvolver neste mercado, terão que se adequar com a máxima
urgência. Segundo Casarotto Filho (1998), a globalização cada vez mais acentuada dos
mercados e da produção está pondo em questionamento a competitividade das pequenas
e médias empresas. Lembra ainda que estas empresas dificilmente terão alcance
globalizado se continuarem atuando de forma individual.
Como as empresas necessitam adequar-se a esta globalização, também os
governos, países, estão inseridos neste contexto. Principalmente os países
subdesenvolvidos encontram grandes dificuldades para adequar-se ao sistema. Na
maioria dos casos eles não dominam as tecnologias de ponta e são, por isso, obrigados a
se submeter aos países desenvolvidos. Esta dependência gera déficits na balança
comercial, trazendo graves problemas econômicos.
Para suprir, pelo menos em parte, esta dependência e ganhar projeção e
competitividade no cenário internacional, estes países recorrem a alianças entre blocos
econômicos, a exemplo do Mercosul. Por outro lado os países do primeiro mundo
também formam alianças entre si justamente para obterem mais domínio e opor-se às
alianças dos países terceiro mundistas, a exemplo do Mercado Comum Europeu.
Outro problema que a globalização trouxe, principalmente para os países
subdesenvolvidos, foi a exclusão social, que pode ser entendida como sinônimo de
exclusão do mercado de trabalho (Sen, 2000). A corrida por tecnologia cada vez mais
avançada e a busca pela competitividade faz com que ocorra o interesse pela redução de
custos e aumento da produtividade, ocasionando a redução do número de postos de
trabalho.
Drucker (1996) fala em economia mundial, fazendo as seguintes observações:
a economia mundial tornou-se demasiado importante para que um país não tenha uma
política econômica mundial. O comércio administrativo é uma ilusão de grandeza. O
protecionismo só pode prejudicar. Mas não ser protecionista não basta. O que é necessário é
ter uma política deliberada e ativa, na verdade agressiva, que dê à economia externa, às
suas demandas, oportunidades e dinâmicas, prioridade sobre as demandas e problemas da
economia doméstica (p. 107).
Para Vigevani (1998), exclusão e globalização estão inter-relacionadas, mas não
de maneira unilinear. Ele entende que há tanto oportunidades quanto desvantagens.
Defende o referido autor que o desafio é a construção de instituições, seguramente tanto
em níveis regional e nacional, que possam universalizar os benefícios potenciais da
integração global e assentá-la na integração social.
Observa-se, como conseqüência da exclusão social, o crescente aumento do
subemprego e da informalização, como uma maneira dos excluídos do mercado de
trabalho e do consumo sobreviverem, já que não podem viver com dignidade.
Cabe aqui descrever as principais características da globalização conforme os
apontamentos de Podestà (1998):
- é um processo expansivo que, no campo econômico, vem limitando
drasticamente as opções de política dos Estados;
- conta com o aparecimento ou com o acréscimo de grandes unidades
econômicas que concentram poder cada vez maior, sendo em grande parte,
incontroláveis;
- está impulsionada, sobretudo, pelo comércio, apesar de vir acompanhada de
mudanças tecnológicas radicais, em especial no campo da telemática;
- como processo, está acentuando a polarização social entre os países, apesar
de, ao mesmo tempo, permitir que alguns deles, em grupo numericamente
menor, dinamizem sua economia, aumentando sua riqueza;
- no interior dos países, a globalização tende a ser socioeconomicamente
excludente;
- trouxe consigo o aparecimento de uma espécie de apartheid tecnológico,
apreciável inclusive nos países desenvolvidos;
- não é um processo tão absolutista nem incontestável quanto se pensava em
1990, quando diversos autores expuseram as primeiras teses sobre ele
(p.293).
No Brasil, a globalização tornou-se uma realidade a partir da abertura da
economia no Governo Collor no início da década de 1990. Antes disso o mercado
brasileiro estava protegido da globalização, da concorrência e competição de empresas
estrangeiras. Com a abertura, as empresas brasileiras se viram diante de riscos de sua
competitividade, havendo a necessidade de mudanças estratégicas para não sucumbir.
As questões ligadas à qualidade de produtos e de atendimento, aliados a custos e preços
reduzidos, tornaram-se ferramentas-chave para a sobrevivência das empresas.
Mas, segundo Lettieri (1998), a novidade da globalização não está na abertura
progressiva dos mercados, mas na sua extraordinária aceleração. O tempo passa a ser
um fator determinante associado ao avanço generalizado do mundo eletrônico, das
comunicações e da informática, o que possibilita maior rapidez e precisão na tomada de
decisões.
Eis que surge o que se poderia denominar ociosidade humana ou ainda como
denomina Guerreiro Ramos, citado em Pereira e Fonseca (1997, p. 72) “o homem está
em estado de suspensão, perplexo ante a crise”. Para sobreviver neste contexto precisa
encontrar novas formas para administrar a crise. Um estudo social urge de decisões
políticas adequadas que insiram e adaptem o homem à nova realidade. Precisa encontrar
meios para aliar a tecnologia avançada como ferramenta inovadora para o
desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida em todos os campos.
A globalização da economia não mais perdoa decisões tardias e equivocadas,
sendo relevante que pessoas e empresas desenvolvam altos níveis de eficiência e
eficácia. Oportunidades de negócios terão de ser vislumbradas, estratégias
transformadoras para manter os demandantes fiéis e novos nichos de mercado para a
expansão dos empreendimentos.
Neste contexto, analisando os efeitos da globalização, observa-se que as pequenas
e microempresas são as que mais sofrem seus impactos, uma vez que elas, na sua
grande maioria, não estão preparadas para competir com as grandes empresas, seja em
função de tecnologia ou de recursos financeiros e humanos.
4 Influências da globalização na competitividade
Competitividade é uma palavra que vem acompanhando a economia ao longo da
história, com mais ou menos ênfase nas distintas épocas, mas parece evidente que é na
atualidade que ela recebe mais destaque, constituindo-se em uma das palavras-chave no
mundo globalizado em que vivemos.
Empresas estão constantemente à procura de vantagens competitivas; governos
lamentam-se da sua falta de competitividade no mercado mundial e o mundo está em
busca de conhecimento, pois as perspectivas são de um futuro cada vez mais
competitivo.
O momento pelo qual passa a economia, a globalização tornou-se a regra do jogo
e a concorrência passou a ser internacionalizada. As perspectivas de futuro próximo,
identificadas pelas tendências do mercado, de maior qualidade ao menor preço,
selecionarão os fornecedores dos produtos e serviços. Os clientes por sua vez, elevarão
gradativamente seus padrões de exigência e só serão fiéis quando, em troca, receberem
atendimento personalizado que supere as suas expectativas a custos competitivos,
exigindo um contínuo aprimoramento das práticas administrativas para gerir de maneira
adequada os componentes modificativos de influência deste novo século.
Todo e qualquer processo administrativo é reflexo da aceitação do seu produto
pelo seu público-alvo. Essas relações de negócios são regidas pelo que denominamos
mercado, ingrediente catalisador entre níveis de satisfação de quem demanda, em
contrapartida ao desempenho e habilidades de quem vende.
Avaliar a competitividade requer aprofundar o estudo das vantagens competitivas
que estão vinculadas ao produto, processo de produção, vendas, mercado, relações com
os fornecedores, clientes e concorrentes, políticas de governo, entre outras.
De acordo com Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1995), cada empresa é parte
integrante de um sistema que favorece ou restringe seu potencial, de modo que sua
competitividade não depende só das condições internas da empresa. Cada empresa
integra um sistema que favorece ou restringe a sua capacidade competitiva, de modo
que o desempenho alcançado, as estratégias praticadas e a capacitação acumulada não
dependem somente de condutas adotadas por elas. A análise deve levar em conta os
processos internos e as condições econômicas gerais onde a empresa está situada. Os
referidos autores definem competitividade como a capacidade da empresa formular e
implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de
forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.
Ferraz et al (1995), relatam que as empresas competem em atividades de gestão,
inovação, produção e recursos humanos. Para se obter um determinado desempenho
competitivo, em um momento específico, elas necessitam elaborar e reestruturar
constantemente suas estratégias de atuação a fim de capacitarem-se cumulativamente.
Para tanto, as estratégias podem assumir duas formas distintas: a) agressivas-inovativas
– quando dominam o ritmo do mercado, ou b) passivas imitativas – quando buscam
imitar as inovações da concorrência. Mas acima de tudo as estratégias devem ser
factíveis e economicamente atrativas e, segundo os mesmos autores, associarem-se a
fatores estruturais e sistêmicos.
Em relação aos fatores estruturais, estes são os que sofrem parcialmente a
influência da empresa. Mercado, configuração da indústria, regime de incentivos e
regulação da concorrência constituem fatores estruturais igualmente decisivos para a
competitividade.
Há também os fatores sistêmicos, de origem macroeconômica, político-
institucional, legal-regulatória, social e internacional, sobre os quais a empresa não
exerce nenhum poder, a fim de modificá-los em seu benefício. A competitividade não é
local ou regional, é mundial. Temos que ter consciência de que nossos concorrentes não
estão na nossa rua, cidade ou país. Eles estão espalhados em todo mundo. Produtos de
muitos países lutam por espaço na prateleira de grandes varejistas e compradores. Para
melhor compreensão destes fatos é necessário que olhemos a nossa volta e analisemos a
procedência dos produtos que nos cercam. Portanto, segundo Casarotto Fl. e Pires
“com raríssimas exceções, as empresas, sejam elas de qualquer dimensão ou setor,
encontram-se competindo num mercado internacionalizado” (1998, p. 3).
A pressão dos tempos atuais requer que as empresas convivam com a diversidade
e sejam dinâmicas e abertas para o mercado. As empresas precisam ter um foco de
atuação e se diferenciar nisso. É fundamental localizar as necessidades do consumidor e
satisfazê-lo de uma maneira mais eficiente que a concorrência. Ser competitivo requer
estratégias, qualidade e inovação. Cada empresa possui características únicas que
devem ser usadas como diferencial competitivo.
Cada empresa tem a necessidade de estar preparada estrategicamente para o
mercado globalizado. Porter (1999) enfatiza que a estratégia é vista como a construção
de defesas contra as forças competitivas ou como a descoberta de posições no setor
onde as forças são mais fracas. O conhecimento das capacidades da empresa e das
causas das forças competitivas realçará as áreas em que a empresa deve enfrentar ou
evitar a competição.
Os gerentes de empresas têm atribuído muita importância à definição do negócio
como um passo crucial na formulação da estratégia. Há a importância de olhar para
além do produto e focalizar a função na definição do negócio, de transpor as fronteiras
nacionais, e perquirir o potencial da concorrência internacional e de ultrapassar os
escalões dos concorrentes de hoje, para chegar àqueles que talvez se transformem nos
concorrentes de amanhã. Como resultado dessas premências, a definição adequada do
setor ou dos setores de atuação de uma empresa se tornou objeto de um debate sem fim.
Porter (1999) lembra que o desempenho de qualquer empresa num determinado
ramo de atividade depende do desempenho médio de todos os concorrentes e do
desempenho relativo da empresa no setor.
Quando fala em competitividade no patamar da globalização Carr (1997), afirma
que a geração e o uso do saber serão a chave da sobrevivência em um número cada vez
maior de empresas, mas a chave do êxito será a geração e o uso do saber criativo. Assim
como as grandes organizações, além de procurar o seu nicho de mercado, as micro e
pequenas empresas terão que ser inovadoras e competentes. Elas terão que estar
afinadas com as tendências do futuro, que podem determinar seu sucesso ou fracasso.
5 Competitividade de micro e pequenas empresas
Sendo a competitividade o principal fator propulsor do desenvolvimento ou
fracasso das empresas na era da globalização, vale ressaltar a sua importância para as
micro e pequenas empresas.
As micro e pequenas empresas vêm ganhando maior valorização por parte de
analistas econômicos devido a seu potencial de geração de renda e de emprego e alta
flexibilidade gerencial e operacional. Os pequenos empreendimentos se espalham em
alta velocidade, sendo hoje um dos mais importantes segmentos da economia. Na
maioria dos setores tradicionais da economia, um grande número de pequenos
produtores é responsável por parte significativa da produção total. Portanto, buscar a
competitividade deste segmento requer, de certa forma, estudar as tendências do
mercado.
A globalização da economia, das informações e do mercado, não mais perdoam
decisões tardias, e muito menos equivocadas. É extremamente importante que as
empresas desenvolvam altos níveis de eficiência e eficácia. Oportunidades de negócios
terão que ser vislumbradas, assim como estratégias transformadoras deverão ser
adotadas para manter os demandantes fiéis e novos nichos de mercado devem ser
buscados para a expansão dos empreendimentos. Portanto, haverá maior probabilidade
de desenvolvimento para as empresas de pequeno porte, para aquelas que estiverem
alicerçadas sobre bases tecnológicas e capital humano intelectual qualificado, a fim de
conduzir suas decisões de forma continuada e sustentável no sentido de se tornarem
mais competitivas e inovadoras, colocando sempre em evidência o cliente. Dessa forma
garantirão a liderança em seus segmentos de atuação avançando cada vez mais para o
domínio definitivo dos seus mercados.
6 Formas alternativas de obter mais competitividade
Na busca de alternativas que elevem as vantagens competitivas, pode-se perceber
um crescimento de parcerias entre empresas. Estas parcerias têm como um dos seus
objetivos atender o consumidor que está cada vez mais exigente, devido à abertura de
fronteiras que levam ao seu alcance uma maior diversidade de ofertas no mercado.
Casarotto Fl. e Pires (1998) lembram que sem dúvida, a não ser que a pequena
empresa tenha um bom nicho de mercado global, dificilmente terá alcance globalizado
se continuar atuando de forma individual. Mas mesmo que ela tenha um mercado
global, não está livre de, a qualquer momento, ser atropelada por uma empresa do
exterior, em seu tradicional mercado.
Pode-se observar na prateleira de qualquer supermercado a exposição de produtos
de vários países competindo de igual para igual com produtos nacionais. Nesta guerra,
acaba conquistando o cliente aquele que lhe oferecer maior custo-benefício, ou seja,
desenvolvem-se estratégias para se defender de concorrentes de qualquer parte do
mundo.
Gabrio Casadei Lucchi, citado por Casarotto Fl e Pires (1998), afirma que a
pequena empresa, operando de modo individualizado, não poderá mais servir como um
modelo empresarial para o futuro. Ela deve, além de manter os fatores de sucesso
experimentados até agora, investir em velocidade e responsividade, inserindo-se em
redes relacionais.
De acordo com Casarotto Fl. e Pires (1998), pequenas empresas normalmente são
mais ágeis e flexíveis do que grandes empresas. Se elas puderem agregar vantagens de
grandes empresas em função da logística, marca ou tecnologia, elas terão grandes
chances de competição.
Um exemplo concreto de associativismo de empresas, conhecido
internacionalmente é relatado por Putnam (2002) em pesquisa feita na Itália, na qual
pequenas empresas têm demonstrado que podem continuar pequenas e adquirir maior
competitividade, contudo detectou também a existência de capital social.
Tecnicamente a base das redes é juntar esforços em funções em que se necessita
de uma escala maior para a viabilidade competitiva. Neste tipo de parceria é
fundamental que as empresas colaborem entre si, e não se comportem como
concorrentes, mas sim como cooperativados e que estejam na busca do mesmo objetivo.
Além das redes, uma alternativa para desenvolver competitividade pode ser os
clusters. Teoricamente, mercados internacionais mais abertos, transportes e
comunicações mais velozes deveriam diminuir as disparidades e distâncias geográficas
entre as empresas. Afinal, tudo pode ser eficientemente comprado a distância. Porter
(1999) defende a idéia de que, em uma economia globalizada, muitas vantagens
competitivas dependem de fatores locais; por isso ganham importância as concentrações
geográficas das empresas. O autor aposta na formação de clusters (grupos,
agrupamentos ou aglomerados) que são concentrações geográficas de empresas de
determinado setor de atividade e organizações correlatas, de fornecedores de insumos a
instituições de ensino e clientes. Como exemplo brasileiro de cluster pode-se citar o
caso dos fabricantes de cristais ao redor de Blumenau (SC).
Nos clusters a concorrência convive com a cooperação, pois as duas concorrem de
forma a confluir interesses entre os partícipes. Nos clusters as redes, alianças e parcerias
se constituem uma alternativa de organização da cadeia de valor, mas com a vantagem
de não impor às empresas as características de inflexibilidade da integração vertical ou
os desafios de criar e manter uma simples fusão.
Os clusters podem ser uma boa alternativa para países pobres e em
desenvolvimento, uma vez que estes têm o poder de promover o desenvolvimento
regional. No entanto, para que ocorra a formação de clusters nestes países, é
fundamental que as políticas governamentais de desenvolvimento econômico expandam
o comércio interno entre cidades e estados e com países vizinhos, ao invés de se
voltarem para mercados desenvolvidos, onde comercializam principalmente
commodities e bens sensíveis ao custo da mão-de-obra (Porter, 1999).
Além destas alternativas, pode-se citar ainda a formação de alianças e joint
ventures, nos quais as pequenas empresas se associam a uma firma com uma marca
consolidada no mercado ou tecnologia, cujos laços de cooperação permitem a essas
empresas o acesso a novos mercados. O acesso a novos mercados é importante para as
firmas desenvolverem práticas de padronização e certificação de qualidade, que por sua
vez podem estimular a adoção de novas técnicas organizacionais que impulsionem a
competitividade das empresas.
7 Micro e pequenas empresas no Brasil
De acordo com Gonçalves e Koprowski (1995), as micro e pequenas empresas
correspondem a 98% do total de empresas existentes no Brasil, respondendo por quase
metade da produção total, 60% do emprego no setor privado e 42% dos salários pagos
aos trabalhadores brasileiros. Esses números remetem à necessidade de um novo
tratamento estratégico para tal segmento econômico, por parte de todos os que têm
algum grau de compromisso com seu conhecimento, consolidação e expansão.
Apesar da importância deste segmento para a economia brasileira não ser
novidade, pode-se afirmar que o reconhecimento da importância econômica e do papel
social das micro e pequenas empresas pelo governo e pela sociedade são recentes.
Mesmo considerando a grande representatividade no contexto nacional, segundo o
SEBRAE, 80% das pequenas e microempresas abertas anualmente no Brasil fecham
suas portas antes de completar um ano de existência.
Os problemas em relação ao desaparecimento dos pequenos empreendimentos
fazem lembrar que as principais causas desta mortalidade são os problemas de crédito,
de capitalização e de capacitação empresarial, que são agravados pelos problemas de
ordem burocrática, perante os quais é praticamente impossível à pequena empresa
cumprir todo o aparato de leis e decretos-leis existentes. Além disso, o tratamento não-
diferenciado da vigente política tributária e fiscal leva os pequenos à sonegação, se não
à marginalização e à clandestinidade, como forma de sobrevivência.
Por muitos anos, no Brasil, governantes optaram por uma política de
desenvolvimento econômico voltada para projetos de grande porte, beneficiando as
grandes empresas. Existia uma estrutura de mercado com características oligopolistas
que não permitia a expansão de pequenos negócios. E, quando despertou para a
importância das micro e pequenas empresas, conforme Henriques e Soares (1996), o
governo teve ambivalência e ambigüidade. Ao mesmo tempo em que criou instituições
como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e
dispositivos legais como o Estatuto da Microempresa, teve uma total assimetria em
termos de recursos financeiros destinados às grandes e pequenas empresas.
8 Micro e pequenas empresas em Santa Cruz do Sul
Com a libertação dos escravos, a partir da Lei Áurea, surgiu no Brasil a
problemática da falta de mão-de-obra, principalmente nas lavouras de café no centro do
país. Por causa disso começaram a surgir incentivos para a imigração, principalmente de
alemães e italianos, para a ocupação de terras brasileiras até então não exploradas e
também, evidentemente, para suprir a falta de mão-de-obra nas fazendas cafeeiras.
Até este período, na região sul do Brasil existia apenas estancieiros que ocupavam
as terras de fronteiras com os países vizinhos, terras essas concedidas a militares que
lutavam pelo país e como recompensa recebiam uma estância, onde, na maioria das
vezes, tornavam-se criadores de gado pelas condições naturais que as terras concedidas
apresentavam.
Com o surgimento das políticas de imigração, uma parte das terras do Rio Grande
do Sul, hoje conhecida por Santa Cruz do Sul, foi colonizada por imigrantes alemães
devido a um conjunto de fatores tais como: população excedente na Europa; esperança
de viverem em melhores condições; políticas do governo em povoar o Brasil e produzir
alimentos; políticas do país alemão em criar “colônias”; e a propaganda sobre o paraíso
que seria esta nova terra.
Martin (1979) diz que em 19 de dezembro de 1849 chegava a primeira leva de
colonos ao Faxinal de João de Faria, hoje Linha Santa Cruz (altos do Acesso Grasel),
vindos da Silésia exceto um, de procedência prussiana.
Nesta primeira fase que, segundo Krause (1991), se estende até 1859, a economia
da região é de subsistência e auto-suficiente, isto é, cada unidade familiar produzia o
que necessitava para a sua sobrevivência. O excedente, embora pequeno, servia como
moeda de troca. No segundo período (1860-1881) ocorre a estruturação dos setores
econômicos, expansão agrícola e o início da exportação de excedentes: produção
simples de mercadorias. De 1882 a 1917 ocorre a integração à divisão inter-regional do
trabalho e criação das pré-condições para a penetração do capital na produção. O
período seguinte, que se estende de 1918 a 1965, caracteriza-se pela expansão do
capitalismo na economia da área. Entre 1966 e 1975 ocorre a entrada e consolidação do
capital internacional – domínio do capital monopolista.
No primeiro período, como já foi descrito, caracterizado por uma economia de
subsistência, semelhante a de uma família camponesa medieval, Roche (1969), descreve
a ocorrência do seguinte:
tão logo construída a choupana, que assegurava um abrigo precário, era preciso desbravar a
mata imediatamente para pôr em prática algumas culturas indispensáveis, batata-doce,
feijão preto, batata inglesa; em seguida semear o milho, o produto-chave da economia
pioneira, e, depois, plantar a cana-de-açúcar, o fumo (p.52).
Observa-se, portanto, que os colonizadores não encontraram facilidade quando
chegaram à região, muito pelo contrário, as dificuldades eram inúmeras. Vale ressaltar
que o fumo esteve presente desde os primórdios da colonização, cultura esta que até
hoje impulsiona grande parte da economia local de Santa Cruz do Sul.
Até 1954 as terras eram concedidas aos imigrantes gratuitamente, pois o governo
tinha a intenção de dificultar a invasão de espanhóis e para produzir alimentos para o
centro do país. A partir de novembro de 1954 o governo começou a conceder lotes de
terras somente através da venda.
Krause (1991) relata que apesar da maioria dos imigrantes serem agricultores e se
ocuparem da agricultura e virem para o Brasil com este objetivo, sabe-se que muitos
eram artesãos, como por exemplo um grupo de 71 chefes de família chegados à colônia
de Santa Cruz em 1852, entre os quais constavam 25 artesãos e 46 agricultores. Relatos
de imigrantes mostram que o Brasil era uma esperança de vida melhor, pois, na Europa,
em meados do século XIX, sobrava mão-de-obra devido ao fim do período feudal e à
expansão do capitalismo.
No entanto, como descreve Roche (1969), apesar da diversidade profissional dos
imigrantes, todos chegavam ao Brasil sob as mesmas condições:
qualquer que seja nosso esforço de imaginação, custa-nos imaginar os sentimentos que
oprimiram os imigrantes postos na floresta virgem. O comboio de mulas era dividido. As
bagagens haviam sido amontoadas à beira da picada. Esta era a única brecha aberta na
mata, apenas um túnel de três ou quatro metros de largura, onde tropeçavam nas raízes e
nos cepos, onde se feriam no fio das hastes cortadas acima do solo. De um a outro lado,
elevavam-se as árvores monstruosas, estreitavam-se os arbustos e as plantas do sub-bosque,
enlaçavam-se os cipós. Era a obscuridade misteriosa, a umidade sufocante do dia, a ameaça
confusa da noite, a angústia e o desespero. O funcionário que acompanhara o colono para
lhe indicar onde ficava a sua concessão, entregava-lhe algumas ferramentas indispensáveis:
foice, facão, machado, serra, enxadão. A terra arável, o espaço, a luz, tudo devia ser
conquistado à floresta. (p.52).
No período compreendido entre 1860 e 1881, as atividades de subsistência
permaneciam. Contudo, este foi um período marcado pela diversificação e
comercialização dos produtos coloniais. Paralelo à diversificação da produção, pode-se
observar o desenvolvimento inerente às atividades agrícolas ou mercantis de cada um,
que deram surgimento às primeiras indústrias de Santa Cruz (Kessler, 1998).
Segundo Godinho et al (1980), o início da industrialização em Santa Cruz do Sul
deveu-se ao sucesso de sua agricultura, voltada para a exportação que, por um lado,
estimulou o desenvolvimento das indústrias de beneficiamento de produtos primários
sustentado pelo excedente monetário e de mão-de-obra das lavouras, e por outro,
permitiu que se acumulasse capital nas mãos dos comerciantes-exportadores locais, o
que tornou possível a instalação de novas unidades de produtos utilizando tecnologia
mais avançada.
Entre 1918 e 1965 ocorreu o período que se caracteriza pela dominação capitalista
de setores da produção na economia santa-cruzense. A transformação das relações de
produção, em relações capitalistas, tem seu início na indústria – principalmente no ramo
fumageiro – e se propagou, embora com menor ímpeto, aos demais setores, não
chegando, no entanto, a alterar as relações de produção vigentes no setor agrícola.
Segundo Godinho et al (1980), no período pós I Guerra Mundial, houve um
processo de evolução industrial, em que se verifica então, a multiplicação e o
desenvolvimento de principalmente dois tipos de indústrias: as de beneficiamento de
produtos locais com vistas ao mercado nacional (Rio e São Paulo), tais como as de
alimentos e fumo – embora esse último seja parcialmente exportado para o exterior – e
as de transformação de produtos locais ou não, que visavam ao atendimento regional,
tais como as de vestuário, móveis e metalúrgicas, participando do lento processo de
substituição regional de produtos importantes.
Também as pequenas empresas sempre foram muito importantes para o
desenvolvimento do município. O Cadastro Industrial de 1965, conforme apontamentos
de Silva (2000), mostra que dos 515 estabelecimentos existentes em Santa Cruz do Sul,
435 (84,5%) ocupavam de 1 a 4 pessoas, 69 (13,4%) ocupavam de 5 a 49 pessoas,
existindo apenas 6 estabelecimentos com 55-90 pessoas ocupadas, e 5 ocupando 100 a
249.
Apesar da evidente importância do fumo na economia local, o setor do vestuário
também sempre esteve presente na economia da cidade. Conforme Krause (1991), em
1994 existiam em Santa Cruz do Sul 403 indústrias, assim divididas, por ramo de
atividade: 91 do setor têxtil, vestuário e artefatos de tecidos, calçados; 85 metalúrgicas,
mecânicas; 74 do ramo de madeira, mobiliário e papel, papelão; 65 de produtos
alimentares e bebidas; 14 do setor de fumo e as restantes 74 eram distribuídas em
diversos setores, de menor relevância.
9 Metodologia
Segundo Lakatus e Marconi (1986) o método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista.
Esta pesquisa se baseou no método indutivo que, conforme apontamentos de
Lakatus e Marconi (1986), permite fazer a respectiva generalização para um conjunto
maior a partir de constatações individualizadas.
Segundo Vergara (1998), a pesquisa é dividida em dois critérios, ou seja, quanto
aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins esta pesquisa será descritiva e explicativa.
Descritiva porque estudou as características competitivas de interdependência de micro
e pequenas empresas e descrevendo-as, como forma de orientar o leitor quanto à
realidade destes empreendimentos. Explicativa porque, através do estudo, identificou-se
características de interdependência.
Quanto aos meios, foi realizada uma pesquisa de campo e bibliográfica. A
pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de entrevista à micro e pequenos
empresários do setor de vestuário de Santa Cruz do Sul. Já a pesquisa bibliográfica foi
realizada com base em materiais publicados em livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas, isto é, material acessível ao publico em geral, que diga respeito ao assunto
objeto deste estudo.
O universo do presente trabalho resume-se, na sua primeira etapa às micro e
pequenas empresas industriais do setor de vestuário de Santa Cruz do Sul, regularmente
inscritas no Sindicato dos Empregados do Vestuário de Santa Cruz do Sul, trabalhando-
se com uma amostra de 22 empresas que se prontificaram a responder à pesquisa.
10 Análises dos resultados
Da amostra de empresas pesquisadas constatou-se que 78% das empresas
pesquisadas possuem um número de funcionários entre 0 e 20 funcionários, por se
tratarem preponderantemente de micro e pequenas.
Verificou-se que 64% das empresas pesquisadas seguem o ramo de confecções
em geral, enquanto os produtos esportivos, para festas e roupas íntimas mostram-se
empatados com 18% e malharia 9%. Outros produtos como sacolas, bolsas e cortinas
representam 23% do que é produzido, observando que algumas empresas atuam em
mais de um ramo.
Quanto à demanda, 55% das empresas pesquisadas vendem direto ao consumidor
e 45% vendem para outras empresas. As empresas pesquisadas têm em Santa Cruz do
Sul 63% de seus clientes em relação ao faturamento. Somando o percentual de Santa
Cruz do Sul e Região do Vale do Rio Pardo, nota-se que grande parte da produção é
destinada a estes (75%). Os clientes do Estado do Rio Grande do Sul representam 21%
e outros Estados 4%. Contudo, do total de fornecedores, 64% são e outros Estados,
26,5% são do Estado do Rio Grande do Sul e de Santa Cruz do Sul correspondem a um
percentual de apenas 9,5%.
Relativo ao ambiente concorrencial local, as micro empresas são as que oferecem
maior concorrência para as empresas entrevistadas, representando 75%, as médias
apresentam-se em 2º lugar com 17% e as grandes empresas são as que menos
representam ameaças a nível local, com 8% das indicações.
A pesquisa demonstrou o baixo índice de alianças ou convênios com outras
empresas, sendo que 95% das empresas investigadas não possuem qualquer tipo de
aliança ou convênio, prevalecendo o tradicional conceito de que o concorrente deve ser
tratado como concorrente, exceto atividades de terceirização e/ou subcontratação.
Contudo, 32% delas mostram-se interessadas em formar algum tipo de aliança ou rede
de empresas. Relativo aos benefícios da formação de redes, a preponderância refletiu
que trata-se de uma estratégia para enfrentar os concorrentes e desenvolvimento e/ou
aquisição de novas tecnologias.
Para 59% das empresas entrevistadas, a principal estratégia para superar os
concorrentes é diferenciação do produto, seguido do preço com 50%. O atendimento
também é um fator considerado muito importante para as empresas, (27%). O marketing
não é uma estratégia muito usada, segundo os entrevistados, por causa do alto custo que
apresenta (14%). A distribuição do produto também apresenta baixa representação, pois
não influencia muito na superação dos concorrentes.
Verificou-se que a nível local as principais dificuldades para competir no mercado
são : preço (50%), prazo de pagamento (41%) e qualidade (27%). A nível regional as
principais dificuldades são : preço novamente (23%) e prazo de pagamento (14%). A
nível de estado a maior dificuldade são preço e qualidade (ambos com 9% das citações).
O mercado nacional apresenta pouca significância porque as empresas pouco atuam
nesse mercado.
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