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DALVA MARIA CARVALHO MENDES O ESTRESSE E OS MILITARES EM MISSÃO DE PAZ: a política de suporte social e psicofísico aos militares brasileiros Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: CMG (RM1) Caetano Tepedino Martins Rio de Janeiro 2013

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Page 1: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

DALVA MARIA CARVALHO MENDES

O ESTRESSE E OS MILITARES EM MISSÃO DE PAZ:

a política de suporte social e psicofísico aos militares brasileiros

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: CMG (RM1) Caetano Tepedino Martins

Rio de Janeiro

2013

Page 2: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

C2013 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura da autora

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Mendes, Dalva Maria Carvalho.

O estresse e os militares em missão de paz: a política de suporte social e psicofísico aos militares brasileiros / Contra-Almirante (Md) Dalva Maria Carvalho Mendes. - Rio de Janeiro: ESG, 2013.

97 f.: il.

Orientador: CMG (RM1) Caetano Tepedino Martins. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.

1. Estresse Operacional e de Combate. 2. Militar. 3. Nações Unidas. 4.

Operações de Paz da ONU. 5. Liderança. 6. Resiliência. 7. Brasil. 8. Ministério da Defesa. I. Título.

Page 3: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

A todos da família que durante o meu

período de formação contribuíram com

ensinamentos e incentivos.

A minha gratidão, pela compreensão, como

resposta aos momentos de minhas

ausências e omissões, em dedicação às

atividades da ESG.

Page 4: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores de todas as épocas por terem sido responsáveis por

parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE pelo convívio harmonioso de

todas as horas.

Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a

responsabilidade implícita de ter que melhorar.

Page 5: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades.

Page 6: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

RESUMO

O aumento da participação do Brasil, no cenário internacional, ampliou a

mobilização das Forças Armadas para comporem missões humanitárias e de paz

sob a égide da ONU. A monografia pretende discutir a relevância do estresse

operacional e de combate e sua implicação na saúde física e psicossocial dos

militares, de efeito imediato e em longo prazo. Será debatida a síndrome de

estresse; os estressores ou fatores desencadeantes do estresse, como fatores

predisponentes e suas repercussões. A reação ao estresse é uma resposta

fisiológica, normal e esperada à ameaça à integridade física. A qualidade e

magnitude desta reação dependem de mecanismos de adaptação que mobilizam

recursos individuais de personalidade e resiliência e podem desencadear a

manifestação de doenças relacionadas ao estresse e interferir no desempenho.

Esses mecanismos podem ser reforçados por meio de treinamento e da capacidade

das lideranças em identificar o estresse de combate e manter o equilíbrio, entre o

foco da missão, a manutenção do moral, coesão, bem-estar e a eficiência da tropa.

Os fatores de suscetibilidade individuais às doenças e ao TEPT incluem: o tipo de

estressor; genética; falta de apoio social; ou coexistência de outras doenças mentais

ou físicas. Assim, o apoio físico e psicossocial à tropa deve ser imediato, contínuo e

prolongado, com o objetivo de evitar que as reações possam alçar dimensões

patológicas e cronificar. Conclui-se apresentando minuta de sugestão, no âmbito do

Ministério da Defesa, para as fases de seleção, mobilização, permanência,

desmobilização e acompanhamento da tropa, com vistas a minimizar riscos.

Palavras-chave: Estresse Operacional e de Combate. Militar. Operações de Paz da

ONU. Liderança. Resiliência.

Page 7: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

ABSTRACT

The enlarged participation of Brazil in the international scenario, increased

mobilization of the armed forces to compose humanitarian and peace under the UN

aegis. This monograph discusses the relevance of combat and operational stress

and its implication on physical and psychosocial health of the military, both immediate

effects as the long-term sequelae. Will discuss the stress syndrome, the stressors or

triggers of stress as predisposing factors and their impact. The stress response is a

physiological response, normal and expected threat to physical integrity. The quality

and extent of this reaction depends on adaptation mechanisms that mobilize

individual personality and resilience and can trigger the expression of stress-related

illnesses and interfere with performance. These mechanisms can be strengthened

through training and capacity of leaders in identifying combat stress and maintain

balance between the focus of the mission, maintaining morale and cohesion and

well-being and efficiency of the troops. The factors of individual susceptibility to

diseases and PTSD include the type of stressor, genetics, lack of social support or

the coexistence of other physical and mental illness. Thus, the physical and

psychosocial support to the troops should be immediate, continuous and prolonged,

in order to prevent reactions can raise pathological dimensions and chronic course.

Finally, we conclude by presenting a draft suggestion, under the Ministry of Defense,

to the stages of selection, mobilization, and permanence, monitoring troop

demobilization, in order to minimize risks.

Keywords: Operational and Combat Stress. Military. UN Peacekeeping Operations.

Leadership. Resilience.

Page 8: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Operações de Paz da ONU – sintetize dos dados desde 1948......... 21

FIGURA 2 Operações de Paz da ONU – em curso à 31 de março de 2013....... 22

FIGURA 3 Sistemas homeostáticos e seus efeitos.............................................. 28

FIGURA 4 Estresse - curva funcional.................................................................. 29

QUADRO 1 Síndrome do Estresse – respostas fisiológicas do Sistema Nervoso Central e Funções Periféricas ao Estresse........................................ 32

FIGURA 5 Estresse crônico - síndrome metabólica............................................ 33

QUADRO 2 Resumo de estressores enfrentados por militares............................. 39

QUADRO 3 Critérios Diagnósticos para Transtorno de Estresse Pós-Traumático 48

QUADRO 4 Critérios Diagnósticos para Transtorno de Estresse Agudo............... 50

QUADRO 5 Objetivos e resultados do Treinamento sob Estresse........................ 57

QUADRO 6 Identificação de demandas psicossociais dos militares da MINUSTAH 64

Page 9: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AG Assembléia Geral

ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico

APA Associação Psiquiátrica Americana

CF/88 Constituição Federal de 1988

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

CGCFN Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

CGCFN-1000 Manual de Organização e Emprego de Grupamentos Operativos de

Fuzileiros Navais

CGCFN-2400 Manual de Operações de Paz de Grupamentos Operativos de

Fuzileiros Navais

CIASC Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo

CSNU Conselho de Segurança das Nações Unidas

DGPM-406 Normas Reguladoras para Inspeção de Saúde na Marinha

DHEA Dehidroepiandrosterona

DMD Doutrina Militar de Defesa

DPKO Departament of Peacekeeping Operations

DSM-IV Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 1994

DSM-IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais

EMA Estado-Maior da Armada

EMA-400 Manual de Logística da Marinha

EMA-402 Manual de Operações de Manutenção da Paz

END Estratégia Nacional de Defesa

EUA Estados Unidos da América

FM Field Manual

ForPaz Força de Paz

GptOpFuzNav Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais

IR Sistema de Substituição Individual

ISSL Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp

IEFMP Inventário de Estressores de Força Militar de Paz

LEU Life Events Units

MB Marinha do Brasil

MCRP Marine Corps Reference Publication

Page 10: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

MD Ministério da Defesa

MINUSTAH Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti

MPBNU Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas.

NTTP Navy Tactics, Techniques, and Procedures

ONU Organização das Nações Unidas

ONU-BRASIL Organização das Nações Unidas no Brasil

OP Operação de Paz

PHS Sub-escala de Humanitarismo Positivo

PKO Peacekeeping Operations

SAG Síndrome de Adaptação Geral

TEPT Transtorno de Estresse Pós-Traumático

UISM Unidade Integrada de Saúde Mental

UNMO Observador Militar das Nações Unidas

UR Sistema de Substituição de Unidade

U.S. DoD Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América do Norte

Page 11: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12

2 AS NAÇÕES UNIDAS.................................................................................. 16

2.1 AS OPERAÇÕES DE PAZ........................................................................... 17

2.2 A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NAS MISSÕES DE PAZ.......................... 23

3 O ESTRESSE............................................................................................... 25

3.1 HISTÓRIA E DEFINIÇÃO............................................................................. 25

3.2 EVENTOS/AGENTES ESTRESSORES OU PROVOCADORES DE ESTRESSE 26

3.3 RESPOSTA AO ESTRESSE - SÍNDROME DO ESTRESSE..................... 27

3.3.1 Resposta ao Estresse - Nível Cognitivo........................................................ 29

3.3.2 Resposta ao Estresse - Nível comportamental........................................ 30

3.3.3 Nível fisiológico........................................................................................... 31

3.4 OS EFEITOS DO ESTRESSE...................................................................... 33

3.5 FATORES DESENCADEANTES DO ESTRESSE........................................ 34

3.6 O ESTRESSE COMO AGENTE NÃO PATOLÓGICO.................................. 35

3.7 MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO AO ESTRESSE - COPING.................... 35

4 ESTRESSE OPERACIONAL E DE COMBATE........................................... 37

4.1 OPERAÇÕES DE PAZ.................................................................................. 39

4.2 EFEITOS DO ESTRESSE NO DESEMPENHO, TOMADA DE DECISÕES,

PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO............................................................................. 42

4.3 ESTRESSE, SATISFAÇÃO PROFISSIONAL,―TURNOUVER‖ ............................................ 44

4.4 EFEITOS À LONGO PRAZO DO ESTRESSE................................................... 45

5 DOENÇAS RELACIONADAS / ASSOCIADAS AO ESTRESSE DE COMBATE 46

5.1 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO.................................. 47

5.2 TRANSTORNO DE ESTRESSE AGUDO..................................................... 49

5.3 COMORBIDADES......................................................................................... 50

6 MODERADORES E ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR OS EFEITOS NE-

GATIVOS DO ESTRESSE............................................................................ 53

6.1 MODERANDO A RELAÇÃO ESTRESSE–ESTRESSOR............................. 53

6.2 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS - PERSONALIDADE E RESILIÊNCIA........... 54

6.3 MODERANDO A RELAÇÃO ESTRESSE - DESEMPENHO, AUTOEFI-

CÁCIA, CONTROLE E INCERTEZA............................................................. 55

6.4 TREINAMENTO............................................................................................ 56

Page 12: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

6.5 LIDERANÇAS E DESEMPENHO DO GRUPO............................................. 59

7 ESTRESSE NOS CONTINGENTES BRASILEIROS................................... 62

8 ANÁLISE, AVALIAÇÃO E SUGESTÃO PARA A POLÍTICA E OS PRO-

GRAMAS DE MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DOS MILITARES

ENVOLVIDOS EM MISSÕES DE PAZ......................................................... 67

9 CONCLUSÃO............................................................................................... 72

REFERÊNCIAS............................................................................................. 74

ANEXO A - QUESTIONÁRIO...................................................................... 85

ANEXO B - LEITURAS RECOMENDADAS................................................ 89

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12

1 INTRODUÇÃO

Em 2012, 111 soldados perderam suas vidas à serviço da ONU. Muitos morreram no cumprimento do dever. Em abril deste ano cinco soldados foram mortos no Sudão do Sul, quando o comboio de civis que estavam escoltando foi atacado. Em junho do ano passado, sete soldados foram mortos na Costa do Marfim, quando sua patrulha foi atacada. Também perdemos capacetes azuis

1 em ataques em Darfur, Abyei e na República

Democrática do Congo, no ano passado. Hervé Ladsous

2

Nos últimos anos temos observado um aumento da participação do Brasil

em diversas atividades no cenário internacional, com uma ampliação na mobilização

das Forças Armadas para comporem missões humanitárias e missões de paz, em

variados níveis de atuação e participação.

No estudo das missões de paz3 e das demandas das forças de paz é

importante observar que cada operação é única, mas algumas experiências colhidas

são válidas e podem ser aplicadas a outras operações. Hodiernamente essas

missões atuam em situações cada vez mais complexas, onde a ameaça está

fundamentada na instabilidade das áreas de intervenção, aonde a ―paz‖ é tênue e a

violência ainda encontra-se em curso. Desta forma, há sempre o risco potencial das

forças de paz estarem sob fogo de beligerantes.

A diferença entre as expectativas e a realidade e as concernentes reações

individuais a esta descoberta são os principais componentes de estresse de

combate. Esta compreensão é fundamental para prevenir e combater, com sucesso,

o estresse dos combatentes engajados em missões de paz.

Em última análise, a vontade coletiva de uma unidade de combate deve

triunfar sobre a vontade do inimigo em um ambiente no qual a fricção e as incertezas

sobejam e a desordem é a norma. O sucesso da manutenção da força de combate

está pautado na capacidade das lideranças em identificar o estresse de combate e

da manutenção do equilíbrio entre o foco da missão e o bem-estar da tropa. As

1 ―Capacetes azuis‖ é o termo genérico empregado para identificar soldados dos diversos estados-membros da

ONU, com mandato específico de seu Conselho de Segurança, para realizar operações de paz. 2 LADSOUS, Hervé. Subsecretário-geral das Nações Unidas para as Operações de Manutenção da Paz. Em 29

mai.2013. Dia Internacional dos Trabalhadores das Forças de Paz. Disponível em: <http://www.onu.org.br/novos-desafios-em-tempos-de-mudanca>. Acesso em: 31 mai.2013. 3 Missões de Paz -... as operações de paz das Nações Unidas são um instrumento singular e dinâmico,

desenvolvido pela organização para ajudar os países devastados por conflitos a criar as condições para alcançar uma paz permanente e duradoura. Disponível em: <http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-a-paz> e Missões de paz devem ser sustentadas por uma estrutura política clara. Disponível em: <http://www.onu.org.br/novos-desafios-em-tempos-de-mudanca>. Acesso em: 14 ago. 2013.

Page 14: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

13

lideranças das unidades de combate são a chave para a manutenção do moral e da

coesão e eficiência da tropa. Para o exercício dessa liderança é necessário o

conhecimento e a interação − indivíduo a indivíduo −, pois somente este

conhecimento no dia a dia permite reconhecer, prevenir e até mesmo lidar

pessoalmente com reações de estresse de combate quando este ocorre. Este

conceito hodierno da cultura militar está embasado na literatura e na experiência de

combate e é, no entanto, uma percepção relativamente recente e, embora uníssona

para os conflitos armados com grande atrição de forças oponentes, não guarda a

mesma similitude para as operações de paz4.

A literatura é abundante no que concerne aos efeitos do estresse em

conflitos armados, tanto nas suas implicações imediatas – quando a reação aguda

ao estresse pode de forma extremada incapacitar o soldado para o combate

eficiente (SHAW apud NOSHPITZ; CODDINGTON, 1990) – quanto às sequelas a

longo prazo, com desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático

(WEATHERS; LITZ; KEANE apud FREEDY; HOBFOLL, 1995). Entretanto, esta

mesma literatura, é bastante controversa em relação às consequências na saúde

mental dos militares que atuam nas operações de Paz. É particularmente importante

ressaltar que muitos dos principais fatores de estresse estão presentes tanto nas

operações de manutenção da paz quanto nas missões de guerra como, por

exemplo, o regime de trabalho em horário incerto e por longo período, com risco de

morte ou doença e ainda o afastamento prolongado da família (HALVERSON et al.,

1995; CAMPBELL et al., 1998). Certamente nas situações de combate o risco de

morte ou ferimentos sob fogo inimigo é muito maior que nas missões de manutenção

da paz, no entanto, também nas operações de paz podem ocorrer atos inesperados

de violência e tensão, o que contribui para o desenvolvimento de transtornos

psicológicos. Entre estes se destaca o Transtorno de Estresse Pós-Traumático

(TEPT) e outros quadros, como a ansiedade, a depressão, o uso abusivo de álcool e

de outras substâncias psicoativas (LITZ et al., 1997a e b; ORSILLO et al. 1998).

O TEPT é classificado pelo DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of

Mental Disorders, 1994) como um transtorno de ansiedade específico quanto ao

desenvolvimento de sintomas que ocorrem após a exposição a um incidente crítico e

4 UNITED STATES. Department of the Navy. U.S. Navy NTTP 1-15M. U.S. Marine Corps MCRP 6-11C.

Combat and Operational Stress Control, Dec. 2010.

Page 15: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

14

traumático. Esses eventos estão relacionados à morte, ameaça de morte, dano à

integridade física ou mental ou lesões traumáticas e incluem experiências de

combate, catástrofes naturais, agressão física, estupro e acidentes. Os militares

participantes das Forças de Manutenção da Paz têm de se confrontar com uma

variedade de eventos invulgares e cumulativos, potencialmente causadores de

estresse. O apoio social e psicofísico à tropa deve ser imediato e contínuo, com o

objetivo de evitar alçar dimensões patológicas e, ao mesmo tempo, prolongadas,

tendo em vista que as manifestações do TEPT podem ser tardias.

Esta monografia procurará sopesar as implicações do estresse em militares

nos períodos pré, per e pós Missões de Paz, com enfoque nas consequências

psicossociais e físicas advindas destas experiências. Para a consecução deste

objetivo pesquisar-se-á a política de mobilização e desmobilização de militares

brasileiros para as Missões de Paz, com a participação do Brasil, ao longo dos últimos

10 anos.

Esta análise tem o potencial de avaliar fatores de risco á saúde e oferecer

uma proposta para aprimorar as medidas atualmente implantadas, aumentando tanto

a segurança individual quanto a da tropa, tendo em vista que essas alterações com

desestabilização do individuo e da tropa nas Missões de Paz, requerem uma apurada

avaliação psicofísica, associada ao preparo físico-militar, durante todas as fases do

processo: mobilização, permanência e desmobilização tardia da tropa.

Questões norteadoras:

1) Quais são as abordagens de preparo e avaliação da tropa brasileira que

irá participar em missões de Paz existentes e qual sua eficácia?

2) Quais são os principais estressores relacionados à vida militar e às

missões de paz?

3) Quais são os programas de preparo, avaliação e controle de tropas em

missões de paz no mundo (que se tem conhecimento e acesso) com maior eficácia?

Seriam aplicáveis à realidade brasileira?

4) Que abordagens deverão subsidiar as possíveis alterações das políticas

de preparo, avaliação e controle dos militares enviados em missões de paz?

Objetivos específicos:

5) Avaliar as rotinas existentes no preparo, avaliação e controle dos militares

enviado nas missões de paz;

6) Identificar e avaliar os principais estressores, o grau de estresse

Page 16: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

15

desenvolvido e os mecanismos de prevenção e controle, que poderiam ser adotados;

7) Comparar os programas de avaliação e controle existentes, de acordo

com a bibliografia nacional e internacional;

8) Propor sugestões para aprimorar os programas e políticas existentes.

Limitações da pesquisa:

O estudo será conduzido em nível de análise de políticas e práticas

implementadas aos contingentes militares brasileiros enviados em missões de paz,

com o objetivo de apontar os fatores que mereçam ser objeto de consideração e

reflexão para possíveis revisões desses condicionantes.

Metodologia:

A pesquisa iniciar-se-á pela coleta de dados bibliográficos e pesquisa da

ocorrência de casos de TEPT, apontados no Brasil e relacionados às Missões de

Paz ao longo dos dez últimos anos. Esses dados serão buscados junto a órgãos

oficiais, na Marinha do Brasil e demais Forças Armadas ou ainda junto ao Ministério

da Defesa. A seguir, proceder-se-á a uma pesquisa bibliográfica, histórica e

documental, com o propósito de contextualizar o processo de mobilização e

desmobilização. Prosseguir-se-á examinando-se as políticas do Ministério da Defesa

e da Organização das Nações Unidas (Peacekeeping Best Practices - Unit

Department of Peacekeeping Operations – DPKO) sobre o tema em questão. Por

fim, analisar-se-ão as consequências imediatas das políticas implementadas,

procurando-se destacar elementos essenciais potencialmente causadores da

desestabilização psicofísica das tropas brasileiras empregada em missões de paz,

para os quais se poderão oferecer sugestões.

Estrutura Provável:

O relatório resultante desta pesquisa deverá, portanto, apresentar a seguinte

sequência de tópicos: introdução; súmula histórica; contextualização dos transtornos

psicofísicos relatados na literatura; análise e avaliação da política mobilização e

desmobilização dos militares enviados; e considerações finais.

Page 17: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

16

2 AS NAÇÕES UNIDAS

A Organização das Nações Unidas (ONU) ou Nações Unidas5 foi fundada

em 1945, com o objetivo de trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundial. Seu

documento de fundação − A Carta das Nações Unidas 6 −, expressa em seu

preâmbulo os princípios, as aspirações, os ideais e os propósitos dos povos cujos

governos se uniram para constituir as Nações Unidas.

Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que, por duas vezes no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz uns com os outros, como bons vizinhos, unir nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e de vida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de ‗Organização das Nações Unidas. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1945).

Ainda sob os efeitos e a lembrança das duas Grandes Guerras com suas

atrocidades e repercussões, a Carta das Nações Unidas (ONU, 1945) reafirma ―[...] a

fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na

igualdade de direitos dos homens e das mulheres‖, e a convicção na possibilidade

de construção conjunta de um mundo melhor, embasado no respeito ao direito

internacional em prol do progresso social, de melhores condições de vida e da

liberdade. Nesse contexto, firma a corresponsabilidade pela manutenção do estado

de paz sob a égide de conceitos éticos e morais, envidando todos os esforços na

5 O nome − Nações Unidas −, foi concebido pelo Presidente norte-americano Franklin Roosevelt e utilizado pela

primeira vez na Declaração das Nações Unidas de 12 de janeiro de 1942, quando os representantes de 26 países assumiram o compromisso de que seus governos continuariam a lutar contra as potências do Eixo. 6 A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco, a 26 de junho de 1945, após o término da

Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, entrando em vigor a 24 de outubro daquele mesmo ano. O Estatuto da Corte Internacional de Justiça faz parte integrante desta Carta.

Page 18: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

17

busca de uma solução pacífica para os conflitos existentes. Assim, desde a sua

criação, a ONU vem intermediando disputas por meio da diplomacia com o objetivo

de evitar uma escalada para a guerra, persuadindo os opositores ao uso do diálogo

ao invés da força; e auxiliar no restabelecimento da paz quando o conflito irrompe.

Ao longo das décadas, a ONU ajudou a conter ou acabar com numerosos conflitos,

em muitos casos através da implantação de operações de manutenção da paz.

Atualmente a Organização das Nações Unidas conta com 193 Estados-

membros, com voto na Assembléia Geral (AG) – principal órgão deliberativo da ONU –

onde são discutidos assuntos tais como: paz e segurança, aprovação do ingresso de

novos membros, orçamento próprio, desarmamento mundial, cooperação internacional

em todas as áreas, direitos humanos entre outros. Entretanto, as resoluções aprovadas

nesta assembléia tem efeito somente como recomendações, de como os Estados-

membros devam proceder.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) é o único órgão da

ONU que tem poder decisório e coercitivo e com autoridade para aprovar o mandato

das operações de paz. Assim, suas principais funções e atribuições relacionam-se

com a manutenção da paz e da segurança internacional. É formado por 15 Estados-

membros, sendo cinco permanentes, que possuem o direito de veto: Estados

Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China, e dez membros não permanentes,

eleitos pela Assembléia Geral para um mandato de dois anos.

Além da AG e do CSNU, o sistema ONU, conta ainda com as seguintes

instâncias administrativas principais: o Conselho Econômico e Social, para auxiliar

na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento; o

Secretariado, para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias

para a ONU; e a Corte Internacional de Justiça, órgão judicial principal.

2.1 AS OPERAÇÕES DE PAZ

O marco inaugural das operações de paz no mundo é a Liga das Nações,

criada em 1919 sob a égide do Tratado de Versailles, após a I Guerra Mundial. De

acordo com Fontoura, a interpretação mais abrangente do artigo 11 do Pacto da

Page 19: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

18

Liga das Nações7

permitiu que os Estados membros delegassem à organização um

status preventivo, requisitando sua mediação em circunstâncias que ameaçavam a

estabilidade de algumas regiões (FONTOURA, 1999, p. 46-47). Em 1932, por

exemplo, a Liga enviou oficiais brasileiros, espanhóis e norte-americanos para

acompanhar a retirada das tropas irregulares peruanas que haviam invadido a

cidade de Letícia, na Colômbia. Além disso, estabeleceu uma comissão para

delimitar as fronteiras da Albânia, no pós-Primeira Guerra Mundial, assim como

supervisionou a retirada de tropas estrangeiras do país, que estava sendo disputado

por Grécia, Itália e Iugoslávia (FONTOURA, 1999, p. 46-47).

A História da Manutenção da Paz (Peacekeeping) das Nações Unidas

começou em 1948, quando o Conselho de Segurança autorizou o envio de

observadores militares da ONU para o Oriente Médio, com a missão de monitorar o

Acordo de Armistício entre Israel e seus vizinhos árabes − conhecida como a

Organização de Supervisão da Trégua das Nações Unidas (UNTSO). Desde então, 67

operações de paz foram autorizadas e mobilizadas pela ONU, sendo que 54 delas o

foram a partir de 1988. Infelizmente, mais de 3.100 soldados da ONU, de cerca de 120

países, morreram enquanto serviam sob a bandeira da ONU, nas operações de paz.

As bases jurídicas para a implantação das Missões de Paz da ONU estão

contidas nos capítulos VI e VII da Carta das Nações Unidas. O capítulo VI versa

sobre a − solução pacífica dos conflitos −, pregando uma intervenção de caráter

sugestivo8. O capítulo VII é mais impositivo, tratando das ações relativas a ameaças

à paz; ruptura da paz; e atos de agressão, sendo o fundamento das operações de

paz também ditas impositivas9. Somente o Conselho de Segurança tem a autoridade

e a responsabilidade de determinar a real existência de uma ameaça, ou ruptura, à

paz e à segurança internacionais; ordenar medidas provisórias para evitar o

agravamento da situação; e ordenar medidas coercitivas que deverão ser tomadas

7 Artigo 11 do Pacto da Liga das Nações: ―Fica expressamente declarado que toda guerra ou ameaça de guerra,

quer afete diretamente ou não um dos Membros da Sociedade, interessará à Sociedade inteira e esta deverá tomar as medidas apropriadas para salvaguardar eficazmente a paz das Nações. Em semelhante caso, o Secretário Geral convocará imediatamente o Conselho a pedido de qualquer Membro da Sociedade. Além disso, fica declarado que todo Membro da Sociedade tem o direito de, a título amigável, chamar a atenção da Assembléia ou do Conselho sobre qualquer circunstância de natureza a afetar as relações internacionais e que ameace, consequentemente, perturbar a paz ou o bom acordo entre as Nações, do qual depende a paz.‖. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/his1919.htm>. Acesso em: 29 jun. 2013. 8 O capítulo VI – caráter sugestivo – prescreve os meios pacíficos para a solução de controvérsias, através da

negociação, mediação, conciliação e/ou arbitragem. 9 O capítulo VII – caráter impositivo – abre a possibilidade do uso da força na aplicação de medidas para a

resolução de conflitos que são considerados, no julgamento do CSNU, ―ameaças à paz e segurança internacionais‖.

Page 20: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

19

contra um Estado ou entidades dentro de um Estado (ABREU, 2009).

As Operações de Paz (OP), instrumento engendrado com o objetivo de

ajudar os países devastados por conflitos a criar as condições para alcançar uma

paz permanente e duradoura, vem sofrendo alterações, na forma e na filosofia de

emprego, ao longo dos anos de acordo com os diferentes cenários onde atuam no

mundo. Sua origem remonta à época da Guerra Fria, quando as rivalidades

frequentemente paralisavam o CSNU, impedindo que decisões importantes fossem

aprovadas. As OP da ONU, na época de sua criação, eram restringidas à manutenção

de ―cessar-fogo‖10 e alívio das tensões sociais, ensejando a oportunidade da ocorrência

de resoluções em nível político. Estas missões consistiam basicamente no envio de

observadores militares às áreas de crise ou conflito, com a função de monitorar e

auxiliar na manutenção do cessar-fogo e na fiscalização de acordos de paz limitados.

Com a mudança do cenário internacional após o fim da Guerra Fria, o

contexto estratégico para as tropas da ONU sofreu drásticas mudanças e expandiu

seu campo de atuação acompanhando as modificações ocorridas na natureza dos

conflitos. As operações de paz, originalmente criadas para atuar em conflitos

internacionais evoluíram e têm atuado cada vez mais em conflitos intranacionais e

guerras civis, as quais têm aumentado em frequência e número. Essas operações

têm por objetivo assegurar o cumprimento de acordos de paz abrangentes e

alicerçar as bases de uma paz sustentável. Ainda que a força militar permaneça

como o principal suporte, atualmente, as operações de paz expandiram sua área de

atuação e tornaram-se complexas, multidimensionais, possuindo uma gama variada

de tarefas que vão desde: ajudar a instituir governos; monitorar o cumprimento dos

direitos humanos; assegurar desde reformas setoriais, até o desarmamento,

desmobilização e reintegração de ex-combatentes.

Esta transição global é marcada por tendências contraditórias, associações

regionais e continentais dos Estados com o aumento da cooperação e alívio de

algumas das rivalidades nacionalistas e soberanas, a imprecisão das fronteiras

físicas nacionais devido ao desenvolvimento da tecnologia da comunicação, ao

comércio global e pelas decisões dos estados soberanos em permitir algumas

10

―Cessar-fogo‖ - Termo militar que significa: Suspensão temporária ou definitiva das hostilidades, entre inimigos que se guerreiam; acordo que propicia essa cessação ou suspensão; outros significados; trégua, armistício. Disponível em: <http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&palavra=cessar-fogo#ixzz2Xq8sMzUL> Acesso em:1 jul. 2013.

Page 21: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

20

prerrogativas para aumentar as associações políticas internacionais. Ao mesmo

tempo, novas afirmações do nacionalismo e soberania surgem e mais uma vez a

coesão dos estados é ameaçada pelos conflitos e rivalidades – sociais, étnicos,

religiosos, culturais ou linguísticos – internas, opondo ―etnias, facções e indivíduos

que até então, por sua vontade ou pela força, haviam aceitado viver juntos‖

(MAISONNEUVE, 1998. p. 175-176). A paz social é desafiada, por um lado, por

novas declarações de discriminação e exclusão e, por outro lado, por atos de

terrorismo que procuram minar a evolução e mudanças conseguidas por meios

democráticos.

Assim, desde o fim da Guerra Fria, as Operações de Paz, desenvolvidas

normalmente sob a égide de organismos e alianças internacionais, e formalizadas ou

não por resoluções ou acordos, são definidas pelos seguintes conceitos básicos e

essenciais ao gerenciamento da paz e da segurança internacionais: diplomacia

preventiva; promoção da paz; manutenção da paz; imposição da paz; e

consolidação da paz, os quais raramente ocorrem de forma linear ou sequencial

(DOYLE, 1996). A experiência tem mostrado que eles devem ser considerados como

de apoio mutuo, se são usados de forma fragmentada ou isolada, não fornecem a

abordagem global necessária para resolver as causas da origem do conflito e,

portanto, reduzir o risco de conflito recorrente.

A figura 1 11 , apresenta uma síntese dos principais dados referentes às

operações de paz da ONU, estabelecidas no período de 1948 a 2013, enquanto a

figura 2, fornece o delineamento das operações de paz da ONU, em curso, na data

de 31 de março de 201312.

11

Disponivel em: <http://www.un.org/en/peacekeeping/operations/peace.shtml>. Acesso em: 2 jun. 2013. 12

Disponivel em: <http://www.un.org/en/peacekeeping/documents/bnote0513.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2013.

Page 22: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

21

In January 2011, the title of this document was renamed from "UN Peacekeeping Operations Background Note" to "UN Peacekeeping O perations Fact Sheet"

Peacekeeping operations since 1948…………………. … 67

Current peacekeeping operations……………………. … 14

Current peace operations directed by

by the Department of Peacekeeping

Operations (DPKO) ………………………………… … 15

PERSONNEL

Uniformed personnel……....………….……………… … 92,233 *

(77,891 troops, 12,540 police and 1,802 military observers )

Countries contributing uniformed personnel………… … 116

International civilian personnel (31 December 2012)… 5,090 *

11,701 *

UN Volunteers ……………………………………… … 2,089 *

Total number of personnel serving in

14 peacekeeping operations…………………………… 111,113 *

Total number of personnel serving in

15 DPKO-led peace operations……………………… … 113,057 **

Total number of fatalities in

peace operations since 1948………………………… … 3,096 ***

FINANCIAL ASPECTS (US$)

Approved budgets for the period About 7.33 billion

from 1 July 2012 to 30 June 2013

peacekeeping ……...………….…… …

***Includes fatalities for all UN peace operations

FACT SHEET: 31 MARCH 2013

** This figure includes the total number of uniformed and civilian personnel serving in 14 peacekeeping operations and one DPKO -led special political mission—UNAMA

* Numbers include 14 peacekeeping operations only. Statistics for UNAMA, a special political mission directed and supported by DPKO, can be found at

http://www.un.org/en/peacekeeping/documents/ppbm.pdf.

Outstanding contributions to

About 2.27 billion

Local civilian personnel (31 December 2012)....………

Figura 1 – Operações de Paz da ONU – síntese dos dados de 1948 a 2013. Fonte: ONU – peacekeeping operations.

Page 23: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

22

UNTSO May 1948 0 152 0 93 141 0 386 50

UNMOGIP January 1949 0 40 0 25 45 0 110 11

UNFICYP March 1964 877 0 66 37 108 0 1,088 181

UNDOF June 1974 917 0 0 40 98 0 1,055 44

UNIFIL March 1978 10,807 0 0 338 657 0 11,802 296

MINURSO April 1991 26 182 6 94 165 12 485 15

UNMIK June 1999 0 9 6 132 208 27 382 55

UNMIL September 2003 6,676 129 1,462 466 985 226 9,944 175

UNOCI April 2004 9,359 191 1,507 417 766 174 12,414 109

MINUSTAH June 2004 6,681 0 2,676 443 1,322 202 11,324 175

UNAMID July 2007 14,902 311 4,858 1,081 2,906 447 24,505 147

MONUSCO July 2010 17,259 505 1,393 985 2,902 594 23,638 55

UNISFA June 2011 3,827 140 10 87 49 10 4,123 10 257,932,000

UNMISS July 2011 6,560 143 556 852 1,349 397 9,857 9 839,490,000

Total: 77,891 1,802 12,540 5,090 11,701 2,089 111,113 1,332

UNTSO - UN Truce Supervision Organization UNMIL - United Nations Mission in Liberia

UNMOGIP - UN Military Observer Group in India and Pakistan UNOCI - United Nations Operation in Côte d'Ivoire

UNFICYP - UN Peacekeeping Force in Cyprus MINUSTAH - United Nations Stabilization Mission in Haiti

UNDOF - UN Disengagement Observer Force UNAMID - African Union-United Nations Hybrid Operation in Darfur

UNIFIL - UN Interim Force in Lebanon MONUSCO - United Nations Organization Stabilization Mission in the Democratic Republic of t he Congo

MINURSO - UN Mission for the Referendum in Western Sahara UNISFA - United Nations Interim Security Force for Abyei

UNMIK - UN Interim Administration Mission in Kosovo UNMISS - United Nations Mission in the Republic of South Sudan

524,010,000

45,992,000

CURRENT PEACEKEEPING OPERATIONS

Budget (US$)Mission EstablishedLocal

Civilians

UN

Volunteers

Prepared by the Peace and Security Section of the United Nations Department of Public Information, in consultation with the Dep artment of Peacekeeping Operations, Department of Field Support and

Department of Management — DPI/1634/Rev.143 — April 2013

TroopsMilitary

ObserversPolice

International

Civilans

Total

PersonnelFatalities

70,280,900 (2012-13)

21,084,400 (2012-13)

56,106,200

496,457,800

61,299,800

NOTE: UNTSO and UNMOGIP are funded from the United Nations regular biennial budget. Costs to the United Nations of the other cu rrent operations are financed from their own separate accounts on

the basis of legally binding assessments on all Member States. For these missions, budget figures are for one year (07/12--06/1 3) unless otherwise specified. For information on United Nations political

missions, see DPI/2166/Rev.117 also available on the web at htt p://www.un.org/en/peacekeeping/documents/ppbm.pdf

1,448,574,000

1,347,538,800

About $7.33 billion*

*Includes requirements for the UN Support Office for the AU Mission in Somalia (UNSOA), the support account for peacekeeping op erations and the UN Logistics Base in Brindisi (Italy) [A/C.5/66/18].

648,394,000

575,017,000

46,963,000

Figura 2 – Operações de Paz da ONU – em curso na data de 31 de março de 2013. Fonte: UNITED NATIONS (2008).

Page 24: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

23

2.2 A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NAS MISSÕES DE PAZ

A atuação brasileira nas operações de paz reflete a vocação do Brasil,

legitimada pela Constituição Federal de 1988, que traz em seu bojo, como princípios

fundamentais que regem as relações internacionais do Brasil: a defesa da paz; a

solução pacífica dos conflitos; e a cooperação entre os povos para o progresso da

humanidade13. A Política Nacional de Defesa (PND)14 registra como um de seus

objetivos − a contribuição para a manutenção da paz e da segurança internacionais −

sendo uma de suas diretrizes − participar de operações de paz, de acordo com os

interesses nacionais. A Estratégia Nacional de Defesa (END), no capítulo sobre

Operações de paz postula: ―Promover o incremento do adestramento e da

participação das Forças Armadas em operações de paz, integrando Força de Paz da

ONU ou de organismos multilaterais da região.‖ (END – DECRETO Nº 6.703, DE 18

DE DEZEMBRO DE 2008). O Brasil, estando baseado nesses princípios, no

compromisso de contribuição para a paz e a segurança internacionais e, ainda, por

sua condição de Estado-membro fundador da ONU é um dos mais tradicionais

contribuintes de efetivos militares para missões de manutenção da paz da ONU.

A participação do Brasil em Operações de Manutenção de Paz remonta a

1926, quando teve papel fundamental, na mediação no − Conflito de Letícia −, entre

a Colômbia e o Peru. Na fase inicial de criação da ONU, o Brasil enviou diplomatas e

militares para a Comissão Especial das Nações Unidas para os Bálcãs (UNSCOB),

criada para o monitoramento fronteiriço, em face das tentativas de intervenção da

Albânia, Bulgária e Iugoslávia na Guerra Civil grega. Desde 1948, o Brasil esteve

presente em mais de 30 Operações de Manutenção de Paz da ONU, com um

contingente total de mais de 24 mil homens. Integrou operações de paz na África, na

América Latina e Caribe, na Ásia e na Europa. Além de ter enviado, individualmente

ou em pequenos grupos, militares e policiais a diversas missões ao longo da história

da ONU, o Brasil empregou unidades militares formadas em cinco operações: Suez

(UNEFI), Angola (UNAVEMIII), Moçambique (ONUMOZ), Timor-Leste

(UNTAET/UNMISET), Haiti (MINUSTAH)15 e mais recentemente no Líbano.16.

13

Ver artigo IV, VI e VII, da CF/88. 14

Expedida pela Presidência da República em 1996, itens ―g‖ e ―e‖. 15

Desde 2004, o comando militar de todas as tropas que compõem a MINUSTAH, provenientes de 19 países, é exercido por generais brasileiros. Disponível em: O Brasil nas Forças e Paz da ONU. Disponível em: <http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/brasil-na-onu/>. Acesso em: 31 mai. 2013

Page 25: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

24

Além da importante contribuição com contingentes de tropa para missões

que representam, sem dúvida, o aspecto mais significativo de nossa participação, o

Brasil também cedeu centenas de observadores militares, policiais e pessoal de

Estado-Maior, para participar em diferentes missões, bem como observadores

eleitorais que supervisionaram eleições em cinco missões da ONU, de 1992 a 1994,

e mantém, sem custos para as Nações Unidas, oito oficiais das diferentes forças

singulares que atuam no Departamento de Operações de Manutenção da Paz da

ONU DPKO, em Nova Iorque, Estados Unidos da América do Norte (EUA). O Brasil

tem participado ativamente das discussões sobre o tema – Operações de Paz − em

foros internacionais, com destaque para o Comitê Especial sobre Operações de

Manutenção da Paz da Assembléia Geral das Nações Unidas.

Ademais, a presença de militares da Marinha do Brasil (MB) em OP, além de

contribuir significativamente para o acúmulo de experiência/metodologias, de forma

significativamente superior ao das simulações de combate, estabelece o intercâmbio

com outros países, permitindo a avaliação dos aspectos humanos e operacionais de

outras forças, conhecimento sobre armamento, equipamentos e equipagens de

distintas tecnologias. É desta forma, valiosa fonte de conhecimentos, contribuindo

para o preparo e aplicação do Poder Naval. No entanto, estudos revelam que os

participantes em operações de paz, particularmente nas quais ocorrem, com

frequência, atos inesperados de violência e tensão, apresentam maior probabilidade

de desenvolver problemas associados ao estresse intenso. Entre estes se destaca o

TEPT e outros quadros; tais como: ansiedade, depressão, uso abusivo de álcool e de

outras substâncias psicoativas para se "automedicar", com o objetivo de esquecer a

dor e o trauma temporariamente (LITZ et al.,1997 a e b; MACDONALD et al.,1999;

ORSILLO et al.,1998; WEISAETH; MEHLUM; MORTENSEN,1996). Uma pessoa com

TEPT pode ainda demonstrar falta de controle sobre seus impulsos e pode estar em

risco de suicídio17.

16

Marinha do Brasil nas Operações de Paz. Disponível em: <http://www.mar.mil.br/hotsites/operacao_paz/operacoesPaz.html>. Acesso em: 1 jun. 2013. 17

Disponível em: <http://www.psychiatry.org/mental-health/ptsd>. Acesso em: 6 jun. 2013.

Page 26: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

25

3 O ESTRESSE

O estresse 18 é uma reação do organismo, como um todo, às situações

potencialmente de risco para o ser vivo, capazes de alterar o equilíbrio harmônico,

complexo e dinâmico – homeostasia19 – do organismo vivo. Esta homeostasia, de

capital importância para a sobrevivência, é posta à prova constantemente por fatores

intrínsecos e extrínsecos, os estressores ou fatores de estresse. O sucesso da

adaptação depende da manutenção constante deste equilíbrio, mesmo sob as mais

variadas circunstâncias adversas, por meio de respostas adaptativas, ou seja, de um

conjunto de reações físicas e psicológicas que têm o objetivo de se contrapor aos

fatores indutores do estresse com o objetivo de restabelecer a homeostasia. Neste

contexto, podemos definir o estresse como um estado de desarmonia ou de ameaça à

homeostasia, em que as respostas adaptativas podem ser específicas ao estressor,

ou não específicas e generalizadas (CHROUSOS; LORIAUX; GOLD, 1988).

3.1 HISTÓRIA E DEFINIÇÃO

De acordo com Hipócrates (sec. V a.C.), a saúde é um equilíbrio harmonioso

dos elementos e qualidades da vida e a doença é uma desarmonia sistemática

desses elementos – forças perturbadoras derivadas de causas naturais, e não

sobrenaturais –, e que as forças de adaptação ou contrárias eram também de

origem natural. Claude Bernard, século XIX, desenvolveu a noção de harmonia ou

estado de equilíbrio ao introduzir o conceito de milieu interieur, ou o princípio do

equilíbrio dinâmico fisiológico interno (CHROUSOS; GOLD, 1992). Walter Cannon

(1929) introduziu o termo ―homeostasia‖ e dilatou o conceito homeostático aos

parâmetros emocionais e físicos. Descreveu ainda as reações de ataque ou fuga e

fez a ligação entre as respostas adaptativas ao estresse, com a secreção de

catecolaminas 20.

18

O termo stress se origina da raiz Indo–Européia ‖str‖, que tem sido historicamente associado ao esforço de pressão. A palavra ―stress‖ foi utilizada pela primeira vez com seu significado atual e popularizado pelo pesquisador húngaro-canadense Hans Selye. 19

O conceito de homeostase como o princípio geral de equilíbrio ou equilíbrio de vida, foi pela primeira vez claramente enunciado pelos antigos filósofos gregos. - "harmonia" (Pitágoras) ou ―isonomia‖' (Alkmaeon). O sinônimo moderno ‖homeostase‖, foi cunhado pelo fisiologista americano Walter Cannon no início do século XX. 20

As catecolaminas - hormônios adrenalina e noradrenalina – são compostos orgânicos compostos por um catecol (benzeno e dois grupos laterais hidroxilo) e uma cadeia lateral amina. São produzidas pelas células cromafins, da medula da suprarrenal – parte central da glândula adrenal - a partir dos aminoácidos tirosina e fenilalanina, e libertadas para a corrente sanguínea em situações de stress físico ou psicológico ou de

Page 27: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

26

O termo "stress" foi introduzido no campo da saúde, em 1936 pelo fisiologista

canadense Hans Selye, ao elaborar o conceito de ―síndrome geral de adaptação‖21

(SGA) para designar a resposta geral e inespecífica do organismo a um estressor ou a

uma situação estressante. Propôs que diferentes agressões poderiam causar a

mesma doença, contrariando a ciência da época, que postulava existir um agente

etiológico para cada patologia. Posteriormente, o termo passou a ser utilizado tanto

para designar esta resposta do organismo como a situação que desencadeia os

efeitos desta. Ao popularizar-se, o termo estresse ganhou um significado negativo,

sendo considerado como uma ameaça, sinônimo de perigo, definido por dicionários

como – conflito ou tensão física, mental ou emocional – ou ainda como a condição ou

o sentimento experimentado quando uma pessoa percebe que as demandas excedem

sua capacidade de mobilizar recursos pessoais e sociais.

3.2 EVENTOS /AGENTES ESTRESSORES OU PROVOCADORES DE ESTRESSE

Segundo a quarta edição revisada do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (MANUAL ... DSM-IV, 2002), o evento estressor traumático pode ser definido como uma situação de estresse que foi experimentada, testemunhada ou confrontada, na qual houve ameaça à vida da pessoa ou de alguém próximo a ela. Diante desses eventos, a pessoa reage com medo e desesperança, além de tentar evitar a rememoração da experiência (SHER, 2004).

Eventos estressores incluem uma grande variedade de condições externas e

internas, caracterizando-se como um evento-estímulo que apresenta ao organismo

uma demanda por uma determinada resposta adaptativa Gerrig e Zimbardo (2005).

A ameaça pode referir-se, de acordo com Weiten (2002), à segurança física

imediata, à segurança a longo prazo, à autoestima, à reputação, à paz de espírito ou

a várias outras coisas que a pessoa valorize.

De acordo com Schiraldi (1999), os eventos estressores arrolados como os

estimulação simpática. Seus efeitos incluem: aumento da frequência e força de contração cardíacas; aumento da taxa metabólica; aumento da glicogenólise hepática e muscular; aumento da liberação de glicose e ácidos graxos livres no sangue; redistribuição do sangue aos músculos esqueléticos (vasodilatação dos vasos que suprem os músculos e vasoconstrição dos vasos da pele e vísceras); aumento da pressão arterial; aumento da frequência respiratória.A diminuição dos níveis de catecolaminas com o treinamento justifica, em parte, a bradicardia.

21 Síndrome Geral de Adaptação (SGA) – conjunto de alterações desenvolvidas pelo organismo quando o nosso

cérebro, independente de nossa vontade, interpreta alguma situação como ameaçadora ou estressante – consiste, em três fases sucessivas: Reação de Alarme: estado de prontidão ou alerta geral – todo o organismo é mobilizado sem envolvimento específico ou exclusivo de algum órgão em particular. Fase de Adaptação ou Resistência – caso o estresse continue por um período mais longo o organismo começa a adaptar suas reações

e seu metabolismo – a reação de Estresse pode ser canalizada para um órgão específico ou para um determinado sistema, seja o sistema cardiológico, por exemplo, ou a pele, sistema muscular, aparelho digestivo, etc. Fase de Exaustão – atingida apenas nas situações mais graves e, normalmente, persistentes – o Estado de

Esgotamento, onde haverá queda acentuada de nossa capacidade adaptativa.

Page 28: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

27

mais favoráveis ao desenvolvimento de situações traumáticas podem ser

congregados em três grandes grupos: (1) eventos intencionais provocados pelo

homem – guerra civil, terrorismo, incesto, estupro, sedução, tortura física ou

emocional, assalto, crime violento sofrido pela própria pessoa ou por pessoas

afetivamente significativas, participação em atrocidades violentas, suicídio,

alcoolismo e uso de drogas; (2) eventos não-intencionais provocados pelo homem –

incêndios, explosões, queda de pontes e viadutos, acidentes automobilísticos,

aéreos e aquáticos e perda de parte do corpo em ambiente de trabalho e (3) eventos

provocados pela natureza – tornado, avalanche, erupção vulcânica, ataques de

animais, terremoto, furacão, enchentes e epidemias.

As situações ambientais podem ser provocadoras de estresse e agrupadas

como: acontecimentos vitais – eventos de vida estressores ou negativos –,

acontecimentos diários menores e situações de tensão crônica. Os eventos de vida

estressores têm sido diferenciados em: (1) dependentes pressupõem a participação do

indivíduo, cujo comportamento provoca situações desfavoráveis para si mesmo –

condicionado à postura pessoal frente às relações interpessoais ou ao inter-

relacionamento com o meio e (2) independentes são aqueles que estão além do controle

do sujeito, são inevitáveis, fazem parte do ciclo vital de desenvolvimento – como por

exemplo, a morte de um familiar ou a saída de um filho de casa (SILBERG et al., 2001).

É necessário ainda, fazer distinção entre evento traumático e evento de vida

estressor. No evento traumático os efeitos da exposição do sujeito poderão trazer

consequências psíquicas por longo tempo, mesmo décadas, ainda que haja

afastamento do mesmo, em especial quando classificado como evento traumático grave

com o comprometimento da integridade física do próprio indivíduo ou de outrem. O

evento de vida estressor, embora possa dar origem a efeitos psicológicos sob a forma

de sintomas de desadaptação, uma vez removido, tende a acarretar uma diminuição do

quadro psicopatológico por ele provocado (YEHUDA; DAVIDSON, 2000).

3.3 RESPOSTA AO ESTRESSE – SÍNDROME DO ESTRESSE

A síndrome do estresse é a resposta inata que coordena a homeostase e

protege o organismo durante o estresse agudo (CHROUSOS, 2009). O sistema de

estresse possui uma atividade circadiana basal, que quando quantitativamente

adequada e temporalmente adaptada, possui capacidade de resposta sob demanda

Page 29: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

28

aos fatores de estresse e é essencial para a sensação de bem-estar, desempenho

adequado das tarefas e interações sociais positivas. Da mesma forma, sua

inadequação ou alteração da capacidade de resposta aos Acontecimentos

Traumáticos da Vida ou agentes estressores produzem tensão nas pessoas aos

níveis biológico, psicológico e dos sistemas sociais, surgindo o que se chama de

―Reações Biopsicossociais ao Estresse‖.

A resposta ao estressor compreende a integração da cognição 22 , do

comportamento e da fisiológia possibilitando uma melhor percepção da situação e de

suas demandas, rapidez do processamento da informação e a busca de soluções por

meio da seleção de condutas adequadas e do preparo do organismo para agir de

maneira rápida e vigorosa. Este mecanismo é eficaz até certo limite (MARGIS et al.,

2003). Quando um estressor excede este limite de tempo ou de gravidade, os sistemas

adaptativos homeostáticos do organismo ativam respostas compensatórias

funcionalmente correspondentes ao risco percebido, cujos efeitos podem ser

representados em uma curva dose-resposta em forma de U invertido. A homeostase

basal, saudável (ou eustasia) é alcançada na faixa central, ideal, da curva. Efeitos com

qualidade inferior podem ocorrer em ambos os lados da curva, ocasionando adaptação

insuficiente (Fig. 3).

Figura 3 – Sistemas homeostáticos e seus efeitos podem ser representados por meio de uma curva dose–resposta em forma de U invertido. ―Eustasis‖

23 está na faixa intermediária, ideal, da curva. Efeitos

com qualidade inferior podem estar em ambos os lados da curva e podem levar a inadaptação – chamado de ―allostasis‖

24 ou, ―cacostasis‖

25 – , que podem ser prejudiciais ao organismo no curto ou longo prazo

26.

Fonte: Chrousos (2009)

22

Cognição – ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. ―….é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, ....É portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória‖ (GODOY, 2006). 23

―eustasis‖ – eustasia ou equilíbrio fisiológico. 24

―allostasis‖ – alterações fisiológicas decorrentes da exposição crônica ao estresse (MCEWEN, 1998). 25

―cacostasis‖ – desarmonia fisiológica ou resposta fisiológica inadequada à exposição ao estresse. 26

Figura 3 (CHROUSOS, 2009). Tradução livre do autor.

Page 30: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

29

Reações defeituosas e ou excessivas ao medo – tanto as pessoas

desinibidas e sem medo, por subestimar o perigo, quanto indivíduos com medo

excessivo, resultado da diminuição de integração social – aumentam os riscos de

morbidade e mortalidade (CHROUSOS, 2009). No entanto, o estresse pode ser útil,

pois age como elemento motivador, propiciando a superação. Certo grau de estresse

é, na realidade, necessário à sobrevivência.

Desta forma, podemos dizer que o aumento do estresse ocasiona aumento

da produtividade, até um ponto ou pico – diferente para cada individuo – após o qual

rapidamente decresce (Figura 4) 27.

Figura 4 – Estresse – curva funcional. Fonte: Nixon, P: Practitioner, 1979.

3.3.1 Resposta ao Estresse – Nível cognitivo

A resposta ao estresse está, em grande parte, condicionada ao processo

individual de filtragem da informação percebida e da avaliação das situações e

estímulos a serem sopesados como relevantes, agradáveis, de risco potencial ou

imediato, entre outras. De acordo com Labrador et al. (1994 apud MARGIS 2003), no

nível cognitivo podemos distinguir quatro componentes: (1) avaliação inicial

automática da situação ou estímulo – reação afetiva – análise inicial do potencial de

ameaça para si, de forma global e afetiva, que determina um padrão de respostas do

tipo defesa – estímulo é percebido como ameaçador – ou conferência e orientação –

Page 31: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

30

avaliação de não ameaça –, e o sujeito se prepara para recolher mais informações.

As respostas de conferência e orientação ou de defesa irão provocar diferentes

respostas fisiológicas; (2) avaliação da demanda da situação ou avaliação primária –

análise independe do significado intrínseco –, o sujeito considera a situação

estressora de acordo com sua história pessoal, seu aprendizado e experiências

prévias. O relevante é como o sujeito vivencia a situação de estresse; (3) avaliação

das capacidades para lidar com a situação estressora ou avaliação secundária –

análise da situação quanto às suas capacidades e recursos de enfrentamento para

manejá-la e; (4) organização da ação ou seleção da resposta, a partir das avaliações

anteriormente descritas, em que o sujeito elabora suas respostas às demandas

percebidas.

As respostas podem ser gerais, específicas para a situação alvo ou ainda

não haver possibilidade de resposta. Neste último caso o indivíduo decidirá entre

uma nova resposta ou submeter-se à situação estressora. Assim depreende-se que

esta escolha é fator preponderante na mobilização de recursos comportamentais e

fisiológicos e ainda, níveis elevados de estresse prejudicam a memória e a atenção

durante atividades cognitivas.

3.3.2 Resposta ao Estresse – Nível comportamental

As respostas comportamentais básicas diante de um estressor são:

enfrentamento (ataque), evitação (fuga), passividade (colapso).

A capacidade de responder adequadamente ao estressor depende de

conhecimento/aprendizado prévio de condutas pertinentes e de reforço às respostas

em situações similares anteriores, modulada também por suas consequências. A

resposta de enfrentamento selecionada define a forma de mobilização do individuo,

os recursos e estruturas fisiológicas a serem mobilizadas e os possíveis transtornos

psicofisiológicos. Certamente o estresse modifica o comportamento das pessoas

perante as outras. Em situações de catástrofe, muitas vezes as pessoas trabalham

em conjunto para salvarem a vida de outras pessoas, provavelmente porque

possuem um objetivo comum à atingir que requer um esforço conjunto. Outras

situações de estresse produzem atitudes menos sociáveis ou mesmo hostis e

insensíveis perante outros indivíduos (SHERIF; SHERIF, 1953 apud SARAFINO,

1994). Quando o estresse é acompanhado por irritabilidade, o comportamento social

Page 32: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

31

negativo tende a aumentar, de acordo com Donnerstein e Wilson (1976) o estresse,

acompanhado de irritabilidade ou ira, aumenta o comportamento agressivo,

mantendo os seus efeitos negativos depois do acontecimento traumático terminar.

3.3.3 Nível fisiológico

As reações de defesa em resposta às situações de riscos à integridade física

do individuo, provocam uma série de respostas comportamentais e

neurovegetativas, que caracterizam a reação de medo. Estas estratégias de defesa

abarcam diferentes estruturas cerebrais, cuja mobilização depende do nível de

perigo percebido. No caso de situações potencialmente perigosas – novas ou

semelhantes à situações de perigo real anteriormente vivenciadas – as estruturas

envolvidas seriam o sistema septo-hipocampal e a amígdala. O sistema septo-

hipocampal ao receber as informações enviadas pelos sistemas sensoriais cria uma

representação do mundo exterior e as compara com as memórias armazenadas, em

diversos locais do Sistema Nervoso Central (SNC), e aos planos de ação gerados

pelo córtex pré-frontal. No caso de serem detectadas discrepâncias entre o esperado

e o acontecido, inicia um sistema de controle – comportamento de avaliação de risco

– com aumento do nível de vigilância e atenção. Caso os sinais de perigo estejam

explícitos, porém à distância, ocorre reação típica de congelamento ou inibição

comportamental defensiva, provavelmente de origem na porção ventral da matéria

cinzenta periaquedutal (MCP) do mesencéfalo. A MCP em conjunto com o

hipotálamo define as manifestações comportamentais, hormonais e

neurovegetativas das reações de defesa.

No caso do estímulo ser considerado um perigo ou uma ameaça real,

começa a resposta de luta ou fuga. A chegada do estímulo ao córtex cerebral,

provoca a liberação do hormônio liberador de corticotrofina (CRH), secretado no

núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN), iniciando a resposta ao estresse

(CHARMANDARI; TSIGOS; CHROUSOS, 2005). O CRH liga-se à receptores na

adeno-hipófise ocasionando o aumento da liberação de peptídeos como o hormônio

adenocorticotrófico (ACTH) e a β-endorfina (peptídeo opióide). O ACTH, no córtex

da glândula adrenal, promove a liberação de cortisol – um glicocorticóide que ativa

mecanismos catabólicos – liberando grande quantidade de glicose na corrente

sanguínea. A parte medular da adrenal libera catecolaminas (adrenalina e

Page 33: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

32

noradrenalina) devido à ativação simpática do sistema neurovegetativo (Quadro 1).

Síndrome de estresse Funções do Sistema Nervoso Central Facilitação de estímulo, do estado de alerta, vigilância, cognição, atenção e agressão. Inibição de funções

vegetativas (por exemplo, reprodução, alimentação, crescimento)

Ativação dos ciclos de feedback contra regulatórios

Funções Periféricas Aumento da oxigenação

Nutrição do cérebro, coração e músculos esqueléticos

Aumento de tom Tonos cardiovascular e respiração

Aumento do metabolismo (catabolismo, inibição do crescimento e reprodução)

Aumento de desintoxicação de produtos metabólicos e substâncias estranhas

Ativação dos ciclos de feedback contra regulatórios (inclui imunossupressão)

Alterações Objetivos Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial

Aumentar a velocidade de circulação do Sangue = melhor atividade muscular esquelética e cerebral, facilitando a ação e o movimento.

Contração do baço. Levar mais glóbulos vermelhos à corrente sanguínea = melhor oxigenação do organismo e de áreas estratégicas.

O fígado libera mais glicose. Utilizar como alimento e energia para os músculos e cérebro.

Redistribuição sanguínea. Diminuir o sangue dirigido à pele e vísceras = aumento para músculos e cérebro.

Aumento da frequência respiratória e dilatação dos brônquios.

Favorecer a captação de mais oxigênio pelo sangue.

Dilatação das pupilas. Aumentar a eficiência visual.

Aumento do número de linfócitos na corrente sanguínea.

Preparar os tecidos para possíveis danos por agentes externos agressores

Quadro 1 – Síndrome do Estresse – respostas fisiológicas do Sistema Nervoso Central e Funções Periféricas ao Estresse. Na fase de choque, momento onde o indivíduo experimenta o estímulo estressor, as respostas são muito exuberantes. Durante a Reação de Alarme, ocorre participação ativa do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) no controle de todo o meio interno do organismo, por meio da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas. Fontes: (CHROUSOS; GOLD, 1992) e (BALLONE; MOURA, 2008).

A resposta de emergência ocorre por meio da ação integrada do sistema

nervoso autônomo simpático, do hipotálamo e do sistema límbico que controla as

emoções. As respostas adaptativas no sistema nervoso central (SNC) incluem

facilitação de vias neurais que promovem as funções adaptáveis agudas, limitadas

no tempo – excitação, vigilância e atenção focada – e inibição de vias neurais que

causam funções agudas não adaptáveis – a fome e o ato de comer, o crescimento e

a reprodução. Hormônios e neurotransmissores atuam em conjunto para modificar

as funções viscerais e fornecer ao organismo a reação adequada para o retorno ao

equilíbrio perdido. Desta forma, aumentam a oxigenação e nutrição do cérebro,

coração e músculos esqueléticos, que são os órgãos cruciais para a coordenação da

resposta ao estresse e a reação ―luta ou fuga‖.

Page 34: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

33

3.4 OS EFEITOS DO ESTRESSE

As respostas ao estresse, decorrentes dos estímulos diuturnos, são

diversificadas e individualizadas. Inúmeros distúrbios de cunho físico, emocional e

comportamental foram vinculados ao estresse. Tais alterações podem ter amplos

efeitos sobre as emoções, o humor e o comportamento – incluindo insônia, depressão e

ansiedade – e nos diversos sistemas, órgãos e tecidos do organismo – ataques

cardíacos, acidente vascular cerebral, hipertensão e distúrbios do sistema

imunológico28. Seus efeitos podem refletir-se diretamente na pele (erupções cutâneas,

urticária, dermatite atópica), no sistema gastrointestinal (úlcera péptica, síndrome do

intestino irritável, colite ulcerativa) e podem contribuir para a eclosão de doenças

neurológicas degenerativas, como a mal de Parkinson. Na verdade, é difícil pensar em

qualquer doença em que o estresse não desempenhe um papel agravante (FIG. 5).

Figura 5 - Estresse crônico pode levar ao desenvolvimento da síndrome metabólica. Fonte: Chrousos (2009)

29.

28

Sistema imunológico, também chamado de sistema imune, é o sistema corporal cuja função primordial consiste em destruir os agentes patogênicos ou potencialmente causadores de doença. Sua disfunção aumenta a susceptibilidade às infecções bacterianas e ataques virais, desde o resfriado comum e herpes, a AIDS e certos tipos de câncer, bem como doenças autoimunes como artrite reumatoide e esclerose múltipla. 29

Tradução livre. (CHROUSOS, 2009). Disponivel em: <http://img.medscape.com/article/704/866/704866-fig2.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2013.

Page 35: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

34

Diferentes situações estressoras ocorrem ao longo dos anos, e as respostas

a elas variam entre os indivíduos na sua forma de apresentação, podendo ocorrer

manifestações psicopatológicas diversas como sintomas inespecíficos de depressão

ou ansiedade, ou transtornos psiquiátricos definidos, como por exemplo, o

Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

É necessário sensibilidade para observar os primeiros sinais e sintomas de

sobrecarga de estresse, pois eles são bastante diversificados, variam

individualmente e podem ser tão sutis que muitas vezes são ignorados até que seja

tarde demais. Não raramente, o próprio indivíduo não percebe o problema, são os

outros que o detectam ao perceberem alterações comportamentais.

3.5 FATORES DESENCADEANTES DO ESTRESSE

As principais causas de indução do estresse são as relacionadas às

pessoas, à família e à comunidade e sociedade

As causas relacionadas às pessoas podem ter origem intrínseca – como a

manifestação de uma doença – ou extrínseca – conflitos internos provocados por

forças motivacionais opostas –, ambas mobilizam os sistemas bio-psicológicos de

estresse, condicionados à gravidade da afecção/situação e idade do indivíduo, entre

outros fatores. As decisões feitas ao longo da vida, são fontes importantes de

estresse, e podem produzir duas tendências opostas: a aproximação e o evitamento,

que originam três tipos básicos de conflito. (1) aproximação – contempla a decisão

entre dois objetivos de interesse, incompatíveis entre si; (2) evitamento – considera a

decisão entre duas situações desagradáveis; (3) aproximação/evitamento – surge

quando há vantagens e desvantagens num determinado comportamento em relação

a um objetivo ou situação. (MILLER, 1989).

São muitas as situações, no seio familiar, capazes de produzir estresse.

Objetivos opostos, comportamentos não percebidos que originam conflitos

interpessoais, a personalidade de cada membro da família que produzem impactos e

interagem com os outros membros desse sistema familiar, as necessidades e os

problemas, como, p. ex., os financeiros, a doença, a incapacidade e a morte na

família são fontes de estresse.

No quotidiano e ambiente de trabalho podemos citar o relacionamento

interpessoal, o nível de responsabilidade, o não reconhecimento, o desemprego e a

Page 36: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

35

reforma como potenciais fatores de estresse, capazes de provocar alterações

psicológicas e fisiológicas, como a diminuição da autoestima e hipertensão arterial.

O excesso de trabalho está associado com o aumento de acidentes e problemas de

saúde. Em relação ao meio ambiente e aos seus estímulos, citamos o ruído

excessivo, as zonas densamente habitadas e a presença de contaminantes como

fatores indutores do estresse (BUCK, 1988).

3.6 O ESTRESSE COMO AGENTE NÃO PATOLÓGICO

Uma das razões pelas quais as avaliações do estresse não possuem uma

elevada correlação com a doença, é porque nem todo estresse prejudica a saúde. É

possível que alguns tipos e quantidades de fatores de estresse sejam neutros e,

talvez, até benéficos para as pessoas, conforme exposto em capítulo anterior.

Algumas teorias sobre a motivação e estimulação afirmam que as pessoas

funcionam e se sentem melhor sob um determinado nível de estimulação e que esta

quantidade de estímulo que é percebido pelo organismo como ótimo para o seu

funcionamento difere individualmente; já os extremos prejudicam o equilíbrio (Figs. 3 e

4). Desta forma, de acordo com Selye, estados breves, suaves e controlados de desafio

à homeostasia, poderiam ser vivenciados como agradáveis e ser um estímulo positivo

ao desenvolvimento e ao crescimento intelectual e emocional. No entanto, as situações

mais severas, prolongadas e incontroláveis de distresse psicológico e físico levariam a

estados francos de doença (CHROUSOS; GOLD, 1992).

Assim podemos dizer que os processos de avaliação cognitiva e a

susceptibilidade de cada indivíduo são fundamentais para determinar a forma e o

tipo de estresse a ser vivenciada, e seus efeitos.

3.7 MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO AO ESTRESSE - COPING

As diversas situações de estresse vivenciadas pelo individuo ao longo da vida

provocam tensão emocional e física que ocasionam grande desconforto e demandam

mecanismos de adaptação do estresse ou mecanismos de coping (SARAFINO, 1994).

É a oposição entre os recursos individuais e as exigências de uma situação de estresse

que mobilizam os mecanismos de coping com o objetivo de reduzir ou neutralizar os

efeitos e ou causas do estresse, avaliando as situações e diminuindo as preocupações

Page 37: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

36

do individuo (LAZARUS, 1993; LAZARUS; FOLKMAN, 1984). Os esforços de combate

ao estresse não levam necessariamente à solução do problema. São as trocas,

cognitivas e comportamentais com o meio, que muitas das vezes levam os sujeitos a

tolerar, aceitar, fugir ou ver de uma perspectiva diferente a percepção do fator de

estresse.

Os mecanismos de coping envolvem trocas contínuas com o meio, em um

processo dinâmico, de retroalimentação. Possuem dois focos principais: (1) coping

focado no problema, tenta modificar o problema por meio da capacidade de reduzir

as exigências da situação de estresse ou de expandir os recursos para lidar com ela,

baseado na crença de poder alterar a situação (LAZARUS; FOLKMAN, 1984); (2)

coping focado nas emoções, regula a resposta emocional ao problema por meio de

abordagens cognitivas e comportamentais, como negar fatos desagradáveis ou vê-

los de uma perspectiva melhor, consumir álcool ou drogas, procurar apoio

psicossocial, praticar desporto ou desfocar-se do problema. Esta abordagem é mais

utilizada quando se acredita que nada pode ser feito para alterar a situação

(LAZARUS; FOLKMAN, 1984).

Page 38: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

37

4 ESTRESSE OPERACIONAL E DE COMBATE

―When young men who are still growing are forced to enter military service and thus lose all hope of returning safe and sound to their beloved homeland, they become sad, taciturn, listless, solitary, musing, full of sighs and moans. Finally, they cease to pay attention and become indifferent to everything which the maintenance of life requires of them‖. (ROSEN, 1975, p. 344)

Diversamente dos ferimentos provocados por projetis, as lesões do estresse

de combate podem não apresentar qualquer lesão visível em suas vítimas. No

entanto, o impacto do estresse de combate pode ser tão devastador quanto as

feridas produzidas por munições.

As alterações provenientes do impacto psicológico negativo da guerra sobre os

soldados podem ser rastreadas até a mitologia, sob diferentes denominações. Na

historia recente, em especial após a Primeira Guerra Mundial, recebeu vários nomes –

Shell shock, Soldier’s heart, neurose de guerra, psiconeurose, fadiga de combate,

reação ao combate, reação ao estresse, estresse reacional de batalha, fadiga do campo

de batalha e estresse do campo de batalha – na tentativa de caracterizar e

compreender o motivo das reações do indivíduo no campo de batalha quando o

estresse entra na faixa negativa e começa a impactar de forma desfavorável a

performance do soldado.

É importante observar a influência das denominações empregadas. O termo

Shell shock , é utilizado para designar as alterações psicológicas observadas nas vítimas

de trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial, foi aceito por ser considerado um termo

de caserna pelas vitimas, devido à correlação direta entre a condição física e a lesão

explosiva/concussão30 consequência de impactos ou compressões por liberação de grande

energia. Por outro lado, os termos neurose de guerra e psiconeurose possuem uma

conotação negativa intrínseca, pois a denominação pressupõe a existência de uma doença

ou distúrbio mental. As vítimas, seus parceiros, e a sociedade não consideram estes

termos aceitáveis ou próprios de um militar, repercutindo negativamente nos indivíduos e

nas unidades.

[...] ―how to convince a romantic officer corps that shell shock reflected the reaction of normal men to abnormal circumstances, rather than lack of

30

Concussão - presença de sintomas neurológicos sem lesão identificada, mas com danos microscópicos,

reversíveis ou não. Podem ocorrer perda da consciência, prejuízo da memória, cefaléia, náuseas e vômitos, distúrbios visuais e da movimentação dos olhos.

Page 39: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

38

character‖. Citação de Rivers que reflete os primórdios do estigma negativo atrelados aos indivíduos vitimas do estresse de combate‖. (RIVERS, 1918)

W. H. Rivers, psiquiatra britânico, estudou o fenômeno do shell shock,

durante a Primeira Guerra Mundial e apresentou, em 1917, um trabalho na Royal

School of Medicine. Nesse trabalho publicado na revista Lancet em 1918, descreveu

um tipo de neurose apresentada por soldados a qual atribuiu a uma forma de

repressão, semelhante aos mecanismos psicológicos ao que a maioria dos

profissionais de saúde hoje chamariam de dissociação. Ele argumentou que os

soldados sob estresse intenso, tentariam apagar da memória as lembranças dos

estímulos adversos da guerra. No entanto, o que fez o trabalho de Rivers tão

importante é que ele foi capaz de descrever vários casos em que houve sucesso na

melhora dos sintomas. Foi a partir deste ponto que a área de intervenção às vitimas

do estresse de combate realmente começou a ganhar impulso.

Em 1999 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América do

Norte (U.S. DoD), determinou o uso do termo Reações de Combate ao Estresse

(Combat Stress Reaction – CSR) para essas manifestações que incluem uma

diversidade de sintomas, tais como: ansiedade, medo, insônia, depressão, sonhos

de repetição, afastamento do convívio social, ideação suicida, uso abusivo de álcool

ou de outras drogas. No entanto, com base no argumento de que os militares são

tão vulneráveis às reações ao estresse durante operações de paz quanto durante o

combate, a denominação foi alterada para Reações ao Estresse de Combate e

Operacional (Combat and Operational Stress Reaction – COSR). A inclusão do

termo, operacional, torna mais claro que sintomas e sequelas semelhantes podem

ocorrer na ausência de combate durante, por exemplo, as operações de apoio à paz,

missões de assistência humanitária, exercícios extenuantes de campo, e mesmo

guarnição sob estresse, como na preparação para uma inspeção importante

(MOORE; REGER, 2007; MORAES, 2008).

Campos de batalha lineares não são suscetíveis de ressurgir e tropas de

apoio, participando em missões táticas, são muitas vezes instalados conjuntamente

com soldados de infantaria. Assim, os tipos de operações – sustentadas ou

contínuas –, a duração, a constância da exposição a altos níveis de estresse e a

qualidade do repouso e do sono desempenham um papel importante na reação dos

soldados para o estresse operacional e de combate.

Page 40: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

39

4.1 OPERAÇÕES DE PAZ

Conforme anteriormente explanado, as operações de manutenção da paz

compartilham muitos fatores de estresse com a guerra, porém com um grau menor

de risco de fogo inimigo, morte ou danos pessoais. No entanto, certos fatores de

estresse, como falta de definição clara das responsabilidades ou tédio, podem ser

mais problemáticos em missões humanitárias ou de manutenção da paz do que em

missões de combate. Os fatores estressores preponderantes tendem a variar de

missão a missão, conforme as circunstâncias.

No Quadro 2, encontram-se os resultados de estudos, realizados na década

de 1990, sobre os diferentes tipos de fatores de estresse, enfrentadas pelos militares

dos EUA, em operações de paz. As pesquisas, conduzidas pelo Walter Reed

Institute 31, mostram que os fatores de estresse mais comumente relatados para

todas aquelas realizadas na década de 1990 (Haiti, Bósnia, Somália, Kuwait), são os

mesmos, e estão listados em ordem aproximada de importância.

Classe de Estressor

Estressor FONTE

Manutenção da paz

/Combate

Estar longe de casa ou família Incerteza da data de retorno Falta de saneamento básico e de privacidade Falta de tempo livre Muito tempo de trabalho Ambiente (calor, insetos etc.) Medo da doença Falta de sono Problemas com cônjuge ou filhos Questões financeiras em casa

Halverson et al. (1995)

Campbell et al. (1998)

Combate

Ser emboscado ou atacado Ficar sob fogo hostil Matar combatente inimigo Manipulação de restos humanos Conhecer alguém que foi ferido ser ferido

Hoge et al. (2004)

Adler, Vaitkus e Martin (1996)

McCarroll, Ursano, e Fullerton(1993)

Confronto direto com o inimigo - entrar em combate corpo a corpo Presença de alteração inimiga Civis no campo de batalha Obstáculos escondidos Alta incidência de perdas Tiroteio intenso – fogo pesado

Helmus e Glenn (2005)

Separação Estar longe de casa ou da família

Halverson et al. (1995) Campbell et al. (1998) Kelley et al. (2001) Hosek e Totten (2002)

Quadro 2 - Resumo dos diferentes tipos de estressores enfrentados por militares.

31

Walter Reed Institute of Research - Realiza pesquisa biomédica conforme as necessidades do DoD e da U.S. Army e desenvolvem produtos de proteção à vida, incluindo o conhecimento, tecnologia e o material médico que sustentam a capacidade do combatente.

Page 41: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

40

Fonte: Kavanagh, (2005).

No caso da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti

(MINUSTAH, 2013), as condições de vida foram os principais fatores relacionados ao

estresse (KAVANAGH, 2005). Existia pouca preocupação em ser morto, mas quase

75% tinham medo de contrair algum tipo de doença e 84% do pessoal relatou a falta de

saneamento como um estressor (CAMPBELL et al., 1998; HALVERSON et al., 1995).

A linha divisória entre esses diferentes eventos é difícil de ser traçada, já que

muitas vezes, a exemplo da MINUSTAH, os fatores estressores podem incluir

elementos estressores de ambos os tipos. Podemos citar, entre outros, carência de

sono, condições inóspitas, risco de doenças/epidemias, tédio, ambiente de tensão. O

risco de vida e/ou ferimentos, a si próprio ou de componentes da tropa, embora mais

iminente nas missões de combate, também está presente nas operações de paz,

devido ao risco potencial de ataque inimigo e, adicionalmente, outros tipos de

estressores como os decorrentes da separação da família e amigos por tempo longo e

incerto. Esta classe de evento produz efeitos emocionais, financeiros e de segurança

no núcleo familiar como um todo, provocando tensões nos relacionamentos. Além do

exposto, não podemos esquecer que as necessidades da missão compreendem

prazos curtos, grandes esforços de manutenção, treinamento e logística.

A experiência de combate é um dos estressores que podem ocasionar TEPT

conforme foi observado na maioria das populações de veteranos estudados,

incluindo aqueles que serviram na II Guerra Mundial, Guerra da Coréia, em conflitos

do Golfo Pérsico e em missões de Paz da ONU. Um estudo dos veteranos da

Guerra do Vietnam, acompanhados por 15 anos após o fim da guerra constatou uma

incidência de 15% TEPT (SCHLENGER et al., 1992). As taxas para outros conflitos

são mais baixas. Hoge et al. (2004) encontrou uma incidência de TEPT em

veteranos da Guerra do Golfo estimada entre 2 e 10%.

A gravidade da resposta ao estresse parece estar relacionada com o tipo, a

duração e a magnitude do estressor. Adler, Vaitkus e Martin (1996) observaram que a

maior incidência de sintomas de TEPT entre os veteranos da Operação Tempestade

no Deserto ocorreu naqueles que testemunharam baixas americanas. No estudo de

McCarroll, Ursano e Fullerton (1993) também ficou evidente a relação entre o nível de

exposição ao estresse e a sintomatologia da TEPT, significativamente mais

exuberante e grave nos soldados que manipularam restos humanos.

Page 42: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

41

Como mencionado anteriormente, o estresse associado com a missão de

manutenção da paz também pode ser grave. Litz et al. (1997b) estudaram as taxas de

TEPT e a exposição ao estresse do pessoal militar que serviu em uma missão de paz na

Somália. Eles encontram uma taxa de prevalência para a amostra (homens e mulheres)

de 8%, comparável à encontrada para os veteranos da guerra do Golfo, a despeito da

missão da Somália ter sido uma missão de manutenção da paz. Os autores teorizam:

...operações de manutenção da paz sob condições perigosas podem representar uma classe exclusiva de experiências potencialmente traumatizantes, não suficientemente percebidas pela exposição de zona de guerra tradicionais [...] É possível que tanto a experiência de zona de guerra quanto a frustração com a imposição da paz estejam implicados nas respostas da TEPT devido a natureza incontrolável e imprevisível da

manutenção da paz (LITZ et al. 1997b)32

.

Hoge et al. (2004) constatam que soldados inseridos em missões no

Afeganistão e no Iraque apresentavam níveis significativamente mais elevados de

transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão e TEPT, do que aqueles que

não foram. Além disso, a incidência de doenças mentais era muito maior naqueles

que haviam participado das duas missões do que naqueles que só tinham ido para o

Afeganistão. Os autores utilizaram um estudo do − Department of Veterans Affairs

National Center for PTSD Checklist 33 − para identificar aqueles que preenchiam os

critérios para TEPT. Segundo análise do estudo, no grupo de retorno da missão do

Afeganistão, 11,5% dos entrevistados satisfaziam os critérios para TEPT; a

incidência de sintomas de TEPT nos militares de unidades do exército era de 18,0%;

enquanto para os Marines era de 19,9%. No entanto, é importante ressaltar que em

uma pesquisa realizada antes da missão, a linha de base teve incidência de 9,4% de

sintomas de TEPT, de acordo com a definição utilizada no estudo. A mudança na

pontuação de TEPT, embora varie em apenas 2 a 10%, foi considerada significativa,

p < 0,05 para o grupo do Afeganistão e p < 0.01 para os dois grupos do Iraque.

Estes resultados sugerem que as operações de combate e experiências nas

missões levaram a um aumento de doenças mentais entre militares; mas também

32

―peacekeeping operations under perilous conditions may represent a unique class of potentially traumatizing experiences not sufficiently captured by traditional war zone exposure.... It could be that both war zone exposure and frustration with peace enforcement are most implicated in TEPT responses because of the uncontrollable and unpredictable nature of peacekeeping‖. Tradução livre do autor. 33

Lista de verificação de TEPT do Centro Nacional do Departamento de Assuntos dos Veteranos.

Page 43: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

42

que este aumento pode ser menor do que alguns especialistas prevêem.

4.2 EFEITOS DO ESTRESSE NO DESEMPENHO, TOMADA DE DECISÕES,

PERCEPÇÃO E COGNIÇÃO

As manifestações fisiológicas do estresse são bastante conhecidas por

serem de mais fácil reconhecimento, já seus efeitos no desempenho são

diversificados e incluem reações físicas e cognitivas. As consequências funcionais

do estresse fazem-se sentir principalmente na tomada de decisões individual e em

grupo, na percepção e na cognição individuais, na satisfação e no retorno das

perspectivas no trabalho e são particularmente importantes no contexto militar.

Embora grande parte da investigação sobre a relação entre estresse e

funcionamento incida sobre os efeitos negativos do estresse no desempenho, nem

todo estresse é ruim. Na verdade é uma parte necessária da vida e à níveis

moderados, o estresse, realmente pode melhorar o desempenho individual.

A teoria da curva em U invertido do mecanismo homeostático é a correlação

mais usada para estresse e desempenho – o desempenho é ideal em níveis

moderados de estresse e nos níveis extremos, o desempenho diminui – está embasada

em experimentos de Scott Jr., (1966), Srivastava e Krishna, (1991), Selye, (1975),

McGrath, (1976) e confirmada pelas pesquisas de Sanders (1983) e Gaillard e Steyvers

(1989). Entretanto, Jamal (1985) argumenta que estresse em qualquer nível reduz o

desempenho por consumir energia, concentração e tempo do indivíduo, enquanto

Vroom (1964) sugere que respostas fisiológicas causadas por fatores de estresse

prejudicam o desempenho. Alguns psicólogos, como Meglino (1977) sugerem uma

relação linear positiva entre estresse e desempenho com o argumento de que em

baixos níveis de estresse o desempenho é pobre devido à ausência de desafio, neste

modelo o desempenho ideal correlaciona-se com o mais alto nível de estresse.

Estresse pode afetar o processo de tomada de decisão, diminuindo a

capacidade do individuo de decidir com eficácia. Easterbrook (1959) propôs a

exposição a fatores de estresse podem levar indivíduos à "estreitamento perceptual"

– alteração da capacidade de perceber/manter a atenção às pistas ou estímulos – o

que poderia contribuir para o comprometimento do seu comportamento ou decisão.

Os estímulos periféricos seriam os primeiros a serem ignorados. Modelos de tomada

de decisão, apóiam esta hipótese e sugerem que sob estresse, indivíduos podem

Page 44: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

43

tomar decisões com base em informações/suposições incompletas ou distorcidas

por deixar de considerar todas as alternativas disponíveis e ignorar as

consequências em longo prazo. Staw, Sandelands e Dutton (1981) sugerem que

pode ocorrer rigidez de desempenho como resultado do comportamento de procura

reduzida, confiando em um percentual menor de indicadores para tomar decisões.

O estresse também pode contribuir para diminuir o desempenho, por retardar

a cognição e o processamento de informações individuais. Wallsten (1980) observou

que nos processos de tomada de decisão sob pressão de tempo os indivíduos tendem

a focar sua atenção apenas em algumas pistas importantes. De acordo com pesquisa

realizada por Shaham, Singer e Schaeffer (1992), os indivíduos são mais propensos a

usar heurística34 quando são confrontados com fatores de estresse externos. Klein

(1996) concorda com esta propensão e acrescenta ao uso da heurística, outras

estratégias de tomada de decisão simplificada. Acredita, porém, que ao contrário de

reduzir a qualidade das decisões individuais, o uso de heurística pode permitir uma

resposta mais rápida às demandas externas e auxiliar na formulação de juízos

eficazes sob ação de alguns tipos de fatores de estresse ou com informações apenas

parciais. McLeod (1977) estudou o estresse sob a forma de "sobrecarga de tarefas‖ –

execução de mais de uma tarefa em um tempo restrito – e concluiu que a adição de

várias tarefas reduz a qualidade do desempenho individual e aumenta a dimensão do

decréscimo do desempenho quando comparado com a existência de apenas uma

tarefa para executar.

Larsen (2001) analisou os efeitos da privação de sono na percepção individual,

julgamento e tomada de decisão em uma amostra de militares noruegueses, privados

de sono, matriculados em um curso de treinamento de combate. Concluiu que, de

forma semelhante a outros tipos de fatores de estresse, privação do sono pode reduzir

a capacidade individual de analisar situações complexas e tomar decisões eficazes. Por

outro lado, torna os indivíduos mais propensos a obedecer às ordens sem pensar e a

ignorar sinais da ocorrência de algo incomum.

É importante ressaltar que os efeitos do estresse no funcionamento do

grupo são tão relevantes para a eficácia militar, quanto o desempenho individual.

Bowers, Weaver e Morgan (1996) argumentam que fatores de estresse, no nível de

34

Heurística - Regras gerais ou orientações com base na experiência do passado que são usadas para ajudar na tomada de decisões.

Page 45: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

44

grupo, podem envolver qualquer influência do grupo sobre o indivíduo, podendo

induzir ao aumento da tensão ou diminuição da efetividade, como no caso de

competição ou embate entre seus membros. O processo de tomada de decisões do

grupo podem também ser afetado e mais importante ainda, Driskell, Carson e

Moskal (1986) observaram que indivíduos, quando submetidos a condições

estressantes, são mais propensos a ceder o controle a seus parceiros ou superiores,

reforçando a hierarquia e centralizando a autoridade. Além disso, a comunicação

dentro do grupo pode ser comprometida por diminuição da percepção. Desta forma,

podem-se considerar os efeitos do estresse no grupo mais significativos do que no

indivíduo. De acordo com Janis e Mann (1977), o estresse pode levar a

"pensamento de grupo", em que os membros do grupo podem ignorar importantes

evidências, forçar todos os membros a obedecerem ou respeitarem a opinião de

consenso e mesmo racionalizar decisões pouco importantes.

4.3 ESTRESSE, SATISFAÇÃO PROFISSIONAL, ―TURNOUVER”

As Pesquisas também sugerem que níveis moderados de estresse podem

ter efeitos positivos sobre a satisfação profissional e o compromisso organizacional,

reduzindo o turnouver. Zivnuska, Kiewitz e Hochwarter (2002) correlacionam níveis

mais altos de satisfação no trabalho a níveis moderados de estresse e não aos

níveis extremos, apresentando uma relação não linear do estresse com a intenção

de rotatividade, a realização e a satisfação no trabalho, estatisticamente significativa.

Estes resultados sugerem que a intenção de rotatividade aumenta com tensão no

trabalho, enquanto o valor agregado do trabalho e a realização profissional

diminuem a tensão. Este efeito pode ser explicado pela percepção do estresse

moderado como estimulante e desafiador, sem ser insuportável. Estes resultados

são apoiados pelo trabalho de Milgram, Orenstein e Zafrir (1989), que ao analisarem

os efeitos do estresse em um grupo de soldados israelenses, observaram que níveis

moderados de estresse promovem no grupo, maior cooperação, compromisso e

moral elevado, o que pode contribuir para o desempenho eficaz do grupo. Segundo

esses autores, quando os níveis de estresse ficam abaixo do nível "ideal", o endosso

individual às metas oficiais militares, o moral da unidade militar e a lealdade à

unidade também diminuem.

Juntos, estes estudos sugerem que, embora o estresse geralmente possua

Page 46: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

45

uma conotação negativa na linguagem popular, existem formas positivas e úteis que

podem contribuir ao indivíduo e ao grupo capacidade e realização. Este tipo de

estresse é particularmente importante para o pessoal militar nas OP, onde certo

nível de estresse pode ajudar na manutenção da prudência e na redução do tédio.

4.4 EFEITOS À LONGO PRAZO DO ESTRESSE

Embora a exposição a algum nível de estresse possa ajudar no desempenho

individual, os efeitos da exposição prolongada ao estresse tendem a ser negativos,

de acordo com a maioria das pesquisas. Entre as varias possibilidades negativas

esta a síndrome de Bournot 35 . A exposição prolongada a fatores de estresse

também pode ter outros efeitos negativos. Cropanzano, Rapp e Bryne (2003) acham

que a exposição prolongada a elevados níveis de estresse pode levar à exaustão

emocional, degradar o compromisso organizacional e aumentar a intenção de deixar

a organização. De acordo com Seymour e Black (2002), o estresse crônico também

pode levar a problemas físicos, incluindo doença cardiovascular, dores musculares,

problemas estomacais e intestinais, diminuição da fertilidade e deficiência do

sistema imunológico. Além de sentimentos de raiva, ansiedade, fadiga, depressão e

problemas de sono. Essa exposição prolongada a níveis elevados de estresse ou

uma única exposição a evento crítico pode desencadear o Transtorno de Estresse

Pós-Traumático, doença psiquiátrica reacional potencialmente capaz de interferir

com a iteratividade.

35

No contexto da psicologia, pode ser definido como uma síndrome multidimensional formada por exaustão emocional e esgotamento, sentimentos de cinismo, de distanciamento, de ineficiência e reduzida realização pessoal no trabalho (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER, 2001). É a maneira encontrada pelo organismo, de enfrentar, mesmo que de forma inadequada, a cronificação do estresse ocupacional. Sobrevêm quando falham outras estratégias para lidar com o estresse.

Page 47: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

46

5 DOENÇAS RELACIONADAS / ASSOCIADAS AO ESTRESSE DE COMBATE

Conforme anteriormente relatado uma vasta gama de alterações podem ser

correlacionadas com o estresse. Consistente com o impacto fisiológico do trauma

psicológico, a exposição à estressores ambientais relevantes, exibe aumento da taxa de

utilização de cuidados de saúde e das comorbidades médica após estas exposições.

Boscarino (2004), demonstrou que a exposição à riscos psicológicos graves,

como ocorre durante grandes catástrofes, operações de combate, e outros eventos

com risco de vida, podem resultar em trauma psicológico de longo prazo e

alterações da saúde mental. Embora o nível de exposição à eventos traumáticos

esteja comumente associado ao impacto psicológico, outros fatores de risco também

estão envolvidos. As pesquisas sugerem uma maior vulnerabilidade para o TEPT

entre aqueles com um histórico de doenças mentais, abuso infantil, ou trauma

anterior e ainda fatores demográficos, socioeconômicos e étnicos. Identificou ainda o

papel positivo do suporte social, tanto como fator protetor quanto como influencia

eficaz no tratamento do TEPT. Assim, o grau de exposição, variáveis sociais, história

individual além de outros fatores parecem ter papel significativo para determinar o

impacto de eventos traumáticos na saúde mental. Atualmente, o papel da genética

tem sido reconhecido como fator importante. Vários componentes genéticos foram

identificados e podem explicar a vulnerabilidade para TEPT. Estes incluem

patamares biológicos que envolvem o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o locus

coeruleus e os sistemas noradrenérgico e límbico (BOSCARINO et al., 2013).

A avaliação do estado de saúde dos veteranos do Vietnã, no pós-guerra,

mostrou que os veteranos TEPT-positivos apresentavam taxas substancialmente

mais elevadas (50-150% maior) para muitas das principais doenças crônicas,

incluindo as dos sistemas nervoso, circulatório e digestivo e as doenças

musculoesqueléticas e respiratórias. Evidências ligando a exposição ao estresse

traumático e doença cardiovascular, estão convincentemente apoiada por vários

estudos epidemiológicos. Além disso, os veteranos TEPT-positivos também

apresentaram alterações na contagem de glóbulos brancos ( > 11.000 / mm3) e de

células T (> 2.640 / mm³). Em resumo, as evidências clínica e epidemiológica

apóiam a ligação entre a exposição ao trauma psicológico e TEPT e o aparecimento

de doenças crônicas, particularmente a doença cardiovascular.

Page 48: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

47

5.1 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

Conforme mencionado anteriormente, a exposição prolongada a elevados

níveis de estresse ou uma única exposição a um evento crítico, pode levar ao

Transtorno de Estresse Pós-Traumático, uma doença psiquiátrica que pode interferir

com eventos da vida.

Em 1980, o diagnóstico de TEPT foi formalmente introduzido no Manual de

Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 3ª Edição (MANUAL... DSM-III,

1980), da Associação Americana de Psiquiatria (APA). Inicialmente a maior parte

dos estudos concentrou-se em avaliar sua presença em veteranos de guerra,

especialmente os da guerra do Vietnã. Mais recentemente, o interesse pelos efeitos

de uma experiência traumática sobre o comportamento humano estendeu-se para

outros traumas, como os causados por desastres naturais, violência ou acidentes

graves. Esses estudos ampliaram a compreensão dos fatores envolvidos no

transtorno, bem como a formulação de diferentes hipóteses etiológicas. Entretanto,

ainda restam dúvidas conceituais e diagnósticas que só recentemente começaram a

ser respondidas. A questão referente ao motivo por que determinadas pessoas,

depois de passar por uma experiência traumática, desenvolvem o transtorno e

outras não, ainda está em estudo. Por isso, tornou-se tarefa importante, nos

diferentes estudos, identificar o mais precocemente possível a presença de sintomas

críticos, características individuais ou tipos de trauma que aumentem a probabilidade

de desenvolver o transtorno (SHALEV, 1997).

Atualmente a variada sintomatologia do TEPT bem como seus critérios

diagnósticos estão listados no Manual Diagnóstico e Estatístico da APA DSM-IV

(Quadro 3), porém nem todos os indivíduos que experimentam estresse extremo

desenvolverão TEPT.

Os fatores de suscetibilidade individuais ao TEPT incluem o tipo de estressor,

a genética, a falta de apoio social ou a coexistência de outras doenças mentais ou

físicas (GREEN et al., 1990; ADLER, VAITKUS e MARTIN, 1996). Segundo Kaplan

(1997) a prevalência no período de vida do TEPT está estimada em 1 a 3% da

população geral, embora 5 a 15% possam apresentar formas subclínicas (menos

características) do transtorno. Estudos de indivíduos de risco (por ex., veteranos de

guerra, vítimas de desastres naturais como p.ex. erupções vulcânicas ou violência

criminal) apresentam taxas de prevalência variando de 3 a 58%.

Page 49: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

48

Quadro 3 - Critérios Diagnósticos para F43.1 - 309.81 Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Fonte: Manual de Estatística e Diagnóstica dos Transtornos Mentais - quarta edição texto revisado (MANUAL... DSM-IV, 2002).

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode ocorrer em qualquer idade,

incluindo a infância. Os sintomas em geral se iniciam nos primeiros 3 meses após o

trauma, embora possa haver um lapso de meses ou mesmo anos antes do seu

aparecimento. Frequentemente, as alterações iniciais satisfazem os critérios para

Transtorno de Estresse Agudo imediatamente após o trauma. Os sintomas do

transtorno e o relativo predomínio da reexperiência, esquiva e sintomas de

Evento

A. Exposição a um evento traumático no qual os seguintes quesitos estiveram presentes:

A.1 A pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, própria ou de outros;

A.2 A resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror

B. O evento traumático é persistentemente revivido em uma (ou mais) das seguintes maneiras:

B.1 Recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas do evento, incluindo imagens, pensamentos ou percepções.

B.2 Sonhos aflitivos e recorrentes com o evento

B.3 Agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente (inclui um sentimento de revivência da experiência, ilusões, alucinações e episódios de flashbacks dissociativos, inclusive aqueles que ocorrem ao despertar ou quando intoxicado).

B.4 Sofrimento psicológico intenso quando da exposição a indícios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento traumático;

B.5 Reatividade fisiológica na exposição a indícios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento traumático.

C Esquiva persistente de estímulos associados com o trauma e entorpecimento da responsividade geral (não presente antes do trauma), indicados por três (ou mais) dos seguintes quesitos:

C.1 Esforços no sentido de evitar pensamentos, sentimentos ou conversas associadas com o trauma;

C.2 Esforço no sentido de evitar atividades, locais ou pessoas que ativem recordações do trauma;

C.3 Incapacidade de recordar algum aspecto importante do trauma;

C.4 Redução acentuada do interesse ou da participação em atividades anteriormente prazerosas;

C.5 Sensação de distanciamento ou afastamento em relação a outras pessoas;

C.6 Faixa de afeto e emoções restrita (incapacidade de ter sentimentos de carinho, especialmente aquelas associadas com intimidade, ternura e sexualidade);

C.7 Sentimento de um futuro abreviado (por ex., não espera ter uma carreira profissional, casamento, filhos ou um período normal de vida).

D Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada (não presentes antes do trauma), indicados por dois (ou mais) dos seguintes quesitos:

D.1 Dificuldade em conciliar ou manter o sono, possivelmente devido a pesadelos recorrentes durante os quais o evento traumático é revivido.

D.2 Irritabilidade ou surtos de raiva

D.3 Dificuldade em concentrar-se ou completar tarefas.

D.4 Hipervigilância.

D.5 Resposta de sobressalto exagerada. Duração da perturbação (sintomas dos Critérios B, C e D) é superior a 1 mês. Perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Especificar se: Agudo: duração dos sintomas é inferior a 3 meses. Crônico: duração dos sintomas é de 3 meses ou mais. Com Início Tardio: se o início dos sintomas ocorre pelo menos 6 meses após o estressor.

Page 50: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

49

hiperexcitação podem variar com o tempo. Cerca de metade dos casos se recupera

em aproximadamente 3 meses, enquanto muitos apresentam sintomas persistentes

por mais de 12 meses após o trauma.

A gravidade, duração e a exposição de um indivíduo ao evento traumático são

os fatores mais importantes afetando a probabilidade de desenvolvimento deste

transtorno. Existem evidências de que os suportes sociais, história familiar, experiências

da infância, variáveis da personalidade e transtornos mentais preexistentes podem

influenciar o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

O TEPT pode ser especificado de acordo com o início e a duração dos

sintomas em: AGUDO – Usado quando a duração dos sintomas é inferior a 3

meses. CRÔNICO – Usado quando os sintomas duram 3 meses ou mais. INÍCIO

TARDIO – Indica que pelo menos 6 meses decorreram entre o evento traumático e o

início dos sintomas.

5.2 TRANSTORNO DE ESTRESSE AGUDO

Sua característica essencial é o desenvolvimento de uma ansiedade

característica ou excitabilidade aumentada, sintomas dissociativos e outros. Possui

duração de pelo menos 2 dias e não persiste além de 4 semanas após o evento

traumático. Apresenta pelo menos três dos seguintes sintomas dissociativos:

sentimento subjetivo de anestesia, distanciamento ou ausência de resposta

emocional; redução da consciência sobre aquilo que o cerca; desrealização;

despersonalização ou amnésia dissociativa. O indivíduo revive o evento traumático,

e paradoxalmente foge de estímulos que podem ativar recordações do trauma e tem

sintomas acentuados de ansiedade Os sintomas podem causar sofrimento

clinicamente significativo, interferir no funcionamento normal, e na capacidade de

realizar tarefas necessárias. Os indivíduos com Transtorno de Estresse Agudo

apresentam uma redução de responsividade emocional, frequentemente

considerando difícil ou impossível ter prazer em atividades anteriormente

agradáveis, e com frequência se sentem culpados acerca de realizarem tarefas

habituais em suas vidas. Os critérios diagnósticos da DSM – IV para Transtorno do

Estresse Agudo estão listados abaixo (Quadro 4).

Page 51: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

50

Critério Evento

A. Exposição a um evento traumático no qual ambos os seguintes quesitos estiveram presentes:

A.1 A pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram morte ou sérios ferimentos, reais ou ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, própria ou de outros;

A.2 A resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror;

B. Enquanto vivenciava ou após vivenciar o evento aflitivo, o indivíduo tem três (ou mais) dos seguintes sintomas dissociativos:

B.1 Sentimento subjetivo de anestesia, distanciamento ou ausência de resposta emocional;

B.2 Redução da consciência quanto às coisas que o rodeiam – por exemplo: "estar como num sonho";

B.3 Desrealização;

B.4 Despersonalização;

B.5 Amnésia dissociativa – incapacidade de recordar um aspecto importante do trauma.

C

O evento traumático é persistentemente revivido no mínimo de uma das seguintes maneiras: imagens, pensamentos, sonhos, ilusões e episódios de flashback recorrentes, uma sensação de reviver a experiência, ou sofrimento quando da exposição a lembretes do evento traumático.

D Acentuada esquiva de estímulos que provocam recordações do trauma (p. ex. pensamentos, sentimentos, conversas, atividades, locais e pessoas).

E Sintomas acentuados de ansiedade ou maior excitabilidade (p. ex. dificuldade para dormir, irritabilidade, fraca concentração, hipervigilância, resposta de sobressalto exagerada, inquietação motora).

F

A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo e prejudica sua capacidade de realizar alguma tarefa necessária, tal como obter o auxílio necessário ou mobilizar recursos pessoais, contando aos membros da família acerca da experiência traumática.

G A perturbação tem duração mínima de 2 dias e máxima de 4 semanas, e ocorre dentro de 4 semanas após o evento traumático.

H

A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p. ex. droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral, não é melhor explicada por um Transtorno Psicótico Breve, nem representa uma mera exacerbação de um transtorno preexistente do Eixo I ou Eixo II.

Quadro 4 - Critérios Diagnósticos para F43.0 - 308.3 Transtorno de Estresse Agudo. Fonte: Manual de Estatística e Diagnóstica dos Transtornos Mentais, quarta edição e texto revisado. (MANUAL ... DSM-IV, 2002).

5.3 COMORBIDADES

Diferentes estudos demonstram elevadas taxas de comorbidade

relacionadas com TEPT e apontam a hereditariedade como um fator de

predisposição, bem como a existência de vulnerabilidade genética compartilhada

com outras alterações de ansiedade e depressão. História familiar de doenças

psiquiátricas, doença psiquiátrica pré-existente, principalmente os transtornos de

conduta, depressão maior e dependência à nicotina também aumentam o risco de

desenvolver TEPT. Ao mesmo tempo o próprio Transtorno de Estresse Pós

Traumático aumenta o risco de desenvolver depressão maior bem como

Page 52: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

51

dependência ao álcool, drogas e nicotina. A incidência de outras alterações

psiquiátricas não é maior que na população em geral que sofre experiência

traumática e não desenvolve TEPT. Tem sido proposto que o TEPT e suas

comorbidades devam ser entendidos como um ―complexo efeito somático-

cognitivoafetivo-comportamental de um trauma psicológico‖.

De acordo com Margis (2003), estudos visando analisar tanto indivíduos em

tratamento como a população em geral, documentam uma elevada taxa de

comorbidade psiquiátrica entre os indivíduos com TEPT. Tais estudos constataram

que aproximadamente 80% dos pacientes com TEPT apresentavam outro

diagnóstico psiquiátrico, comparado com 30% a 44,3% dos indivíduos sem TEPT.

Zlotnick et al. (2001), estudaram as possíveis diferenças quanto as manifestações

clínicas do TEPT em relação ao gênero, em uma amostra de 138 pacientes

ambulatoriais com TEPT. Nessa amostra observou apenas uma maior frequência

entre o gênero masculino para preencher os critérios para transtorno por uso de

substâncias psicoativas ou transtorno de personalidade anti-social, sem outras

diferenças quanto ao gênero para outros tipos de transtornos, nem para o número

de transtornos comórbidos.

Estudos realizados por Kessler et al. (1995), demonstraram que

aproximadamente 16% dos indivíduos com TEPT apresentam outro diagnóstico

psiquiátrico; cerca de 17% têm dois outros, e até 50% apresentam três ou mais

diagnósticos psiquiátricos, além do TEPT. Constataram, ainda, que o TEPT

geralmente precede o transtorno afetivo comórbido ou o transtorno por uso de

substâncias psicoativas comórbido e que em mulheres, o TEPT mais

frequentemente precede transtornos de conduta (KESSLER et al., 1995).

A análise de dados oriundos do ―Millennium Cohort Study‖36 em um estudo

com 77.047 militares norte-americanos entre 2001 e 2003, sugerem que a missão

está associada a uma maior incidência de tabagismo (início e recidiva) quando

comparado ao civis da mesmo sexo e faixa etária – prevalência: 40% X 20% –

principalmente nas missões mais longas, repetição de comissão ou exposição à

combate. Combate tem sido associado a outros fatores de risco cardiovasculares.

Uma grande análise retrospectiva dos fatores de risco cardiovasculares em

36

O Millennium Cohort Study é um projeto recomendado pelo Congresso e patrocinado pelo Departamento de Defesa (Department of Defense of US – DoD – Center for Deployment Health Research). Disponivel em:

<http://www.millenniumcohort.org>. Acesso em: 9 set. 2013.

Page 53: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

52

veteranos com diagnósticos comórbidos em saúde mental encontrou índices

elevados de fatores reversíveis de risco cardiovascular, incluindo o uso do tabaco,

hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade e diabetes. Outro estudo transversal

demonstrou uma maior carga de doenças clinicas co-mórbidas em homens e

mulheres com transtornos de estresse pós-traumático (TEPT), em comparação com

aqueles sem problemas de saúde mental. Em estudo com veteranos, a dor crônica é

prevalente – 47% dor leve, 28% dor moderada a severa – enquanto em outro estudo

com 429 veteranos observou-se a incidência de 29% dos pacientes com diagnóstico

positivo para a dor crônica generalizada. Quando presente, a dor crônica foi relacionada

à função física deteriorada e frequentemente como comorbidade tanto para TEPT

quanto para sintomas persistentes pós-concussão. Resumindo, missão e combate têm

impactos imediatos e significativos na saúde, incluindo lesão, doença clinica, e aumenta

os fatores de risco de doenças crônicas, que podem persistir ao longo da vida e

contribuir para um encargo crescente na saúde pública (SPELMAN et al. 2012).

Page 54: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

53

6 MODERADORES E ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR OS EFEITOS NEGATIVOS

DO ESTRESSE

Conforme visto anteriormente, moderador é uma variável que intervém na

relação causal entre outras duas variáveis, geralmente reduzindo o efeito causal do

fato estressor. Nesta relação estresse-estressor-desempenho os moderadores

podem interferir reduzindo as respostas fisiológicas ao estressor ou os efeitos do

estresse no desempenho. No entanto, é importante observar que embora os

moderadores geralmente reduzam o efeito de uma variável sobre a outra, no caso

estresse e de seu efeito sobre o desempenho, o efeito do moderador pode ser de

aumento do desempenho.

6.1 MODERANDO A RELAÇÃO ESTRESSE–ESTRESSOR

A personalidade afeta a magnitude da resposta ao estresse, experimentado pelo

indivíduo, subsequente à exposição ao agente estressor, é um moderador significativo

neste primeiro momento. De acordo com Pearson e Thackray (2007) a personalidade

pode afetar a resposta individual ao estresse de várias maneiras. Em seus estudos

observou que indivíduos com níveis de ansiedade mais elevados, classificados como de

alta reatividade, exibem respostas físicas mais pronunciadas (em termos de frequência

cardíaca) a fatores de estresse. Estes resultados apóiam o argumento de que os

indivíduos com baixa ansiedade são mais capazes de lidar com os efeitos fisiológicos

dos fatores de estresse externos e são mais propensos a experimentar uma melhora de

desempenho com a introdução de determinados fatores de estresse.

O termo ―resiliência‖37 vem sendo utilizado na psicologia e na psiquiatria

desde o final da década de 70, quando um grupo de pesquisadores direcionou sua

atenção para a investigação de crianças capazes de um desenvolvimento cognitivo

normal, apesar da grande exposição a adversidades; as chamadas ―crianças

invulneráveis‖ (invulnerable children) (GARMEZY; STREITMAN, 1974; GARMEZY;

MASTEN; TELLEGEN, 1984). Essa observação marcou uma importante mudança

nas especulações teóricas sobre as causas e consequências das psicopatologias.

Apesar da falta de consenso na literatura, a maioria das definições enfatiza a

37

O termo resiliência tem sua origem na física, onde é utilizado para descrever a capacidade de um material em armazenar energia após sofrer uma pressão e se flexionar elasticamente sem quebrar ou deformar. Pode ainda ser definida de acordo com Bodin e Wiman (2004), como a capacidade de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação critica. Assim pode-se dizer que a resiliência seria semelhante à resposta alostática, ou seja, um processo de manutenção da homeostase.

Page 55: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

54

capacidade de adaptação bem-sucedida diante de um distúrbio, estresse ou

adversidade. Ainda que o termo possua várias aplicações, há um consenso em dois

pontos importantes: (1) a resiliência é melhor conceitualizada como uma habilidade

ou processo do que como um desfecho; e (2) ela também é mais bem definida como

uma adaptabilidade do que como uma estabilidade ou resistência (NORRIS et al.,

2008).

Desse modo, a resiliência pode ser entendida como um processo ligando

um conjunto de capacidades adaptativas a uma trajetória positiva de funcionamento

e adaptação após um evento estressante (VILETE, 2009).

6.2 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS - PERSONALIDADE E RESILIÊNCIA

O estudo dos fatores que contribuem para a resiliência é importante, pois

abre a discussão para a influência das diferenças individuais na resposta a uma

situação adversa e, consequentemente, para os fatores biológicos e/ou

comportamentais que contribuem para essas diferenças. Sabe-se que traços

individuais de personalidade influenciam significativamente no aumento ou na

diminuição da vulnerabilidade ao estresse (DAVIDSON, 2003), tornando difícil

estabelecer descrições universais para as consequências de um determinado evento

estressor (YEHUDA; FLORY, 2007). Uma grande revisão realizada por Korte et al.,

(2005) reforça esse fato ao fornecer argumentos para a teoria que diferentes traços

de personalidade gerariam diferentes tipos de respostas adaptativas à situação

adversa. O fato de um evento adverso não precisar, necessariamente, resultar em

consequências negativas é uma observação extremamente importante do ponto de

vista da saúde, a partir do momento em que a exposição a tais eventos ao longo da

vida está geralmente ligada como, por exemplo, desenvolvimento de psicopatologias

(YEHUDA et al., 2006).

Portanto, o desenvolvimento de psicopatologias ou da resiliência é

influenciado por uma complexa matriz individual de organização biológica e

psicológica, experiências atuais, contexto social, momento dos eventos adversos e a

história de cada indivíduo (CURTIS; CICCHETTI, 2003). Consequentemente, torna-

se importante investigar os correlatos fisiológicos.

Page 56: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

55

6.3 MODERANDO A RELAÇÃO ESTRESSE - DESEMPENHO, AUTOEFICÁCIA,

CONTROLE E INCERTEZA

Os moderadores que interferem na relação de estresse-desempenho,

conforme discutido no capitulo anterior, não impedem a reação fisiológica para um

estressor, mas sim, pelo menos no caso de um moderador útil, permitem que o

indivíduo possa manter um alto nível de desempenho embora existam excitação ou

resposta física ao estressor externo.

De acordo com Jex e Bliese (1999) a autoeficácia38 pode moderar os efeitos

negativos – da sobrecarga do trabalho e das muitas horas de trabalho, compromisso

organizacional e tensão psicológica –, no compromisso organizacional. Entre os

empregados pesquisados, este efeito é menor para os indivíduos com alta

autoeficácia. Assim pode-se dizer que a autoeficácia e a percepção de controle

sobre o ambiente podem reduzir os efeitos negativos do estresse sobre o

desempenho. Glass e Singer (1973) argumentam que informações adicionais podem

servir como um moderador, reduzindo a influência do estresse sobre o desempenho,

por dar uma base melhor para suas decisões e melhorar a precisão de suas

expectativas sobre o que será necessário para o desempenho bem-sucedido ou

eficaz. No entanto, o papel de informações adicionais como um moderador útil às

vezes é contestado. Pesquisas desenvolvidas por Miller e Mangan (1983) e Langer,

Janis e Wolfer (1975), sugerem que informação demasiada pode levar à ansiedade e

maior rigidez de desempenho.

Mas a interpretação poderia ser ao contrário, a informação atuaria até certo

ponto, como um moderador positivo, depois do qual começaria a prejudicar o

desempenho. Wright, Marlowe e Gifford (1996), sugerem que o pessoal militar crê

que receber mais informações reduziria o efeito do estresse sobre seu moral. Esses

autores observam que isso é particularmente verdade para informações

relacionadas com a data de término de uma missão e informações sobre a força do

inimigo. No entanto, incerteza ou falta de controle pode ser um moderador negativo,

que aumenta os efeitos negativos do estresse sobre o desempenho.

De acordo com Leitch (2003), a incerteza pode aumentar os efeitos

38

Autoeficácia é definida como a habilidade individual para completar uma determinada tarefa ou atingir um determinado nível de desempenho (BANDURA, 1994). Locus de controle refere-se a um traço de personalidade que determina a percepção do indivíduo da quantidade de controle que tem sobre sua vida. Locus de controle pode ser interno, ou seja, o indivíduo acredita que ele controla eventos em sua vida, ou externo, o indivíduo acredita que eventos em sua vida é controlado por sorte ou azar (ROTTER, 1966).

Page 57: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

56

negativos do estresse sobre o desempenho de várias maneiras importantes. Em

primeiro lugar, a presença de incerteza exige que o indivíduo passe mais tempo

pensando sobre a resposta adequada e até mesmo se preparando para uma

variedade de resultados possíveis. Isso pode levar a um atraso na ação e até

mesmo a resposta fisiológica adicional já que o organismo é forçado a manter-se

―pronto‖. A incerteza pode levar a desastres ou à construção do pior cenário,

distraindo o indivíduo da tarefa primária. Os estudos do Walter Reed discutidos

anteriormente confirmam que a incerteza é um estressor primário para o pessoal

militar (HALVERSON et al., 1995; CAMPBELL et al., 1998).

6.4 TREINAMENTO

O treinamento como uma forma de reduzir os efeitos do estresse é um dos

moderadores mais estudados e um dos mais eficazes. Além disso, é um moderador

que pode ser desenvolvido, alterado e controlado facilmente, em comparação com

muitos dos moderadores listados anteriormente. Em primeiro lugar, é importante

observar que a formação pode servir como um moderador do tipo 1 ou do tipo 2 —

ou seja, ele pode intervir antes (imediatamente após o estressor) ou após a resposta

ao estresse individual ocorrer.

A maioria das pesquisas sobre os efeitos moderadores da formação centra-se

em um tipo específico de treinamento — treinamento sob estresse — em que o

indivíduo é repetidamente exposto a certo estressor e solicitado a executar uma tarefa

de destino sob esse estressor. Considerando o estresse como um moderador de tipo

1, Driskell e Johnston (1998) propõem que o uso do treinamento sob estresse – p. ex.,

submeter um indivíduo a condições extremas de calor ou iluminação – pode diminuir

gradualmente a resposta fisiológica do indivíduo aos estímulos. O exercício também

pode construir estratégias de enfrentamento que ajudam o indivíduo a moderar os

efeitos do estressor, mesmo uma vez iniciada uma resposta ao estresse. Neste caso,

o treinamento pode reduzir a resposta fisiológica do indivíduo para o estressor.

O treinamento, como um moderador de tipo 2, é capaz de intervir na relação

de estresse-desempenho de várias maneiras. Em primeiro lugar, o treinamento sob

estresse permite a realização de tarefas complexas sob efeito de um estressor

externo. Isso pode levar à maestria na realização de tarefas e permite a construção

de estratégias de manutenção do desempenho sob estresse. Além disso, pode

reduzir algumas incertezas envolvidas em situações estressantes, permitindo a

Page 58: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

57

formação de expectativas mais precisas sobre os efeitos que fatores de estresse

terão em seu desempenho. Por meio do adestramento, também podem aprender

como gerenciar a incerteza e manter altos níveis de desempenho, apesar da

presença do estressor. No quadro a seguir (quadro 5) apresentamos os objetivos e

resultados procurados pelo treinamento sob estresse.

Quadro 5 - Objetivos e resultados do Treinamento sob Estresse. Fonte: Johnston e Cannon-Bowers (1996), p. 227.

Os aspectos do treinamento tanto na construção de competências quanto no

combate ao estresse parecem ter importante papel como moderadores. Friedland e

Keinan (1992) e Johnston e Cannon-Bowers (1996) defendem um adestramento em

fases. Eles sugerem que, habilidade e prática sob estresse, quando combinados,

podem contribuir para melhorar o desempenho sob estresse pela construção de

capacidades de solucionar problemas,

Além disso, Kozlowski (1998) considera que o treinamento simulado é eficaz

na mediação do efeito da resposta de estresse em processos de tomada de

decisões; ele adota um modelo naturalista de tomada de decisão no qual os

indivíduos tomam decisões com base em suas experiências anteriores e

aprendizagem. Como resultado, praticando em um ambiente "real", indivíduos

podem ganhar ferramentas e heurística que irão prepará-los para o desempenho em

Fase 1: Fase 2: Fase 3:

Apresentação de

conhecimentos necessários

Habilidade prática com Feedback

Habilidade prática com fatores de

estresse

Objetivos Conhecimento dos fatores de estresse típicos e reações de estresse

Desenvolvimento de habilidades metacognitivas, comportamentos de enfrentamento positivo e técnicas de relaxamento

Usar habilidades da Fase 2 quando expostos a fatores de estresse

Resultados 1. Maior eficácia percebida em lidar com estresse 2. Conhecimento de estratégias eficazes para lidar com o estresse

1. Desenvolver habilidades cognitivas e resolver problemas 2. Reduzir as atitudes negativas em direção a mesmo 3 fatores de estresse. Reduzidos efeitos fisiológicos de estresse 4. Sucesso no desempenho e desenvolvimento de habilidades de enfrentamento

1. Reduzir ansiedade 2. Maior eficácia 3 Melhor. Desempenho e controle sob estresse 4. Aplicação bem-sucedida de habilidades enquanto expostas a fatores de estresse

NOTA: Esses resultados são embasados por um grande corpo de investigação sobre o efeito do treinamento sobre o relacionamento de estresse-desempenho. Algumas dessas pesquisas são discutidas neste capítulo.

Page 59: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

58

uma situação desafiadora futura. Sugere ainda que os indivíduos sejam capazes de

desenvolver a "capacidade adaptativa" por meio de treinamento, ao adquirirem a capacidade

de aplicar os conhecimentos e as competências auferidas pela formação ou experiência, em

situações mais complexas e desafiadoras. A noção de formação de capacidade adaptativa

tem implicações importantes para instrutores militares e planejadores, já que a natureza das

missões são frequentemente, incertas e objeto de transformação. Os líderes militares devem

tentar criar exercícios de treinamento que enfatizem a adaptação e aprendizagem, bem

como a conclusão de tarefas, para preparar o pessoal para lidar com circunstâncias novas ou

desconhecidas. O treinamento pode agir em muitos pontos durante a carreira de um soldado,

quer para ajudá-lo a controlar suas respostas fisiológicas e psicológicas ao estresse, ou para

manter o desempenho sob estresse.

O treinamento também pode atuar como um moderador para as tensões das

missões de manutenção da paz. Segal, Furukawa e Lindh (1990) em uma análise de

militares constataram que aqueles que participaram de treinamento de manutenção

da paz antes da missão têm expectativas e experiências mais positivas. Ao

comparar com militares que não receberam treinamento de manutenção da paz,

aqueles que o fizeram eram mais capazes de expressar a crença de que a paz seria

interessante, poderia ser realizada sem força e que era um dever da sua unidade, e

ainda houve um aumento significativo na crença de que a missão foi interessante ou

emocionante e uma diminuição da sensação de que a missão foi rotineira. Esta

evidência empírica da melhora da percepção da experiência e atitudes mais

positivas (como resultado das medidas após um estressor — no caso a implantação

da manutenção da paz) resultou, pelo menos em parte, do treinamento de

manutenção da paz, permitindo aos indivíduos expectativas mais precisas e redução

do estresse e ansiedade antes e durante a missão. Essas evidências empíricas para

o impacto positivo de programas de treinamento na redução dos efeitos fisiológicos e

no desempenho do estresse são corroboradas por diversos autores39.

Como um exemplo final, Saunders et al. (1996), em um estudo utilizando

meta-análise40 de 37 estudos, conclui que o adestramento tem sido mostrado como

39

Para mais referências, consulte: Adams (1981); Altmaier e Happ (1985); Deffenbacher e Hahnloser (1981); Finger e Galassi (1977); Mace e Carroll (1985); e Sweeney e Horan (1982). Saunders et al. (1996), fornecem uma lista abrangente de estudos pertinentes. 40

A meta-análise é uma técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados de dois ou mais estudos, sobre uma mesma questão de pesquisa, em uma revisão sistemática da literatura.

.

Page 60: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

59

fator de melhora do desempenho (moderador de tipo 2) e na redução do estado de

ansiedade (moderador de tipo 1). Eles observam que, na sua amostra, o treinamento

sob estresse tem um efeito moderador significativo na melhoria do desempenho e na

redução do estado de ansiedade. Os autores acham que mesmo um único treinamento

pode ser benéfico, há uma relação positiva moderada e significativa entre o número de

sessões de treinamento e o efeito do treinamento na melhora do desempenho e

redução de ansiedade. Além disso, eles entendem que o treino reduz a ansiedade e

melhora o desempenho de indivíduos de alta ansiedade em maior proporção em

relação aos indivíduos com ansiedade normal. Estes achados referem-se à discussão

anterior sobre o papel da personalidade como moderador e sugere que embora os

indivíduos de alta reatividade possam ser mais suscetíveis aos efeitos fisiológicos e

desempenho sob estresse, adestramento pode ser ainda mais eficaz como moderador

para este grupo do que para as pessoas de baixa reatividade. Além disso, este

resultado sugere que os líderes militares podem contar com treinamento para melhorar

o desempenho do pessoal mais ansioso e aqueles particularmente afetados pela

existência de fatores de estresse. Os autores também destacam várias características

do adestramento que podem contribuir para a eficácia do treinamento. Eles observam

que o efeito do treinamento no desempenho é maior quando inclui algum tipo de prática

comportamental, quando o tamanho do grupo é pequeno (não mais de nove pessoas),

e quando a formação ocorre em ambiente natural. Estes resultados indicam que o

treinamento bem estruturado e administrado pode moderar os efeitos do estresse sobre

o desempenho tanto para tarefas físicas quanto mentais ou analíticas.

6.5 LIDERANÇAS E DESEMPENHO DO GRUPO

O verdadeiro líder fica definido com a significação de dois vocábulos apenas: exemplo e justiça. [...]. Com exemplo e justiça o chefe pode ordenar, certo de que será obedecido, mesmo com o sacrifício da vida. Gen. Ex. Ernani Ayrosa da Silva

Moderadores também podem afetar o desempenho do grupo sob estresse,

particularmente no âmbito militar. Por exemplo, características do líder do grupo

podem reduzir significativamente os efeitos negativos do estresse sobre o

desempenho do grupo. De acordo com Kirmeyer e Dougherty (1988) as

características de líder, incluem habilidades comunicativas e motivacionais eficazes,

podem limitar a influência do estresse sobre o desempenho da equipe e contribuir

Page 61: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

60

para a eficiência e a unidade moral. Além disso, Helmus e Glenn (2005) argumentam

que a qualidade da liderança e o envolvimento do líder com sua unidade (estar

presente e visível, sair com subordinados, preocupar-se com o bem-estar dos

subordinados) são capazes de reduzir significativamente a influência negativa do

estresse no desempenho. Estes estudos embasam a importância da liderança e sua

formação, com o objetivo de reforçar suas habilidades e qualidades necessárias na

promoção de desempenho eficaz, e manutenção do moral elevado, sob estresse.

Vários estudos, realizados com a presença de estressores, observaram que níveis

mais altos de coesão da unidade estão associados com mais eficácia no

"enfrentamento psicológico" e melhor desempenho sob tensão (GRIFFITH, 1989;

MANNING; FULLERTON, 1988).

Milgram, Orenstein e Zafrir (1989) sugerem que "um grupo coeso pode ser

considerado um sistema ideal de suporte em tempo de crise porque ele fornece

apoio emocional, subsídios, ajuda instrumental e companheirismo". Griffith (1989)

também oferece suporte à relevância da coesão da unidade como um moderador,

ao estudar a diferença entre unidades que operam sob um "sistema de substituição

de unidade" (UR) e as que operam sob um "sistema de substituição individual" (IR).

Segundo o autor, as unidades UR têm mais coesão do que as unidades IR, e que

em unidades com maior coesão, há aumento de aprendizagem recíproca, reforço do

moral e diminuição dos relatos de estresse 41. Helmus e Glenn (2005) estudando as

reações de estresse durante operações de combate urbanas confirmaram os efeitos

moderadores da coesão da unidade em seu desempenho. Eles crêem que as

unidades com taxas de alta coesão, boa liderança e alta moral são menos

propensos a perder pessoal por razões relacionadas com o estresse do trabalho, e

que a falta de coesão da unidade é outra explicação para a existência de uma maior

taxa de acidentes relacionados ao estresse nas unidades de suporte ao combate do

que nas unidades de infantaria.

A liderança é um aspecto fundamental das operações militares. Entretanto,

nas OP, mais do que nos conflitos armados, a liderança adquire maior importância,

particularmente em face da descentralização das ações e da dispersão dos

componentes da Força de Paz (ForPaz) e/ou Observador Militar das Nações Unidas

41

Alguns desses supostos "efeitos" da coesão da unidade também poderiam contribuir para a formação do ―espírito de corpo‖ da unidade.

Page 62: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

61

(UNMO) em uma área da missão de grandes dimensões, por vezes englobando todo

o território de um país (BRASIL, 2009). Diferentemente do que ocorre em unidades

taticamente desdobradas, pequenas frações executam tarefas em posições isoladas,

realizam patrulhas de grande raio de ação, investigações em locais distantes de

suas bases, são chamadas a conduzir negociações e outras atividades afins. Além

disso, conforme já mencionado, poderá caber ao comandante de uma fração a

decisão pelo uso da força em situação de autodefesa, devendo arcar com as

consequências de sua decisão. Assim, grande responsabilidade recairá sobre os

oficiais mais modernos e sargentos, os quais deverão ser alertados acerca desta

particularidade das OP e procurarão ampliar ou adquirir habilidades nesse campo. O

adestramento prévio à incorporação de um contingente nacional a uma OP deverá,

portanto, enfatizar a liderança em todos os níveis e reproduzir, na medida do

possível, situações de maior probabilidade de ocorrência neste tipo de operação.

Page 63: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

62

7 ESTRESSE NOS CONTINGENTES BRASILEIROS

O foco desta monografia é ponderar a influência do estresse nos

contingentes de militares enviados à operações de paz e as rotinas de seleção,

aprestamento, acompanhamento e desmobilização.

A bibliografia mundial aponta para repercussões, das OP, muitas vezes de

vulto. No entanto, as repercussões do estresse nas OP sobre os contingentes

brasileiros, ainda é muito pouco estudada na literatura nacional. A análise das

características únicas do povo brasileiro, sua capacidade de adestramento e

prontidão, imprimida e reforçada pelas lideranças dos grupamentos são aspectos

muito pouco avaliados.

Fischer (2010), em um estudo prospectivo, avaliou a atividade secretória do

cortisol e de dehidroepiandrosterona (DHEA) salivar durante a primeira hora da

manhã, em militares brasileiros designados para a Missão de Paz no Haiti. O padrão

hormonal foi avaliado antes da ida para o Haiti e após o retorno da missão, com o

propósito de verificar se o padrão secretório matinal desses dois hormônios,

relacionados com a resposta ao estresse, poderia ser modulado por uma situação

potencialmente estressante como a Missão de Paz no Haiti, e se a influência das

características individuais positivas tais como, resiliência e avaliação positiva e

recompensadora da missão, poderia estar relacionada com as variáveis

neuroendócrinas nos dois momentos diferentes do estudo. Seus achados coincidem

com o encontrado na literatura. Houve uma relação negativa entre a reatividade do

DHEA em resposta à estimulação por ACTH, o que de acordo com Rasmusson et al.

(2004, apud FISCHER, 2010) estaria relacionado à gravidade dos sintomas do

TEPT, indicando que uma liberação aumentada de DHEA, em resposta ao estresse

pode constituir um fator de resiliência, mesmo em pessoas com TEPT. Mais ainda,

de acordo com (IZAWA et al. 2008, apud FISCHER, 2010) menores níveis de DHEA

e uma maior razão cortisol/DHEA durante um estresse agudo psicossocial

padronizado, estão significativamente correlacionados ao humor negativo durante e

após o teste. Esses resultados indicam que os indivíduos com uma menor

diminuição dos níveis de DHEA e maior diminuição da razão cortisol/DHEA, em

resposta a um estresse agudo psicossocial, são os que possuem menor humor

negativo em relação à tarefa de estresse. Desta forma, a autora acredita em uma

relação positiva com a resiliência, desenvolvida na Missão de Paz. Adicionalmente

Page 64: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

63

esta impressão foi reforçada por meio da avaliação subjetiva realizada pelos

soldados sobre a Missão de Paz, a Sub-escala de Humanitarismo Positivo (PHS).

Em uma pesquisa de campo realizada no Grupamento de Fuzileiros Navais

no Haiti, pela Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM), observou-se uma

série de possíveis fatores intervenientes de estresse. O propósito do trabalho foi a

identificação de demandas psicossociais dos militares do contingente, por meio,

tanto da percepção dos seus membros, como do conhecimento das condições e

rotinas de trabalho e lazer, dos relacionamentos interpessoais e de outras

peculiaridades da missão com o objetivo de contribuir para o aprimoramento do

apoio psicossocial prestado aos militares e seus familiares. O método utilizado foi o

levantamento quantitativo de dados, por meio de questionário psicossocial,

construído com base em algumas peculiaridades da missão e aspectos julgados

necessários para consecução do propósito a ser alcançado. O questionário foi

elaborado com 46 questões objetivas e cinco questões para comentários livres ou

justificativas de respostas. Foram respondidos 207 questionários. A partir dos

resultados do questionário psicossocial, apurados no local, foi elaborado um roteiro

para realização de entrevistas coletivas, utilizando-se a técnica dos grupos focais

com o objetivo de aprofundar a pesquisa. Foi realizada, ainda, uma observação de

campo com o propósito de conhecer uma amostra das peculiaridades da missão e

das condições ambientais e sociais às quais o grupo fica submetido. Esta avaliação

constatou a importância e prioridade estabelecida pelo Comando para melhoria das

instalações e equipamentos visando o bem-estar psicossocial da tripulação. A

prática de diversas ações de humanização nos ambientes de trabalho, lazer,

convivência coletiva, alojamentos, camarotes e de circulação, a preocupação com a

refrigeração e limpeza dos espaços coletivos. Os resultados apurados podem ser

visualizados no quadro 6.

Page 65: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

64

73% do contingente se concentram na faixa etária acima de 30 anos e, em sua maior parte, na faixa de 15 a 20 anos de serviço, assinalando um grupo maduro e experiente profissionalmente.

Estado civil, 70% de casados com média de dois filhos.

15% dos militares relataram possuir familiares com doenças que necessitem de cuidados especiais, sendo a maior parte constituída por mães (6,3%) e filhos (3,4%)

Aqueles que relataram ter a família necessitado de apoio de outros familiares (31%) apontaram como sentimento mais frequente, ―a alegria por ter alguém perto‖.

30% se sentem cobrados pela família por não estarem próximos.

78% relatam possuir seguro de vida e 57% seguro funeral.

Empréstimos com instituições financeiras constituem 58% das dívidas apontadas e 59% dos respondentes relatam que a sua situação financeira melhorou um pouco com a realização da missão.

Não foram verificados relatos de problemas significativos de saúde própria, especialmente relacionada à qualidade do sono e consumo de bebidas alcoólicas e fumo.

A comunicação com a família é frequente: 86% fala com os familiares todo dia.

Não se observou hábitos de ficar sozinho ou isolado, sendo que apenas 4,5% indicaram a opção de ficar sozinho.

O relacionamento com pares: 50% considerado muito bom e 33% ótimo

O relacionamento com os superiores: 40% considerado muito bom e 25%razoável.

Os maiores desconfortos na missão, por ordem de importância: distância da família e privação sexual

Religiões principais: católica 45% e a evangélica 41%.

Prática de exercício físico: cerca de 80% realizam atividade física diariamente ou três vezes por semana.

Informação: 91% relatam que se mantiveram bem informados por meio da internet, e cerca de 60% possuem hábito de leitura por meio de jornais e revistas.

Hábitos de passatempos: internet 63% e a prática de esportes 51%

Qualidade de vida na missão: muito boa para 36% e boa para 32%.

Principais motivos para participação da missão, em ordem de prioridade, foram a financeira e a realização profissional.

Expectativas da missão: atendidas totalmente e quase totalmente 50%, e pouco atendidas 38%.

Preparação profissional: considerada muito boa para 43% dos respondentes.

Preparação psicológica dos militares e familiares: considerada muito boa em 46% dos casos (gráfico 31).

A preparação ou capacitação das famílias: foi considerada regular em 51% dos casos.

Quadro 6 - identificação de demandas psicossociais dos militares da MINUSTAH. Fonte: Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM – 2011)

Esta avaliação identificou necessidades psicossociais e de aprimoramento

da prestação de serviços da Assistência Integrada com destaque para a atenção

dada às particularidades de cada missão.

Gil (2008) avaliou o índice de estresse, a fase de estresse predominante, os

dez principais estressores e a intensidade média de estresse a eles atribuída pelos

participantes do I Contingente do Exército Brasileiro em Missão de Paz no Haiti. A

avaliação ocorreu na fase de desmobilização, com 919 militares por meio de

resposta a um questionário sócio-demográfico, ao Inventário de Estressores de

Força Militar de Paz (IEFMP) e ao Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos

Page 66: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

65

de Lipp (ISSL). A intensidade media atribuída aos estressores pelo IEFMP42, foi de

65,46 (+ 34,63). De acordo com a autora ―… os dez estressores mais intensos em

ordem decrescente foram: condições miseráveis de vida da população local; estar

longe da família e amigos; risco pessoal de ferimento e morte durante a missão;

estar vulnerável ou sujeito a incidentes e não poder reagir com poder de fogo;

dificuldade de comunicação com a população local; contato com cadáver ou restos

mortais; falta de poder para mudar as circunstâncias de vida da população local;

ficar confinado/isolado na base; problemas com equipamento de trabalho; e poucos

recursos (computares e telefones) para se comunicar com a família e amigos‖. Foi

ainda constatado que a maioria dos participantes (90,9%, N = 835) não apresentava

estresse clínico. Dentre os estressados (9,1%, N=85), 14,3% estavam na fase de

alarme, 82,14% na fase de resistência, 1,19% na fase de quase-exaustão e 2,38%

na fase de exaustão. A autora pondera que o baixo nível de estresse encontrado

pode estar relacionado ao preparo para lidar com adversidades, tornando-os mais

resilientes, e aventa a possibilidade de a cultura militar incentivar a associação do

estresse e seus sintomas com fragilidade, e por isso não os tenham apontado.

Conclui que as hipóteses citadas merecem maior investigação, devido ao fato dos

estressores identificados, embora parecerem bastante potentes, não ter determinado

estresse na maioria desses militares.

Em questionário respondido (ANEXO A), em 2011, por quatro oficiais

superiores, participantes de contingentes distintos da MINUSTAH, mesmo não sendo

uma amostra estatisticamente significativa, foi possível fazer algumas inferências

acerca das respostas obtidas. (1) O adestramento e o espírito de corpo, bem como a

liderança participativa, são essenciais para o êxito da missão, fato que corrobora os

dados de literatura; (2) Os fatores de estresse apontados são essencialmente aqueles

listados nessa monografia; (3) O implemento, claramente apontado pelos militares, em

relação ao ponto de vista técnico-militar: ―a partir do nono contingente, iniciou-se a

coleta de ―Lições Aprendidas‖ que facilitam futuras missões. O Centro de Instrução

Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), por meio do Centro de Estudos do Corpo de

Fuzileiros Navais (CFN), está operacionalizando a coleta e divulgação destas lições.

Antes disso, as lições eram registradas nos relatórios e transmitidas por meio de

palestras e da participação de militares veteranos nos adestramentos.‖ (4) Do ponto

42

O IEFMP pode variar potencialmente de 0 a 230.

Page 67: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

66

de vista psíquico: a percepção inicial do retorno é de dever cumprido, como se os

problemas, eventualmente ocorridos no Haiti, tivessem sido superados. ―Logo após o

regresso, a tropa se dispersa, e perde-se o sentimento de grupo e a possibilidade de

acompanhamento, por parte do comandante do contingente, da evolução psicológica

do militares‖. (5) E, ainda, que nas Missões respectivas não houve casos de TEPT,

mesmo tendo ocorrido situações críticas de estresse.

Em relação ao último item da pesquisa é necessária uma reflexão.

Conforme mencionado, após a sensação de dever cumprido há a percepção da

perda de referência de grupo. Com quem compartilhar as experiências os anseios e

as ansiedades? Há sempre o fator impeditivo da incompreensão e do estigma.

Page 68: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

67

8. ANÁLISE, AVALIAÇÃO E SUGESTÃO PARA A POLÍTICA E OS PROGRAMAS

DE MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DOS MILITARES ENVOLVIDOS EM

MISSÕES DE PAZ

Nesse capitulo apresentaremos uma análise das fases e dos documentos

relacionados à seleção, preparo e aprestamento, acompanhamento - durante e após

a missão - e desmobilização de militares enviados em missões de paz.

Os documentos – que estabelecem as normas e as diretrizes para a

participação de militares das Forças Armadas brasileiras em Operações de

Manutenção da Paz – instituem ações de preparo das tropas com uma visão

administrativa e logística. O preparo operativo e psicofísico, os quais efetivamente

trazem um aumento do aprestamento e da coesão do grupo e o fortalecimento das

lideranças, não estão ai detalhados. Todas essas condições são essenciais ao

sucesso da missão, por implementarem a resiliência desenvolvendo estratégias

adicionais de combate e fortalecimento das estratégias de adaptação ao estresse –

coping. As características de personalidade do povo brasileiro é certamente um fator

que facilita a interação positiva com os povos onde a missão é implantada, no

entanto, os estressores já detalhados ao longo desta monografia apontam a

importância deste preparo.

A bibliografia mundial reforça esta convicção. Nos últimos anos as

características das missões da ONU e dos conflitos tem se alterado

substancialmente. O Brasil vem aumentando seu papel mundial, aumentando sua

participação no cenário internacional, ao mesmo tempo, a criação do Ministério da

Defesa vem incrementando as operações conjuntas.

Há que se considerar a importância do estresse de combate no

desencadeamento de uma serie de reações, consideradas normais e desejáveis,

com o objetivo de auto-preservação. Entretanto, de acordo com as características

pessoais, a intensidade e a repetição dos eventos estressores podem surgir uma

serie de comprometimentos à saúde. Entre esses, estão muitas das principais

doenças crônicas, incluindo as dos sistemas nervoso, circulatório e digestivo e as

doenças musculoesqueléticas e respiratórias; transtornos do humor e ansiedade,

TEPT, drogadição – alcoolismo, tabagismo, drogas ilícitas – dor crônica entre outras.

Desta forma, torna-se desejável, frente a essas novas realidades, reavaliar

conceitos e formalizar políticas de preparo conjunto, sob a égide do Ministério da

Page 69: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

68

Defesa. O incremento dos cuidados quanto ao aspecto psico-físico-social dos

nossos militares, com o objetivo de resguardar o individuo, a família e em ultima

análise a sociedade.

Assim, embasada na literatura mundial médico-militar, esboço uma sugestão

de um programa de prevenção do estresse, nas fases de seleção, treinamento e

acompanhamento (pré-desdobramento, durante a missão e após a missão) focado

nas Operações de Paz:

1) Seleção

a) Militar

i) Seleção adequada do perfil psicológico, social e físico no pré-

desdobramento, entrevista e testes psicossociais;

ii) Inspeção de saúde e ativação de programa de vacinação.

b) Família

i) Entrevista psicossocial com avaliação/identificação de situações

adversas e orientação/capacitação de competências a fim de prevenir surgimento e

o agravamento de situações psicossociais desfavoráveis;

ii) Estabelecimento de rede de acompanhamento familiar; facilitar a

formação de redes sociais de apoio entre os familiares.

2) Treinamento

a) Militares em geral:

i) Treinamento periódico – oficiais e praças – com o objetivo de:

(1) Fornecer instruções sobre como reconhecer os membros da equipe

que possam exigir avaliação de saúde mental por representarem risco para si

mesmo, o grupo ou a missão, com base no comportamento ou no estado mental

percebido;

(2) Desenvolver a mentalidade de combate: aumentar a resiliência

psicológica. Fortalecer as características pessoais do militar para o enfrentamento

das adversidades, medos e sofrimento próprios dos conflitos, com confiança e

determinação.

ii) Pré-Distribuição / desdobramento

(1) Orientação quanto ao que esperar e como lidar com o stress;

(2) Instrução de saúde sobre o avanço do estresse, particularmente

como identificar os fatores desencadeantes, reconhecer os sinais e sintomas do

estresse e conhecer as etapas básicas para aliviá-lo; e

Page 70: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

69

(3) Acesso ao aconselhamento profissional, se isto for necessário.

b) Equipe de saúde

i) A equipe de saúde deve estar habilitada a reconhecer os sintomas de

estresse, os fatores contribuintes e desencadeantes e estar familiarizado com as

medidas capazes de minimizar seus efeitos.

(1) Médico – habilitar o profissional para o reconhecimento e os

cuidados médicos básicos ao controle das reações ao estresse

(2) Praças enfermeiros – treinar para a atuação diária na tropa, com o

objetivo de reconhecer possíveis sintomas de estresse, comunicar medico e apoiar o

militar.

(3) É recomendável a atuação de psicólogos, assistentes sociais,

médicos psiquiatras e com o objetivo de orientação, esclarecimento e apoio inclusive

psicoterápico.

3) Acompanhamento

a) Durante a missão

i) Apoio psicossocial

(1) Orientação psicológica, social ou jurídica;

(2) Plantão de atendimento – familiares e militares da missão;

(a) Presencial – permanente ou itinerante;

(b) À distancia – telefone ou vídeo teleconferência

(i) Deve ser realizada em um ambiente privado para

promover a confiança e abertura na discussão de problemas de saúde sensíveis.

(ii) Após exposição a eventos traumáticos, realizar sessões

do grupo, preferivelmente com participação de conselheiros treinados;

ii) Assistência espiritual

iii) Cuidados médicos

iv) Programa e planejamento para atividades ocupacionais, esportes

e as atividades sociais no QG ou no nível da Unidade;

b) Desmobilização

i) Imediata – Avaliação de desmobilização

(1) Física – exames clínicos e laboratoriais

(2) Saúde mental – Psicossocial – desmobilização psicológica

(a) Entrevista individual e dinâmica de grupo com os militares; e

(b) Entrevista com a família

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70

(3) Relato pós-missão,

ii) Mediata – reavaliação da saúde

(1) Entre 90 e 180 dias apos o retorno da missão

(a) Física – exames clínicos e laboratoriais

(b) Saúde mental – reavaliar o campo psicossocial do militar e

da família

(2) Entre 181 dias e 18 meses apos o retorno da missão.

(a) Física – exames clínicos e laboratoriais

(b) Saúde mental – reavaliar o campo psicossocial do militar e

da família

iii) Tardia

(1) Entre 18 e 30 meses apos o retorno da missão.

(a) Física – exames clínicos e laboratoriais

(b) Saúde mental – reavaliar o campo psicossocial do militar e

da família

c) Considerações/sugestões adicionais:

i) Instituir que as avaliações da saúde mental dos militares designados

para as forcas de paz sejam realizadas em quatro períodos, com pelo menos 90 dias

de intervalo entre elas:

(1) Nos 120 dias que antecedem a data do desdobramento da missão.

(2) Entre 90 e 180 dias após o retorno da missão.

(3) Entre 181 dias e 18 meses após o retorno da missão.

(4) Entre 18 e 30 meses após o retorno da missão.

d) É necessário lembrar que as alterações do estresse podem ser tardias,

em geral aparecendo em um período de até seis meses, no entanto, na literatura há

relatos de eclosão mais tardia.

e) Os exames laboratoriais podem variar e devem incluir a testagem para

as doenças próprias da região onde a missão foi desdobrada.

f) A criação de Criação de um banco de dados que consolide as

informações de saúde, coletadas nas três forças. Estes subsídios permitirão o

aprimoramento das ações de saúde com o objetivo de evitar o desenvolvimento e

minimizar o agravo das doenças relacionadas ao estresse de combate.

g) É importante resguardar o militar quanto ao estigma da doença mental.

No entanto, após a desmobilização, o grupo se desfaz e o apoio e a cumplicidade

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71

existentes no dia a dia, já não existe. É necessário readaptar-se à rotina, com suas

novidades e incertezas. O apoio pode ser adequado e necessário na resolução de

possíveis problemas psicológicos surgidos após a desmobilização quando o apoio

do grupo não está mais presente e o militar retorna para seu grupo familiar e de

trabalho. Por esse motivo sugerimos:

i) Que a avaliação psicológica e as terapias de desmobilização sejam

realizadas em grupo, principalmente no período imediato pós-missão, com o objetivo

de reduzir o impacto negativo na saúde mental dos militares, sem, no entanto,

estigmatizá-los. As intervenções em grupo permitem a avaliação de todos, sem

apontar um militar.

ii) Caso seja constatada a necessidade de tratamento individualizado, o

mesmo deverá ser encaminhado para tratamento especializado.

iii) Instituir um programa de readaptação à rotina, no retorno da missão,

para o militar e a família.

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72

9 CONCLUSÃO

―The most common barriers to care reported are those relating to the anticipated public stigma associated with consulting for a mental health problem. In addition, participants reported barriers in the practicalities of consulting such as scheduling an appointment and having time off for treatment. Barriers to care did not appear to be diminished after people leave the Armed Forces. Veterans report additional barriers to care of not knowing where to find help and a concern that their employer would blame them for their problems. Those with mental health problems, such as TEPT, report significantly more barriers to care than those who do not have a diagnosis of a mental disorder‖.

43 (IVERSEN, 2011)

A liderança brasileira na MINUSTAH tem sido um exemplo para as

operações de paz. Possui a característica de impor-se principalmente pelo diálogo e

pelo respeito à população e às autoridades locais, permitindo a implantação e

execução das estratégias da força militar. O sentimento de empatia existente entre

os dois povos facilita a execução das ações táticas por parte das tropas As

características, próprias do nosso povo, foram desenvolvidas no território haitiano ao

longo desses anos de OP no Haiti. Estreitam-se os laços entre Brasil e Haiti, a partir

da percepção, pela maioria dos haitianos, de que os brasileiros não estão lá em uma

missão de ocupação, mas sim, verdadeiramente, em uma missão de paz. Esta

construção, sem dúvida enriquecedora, teve um preço a ser pago pelos militares.

Para os primeiros contingentes, o plantio foi árduo, porém proveitoso.

Esse cenário nos remete aos fatores de estresse nas OP. A relação entre

estresse e desempenho, de importância relevante no contexto militar, foi

amplamente discutida nessa monografia. Os efeitos do estresse a nível fisiológico

são indubitáveis, e certamente há implicações negativas sobre o desempenho que

podem ser moderados pelo treinamento, a liderança e o aumento de informação.

Estes moderadores permitem o incremento da eficácia, dos mecanismos de

adaptação ao estresse – coping – e promovem o reforço das características de

personalidade, com melhora da resiliência, e da adaptação ao estresse.

Não podemos nos esquecer, no entanto, que níveis moderados de estresse

podem contribuir para o aumento da atenção e melhor desempenho em

43

Os obstáculos mais comuns para o cuidado são aqueles relacionados com o estigma público previsto, associado à consulta para um problema de saúde mental. Além disso, os participantes relataram barreiras nos aspectos práticos da consultar-se como agendar um compromisso e ter tempo livre para tratamento. Barreiras para o cuidado não parecem ter diminuído depois que as pessoas deixam as forças armadas. Veteranos relatam barreiras adicionais para cuidar-se não sabendo onde encontrar ajuda e preocupação que o empregador possa culpá-los para seus problemas. Aqueles com problemas de saúde mental, tais como TEPT, relatam barreiras mais significativas para cuidar-se do que aqueles que não têm um diagnóstico de um transtorno mental. (IVERSEN, 2011). Tradução livre do autor.

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73

determinadas tarefas. Os militares estão constantemente face a face com

estressores, pois os mesmos fazem parte de suas responsabilidades e capacitação

para bem cumprir os seus deveres militares que por isso mostraram-se altamente

adaptáveis às circunstâncias incertas e mutáveis, requisitos indispensáveis tanto

para operações de manutenção da paz ou de combate. O treinamento é um

moderador que pode ser controlado e contribui para o desempenho e eficácia militar.

prepara os indivíduos para lidar com o estresse, tanto a nível individual quanto em

grupo. Promove a integração e a coordenação mais eficaz do grupo e previne as

possíveis reações à situações estressantes. A atuação do líder na investigação e

solução de situações intervenientes, potencialmente estressoras e eventualmente

criticas, é de fundamental importância na coesão do grupo.

Embora a literatura referente a relação estresse – estressores e seus efeitos no

desempenho seja extensa quanto aos conflitos tradicionais, ainda existem várias áreas

de aplicação militar destes conceitos que continuam obscuras, principalmente que

tange às OP e, em particular, em relação aos nacionais. No entanto, há evidências

mundiais quanto à incidência de repercussões do estresse em ―missões de paz‖. Não

podemos olvidar que doenças que envolvam a saúde mental são estigmatizadas, e o

indivíduo ainda hodiernamente reluta em se expor. Porém, este é apenas um dos

aspectos do problema, pois como vimos ao longo dessa revisão, muitas vezes o próprio

indivíduo não se apercebe das alterações pelas quais está passando. Este aspecto traz

repercussões não só para o próprio, mas para todos aqueles com quem convive. Ao fim

da missão, com o retorno às atividades rotineiras, perde o apoio do grupo que

ombreava com ele, dividindo as muitas situações adversas. A família sofre com seu

―mutismo‖, pesadelos e muitas vezes com suas atitudes agressivas. A corporação se

ressente com a mudança de atitude do militar, indisciplina, querelas com os demais

membros da equipe e consumo de alcoólicos e outras drogas nem sempre lícitas.

A criação de um banco de dados unificado das três forças armadas,

centralizando as informações, permitiria uma melhor análise da dimensão das

repercussões a curto, médio e longo prazo. Enfim, estes subsídios seriam úteis e

relevantes para conhecermos a real prevalência do estresse de combate, exaustão e

TEPT bem como das doenças psicofísicas como a hipertensão arterial e a dor

crônica. Desta forma poderiam contribuir para aperfeiçoar o planejamento, preparo e

aprestamento dos militares para esse tipo de operações.

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74

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Page 86: MENDES, Dalva Maria Carvalho. O estresse e os militares em

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ANEXO A - QUESTIONÁRIO

Este questionário é uma parte importante da pesquisa intitulada ―Implicações

do Estresse em Militares da MB na MINUSTAH - Subsídios para Implementar o

Suporte aos Militares". Suas respostas ajudarão a entender os eventuais problemas

existentes.

NOMES E OUTRAS INDICAÇÕES PESSOAIS NÃO SERÃO PUBLICADOS EM

HIPÓTESE ALGUMA.

Os bancos de dados gerados pela pesquisa só serão disponibilizados sem

estes dados.

1. De qual missão participou?___________________________________________

2. Período da missão?________________________________________________

3. Posto, quadro e função na época da missão: _____________________________

4. Estado civil na época da Missão: Solteiro (__ ) Casado ( )

Separado ou Divorciado (___) Viúvo ( )

4.1. Houve alteração do estado civil após o termino da missão? Sim (_). Não ( ).

4.2. Se responder SIM à pergunta anterior, responda: Esta modificação de estado

civil teve relação com a Missão? Sim (__). Não (__)

5. Tinha filhos na época da Missão? Sim (___) Não (___)

Numero de filhos do sexo masculino (_) Numero de filhos do sexo feminino (__)

Os filhos residiam com quem na época da Missão?

Com o casal (__) com o pai (__), com a mãe (__) outros (__)

6. Com quem ficou a família na época da Missão?__________________________

7. O que achou do preparo e treinamento recebido PARA IR para a Missão,

7.1. Do ponto de vista técnico-militar _____________________________________

7.2. Do ponto de vista psíquico

_________________________________________________

7.3. Do ponto de vista físico

___________________________________________________

8. O que achou da avaliação no RETORNO da Missão

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8.1. Do ponto de vista técnico-militar

____________________________________________

8.2. Do ponto de vista físico

___________________________________________________

8.3. Do ponto de vista psíquico

_________________________________________________

9. Marque quantas vezes você apresentou os sinais abaixo:

Na última

semana

ANTES da

Missão

DURANTE a Missão

Tensão muscular, como aperto de mandíbula, dor na nuca, nas costas etc.

Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente

Esquecimento de coisas corriqueiras, como o número de um telefone que usa frequentemente, onde colocou a chave do carro etc.

Vontade de sumir

Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto

Sensação de que não vai conseguir lidar com o que está ocorrendo

Irritabilidade excessiva

Ansiedade

Distúrbio do sono (dormir demais ou muito pouco)

Cansaço ao levantar

Trabalhar com um nível de realização de tarefas abaixo do normal

Sentir que nada mais vale à pena

Fica tenso quando espera em uma fila

Fica impaciente quando pega um engarrafamento

É intolerante com as limitações dos outros

Quando se sente pressionado, explode

Quando espera alguém que está atrasado, emburra

Perde o controle quando as coisas não vão como espera

Torna-se agressivo quando discordam de você

Aceita novas responsabilidades mesmo, quando se sente sobrecarregado

Deixa os outros influenciarem a sua vida

Só vai ao supermercado se puder entrar na fila ―só para dez itens‖

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11. Motivação para a ida à Missão: Financeiros (__) Realização profissional (__)

Aventura (__) Outros motivos (citar)___________________________________

12. Esteve afastado do trabalho, por motivo de doença: Sim (__) Não (__)

12.1. Se responder SIM à pergunta anterior, este afastamento ocorreu:

Antes da Missão (__) Depois do retorno da Missão (___)

Cite a doença ou o tipo de doença. _________________________________

______________________________________________________________

12.2. Nesses últimos dois anos você faltou no seu trabalho? Sim (__) Não (___)

12.3. Se responder SIM à pergunta anterior, qual o motivo ou os motivos do

afastamento?____________________________________________________

_______________________________________________________________

13. Sobre sua experiência religiosa:

13.1. Você pertence a alguma religião? Sim (__) Não (__)

Se responder SIM à pergunta anterior, responda:

Qual a religião?___________________________________________________

Poderia dizer se ela lhe ajuda?________________________________________

Sim (__) Por quê?_______________________________________________

Não (__) Por quê? -.______________________________________________

13.2. A experiência na Missão de Paz alterou sua percepção da religião?

De que forma?__________________________________________________________

14. Na sua tropa houve algum caso de:

14.1. Doença Sim (__) Não (__)

Se responder SIM à pergunta anterior, responda:

Qual doença?______________________________________________________

14.2. Alteração de comportamento Sim (__) Não (__)

Descreva a alteração___________________________________________

Uso abusivo de bebidas alcoólicas e/ou cigarro

Uso de Tóxicos

10. Relacionamento familiar:

Comprometido, por brigas ou desavenças

Intolerância com os hábitos da família

Separação do casal

Relacionamento com os colegas e com os chefes. Só responda se a resposta for sim

A relação de confiança e camaradagem com meus colegas de trabalho se modificou

A relação com os chefes se modificou

Tenho dificuldade de aceitar ordens dos chefes

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15. Morte em combate (__) ou morte por doença (__)

16. Caso você tenha marcado uma das opções acima, qual a repercussão na

tropa?____________________________________________________________

_________________________________________________________________

17. A confiança no líder/comando foi essencial na estabilidade da missão. Comente

essa afirmação. Este espaço destina-se a comentários adicionais

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Nome (opcional) ________________________

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89

ANEXO B - LEITURAS RECOMENDADAS

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CANNON-BOWERS, J. A.; SALAS, E. (Ed.). Making decisions under stress: implications for individual and team training. Washington, D.C.: American Psychological Association, 1998, p. 39-59. CANNON-BOWERS, J. A.; SALAS, E. Individual and team decision-making under stress: theoretical underpinnings. In: ______ (Ed.). Making decisions under stress: implications for individual and team training. Washington, D.C.: American Psychological Association, 1998. p. 17-37. CAPLAN, R. D.; JONES, K. W. Effects of work load, role ambiguity, and type a personality on anxiety, depression, and heart rate. Journal of Applied Psychology, Washington, D.C., v. 60, n. 6, p. 713-719, 1975. CECCATO, Renan Cesar Vinotti. Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Florianópolis: Centro de Ensino Bombeiro Militar. Academia Bombeiro Militar, 2012. Disponível em: <http://biblioteca.cbm.sc.gov.br/biblioteca/dmdocuments/CFO_2012_2_Renan.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2013. CHROUSOS, G. P. et al. (Ed.) Stress: basic mechanisms and clinical implications. Annals of the New York Academy of Sciences, New York, v. 771, 1996. CODO, W.; MENEZES, I. V. O que é burnout? In.: CODO, W. (Coord.). Educação e carinho. Petrópolis: Vozes; Brasília: CNTE; Brasília: UnB, 1999. COMBAT stress: what every marine should know: a summary of collected lessons, observations, interviews, after action reports, and relevant documents. Quantico: Marine Corps Center for Lessons Learned, 31 Aug. 2005. Disponível em: <http://stress.org/wp-content/uploads/2011/08/Historical-and-Contemporary-Perspectives-of-Combat-and-Operational-Stress.pdf>. Acesso em 11 jul. 2013. COZZA, S. J. et al. Topics specific to the psychiatric treatment of military personnel. In: NATIONAL CENTER FOR POST-TRAUMATIC STRESS DISORDER, U.S.; WALTER REED ARMY MEDICAL CENTER. Iraq war clinician guide. 2nd. ed. White River Junction: National Center for Post-Traumatic Stress Disorder, June 2004. p. 4-20. E-book.

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