a presença do açúcar na formaçao brasileira - sem autor

Upload: priscilatavares

Post on 21-Feb-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    1/115

    PREFCIO

    Rene este pequeno livro seis ensaios sobre o acarbrasileiro isto , o acar com o qual o Brasil de fatonasceu e cresceu econmica e socialmente, aps os diasaventurosos do pau-de-tinta e antes das minas e do caf oterem ultrapassado em importncia econmica, semdeixarem de sofrer sua influncia abrasileirante em reasdecisivas de organizao social e de definio cultural.So ensaios em que avulta a parte indita, embora trechosde vrios deles tenham sido j publicados em revistas ouobras coletivas. E no so evitadas repeties: defeito todo autor. Algumas tero seu valor, pelo destaque que doinsistentemente a certas recorrncias ou ocorrncias.

    O fato de se apresentarem esses trechos em conjunto,porm, juntando-se a considervel parte de todo indita,lhes d, talvez, uma configurao v a palavra um tantopedante gestaltiana, que unifica, alm de possivelmente

    dinamizar, as sugestes que cada um apresenta, como quepara, juntas, tais sugestes constiturem um todo pano-ramicamente sociolgico, ou apenas parassociolgi-co, emtorno de assunto to ligado formao brasileira emgeral. Pois nessa formao grande foi a marca da presenado acar, quer como fator especificamente econmico,quer como base de todo um tipo de sociedade e de todauma forma de famlia. O tipo de sociedade e a forma defamlias patriarcais que desde o sculo XVIcondiciona-

    VII

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    2/115

    ram as origens e os primeiros desenvolvimentos pr-nacionais do Brasil mais econmica e socialmenteestveis. Condicionam no apenas esses de-senvolvimentos pr-nacionais mas os nacionais que a elesse seguiram no sculo XIX, manifestando-se suasinfluncias nos comeos do sculo atual e atu-andoalgumas das suas sobrevivncias sobre o Brasil dosprprios dias que atualmente vivemos.

    Uma das expresses desse complexo (acar sociedade patriarcal Brasil, pr-nao e nao) foi,desde o referido sculo XVI, a casa-grande de engenhoque, como forma de expresso arquitet-nica de um tiposocial de vida, serviria de modelo a casas de residnciasenhorial ou quase senhorial em reas caracterizadas poroutras atividades econmicas: fazenda de gado, fazendade cacau, estncia, fazenda de caf. Um prolongamento daarqui-tetura de residncia que teve seu incio nas planta-es de cana completado pelas fbricas de acar, nosengenhos patriarcais que tiveram seu ncleo em

    Pernambuco, quando este era a Nova Lusitnia abrangia quase todo o atual Nordeste e parte da Bahiadesde 1817. Isto sem se desconhecer o fato de que adenominada civilizao do acar teve outro comeo deimportncia histrica em rea onde hoje economicamenterenasce: no Sul, em So Vicente. Nem se despreze orelevo que, tambm no Sul, a mesma civilizao adquiriuno Rio de Janeiro. O primado quer histrico-social, quersociolgico, como fonte de um tipo de civilizao tocriador de valores de importncia nacional, alm da regio-nal, parece, entretanto, caber ao Nordeste.

    Recife, 1974 G R

    UMA POSSVEL SOCIOLOGIA: A DO ACAR, TENDO POR PRINCIPAL

    MODELO A EXPERINCIA BRASILEIRA

    VIII

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    3/115

    Pode-se falar numa sociologia do acar? Oautor deste ensaio dos que pensam que sim. Se nh pode haver e, a seu ver, estaria j em forma uma sociologia do acar como pode haver, ou haveria em potencial, uma sociologia do trigo, out

    do vinho, ainda outra, da mandioca. Todo produtque seja a base de um complexo scio-cultural dvida e de convivncia humana susceptvel de servde objeto a uma sociologia especializada no seestudo.

    Isto porque a Sociologia no cincia que sfeche em latifndios: Sociologia da Cultura, Sociologia da Economia, Sociologia da Poltica, poexemplo. uma cincia aberta a pequenas especializaes microssociolgicas das quais se possa caminhar a passo seguro para inter-relaes entre mcrossociologias e sociologias especiais. Sociologiespeciais que formem conjuntos macrossociolgi-co

    Na macrossociologia a predominncia a deformas gerais de convivncia: formas que se definematravs de processos que signifiquem intera-o entelas. Diferentes processos de interao.

    Que processos gerais so esses, nenhum estudante de Sociologia o ignora. Vo desde o processde diferenciao que separa grupos e os diversificaao de integrao, que os ajunta, une, integra-

    3

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    4/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    5/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    6/115

    sas exticas. O acar, porm, marcou o incio deuma presena brasileira na Europa que excederia, emmuito, em importncia comercial, quer o pau--de-tinta, quer aqueles outros artigos naturais, pitorescose exticos, adquiridos ou cobiados apenas pelos

    amantes do extico em artes decorativas de trajo.Mesmo ao competirem com ele, a mandioca, otabaco, o cacau, a batata, o tomate, o acarcontinuava a se afirmar, durante longos anos, aprincipal presena brasileira na Europa, s vindo aperder essa primazia na segunda metade do sculoXVII. Mesmo, porm, depois de perdida essaprimazia, em termos econmicos absolutos, o acarcontinuaria a ser, na Europa e noutras partes domundo, uma expresso e um testemunho, quer emtermos apenas econmicos, quer noutros termos,mais sutilmente culturais, de uma civilizaobrasileira criada principalmente pelo cultivo da canae pelo fabrico do mascavo. Expresso e testemunhoque nem mesmo a avalanche que seria, no sculoXIX, o caf, como produto-rei, brasileiro, triunfantedentro do Brasil e transbordante noutros pases, comoafirmao de um vigor j nacional, destruiria ouanularia, para substituir de todos os valores pr-nacionais e nacionais criados, na AmricaPortuguesa, pela civilizao aucareira, por outra,baseada sobre o caf; e que prescindisse daantecessora como modelo de fora estabilizadora de

    sociedade de tipo civilizado e estvel nesta parte domundo. No prescindiria: sob vrios aspectos, acivilizao brasileira do caf seria uma continuaoda do acar, da qual assimilaria, alm do prpriocomplexo ca-

    8

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    7/115

    ... "o Brasil significando acar oacar significando Brasil."

    '

    vi

    sa-grande-senzala, ritos sociais de feitio patriarcalpor vezes aristocrtico.

    No nos antecipemos, porm, na consideraodeste ponto que envolve problema sociolgico in-teressantssimo: o da constncia ou continuao deformas com substncias ou contedos sociais di-versos. Fixemo-nos ainda na anotao daquelescaractersticos gerais de transformao do ambienteeuropeu sob o impacto das descobertas ibricas e dagrande Revoluo, alm de Comercial, Cultural, quese seguiu a essas ocorrncias revolucionrias para oscontatos inter-humanos e intercontinentais: toda umasrie de mudanas, quer nas relaes econmicas,quer nos hbitos culturais, dentro das quais o acar eo Brasil se integraram, o acar, como um alimentoque, de artigo raro, passaria a ser, para muitoseuropeus, de indispensvel consumo, o Brasil, comosugesto, transmitida, em grande parte por esseacar, a esses mesmos europeus, da existncia deuma parte do mundo to diferente da europeia que eracomo se fosse fantstica. Tanto que Montaigne, numaFrana j intelectualmente na vanguarda da Europa,no tardaria a elaborar, base dos primeiros informesa lhe chegarem, do Brasil, sobre os indgenas, todauma parassociologia romnti-tica: a de umasociedade primitiva sob vrios aspectos, para ele,ideal, nas suas formas de convivncia.

    A verdade que se com esses indgenas de longeadmirados e, mais que admirados, consagrados comomodelos de homens sociais, pelo insigne Montaigne,fora possvel a franceses abater rvo-

    0

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    8/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    9/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    10/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    11/115

    cana e de um fabrico de acar que nunca tinhamsido empreendidos e desenvolvidos em to grandescala e com to complexas consequncias. Inclusivconsequncias voltemos a este ponto de ordemcultural no-material.

    Dentre essas consequncias, saliente-se a dter a civilizao do acar criado, paradoxalmete, no Brasil, uma sociedade em que s tendnciano s aristocrticas como hierrquicas, se juntram at certo ponto, anulando-os processodemocratizantes. Processos democratizantes reprsentados principalmente por vrias formas de cotactos como que' romnticos entre os componetes hierrquicos classicamente hierrquicos da mesma sociedade. Processo de miscigenao, nplano biolgico, e de interpenetrao de culturano plano sociolgico. Da consequncias de ordemesteticamente cultural terem-se acrescentado de carter apenas biolgico, ou fsico, ou sensuacriando, no Brasil, aquela tendncia para a exatao de um tipo moreno de beleza feminina espcie de ressurgimento do mito portugus d1 princesa moura responsvel, desde o sculo 1 XVI, por ligaes como as do fidalgo Jernimo de 1 Albuquerque um dos primeiros senhores de en- c genho pernambucanos com a princesa amern- r dia Maria Arcoverde. Ligaes de brancos com s amerndios s quais se juntariam, sombra dos n

    engenhos de acar, as de brancos com mulheres c de sangue africano: algumas, no decorrer do tem- po, elevadas a sinhadonas de casas-grandes. e: Compreende-se que em torno do complexo si- a nh, (sinh, sinhadona, sinhazinha) criado pe-

    * 16

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    12/115

    la civilizao brasileira de acar tenha se desenvolvido, no Brasil, na lngua portuguesa, umcomo culto cavalheiresco, trovadoresco, lrico, ettico e no apenas sensual, da mulher; e dentro desculto, uma exaltao, muito expressivamentbrasileira, da mulher morena, embora, ao lado dessexaltao, no tenham faltado homenagens lricas estticas s "virgens louras" ou s "plidas donzelasO lirismo em lngua portuguesa gnero literrito dessa lngua enriqueceu-se com expressedesse culto. Um culto caracterstico da idealizaoda romantizao da mulher que se desenvolveu, qu sombra das casas-gran-des patriarcais ou dos saldos sobrados das aristocracias aucareiras e, nesscasos, atravs da poesia erudita dos Maciel Monteie dos Castro Alves e do romance, tambm eruditodos Macedo e dos Jos de Alencar, quer,plebeiamente, no poesia popular, na literria oral, nfolclore. um culto, o da mulher, originrio, emgrande parte, da civilizao do acar. Tal exaltada graa, da beleza, da prpria feminilidade dmulher , ainda hoje, caracterstica do ethos e dcultura total do brasileiro. No momento, esse cultrevive com a tendncia geral, no Ocidente, parcorrigir-se o excesso de sexualidade apenas biolgiou animal que vinha se generalizando, entrocidentais, com um como regresso romantizao damor. De onde estar em voga nova onda de

    idealizao da figura brasileira da sinhazinha de casgrande de engenho de acar. Em voga esto tambm revalorizaes de outras

    sobre vi vencias, na civilizao brasileira total

    17

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    13/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    14/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    15/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    16/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    17/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    18/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    19/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    20/115

    fator scio-cultural, que, exigidos pela cultura dacana-do-acar atravs de um especialssimo esforobiofsico, de um trabalho contnuo, sistemtico,escravocrtico, de uma energia humana em harmoniacom um clima quente e mido de que teriam sidopouco capazes europeus, mesmo ibricos, eamerndios, por excessivamente nmades, e de quedificilmente teriam sido capazes homens livres,sujeitos a climas tropicais, criaram, desde o incio dacolonizao portuguesa do Brasil, um conjunto decircunstncias que condicionariam seno todo,grande parte de todo um futuro pr-nacional e grandeparte de todo um futuro nacional, para os brasileirosem potencial que comearam a ser, desde a primeirametade do sculo XVI, os homens, as mulheres, aspopulaes, as diferentes etnias, os portadores deculturas diversas, j ento reunidas em torno das

    primeiras plantaes de cana, dos primeirosengenhos de acar, ao p dos primeiros armaznsexportadores de mascavo para a Europa.Circunstncias, essas, que cedo passaram a formarum complexo ecolgico-scio-cultural, susceptvelde ser microssociologicamente considerado, anali-sado, interpretado, comparado com complexosequivalentes j histricos ou clssicos como o dovinho, o da oliveira, o do trigo ou a se formaremdentro do mesmo tempo social marcado pela pre-sena do acar: o complexo do tabaco, o do algo-do, o do cacau, o da mandioca, e o do ouro.

    Para uma Sociologia do acar que possa serapresentada como especfica ou sistemtica, unspoucos estudiosos da emergncia do acar comoproduto-rei vm concorrendo com trabalhos nos

    32

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    21/115

    Da matria-prima ao consumidor oacar exprime sempre um tipo decivilizao.

    quais considerao do puro fenmeno econmicose vm acrescentando consideraes dos aspectossociais, psicossociais, culturais e psicoculturais,desenvolvidos em torno do estmulo econmico e dofavor ecolgico; e desenvolvidos de tal modo quealguns desses desenvolvimentos h muito excedem aimportncia do aspecto puramente econmico ou doapenas ecolgico do processo. Mais um exemplo aser exata a afirmativa que aqui se faz de que,contra a dinmica scio-cultural de recorrncias emespao ou tempo, ou em espao e tempo, no vemsendo possvel antepor, como determinantesabsolutos dessa dinmica, o exclusivo fatoreconmico ou o exclusivo fator ecolgico. O acarde cana vem sendo, na histria humana, o que, emSociologia certos mestres franceses denominam umfenmeno social total. Ou antes, um fenmeno scio-cultural total. Fenmeno ou complexo.

    claro que esse complexo assim total se de-senvolveu de um estmulo econmico e sombra ou ao sol de um favor ecolgico. claro que esseestmulo e esse favor continuam a lhe ser necessrios.Mas em sua configurao usada a palavra nosentido gestaltiano adaptado linguagem sociolgica o que se compreende hoje por acar, como temade estudo social, envolve implicao que excedem oseu condicionamento estritamente ecolgico e o seuantigo apoio apenas econmico, tal o que vem sendoacrescentado de extra-ecol-gico e de extra-econmico a esses condicionamentos, sob a forma deoutros estmulos e de outros apoios. a dinmicascio-cultural em ao, no

    33

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    22/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    23/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    24/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    25/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    26/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    27/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    28/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    29/115

    micamente informativos, e, mais que isto, esclare-cedores podem concorrer de modo o mais efetivo. preciso que os dois existentes lamentavelmenteseparados sejam mais conhecidos e mais visitados.Nenhum escolar recifense, nenhum escolarnordestino, ou qualquer brasileiro, deveria chegar aofim dos estudos secundrios, desconhecendo-os.Nenhum estudante universitrio nordestino, brasileiroou estrangeiro de Cincias Sociais, de Histria, deLetras, pode dar-se ao luxo, de, vindo ao Recife,ignor-los. Esses museus so essenciais aos seusestudos, sua formao, ao seu conhecimento dachamada realidade brasileira. Ao seu conhecimentodo passado social do Nordeste e do Brasil. Umpassado que nestes dois museus se apresenta e sedeixa contemplar no como um conjunto de coisasmortas mas de sugestes de vida. Pois no hsociologia vlida seja qual for sua especialidade:acar ou ouro, esporte ou famlia, isto ou aquilo que seja s estudo do presente. O tempo para overdadeiro socilogo sempre um tempo trbio emque presente, passado e futuro se interpenetram.

    UMA POSSVEL MICROSSOCIOLOGIA

    DO ACAR: A DO DOCE (*)

    48 (*) Parte deste ensaio foi j publicado no livroAcar, na sua segunda

    edio (Instituto do Acar e do lcool).

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    30/115

    Esboando-se, com relao ao Nordeste canavieiro do Brasil sua ecologia tropical ummicrossociologia do acar a do doce pode-sconcorrer para que essa microssociologitransregional, estendendo-se s reas de canavial e dfabrico de acar do nosso pas, pois existe hoje udoce brasileiro, que tendo no Nordeste o seu centrtradicional, caracterize outras reas do pas com suvariantes regionais. assunto j versado pelo autono seu livro Acar: principalmente na segundedio. Dele aqui se transcrevem alguns trechos.

    Que doce? Dizem os dicionrios que aquilque tem um sabor como o do acar e do mel; e quassim sacarino, no amargo, nem salgado, nempicante; e ainda a composio que temperadcom acar, mel ou outro ingrediente sacarino. base dessas composies que, para o socilogo dcultura, h uma doaria, uma confeitaria, umpastelaria, uma esttica de sobremesa comimplicaes scio-culturais e condicionamentoecolgicos: toda uma parte da arte-cincia dculinria com um estilo, uma etiqueta, uma forma dser alimentao sendo tambm recreao, que diferena da outra a salgada, ou apimentada, nsua maneira de ser substancial; e que se vemconstituindo em objeto autnomo de estudo

    51

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    31/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    32/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    33/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    34/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    35/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    36/115

    Compreendem-se arrojos inovadores em arqui-tetura. So necessrios. So desejveis. So sau-dveis. Visam corresponder a novas formas deconvivncia humana.

    O que no se compreende que tais arrojos severifiquem em oposio violenta natureza regionale acomodao j conseguida com ela pelaarquitetura experimentada pelo tempo. Da a ne-cessidade de valorizarmos o que seja "passado uti-lizvel" em nossa experincia arquitetnica.

    Foi entre populaes animadas pelo sentimentode identificao com a casa regional que A. Meitzen,pioneiro do estudo moderno da casa em relao coma paisagem, pde estabelecer seu critrio dediferenciao de reas de cultura europeia,documentado abundantemente nas pginas desse luxode cartografia que Siedlung und Agrawesen derWestgermanen und Ostgermanen, der Kelten, Romer,Finnen und Slawen (1895), completado, quanto Frana, por um trabalho francs que outro primorde geografia histrica e cultural: os dois volumes deLes Maisons-Types. (1894-1899), de Alfred deFoville.

    Um trabalho muito mais modesto, mas visandoigualmente um esboo claro que o mais simplesdos esboos o que vem sendo realizadopioneiramente, entre ns atravs de abor-

    65

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    37/115

    dagens diferentes das j consagradas: um esboo decaracterizao do Brasil patriarcal que foiprincipalmente o que se estabeleceu no Nordestecanavieiro pelas suas predominncias regionais decasas, tanto rurais como urbanas. Para semelhantetrabalho, vem sendo indispensvel a tentativa defixao das particularidades regionais quecondicionam esses tipos de casa de residncia. Ascasas de estncias e de fazendas de criar so as queainda mais necessitam de estudos que permitam suacaracterizao e seu confronto com outros tipos de

    habitao brasileira. (*) um trabalho, este, que se vem realizando noBrasil, tendo por ponto de partida a civilizao au-careira do Nordeste projetada sobre uma arquite-turainconfundvel, de antropologia cultural, obje-tvo oucom pretenses a objetivo: mas objetivo s at certoponto. De certo ponto em diante, tambm subjetiva:preocupado com os aspectos de harmonizao da

    casa com a natureza regional, que envolveminteresses estticos e orientaes de poltica social.So estudos, os de esttica relacionada com ageografia cultural, principalmente a urbana, queencontram para a sua orientao geral, obras j quaseclssicas em lngua alem e em lngua francesa; masque, no Brasil, como que tm que nascer de novo.Precisam de ser feitos sob critrios novos: atender a

    condies especialssimas de contato com valoresestticos europeus com os indgenas e

    avo ir (*) Parte desle ensaio foi publicado no ano, j remoto, de 1943, no N9 7 da

    Revista do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Apareceaqui aumentado e com novas sugestes em torno do assunto.

    66

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    38/115

    Houve sobrados que foram casas--grandes urbanas.

    africanos; e com a natureza americana quase virgemdas construes monumentais encontradas pelodescobridores noutras reas do continente.

    A respeito da arquitetura patriarcal de casas--grandes desenvolvida pelo Brasil, so expressivosdois exemplos de reconhecimento do seu valor, desdea primeira metade do sculo XIX, por ar-quitetoseuropeus de alto conceito. Quando Grand-jean deMontigny, arquiteto francs de ntida formaoneoclssica, quis construir para seu uso, no Rio deJaneiro, casa particular ou familial, foi a sugestes

    luso-tropicais que recorreu; quando h poucos anos oarquiteto brasileiro, conhecido e admirado pelos seusarrojos modernistas, decidiu levantar em Braslia casapara residncia sua e de sua famlia, foi daquelassugestes que se serviu. O outro testemunho muitomais especfico que nos vem de Louis LegerVauthier, formado pela Politcnica de Paris nosgrandes dias dessa Escola ainda famosa; e refere-se

    de modo especfico rea aucareira em que tevecomeo e alcanou o mximo de desenvolvimento,desde os dias coloniais aos do Imprio, o tipo maisestvel de civilizao brasileira bsica. Tipo estvelde civilizao brasileira apoiado, em grande parte,nos seus comeos e naquele desenvolvimento, naarquitetura de suas casas-grandes de engenho daNova Lusitnia (Pernambuco) e da Bahia. Uma das

    originalidades brasileiras, essa arquitetura fsica e so-cialmente ecolgica. Da ser oportuno destacar-se aqui esse teste-

    munho, to interessante quanto autorizado, a favor daarquitetura domstica que Vauthier encon-

    67

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    39/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    40/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    41/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    42/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    43/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    44/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    45/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    46/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    47/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    48/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    49/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    50/115

    E todas as obras dependentes do oramento

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    51/115

    E todas as obras dependentes do oramentoseriam feitas "com os melhores materiais que seempregam no lugar". Os tijolos, bem moldados e

    cozidos. A cal viria de Cariri. Seria bem cozida eamassada com todo o cuidado "na proporo de duaspartes de areia grossa e u'a de cal". Quanto madeirade travejamento de teto, seria de "cabrai-bo e paud'arco"; as tbuas seriam de cumaru. Toda essamadeira, "sem lasces, fendas e podrido", lavradacom todo o cuidado e fazendo-se as juntas "conformeas regras da arte de carpintaria". O ferro, tambm, da"melhor qualidade possvel e trabalho em regra".

    Seria interessante saber-se hoje, pelo exame dasconstrues de Vauthier, at que ponto foi seuescrpulo no emprego de material honestamentebom, em contraste com a desonestidade de cons-trutores menos escrupulosos, no s de hoje, como daprpria poca da atividade daquele engenheiro earquiteto francs no Brasil. Em 1884 escrevia emmemria sobre O saneamento da Cidade do Rio deJaneiro o engenheiro Antnio de Paula Freitas queno era raro, ento, "ao demolir-se um prdio antigo,encontrarem-se as suas paredes carregadas deumidade at nas partes mais elevadas". que no Riode Janeiro da primeira metade do sculo XIX, noprprio Rio de Janeiro dos vice-reis, nem semprehouvera escrpulo no preparo e na seleo domaterial de construo. O tijolo empregado naconstruo continuaria na segunda metade do sculoXIX, segundo Paula Freitas, no s de "mqualidade" como "mal feito", "provindo este re-sultado no somente da m preparao do barro,

    92

    que nem sempre e lavado ou expurgado de certassubstncias estranhas, prejudiciais s construescomo de os fabricantes empregarem frequentement

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    52/115

    como de os fabricantes empregarem frequentementna confeco da pasta a areia que, alm de no seconveniente e necessria, no escrupulosamentescolhida, pois quase sempre a extraem do mar"Tudo indica que o mesmo se passasse emPernambuco, em que nada impedisse nenhuma daduas reas de ter bom tijolo. No Rio, por haver noarredores da cidade barro excelente, segundo PaulFreitas; em Pernambuco, por encontrar-se igualmentou ainda mais do que no Rio barro do melhor.

    Vauthier faz o elogio no s do barro como dapedra que encontrou no Brasil, e por vezes utilizadna construo das casas nobres tornadas possveipela economia aucareira. Entretanto, abu-sou-se povezes mais no Rio de Janeiro do que no Nordeste

    aucareiro, na construo de casas, da areia d'gusalgada, por mais que houvesse perto e at ao ladodas barreiras, rios com areia d'gua doce; e no Riosabe-se que foi ainda maior que no Recife o empregode "cal. . de marisco da baa", contendo aquelas"matrias deliqescentes em maior ou menorquantidade" que Paula Freitas responsabiliza pel"umidade das paredes". o que se l no seu OSaneamento da Cidade do Rio de Janeiro Memriaapresentada a S. Exa. o Sr. Conselheiro FranciscoAntunes Maciel, Ministro e Secretrio de Estado do

    Negcios do Imprio pelo Dr. Antnio de PaulaFreitas, Engenheiro das obras a cargo desteMinistrio, Rio de Janeiro, 1884.

    93

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    53/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    54/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    55/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    56/115

    desses barris se fazia nas praias. Eram barris velhos t d d lh d

    ramente na regio brasileira por excelncia, acar,para da comunicarem suas formas a outras regies

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    57/115

    que s vezes estouravam de podres, emporcalhandoos escravos, seus carregadores, e empestando as ruas

    com sua imundcie.

    Vauthier interessou-se por esse aspecto da hi-giene tanto domstica como pblica, relacionado demodo to ntimo com a arquitetura e com o ur-banismo. Em ensaio dedicado ao ilustre tcnico,transcrevo posturas da Cmara de Olinda. So MSScitados pela primeira vez em Um engenheiro francsno Brasil, Rio, l.a edio, 1940. Procurei destacar,baseando tais em MSS, encontrados nos restos dearquivo da antiga Repartio de Obras Pblicas daProvncia de Pernambuco, a ativida-de desenvolvidapor Vauthier no sentido de melhorar as condies desaneamento das casas do Recife. assunto a que oarquiteto francs se refere nas suas cartas, publicadasprimeiro em francs, depois em portugus, em tomquase de turista, lembrando no parecerem osespanhis e portugueses to sensveis quanto outroseuropeus aos inconvenientes dos despejos de fezeshumanas quase ao p das casas. Ningum se iluda,porm, com esse tom quase de turista das refernciasde Vauthier ao problema nas suas cartas para aFrana; a verdade que, em estudos tcnicos, ele seocupou seriamente do assunto. E chegou a reconheceras virtudes das casas-grandes de engenhos patriarcaisque conheceu em Pernambuco. Casas-grandes querepresentam uma das originalidades, uma dascriaes, uma das identificaes mais notveis dehomem europeu com ambiente tropical. Identificaesque se realizaram pionei-

    para da comunicarem suas formas a outras regiesdo pas, juntando-se a outras econmicas: do gado, do algodo e, principalmente, do caf.

    No fato sociologicamente desprezvel o de tero famoso arquiteto modernista escolhido para modelode sua residncia em Braslia o das casas--grandestradicionais do Brasil. O de uma fazenda do Sul, emparticular, talvez. Mas todas as casas--grandesbrasileiras dos dias patriarcais tiveram o grmen desua arquitetura ecolgica, telrica, brasileira, naspioneiras, da Nova Lusitnia (Pernambuco), da Bahiae do Rio de Janeiro: as reas por excelnciacanavieiras.

    102 103

    Foi Blaise Cendras talvez o europeu que mais

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    58/115

    p qliricamente amou e mais intuitivamente compreendeuo Brasil quem, um dia, surpreendeu algunsbrasileiros com esta revelao: a de estar o Brasilnum poema ignorado de Victor Hugo. Sabia-se daadmirao pelo grande poeta do brasileiro Pedro II.Mas no era do conhecimento de ningum ou dequase ningum estar o Brasil num poema do autorda Legende des Sicles. A revelao seria deCendras. A parte do Brasil cantada por Victor Hugonesse poema ignorado no teria sido outra seno

    Pernambuco. Segundo Cendras: "Victor Hugo 1'appelle Pernambuco aux mon-tagnes bleues".

    O que, revelado, nesses termos aparentementeantigeogrficos, logo irritou certos gelogos maisconvencionais. Pernambuco com "montanhas azuis"?Para esses pedestres Pernambuco seria todo e de todoplano. E invariavelmente verde. Verde na "mata".Verde e s vezes pardo nas guas do litoral. E verdecinzento nos sertes. Sem azuis, seno os do cu e osdo mar. O verde do canavial dominando a paisagem.

    A verdade geogrfica antecipando-se verdadesociolgica e verdade histrica vivemos cadavez mais num mundo de verdades necessitadas

    107

    cada vez mais de se juntarem outra. Pernambuctem montanhas; e montanhas, seno puramente azude um verde, em dias de nvoa, menos verde cana dque verde cinza, azulado, azul. Rucinha, bem per

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    59/115

    que verde cinza, azulado, azul. Rucinha, bem perdo Recife seu ruo! que o diga! E junto ao Recique o diga uma Olinda que quase toda monte: semontes agrupados uns junto dos outros e como quformando uma s e suave montanha. Est a antigcapital de Pernambuco sobre terra ondulada e nplana. Sobre montes cuja vegetao de um verdtambm azulado a marmonizar-se com as guas dum mar cuja cor varia, conforme a luz, entre verdesazuis de vrios tons.

    Sociologicamente Pernambuco vem sendo h sculos a negao de uma sociedade e de umcultura planas. Que parte do Brasil se vemapresentando, em sua configurao sociolgica made altos e baixos? Nos seus comeos foi quas

    feudal: casas-grandes e senzalas, dominando juncom engenhos e capelas, vastos canaviais, embora dum extremo a outro a miscigenao agisse semprcom o amor a quebrar intransigncias fidalgas arrogncias tnicas dos de cima para com os dbaixo. Desde o incio, houve pontes entre altomontanhosos e plancies sociais.

    No Recife colonial, com a presena norte-europia, o que havia de fisicamente plano na cidadseria corrigido por uma arquitetura de picos dmontanha: torres de palcios para a poca altssimoe por altos de sobrados, tambm, para a poca e paa Amrica, elavadssimos. Esses picos arquitetnicode montanhas de tijolos e de

    108

    pedra deram, desde ento, nova capital de Per-nambuco, obrigada, por sua ecologia, a formas in-slitas, no Brasil, de uma arquitetura verticalmentemontanhosa, um aspecto caracteristicamente seu.

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    60/115

    , pCaracteristicamente pernambucano.

    Do perfil que o carter, o comportamento, oarrojo dos pernambucanos, desde os comeos co-loniais do Brasil, vem recordando nesta parte daAmrica, talvez no haja inteiro exagero retrico emdizer-se que tem sido um perfil angulosamen-tevertical de montanheses por vocao; gente que, emesprito, se situasse quase sempre no alto de"montanhas azuis"; e agisse como se concorressepara a criao, nesta parte do mundo, de um tipoeurotropical de civilizao, vendo os problemas queprecisava de resolver, do alto. Que revoluobrasileira em que os problemas de uma futura naofossem vistos mais do alto pelos idealistas que a

    conceberam do que a pernambucana de 1817? Quehomem pblico ou intelectual enxergou mais do altoos problemas sociais do Brasil do sculo XIXprojetados sobre o futuro nacional do que JoaquimNabuco? Quem, vendo a sociedade da sua regio e doseu tempo tambm assim do alto mas no por alto, ter sido, no Brasil, antes de Nabuco naprimeira metade daquele sculo , maisparassocilogo, do que o mestio ou morenopernambuco A. P. de Figueiredo? Quem maismontanhs nas audcias que o levaram,quixotescamente at aos Andes, at AmricaEspanhola, do que Abreu e Lima?

    Ufanismo de pernambucanos? Consultem-se osfatos. Escutem-se as escrituras que, no caso,

    109

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    61/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    62/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    63/115

    juntado portugueses de origem judaica, afeitos aocomrcio e capazes de dar expanso internacional

    d b d

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    64/115

    produo pernambucana de acar. No s essesbons judeus e tambm europeus de outras origens,que no a ibria, como o florentino Cavalcanti, oalemo Lins, o holands Holanda este parente dopapa Adriano IV, o Cavalcanti, do fidalgo dessenome que aparece como pecador ilustre na DivinaComdia de Dante. Tal a civilizao que, primeiro dePernambuco, e, logo aps, da Bahia, se desenvolveriapor outras partes do Brasil, juntando-se ao esforo deexpanso no espao americano realizado pela audciae pela bravura dos Bandeirantes.

    Nesse Pernambuco, assim estvel, explica-se tertido incio a literatura brasileira, com a Proso-popia,de Bento Teixeira; ter tido o seu principal comeo oteatro no Brasil; ter primeiro se definido um tipobrasileiro de residncia patriarcal ou de arquiteturadomstica com caractersticas nobres; ter tido suaorigem a literatura israelita no continente americanocom um poema do sbio Aboab da Fonseca; ter sidoa terra americana marcada por presena europeiaonde primeiro se viu, no governo de uma Capitaniaou de um Estado, a figura ilustre de uma mulher:Dona Brites de Albuquerque, esposa de Duarte. Seriatambm em Pernambuco onde primeiro seconsolidaria, na Amrica Latina, com igrejas,sinagogas, escolas, a presena de judeus e deProtestantes, ao lado dos Catlicos, iniciando-seassim uma diversificao do Catolicismo monolticoque significaria, sob alguns aspectos, em vez deprejuzo, enriquecimento, pa-

    116

    ra a futura cultura nacional. Tal presena se acentuounaqueles memorveis anos da ocupao deP b h l d i l d l

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    65/115

    Pernambuco, por holandeses, assinaladas pelo go-verno do Conde Maurcio de Nassau: to admiradordo que destacou como a fidalguia da gente dePernambuco que, como prncipe de sangue e deesprito, deve ter contrastado com a burguesia dosholandeses.

    Dada a prosperidade alcanada por Pernambucocom a produo do acar antes de se fazer notarpelo seu acar na Europa, Pernambuco se fizeranotar pelo seu pau-brasil (ibirapitanga), to til tinturaria europeia nos comeos do sculo XVI, tendose tornado famoso na linguagem de classificao decores da poca uma chamada "Pernambuco" eranatural que esta parte do Brasil atrasse, como atraiu,no sculo XVII, a cobia de uma Holanda ento rivalde Portugal e da Espanha no nimo expansionista.Por trinta anos Pernambuco esteve sob domnioholands e, durante oito, governou-o aquelo notvelalemo, o Conde Maurcio de Nassau, que fez destaparte do Brasil uma das terras americanas maisbeneficiadas, no sculo XVII, pela ento maisavanada tcnica e pela, naqueles dias, maisadiantada cultura do Norte Protestante da Europa,sem deixar de ter aqui prestigiado atividades eaproveitado valores de judeus sefardins nem de terrespeitado crenas e ritos dos Catlicos da terra.Houve, ento, em Pernambuco verdadeiraconcentrao de europeus de vrias origens, comigrejas Protestantes Holandesa e Francesaempenhando-se at na catequese de indgenas.Tambm repita-se

    117

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    66/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    67/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    68/115

    /

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    69/115

    leira de casas-grandes rurais Monjope, Gaipi

    Moreno, Morim e de sobrados fidalgos de cidadoutrora domnios de senhores e de sinhs ilustreUma dessas sinhs, Dona Ana Paes. Outra, a belAlves de Sousa imortalizada nos versos de MaciMonteiro. Ainda outra, a linda Baronesa da Soledadque quando entrava, toda de cor-de--rosa, no TeatrSanta Isabel fazia tanta sensao quanto Condessinha (Rego Barros) ao sair, toda de roxovioleta, da missa em So Francisco. Como j se temassinalado em estudos sobre as diferentes formas dcolonizao e de autocolo-nizao atravs das quaisBrasil se constituiu em Nao, Pernambuco vem, coefeito, se distinguindo, nesse processo, pelequilbrio, quase sempre mantido, na sua colonizae na sua formao. Equilbrio entre tendnciarevolucionrias e tendncias conservadoras. O quexplicaria, suas vrias iniciativas pioneiras, seuarrojos renovadores, seus rompantes insurreitodevendo ser recordadas as quase-revoluo 1961710, 1824, 2849; a revoluo de 1817; e dentraquelas iniciativas, as de aperfeioamentos nagricultura da cana como o representado pela "CaCavalcanti", a fundao, em Pernambuco do Horto dOlinda, com aclimatao, cientificamente orientadde plantas de outras partes tropicais do mundo; atividade renovadora do Seminrio e a ao civlizadora do Bispado de Olinda, desde o sculo XV uma ao civilizadora que foi at Paracatu, naMinas Gerais; a modernizao da educao da mulhbrasileira representada pelo Recolhimento da Glrinos fins do sculo XVIII e comeos

    124

    do XIX; a fundao, no Recife, do Dirio de Per-nambuco, em 1825; os planos arrojadamente mo-dernos de zoneamento da cidade desde a primeirametade do sculo XIX apresentados e definidos noRecife pelo mdico Joaquim de Aquino Fonseca,tambm pioneiro naquela poca da tropicali-zao

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    70/115

    tambm pioneiro, naquela poca, da tropicali zaodo trajo; a primeira ponte de ferro de tipo moderno

    no Brasil (Vauthier); o primeiro edifcio de teatroneoclssico moderno no Brasil (Vauthier); amodernizao do ensino de engenharia no Brasil(Governo do 1. Barbosa Lima); a Casa de Banhos; oMercado de estrutura de ferro, de So Jos: arrojorecifense com a colaborao tcnica de Vauthier, jde volta Frana; o Hotel moderno e parque dediverses modernos, estabelecidos por DelmiroGouveia no Recife, no comeo do sculo XX; oHospital Pedro II para a poca, de arquiteturarenovadora e projetada sobre o futuro; os valados deseparao de ativida-de pastoril, da agrria nointerior (iniciativa do Governador Estcio Coimbraem 1927); a Reforma de Educao Carneiro Leo, nomesmo Governo Estcio Coimbra, com a criao, noBrasil, da primeira cadeira, no ensino normal, deSociologia moderna acompanhada de pesquisa decampo; os primeiros "playgrounds" pblicos noBrasil (Prefeito Costa Maia, 1928). E mais: o jrecordado incio de novas orientaes nos estudos jurdicos, filosficos e sociolgicos no sculo XIX,com Tobias Barreto, Sylvio Romero, Martins Jnior,Clvis Bevilqua; o comeo, no Brasil e, talvez naAmrica Latina, com Ulysses Pernambucano e umseu colaborador, antroplogo social e socilo-

    125

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    71/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    72/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    73/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    74/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    75/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    76/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    77/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    78/115

    critas por um escritor do alto porte do acadmicoMauro Mota o que refletem. Por outro lado, acen-tua-se que a participao pernambucana no processogeral de desenvolvimento brasileiro tende, em alguns

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    79/115

    g , gpontos, a normalizar-se: assunto considerado, juntamente com outros, de modo magistral, nestelivro, pelo economista Roberto Cavalcanti. So um eoutro valorosos colaboradores do atual governo doEstado, presidido por um pernambucano cujas origensso as de um homem independente de interessesparticulares capazes de prejudicarem os gerais. Estassim em situao de enfrentar, como lder, os difceisproblemas de reabilitao econmica e de reconquistado prestgio poltico com que se defrontam seuscoestaduanos.

    UM PRONUNCIAMENTO DE 1964 DO INSTITUTO JOAQUIM NABUCO DE

    PESQUISAS SOCIAIS SOBRE A SITUAO DA REA CANAVIEIRA DO

    NORDESTE BRASILEIRO (*)

    142

    te deste ensaio foi publicado pelo Instituto Joaquim NabucoPesquisas Sociais; Edio j esgotada.

    O Pronunciamento de 1964 dos tcnicos e cien-tistas sociais do Instituto Joaquim Nabuco de Pes-quisas Sociais sobre o problema da reforma agrria,no Norte e no Nordeste do Brasil em geral e na zona

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    80/115

    no Norte e no Nordeste do Brasil, em geral, e na zonacanavieira de Pernambuco, em particular, veioprojetar sobre esse difcil problema uma luz queestava fazendo falta ao seu esclarecimento; e que aluz da anlise e da interpretao cientficas, sobcritrio ecolgico. Sugere a necessidade de umaconstante anlise tanto quanto possvel obje-tiva e deuma interpretao independente

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    81/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    82/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    83/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    84/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    85/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    86/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    87/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    88/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    89/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    90/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    91/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    92/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    93/115

    Osrio de Andrade, ao IJNPS, relatrio no qual dizque esses estudos no s prometem deixar manifestoque a administrao da "vinhaa" "in natura" noaumenta a acidez natural do solo; ao contrrio,melhora suas propriedades qumicas e fsicas,aumenta-lhe o poder de embolio da gua acentua o

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    94/115

    aumenta lhe o poder de embolio da gua, acentua opoder de reteno dos sas minerais. assim preciosoadubo para o desenvolvimento da prpria cana-de-acar, do milho, do arroz e outras lavouras; aumentaqualitativa e quantitativamente a microflora do solo elhe restaura ou aumenta a fertilidade. Foram obtidas,em solos assim adubados, 69,68 tons. de cana-de-acar por hectare contra uma mdia de apenas 27,68tons. em terras semelhantes e no adubadas. Assim,com o despejo das caldas nos rios-de-acar, alm dese aniquilar a fauna dos cursos d'gua, lana-se foraum valor econmico possvel de ser estimado emtermos de verdadeiro patrimnio".

    Destaque-se, a esse respeito, vir sendo notvel acontribuio para a soluo, segundo critrio, doproblema do derrame de caldas e da poluio dos rios

    na zona canaviera de Pernambuco, do Diretor doInstituto de Antibiticos da Universidade do Recife,o ilustre qumico, de renome nacional OsvaldoGonalves Lima. Trata-se, alis, de pesquisador daUniversidade de Pernambuco to ligado ao InstitutoJoaquim Nabuco de Pesquisas Sociais como os seuscolegas, o fisilogo Nelson Chaves, Diretor doInstituto de Fisiologia e Nutrio, o mdico tro-picacalista Ruy Joo Marques, Diretor do Instituto deMedicina Tropical, e o antroplogo Fres daFonseca, pesquisador-chefe do Instituto de Antro-pologia Tropical, todos os quais tm trazido ao p-

    172

    blico, por intermdio do Instituto Joaquim Nabuco dPesquisas Sociais, esclarecimentos valiosos sobproblemas, considerados em diferentes aspectos, pesses especialistas idneos. Aspectos que afe-tamcondio, a produtividade e as possibilidades ddesenvolvimento da populao da zona ca-navieira Pernambuco. So assuntos, de que tambm vem socupando, com critrio cientfico e saber srio,

    bilogo A. Bezerra Coutinho, tambm da Faculdadde Medicina do Recife. Deve-se ainda registrar queI i J i N b d P i S i i

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    95/115

    Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociaipublicar breve interessante trabalho do EngenheiUchoa Cavalcanti sobre o problema dos alagados mocambos do Recife, em particular, da'zoncanavieira de Pernambuco, em geral, dentro dcritrio ecolgico-social que vem caracterizandvrias das pesquisas empreendidas pelos cientistas dInstituto ou por seus associados. O Brasil, comoutros pases da Amrica Latina, caminha para umsistema de economia mista, pblica e privada, qusegundo o economista Victor L. Urquidi, "parecresponder a las aspiracio-nes de loslatinoamericanos". Ao cientista social que se alonguem pensador, tal tendncia se apresenta como deversaudvel, em seu modo de ser revoluo, sem inteirepdio tradio. Representa ela o pendor de todum grupo de naes afins, no sentido de uma soluem escala continental, para seus problemas sociaiem geral, econmicos, em particular, que significescolha, de sua parte, dentre as solues j seguidpor outros sistemas transnacionais de economia, dtcnicas e de mtodos, que no sendo intransigentmente nem os de um tipo, nem os de outro den-

    173

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    96/115

    Os trabalhos e o Pronunciamento que o InstitutoJoaquim Nabuco de Pesquisas Sociais publicou, em1964, sobre problemas de reforma agrria no Brasil,em geral, e o da zona canavieira de Pernambuco, emparticular problemas, estes, to em foco e objetod t t l i tit t i l

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    97/115

    p p , , jde to veementes polmicas constituem materialvalioso para quantos se dedicam ao estudo dapresena do acar na formao brasileira.

    Naquele ano o ltimo de uma fase de furiosademagogia que quase resultou, para o Brasil, em totaldesorganizao do seu imperfeito, porm, de modoalgum, invlido sistema nacional de convivncia oInstituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais,quase heroicamente fiel ao seu programa, realizou,no Recife, um simpsio ou seminrio em torno doproblema agrrio na zona canavieira de Pernambuco.Publicou, em 1964, a Imprensa da UniversidadeFederal de Pernambuco, a matria a reunida.Publicao precedida de outra, intituladaTransformao Regional e Cincia Ecolgica:tentativa no sentido de se considerarem alguns as-pectos de transformao social que o Brasil, parti-cularmente Pernambuco, vinha atravessando, doponto de vista no s cientfico-social como ecol-gico. Publicou-se esse primeiro volume com intro-duo escrita pelo Presidente do Conselho Diretor

    179

    J

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    98/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    99/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    100/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    101/115

    vos fraternos que resultou na separao da civiliza-o escandinava em duas naes.

    Com suas contradies o Brasil vem vivendo,por vezes, perigosamente. Mas quase sempre cria-doramente: criando um novo tipo de convivnciaintranacional baseado nos equilbrios entre desar-monias, na intepretao de contrrios, numa espciede vigor hbrido sociolgico alcanado por meio deverdadeiras aventuras de conciliao de opostos.Inclusive a contradio que faz certos elementos dacivilizao brasileira buscarem o destino de todo

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    102/115

    civilizao brasileira buscarem o destino de todonacional numa crescente interiorizao, num cada diamais intenso sertanejismo, enquanto outroselementos vm buscando o principal desse destino noAtlntico: no vasto litoral brasileiro e at ematividades transatlnticas, em que o comrciocompletaria a indstria. "Rumo ao mar!" tem-se ditocom veemncia aos brasileiros. E com igualveemncia se tem bradado: "Rumo ao Oeste!" "Ru-mo ao Centro!" "Rumo aos campos!"

    Que brasileiro no tem hesitado entre esses doisdestinos ou entre esses dois apelos? Entre essadesarmonia aparentemente inconcilivel entre umdestino atlntico e um destino sertanejo? O mar, oAtlntico, o litoral tem tido os seus apologistasabsolutos. Os sertes, os seus entusiastas eloquentes.Das desarmonias na formao brasileira o conflitoentre essas duas msticas talvez seja o maisdramtico.

    Muitas so as harmonias e desarmonias que doponto de vista sociolgico caracterizam a formaobrasileiro, na qual tem estado sempre presente, oramais, ora menos, a produo do acar junto la-

    voura da cana. Trs grandes presenas tnico-cul-turais nessa formao a da Europa, a da Indo--Amrica, a da frica do-lhe contrastes oraharmnicos, ora desarmnicos, que tm j servido detemas a vrios estudos. Muita tem sido a desarmoniaentre valores de cultura trazidos de pases frios outemperados e as condies predominantemente

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    103/115

    temperados e as condies predominantementetropicais de ambiente e de vida do espao brasileiro.Considervel foi, durante longo perodo da formaobrasileira, a desarmonia entre um regmen polticounitrio e monrquico e as tendncias republicanas eseparatistas de vrios grupos da populao, sem queaquele regmen e essas tendncias deixassem deequilibrar-se e de harmonizar-se. A desarmonia entreinteresses regionais no a nica que vemperturbando o desenvolvimento brasileiro e exigindodos lderes nacionais uma sabedoria decontemporizao no equilbrio de antagonismos quepode ser considerada virtude caracterstica dosmelhores polticos brasileiros; dos mais avisadoslderes de atividades no-polticas que se relacionam,

    no Brasil, com interesses inter-regio-nais dentro dosnacionais. No: a desarmonia in-ter-regional no anica que exige dos lderes brasileiros uma vigilnciaconstante. , porm, a mais grave: a que mais afeta opresente e compromete o futuro do Brasil como umtodo nacional que precisa desenvolver-se com algumaharmonia, alm de reciprocidade, inter-regional, paraconser-var-se verdadeiramente um todo e paracontinuar verdadeiramente nacional. Reciprocidadeque as estatsticas parecem indicar no estar havendoentre os recursos humanos de que o Nordeste vemsuprindo o Centro-Sul, desde que estancou o anti-

    189

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    104/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    105/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    106/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    107/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    108/115

    Sendo assim, no se compreende que esse ex-celente conjunto de estudiosos no seja ouvido aindamais do que atualmente por governos, pelaSuperintendncia do Desenvolvimento do Nordeste,pelo Incra e por particulares quando se trate deprocurar resolver problemas, quer de administrao,quer de organizao industrial, que, apresen-tando-sesob aspectos no s econmicos como N D I C E

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    109/115

    sob. aspectos no s econmicos comocomplexamente sociais, sejam tambm condicionadospela sua ecologia e pelos antecedentes histri-co-sociais ou histrico-culturais da regio em queprincipalmente se situe o problema. O chamado"problema da zona canavieira" de Pernambuco oudo Nordeste um desses problemas. Os problemasque precisam de ser resolvidos no Brasil atravs de jretardadas reformas agrrias esto entre essesproblemas.

    Uma possvel Sociologia: a do acar, tendo porprincipal modelo a experincia brasileira ............................................................................................ 1

    Uma possvel microssociologia .......................... 49 Arquitetura de Casas-Grandes e sobrados e Civilizao brasileira do acar ................................... 63

    Acar e Pernambuco: o comeo de uma estvelCivilizao brasileira em Capitania Predominantemente aucareira ................................................. 105

    Um pronunciamento de 1964 do Instituto de Pesquisas Sociais sobre a situao da rea canavieirado Nordeste brasileiro ........................................ 143

    O Nordeste, principalmente o Canavieiro, e o problemada harmonizao inter-regional do Brasil . 177

    200 201

    >> 33 Z >HCO

    P co O croc 3 O CO o cp_

    O. (D i.O

    >>ZZH t-OO zco

    >

    >>>> oo 33 .11 D D

    o

    = ,2 o-=r =

    >r-2m > c _o0)CD* >CD- o'O D. CD

    >>>>>>

    ITI O z>oz >H

    O-"5

    miT co rn

    o.

    o o

    >> 55m 9co >"c-33 ,13 o5-OSe. Q. CD OCO O

    >>>> -naoca 033033 m c

    CD ogn

    o_

    cp_ < co " 13 CD

    a CD

    ca

    >>ZZ a o 33 33 >>a o

    >r- r- O) co T3

    c o 'CQ co o O

    a

    CD 03 QOCCm m33 33OOCCmm rro CD 2, 3 CD n 05

    03 03CZCO O czczrn m 33 33 OOczcz

    30)

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    110/115

    c CQC 2.o"D.S3"O CD w Oco

    =?: oO CD Q. CD

    a. a CD CD

    >H33>- 33c_>O - CO 5 CD- ?-

    tu

    > CD

    3G a. CD

    Q.CD

    PO 03

    MCJirOW^^CJlCl\3N3-^COIV)--01--lCO-'--J-K)tOWCDCO--i-kN> NACOSOrOO^C--)-v|OIO)-vlOW-iC0)MCOCDCOOfflCI)CO

    a. CD

    CD 0) -n

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    111/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    112/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    113/115

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    114/115

    T

    TAVARES, Correia de Arajo ...................................... 87TAVARES, Joo Fernandez .......................................... 78TEIXEIRA, Bento ........................................................ 116TELES Jnior ............................................................... 139TOBIAS ....................................................................... 127TOLLENARE ..................................................................... 29TOLLENARE, L. F .................................. ......... 97-983 - 99TUGWELL prof Reford Guy 167

  • 7/24/2019 A Presena Do Acar Na Formaao Brasileira - Sem Autor

    115/115

    TUGWELL, prof. Reford Guy ......................................... 1672 URGUID, Victor L ...................................................... 168-173

    V

    VALENTE, Waldemar ............................................. 130-154VARGAS, Getlio ......................................................... 60VASCONCELOS Sobrinho ............................................. 139

    VAUTHIER, Louis Lger 29-672-693-70-712-72^73-74 - 753 76-77-78-79-80-8l4-833-85-86-87.r88,-893-90-92-93 - 942

    953-98s-97s-98-101-1028120-125s-138a-1533 - 1622 VIEIRA, Antnio ...................................................... 21 - 28VIEIRA, Joo ................................................................. 139VILAA, Marcos ............................................................ 88ViLAA, Marcos Vincius .............................................. 130VILHENA .......................................................................... 28VIRGOLINO, Wellington ............................................... 128W

    WANDERLEY.................................................................. 118WITT, Gilberto de ......................................................... 20

    Z

    ZACHER, Andr ...................................................... 813 - 82s ZAVALA, Silvio .............................................................. 15

    Composto e impresso na|0 COMPANHIA EDITORAAMERICANA f ,'HRua Visconde de Maranguape, 15 - ZC06tJ2B.O00 - Rio de Janeiro - GB - Tel. 232-8004