a possibilidade jurídica da confecção do tco pela pm

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FAHESA - Faculdade de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína. ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Ltda. DIREITO A possibilidade da elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrências pela Polícia Militar. Abraão Carlos Bandeira Júnior Araguaína/ TO Jun./2014

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A possibilidade jurídica do Termo Circunstanciado de Ocorrência ser lavrado pela Polícia Militar.

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FAHESA - Faculdade de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína. ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Ltda.

DIREITO

A possibilidade da elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrências pela

Polícia Militar.

Abraão Carlos Bandeira Júnior

Araguaína/ TO Jun./2014

Abraão Carlos Bandeira Júnior

A possibilidade da elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrências pela

Polícia Militar.

Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de nota na disciplina de TCC II, do curso de Direito da FAHESA/ITPAC. Profº Orientador Especialista: Herbeth Barreto de Souza

Araguaína/ TO

Jun./2014

Abraão Carlos Bandeira Júnior

A possibilidade da elaboração do Termo Circunstanciado de Ocorrências pela

Polícia Militar.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAHESA/ITPAC como requisito

parcial para obtenção de grau de bacharel em Direito, submetido à Banca

Examinadora em 05/06/2014.

Banca

__________________________________________________ Presidente Profº Orientador Especialista: Herbeth Barreto de Souza

_________________________________________________ Profº Especialista: Jorge Palma de Almeida Fernandes

_________________________________________________ Profº Especialista: Marcos Paulo Goulart Machado

À minha esposa, pelo carinho, amor e paciência.

À minha filha, que chegou durante o curso.

À Sônia Margareth Gomes da Silva (in memorian), minha mãe.

E a todos aqueles que acreditaram e incentivaram a realizar este sonho.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela eterna vontade permissiva.

Aos Professores, pela dedicação na passagem do conhecimento. Especialmente ao

orientador deste trabalho, por ter aceitado o desafio de abordar tema tão polêmico.

Aos meus comandantes e colegas militares, pela compreensão e auxílio.

“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.”

Romanos, 13

RESUMO

A POSSIBILIDADE DA CONFECÇÃO DO TERMO CIRCUNSTANCIA DO DE OCORRÊNCIAS PELA POLÍCIA MILITAR.

Abraão Carlos Bandeira Júnior – Acadêmico de Direito [email protected]

O objetivo principal do trabalho é demonstrar a possibilidade jurídica da confecção do Termo Circunstanciado de Ocorrência com previsão no art. 69 da Lei 9.099/1995, pela polícia militar e verificar se este ato tornaria o atendimento à sociedade mais célere, econômico, simples e informal condizente com o que se buscou ao estabelecer a Lei dos Juizados. Para se chegar ao ponto nevrálgico do problema, inicia-se o estudo com os aspectos gerais, os motivos que levaram à criação de tal legislação, com a definição da respectiva competência dos Juizados Especiais e do que seja uma infração de menor potencial ofensivo; passa-se então a conceituar o termo circunstanciado e seu conteúdo, para em seguida, entrar na razão deste estudo, ou seja, analisar a possiblidade ou não da polícia militar lavrar os termos circunstanciados, demonstrando as correntes que admitem uma interpretação extensiva ou restritiva de quem seja autoridade policial para a Lei 9.099/95. Concluindo pela diferença da autoridade policial na perspectiva do código de processo penal, esta última exclusiva dos Delegados de Polícia. Surgindo então a necessidade de se estabelecer as funções das policias civis e militares, para só então exibir os pontos positivos e negativos que a lavratura do termo circunstanciado pela policia militar traria à sociedade. Em uma análise pontual percebe-se claramente que os pontos positivos são mais amplos, trazendo um ganho considerável à população e que ainda as dificuldades de implantação de tal procedimento são mínimas quando comparação ao possível benefício trazido pelo atendimento ao princípio norteador da Lei dos juizados Especiais. E ainda que os maiores entraves encontram-se na defesa de entidades classistas que ao que parece, estão mais preocupadas com o poder do que com o bem estar social. O método empregado é basicamente o dialético, sem deixar de lado o fenomenológico, através de pesquisa em bibliografia já existente. Palavras-chave: Autoridade policial. Elaboração. Termo circunstanciado.

ABSTRACT

THE POSSIBILITY OF THE CONFECTION OF THE DETAILED T ERM OF REPORTS BY THE MILITARY POLICE.

Abraão Carlos Bandeira Júnior – Academic of Law [email protected]

The main objective of this work is to demonstrate the juridical possibility of the confection of the Detailed Term of Report with prevision of Article 69 of Law 9.099/1995, by the military police and verify if this act would cause the service to society to become more swift, economical, simple and informal, thereby becoming consistent with the Law of the Courts. To arrive at the root of the problem, the study begins with the general aspects, the motives that led to the creation of said legislation, with the definition of the respective competency of the Special Courts and what would be a less offensive potential infringement. Conceptualize the detailed term and its content in order to follow by entering in the reason for this study, this is, to analyze the posiibility or not the military police till the detailed term. This demonstrates the chain that permits extensive or restrictive interpretation by police authority of Law 9.099/95. Concluding by the difference of the police authority in the perspective of the penal process code, this latest exclusive of the police delegation. There exists therefore the need to establish the functions of the civil and military police officers, which will enable to show the positive and negative aspects that the drawing up of the detailed term by the military police would bring to society. In a punctual analysis its clearly perceived that the positive points are amplified, bringing forth a considerable gain to the population, while the difficulties entailed in implanting such procedures are minimum when compared to the potential benefits brought by the attendance to the Law of Special Courts. And although the greatest barriers are found in the defense of labor organizations, which appear to be more concerned with power than with social well-being. The method employed is essentially dialectical, whithout leaving aside the phenomenological through existing research literature.

Keywords: Detailed term. Elaboration. Police authority.

SUMÁRIO

PAG.

1 INTRODUÇÃO 09

2 ASPECTOS RELEVANTES DA LEI 9.099/1995 11

2.1 Princípios Orientadores da Lei 9.099/1995 13

2.1.1 Princípio da oralidade 14

2.1.2 Princípio da simplicidade 15

2.1.3 Princípio da informalidade 15

2.1.4 Princípio da economia processual 16

2.1.5 Princípio da celeridade 17

2.2 Competência dos Juizados Especiais Criminais 18

2.3 Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo 20

3 ASPECTOS GERAIS DO TERMO CIRCUNSTANCIADO 23

3.1 Conceito de Termo Circunstanciado 24

3.2 Autoridade Policial e a Lavratura do Termo Circunst anciado 25

3.2.1 Interpretação extensiva 26

3.2.2 Interpretação restritiva 29

4 ATRIBUIÇÕES DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR 32

4.1 Atribuições da Polícia Civil 32

4.2 Atribuições da Polícia Militar 33

5 ANÁLISE DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

DECORRENTES DA ELABORAÇÃO DO TCO PELA POLÍCIA

MILITAR

38

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

REFERÊNCIAS 47

9

1 INTRODUÇÃO

A Segurança Pública, com o aumento da violência, tem que buscar soluções

simples, escapando do ego que afeta as instituições, sempre na tentativa de levar à

sociedade o que dela é esperado, proteção. Neste aspecto, No atual sistema, a

maior parte do encargo da segurança pública recai sobre os Estados, através das

suas duas polícias: civil e militar.

Na prática, temos duas meio-polícias, com suas diferenças, suas raízes

distintas e que nenhuma delas detém o ciclo completo de policiamento. Ambas tem

imensa dificuldade em realizarem suas atividades sem entrar em um conflito de

atribuições com a outra. Por vezes vemos policiais militares investigando crimes

comuns e também policiais civis trabalhando de forma ostensiva em fardamentos e

viaturas caracterizadas.

Diante desse quadro, basta uma breve observação para constatar-se que o

modelo atual não é adequado para oferecer segurança à sociedade. Mudanças são

necessárias, vários Projetos de Emendas à Constituição (PEC’s) tramitam no

Congresso Nacional. Uns para desmilitarizar a Polícia Militar (PM), outros para

unificação das polícias estaduais. E com o aumento exacerbado da violência, os

debates ficam cada vez mais acalorados, porém, sabendo da forma lenta como os

nossos legisladores trabalham, alguns ajustes simples poderiam facilitar o

atendimento às ocorrências policiais e consequentemente reduzir custos e aumentar

a sensação de segurança da sociedade.

Uma dessas medidas seria a confecção do Termo Circunstanciado de

Ocorrências (TCO) pela Polícia Militar. Com essa medida, teríamos uma diminuição

considerável de tempo e distância entre o atendimento da ocorrência pelo policial

militar e a sua comunicação ao Juizado Especial Criminal, como assim prediz a Lei

9.099/1995.

Estudaremos quais são os grandes problemas enfrentados para a não

lavratura de tal termo pela polícia Militar, o que dizem a doutrina e a jurisprudência.

E os pontos polêmicos que envolvem o tema.

Nos dias atuais em que o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico

avançam de forma cada vez mais dinâmica, é inaceitável que o Estado não

acompanhe as inovações deixando de aplicar o mais novo princípio da

administração pública, o princípio da eficiência.

10

Ao longo deste trabalho, ver-se-á que o serviço público deve ser oferecido de

modo eficiente à população, sem burocracia e com a melhor utilização dos recursos

disponíveis em prol da melhoria dos serviços prestados, como está implicitamente

demonstrado nos princípios da Lei dos Juizados.

Serão expostas as correntes de pensamento, bem como o entendimento das

cortes superiores, nos pontos mais polêmicos. Somente nas considerações finais o

pesquisador dará seu ponto de vista, concluindo ser possível ou não, o termo

circunstanciado de ocorrência ser lavrado pela polícia militar.

Esta pesquisa será baseada em estudos já realizados através da bibliografia

de referência, livros, artigos científicos, jurisprudência, bem como a utilização da

internet, através de sites que possuam artigos e materiais científicos confiáveis.

Sob a perspectiva procedimental, adotar-se-ão procedimentos de caráter

bibliográfico e documental. Como método empregar-se-á fundamentalmente o

método fenomenológico, sem descurar do uso do método dialético ao longo do

estudo pontualmente.

11

2 ASPECTOS RELEVANTES DA LEI 9.099/1995

A Lei federal nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, conhecida como a Lei dos

Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Surgiu como uma inovação jurídica trazida

pelo legislador constitucional.

No art. 98, inciso I da Carta Magna in verbis:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau [...] (BRASIL, 1988).

A natural preocupação da Assembleia Constituinte com a criação desses

juizados deu-se pela extrema necessidade que o poder judiciário tinha de

proporcionar um atendimento mais ágil das questões que chegavam para

apreciação.

Segundo Tourinho Filho (2009, p.1), os constituintes de 1988, impressionados

com o número astronômico de infrações de pouca monta a emperrar a máquina

judiciária sem nenhum resultado prático, uma vez que, regra geral, quando da

prolação da sentença, ou os réus eram beneficiados pela prescrição retroativa ou

absolvidos em virtude da dificuldade de se fazer a prova, gerando impunidade, o que

colocava em xeque a credibilidade da justiça criminal.

Era mais do que latente que o processo judicial brasileiro precisava de uma

medida urgente e moderna que trouxesse benefícios imediatos. As penitenciárias

superlotadas ocasionavam constantes rebeliões, fruto de um sistema que priorizava

o encarceramento. Desejava-se uma solução alternativa que imprimisse velocidade

para a justiça, sem deixar de apenar as condutas ditas de pequeno potencial

ofensivo. Evitar a impunidade, e o acúmulo de processos no judiciário.

Na área cível, já existiam os Juizados Especiais de Pequenas Causas,

criados em 1984 pela Lei nº 7.244, como uma das medidas do então Ministério da

Desburocratização, em razão do insatisfatório desempenho do poder judiciário que

de longe poderia ser percebido pelo homem comum. Apresentando excelentes

resultados, em especial razão pelos critérios que foram adotados: oralidade,

informalidade, celeridade e economia processual. (TOURINHO FILHO, 2009).

12

Assim, diante da previsão constitucional, nossos congressistas apresentaram

seis projetos, para apreciação, desses, apenas dois tiveram relevância e o devido

aproveitamento, o do então Deputado Federal Michel Temer, e o do também

Deputado Federal à época Nelson Jobim. Então, diante dos projetos, a Comissão de

Constituição e Justiça e a Comissão de Redação apresentaram um texto final, com a

fusão dos dois projetos. Como resultado, a Lei abarcou a parte criminal apresentada

pelo deputado Michel Temer e a parte relacionada às causas de natureza cível, a do

Deputado Nelson Jobim.(TOURINHO FILHO, 2009).

Na exposição de motivos da então criada Lei 9.099/95, o Deputado Michel

Temer, assim dissertou a respeito:

A norma constitucional que determina a criação dos Juizados Especiais para as denominadas infrações penais de menor potencial ofensivo, com as características fundamentais que indica, obedece à imperiosa necessidade de o sistema processual penal brasileiro abrir-se Às posições e tendências contemporâneas que exigem sejam os procedimentos adequados à concreta efetivação da norma penal. E se insere no rico filão que se advoga a manutenção, como regra geral, dos princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade da ação penal pública, abrindo, porém, espaço à denominada discricionariedade regulada, contida na lei e submetida a controle jurisdicional. (GRINOVER et al, 1996, p. 25)

Ademais a criação dos Juizados Especiais Criminais representou um divisor

de águas no judiciário pátrio, inaugurando uma nova perspectiva com um novo

modelo de justiça penal. Como assevera Grinover (2005, p. 35):

Em sua aparente simplicidade, a Lei 9.099/1995 significa uma verdadeira revolução no sistema processual penal brasileiro. A lei não se contentou em importar soluções de outros ordenamentos, mas conquanto por eles inspirados – cunhou um sistema próprio de justiça penal consensual que não encontra paralelo no direito comparado. Assim a aplicação imediata de pena não privativa de liberdade, antes mesmo do oferecimento da acusação, não só rompe o sistema tradicional, como possibilita a aplicação da pena sem antes discutir a questão da culpabilidade penal, como, de resto, tampouco implica reconhecimento da responsabilidade civil.

Em síntese, a Lei 9.099/95 veio para trazer uma prestação de serviço mais

eficaz ao cidadão. Nos Juizados Especiais Criminais, a proposta é de uma rápida

resposta do judiciário frente às infrações penais de menor potencial ofensivo, sem

deixar impunes os infratores, e ao mesmo tempo, sem aumentar o já superlotado

sistema carcerário brasileiro.

13

A Lei dos Juizados, já perto de completar dezenove anos de existência,

continua a ser um tema em evidência. Suscitou e ainda suscita várias críticas de

inconstitucionalidade, além de várias opiniões contrárias a respeito de seus

institutos. Diante desse quadro, e adotando um posicionamento que a Lei trás em

seu corpo, além dos princípios próprios, toda a carga de fundamentos

constitucionais, como o contraditório, ampla defesa, entre outros.

2.1 Princípios Orientadores da Lei dos Juizados Esp eciais

Os princípios são regras estruturantes que fundamentam o conjunto de Leis

de uma sociedade, alguns são explícitos, outros surgem do entendimento e

interpretação das normas jurídicas. São responsáveis por fornecer o perfil a

determinado sistema que compõem.

Tem-se então, acerca dos princípios o importante ensinamento de Paulo

Nader (2012, p. 200): “Ao caminhar dos princípios e valores para a elaboração do

texto normativo, o legislador desenvolve o método dedutivo. As regras jurídicas

constituem, assim, irradiações de princípios.”. E ainda continua:

Quando se vai disciplinar uma determinada ordem de interesse social, a autoridade competente não caminha sem um roteiro predelineado, sem planejamento, sem definição prévia de propósitos. O ponto de partida para a composição de um ato legislativo deve ser o da seleção dos valores e princípios que se quer consagrar, que se deseja infundir no ordenamento jurídico.

Dessa forma, os princípios têm como objetivo nortear todas as interpretações

relativas às normas jurídicas. A Lei 9.099/1995 enumera em seu art. 2º,

taxativamente, os princípios que regem o procedimento sumaríssimo, descrito no

dispositivo. São eles: princípio da oralidade, simplicidade, informalidade, economia

processual e celeridade. Tais princípios, quando de plena aplicação, trazem uma

maior celeridade processual e diminuição nas demandas processuais dos demais

ritos.

14

2.1.1 Princípio da oralidade

Princípio informador que dá preferência à palavra falada, tornando, sem

sombra de dúvida, o procedimento mais limpo, ágil e enxuto.

A Lei 9.099/95 em vários artigos evidencia essa prioridade da forma oral: no

artigo 75, a Lei estabelece que o direito de representação poderá ser exercido

verbalmente, não requerendo maiores formalidades; o artigo 77, cria a possibilidade

do Ministério Público oferecer denúncia oral; o artigo 77 §3º consagra que o

ofendido, no caso de ação penal privada, poderá oferecer queixa oral. No mesmo

sentido o artigo 81 informa que a defesa, as alegações das partes, os debates e a

sentença serão orais.

Contudo, a forma escrita não foi abolida, e os atos tidos como essenciais

serão devidamente registrados por escrito, conforme dispõe no artigo 65, parágrafo

3º da Lei, in verbis: “Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos

por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão

ser gravados em fita magnética ou equivalente.” (BRASIL, 1995).

Logicamente, o princípio da oralidade está entrelaçado com os demais

princípios informadores da Lei. Pois com a oralidade, o procedimento torna-se mais

simples, informal, econômico e célere.

Na prática, esse princípio inovou bastante o sistema jurídico, não só nos

Juizados Especiais Criminais, mas em todo o ordenamento que utiliza esse recurso.

É inconcebível que na fase tecnológica em que se encontra a sociedade, o

judiciário ainda tenha que ter um método arcaico de registros dos seus atos. No

mundo moderno o tempo é artigo precioso, e quando surgem ferramentas para

agilizar a forma com que os trabalhos são feitos, estas devem ser utilizadas da

melhor maneira possível, e no Direito essa afirmação também deve ser levada em

consideração. Velhas pilhas de papel, com inúmeros volumes, tem, paulatinamente,

dado lugar a discos compactos (CD’s) ou mesmo discos rígidos (HD’s), que ocupam

menos espaço e armazenam muito mais informação.

Nos juizados, por serem tão recentes, incorporam o princípio da oralidade, e

assim deve ser entendido, como um princípio tendente a acabar com a burocracia

desnecessária que não tem mais lugar no seio social.

15

2.1.2 Princípio da simplicidade

O procedimento no Juizado Especial Criminal deve ser o mais simples

possível, com a máxima espontaneidade, tendo como objetivo trazer tranquilidade

às partes envolvidas e assim expor seus argumentos. O que se pretende é reduzir

os atos processuais e a massa de materiais ao mínimo possível, deixando apenas

os essenciais.

Assim preleciona um dos grandes doutrinadores do Direito brasileiro:

Pela adoção do principio da simplicidade ou simplificação se pretende diminuir tanto quanto possível a massa dos materiais que são juntados ao processo sem que se prejudique o resultado da prestação jurisdicional, reunindo apenas os essenciais num todo harmônico. Tem-se a tarefa de simplificar a aplicação do direito abstrato aos casos concretos, quer na quantidade, quer na qualidade dos meios empregados para a solução da lide, sem burocracia. Assim, prevê a Lei a dispensa do inquérito policial e do exame de corpo de delito para o oferecimento da denúncia com admissão da prova da materialidade do crime, boletim médico ou prova equivalente. Por isso, a Lei afasta do Juizado as causas complexas ou que exijam maiores investigações, como remete ao juízo comum às peças existentes quando não for encontrado o denunciado para citação pessoal. Em consequência do princípio, também se declara que não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo que, na sentença é dispensado relatório. (MIRABETE, 2002, p.24).

Evidenciado, pois, que tal princípio atende aos anseios sociais, daqueles que

buscam uma prestação jurisdicional sem delongas ou embaraços.

2.1.3 Princípio da informalidade

Princípio diretamente ligado à instrumentalidade das formas, que no caso dos

Juizados Especiais, se pretende eliminar essa rigidez formal, tão presente no

processo comum. Como prevê a Lei, quando não houver prejuízos para as partes,

terceiros, ou ao interesse público, alguns atos processuais podem ser dispensados.

Procurarão o Juiz, os conciliadores e os servidores do Juizado evitar ao máximo o formalismo, a exigência desproporcional no cumprimento das normas processuais e cartorárias; o cerimonial que atormenta e inibe as partes; mas isso não quer dizer que o tratamento seja íntimo, é preciso que seja um pouco cerimonioso (Senhor, Senhora). Uma formalidade cordial. A vulgaridade será sempre reprovável. Somente as formas solenes, burocratizantes e vexatórias, que não levam a nada, são desnecessárias aos atos. (TOURINHO NETO, 2007, p. 62).

16

É um desapego das formas rígidas e burocráticas que por longo tempo

perdurou e ainda perdura no sistema jurídico brasileiro. Por esse princípio, nenhum

ato tem forma própria, definida, o processo é informal.

Em crítica à instrumentalidade das formas, contida nesse princípio, Aury

Lopes Junior (2005, p. 4), assim escreve:

Outra situação que nos parece inaceitável é a aplicação de uma pena sem que tenha antecedido na sua tonalidade (grifo do autor) um processo penal válido, como ocorre, v.g., na transação penal prevista no art. 72 c/c 85 da lei 9099. Os referidos dispositivos permitem que a pena de multa, aplicada de forma imediata na audiência preliminar, seja convertida em pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, quando não for paga pelo acusado. O resultado final é absurdo: uma pena privativa de liberdade (fruto da conversão), sem culpa e sem que sequer tenha existido o processo penal (grifo do autor). É um exemplo de subversão de princípios garantidores básicos do processo penal.

Para a concepção dos juizados, as inovações trazidas pela Lei, devem ser

encaradas como uma nova modalidade de justiça, com maior simplicidade e

buscando acima de tudo uma resposta ágil, sem deixar de lado a formalidade do que

é essencial.

2.1.4 Princípio da economia processual

A economia processual trás à baila, a tendente necessidade de processos

enxutos, e nos Juizados, é exigência da própria Lei que os instituiu. Exprime que os

atos processuais devem ser aproveitados ao máximo.

Como todos os demais princípios, traz como objetivo uma maior efetividade

do Judiciário, com uma resposta mais ágil e com menos custo para todos os

envolvidos. “A diminuição de fases e dos atos processuais leva à rapidez, economia

de tempo, logo, economiza custos. O objetivo é obter-se o máximo de resultado com

o mínimo emprego possível de atividades processuais.” (SANTOS, 1997, p. 68).

É assim também o entendimento de Mirabete (2002, p.25), que descreve:

Pelo princípio da Economia Processual se entende que se deve escolher, entre duas alternativas, a menos onerosa às partes e ao próprio Estado. Procura-se sempre buscar o máximo resultado na atuação do direito com o mínimo possível de atos processuais ou despachos de ordenamento. Não significa isto que se suprimam atos previstos no rito processual estabelecido na Lei, mas a possibilidade de se escolher a forma que causa menos encargos. Sendo evitada a repetição inconsequente e inútil de atos

17

procedimentais, a concentração de atos em uma mesma oportunidade é critério de economia processual. Exemplos dessa orientação são a abolição do inquérito policial e a disposição que prevê a realização de toda a instrução e julgamento em uma única audiência, evitando-se tanto quanto possível a sua multiplicidade.

Inafastável, porém, a necessidade do processo, sem o qual o juiz fica

impossibilitado de aplicar o Direito aos casos concretos. Nos juizados, tais processos

serão mais enxutos e econômicos, à luz desse princípio.

2.1.5 Princípio da celeridade

De fundamental importância no contexto atual, busca maior agilidade na

prestação jurisdicional, principalmente nas causas de menor complexidade, onde

quem procura é uma parcela da sociedade que é menos favorecida.

Um procedimento célere, porém, sem esquecer-se da eficiência. Também em

consonância com o inciso LXXVIII, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que

foi incluído em 2004. In verbis: “A todos, no âmbito judicial e administrativo, são

assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade

de sua tramitação”.

Já afirmava Beccaria (1764), em sua famosa obra, Dos Delitos e Das Penas:

Quando o delito é constatado e as provas são certas, é justo conceder ao acusado o tempo e os meios de justificar-se, se lhe for possível; é preciso, porém, que esse tempo seja bastante curto para não retardar demais o castigo que deve seguir de perto o crime, se se quiser que o mesmo seja freio útil contra os celerados.

Com a criação dos Juizados Especiais Criminais, os delitos de menor

gravidade passaram a ter um tratamento diferenciado, seja por uma maior

celeridade nas resoluções dessas lides, ou por desafogar a Justiça comum e evitar a

impunidade pela letargia em que se encontrava o aparelho jurídico brasileiro.

Nessa mesma linha de pensamento doutrinário, Fernando Capez (2012, p.

599) ensina que: “visa à rapidez na execução dos atos processuais, quebrando as

regras formais observáveis nos procedimentos regulados segundo a sistemática do

Código de Processo Penal”.

18

2.2 Competência dos Juizados Especiais Criminais

Quanto à competência territorial, a teoria adotada pelos Juizados Especiais

Criminais é a da atividade, da mesma forma adotada pelo Código de Processo

Penal, ou seja, do local onde ocorreu o ato delitivo, ação ou omissão. Porém a

doutrina não é pacifica nesse ponto.

Assim Figueira Júnior (2000, p.599):

Para nós, tal raciocínio parte de uma premissa equivocada. Vejamos. Ao definir o local da infração, o legislador utiliza como critério o local onde ela foi praticada. O Código Penal por sua vez, define o local da prática: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Como a interpretação da lei especial deve ser feita à luz do Código Penal, não resta alternativa senão adotar-se o entendimento de que a teoria da ubiquidade continua vigorando. A regra da competência territorial é da prorrogabilidade, qual seja, é relativa, não importando em nulidade sua inobservância. Tal regra é de especial aplicação aos Juizados Especiais Criminais em face do critério da informalidade.

No mesmo sentido,

O art. 63 trata da competência territorial, determinando que o Juizado Especial Criminal competente para processar e julgar infrações de menor potencial ofensivo é o do lugar de sua prática. Para identificação deste lugar, há de ser utilizada a regra contida no art. 6º do Código Penal, que adota o princípio da ubiquidade, ou seja, o local onde foi cometida a infração penal é tanto aquele da prática da atividade delituosa quanto aquele de seu resultado. Daí, a lei, tendo em vista os princípios da celeridade e da informalidade, que norteiam o processamento das infrações de menor potencial ofensivo, autoriza que o Juizado Especial Criminal conheça tanto as infrações executadas quanto as consumadas no âmbito de sua jurisdição. (MORAES; SMANIO, 2007, p. 243-244).

Em sentido contrário, “a competência do foro será estabelecida pelo lugar em

que for praticada a infração penal, ou seja, onde esgotados todos os meios ao

alcance do autor do fato, independentemente do lugar em que venha a ocorrer o

resultado”. (GRINOVER, 2005, p.81).

Já quanto à matéria, para Mirabete (2002, p.28) ela é absoluta, restrita às

infrações de menor potencial ofensivo, como pode ser observado em seu texto:

Por se tratar de competência ratione materiae estabelecida na Constituição Federal, e nos termos da Lei em estudo, não é admissível que tais formas de conciliação sejam objetos em processos em curso no Juízo Comum, estadual ou federal. Não é possível invocar princípios da isonomia, igualdade e equidade, como às vezes já se tem feito, para permitir as

19

aplicações dessas normas nos órgão judiciários comuns. É a própria Constituição Federal que, excluindo tal possibilidade, reserva aos Juizados a competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo. Nenhum princípio genérico pode se sobrepor às normas expressas na Carta Magna.

Também é esse o entendimento de Tourinho Neto (2007, p.460), ao afirmar

que pela inteligência do dispositivo constitucional, tem-se não somente a autorização

para a criação dos Juizados, mas também a fixação de sua competência, que são os

crimes de menor potencial ofensivo, só não concorda que a competência seja

absoluta.

De tal forma, nos casos em que ocorrerem a prorrogação de competência, ela

se torna relativa, lembrando que os Juizados estão sujeitos às mesmas regras

previstas no Código de Processo Penal. E ainda, nos casos de conexão e

continência, envolvendo infração de menor potencial ofensivo e crimes que fogem à

sua jurisdição, o delito maior atrairá o juízo, prevalecendo o juízo de atração,

Observando-se, obviamente, os institutos da transação penal e da composição dos

danos civis. Conforme estabelece o parágrafo único do art. 60 da Lei em estudo.

Assim tem-se que,

Ademais, quando no juízo comum houver desclassificação de um crime para uma infração penal de menor potencial ofensivo, havendo prorrogabilidade de competência, o próprio juízo comum designará audiência para que o Ministério Público, se entender cabível, ofereça a transação penal ao réu, uma vez que não houve possibilidade anterior, conforme art. 79 da Lei em apreço. (MORAES, SMANIO, 2007, p. 244).

Dessa forma, enumera-se as cinco principais causas de exclusão da

competência dos Juizados Especiais Criminais.

A primeira delas é a impossibilidade da citação pessoal, conforme o art. 66 da

Lei, neste caso os autos serão remetidos para o juízo comum, porém, sem afastar a

aplicação dos institutos despenalizadores.

A segunda é a complexidade da causa, de acordo com o parágrafo 2º, artigo

77 da Lei dos Juizados. Casos que exigirem maiores diligências e as circunstancias

não permitirem que o Ministério Público ofereça a denúncia, este poderá requerer a

remessa dos autos para o juízo comum. Neste caso também não se excluirá o

emprego das medidas previstas na Lei dos Juizados.

20

A terceira situação é a que exclui da apreciação dos Juizados e

consequentemente de sua competência os crimes militares, tal exclusão vem

expressamente no art. 90-A, mesmo que a pena máxima cominada seja inferior a

dois anos. E vai mais além, ao dispor que nenhuma disposição da Lei, ou seja, a

transação penal ou suspensão condicional do processo não poderão ser utilizados

no âmbito da Justiça Militar.

A quarta causa refere-se aos crimes abarcados pela Lei nº 11.340, de 7 de

agosto de 2006, popularmente conhecida como “Lei Maria da penha” que expressa

no art. 41 que os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a

mulher, não poderão ter aplicação da Lei 9.099/1995, independentemente da pena

cominada.

E por fim, as infrações de menor potencial ofensivo cometidas por quem tem

prerrogativa de função, com foro privilegiado, não são de competência dos Juizados

Especiais Criminais, mas aos processos contra eles, são aplicáveis os institutos da

Lei 9.099/95. É esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal, no seguinte

julgado.

PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE LESÕES CORPORAIS. DENÚNCIA. PROMOTOR DE JUSTIÇA PROCESSADO PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECUSA DO TRIBUNAL EM POSSIBILITAR A COMPOSIÇÃO CIVIL E A TRANSAÇÃO. ALEGAÇÃO DE INAPLICABILIDADE EM PROCEDIMENTO ESPECIAL. LEI 9.099/95. I. - Os preceitos de caráter penalmente benéficos da Lei 9.099/95 aplicam-se a qualquer processo penal, inclusive nos Tribunais. Precedentes do STF: Inq. 1.055-AM (Questão de Ordem), C. de Mello, RTJ 162/483; HC 76.262-SP, O. Gallotti, "DJ" 29/5/98. II. - HC deferido. (STF - HC: 77303 PB, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 15/09/1998, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 30-10-1998 PP-00004 EMENT VOL-01929-02 PP-00321).

2.3 Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo

Tendo por base o princípio da ofensividade, que também é denominado de

princípio da lesividade, é reconhecido pela concepção de que nenhum delito possa

existir sem que tenha ofendido um bem jurídico tutelado pela norma penal.

Traduzido pelo brocardo latino “ nulla necessitas sine injuria” – não há necessidades

sem ofensa. No caso dos Juizados, a Lei alcança as infrações que são consideradas

de uma lesividade menor, pelas suas características e penas cominadas.

21

A Constituição Federal consagrou a denominação de crimes de menor

potencial ofensivo, para aquelas infrações, que por serem de menor gravidade,

precisavam de um tratamento diferenciado.

Inicialmente, a redação do art. 61 da Lei 9.099/95, considerava crime de

menor potencial ofensivo, as contravenções penais e os crimes que previam pena

máxima não superior a um ano, desde que não previstos em ritos especiais.

Atualmente, após as mudanças trazidas em 2006, pela Lei 11.316/06, esse

conceito sofreu alteração, ficando o art. 61 da Lei dos Juizados Especiais Criminais

com a seguinte redação:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (BRASIL, 1995)

Imediatamente após a análise do dispositivo, conclui-se que as contravenções

penais, inclusive aquelas com pena superior a um ano e que ostentam procedimento

especial, passaram ao rol de infrações penais de menor potencial ofensivo.

Conquanto a norma não trouxe em seu bojo nenhuma restrição quanto às

contravenções.

No tocante aos crimes, são considerados de menor potencial ofensivo

aqueles em que a lei comine pena máxima de reclusão ou de detenção não superior

a dois anos. Mesmo naquelas hipóteses em que a lei preveja rito diferenciado.

Tourinho Neto (2007, p. 406), discorda em parte da conceituação trazida pela

Lei e faz sua crítica:

O critério utilizado, basicamente, pelo legislador para determinar o que seja delito de menor potencial ofensivo foi o da intensidade da sansão, a pena. Na verdade, é possível que o crime seja punido com a pena máxima prevista em abstrato não superior a dois anos e, no entanto, não ser de menor potencial ofensivo, ou seja, a potencialidade ofensiva, independente da regra é grave. O legislador não soube cominar a pena. O crime de menor potencial ofensivo é, para quem admira expressões americanas, um soft crime.

Diante da legislação, surgiram questionamentos a respeito dos crimes de

bagatela, aqueles de valor insignificante. Poderiam ser classificados como infrações

penais de menor potencial ofensivo? Para Tourinho Filho (2009, p.31), tais crimes

estariam incluídos na área das infrações sem dignidade penal. Assim assevera:

22

Teria sentido alguém ser levado ao Juizado Especial Criminal por ter sido surpreendido com 1,0 grama de maconha? Essa infração, em rigor, é de menor potencial ofensivo, mas insignificante, o que desautoriza até mesmo aquela advertência de que trata o inciso I do art. 28 da Lei 11.343/2006. Teria sentido instauração de processo pelo furto de R$ 1,00 (um real)? Essa infração não é de menor potencial ofensivo... mas é “insignificante”, o que desautoriza a instauração do processo.

Há ainda os casos trazidos pelo Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741 de 01 de

outubro de 2003. Que atribui o procedimento da Lei 9.099/95 aos crimes do Estatuto

do Idoso em que a previsão máxima de pena seja de quatro anos. Aliás, aqui, bem

leciona Tourinho Filho (2009, p.25):

Embora a pena seja elevada, o que se pretendeu com essa disposição não foi propriamente dar uma resposta rápida àqueles que cometerem esses crimes contra uma pessoa que, pela idade, merece toda atenção e consideração, mas apenas conseguir uma rápida satisfação dos danos causados pelo crime.

Para Tourinho Neto e Figueira Júnior (2007), o legislador, ainda que tivesse

como proposta dar maior celeridade aos processos envolvendo os crimes praticados

contra os idosos acabou por aplicar a lei dos Juizados com toda a sua inteireza.

23

3 ASPECTOS GERAIS DO TERMO CIRCUNSTANCIADO

Desde o momento em que as pretensões de punir do Estado passaram a ser

massacradas pelos institutos da prescrição e decadência, devido à utilização única

do processo penal, nossos legisladores buscaram novas fórmulas objetivando evitar

as frustrações advindas da atuação negativa da atividade estatal, tanto na fase

inquisitiva quanto na fase acusatória.

A antiga realidade legal, de se utilizar inquéritos e processos comuns para a

atuação jurisdicional a todas as infrações, por menor que fosse a sua ofensa a um

bem jurídico, passou a sofrer restrições que começavam nas próprias delegacias.

Mesmo sem prescrição legal, e correndo o risco de responderem por prevaricação,

frente ao princípio da indisponibilidade, delegados dirimiam as controvérsias pelo

método consensual, ante a baixa ofensividade das ocorrências.

Diante do quadro a qual clamava por uma melhoria na prestação jurisdicional,

foi criada a Lei 9.099/95, e com ela, consequentemente, no art. 69, o termo

circunstanciado de ocorrências. Significou a tão aguardada inovação da fase pré-

processual, contribuindo enormemente para o desabarrotamento das Delegacias de

Polícia, substituindo o inquérito policial, conforme prevê o art. 77, parágrafo 1º:

Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial , (grifo nosso) prescindir-se-á do exame de corpo de delito, quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

Segundo o art. 69 da Lei 9.099/95:

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência, lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (BRASIL, 1995).

O que se pode verificar após a leitura e interpretação do supracitado artigo, é

que não há uma definição do que seja o termo circunstanciado de ocorrência.

24

Deste modo, o que se vê na prática é a adoção de requisitos, formas e

conceitos repassados pelos doutrinadores, jurisprudências e diretrizes técnicas das

organizações que o realizam e pareceres dos Órgãos da Justiça. Por exemplo, nas

palavras de Capez (2012, p. 610):

No lugar do inquérito, elabora-se um relatório sumário, contendo a identificação das partes envolvidas a menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, com o rol de testemunhas quando houver, e, se possível, um croqui, na hipótese de acidente de trânsito. Tal documento é denominado termo circunstanciado, uma espécie de boletim ou talão de ocorrência.

Assim, o termo circunstanciado deve conter alguns elementos essenciais,

variando conforme a natureza da ocorrência. Como essenciais podemos destacar a

qualificação das partes, um breve relatos dos fatos com as versões apresentadas e

testemunhas, com a indicação do autor e vítima. Tudo vai depender de cada

ocorrência, ou seja, quanto maior a qualidade e a quantidade de dados colhidos,

melhor será a compreensão dos fatos.

Há uma grande diferença entre o inquérito policial e o termo circunstanciado,

pois naquele há um rito a ser obedecido, com peças próprias e uma apuração mais

aprofundada da autoria delitiva e com as provas que foram colhidas durante o

processo investigatório, tem importância significativa e fundamental para a instrução

processual, mesmo sendo uma peça informativa do processo.

Ademais o termo circunstanciado não exige maiores formalidades como no

inquérito policial. Outro aspecto importante é que possibilita ao autor a não prisão

em flagrante e nem tampouco lhe será imposta fiança, se este for imediatamente

encaminhado ao juizado, ou assumir o compromisso de a ele comparecer.

3.1 Conceito de Termo Circunstanciado

O termo circunstanciado é semelhante a um boletim de ocorrência policial,

porém um pouco mais detalhado. É uma peça em que se formaliza a primeira parte

do ato processual previsto na Lei dos Juizados.

Para alguns autores como Tourinho Filho (2009, p.79), o termo

circunstanciado não representa mais do que um boletim de ocorrências mais

25

robusto. Deve conter, como já dissemos, a qualificação das partes envolvidas, e, se

possível, das testemunhas, e ainda um relatório com suas versões.

A respeito do conceito de termo circunstanciado, assim escrevem Tourinho

Neto e Figueira Junior (2007, p. 480):

Significa um termo com todas as particularidades de como ocorreu o fato, e o que foi feito na Delegacia, constando, assim, resumo do interrogatório do autor do fato, dos depoimentos da vítima e das testemunhas. Esses depoimentos não serão tomados por termo. Indagar-se á, sim, do autor da infração, da vítima e das testemunhas o que ocorreu e consignar-se-á resumidamente no termo – no inquérito, os depoimentos são prestados com informações detalhadas e cada depoimento constitui um termo – tomando-se a assinatura de todos; serão relacionados os instrumentos do crime e os bens apreendidos, e listados os exames periciais requisitados. Esse termo circunstanciado de ocorrência, abreviado pela sigla TCO, substitui o auto de prisão em flagrante. O termo circunstanciado não é o mesmo que boletim de ocorrência (BO), que é um termo simples, bem simples, feito tão somente para registrar a queixa (queixa não no sentido técnico de queixa-crime, e sim de reclamação). É com base no termo circunstanciado que o Ministério Público formará a opinio deliti.

Pode-se também mencionar que o termo circunstanciado é um valoroso

instrumento de cidadania, que reduz bastante o sofrimento das vítimas de

determinadas infrações penais, ao terem uma resposta estatal célere e eficiente.

Portanto, o termo circunstanciado, é um documento lavrado pela autoridade

policial que tomar conhecimento da ocorrência, que tem como objetivo principal o

registro detalhados dos fatos, bem como a individualização dos sujeitos envolvidos,

com a finalidade de subsidiar o Ministério Público e o magistrado com elementos

suficientes para darem prosseguimento no rito da Lei 9.099/95.

3.2 Autoridade Policial e a Lavratura do Termo Circ unstanciado

Quando se trata da Lei dos Juizados Especiais, o conceito de autoridade

policial é o ponto de maior discordância doutrinária, instigando calorosos debates e

as mais variadas interpretações.

Essa discussão é gerada no momento em que parte da doutrina se direciona

para uma interpretação mais extensiva, alicerçando-se nos princípios que regem o

dispositivo em estudo. Enquanto a outra parte, mais tradicionalista, tem um olhar

mais restritivo.

26

3.2.1 Interpretação extensiva

Para aqueles que se filiam a essa corrente de pensamento, o conceito de

autoridade policial deve estar vinculado a uma interpretação vinculada com o

contexto inovador dos Juizados Especiais e seus princípios, sob pena de que senão

o fazendo, continuarem sob o domínio do processo comum, que é o que justamente

querem afastar.

Nesta primeira linha de raciocínio, mais extensiva, temos alguns

doutrinadores que buscam fundamentação no direito administrativo, como por

exemplo, na lição de Álvaro Lazzarini (1999, p. 269):

Autoridade policial é um agente administrativo que exerce atividade policial, tendo o poder de se impor a outrem nos termos da lei, conforme o consenso daqueles mesmos sobre os quais a sua autoridade é exercida, consenso esse que se resume nos poderes que lhe são atribuídos pela mesma lei, emanada do Estado em nome dos concidadãos.

O ilustre professor, ao comentar o parágrafo único do art. 4º do Código de

Processo Penal pátrio, afirma que se trata de uma norma em branco, pois o

legislador processual penal deixou para o Direito Administrativo definir a respeito de

quem seriam essas autoridades.

Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração de infrações penais e de sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. (BRASIL, 1941)

Para Damásio E. de Jesus (2007, p.35) o conceito de autoridade policial

trazido pela lei processual penal é mais limitador que o trazido pelo Direito

Administrativo, isso levando-se em consideração que neste último, o termo abarcaria

todos os servidores públicos com poder de polícia. Para ele, ante a ótica do

pergaminho processual penal brasileiro, apenas os Delegados de Polícia seriam

autoridades policiais:

Desse modo, à luz do ordenamento processual, será considerada autoridade policial, exclusivamente, aquela com poderes para conceder fiança, presidir o inquérito e requisitar diligências investigatórias, tomando

27

todas as providências previstas no art. 6º do CPP, ou seja, somente os Delegados de Polícia. (JESUS, 2007, p.36)

Para o citado autor, as demais autoridades mencionadas no parágrafo único,

não são autoridades policiais. Possuem sim, poderes investigatórios, como os

sindicantes nos processos administrativos, mas não podem ser consideradas

autoridades policiais para fins de aplicação do Código de Processo Penal, por não

poderem presidir o inquérito.

Continuando nos ensinamentos de Damásio E. de Jesus (2007, p.36), que

aliás, é um dos autores que mais a se aprofundam neste assunto, há uma distinção

entre a “autoridade policial” do CPP e a da Lei dos Juizados. Nesta última, sua

interpretação deve ser vista através dos princípios próprios que norteiam toda a

inovação trazida pela Lei 9.099/95, ou seja, deve se ter em mente que o legislador

pretendeu reduzir a intervenção do direito processual penal e penal clássicos para

as infrações menores.

Considerando ainda, que nos casos em que pese o tratamento dos Juizados

Especiais, não há inquérito, tampouco existindo função investigatória, o que para o

autor em análise: “A lei, em momento algum, conferiu exclusividade da lavratura do

termo circunstanciado às autoridades policiais em sentido estrito”. (JESUS, 2007, p.

37). E ainda para finalizar:

Entendemos, portanto, que, para os fins específicos do disposto no art. 69 da Lei nº 9.099/95, a expressão “autoridade policial” significa qualquer agente público regularmente investido na função de policiamento preventivo ou de polícia judiciária.

Para Hely Lopes Meireles1 (citado por FIGUEIRA JUNIOR; TOURINHO

NETO, 2007 p. 480), “Por autoridade, entende-se a pessoa física investida de poder

de decisão dentro da esfera de competência que lhe é atribuída pela norma legal”.

A partir desse entendimento, os autores Figueira Junior e Tourinho Neto

levantam que a principal dúvida no tocante aos efeitos da Lei dos Juizados é quanto

à questão do termo “autoridade policial”, se abrangeria também a militar. Assim,

para eles:

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, ação civil pública, mandado d e injunção, habeas data, ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade e arguição de descumprimento de preceito fundamental. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p.35.

28

Todas as autoridades encarregadas de preservar a ordem e a incolumidade das pessoas e do patrimônio estariam obrigadas a lavrar o termo circunstanciado de ocorrência. Mas, na prática, o que vemos é o militar prender o autor do fato e levá-lo para a Delegacia, onde a autoridade policial civil lavrará o termo circunstanciado de ocorrência. Como o militar lavrará esse termo? No quartel? Quem o lavrará? Haverá cartório para isso? Complicado. E as requisições dos exames periciais, quem fará? Se isso tudo for possível, nada impede que a autoridade policial militar lavre o termo. (FIGUEIRA JUNIOR; TOURINHO NETO, 2007 p. 480).

Para (GRINOVER et al 1996, p. 96-97), filiando-se a essa corrente, ao

comentar a Lei dos Juizados, nos ensina que:

Qualquer autoridade policial poderá ter conhecimento do fato que poderia configurar, em tese, infração penal. Não somente as polícias federal e civil, que tem a função institucional de polícia judiciária da União e dos Estados (art. 144, § 1º, inc. IV, e § 4º), mas também a polícia militar. [...] O legislador não quis – nem poderia – privar as polícias federal e civil das funções de polícia judiciária e de apuração de infrações penais. Mas essa atribuição não impede que qualquer outra autoridade policial, ao ter conhecimento do fato, tome as providências indicadas no dispositivo, até porque o inquérito policial é expressamente dispensado nesses casos.

Os autores defendem que a interpretação da Lei dos juizados deve ser feita

com base nos princípios que regem a referida Lei. Também é entendimento de

Cândido Rangel Dinamarco (1995, p.1), onde interpretando o dispositivo legal, nos

ensina com a maestria que lhe é peculiar:

Impõe-se interpretar o art. 69 no sentido de que o termo só será lavrado e encaminhado com os sujeitos dos juizados, pela autoridade, civil ou militar, que em primeiro lugar haja tomado contato com o fato. Não haverá contato com uma Segunda autoridade policial. A ideia de imediatidade, que é inerente ao sistema e está explícita na lei, manda que, atendida a ocorrência por uma autoridade policial, ela propicie desde logo o conhecimento do caso pela autoridade judiciária competente: o emprego do adverbio imediatamente no texto do art. 69, está a indicar que nenhuma pessoa deve mediar entre a autoridade que tomou conhecimento do fato e o juizado ao qual o caso será levado.

Seguindo o mesmo raciocínio, a Procuradoria Geral de Justiça do Estado de

Santa Catarina, ao tecer o parecer nº 229/02 a respeito de tão polêmico tema,

esclarece que a lavratura do termo circunstanciado a que se refere a Lei 9.099/95

não é ato de polícia judiciária, pois encontra-se desprovido da necessidade de

investigação nos moldes de um inquérito, e a autoridade policial referida no art. 69 é

o policial civil ou militar, seguindo a orientação dos princípios basilares da Lei.

29

Corroborado com o assunto, temos ainda a lição de Moraes, Smanio e

Vagione (2007, P. 250):

A lei prevê que a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Desta forma, será possível que todos os órgãos encarregados constitucionalmente da segurança pública (Art. 144 da CF), tomando ciência da ocorrência, lavrem o termo circunstanciado e remetam os envolvidos à Secretaria do Juizado Especial, no exercício do ‘ATO DE POLÍCIA’.

O entendimento dos Desembargadores Corregedores-Gerais de Justiça dos

Estados, também é no mesmo sentido, na Carta de São Luís - MA, confeccionada

no décimo sétimo Encontro Nacional da categoria, em 1999, no seu inciso terceiro,

assim asseveraram: “'Autoridade Policial’, na melhor interpretação do art. 69 da Lei

9.099/95, é também o policial de rua, o policial militar, não constituindo, portanto,

atribuição exclusiva da polícia judiciária a lavratura do ‘Termo Circunstanciado’.”.

3.2.2 Interpretação restritiva

Nesta corrente de pensamento doutrinário, somente o Delegado de Polícia de

carreira seria autoridade policial, e exclusivamente a estes caberia a lavratura do

termo circunstanciado de ocorrência.

Encabeça a lista dos defensores de tal entendimento, Julio Fabbrini Mirabete

(2002, p.89), que nos afirma que o conceito de autoridade policial tem seus limites

estabelecidos na própria legislação processual, e ainda trás uma definição do que

seja autoridade:

‘Autoridade’ significa poder, comando, direito e jurisdição, sendo largamente aplicadas na terminologia jurídica as expressões “poder de comando de uma pessoa”, “poder de jurisdição” ou “direito” que se assegura a outrem para praticar determinados atos relativos a pessoas coisas ou atos. É o servidor que exerce em nome próprio o poder do Estado, tomando decisões, impondo regras, dando ordens, restringindo bens jurídicos e direitos individuais, tudo nos limites da lei. Não tem esse poder, portanto, os agentes públicos que são investigadores, escrivães, policiais militares, subordinados que são às autoridades respectivas.

O prestigiado autor continuando em seu estudo no tema nos afirma que a

expressão “autoridade policial” é citada em vários dispositivos legais, e sempre

30

remete à figura do Delegado de Polícia. “Na legislação processual comum, aliás, só

são conhecidas duas espécies de ‘autoridades’: a autoridade policial, que é o

Delegado de Polícia, e a autoridade judiciária, que é o Juiz de Direito”. (MIRABETE,

2002 p. 89).

E finaliza:

Em suma, a Lei que trata dos Juizados Especiais em nenhum de seus dispositivos, mesmo remotamente, se refere a outros agentes públicos que não a autoridade policial. Conclui-se, portanto, que, à luz da Constituição Federal e da sistemática jurídica brasileira, autoridade policial é apenas o delegado de polícia, e só ele pode elaborar o termo circunstanciado referido no art. 69. Dessa forma, os agentes públicos que efetuarem prisão em flagrante devem encaminhar imediatamente as partes à autoridade policial da Delegacia de Polícia da respectiva circunscrição.

Em entendimento similar, Tourinho Filho (2009, p. 80-81), nos informa que

não há lei que atribui à polícia militar a confecção do termo circunstanciado a que se

refere o art. 69, e que tal procedimento seria de exclusiva competência da polícia

civil.

Em comentário ao provimento 758/2001 do Conselho Superior da

Magistratura paulista, que determina que o Juiz de Direito responsável pelas

atividades do Juizado é autorizado a tomar conhecimento dos termos

circunstanciados elaborados pelos policiais militares, desde que assinados por oficial

da Polícia Militar, Tourinho Filho (2009, p. 81) afirma o seguinte: “Não nos parece

seja essa a função da Polícia Militar, como não nos parece, também, possa o Poder

Judiciário atribuir-lhe funções, visto não se tratar de Polícia Judiciária”.

Para Aury Lopes Júnior. (2011), o parágrafo único do art. 4º do Código de

Processo Penal brasileiro, o inquérito não é necessariamente policial, Porém, o

termo circunstanciado, que se trata de um procedimento muito mais simples e célere

do que o inquérito policial é o principal ponto de conflito de competência entre as

polícias civil e militar que enseja inclusive o ensaio do que seria um ciclo de polícia

completo (onde a mesma polícia que atende a ocorrência, realizaria a investigação).

O autor faz críticas quanto a qualidade e o preparo técnico dos policiais

militares:

Se, por um lado, existe celeridade e certa conveniência para a administração, de outro, há uma notável perda de qualidade. Essa sistemática tem demonstrado alguma eficácia nos crimes de mínima gravidade e complexidade, mas, de outro lado, fracassa nas situações mais

31

complexas pela falta de preparo técnico e conhecimento jurídico dos policiais militares. Isso tem conduzido a tipificações absurdas. (LOPES JÚNIOR, 2009, p. 250).

E considera que quando esse procedimento é realizado por outras

autoridades, como as militares, trata-se de uma invasão indevida de atribuições:

“Constitui uma indevida invasão de atribuições permitirem que a polícia militar

(policiamento preventivo/ostensivo) desempenhe papel de polícia judiciária

(verdadeira encarregada da investigação)”. (LOPES JUNIOR, 2009, p. 250).

Cezar Roberto Bitencourt (1997, p.89), também se filia a essa corrente, com o

entendimento de que somente o delegado de polícia pode determinar a lavratura do

termo circunstanciado, por ser a única autoridade policial. E ainda atribui dúvidas

quanto à condição intelectual de um policial militar para a confecção do referido

termo: “quais são as condições de um soldado PM – patrulheiro – para dar definição

jurídica de uma infração penal que lhe é apresentada [...]? estaria em condições de

avaliar se é caso de flagrante [...]?”.

32

4 ATRIBUIÇÕES DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR

Em concordância com a Constituição da República Federativa do Brasil em

seu art. 144, as Polícias Civis e Militares fazem parte do sistema de segurança

pública, além de outros órgãos lá elencados, como a Polícia Federal, Polícia

Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros Militares, com a finalidade de se efetivar

a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

No contexto deste estudo, o enfoque será dado às atribuições das polícias a

nível estadual, ou seja, às polícias civis e militares, considerando-se que ao final o

que se pretende é saber se o procedimento de lavratura do termo circunstanciado de

ocorrência pode ser lavrado por outro órgão ou autoridade que não seja a Polícia

Judiciária.

4.1 Atribuições da Polícia Civil

A Carta Magna Nacional estabelece no parágrafo 4º do art. 144, quais seriam

as atribuições da polícia civil: “§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de

polícia de carreira, incumbem, ressalvadas a competência da União, as funções de

polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. (BRASIL,

1988).

Já o título II do Código de Processo Penal, que trata exclusivamente do

inquérito policial, e em seu art. 4º estabelece que a polícia judiciária, será exercida

pelas autoridades polícias no âmbito de suas respectivas circunscrições, com a

incumbência de apurarem os fatos que constituem infração penal e a sua autoria,

para que sirvam de base para a ação penal ou às medidas cautelares.

O que se pode perceber é que não há na legislação nacional, até o presente

momento, uma norma que estabeleça a função de polícia judiciária da polícia civil,

nas palavras de Hipólito e Tasca (2012, p. 63):

Quanto à tarefa de polícia judiciária da [...] Polícia Civil, não há, até o momento, legislação nacional que prescreva seu significado e seu alcance, no entanto, tendendo a doutrina a considerar polícia judiciária todos os atos repressivos que tenham por fim instruir o Poder Judiciário para que este julgue os atos que lhe cheguem à seara do Direito Penal.

33

Sendo assim, cabe à polícia civil, a apuração das infrações penais e sua

autoria, utilizando o inquérito policial para fazer valer suas atribuições, sob comando

do delegado de polícia de carreira.

4.2 Atribuições da Polícia Militar

No tocante à polícia militar, suas atribuições também estão especificadas na

Lei maior, de forma generalista, no parágrafo 5º do art. 144: “§ 5º - às polícias

militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. [...]” (BRASIL,

1988).

Para Álvaro Lazzarini (1999, p. 61), é também cabível às polícias militares

não só a preservação da ordem pública e o policiamento ostensivo, mas também a

competência residual de exercício toda atividade policial de segurança pública que

não seja atribuída aos demais órgãos, e ainda mais.

A competência ampla da Polícia Militar na preservação da ordem pública, engloba inclusive a competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência operacional deles, a exemplo de suas greves e outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, pois, a polícia militar é a verdadeira força pública da sociedade. (LAZZARINI, 1999, p.61).

Tal amplitude de competências, também determinadas pelo Decreto-Lei nº

667, de 02 de julho de 1969, sendo aprovado e regulamentado pelo Decreto nº

88.777 de 30 de setembro de 1983, conhecido também como R-200, assevera no

art. 3º:

Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; d) atender à convocação, inclusive mobilização, do Governo Federal em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre para emprego em suas atribuições específicas de polícia militar e como participante da Defesa Interna e da Defesa Territorial;

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e) além dos casos previstos na letra anterior, a Polícia Militar poderá ser convocada, em seu conjunto, a fim de assegurar à Corporação o nível necessário de adestramento e disciplina ou ainda para garantir o cumprimento das disposições deste Decreto-lei, na forma que dispuser o regulamento específico. (BRASIL, 1983).

Continuando no estudo da mesma norma, art. 2º, item 27, nos trás a definição

do que seja o policiamento ostensivo, e também os tipos de policiamento ostensivo:

27) Policiamento Ostensivo - Ação policial, exclusiva das Policias Militares em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública. São tipos desse policiamento, a cargo das Polícias Militares ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, os seguintes: - ostensivo geral, urbano e rural; - de trânsito; - florestal e de mananciais; - rodoviária e ferroviária, nas estradas estaduais; - portuário; - fluvial e lacustre; - de radiopatrulha terrestre e aérea; - de segurança externa dos estabelecimentos penais do Estado; - outros, fixados em legislação da Unidade Federativa, ouvido o Estado-Maior do Exército através da Inspetoria-Geral das Polícias Militares. (BRASIL, 1983).

A definição do que seja ordem pública, foi inclusa também no Decreto

88.777/83, onde, no item 21 determina que ordem pública:

Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum. (BRASIL, 1983).

Para Álvaro Lazzarini (2003, p.284-285), três são os elementos que compõem

o que seja a ordem pública:

Segurança Pública [...] é o estado antidelitual que resulta da inobservância dos preceitos tutelados pelos códigos penais comuns e pela lei das contravenções penais, com ações de polícia repressiva ou preventiva típicas, afastando, assim, por meio de organizações próprias, de todo o perigo, ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedades de pessoas, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada pessoa, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a. Tranquilidade pública do latim tranquilitas (calma, bonança, serenidade), exprime o estado de ânimo tranquilo, sossegado, sem preocupações nem incômodos, que traz às pessoas uma serenidade, ou uma paz de espírito.

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Salubridade pública refere-se ao que é saudável, conforme as condições favoráveis à vida, certo que referindo-se às condições sanitárias de ordem pública, ou coletiva, a expressão salubridade pública designa também o estado de sanidade e de higiene de um lugar, em razão do qual se mostram propícias as condições de vida de seus habitantes.

O mesmo diploma (R-200), no item 19, infere um conceito do que seja a

preservação dessa mesma ordem pública, com o seguinte texto: “É um exercício

dinâmico do poder de polícia, no campo da segurança pública, manifestado por

atuações predominantemente ostensivas, visando a prevenir, dissuadir, coibir ou

reprimir eventos que violem a ordem pública.” (BRASIL, 1983).

Esse poder de polícia é definido por Álvaro Lazzarini (1973, p. 45-52):

Um conjunto de atribuições da Administração Pública, indelegáveis aos particulares, tendentes ao controle dos direitos e liberdades das pessoas, naturais ou jurídicas, a ser inspirado nos ideais do bem comum, e incidentes não só sobre elas, como também em seus bens e atividades.

Esse poder de polícia pode ser analisado sob duas perspectivas quando se

fala em segurança pública: uma preventiva (ostensiva) e outra repressiva (polícia

judiciária).

Diante desses detalhes, é que se pode tirar a conclusão de que é na

ostensividade do policiamento fardado que se reside a sensação de segurança da

sociedade, que percebe que presença de um policial fardado, inibe a ação de

delinquentes.

Outrossim, em julgamento de Mandado de Segurança em janeiro de 2014,

que buscava a suspensão dos efeitos de um termo de cooperação firmado entre a

Polícia Rodoviária Federal e o Ministério Público do Tocantins, para que a PRF

lavrasse o termo circunstanciado no âmbito das rodovias federais que cortam o

Estado, impetrado pelo Sindicato do Delegados de Polícia do Estado do Tocantins,

na 1ª Vara Federal do Estado do Tocantins, o magistrado ao decidir assim

asseverou:

No entanto, tenho que a lavratura pela Polícia rodoviária Federal de termo circunstanciado de ocorrência – TCO ou de boletim de ocorrência circunstanciado – BOC não se confunde com atividade de polícia judiciária. Com efeito, trata-se somente de documentação de ocorrência, atividade policial comum que não enseja qualquer caráter investigativo ou restritivo da liberdade de locomoção. Ao lavrar BOC ou mesmo um TCO relativo a ocorrências constatadas no patrulhamento ostensivo das rodovias federais, o policial rodoviário está, em essência, registrando fatos, em exercício de

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atividade administrativa de polícia que lhe é própria, sendo tal registro e comunicação à autoridade competente circunstancia que em nada se confunde com a investigação de crimes. (BRASIL, 2014).

O Juiz denegou a segurança, e ainda considera legítima a lavratura de TCO

ou BOC pela polícia rodoviária federal quando constatarem infrações de menor

potencial ofensivo no âmbito das rodovias federais durante o patrulhamento

ostensivo.

Analisando as funções da polícia rodoviária federal e da polícia militar, que

também realiza patrulhamento ostensivo nas rodovias federais, nota-se que são bem

similares, merecendo também atenção no mesmo sentido.

Em 2008, a temática também foi enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal,

quando a Corte julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 2862/SP, não

conhecendo a mesma, a presente ADI se deu contra a provimento nº 758/2001 do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. No voto do então Ministro Cézar

Peluso:

[...] Ademais e a despeito de tudo, ainda que, para argumentar, se pudesse ultrapassar o plano da estrita legalidade, não veria inconstitucionalidade alguma, uma vez que, na verdade, não se trata de ato de polícia judiciária, mas de ato típico da chamada polícia ostensiva e de preservação da ordem pública – de que trata o § 5º do art. 144 -, atos típicos de competência própria da polícia militar, e que está em lavrar boletim de ocorrência e, em caso de flagrante, encaminhar o autor e as vítimas à autoridade, seja policial, quando seja o caso, seja judiciária, quando a lei o prevê. [...] Esse provimento não cria competência alguma da polícia militar, senão que explicita o que a polícia militar faz costumeiramente e tem de fazê-lo dentro de sua atribuição. (BRASIL, 2008, p. 41).

O acórdão da decisão referenciada acima ficou com a seguinte ementa:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ATOS NORMATIVOS ESTADUAIS QUA ATRIBUEM À POLÍCIA MILITAR A POSSIBILIDADE DE ELABORAR TERMOS CIRCUNSTANCIADOS. PROVIMENTO 758/2001, CONSOLIDADE PELO PROVIMENTO Nº 806/2003, DO CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, E RESOLUÇÃO SSP Nº 403/2001, PRORROGADA PELAS RESOLUÇÕES SSP NS. 517/2002, 177/2003, 196/2003, 264/2003 E 292/2003, DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ATOS NORMATIVOS SECUNDÁRIOS. AÇÃO NÃO CONHECIDA. 1. Os atos normativos impugnados são secundários e prestam-se a interpretar a norma contida no art. 69 da Lei n. 9.099/1995: inconstitucionalidade indireta. 2. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal pacífica quanto à impossibilidade de se conhecer de ação direta de inconstitucionalidade contra ato normativo secundário. Precedentes. 3. Ação Direta de Inconstitucionalidade não conhecida. (BRASIL, 2008, p. 1)

37

Em sentido contrário, há uma decisão no Supremo, com relatoria do ministro

Luiz Fux, negando seguimento ao RE 702.617/AM, que foi interposto contra decisão

proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, que havia declarado

inconstitucionalidade de Lei estadual que atribuía à polícia militar a competência

para a lavratura do termo circunstanciado de ocorrências naquele Estado, por

usurpar a competência da polícia civil. Porém, a Suprema Corte não se debruçou a

respeito da tese em si, apenas denegou provimento por questões formais.

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5 ANÁLISE DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DECORREN TES DA

ELABORAÇÃO DO TCO PELA POLÍCIA MILITAR

Assim como há polêmica quanto à definição de quem seja a autoridade

policial para o cumprimento da Lei 9.099/95, também de igual modo é no sentido de

atribuir à polícia militar esta competência. Embates judiciais em alguns estados

brasileiros acirram ainda mais a questão, que também envolve outros órgãos de

segurança pública, como a polícia rodoviária federal.

Para Burille (2008, p.14-21), inúmeros são os argumentos favoráveis para que

o termo circunstanciado seja lavrado pelos membros da polícia militar durante o

policiamento ostensivo e preventivo, entre os quais: o atendimento da ocorrência

policial no local da infração penal, evitar a dupla vitimização do cidadão, a

diminuição da cifra negra, economia de recursos, liberação de policiais civis para a

investigação de crimes mais graves, relatos mais fidedignos e seguros, aumento da

confiança do policial militar, respeitabilidade do policial militar.

Jorge2 citado por (ALENCAR, 2010, p.76-77) aborda os seguintes pontos

positivos da elaboração dos que defendem a elaboração do TCO pela polícia militar:

a) reduziria as ocorrências de menor potencial ofensivo levadas aos abarrotados distritos policiais; b) diminuiria o tempo desperdiçado por policiais militares, pois a elaboração do TCO seria no próprio local da ocorrência, ao tempo que essa polícia estaria realizando o policiamento preventivo ostensivo nesta área; c) agilizaria a solução dos conflitos e contenção dos gastos de responsabilidade da Administração Pública, já que não haveria deslocamento da viatura aos Distritos Policiais; d) guardaria semelhança com BO, há tempo elaborado pela polícia militar e; e) possibilitaria a efetivação dos princípios orientadores da Lei em destaque, pois a elaboração do TCO pela Polícia Militar se coaduna com os princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade que orientam a norma jurídica.

Afora estes argumentos relatados acima, ainda tem-se outros, sempre no

interesse de oferecer maior credibilidade ao cidadão pelas instituições estatais, com

qualidade e eficiência. Todavia, par aos fins deste estudo, resumir-se-á a estudar os

principais argumentos.

2 JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Polícia militar e o termo circunstanciado: algumas considerações sobre o provimento nº 758/01. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2842>. Acessado em 22 de mar. 2009.

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Recebendo a atribuição da lavratura do termo circunstanciado, a regra é que

a confecção do mesmo seja feita no próprio local da ocorrência, e seu imediato

encaminhamento ao Juizado Especial competente. Atendendo aos princípios que

regem o dispositivo em análise, quais sejam: celeridade, oralidade, economia

processual, informalidade e simplicidade. Nesse sentido Jesus (1999, p. 37):

“Qualquer ilação contrária à informalidade, à celeridade, à economia processual etc.

desvirtua-se da finalidade da Lei”.

É bem sabido, que a policia militar ao atender todos os tipos de chamado,

através de suas patrulhas, sempre elaborou o registro de tais ocorrências, através

do preenchimento de uma ficha. Neste registro, as partes são qualificadas e feito um

relato do acontecido com a destinação que o caso requereu, incluindo a qualificação

de testemunhas e os objetos apreendidos.

Tal documentação comprova a atuação da polícia militar naquela situação em

que a ordem pública sofreu uma anormalidade, e com poucas alterações no próprio

formulário, com a inclusão da disciplina nas academias de formação de policiais,

com ampla instrução a toda tropa, nada impediria que o TCO fosse lavrado também

no local da ocorrência.

Há ainda o fator positivo da presença policial no local, representando uma

sensação de segurança para a população da região, perfazendo o policiamento

preventivo e ostensivo aos demais.

Seria uma superposição de esforços e uma infringência à celeridade e à economia processual, sugerir que o policial militar, tendo lavrado o respectivo talão de ocorrências, fosse obrigado a encaminhá-lo para o Distrito Policial, repartição cujo trabalho se quis aliviar, a fim de que o Delegado, após um período variável de tempo, repetisse idêntico relato, em outro formulário, denominado boletim de ocorrência. O policial militar perderia tempo, tendo de se deslocar inutilmente ao Distrito. O Delegado de Polícia passaria a desempenhar a supérflua função de repetir registros em outro formulário. O Juizado não teria conhecimento imediato do fato. (JESUS, 1999, p. 37).

Nesse mesmo sentido Bittencourt3 (apud ARAS, 2013):

As polícias rodoviárias – federal e estadual -, cuja função constitucional é exercer ‘patrulhamento ostensivo das rodovias’, eventualmente poderão deparar-se com infrações penais. Ora, nessas hipóteses, quando se tratar de infrações penais de menor potencial ofensivo, os próprios patrulheiros

3 BITTENCOURT, Cezar R.. Juizados Especiais Criminais Federais: análise comparativa das Leis 9.099/95 e 10.259/2001. 2. ed. São Paulo, 2005.

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rodoviários poderão e deverão lavrar o termo circunstanciado, liberando os motoristas que assumirem o compromisso de comparecer ao Juizado Especial quando chamados. Igualmente aqui a justificativa encontra-se na excepcionalidade da situação. Constituiria constrangimento ilegal a retenção (que é normalmente prisão), à espera da autoridade civil para lavrar o termo circunstanciado. Pior ainda, mais constrangedora, seria a condução dessas pessoas, como em alguns casos tem acontecido, à delegacia mais próxima para a lavratura do termo circunstanciado.

Com o TCO lavrado no próprio local da infração pela polícia militar, busca-se

evitar uma dupla vitimização ou uma vitimização que se prolongue em um tempo

desnecessariamente gasto, onde o cidadão, além de ter sido vítima de um fato

considerado infração penal, tem de ser retirado do local onde se encontra para ser

levado perante a autoridade policial em delegacias geralmente superlotadas, muitas

vezes em grandes distâncias do local em que o evento aconteceu, com a finalidade

de relatar novamente ao delegado tudo o que já tinha contado ao policial militar que

lavrou sua ficha de atendimento e primeiramente atendeu a ocorrência. Perdendo

um tempo considerável.

Além do que, se o autor do fato também tiver sido localizado, a vítima estará o

tempo todo na presença do mesmo, em situação no mínimo desconfortável, sem

contar as discussões inevitáveis que surgem durante o trajeto para a delegacia de

polícia.

Não podendo deixar de falar das testemunhas, que obviamente precisarão

passar por esse contratempo, acontecendo não raras vezes o arrependimento por

terem aceitado a incumbência de confirmarem que presenciaram o acontecido.

Com a adoção do procedimento, evitam-se deslocamentos desnecessários de

viaturas policiais, para simples registros. Situação agravada aos finais de semana,

com o efetivo reduzido e delegacias só funcionando em regime de plantão,

culminando com um trajeto a ser percorrido maior ainda até a delegacia que

funciona em regime integral de tempo, plantonista.

Em igual desperdício de recursos, é o absurdo que consiste no fato de duas

polícias registrarem documentos formalmente diferentes sobre a mesma infração

penal, com duplicidade de emprego de seus servidores, esses registros podem

ainda contribuir para prejudicar o planejamento das estratégias de combate ao

crime, por correrem o sério risco de saírem duplicados.

Sem falar da demora na efetivação de tais registros. Quando uma guarnição

da polícia militar chega a uma delegacia de policia conduzindo as partes para o

41

registro de um TCO, geralmente tem que aguardar a confecção dos procedimentos

que estão à sua frente, pois os atendimentos são feitos por ordem de chegada, e se

houver casos mais complexos à frente, essa espera pode chegar a várias horas, o

que impediria essa viatura de estar circulando pelas ruas fazendo o trabalho

preventivo e ostensivo.

Outro elemento favorável é a liberação de policiais civis para a apuração dos

crimes mais complexos, que exigem um aprofundamento investigatório. É de notório

saber, que a imensa maioria das infrações penais é de menor potencial ofensivo, os

quais, tendo uma resposta satisfatória no âmbito da polícia militar, provavelmente

desafogarão as tão sobrecarregadas delegacias, que cotidianamente estão cheias

de procedimento, que acabam, em sua grande maioria, sem resolução alguma.

Dessa forma também contribuiria e muito com trabalho dos Delegados de

Polícia, que dedicariam a atenção para os delitos de maior gravidade, buscando dar

respostas à sociedade tão cansada da impunidade, podendo se falar até da

valorização do trabalho do delegado.

Indubitavelmente, a instituição que costumeiramente chega primeiro ao local

das ocorrências é a polícia militar, é quem é acionada quando a ordem é perturbada

por qualquer ato. Por tal motivo, o policial militar que primeiro se fizer presente, sem

sombra de dúvidas, poderá relatar melhor o evento delituoso.

Muitas das vezes ainda presenciará o cometimento da infração penal, ou

imediatamente à sua consumação. Diante da sua presença, em tese, evitaria que as

partes expusessem os fatos fora da realidade, e ainda colheria os depoimentos

enquanto estão mais frescos na memória dos envolvidos, inclusive das testemunhas

oculares. Sem a necessidade de deslocamentos desnecessários.

Com a certeza de que o termo circunstanciado a ser lavrado pela polícia

militar teria um destino certo, rápido e eficiente, diminui-se a sensação de

impunidade.

Como a polícia militar é quem lida diariamente com todos os tipos de

chamados, nada mais justo que tão nobre instituição ter um papel de solucionador

de conflitos e não apenas de repassá-los mais à frente. Geralmente é o policial que

está na rua quem conhece melhor as pessoas de sua área de atuação.

De tal forma, também valorizaria o trabalho do policial militar, que veria os

frutos do seu árduo trabalho de forma célere, aumentando sua estima profissional.

42

Tratando-se da possibilidade da polícia militar confeccionar o termo

circunstanciado de ocorrências, ter-se-iam efetivados os princípios orientadores da

Lei dos Juizados em toda a sua plenitude, pelo menos em teoria, pois o atendimento

ao cidadão se tornaria mais célere, com economia de recursos, simplicidade dos

atos, sem rigorismos formais (informalidade).

Já que o boletim de ocorrência que a polícia militar costumeiramente faz é

muito semelhante ao modelo recomendado para a elaboração do TCO, o

procedimento seria muito mais célere, diminuindo uma etapa, chegando

rapidamente à sede do Juizado.

Contrariamente, também há alguns argumentos, Jorge (2009), enumera: a) o

conceito de autoridade policial inserido no art. 69 da Lei dos Juizados é apenas o

delegado de polícia; b) que o policial militar seria um agente da autoridade policial; c)

que se a polícia militar lavrasse o termo circunstanciado feriria o código de processo

penal militar; d) a falta de conhecimento técnico jurídico do policial militar; e) o

aumento de gastos da administração pública; f) o Boletim de ocorrência lavrado pela

PM é muito mais simples do que o TCO; g) haveria lesão da garantia do devido

processo legal.

O conceito de autoridade policial inserido no art. 69 da Lei 9.099/95 é apenas

o Delegado de Polícia. Esta é a principal tese argumentativa dos que são contra a

elaboração do TCO pela polícia militar, e onde reina a divergência doutrinária, para

os defensores desta corrente, o termo circunstanciado somente pode ser lavrado por

Delegado de Polícia, pois somente este, tem atribuições para responder pelos atos

de polícia judiciária. E em decorrência desse entendimento, alguns doutrinadores

afirmam ainda que o policial militar seria um agente da autoridade por não

desempenhar funções específicas de autoridade policial.

Neste diapasão, os atos previstos para que sejam realizados pela autoridade

policial, somente podem ser realizados por Delegados de Polícia, incluindo o

disposto na Lei dos Juizados. Pois estes são as únicas autoridades que tem

atribuição para cumprir as diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia,

ou subsidiar o Ministério Público para a ação penal.

Há uma parte da doutrina que defende a tese de que nem todo policial é

autoridade, e sim, um agente da autoridade, pois somente quem tem o dever de

perseguir os fins do Estado por ser assim considerado. E que os demais órgãos

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indispensáveis à segurança pública (peritos, polícia militar e etc.) são órgãos meios,

colocados à disposição da autoridade policial.

Continuando na mesma linha de raciocínio, haveria transgressão ao Código

de Processo Penal Militar, pois pela inteligência do códex castrense, a polícia militar

só poderia realizar atos de polícia judiciária das infrações penais militares. Diz ainda

o referido dispositivo, que caso o militar se depare com infrações comuns (não

militares), deverá encaminhá-lo imediatamente à autoridade civil competente. Além

do que haveria ainda uma afronta à previsão do art. 4º do Código de Processo

Penal.

Seguindo a mesma linha interpretativa, a falta de conhecimento técnico-

jurídico do policial militar, é outro fator com peso considerável na balança entre os

pontos positivos e negativos da lavratura do termo circunstanciado pela polícia

militar. O Delegado de Polícia por sua formação em Direito, seria o detentor deste

conhecimento, o que na realidade não acontece com os policiais militares, que fora

os oficiais de alguns Estados, que fazem a exigência do bacharelado em Direito,

como por exemplo o Estado de Goiás, raramente o restante dos policiais militares

tem acesso a tal formação, o que restaria em bastante prejuízo para a garantia da

preservação dos direitos fundamentais da parte autora da infração penal. “Somente

o Delegado de Polícia e não qualquer agente público investido de função preventiva

ou repressiva tem, em tese, formação técnica profissional para classificar infrações

penais [...]” (MIRABETE, 2002, p.89).

De igual modo se poderia imaginar que para o funcionamento de tal medida,

seria necessária outra estrutura cartorária para a polícia militar lavrar tais termos

circunstanciados, o que oneraria os cofres públicos com despesas adicionais para

uma função que já teria órgão estabelecido para exercê-la. Uma duplicação

desnecessária. E ainda quanto à questão do s boletins de ocorrência lavrados há

muito tempo pela polícia militar, eis que são muito mais simples, com uma grande

diferença dos TCO’s , que além de conter uma versão dos fatos ainda será assinado

por um bacharel em Direito, subsidiando a ação do Ministério Público.

E ainda afrontaria o direito que todo cidadão tem de, quando e por algum

motivo for alvo de uma investigação, poder ser investigado por autoridade que tenha

recebido essa missão diretamente da Constituição Federal, e que tenha recebido

adequada formação técnica e jurídica para preservar os direitos e garantias

fundamentais da pessoa humana.

44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Firma-se então o entendimento de que a Lei dos Juizados Especiais tem

princípios próprios e rege-se também implicitamente pelo princípio constitucional da

eficiência, em determinados casos tem perdido um pouco o real sentido, quando a

mesma é interpretada de forma a burocratizar os registros mais simples.

Ao que pese a criação de tal instituto, e de antemão uma crítica negativa à

redação do art. 69, que estabelece que a ‘autoridade policial’ que tomar

conhecimento [...], que é o que tem demandado as maiores discussões doutrinárias

e nos tribunais, ao não se chegar a um acordo de quem seja a autoridade policial

descrita no texto legal em comento.

Nesse sentido, há em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de

Lei de Nº 1.028/2011, que prevê alteração em tal dispositivo, sendo que o art. 69 da

Lei 9.099/95 passaria a ter a seguinte redação:

Art. 69. O policial que tomar conhecimento da ocorrência, lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Este projeto encontra-se em fase de audiências públicas, e se de fato

aprovado, poderia por fim à discussão.

Os índices crescentes de criminalidade e a sensação de insegurança e

impunidade requerem medidas urgentes e viáveis daqueles que tem obrigação de

fornecê-las ao cidadão. Nossos legisladores fazem vistas grossas, e por vezes,

apenas quando estão sob pressão midiática, optam por implantar medidas sem os

devidos estudos, somente com a finalidade eleitoreira. Sabemos que nem sempre é

com novas leis que conseguiremos alcançar esses objetivos e sim com o

cumprimento das que já existem, buscando a redução da impunidade.

É sensivelmente perceptível, que esse sistema atual (com duas estruturas de

polícias estaduais, polícia militar e polícia civil) já se mostra defasado, e não atende

aos anseios sociais, ambas tem dificuldades em exercer suas funções sem entrar na

seara da outra. Eis que uma só polícia realizando o ciclo completo de polícia, tanto

preventiva como repressiva seria o ideal, inclusive circula pelo Congresso Nacional a

PEC 51, com a pretensão de modificar o art. 144 da nossa Constituição, que

45

também se encontra em fase de debates, a qual prevê uma só polícia com ciclo

completo, porém, somos sabedores das dificuldades da implantação dessa

sistemática que irremediavelmente atingiria interesses classistas de ambos os lados.

A medida simples de atribuir também à polícia militar a confecção do termo

circunstanciado de ocorrências, apresenta-se como medida rápida e viável.

Verificou-se que é possível juridicamente que o termo circunstanciado seja lavrado

por tal instituição, como já ocorre em alguns estados como: Santa Catarina e Rio

Grande do Sul, e que tal procedimento estaria em concordância com a legislação

atual, e com os princípios basilares da oralidade, simplicidade, economia processual,

celeridade e informalidade. Além do mais, como foi enfatizado pela própria equipe

que elaborou a Lei 9.099/95, que a interpretação do termo autoridade policial não

deve ser tratada à luz do Código de Processo Penal, e sim admitindo a perspectiva

mais abrangente do termo.

Sem contar que nada impede que seja acrescentada na grade curricular dos

cursos de formação das praças policiais militares, que formam a grande maioria dos

policiais que trabalham nas ruas de nosso país, uma disciplina específica e com uma

maior carga horária sobre a confecção do termo circunstanciado para acabar de vez

com a celeuma. Tendo em vista que atualmente os cursos de formação estão tendo

caráter predominantemente de adestramento militar e o ensino das disciplinas

teóricas tem pouca duração, não recebendo a devida atenção, como se espera.

Adiante, os argumentos favoráveis à elaboração do termo circunstanciado

pela polícia militar são muito mais condizentes com o que se pretende ou se

pretendeu com a Lei, em especial o atendimento à eficiência e economia, tanto

financeira quanto processual. Como é perceptível durante esta pesquisa ao fazer um

balanço entre os aspectos positivos e negativos, a maioria dos argumentos

contrários à lavratura do TCO pela polícia militar, provém de uma interpretação mais

restritiva, levando-se em consideração não o interesse público, mas uma vaidosa

temeridade pela perda de atribuições.

Ademais, a população não está preocupada como vai ser feito ou quem vai

fazer o TCO, os cidadãos que contribuem com uma carga tributária altíssima,

precisam de serviços públicos qualitativos e cada vez mais eficientes, especialmente

quando se trata da Segurança Pública, um dos pilares do Estado. O tempo tornou-se

artigo de luxo, a burocracia, a duplicidade do mesmo serviço, as longas esperas nas

Delegacias não são mais toleráveis. Tornando inadmissível que a Lei seja

46

interpretada em detrimento da sociedade, que tanto sofre as mazelas de sistema

deficitário e que não atende suas necessidades. E que até mesmo os delegados

ganhariam com tal medida, ao passarem a se dedicar aos casos mais graves.

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REFERÊNCIAS

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