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ECONOMIA E SOCIEDADE NOS PRIMEIROS TEMPOS A partir de 1530, quando decidiu iniciar a colonização do Brasil, D. João III teve de resolver três sérios problemas: 1º) O que produzir no Brasil? 2º) Com que capital (dinheiro) iniciar essa produção? 3º) Como conseguir mão-de-obra? O açúcar foi a solução O produto escolhido para dar inicio a exploração permanente das terras brasileiras foi o açúcar da cana. E porque se escolheu esse produto e não um outro qualquer? Primeiramente, porque naquela época o açúcar era muito procurado nos mercados europeus, e pela sua raridade, era também muito caro. Isso dava aos portugueses a possibilidade de ter grandes lucros com a sua produção em terras brasileiras. Outro motivo que contribuiu para essa escolha foi o fato de existirem no Brasil condições favoráveis ao cultivo da cana: o solo de massapé, o clima quente e úmido, e o regime de chuvas do litoral nordestino. Além desses motivos, deve-se também levar em consideração o fato de Portugal já ter experimentado com sucesso a produção de açúcar nas ilhas da Madeira, Cabo Verde e Açores. O capital veio da Holanda Estava decidido: o Brasil iria produzir açúcar. Mas derrubar a mata, plantar a cana e fabricar o açúcar exigia muito dinheiro Dinheiro para conseguir trabalhadores, para comprar ferramentas, caldeira, tachos, cabeças de gado e construir moendas necessárias para um engenho produtor de açúcar.

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ECONOMIA E SOCIEDADE NOS PRIMEIROS TEMPOS

A partir de 1530, quando decidiu iniciar a colonização do Brasil, D. João III teve de resolver três sérios problemas:

1º) O que produzir no Brasil?

2º) Com que capital (dinheiro) iniciar essa produção?

3º) Como conseguir mão-de-obra?

O açúcar foi a solução

O produto escolhido para dar inicio a exploração permanente das terras brasileiras foi o açúcar da cana.

E porque se escolheu esse produto e não um outro qualquer?

Primeiramente, porque naquela época o açúcar era muito procurado nos mercados europeus, e pela sua raridade, era também muito caro. Isso dava aos portugueses a possibilidade de ter grandes lucros com a sua produção em terras brasileiras.

Outro motivo que contribuiu para essa escolha foi o fato de existirem no Brasil condições favoráveis ao cultivo da cana: o solo de massapé, o clima quente e úmido, e o regime de chuvas do litoral nordestino.

Além desses motivos, deve-se também levar em consideração o fato de Portugal já ter experimentado com sucesso a produção de açúcar nas ilhas da Madeira, Cabo Verde e Açores.

O capital veio da Holanda

Estava decidido: o Brasil iria produzir açúcar. Mas derrubar a mata, plantar a cana e fabricar o açúcar exigia muito dinheiro

Dinheiro para conseguir trabalhadores, para comprar ferramentas, caldeira, tachos, cabeças de gado e construir moendas necessárias para um engenho produtor de açúcar.

Entretanto, em 1530, quando resolveu iniciar a colonização do Brasil, Portugal não tinha dinheiro para montar a empresa açucareira no território brasileiro. Por isso pediu empréstimos aos banqueiros holandeses.

Os holandeses concordaram aplicar capitais no negócio do açúcar. Mas, em troca, exigiam o monopólio da refinação e venda do açúcar brasileiro na Europa.

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Portanto, o açúcar que os comerciantes portugueses vinham comprar no litoral brasileiro só podia ser vendido aos holandeses. Esses o levavam para Amsterdã, na Holanda, era refinado para depois ser revendido pelas possantes urcas holandesas nos principais portos da Europa.

A mão-de-obra veio da África

Com o inicio da colonização, os donos dos primeiros engenhos produtores de açúcar tentaram resolver o problema da mão-de-obra prendendo, escravizando e forçando os índios a trabalharem para eles.

Porém, ao escravizar o índio, os donos de engenho contrariavam:

Os povos indígenas, que sempre que podiam, atacavam os engenhos para libertar sua gente;

Os jesuítas, que não aceitavam a escravização do índio e conseguiram até mesmo que essa atividade fosse proibida por lei;

Os comerciantes e o rei de Portugal, que preferiam a escravização do africano, porque era um negócio mais lucrativo, tanto para quem comercializava os escravos, quanto para o governo de Português, que cobrava imposto sobre esse comércio.

Diante de todos esses interesses contrários à escravização do índio, os donos de engenho passaram a comprar negros trazidos da África pelos comerciantes de escravos

A empresa açucareira no Brasil

A empresa açucareira começou a ser montada no Brasil quando Martin Afonso de Sousa mandou construir, em São Vicente, o primeiro engenho produtor de açúcar.

Em pouco tempo, porem, assistiu-se ao declínio da lavoura canavieira em São Vicente a ao seu rápido progresso no Nordeste, especialmente em Pernambuco e na Bahia.

Como se pode ver na tabela abaixo, em 1585 o Brasil possuía 122 engenhos, dos quais 101 estavam distribuídos entre Pernambuco e Bahia

CAPITANIAS ENGENHOSItamaracá 1Pernambuco 66Bahia 58Ilhéus 6Porto Seguro 1Espírito Santo 6Rio de Janeiro 3São Vicente 4TOTAL 122

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Pernambuco e Bahia progrediram mais que São Vicente porque, além das condições naturais (clima e solo) favoráveis, ficavam mais próximos da África, local de onde vinham os escravos, e da Europa, de onde vinha os comerciantes de açúcar.

A Plantation

Para dar lucro, um engenho deveria produzir grandes quantidades de açúcar, o que só seria possível se sua área de plantação fosse muito extensa.

Por isso, desde o inicio da colonização, a cultura da cana-de-açúcar foi realizada em grandes propriedades (latifúndios), com numerosos escravos que produziam açúcar para ser vendido aos mercados consumidores europeus por preços que interessassem a metrópole. No Brasil, a grande propriedade cultivada por escravos ficou conhecida como plantation por comparação às antigas fazendas do sul dos Estados Unidos.

Pode-se dizer, então, que a empresa açucareira montada no Brasil para atender principalmente os interesses dos portugueses e holandeses apoiou-se em três elementos básicos: escravidão, grandes propriedades e monocultura, que é o cultivo básico de um único produto.

O engenho colonial

No início da colonização do Brasil a palavra engenho significava o conjunto de instalações usadas para fabricar o açúcar. Essas instalações eram a moenda, a casa das caldeiras, a casa de purgar e os galpões.

Na moenda, composta de três cilindros de madeira encapados com chapas de ferro batido, a cana era moída. O caldo extraído escorria por meio de calhas até um grande recipiente onde era retirado em vasilhas e levado até a casa das caldeiras.

Na casa das caldeiras, o caldo era colocado em grandes tachos de cobre para ser cozido. Aí os escravos iam mexendo o caldo e retirando a espuma que se formava na sua superfície. O melado grosso e pastoso que se obtinha era colocado em formas de barro e transportado para casa de purgar.

Na casa de purgar, o melado permanecia por três ou quatro dias até virar açúcar. O líquido restante do melado que escorria por um furo existente no fundo da fôrma. Essa era a técnica usada para purgar (purificar) o açúcar, que ao sair das fôrmas tinha o aspecto de um bloco duro: o pão de açúcar. Daí, ia para os galpões.

Nos galpões, os pães eram quebrados e reduzidos a pó e postos pra secar ao sol, em grandes caixas. Uma vez terminado o processo, os ombros dos escravos ou os carros de boi transportavam as caixas até as praias, onde seguiam para a Europa.

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Engenho, um pequeno mundo

Com o decorrer dos anos, a palavra engenho ganhou o significado de grande fazenda produtora de açúcar. Engenho então transformou-se num pequeno mundo, que continha as instalações utilizadas para fabricar o açúcar, as matas, o canavial, a roça de subsistência (plantação dos alimentos consumidos no dia-a-dia), a casa-grande, a senzala e a capela

A casa-grande era a residência do proprietário do engenho e de sua família. A sede de onde se administrava a fazenda.

A senzala era a moradia dos negros escravos. Uma construção muito pobre, feita de galhos trançados e cobertos com barro, que não possuíam divisões internas. Todos os escravos de um mesmo engenho viviam misturados.

A capela era o local onde se realizavam as missas, batizados, casamentos e funerais católicos.

HOLANDESES NO BRASIL

A União Ibérica (1580-1640)

Só é possível entender o motivo pelo qual os holandeses invadiram o Brasil se compreendermos antes a União Ibérica, ou seja, a união das coras de Portugal e Espanha, países situados na península Ibérica.

Essa historia tem sua origem em 1578. Nesse ano, o rei de Portugal, D. Sebastião, morreu sem deixar herdeiro quando combatia os árabes no norte da África. Com isso, o trono português passou as mãos do seu tio, o velho cardeal D. Henrique, que viveu apenas até 1580 e também não deixou herdeiro.

Foi quando Felipe II, rei da Espanha, aproveitando-se do fato de ser um dos parentes do rei morto, invadiu o território português e se fez coroar rei de Portugal, dando início a chamada União Ibérica.

Com União Ibérica, que durou de 1580 a 1640, a Espanha teve o domínio de Portugal e de todas as suas colônias, inclusive o Brasil.

Enquanto o Brasil pertenceu a Espanha:

A linha de Tordesilhas deixou de ter validade, pois toda a América do Sul passou ao domínio espanhol.

A Holanda após se libertar da Espanha, invadiu e conquistou a porção mais rica do Brasil naquela época: o Nordeste açucareiro.

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Conhecendo um pouco da história da Holanda ficamos sabendo por que os holandeses tiveram força para permanecer no nordeste brasileiro por 25 anos.

A pequena e poderosa Holanda

A região onde hoje é a Holanda tinha grande poder financeiro quando, no final do século XV, por razões de sucessão dinástica, passou a pertencer à Espanha. Aproveitando-se dessa situação, a Espanha cobrava impostos altíssimos dos holandeses, que, por isso, decidiram lutar pela sua independência.

Depois de muita luta, os holandeses, que em sua maioria eram protestantes, se libertaram da Espanha católica, e formaram um pais chamado República das Províncias Unidas (Holanda), com capital em Amsterdã.

O rei espanhol, Filipe II, porem, não aceitou perder a Holanda e, para prejudicá-la, proibiu a entrada de navios holandeses em todos os portos de seu domínio.

O Brasil que, nessa época, estava sob o domínio espanhol, ficava, portanto, proibido de receber navios holandeses em seus portos.

O Brasil holandês

Como você deve se lembrar, desde o inicio da colonização os holandeses refinavam e vendiam o açúcar brasileiro na Europa e, com isso, obtinham lucros fabulosos. Por essa razão, ao serem impedidos pelo rei espanhol Felipe II de participar do negocio do açúcar, os holandeses decidiram usar a força das armas para conquistar os engenhos da região que mais produzia açúcar no mundo: o Nordeste brasileiro.

Para reunir os capitais necessários a essa conquista, os holandeses fundaram, em 1621, uma companhia de comercio chamada Companhia das Índias Ocidentais.

Os navios dessa poderosa companhia foram autorizados pelo governo da Holanda a usar a violência (saque, pirataria) para obter riquezas na África e América.

A invasão da Bahia (1624-1625)

Interessada no açúcar produzido pelo Nordeste brasileiro, a Companhia das Índias Ocidentais preparou-se para invadir a Bahia, organizando uma esquadra com 26 navios, 3.300 homens e 450 canhões.

Os holandeses chegaram a Salvador em 08 de maio 1624 e, sem muita dificuldade, desembarcaram e ocuparam a cidade. Surpreendida pelo invasores, a população se retirou para as

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matas próximas a Salvador. Mas, antes disso, queimou os armazéns de açúcar e de mantimentos existentes na capital baiana.

A resistência aos holandeses foi organizada pelo bispo da cidade, D. Marcos Teixeira. Divididos em pequenos grupos, os habitantes de Salvador saiam das matas onde estavam escondidos e, de surpresa, atacavam os holandeses. Era a chamada guerra de emboscadas. Graças a essa tática, os holandeses foram impedidos de conquistar o interior da Bahia.

Para auxiliar a população local na luta contra os invasores, o governo espanhol enviou ao Brasil uma poderosa esquadra composta de 52 navios e mais de 12 mil homens.

Atacados pelo interior e pelo litoral, os holandeses forma obrigados a render-se, deixando Salvador em 1º de maio de 1625.

A invasão de Pernambuco (1630-1654)

Em fevereiro de 1630, os navios da Companhia das Índias Ocidentais, entraram de novo em águas brasileiras. Dessa vez para invadir Pernambuco.

Desembarcando no litoral pernambucano, os holandeses conquistaram Olinda com facilidade e, depois de duas semanas de combate, eram também os donos de Recife.

A população dessas duas vilas retirou-se para as matas e engenhos do interior. Então, o governador Matias de Albuquerque reuniu os homens e as armas que pôde e fundou o Arraial do Bom Jesus, uma construção fortificada de onde deveriam partir os ataques aos invasores.

Como na primeira invasão, a tática utilizada contra os holandeses foi a guerra de emboscadas, que não deixavam os holandeses penetrarem na região dos engenhos.

Tempos depois, porem, os holandeses conseguiram convencer um morador local, Domingos Fernandes Calabar, a lutar ao lado deles. Guiados por Calabar, que era um profundo conhecedor da região, e auxiliados por tropas vindas do exterior, os holandeses conseguiram inúmeras vitórias, conquistando inclusive o Arraial do Bom Jesus.

Matias de Albuquerque retirou-se para Alagoas. Mas, antes disso, mandou incendiar os canaviais pernambucanos, afim de não deixar riquezas para o seu inimigo. Em Alagoas, numa batalha contra os holandeses, Matias de Albuquerque prendeu Calabar e, em seguida mandou enforcá-lo.

Entretanto, nessa altura dos acontecimentos, a resistência interna já tinha sido vencida e os holandeses eram os donos de boa parte dos Nordeste Brasileiro.

Nassau no Brasil holandês

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Depois de alguns anos de luta, os holandeses tinham conseguido conquistar Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte. Porém, muitas das terras dessas capitanias estavam arrasadas.

Nessas capitanias, era comum ver plantações queimadas, gado morto e engenhos abandonados.

Diante de todos esses problemas, os holandeses concluíram que para voltar a ter lucro com o açúcar brasileiro era necessário construir e desenvolver o Brasil holandês. E para conseguir isso, o primeiro passo era escolher alguém capaz de governá-lo.

O homem escolhido pelos donos da Companhia das Índias Ocidentais foi o jovem e instruído conde Mauricio de Nassau.

Nassau chegou a Recife em 1637 e, desde o começo do seu governo, procurou desenvolver e ampliar os domínios holandeses no Nordeste.

Para desenvolver o Brasil holandês, Nassau:

Concedeu empréstimo aos senhores de engenho, que, com isso, puderam recuperar as lavouras, aparelhar os engenhos e comprar muitos escravos;

Deu liberdade religiosa aos católicos, evitando assim possíveis confrontos entre os senhores de engenhos (católicos) e os holandeses (protestante);

Fez muitos melhoramentos em Recife: calçamento de ruas, abertura de canais, construção de pontes, jardins, hospitais, e da cidade de Maurícia, que atualmente é um dos bairros da capital pernambucana.

Além disso, Nassau trouxe muitos cientista e artistas europeus para trabalharem em Recife. Entre os cientistas, merecem destaque: o médico Wilhem Piso, que estudou o aproveitamento das ervas medicinais e a cura das doenças da região nordestina, e o pesquisador Jorge Marcgrave, que realizou o primeiro estudo científico da flora e da fauna brasileira.

Entre os artistas destacam-se os pintores Franz Post e Albert Eckhout. Ambos retrataram com sensibilidade pessoas e paisagens brasileiras.

Durante o governo de Nassau, os holandeses ampliaram ao Maximo os seus domínios no Nordeste, conquistando todas as terras situadas entre Sergipe e Maranhão E, ao mesmo tempo, ocuparam São Paulo de Luanda, na África, e de lá começaram a trazer negros bantos para os canaviais nordestinos.

A expulsão dos holandeses

Enquanto os holandeses ocupavam novas terras no Brasil e na África, os portugueses lutavam para se libertar do domínio espanhol que os oprimia desde 1580.

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Em 1640, finalmente, os portugueses conseguiram recuperar a independência e, pela força das armas, colocaram no trono português D. João IV, o primeiro rei da dinastia de Bragança.

Embora tivesse voltado a ser um reino independente, Portugal estava enfraquecido e sem condições de lutar para ter de volta o domínio de suas colônias. Por isso, o novo governo português firmou com a Holanda um acordo de paz por dez anos.

Mas, no mesmo ano em que essa paz foi assinada, os holandeses começaram a ter sérios problemas no Nordeste brasileiro. Os donos da Companhia das Índias Ocidentais estavam cada vez mais descontentes com o governo de Maurício de Nassau. Queriam que Nassau cobrasse imediatamente a divida dos empréstimos feitos aos senhores de engenho durante seu governo. E exigiam também que ele mandasse confiscar as propriedades daqueles que não pudessem pagar sua dividas no prazo fixado.

Como Nassau não concordava com essas exigências, deixou o cargo de governador e saiu do Brasil em 1644.

Com a saída de Nassau, a companhia começou a confiscar as terras, os escravos e o gado dos proprietários que não conseguiram saldar os seus débitos. E, alem disso, suspendeu a liberdade religiosa, proibindo a livre pratica do catolicismo no Brasil holandês.

Principalmente por essas duas razões, em 1645 começou a luta para expulsar novamente os holandeses do Brasil.

Essa luta, que ficou conhecida como Insurreição Pernambucana, foi liderada e financiada pelos senhores de engenho do Nordeste.

A primeira batalha importante vencida pelos brasileiros foi a do Monte das Tabocas, que se desenrolou no interior de Pernambuco em 1645.

A partir de então, os holandeses sofreram novas derrotas e começaram a perder o controle sobre a área onde estavam os engenhos pernambucanos.

Entusiasmado com as vitórias brasileiras, o rei de Portugal enviou a Recife uma frota de guerra trazendo armas, munições e dinheiro fornecidos pela Inglaterra, que na época disputava com a Holanda o domínio dos mares.

Pressionados por terra e por mar, os holandeses capitularam, em 1645 na Campina da Taborna.

A decadência da economia açucareira

Expulsos os holandeses, o Brasil voltou a depender exclusivamente de sua antiga metrópole, obedecendo de novo às regras do Pacto Colonial. Ou seja, só podia vender seus produtos para Portugal e só poderia comprar mercadorias de navios portugueses.

Perdendo o Brasil, os holandeses perdiam também o controle do açúcar brasileiro.

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Inconformados com isso, ele levaram seus capitais para as ilhas de Curaçao, nas Antilhas, e lá passaram a produzir seu próprio açúcar.

Poucos anos depois, esse açúcar produzido pelos holandeses na Antilhas entrou em concorrência com o açúcar fabricado no Brasil. E como os holandeses tinham uma grande frota naval e enorme experiência na distribuição de açúcar pela Europa, em pouco tempo o açúcar antilhano ocupou o mercado internacional.

A Guerra dos Mascates (Pernambuco 1710)

Com a desvalorização do açúcar no mercado internacional, diminuíram os lucros dos senhores de engenho residentes em Olinda. Com o tempo, esse problema se agravou.

Para aparelhar seus engenhos e continuar comprando escravos, por exemplo, os senhores de Olinda foram obrigados a pedir empréstimos aos comerciantes portugueses do Recife

Na capitania de Pernambuco, só a vila de Olinda possuía Câmara Municipal própria, e ela era controlada pelos senhores de engenho, os “homens bons” da colônia.

E isso contrariava os interesses dos comerciantes, que, embora estivessem ficando cada vez mais ricos, não podiam ser vereadores na única câmara existente em Pernambuco. Ou seja, tinha dinheiro, mas faltava-lhes o poder político. Por isso pediram ao rei de Portugal para que ele elevasse Recife à categoria de vila independente de Olinda.

O rei atendeu ao pedido dos “mascates” (apelido dado aos comerciantes portugueses). Estes, por sua vez, apressaram-se em erguer um pelourinho no centro de Recife. Isso significava que a partir de então Recife podia ter sua própria Câmara Municipal.

Inconformados com essa nova situação, os proprietários olindenses se armaram, invadiram Recife e destruíram o pelourinho.

Os recifenses reagiram e a guerra entre essas duas localidades (conhecida como Guerra dos Mascates) se prolongou por quase um ano.

Em 1711, o rei de Portugal enviou a Pernambuco um novo governador, acompanhado por muitos soldados. Os lideres olindenses foram presos e mandados para Portugal. Recife manteve a sua posição de vila independente e passou a ser a capital de Pernambuco.

Os mascaste, portanto, saíram dessa guerra vitoriosos. Era a primeira vez que Portugal contrariava os interesses dos poderosos senhores de engenho do Brasil.