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1 A PARTICIPAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO PLANEJAMENTO ESTATAL BAIANO: MITO OU REALIDADE? Ana Carolina de A. Ribeiro Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected] Ana Maria de Jesus Freitas Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected] Divanice da Paixão Ferreira Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected] Laerte Freitas Dias Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected] Resumo Este artigo é parte de uma pesquisa que estamos desenvolvendo sobre a participação de movimentos sociais de base na formulação de propostas para o planejamento estatal baiano. O atual arranjo espacial adotado pelo Governo do estado, desde 2008, é denominado Território de Identidade. Quando da sua formulação eram 26 territórios, a partir de 2012 foram reconhecidos 27 territórios no estado da Bahia. As discussões sobre a participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas, tem se mostrado como fundamental, pois desta forma, supõe- se, que estas não serão, necessariamente, utilizadas como instrumento fortalecedor das desigualdades inerentes a classe social. Como Boneti (2007) afirma, as elites globais e as classes dominantes não são as únicas definidoras das políticas públicas, ressalta também a presença dos movimentos sociais e as organizações civis como agentes definidores das mesmas. Palavras-chave: Movimentos sociais. Participação. Território de identidade do recôncavo. Introdução A participação dos movimentos sociais e da sociedade civil no planejamento de políticas públicas é de fundamental importância e muito benéfica, pois a partir daí, supõe-se que os anseios e demandas da população alvo de tais políticas públicas estão sendo ouvidas, levando-as a se conformarem de acordo com as necessidades pontuais e as mais amplas.

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A PARTICIPAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO PLANEJAMENTO ESTATAL BAIANO: MITO OU REALIDADE?

Ana Carolina de A. Ribeiro Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

[email protected]

Ana Maria de Jesus Freitas Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

[email protected]

Divanice da Paixão Ferreira

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected]

Laerte Freitas Dias

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS [email protected]

Resumo Este artigo é parte de uma pesquisa que estamos desenvolvendo sobre a participação de movimentos sociais de base na formulação de propostas para o planejamento estatal baiano. O atual arranjo espacial adotado pelo Governo do estado, desde 2008, é denominado Território de Identidade. Quando da sua formulação eram 26 territórios, a partir de 2012 foram reconhecidos 27 territórios no estado da Bahia. As discussões sobre a participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas, tem se mostrado como fundamental, pois desta forma, supõe-se, que estas não serão, necessariamente, utilizadas como instrumento fortalecedor das desigualdades inerentes a classe social. Como Boneti (2007) afirma, as elites globais e as classes dominantes não são as únicas definidoras das políticas públicas, ressalta também a presença dos movimentos sociais e as organizações civis como agentes definidores das mesmas.

Palavras-chave: Movimentos sociais. Participação. Território de identidade do recôncavo.

Introdução

A participação dos movimentos sociais e da sociedade civil no planejamento de

políticas públicas é de fundamental importância e muito benéfica, pois a partir daí,

supõe-se que os anseios e demandas da população alvo de tais políticas públicas estão

sendo ouvidas, levando-as a se conformarem de acordo com as necessidades pontuais e

as mais amplas.

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Essa preocupação parte da necessidade de entendermos como se a participação popular

no planejamento estatal é efetiva ou não, tendo em vista que este é um modelo bem

diferente do que vinha sendo praticado no estado da Bahia nos anos anteriores.

A nova forma de gestão do Estado chama a atenção, pois agora se tem a presença dos

movimentos sociais de base integrados nas discussões e no planejamento do território

em que vive, o que se caracteriza como uma mudança profunda, pois o que vigorou por

muito temo na Bahia foi o planejamento voltado para o beneficiamento de alguns

poucos e o prejuízo de uma maioria, fazendo da política governamental palco de

paternalismo e desigualdades.

Caracterização dos Territórios de Identidade na Bahia

O território de identidade é uma unidade de planejamento adotada no Estado da Bahia,

a partir do ano de 2008, a partir do governo Jaques Wagner, estando alinhado ao modelo

de planejamento do Governo Federal.

As diretrizes para a implantação dos territórios de identidade partiram do Ministério de

Desenvolvimento Agrário (MDA) quando da delimitação dos territórios rurais.

A SEPLAN define o território de identidade como:

um espaço físico, geograficamente definido, não necessariamente contínuo, caracterizado por critérios multidimenssionais, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente distintas, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial (www.seplan.ba.gov.br)

A partir desse novo modelo de planejamento o governo do Estado da Bahia

passou a reconhecer 26 Territórios de Identidade, sendo que a partir de 2012 passam a

totalizar 27 territórios (mapa 01). O que mais chama a atenção nesse novo modelo de

planejamento é a participação da sociedade civil na formulação das propostas

específicas para cada um dos territórios. Essa nova forma de pensar o território e suas

relações sugeri uma superação das velhas formas de implementação de políticas

públicas no estado, pelo menos a primeira vista.

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Mapa 01: mapa atualizado dos territórios de identidade da Bahia.

Pela primeira vez no estado da Bahia, há a participação dos diversos setores da

sociedade para a construção do planejamento territorial, porém consideramos que a

participação ainda é incipiente, pois em todas as etapas de tomada de decisão efetiva

não há a participação da sociedade civil, isso pode ser percebido no cronograma das

etapas de elaboração do Plano Plurianual Participação 2008-2011 (Figura 01).

Como Boneti (2007) traz, as formulações das políticas públicas estão alinhadas aos

interesses das elites econômicas, porém como ele mesmo ressalta, não se deve pensar a

formulação das políticas públicas apenas a partir desse prisma, pois seria reducionista e

as forças políticas dos outros segmentos sociais estariam sendo ignoradas, levando a

uma análise acrítica. No caso específico do Plano Plurianual-Participativo, apesar de a

maioria das decisões ficarem, quase sempre, restritas aos “agentes de poder”, Boneti

(2007) ressalta a importância em considerar também os movimentos sociais e as

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organizações civis como agentes definidores das políticas públicas, pois para ele esses

agentes sempre estiveram presentes, mas agora se apresentam de forma diferenciada.

Fica claro, portanto, que as elites globais e as classes dominantes nacionais se constituem de agentes determinantes da elaboração e implementação das políticas, mas não são os únicos. A pluralidade política dos dias atuais faz com que agentes outros originados na organização da sociedade civil, como são as ONGs, os movimentos sociais, etc., se constituam em novos agentes confrontantes com os projetos das elites e classes dominantes (BONETI, 2007, p. 16).

Uma forma de exemplificar a participação, que consideramos ainda incipiente, é

observando o esquema de elaboração do Plano Plurianual Participativa 2008-2011

(Figura 1). De antemão observa-se que em apenas um momento há a participação da

sociedade civil organizada. Vale ressaltar, ainda, que esta participação tem o caráter

simbólico, já que eles opinam, mas não deliberam.

A primeira etapa é o inventário de ações, esta leva em conta compromissos de

campanha do governador do estado, as recomendações da equipe de transição, ações do

governo anterior que são consideradas prioritárias e que deverão ter continuidade, os

objetivos estratégicos setoriais, ações continuadas (matrícula, saúde) e operações de

crédito asseguradas (Caderno do PPA-P 2008-2011).

A segunda etapa é a delimitação das áreas programáticas, nesta também não há a

participação da população. Nessa fase será pensado cada um das áreas que a sociedade

organizada poderá opinar e reivindicar suas demandas. A partir daí as secretarias

poderão junto com os representantes territoriais discutir os temas propostos, nestas

discussões os grupos temáticos devem incluir nos debates as diretrizes de controle

social, gênero e etnia.

A última etapa é a consolidação do PPA-P 2008-2011. Neste momento uma equipe de

técnicos faz a análise e triagem das propostas por eixos e individualizando os territórios

de identidade. As propostas são classificadas como pontual ou pragmático.

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Figura 01: Esquema das etapas de elaboração do plano plurianual participativo 2008-

2011.

Fonte: Caderno do PPA-P 2008-2011.

Segundo a Secretaria de Planejamento da Bahia (SEPLAN) a adoção dos territórios de

identidade objetiva “Identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas

definidas a partir da realidade local de cada território possibilitando o desenvolvimento

equilibrado e sustentável entre as regiões [...]” (SEPLAN, 2008)

Porém, com base nas observações feitas em campo e com os resultados prévios que

temos adquirido percebemos que as políticas públicas e a participação para a

constituição das mesmas, são cheias de contradições e lacunas. Um ponto fundamental

para se entender esse processo lento e contraditório em que a participação dos

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movimentos sociais vem acontecendo, é necessário que voltemos à história. Após a

promulgação da Constituição Federal (1988), seguiu-se na Bahia 16 anos consecutivos

de governo carlista, quando foram implementados os Planos Plurianuais, porém sem

nenhuma participação da sociedade civil.

Os planos plurianuais do governo carlista mantinham uma posição muito clara e

favorável ao incentivo do grande capital, como um bom governo neoliberal que era. Os

PPAs tinham uma tônica muito voltada para incentivos fiscais, quando percebemos a

chegada de grandes empreendimentos no estado da Bahia, a valorização do

empreendedorismo e ações bastante pontuais, com o objetivo de gerar e ampliar ilhas

econômicas, fortalecendo ainda mais os pontos luminosos, e deprimido ainda mais os

que já assim se encontravam, perpetuando uma política seletiva, fortalecendo e

ampliando as desigualdades.

Todos os PPAs são planejamentos que estão alinhados ao governo federal. O primeiro

PPA formulado na Bahia para o período de 1992 a 1995, e esteve alinhado com o

Governo de Fernando Collor de Mello, na tentativa de reestruturar as funções do estado

para o fortalecimento do mercado (SIQUEIRA, 2006). Neste período, a formulação do

PPA na Bahia, a partir das metas que eram estabelecidas, deixava muito clara as opções

de desenvolvimento que o governo baiano se propunha. Entre as metas estava:

“Redução do nível de intervenção estatal e a liberalização do mercado, com crescente

internacionalização, exigindo aumento da produtividade e da competitividade”.

(BAHIA, 1991a. p.10 apud PAMPONET, 2012, p.7 ).

Entre 1996-1999, o segundo PPA, no então governo de César Borges, o país já se

encontrava em um período de maior estabilidade econômica e política, quando

instituído o Plano Real. Na Bahia, se percebe um discurso que incentivava a moderação

nas contas públicas e da responsabilidade fiscal, o que fazia do estado um lugar

altamente atraente pata empreendimentos privados a partir de incentivos fiscais. Neste

Plano plurianual, também não há nenhuma alusão a participação da sociedade em sua

formulação.

No PPA seguinte (2000-2003), também no governo de César Borges, se observa que as

práticas permanecem as mesmas. As estratégias de inserir a Bahia no mercado nacional

e global continuavam sendo a prioridade, empenhando sempre força na atração de

empreendimentos, reforçando a idéia de ilhas econômicas.

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O PPA 2004-2007, com o retorno do governo de Paulo Souto, inicia-se com um viés

mais social, buscando minimizar a visão autoritária que se tinha. Desta vez, a sociedade

civil organizada teria a oportunidade de participação, esta, porém, sem caráter

deliberativo. Além disso, percebe-se que a participação ainda se dá de forma limitada.

Apenas 500 representantes da sociedade civil puderam participar, sendo que estes eram

selecionadas pelas secretárias temáticas, o que deve ser observado com bastante

cuidado, pois os representantes poderiam ser escolhidos a partir das afinidades políticos

partidárias, comprometendo a representação da coletividade.

Outro ponto que consideramos limitante para a transparência nesta construção, foi o fato

das reuniões acontecerem apenas na capital do estado, na cidade de Salvador.

Certamente nem todos os interessados a participar e expor as necessidades de seu

território pôde fazê-lo. Pamponet (2008) ressalta que da forma como foram escolhidos

os representantes que participaram dos debates de construção do PPA em 2004 oferece

riscos ao exercício da democracia, pois

[...] há o claro risco de que os atores convidados a participar da discussão tenham estreitas afinidades políticas com o grupo governamental, tendendo a reproduzir a visão oficial do Estado, com prejuízos para o exercício do contraditório e enfraquecendo o conteúdo das propostas. (p. 142)

Apesar deste risco não se pode deixar de insistir em uma maior participação da

sociedade civil e, acima de tudo, exercer o direito de fiscalizar o que está posto. Porém,

é necessário que haja uma maior participação e, portanto, interesse da sociedade. para

isso, é necessário que se reformule do modo de conceber o exercício da participação no

estado da Bahia, pois a cultura da não participação é muito mais longa que o seu

contrário. Porém, percebemos que essa concepção já começa a ser alterada com a

formulação do PPA-P (2008-2011).

Para a formulação deste, foram realizadas plenárias de forma mais descentralizadas,

pois para cada Território de Identidade constituído seria eleito um município onde as

reuniões aconteceriam. Há estimativas que cerca de 40 mil pessoas foram mobilizadas

para as discussões preparatórias, que aconteceram antes das reuniões oficiais, e cerca de

12 mil pessoas participaram diretamente nas plenárias territoriais, gerando 8 mil

propostas de todos os 26 territórios (PAMPONET, 2008).

As plenárias tiveram o objetivo, não só dos diversos representantes apresentarem suas

propostas, como também de eleger representantes de cada território para acompanharem

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a execução do PPA, este acompanhamento, porém, se dá de forma passiva, não podendo

esses representantes intervir ou reivindicar a inclusão ou exclusão de nenhum tópico na

elaboração final do documento. Teoricamente, esses representantes têm a função de

fazer a ligação entre o Estado e a sociedade, não deixando que haja desmobilização dos

agentes sociais locais.

A descentralização ocorrida demonstrou seus benefícios ao possibilitar a participação de

um maior número de representantes dos movimentos sociais e da sociedade civil

organizada, porém com um tempo se percebeu que para o exercício da fiscalização ele

tem se apresentado como um fator dificultador, como afirma Pamponet (2012, p. 2) “o

baixo grau de territorialização das ações do governo (...) dificulta o acompanhamento e

o exercício do controle social (...)”.

Discutindo o conceito de movimentos sociais

Com relação ao movimento social Gonh (2002) procura deixar bem claro o seu caráter

político e solidário, que ao se desenvolver no seio da sociedade civil faz com que esta

politize as suas demandas em todas as esferas, social, política, cultura e econômica.

Desta forma, a necessidades que a sociedade tem transforma-se em uma luta coletiva. A

autora afirma:

Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes sociais, articulados em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas vivenciados pelo grupo da sociedade. As ações desenvolvem em processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva para o movimento, a partir dos interesses e comum [...]. Os movimentos gera, uma série de inovações nas esferas pública [...] e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um país, e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil e política [...] (p. 251).

A partir dessa definição Gonh defende que estas mudanças e influências são observadas

a médio ou longo prazo, afirmando que estas são mudanças que ocorrem no campo

social e histórico, à medida que o indivíduo vai se apropriando dos valores e ideologias

que são defendidos coletivamente para a conquista de determinado direito. Esta

coletividade é adquirida a partir do princípio da solidariedade, pois apesar de haver

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propostas e visões diferentes na composição do grupo é possível que se encontre um

consenso que será defendido para além das reuniões e discussões internas.

As formas que os movimentos sociais utilizam para a contestação se diferenciam ao

longo do tempo e a partir das especificidades de cada momento histórico. Nas décadas

de 1970 e 1980, segundo Goss (2003, apud, GOSS e PRUDÊNCIO, 2004, p. 85), os

movimentos eram bastante influenciados pelas ideologias da igreja Católica, mais

especificamente a ala progressista da teologia da libertação, que eram guiadas pelos

princípios da solidariedade e esperança.

Na década de 1990, no contexto de redemocratização pós Constituição de 1988, alguns

desses movimentos perdem alguns dos seus objetivos de luta, visto que a constituição já

garantia muitas das suas reivindicações anteriores. A partir daí, segundo Goss e

Prudêncio (2004), os movimentos sociais “já não objetivam tomar o poder do Estado,

mas garantir direitos sociais” (p.85) “no sentido de modificar a sociedade (...) no nível

de ações concretas (...)” (p. 87), ações estas que acontecem no seio da sociedade civil,

de forma coletiva.

Atualmente, segundo as autoras, a luta dos movimentos sociais perpassa pelo campo do

individualismo, fazendo dos atores coletivos agentes apenas temporários e que lutam

apenas por projetos, o que já pressupõe um prazo para a sua realização.

Os atores sociais lutam em nome da coletividade a partir de conteúdos que tratam dos direitos humanos, da paz, da ecologia, de discriminações etc. no entanto os valores defendidos são autonomia pessoal e identidade (GOSS e PRUDÊNCIO, 2004, p.86).

Apesar dessa suposta individualidade, Schere-Warren (1993, apud, GOSS e

PRUCÊNCIO, 2004, p.87), identifica nos movimentos sociais atuais um potencial de

gerar mudanças “no sentido de modificar a sociedade não apenas a partir do aparelho do

Estado, mas também no nível das ações concretas da sociedade civil” e de uma postura

anti-autoritarista e descentralizadora.

Gohn (2007) também contextualiza os movimentos sociais na atualidade, para isso ela

destaca quatro pontos:

1) A luta das culturas locais, contra os efeitos devastadores da globalização. [...] Um outro papel importante a ser destacado nos movimentos atuais é o resgate que eles estão operando do caráter e sentido das coisas públicas [...].;

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2) Ao reivindicarem ética na política e, ao mesmo tempo, exercerem vigilância sobre a atuação estatal/governamental, eles orientam a atenção da população para que o que deveria ser dela e está sendo desviado [...] impostos arrecadados da população estariam sendo mal gerenciados etc.; 3) Os movimentos tem coberto áreas do cotidiano de difícil penetração por outras entidades ou instituições do tipo partidos políticos, sindicatos ou igrejas. [...]; 4) Os movimentos construíram um entendimento sobre a questão de autonomia diferente do que existia nos anos 80. Atualmente, ter autonomia não é ser contra tudo e todos, estar isolado ou de costas para o Estado, atuando à margem do instituído; ter autonomia é, fundamentalmente, ter projetos e pensar os interesses dos grupos envolvidos com autodeterminação; (p. 16 e 17).

As mudanças de visão e perspectivas que tem sido adotada pelos movimentos sociais de

diversos segmentos são perceptíveis, porém é necessário pontuar a sua adaptação para

as novas demandas, não perdendo assim, a sua função e sua capacidade de articulação

social.

Participação como direito

Com o fim da ditadura e promulgação da Constituição Federal (1988) os planejamentos

continuam sendo desenvolvidos sem a participação da sociedade civil, embora a

Constituição previsse a participação social nos mesmos. O 1° art. aponta para os direitos

que a sociedade civil possui para tais intervenções e exercício da cidadania quando é

posto “que todo o poder emana do povo”. Após este artigo, seguem-se diversos outros

que apontam para a participação em todos os níveis.

O art. 5° assegura o direito da participação no judiciário; o art. 14 aponta para a

participação social; art. 29 para planejamento municipal; art. 37 prevê a participação na

administração pública; art. 194, seguridade e participação social; art. 198 é relacionado

à área da saúde; art. 204 trata da formulação e fiscalização das políticas públicas; art.

206, 216, 227 tratam respectivamente do ensino, cultura e participação de entidades não

governamentais. Além desses artigos existem algumas emendas constitucionais que

fomentam a participação.

Apesar de todo este aparato constitucional a participação no planejamento estatal baiano

não é compulsório. No principio, a formulação de políticas públicas eram restritas

apenas a alguns técnicos do estado, especialistas, empresários, bancos e, posteriormente,

professores e representantes de classes tinham a credencial para participarem dos

debates.

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Discutindo a participação

O conceito de participação é fundamental para a análise que nos propomos uma vez que

é o elemento instigador da pesquisa parte da nova forma de planejamento territorial do

estado da Bahia, pois até então não se percebia nenhuma forma de participação para a

construção políticas públicas.

Para Teixeira (1997) a participação pode ou não ter o poder decisório, pode ser

simbólico e acontecer em diversas esferas, mas sempre demonstrará a tentativa de ter ou

se construir uma “identidade como ator político social” (p.183). Para o autor, a

participação política

(...) supõe uma relação em que atores, usando recursos que são disponíveis no espaço público, fazem valer seus interesses, aspirações e valores, construindo suas identidades, afirmando-se como sujeitos de direitos e obrigações. (TEIXEIRA, 2007, p. 184)

Define a participação ainda, como o ato de “fazer parte, tomar parte, ser parte de um ato

ou processo, de uma atividade pública, de ações coletivas” (TEIXEIRA, 1997, p. 187).

Teixeira (1997) chama a atenção para os possíveis interesses que uma participação

possa representar. Para ele, não se deve cultivar uma visão idealista da participação

como se esta tivesse um fim em se mesma e não fosse ter nenhum rebatimento na

sociedade. Quanto a isto ele diz que a participação é um processo que

[...] implica numa relação de poder, não só através do Estado que a materializa, mas entre os próprios atores, que exige determinados procedimentos e comportamentos e mesmo, uma partilha, suscitando a questão de saber se esta ação tem o caráter meramente comunicativo e consensual, como se enfatiza em relação à participação movimentalista ou comunitária, ou se nela está presente também uma lógica estratégica (p. 187).

É necessário que nessa relação de poder que são travadas entre os agentes, as decisões

dos movimentos sociais sejam coesos para que não haja distorções no resultado

participativo final e do que se objetiva com a participação. Para que essa participação

seja efetiva, segundo o autor, ela pode ser por mecanismos próprios ou não. Os

mecanismos próprios não são rigorosamente delimitados, pois estes dependerão da

demanda que surgir e quais os recursos disponíveis para garantir o direito adquirido da

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participação. Os mecanismos institucionalizados podem gerar uma maior sensação de

segurança e regularidade, porém expõe essa participação ao risco de sujeitar-se a lógica

imposta pela classe dominante, perdendo, portanto, sua função.

Durante as entrevistas realizadas até o momento, pudemos notar que em certa medida, o

que ocorre é uma participação com baixo engajamento, talvez de forma bastante

proposital pelo governo estadual, até mesmo pela conformação que as plenárias

apresentavam. Espaços muito curtos para a discussão, muitos temas para serem

debatidos em curto espaço de tempo, entre outros fatores, que acabam desarticulando o

grupo.

As entrevistas realizadas em um dos Territórios de Identidade, o Portal do Sertão, que é

composto por 16 municípios, nos deu uma dimensão mais real de como esse processo

efetivamente se estruturou, para além dos aspectos constantes nos documentos oficiais

do governo, naturalmente permeada por conteúdos ideológicos fortíssimos.

Um ponto em comum entre as considerações dos diversos representantes dos

movimentos sociais sobre o diálogo com o governo do estado é que a despeito do

processo de participação instituído, a burocracia colocada para o atendimento à

comunidade é ainda muito grande, como se pode apreender na seguinte declaração dada,

quando perguntado o representante da ACOMAV se existem dificuldades para a

entidade já citada desenvolver o seu trabalho:

Na verdade a maior dificuldade é a burocracia e também, em parte, um pouco de paternalismo dos poderes públicos, por que se você não for ligada a “fulano”, “sicrano” ou “beltrano”, você tem praticamente nada, por que pra você conseguir, por exemplo, um projeto na prefeitura, a burocracia é muito grande, no governo do Estado a mesma coisa [...] e aí comunidades pequenas, pessoas que querem ajudar nessas comunidades, tem que dispor de muito tempo pra poder ir buscar esse recurso e está lá todo dia [...] Ou um outro problema, é a falta de preparação para elaboração de projetos, que são muito criteriosos, e a gente ainda não tem esse domínio na elaboração desses projetos, até mesmo por que de cada entidade, cada grupo, eles cobram de uma maneira: Projeto de meio ambiente é de uma forma, de cultura é de outra, e aí a gente não tem ainda a capacitação pra poder buscar esses recursos. (Entrevista, 09 de março de 2012).

Quando questionado sobre o que ainda precisa ser feito sobre a participação dos

movimentos sociais no planejamento, um dos representantes do Movimento Água é

Vida também abordou a questão da burocracia:

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Olha a gente entende que precisa mais autonomia pros movimentos, por que sempre a gente tá dependendo de governo, burocracia muito grande [...] pra gente ter uma audiência com o prefeito hoje a gente tem que levar dois, três meses. Com o governo estadual não é diferente! A gente procura fazer um trabalho que [...] esse trabalho que nós fazemos é do governo, não seria nosso, mas como o governo não faz a gente faz, mas [...] esse feedback do governo com os movimentos sociais é que precisa muito! Se eu disser a você que não tem nada eu estou mentindo! Mas precisa avançar no que nós temos [...] (Entrevista 05 de abril de 2012)

O representante da COOBAFS também relatou a dificuldade enfrentada para levar ao

governo a demanda desta entidade por um espaço físico para desenvolver as suas

atividades, ressaltando a questão da burocracia como uma barreira, e também o fato de

ter que contar com a ajuda de um vereador de Feira de Santana, do mesmo partido do

governo atual, para fazer essa “ponte” com a Cooperativa e para levar essas demandas.

Alguns dos representantes indicaram também a questão da cooptação de representantes

de movimentos sociais como aspecto que tem dificultado o avanço das relações da

sociedade civil com o governo do estado e enfraquecendo, por vezes, as ações dos

movimentos sociais, como se pode apreender do seguinte depoimento de um

representante do Movimento Água é Vida, quando questionado sobre suas

considerações sobre o espaço para os movimentos sociais no diálogo com o atual

governo do estado:

Olha, os movimentos sociais hoje perderam a sua articulação com o Governo do Estado, porque antes as pessoas que participavam dos movimentos sociais em Feira de Santana eram oposição ao governo anterior e com a nova eleição do governo atual, hoje o pessoal que era contra o governo anterior, [...] a maioria das pessoas foram convocadas pelo governo pra trabalhar e hoje não tem mais credibilidade os movimentos, ou seja, ninguém mais vai pra rua reivindicar nada, a gente tem o grito dos excluídos em Feira de Santana que a participação é muito pouca. Sindicato não participa, associação não participa, entidade religiosa não participa, por que muitos hoje estão dentro do governo e infelizmente estão dentro de um governo que teoricamente é democrático, mas a gente vê que se você está dentro do governo hoje com uma função “X” e você for pra rua hoje pra defender uma causa, você é mal visto e as vezes perde até o seu emprego. Infelizmente! Eu não estou falando só do governo atual, qualquer governo faz isso, quer seja nas três esferas. Se você hoje é de um movimento, você está lá dentro e você vai defender o movimento na rua, você é mal visto dentro do governo. Então a gente precisa despertar e achar uma solução pra isso. “Eu sou governo hoje”, mas o governo ainda precisa avançar com estas questões porque nenhum governo faz tudo. Eu preciso de autonomia pra estar na rua reivindicando, e junto com as pessoas buscando pra também ajudar o governo. Ninguém mais do que o movimento contribui com o governo. (Entrevista 05 de abril de 2012)

Outro representante do MAV também teceu considerações a esse respeito:

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[...] pra o governo não existe a voz do povo! Existe ambientes onde as pessoas recebem, às vezes, até cargos de confiança. Pessoas influentes, que realmente lideravam movimentos, o governo faz um atalho “Olha eu vou botar esse aqui pra meu lado, vou silenciar ele”. Consequentemente enfraquece os movimentos. Aí o governo faz o que bem entende, o que ele quer, o que tiver que fazer [...]Entrevista 05 de abril de 2012)

E ainda, outro representante da mesma entidade complementou a ideia, expondo o que

entende como necessário para ampliar esse espaço de diálogo entre o governo e a

sociedade civil:

Falando de movimentos sociais eu quero dizer que isso é uma faca [...] de dois lados perigosos. Primeiro porque aquilo que se fala “social” não pode se trocar pela moeda política. A política é a política, o social é o social. Eu sempre entrei nos movimentos sociais trabalhando com assistentes sociais. Esse é o grande déficit que a sociedade tem hoje, porque nós não temos assistentes sociais. As comunidades vivem alheias a isso [...], o governo pouco se preocupa com o povo. O interesse é deles, mas o chamado povão, que realmente precisa de assistentes sociais, fica a mercê da necessidade [...]. (Entrevista 05 de abril de 2012).

Em seus depoimentos alguns dos representantes deram a entender que tem havido o

desvirtuamento de políticas públicas na sua fase de operacionalização, em que outros

agentes com maior poder político e/ou econômico conseguem sobrepor os seus

interesses às prioridades definidas nas plenárias. Tecendo considerações a respeito do

que ainda precisa ser melhorado no PPA-P, na maneira que se processou, um

representante do Movimento Água é Vida, ressaltou:

O que eu vejo é que é sair do papel, por que lá, quando a gente se reúne, tem muitas propostas boas. Eu não sei o que acontece que acho que depois os técnicos se juntam pra arrumar esse trabalho e esquecem o que as comunidades colocaram em propostas, eles esquecem, não sei por que, e aí os governos dizem que tem PPA, como a comunidade quis, mas não é como nós quisemos não [...](Entrevista 05 de abril de 2012)

Essas falas dão indicativo que é necessário se avançar em relação à participação dos

movimentos sociais no estado da Bahia. Com isso, não queremos invalidar a

participação e seus efeitos benéficos, pois em um cenário onde não havia a participação

de nenhum representante da sociedade civil, a participação, mesmo sendo apenas de

forma consultiva, é um avanço a ser registrado.

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Considerações finais

A participação dos movimentos sociais em um planejamento estatal chama a atenção,

por ser caracterizado por uma mudança de postura de todas as partes envolvidas, pois

em governos anteriores somente os técnicos do governo, os empresários e a classe

política eram convidados a participar do planejamento das políticas para o estado.

Óbvio que nesse sentido, somente os interesses deste seriam contemplados.

Não podemos afirmar que a forma como a participação se dá é a melhor e de forma

suficiente. Acreditamos que ainda há muito que se avançar, porém, não podemos

colocar em total descrédito essa abertura, pois ela pode ser um caminho para que essa

relação democrática seja alargada e mais efetiva.

Por outro lado, voltamos um pouco o nosso raciocínio e repensamos, pois de alguma

forma sentimos que essa aparente abertura para a participação acomoda os movimentos

de base que acabam cooptados, ou melhor, se deixam cooptar pelos maiores

interessados, em busca de satisfazer as suas demandas próprias. Esse é um ponto que

merece bastante atenção dos representantes territoriais e de toda a sociedade civil, pois

um planejamento estatal sempre estará imerso em um forte conteúdo ideológico, que

sempre estará comprometido firmemente com a ideologia de alguém ou algum grupo.

Nessa perspectiva que Pamponet (2008) traz a reflexão sobre os riscos que os atores

envolvidos correm, quando há interesses ou conchavos políticos por trás das escolhas de

representantes territoriais. Ele ressalta que a depender de como essa escolha aconteça,

pode oferecer sérios riscos ao exercício da democracia, pois

[...] há o claro risco de que os atores convidados a participar da discussão tenham estreitas afinidades políticas com o grupo governamental, tendendo a reproduzir a visão oficial do Estado, com prejuízos para o exercício do contraditório e enfraquecendo o conteúdo das propostas. (p. 142)

Com isso tudo, concluímos que para a participação e a discussão sobre o tema ser

qualificada positivamente, é necessário que seja adotada uma postura política séria do

governo e dos representantes de toda a sociedade civil, que se apresenta de forma

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organizada ou não, haja uma desburocratização dos instrumentos de participação e

maior engajamento da sociedade como um todo. Apesar dos avanços, não podemos

perder de vista os problemas já citados para que continue se buscando alternativas de

tornar cada vez mais efetiva essa participação.

Reconhecemos, porém, que esse processo perpassa por uma construção lenta de

mudança de postura e readaptação da sociedade para a participação efetiva e na luta

para a ampliação desse direito.

Referências

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