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Sociedade e Movimentos Sociais

Professor Cássio Albernaz

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Atualidades

SOCIEDADE

Imigração africana no Brasil aumenta 30 vezes entre 2000 e 2012

Entidades assistencialistas criticam demora e burocracia na obtenção de documentos

Palco dos maiores eventos esportivos do mundo nesta década, o Brasil não só concentrou a atenção de órgãos internacionais e de grandes investidores, mas também se fortaleceu como destino das tradicionais rotas de emigração do continente africano.

Dados da PF (Polícia Federal) aos quais a agência EFE teve acesso apontam que, entre 2000 e 2012, o número de residentes e refugiados africanos no Brasil cresceu mais de 30 vezes — mas os números podem ser ainda maiores, se forem levados em conta os imigrantes ilegais, sobre os quais não se têm registros oficiais.

O relatório da PF diz que, em 2000, viviam no Brasil 1.054 africanos regularizados de 38 nacionalidades, mas o número saltou em 12 anos para 31.866 cidadãos legalizados provenientes de 48 das 54 nações do continente.

Navio sem rumo

A maioria das rotas de imigração é por via aérea. Outras são pelo mar e, em alguns casos, há quem vá primeiro a países da fronteira norte para depois fazer a travessia para o território brasileiro por terra.

"Conheço alguns casos raros de pessoas que fugiram do Congo escondidas em navios e sem saber seu destino, que muitas vezes era o porto de Santos", no litoral paulista, afirmou o padre Paolo Parise, diretor da Casa do Imigrante de São Paulo, principal centro de amparo dos africanos.

O abrigo da pastoral recebe imigrantes desde 1978, em 90% dos casos estrangeiros e com status de refugiados. De acordo com Parise, antes havia predominância de latino-americanos e, agora, de africanos e haitianos.

A maioria dos africanos, segundo a PF, é de países lusófonos, como Angola e Cabo Verde, com 11.027 e 4.257 cidadãos respectivamente até 2012 — ano dos dados consolidados mais recentes — seguidos pela Nigéria, com 3.072 imigrantes que regularizaram sua situação.

Segundo o coordenador de Políticas para Imigrantes da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Paulo Illes, o aumento da corrente imigratória africana é "mais visível" após 2010, quando o fluxo passou a ser "contínuo".

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Illes, que trabalha com o tema da imigração há 15 anos, afirmou que a crise financeira de 2008 foi um dos fatores que fez muitos africanos optarem pelo Brasil e não por países da Europa, que por sua vez ficaram mais estritos com as normas migratórias.

A imagem de nação emergente no cenário internacional levou o Brasil a ser visto pelos africanos de lugares mais pobres como "o país do futuro e dos sonhos" e um destino "mais atraente" em termos de fácil receita e direitos trabalhistas em comparação à Europa, ressaltou Illes.

Guerras

A congolesa Cathy, por exemplo, deixou sua terra natal devido à guerra civil entre o governo e forças rebeldes no norte do país e depois de seu marido, membro de um partido de oposição, ser preso.

"Saí por questões de segurança, e como na África é difícil conseguir vistos, me disseram que para o Brasil seria fácil e que, como país emergente, precisava de mão de obra para o trabalho", contou ela, que chegou a São Paulo em dezembro do ano passado com os filhos e espera regularizar seus documentos para conseguir trabalho.

Parise lamentou que, apesar de a PF outorgar um documento provisório para acesso ao País nas fronteiras, o status de refugiado e as autorizações para trabalhar podem demorar meses.

— Pessoas que chegaram em março têm entrevista marcada para dezembro. Isso quer dizer que a vida delas fica parada até essa data, com uma série de consequências e problemas.

Cathy questionou a burocracia para obter os documentos e rotulou como "mito" a fama de receptividade dos brasileiros.

— Mudei de ideia, pois aqui se pedem documentos para tudo, até para comprar alguma coisa.

A xenofobia e as demonstrações de racismo, como o preconceito contra os africanos no transporte público e por parte dos órgãos de segurança, também são relatados por alguns imigrantes que chegam ao abrigo da pastoral.

Apesar de o Brasil ser mais "acolhedor" do que a Europa com os imigrantes, Parise explicou que a taxa de imigração comparada com a dos países europeus é "baixa".

"Se os imigrantes representassem 10% da população, gostaria de ver como a sociedade brasileira reagiria", concluiu o sacerdote, que lembrou que os imigrantes representam apenas 1% do total de habitantes do Brasil.

Ministério do Trabalho resgatou mais de 2 mil em situação de escravidão em 2013

Maioria foi encontrada no meio urbano e 41% trabalhavam na construção civil

O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) divulgou nesta semana os dados das operações realizadas para fiscalizar a situação do trabalho escravo no Brasil. Foram realizadas 179 operações no último ano, que resultaram no resgate de 2.063 pessoas.

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Mais da metade dos trabalhadores resgatados estavam no meio urbano — 1.068. Esta foi a primeira vez que o número ultrapassa o de encontrados em péssimas condições em áreas rurais.

Do total de resgatados, 41% trabalhavam na construção civil. As operações aconteceram em todo o País, mas em cinco estados os resgates foram maiores: MG (446), SP (419), PA (141), BA (135) e GO (133).

Além das más condições de trabalho fiscalizadas na construção civil, os setores da agricultura e da pecuária também apresentam números significativos de funcionários em situação análoga a de escravo. Respectivamente, 16% e 13% dos resgatados estavam nessas áreas.

O aumento da fiscalização resultou no crescimento dos resgates nas cidades. Em Minas Gerais, por exemplo, todos os trabalhadores resgatados no meio urbano realizavam atividades na área da construção civil. Já em São Paulo, os números se dividem entre as indústrias da construção e confecção.

Governo cria diretrizes para tentar controlar imigração de haitianos

Plano é incentivar que interessados em trabalhar no Brasil já cheguem com vistos em mãos

Haitianos estão ficando num abrigo do governo de São Paulo Sebastião Moreira/EFE

Após a confusão e troca de acusações entre os governo de São Paulo e do Acre, o governo brasileiro criou três diretrizes para tentar controlar a imigração de haitianos no País.

A primeira delas é incentivar que todos os interessados em viver e trabalhar no Brasil já venham com visto para evitar a ação de coiotes e do crime organizado. A segunda é a inserir os haitianos no mercado de trabalho e em programas sociais do governo.

Na próxima semana, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá se reunir com os governadores do Acre, Tião Viana, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, para discutir meios de inserção dos haitianos nas políticas públicas do País, como trabalho e educação.

Por último, o MRE (Ministério das Relações Exteriores) entrará em contato com os países de trânsito para que auxiliem na entrada regular no Brasil.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, cerca de trinta haitianos entram por dia no Brasil ilegalmente e a Embaixada brasileira no Haiti tem emitido mil vistos por mês.

O ministro disse ainda que a intenção não é restringir a entrada de haitianos, mas legalizar a entrada no País. Em 2010, haitianos começaram a entrar no Brasil pelas fronteiras no Norte do país, principalmente, pelo Acre.

Em 2012, o governo daquele Estado passou a abrigá-los num alojamento na cidade de Basileia, na fronteira com a Bolívia. Como chegavam sem visto, os imigrantes permaneciam ali até retiraren os documentos para trabalhar legalmente no País.

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No início deste mês, por conta das enchentes que atingiram o Estado, o governo do Acre resolveu fechar o abrigo e transferir parte dos imigrantes à capital Rio Branco. Foram enviados a São Paulo outros quatrocentos estrangeiros.

O rolezinho como revelador do racismo e de estigmas eufemizados no cotidiano

A resposta dada pelos empresários dos shoppings não é racional, é cultural. Eles se expressaram com a única convenção social que possuem em mente: a da exclusão histórica de pobres e pretos

Por Le Monde Diplomatique Brasil

Ao som de muito funk, acessórios e roupas de marcas, adolescentes e pré-adolescentes se identificam como “nós somos as rolezeiras”. “Rolezeira? Eu sou rolezeira”, responde a jovem à repórter do UOL. “Rolê? Rolê, para mim, é curtição, é sair, beijar na boca.” Na miríade de significados atribuídos ao “rolezinho” que encontramos na mídia, evocamos uma cena clássica a título de reflexão: a praça central das cidades natais de nossos pais e avós, pelo interior do país. A praça era dividida: em uma parte, as pessoas do “morro”; na outra, geralmente diante dos casarões que a circundam, os jovens filhos dos proprietários desses imóveis. A princípio, flertavam em convivência harmoniosa em torno do footing – uma espécie de “rolezinho de antigamente”.

O frisson causado pela atualização desses eventos em shoppings não deixa de evidenciar o que as antropólogas Rosana Pinheiro-Machado e Milene Mizrahy destacaram sobre eles. A primeira se concentrou nos elementos estruturais dessa transformação, realçando as assimetrias sociais e, novamente, a falácia da democracia brasileira, muitas vezes tendo como consequência o próprio racismo. Já Milene Mizrahy destacou a atuação dos atores e dessa “velha prática” a partir do consumo, em um “novo” uso social do shopping, chamando a atenção para o fato de que, ao contrário do que alguns defendem, o uso de marcas e a presença no shopping são feitos de modo ostensivo pelos participantes. Estes agiriam assim para se fazerem diferentes dos “outros” que cerceiam sua presença em espaços destinados às elites, mas que “são cobiçados e igualmente desprezados”. Trata-se de outro mundo, que não é, e não pretende ser, decalque do mundo dos frequentadores ordinários dos shoppings.

Muitos já presenciaram os aglomerados de adolescentes em corredores de shoppings, concentrados nas entradas auxiliares, geralmente perto dos pontos de transporte coletivo que dão acesso ao centro comercial. Tal fenômeno nunca ganhou a dimensão que teve nos últimos tempos, diante da reação à proibição de tal prática por parte de alguns administradores que logo se reuniram em peso para tentar coibi-la. Com a retaliação, os efeitos, segundo alguns, tiveram relação com os protestos de junho contra as tarifas, que mobilizaram parte da sociedade brasileira. Ainda que pela teoria oficial precisassem ser identificados, enquadrados, foi a partir das manifestações de crítica à proibição dos rolezinhos que se desencadeou a retaliação por parte da sociedade contra a criminalização da prática. Esta assumiu uma dimensão política, talvez um pouco distante das práticas das próprias rolezeiras, incrementadas, em relação ao footing, por novas relações criadas com usos específicos de aparelhos celulares, de aplicativos como o WhatsApp e do próprio shopping.

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Sobre os eventos, seria importante destacar a multiplicidade de significados reatualizados, buscando não o monopólio de um ponto de vista, que se dá sempre a posteriori, e sim a complexidade dos fenômenos, dos agentes envolvidos e de suas transformações, a objetificação de pessoas, coisas e lugares, como as praças, os shoppings, os celulares, os produtos de marca, por exemplo, que constroem novas relações sem deixar de expressar, contudo, atualizações de variantes estruturais da sociedade brasileira, como o preconceito de classe e o racismo.

A herança racial no Brasil como variante estrutural

Nesse sentido, o rolezinho nos shoppings do Brasil é um fenômeno social que consegue desmascarar nossa pretensa democracia racial e as disputas de classe. Além disso, podemos desvendar os mecanismos ocultos no processo da chamada distinção social à brasileira, que se coloca bem mais complexa do que a dita distinção social à la française.

Podemos exemplificar esse processo quando caracterizamos alguns grupos sociais e seus estilos de vida, a saber, um executivo superior na França teria como disposições ou em um agir cotidiano num final de semana as seguintes atividades: ir ao teatro clássico, tipos de comportamento como o ato diferenciado de como pegar na taça de vinho, a escolha do tipo de vinho a ser degustado (Romanée-Conti) e compras nas lojas mais elegantes da Galeries Lafayette. É exatamente a “desenvoltura irônica”, a “elegância preciosa” e a “segurança estatutária” dos dominantes que permitem classificá-los como elite e desclassificar os demais como outsiders. As classes populares substituem alguns produtos consumidos pelas classes dominantes − como caviar, uísque, champanhe, cruzeiros − por espumante, corino em vez de couro, reproduções no lugar dos quadros etc.

Há, portanto, uma vida que reconhece o desapossamento, e este último não é somente econômico, mas duplica-se no desapossamento cultural, que por sua vez fornece a melhor justificativa para o desapossamento econômico. Desprovidos de cultura oficial (aquela transmitida via escola), que é a condição da apropriação conformista do capital cultural objetivado nos objetos técnicos.

Os dominados tendem a se atribuir o que a distribuição lhes atribui, recusando o que lhes é recusado, contentando-se com o que lhes é concedido, avaliando suas expectativas segundo suas oportunidades, definindo-se como a ordem estabelecida os define e reproduzindo o veredicto da economia sobre eles. Existe um “conformismo lógico”, como diria Émile Durkheim, ou seja, a orquestração de categorias do mundo social que, por estarem ajustadas a divisões da ordem estabelecida (e aos interesses dos que dominam), se impõe com aparência de necessidade objetiva.

No caso do Brasil, vemos a raça acompanhada de elementos de posição de classe como componente fundamental de privação (daquele que não o tem), e este fato é percebido como uma mutilação que atinge a pessoa em sua identidade e dignidade humanas, condenando-a ao silêncio em todas as situações oficiais em que precisa aparecer em público, mostrar-se diante dos outros com seu corpo, sua maneira de ser e sua linguagem. No caso do fenômeno dos rolezinhos, esse silêncio é quebrado por meio do desejo de comprar, de ser visto e de compartilhar um espaço destinado simbolicamente aos membros da elite, em geral constituída por pessoas brancas.

Inserimos, portanto, uma questão que torna esse jogo mais complexo, pois as classificações ditas sociais e raciais se travestem de classificações espaciais. Os shoppings sempre foram um

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espaço de elite, dos grandes agentes endinheirados (como cita Jessé Souza em suas entrevistas), que têm como objetivo agregar a um ambiente de consumo elementos de socialização de um grupo que se distingue pelo dinheiro, por condições fenotípicas e pela dimensão simbólica de como portar-se nesses espaços, de como vestir-se e de como socializar-se com outras pessoas.

Para além da questão do preconceito fenotípico − pois fica muito evidente que a maioria dos jovens que aderem ao movimento do rolezinho é negra − e para além de uma discriminação de classe − pois também é evidente que esses indivíduos não possuem a marca de distinção social das elites frequentadoras dos shoppings, como o estilo das roupas, o modo de socializar entre si e de se comportar socialmente −, devemos levar em conta o traço da distinção que se dá pela segregação espacial.

Esses acontecimentos tornam explícito o fato de: (1) habitarmos um país que não vive uma verdadeira democracia racial, como assinalava Gilberto Freyre em Casa-grande & senzala – o que o senso comum replica, perpetuando essa ideia desde os anos 1930 –; (2) a questão de classe ter se tornado muito mais complexa em razão da abertura proporcionada pela gestão petista para reverter o quadro social por meio do empoderamento econômico dos ditos “batalhadores do Brasil”; e (3) a questão espacial transcender a da criação de espaços livres para o lazer (como acentua o sociólogo João Clemente Neto, da Universidade Presbiteriana Mackenzie), mas tocar na questão da segregação espacial e da criação de verdadeiras trincheiras simbólicas, diante das quais aqueles que fogem ao padrão heteronormativo da família burguesa, branca, elegante e distinta (modelo do período da Revolução Francesa) se encontram completamente fora.

Abrindo possibilidades para a reflexão

Em termos analíticos, o fenômeno rolezinho mostra que os empresários brasileiros não estão preparados para o novo grupo social que ascende socialmente e que por sua vez passa a frequentar os espaços ditos de classe média, como os shoppings. Esse grupo, em grande parte desempregados estruturais na década de 1990 ou herdeiros destes, ascenderam economicamente nos últimos dez anos por meio de políticas de distribuição de renda e geração de empregos, sobretudo na base da pirâmide social.

O episódio nos faz lembrar depoimentos de gerentes da Caixa Econômica Federal – por ocasião de uma pesquisa sobre o Bolsa Família realizada por autores deste texto – que afirmaram que, com a introdução do programa, tiveram de preparar seus funcionários para que estes atendessem os beneficiários do programa, afinal, o público atingido pelo Bolsa Família não é costumeiramente o cliente que frequenta bancos, possui conta bancária e domínio cultural das ferramentas das finanças. Com o Bolsa Família, os funcionários foram preparados para falar com o grupo. Não somente tecnicamente preparados, mas emocionalmente. Eles tiveram de se acostumar com outros hábitos linguísticos, outras vestimentas, outros odores, distintos do público que tradicionalmente frequenta o banco.

Portanto, a chegada dos beneficiários do Bolsa Família ao banco (os quais chamamos provocativamente de miseráveis) exigiu uma alteração cognitiva dos funcionários da Caixa. Alteração essa que não acontece em curto prazo, pois exige convencimento, mudança real no plano das ideias. Logo, é uma alteração que está em processo.

Mas quais são as relações entre os beneficiários do programa Bolsa Família e o fenômeno do rolezinho?

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Como já dito, esse grupo de jovens faz parte de uma geração resultante de diversos programas sociais, inclusive o Bolsa Família. Como mostra Marcelo Neri, o Brasil criou nos últimos dez anos “uma nova classe média”. Independentemente das classificações (nova classe média? Batalhadores? Ascensão dos miseráveis?), é fato que nos últimos anos um grupo historicamente excluído do acesso ao banco e ao consumo passou a fazer parte desses espaços. No plano macro, tivemos diversas políticas públicas que possibilitaram essa “recomposição dos grupos sociais”: Bolsa Família, microcrédito, Prouni, Enem...

Essa mudança macro, via políticas públicas e projetos sociais, obviamente repercute no nível micro, nos indivíduos de carne e osso, os quais jamais foram apreendidos com exatidão pelas Ciências Sociais. E são esses indivíduos que passam a circular em outros espaços sociais, fazendo-se notar. Trata-se de uma guerra simbólica muito mais do que uma guerra material. E, como toda guerra, essa é também política. Trata-se de uma disputa política e simbólica por símbolos e representações, que por sua vez reflete as lutas entre as classes e os grupos sociais no Brasil contemporâneo.

No caso específico do rolezinho, de um lado da trincheira estão os grupos de classe popular, com seus hábitos e habitus particulares, seus ritmos, seus hábitos alimentares, linguísticos e de vestimenta. Do outro estão os empresários dos shoppings (e seus funcionários, assim como os clientes ditos oficiais desse espaço e alguns segmentos da imprensa), que assim como os funcionários da Caixa não estão preparados para falar e dialogar com esse grupo de “transgressores sociais”, que querem entrar no templo do consumo e da ostentação.

A resposta dada pelos empresários dos shoppings não é racional, é cultural. Eles se expressaram com a única convenção social que possuem em mente: a da exclusão histórica de pobres e pretos; os funcionários, idem; assim como determinados segmentos da imprensa. Essa convenção social de exclusão não é mais uma prática individual, e sim uma prática incorporada nos corpos e nas mentes, um habitus coletivo do grupo dominante. Quando fazemos um retrocesso e olhamos historicamente para os programas sociais e as políticas públicas de inclusão dos pobres no Brasil, encontramos uma convenção social que pressupõe direitos sociais como “favor”, assistencialismo. O que é oferecido ao pobre não é visto como direito no Brasil. Portanto, uma análise aprofundada dos direitos sociais no país nos mostra a cristalização do habitus de exclusão do pobre e preto.

Contudo, o fenômeno do rolezinho nos sinaliza questionamentos desse habitus, dessas convenções sociais. Remetendo a Erving Goffman, diríamos que esses adolescentes e jovens estão quebrando o sense of one’s place, ou seja, o lugar predefinido para eles. Claro que mudanças provocam conflitos no plano das ideias, sobretudo as mudanças culturais. Assim, poderíamos dizer que, agindo “fora do lugar de origem”, fora do esperado, esses jovens incomodam diversos segmentos. Tanto o empresariado do setor de shopping como os funcionários e “clientes tradicionais” – frequentadores desse espaço de distinção – sentem-se fortemente ameaçados pelos “miseráveis” em ascensão.

Nesse sentido, são interessantes as propostas que estão emergindo dos empresários e como essas disputas estão circunscritas no plano político. Em São Paulo, o presidente da Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyon, reuniu-se com o governador Geraldo Alckmin, que prometeu disponibilizar para os jovens espaços, chamados “rolezódromos”, os quais poderiam abrigar shows com patrocínios das lojas. O prefeito Fernando Haddad diz haver um exagero na repressão, pois se trata de jovens com menos de 18 anos, que querem namorar e se

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encontrar para conversar, e que estava sendo estabelecida uma gestão compartilhada nos CEUs e clubes comunitários para disponibilizar esses espaços.

Finalmente, a forma como a imprensa, os empresários e a política reagiram ao rolezinho foi apenas uma indicação cultural de que “as coisas estão fora do lugar”. Isso seria resultado da recomposição dos grupos sociais no Brasil, que por sua vez é resultante das políticas públicas de redistribuição de renda. O fenômeno é revelador de que mudanças econômicas acontecem, mas as transformações culturais ainda estão por vir. E, para nós, são estas últimas que têm realmente a capacidade de uma “revolução simbólica”, como diria o sociólogo Pierre Bourdieu.

Transformação econômica sem transformação cultural deixa um grande impasse para os grupos menos favorecidos economicamente, e o rolezinho é exemplo disso.

As cotas raciais chegam aos concursos públicosPor ANDRE FIORAVANTI em 17/jun/2014

Foi publicada na semana passada a Lei nº 12.990/14, que reserva 20% das vagas dos concursos do Poder Executivo federal e de sua respectiva Administração Indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações) para candidatos negros, sempre que o número de cargos oferecidos for igual ou superior a três. Vale destacar que, por ora, a lei não alcança os concursos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e os certames estaduais e municipais. A tendência, todavia, é a expansão dessa política para as demais esferas da Federação.

Não é de hoje que o governo lança mão de ações afirmativas para tentar reduzir desigualdades históricas no mercado de trabalho (já conversamos sobre algumas delas aqui no blog). Depois das universidades federais, é a hora e a vez dos concursos públicos.

Naturalmente, as mesmas polêmicas surgirão, mormente por se tratar de medida que reduz as vagas destinadas à ampla concorrência: a cota racial se soma à reserva para portadores de necessidades especiais, totalizando 25% de cargos restritos a esses grupos. Não se pode negar, por outro lado, que, na mesma toada da necessidade de garantir o acesso a universidades, as barreiras do racismo realmente dificultam a inserção dos negros no mercado de trabalho formal e principalmente em postos de maior estatura.

Contudo, não é porque a nova lei tem boas intenções que não é passível de críticas. O governo insiste em adotar o critério da auto declaração: para concorrer às vagas reservadas aos negros, basta que o candidato se declare preto ou pardo (termos utilizados no censo do IBGE). A norma diz ainda que, em caso de “declaração falsa”, será anulada a nomeação e instaurado processo administrativo para a punição do candidato.

Ora, mas o que seria uma “declaração falsa”? Qual o requisito para ser pardo? Se, de um lado, temos pessoas que, apesar da obviedade, afirmam que não são negros (como Neymar), de outro, pessoas de pele clara que possuem qualquer ancestralidade negra (como um bisavô, por exemplo) e comprovem isso serão consideradas pardas, como na one-drop rule norte-americana?

Ademais, penso que é hora de começarmos a cobrar a mesma política inclusiva do Governo Federal em relação a seus cargos de confiança. Claro que as universidade e cargos públicos merecem atenção, mas o que dizer do alto escalão da Administração Pública? Com a

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aposentadoria de Joaquim Barbosa, será um juiz negro a ocupar sua cadeira no STF? E por que só há uma ministra negra dentro dos 39 Ministérios e Secretarias com status de Ministério, justamente a Ministra da Igualdade Racial? Será que o racismo está tão imbricado em nossa sociedade que nem mesmo aqueles que lutam pelo seu fim percebem-no em suas ações?

E não é que teve Copa?por HENRIQUE SUBI em 13/jul/2014

No fim das contas, teve Copa. Que bom!

Não sei dizer se foi a Copa das Copas, como querem os marketeiros do Governo Federal. Vi poucas delas e somente nas últimas podia entender minimamente o que se passava. Mas, sem dúvidas, foi uma boa Copa, como reconheceram, inclusive, diversos veículos de imprensa internacionais.

Não podemos negar que foi uma Copa “à la” Brasil: tudo mais ou menos pronto de última hora, na correria, estádios padrão Fifa circundados por canteiros de obra; melhorias de mobilidade urbana que ficaram só na promessa; arquibancadas provisórias para garantir que todos que compraram ingresso teriam onde sentar. Ficou um pouco aquela sensação de teatro mambembe (no melhor sentido do termo), mas que funcionou, funcionou.

O povo, por seu turno, deu exemplo de receptividade. Continuou a fazer o que sabe fazer de melhor: festa! Garantiu uma vez mais uma legião de estrangeiros apaixonados por nossa terra. Americanos, alemães, colombianos, coreanos certamente não esquecerão o bom humor e a alegria do brasileiro.

As manifestações anticopa foram perdendo sua força a partir da abertura. Segundo algumas estatísticas, o número de manifestantes nas ruas caiu 40% na primeira semana do Mundial. Parece que o #nãovaitercopa cedeu à paixão que o futebol desperta em nossos corações, ainda que para muitos seja somente a cada 4 anos.

Até os aeroportos funcionaram! O esperado caos aéreo não veio. Não vieram também os aeroportos prometidos, as melhorias em nossa infraestrutura, ficaram os “puxadinhos” do Ministro espalhados por aí e alguns estádios que serão transformados em arenas de evento multiuso, porque nem todo Estado brasileiro movimenta milhões com o futebol.

A imprensa, definitivamente, acompanhou o sentimento do povo. Do pessimismo derrotista da véspera, afirmando que as manifestações atrapalhariam o Mundial, que os estádios não estariam prontos etc., só se falou de futebol. Os poucos incidentes foram mostrados rapidamente e voltamos à Granja Comary para falar da seleção. O mesmo se deu nas rodinhas de conversa, nas mesas de bar e nos encontros familiares.

A corrupção? Bem, a corrupção continua sendo nosso maior mal. Ao menos a Fifa está aí para mostrar que ela não é o monstro que assola somente o lado de baixo do Equador. Uma instituição europeia, formada majoritariamente por europeus, prova que o dinheiro compra sedes de Copa (Catar-2022) e ingresso a preço de ouro (cambistas “oficiais).

Pena que a seleção brasileira não correspondeu a tudo isso (quer dizer, talvez tenha se espelhado nas obras inacabadas…). Fico com duas frases que me marcaram na acachapante derrota para a Alemanha: “Eu preferia que fosse 1 a 0 para a Alemanha por uma falha minha

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do que 7 a 1″ (Júlio César); e “Eu só queria dar uma alegria ao povo brasileiro que sofre tanto” (David Luiz).

Sim, amigos, dentre tantas mazelas, contamos com o futebol para fazer festa. Sempre foi assim e sempre será. Que venha 2018!

Às vésperas da Copa, grupos retomam protestos e buscam apoio internacional

Manifestações simultâneas contra o evento ocorrem em todo o País

Grupos contrários aos gastos com a Copa dizem que terão apoio de ativistas internacionais

A menos de 30 dias da Copa do Mundo, uma série de ações marcadas para esta quinta-feira (15) buscam dar impulso a um eventual retorno dos grandes protestos às vésperas do megaevento.

E além de saírem às ruas das capitais brasileiras, os manifestantes contam agora com apoio internacional – em ao menos oito países foram confirmados atos de solidariedade aos manifestantes no momento em que o mundo está de olho no Brasil.

Organizados por dezenas de movimentos sociais, grupos de estudantes, sindicatos e diferentes entidades, os protestos estão sendo coordenados pelo Comitê Popular da Copa de São Paulo e de outros locais. Eles contariam com apoio do Movimento Passe Livre (que iniciou a onda de protestos no ano passado), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), e ao menos no Rio de Janeiro teriam apoio dos adeptos da tática Black Bloc.

Seus idealizadores prometeram ações em 15 cidades, entre elas a capital paulista, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

A expectativa é de que em São Paulo ocorram ações simbólicas e paralisações no trânsito desde o início da manhã, além do protesto marcado para o final da tarde.

Já no exterior, os organizadores dizem que haverá atos em Santiago do Chile, Buenos Aires, Londres, Paris, Berlim, Barcelona, San Francisco, Nova York e Bogotá — outras cidades aguardavam confirmação até a noite de quarta-feira.

Para Juliana Machado, do Comitê Popular da Copa de São Paulo, o apoio internacional ao '15M', como está sendo chamado o dia de mobilizações, é resultado de um esforço de divulgação.

— Está acontecendo um tour de ativistas brasileiros por algumas capitais do mundo, alertando para as nossas lutas. Além disso, traduzimos o manifesto para inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, dentre outros idiomas, e disseminamos por nossas redes de contatos e articulações de movimentos.

Ela diz que houve a sugestão de que os protestos ocorressem diante das embaixadas brasileiras, mas que há total autonomia local quanto ao formato, lugar e horário das manifestações.

A ativista diz que a mobilização internacional conta tanto com ativistas brasileiros vivendo no exterior como estrangeiros que integram movimentos sociais em seus países e que se solidarizam com as demandas.

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Dentre os 11 itens constantes do manifesto defendido pelo grupo e assinado por dezenas de organizações constam o passe livre, o direito à livre manifestação, a realocação das famílias removidas pelas obras da Copa, a indenização às famílias dos nove mortos durante as obras, dentre outras.

Impacto internacional

O geógrafo americano Christopher Gaffney, professor-visitante de pós-graduação na UFF (Universidade Federal Fluminense) que vem analisando as mudanças em curso no Brasil devido aos grandes eventos, diz que o embate dos diferentes atores sociais terá impactos diretos em como o mundo vai ver o Brasil nas próximas semanas.

— O que ocorrer aqui terá impacto direto lá fora. Se a polícia for violenta no Brasil, você terá reações no exterior. Mais ou menos protestos vai depender do que acontecer daqui para frente.

Quanto aos reflexos para a imagem do país no exterior, Gaffney diz que depende de quem se está tentando convencer.

— Para os executivos e grandes corporações internacionais, agrada ver que o Estado brasileiro está disposto a usar a força para defender seus interesses. Para o turismo e para mostrar que aqui se vive um estado democrático de direito, no entanto, será péssimo se as cenas de violência de junho do ano passado se repetirem agora.

Movimentação e outro lado

Após meses de especulação de especialistas, sociólogos e da imprensa, que buscaram prever a intensidade das mobilizações populares durante a Copa, o '15M' pode ser um primeiro teste de como as ruas vão, de fato, reagir ao megaevento.

'Eu tendo a achar que a linha é essa mesmo, do recomeço dos protestos de grande impacto. Acredito que deve haver um fluxo regular agora de manifestações, ações emblemáticas, e de grandes protestos', diz Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, no Rio de Janeiro.

Ele diz que deve haver a confluência entre as demandas dos movimentos sociais e dos trabalhadores que devem intensificar as greves que já estão ocorrendo.

— Muitos trabalhadores tiveram o custo de vida aumentado, os aluguéis subiram. Há o sentimento de revolta de que os eventos trazem oportunidades de negócios para os grandes empresários, e agora as pessoas querem sua parte. O trabalhador está cobrando a conta da Copa.

Na visão dos organizadores, os protestos, embora legítimos, devem ser adiados para depois do Mundial. Tanto a Fifa quanto o Ministério do Esporte apostam no clima de festa e comemoração e pedem que as manifestações sejam 'adiadas'.

Em entrevista à reportagem, em Londres, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse em março deste ano que a Copa do Mundo "não é um momento de nós fazermos protestos, porque teremos todo o tempo para reivindicar e para melhorar as coisas no nosso país [depois do Mundial]".

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Pouco antes, o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke, disse que a Copa "é a hora errada de protestar, porque é a hora que o Brasil deveria curtir esse momento único, um momento que eles não puderam ter desde 1950. É um direito protestar. Para eles (os manifestantes), é o melhor momento. Para mim, é a hora errada".

Polícia e segurança pública

Consultadas pela reportagem, as corporações de polícia das duas maiores cidades do país dizem estar preparadas para os protestos desta quinta-feira, mas se recusaram a comentar o assunto em maiores detalhes.

"A Polícia Militar se preparou especialmente para atuar nesses eventos, porém o esquema de policiamento, por questões estratégicas, não será comentado neste momento. Após as operações, deveremos fazer um balanço e comentar os resultados", disse, em nota, a Polícia Militar do Estado de São Paulo.

No Rio, a nota cita vandalismo e detenções.

— A Polícia Militar estará presente em toda e qualquer manifestação garantindo o direito constitucional. Se houver atos de vandalismo e dano ao patrimônio público, as pessoas serão detidas e conduzidas para as delegacias.

E a Secretaria de Estado de Segurança diz reconhecer "a importância de manifestações democráticas e que é dever e papel das polícias prover a segurança e preservar o direito de ir e vir de todos".

Censo 2010: Síntese dos principais resultados e acesso à publicação completa

17 de novembro de 2011 Sem categoria

Segundo os resultados do Censo Demográfico, os emigrantes brasileiros residiam em 193 países do mundo, sendo a maioria mulheres (53,8%). O principal destino dos emigrantes foi os Estados Unidos, especialmente daqueles oriundos de Minas Gerais. São Paulo era a principal origem dos emigrantes(aproximadamente 106 mil pessoas ou 21,6%). É a primeira vez que o IBGE investiga essa informação, que permite detectar a origem, o destino e o perfil etário e por sexo dos emigrantes.

O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. O rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento1, ficou em R$ 1.202. Na área rural, o valor representou menos da metade (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento das mulheres (R$ 983) alcançou cerca de 71% do valor dos homens (R$ 1.392), percentual que variou entre as regiões.

A taxa de analfabetismo, que foi de 9,6% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, caiu em relação a 2000 (13,6%). A maior redução ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, mas ainda havia, em 2010, 671 mil crianças desse grupo não alfabetizadas (3,9% contra 7,3% em 2000). Entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao passo que na classe que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%.

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Apesar de a infraestrutura de saneamento básico ter apresentado melhorias entre 2000 e 2010, mesmo nas regiões menos desenvolvidas, estas não foram suficientes para diminuir as desigualdades regionais no acesso às condições adequadas. A região Sudeste se destacou na cobertura dos três serviços (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), ao passo que o Norte e o Nordeste, apesar dos avanços, estão distantes dos patamares da primeira. Um exemplo é o abastecimento de água por rede geral, que atingiu 90,3% dos domicílios do Sudeste, bem acima dos 54,5% na região Norte.O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou uma população branca inferior a 50%.

Ao investigar a possibilidade de haver mais de uma pessoa considerada responsável pelo domicílio, observou-se que cerca de 1/3 deles tinha mais de um responsável. Nos demais, o homem foi apontado como único responsável em 61,3% das unidades domésticas. A mulher mostrou-se mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição.

Além destes, os resultados do Universo do Censo Demográfico 2010 apresentam dados sobre crescimento e composição da população, unidades domésticas, óbitos, registro de nascimento, entre outros. As informações, coletadas em todos os 57.324.167 domicílios, estão disponíveis para todos os níveis territoriais, inclusive os bairros de todos os municípios do país. A exceção fica por conta das informações sobre rendimento que, por serem ainda preliminares, não estão sendo divulgadas para níveis geográficos mais desagregados. A publicação completa pode ser acessada AQUI.

Brasileiros residem em 193 países estrangeiros

O número estimado de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645 mil em 193 países do mundo em 2010, sendo 264.743 mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%); 60% dos emigrantes tinham entre 20 e 34 anos de idade em 2010. Este resultado não inclui os domicílios em que todas as pessoas podem ter emigrado e aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem ter falecido. O principal destino era os Estados Unidos (23,8%), seguido de Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%), que, juntos, receberam 70,0% dos emigrantes brasileiros. A origem de 49% deles é a região Sudeste, especialmente São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%), respectivamente primeiro e segundo estados do país de onde saíram mais pessoas (106.099 e 82.749, respectivamente).

Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%). O Japão é o segundo país que mais recebe os emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente 20,1% e 15,3%. Portugal surge como segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro (9,1%) e em Minas Gerais (20,9%). As pessoas que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da federação, o que permite inferir que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha.

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Goiás foi o estado de origem da maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes), seguido de Rondônia (4,98 por mil), Espírito Santo (4,71 por mil) e Paraná (4,39 por mil). Sobrália, São Geraldo da Piedade e Fernandes Tourinho, todas em Minas Gerais, foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 emigrantes por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente). Entre as capitais, Rio Branco (AC) destaca-se com uma proporção de 12,82 emigrantes por mil habitantes, estando em 42º lugar no ranking nacional. Em seguida, Macapá (AP), com 4,30 por mil (37ª posição), Boa Vista, com 3,42 por mil (38ª posição), e Brasília, com 2,89 por mil (41ª posição).

Censo contabiliza 133,4 mortes de homens para cada 100 óbitos de mulheres

Em 2010, o Censo também introduziu a investigação sobre a ocorrência de óbitos de pessoas que haviam residido como moradores do domicílio. Entre agosto de 2009 e julho de 2010 foram contabilizados 1.034.418 óbitos, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). O maior número de óbitos masculinos resultou numa razão de sexo de 133,4 mortes de homens para cada grupo de 100 óbitos do sexo feminino.

A maior sobremortalidade masculina foi em Rondônia, 165,7 óbitos de homens para 100 mortes de mulheres, fruto de dois fatores: uma maior participação masculina na população total (razão de sexo para a população total de 103,4 homens para cada grupo de 100 mulheres, a segunda mais elevada do país) e uma maior mortalidade da população masculina em relação à feminina. Já a menor razão de óbitos pertenceu ao Rio de Janeiro, 116,7 falecimentos masculinos para cada grupo de 100 femininos. Esse fato pode ser explicado por ser o estado com a menor participação de homens na população total, 47,7%.

A sobremortalidade masculina ocorre em quase todos os grupos de idade, principalmente entre 20 a 24 anos de idade, 420 óbitos de homens para cada 100 de mulheres. Neste grupo, 80,8% do total de óbitos (32.008) pertenceram à população masculina. A partir desta faixa etária, este indicador começa a declinar até atingir no grupo de 100 anos ou mais, o valor mais baixo, 43,3 óbitos de homens para cada 100 óbitos de mulheres. Aos 81 anos o número de óbitos da população feminina já começa a superar o da masculina, em função de um maior contingente de mulheres.

Valores elevados também foram encontrados nos grupos de 15 a 19 anos (350 homens para cada 100 mulheres) e de 25 a 29 anos (348 homens para cada 100 mulheres). Isso se deve ao alto número de óbitos por causas externas ou violentas, como homicídios e acidentes de trânsito, que atingem mais a população masculina.

Na faixa de 20 a 24 anos, o menor valor pertence ao Amapá, 260 óbitos masculinos para cada grupo de 100 mortes da população feminina. No outro extremo, Alagoas apresenta a relação de 798 óbitos de homens para cada 100 mulheres mortas. Com exceção de Maranhão (397,7 homens para cada 100 mulheres) e Piauí (391,7 homens para cada 100 mulheres), todos os demais estados da região Nordeste estavam acima da média nacional (419,6 homens para cada 100 mulheres). Na região Centro-Oeste, somente Goiás (421,7 homens para cada 100 mulheres) se encontrava acima dessa média. Na Sudeste, os estados do Rio de Janeiro (476,7 homens para cada 100 mulheres) e Espírito Santo (466,9 homens para cada 100 mulheres) apresentaram razões acima da encontrada para o Brasil.

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3,4% dos óbitos são de crianças menores de um ano e 43,9% são de idosos

No Brasil, 3,4% dos óbitos ocorreram antes do primeiro ano de vida. Esse valor, segundo as Estatísticas do Registro Civil de 1980, era de 23,3%, um declínio de 85,4% em 30 anos. A menor participação foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido do Rio de Janeiro (2,3%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%). No outro extremo, Amazonas (8,5%), Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%). Todos os estados das regiões Sudeste e Sul estão abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%) e Goiás (3,4%).

O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em 2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Roraima possui a mais baixa participação, 30,4%, seguido do Amapá (31,9%) e Pará (34,3%). As maiores participações foram encontradas no Rio Grande do Norte (50,2%), Paraíba (48,8%) e Rio Grande do Sul (48,4%).

Participação nos óbitos na faixa de 1 a 4 anos é 118,9% maior na área rural

Os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos. As maiores diferenças são observadas até os 15 anos. Enquanto na área urbana o grupo de menores de 1 ano concentra 3,1% do total de óbitos, na área rural este percentual é de 5,4%. A maior diferença foi encontrada no grupo de 1 a 4 anos, onde o percentual da área rural (1,6%) foi mais que o dobro do da área urbana (0,7%). Em contraste com a área urbana, a participação dos óbitos de menores de 1 ano em relação à população total, na área rural, assume valores bem significativos no Amazonas (16,0%), Amapá (15,0%), Acre (12,6%), Pará (11,1%) e Maranhão (10,2), os únicos que apresentaram percentuais acima de 10%.

Idade média é de 31,3 anos para homens e 32,9 para mulheres

Em 2010, a idade média da população foi de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para as mulheres. A maior diferença foi no Rio de Janeiro, 2,5 anos em favor das mulheres. As idades médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6), seguidas do Centro-Oeste (31,0), Nordeste (30,7) e Norte (27,5). Sete estados possuíam idade média acima da nacional: Rio Grande do Sul (34,9 anos), Rio de Janeiro (34,5), São Paulo (33,6), Minas Gerais (33,3), Santa Catarina (33,0), Paraná (32,9) e Espírito Santo (32,4). A menor encontrava-se no Amapá, 25,9 anos.

A idade média da população urbana era de 27,1 anos em 1991, atingindo 32,3 anos em 2010, um acréscimo de 5,2 anos. Na área rural, este valor, que era de 24,8 anos em 1991, alcançou 30,6 anos em 2010. Os diferenciais das idades médias segundo a situação do domicílio diminuíram de 2,3 anos em favor da área urbana para 1,7 ano em 2010. O maior aumento entre 1991 e 2010 se deu na área rural da região Sul: 7,5 anos, onde a idade média passou de 27,4 para 34,9 anos. O Rio Grande do Sul apresentou a maior idade média da população rural, 37,2 anos, o Amazonas teve a menor, 24,0 anos. Goiás apresentou o maior incremento na idade média na área rural entre 1991 e 2010, passando de 25,7 anos para 33,6 anos (7,8 anos).

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Diminui pela primeira vez o número de pessoas que se declararam brancas

Dos cerca de 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos (de 6,2% para 7,6%) e pardos (de 38,5% para 43,1%).

Cerca de 30% da população indígena de até 10 anos não tem registro de nascimento

O Censo 2010 mostra que 98,1% das crianças com até 10 anos eram registradas em cartório. Dentre os menores de 1 ano de idade, a cobertura do registro civil de nascimento foi de 93,8%, elevando-se para 97,1% para as pessoas com 1 ano completo e aumentando, consecutivamente, para as demais idades. A pesquisa considerou a existência de registro público feito em cartório, a Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

A região Norte foi a que teve as menores proporções de pessoas com o registro de nascimento por grupo etário. Entre os menores de 1 ano, 82,4% tinham registro civil de nascimento, número inferior ao da região Nordeste (91,2%). Em ambas, o percentual ficou abaixo do observado em todo o país (93,8%). A região Sul teve o melhor resultado, com 98,1%. Nessa faixa etária, as menores proporções foram no Acre (83,1%), Maranhão (83,0%), Pará (80,6%), Roraima (80,2%) e Amazonas (79,0%). No Amazonas (87,9%) e em Roraima (85,5%), mesmo entre as crianças com 1 ano completo, o percentual das que tinham registro civil foi significativamente inferior à média do país (97,1%).

Era menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais iguais ou superiores a 98,0%, a proporção entre os indígenas foi de 67,8%. Para os menores de 1 ano, as proporções nas regiões Centro-Oeste (41,5%) e Norte (50,4%) são inferiores aos demais grupos, todos acima de 80%.

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais cai de 13,6% para 9,6% entre 2000 e 2010

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para 9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres.

Regionalmente, as maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.

No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas classes de mais de ¼ a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo

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12,2% e 10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais.

3,9% das crianças de 10 a 14 anos ainda não estavam alfabetizadas em 2010

Na faixa de 10 a 14 anos, havia, em 2010, 671 mil crianças não alfabetizadas (3,9%). Em 2000, este contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total. No período intercensitário, a proporção diminuiu de 9,1% para 5,0%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino. A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural.

Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.

Distribuição de rendimento permanece desigual

Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento foi R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).

Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806), 56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00), que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste.

A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total e a dos 10% com os mais baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7% do total.

O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais elevado que o da rural (0,453).

A distribuição das pessoas de 10 anos ou mais por classes de rendimento mostrou que, na área rural, os percentuais de pessoas nas classes sem rendimento (45,4%) e até um salário mínimo (15,2%) foram maiores que os da urbana (35,6% e 4,8%, respectivamente). Já a parcela que ganhava mais de cinco salários mínimos mensais ficou em 1,0% na área rural e 6,0% na urbana.

Os percentuais da parcela feminina foram maiores que os da masculina nas classes sem rendimento (43,1% e 30,8%), até ½ salário mínimo (8,0% e 4,6%) e até 1 salário mínimo (21,5% e 20,8%).

O percentual de pessoas sem rendimento na população de 10 anos ou mais de idade foi mais elevado nas regiões Norte (45,4%) e Nordeste (42,3%) e mais baixo na Sul (29,9%), ficando

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próximos os da Sudeste (35,1%) e Centro-Oeste (34,8%). Quanto ao contingente que recebia mais de cinco salários mínimos mensais, os percentuais das regiões Nordeste (2,6%) e Norte (3,1%) ficaram em patamar nitidamente inferior ao das demais. O indicador alcançou 6,1%, na região Sul; 6,7%, na Sudeste; e 7,3%, na Centro-Oeste.

Média de moradores por domicílio diminui conforme a renda aumenta

O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765). O maior distanciamento entre os rendimentos médios domiciliares das áreas urbana e rural foi o da região Nordeste (R$ 2.018 contra R$ 910) e o menor, da Sul (R$ 2.577 contra R$ 1.622).

Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$ 2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354).

Do conjunto dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, os 10% com os rendimentos mais altos detiveram 42,8% do total, e os 10% com os menores, 1,3%. Os 50% com os menores rendimentos ficaram com 16,0% do total. O rendimento médio mensal domiciliar dos 10% com os maiores rendimentos foi R$ 9.501 e dos 10% com os menores, R$ 295.

O Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal dos domicílios com rendimento domiciliar foi de 0,536. Ele foi mais baixo na região Sul (0,480) e mais alto no Nordeste (0,555). Em todas as regiões, o Índice de Gini da área urbana foi sensivelmente mais alto que o da rural.

A comparação das distribuições dos domicílios por classes de rendimento mensal domiciliar per capita mostrou que a concentração dos domicílios rurais nas classes sem rendimento (7,2%), até 1/8 do salário mínimo (13,1%), até ¼ do salário mínimo (14,5%) e até ½ salário mínimo (24,0%) foi substancialmente maior que a dos urbanos (3,8%, 2,1%, 5,5% e 16,1%, respectivamente). No agregado destas classes, encontravam-se 27,6% dos domicílios urbanos e 58,8% dos rurais. Por outro lado, 11,8% dos domicílios urbanos tinham rendimento domiciliar per capita de mais de três salários mínimos, enquanto que para os rurais esse percentual ficou em 1,7%.

O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes ficou em 3,3. Nos domicílios com rendimento, esta média mostrou declínio com o aumento do rendimento domiciliar per capita. Na classe de até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores foi de 4,9 e na de mais de 10 salários mínimos atingiu 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.

38,7% dos responsáveis pelas unidades domésticas são mulheres

Segundo o Censo 2010, havia no Brasil cerca de 57 milhões de unidades domésticas, com um número médio de 3,3 moradores cada uma. Do total de indivíduos investigados, 30,2% eram responsáveis pela unidade doméstica. Desses, 61,3% eram homens (35 milhões) e 38,7%, mulheres (22 milhões). A maioria dos responsáveis (62,4%) tinha acima de 40 anos de idade.

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A distribuição do total de unidades domésticas pelos diferentes tipos de constituição mostra que, em 2010, 65,3% eram formadas por responsável e cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (37,5 milhões de unidades). O Censo 2010 abriu a possibilidade de registro de cônjuge ou companheiro de mesmo sexo do responsável, o que se verificou em algo em torno de 60.000 unidades domésticas no país, 0,1% do total.

Entre as unidades domésticas compostas por responsável e cônjuge, em 68,3% havia pelo menos um filho do responsável e do cônjuge (44,6% do total de unidades domésticas). Já os tipos constituídos por pelo menos um filho somente do responsável ou ao menos um filho somente do cônjuge (enteado do responsável) corresponderam, respectivamente, a 4,8% e 3,6% do total de unidades domésticas. Na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%), um contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma convivência inter-geracional no interior das unidades domésticas.

O Censo 2010 também investigou a possibilidade de haver mais de uma pessoa responsável pela unidade doméstica. Em caso afirmativo, foi solicitado que se elegesse uma delas para o preenchimento dos dados de relação de parentesco dos demais membros da unidade doméstica. No Brasil, cerca de 1/3 das unidades domésticas tinha mais de um responsável. Ao se segmentar por sexo, o homem aparece de forma mais recorrente como a pessoa responsável pela unidade doméstica (37,7%). A mulher, por sua vez, é mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição.

Domicílios próprios predominam nas áreas urbana e rural

O Censo 2010 mostra um Brasil com predomínio de domicílios particulares permanentes (99,8%) do tipo casa (86,9%) e apartamento (10,7%). Dependendo da localização, há distinções marcantes na sua forma de ocupação. Entre os urbanos, predominam os próprios (72,6%) e os alugados (20,9%). Nas áreas rurais, apesar de a maioria dos domicílios serem próprios (77,6%), há um percentual significativo de cedidos (18,7%).

Rede geral de abastecimento de água avança mais na zona rural

No Brasil, 82,9% dos domicílios eram atendidos por rede geral de abastecimento de água em 2010, um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação a 2000. Na área urbana, o percentual passou de 89,8% para 91,9%, ao passo que na rural, subiu de 18,1% para 27,8%. Este avanço ocorreu em todas as regiões, embora de forma desigual. Sudeste e Sul continuaram sendo, em 2010, as regiões que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água (90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com o Norte (54,5%) e Nordeste (76,6%) que, apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos.

A expansão da rede geral de abastecimento de água se deu de forma significativa em direção às áreas rurais. No Sul, a proporção de domicílios rurais com abastecimento por rede passou de 18,2% em 2000 para 30,4% em 2010. No Nordeste, o crescimento foi ainda maior (18,7% e 34,9%, respectivamente). A região Norte, com a menor proporção (54,5%), teve um aumento proporcional mais acelerado na área rural do que na urbana: no rural foi um aumento de 7,9 pontos percentuais e de 3,7 pontos percentuais no urbano.

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Esgotamento sanitário adequado cai na região Norte

Entre 2000 e 2010, a proporção de domicílios cobertos por rede geral de esgoto ou fossa séptica (consideradas alternativas adequadas e esgotamento sanitário) passou de 62,2% para 67,1% em todo o país. O mesmo se deu em quatro das cinco regiões, com exceção da Norte, onde o aumento de 2,0 pontos percentuais na área rural (de 6,4% em 2000 para 8,4% em 2010) não foi suficiente para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas (de 46,7% para 40,6%). O Sudeste continuou sendo a região com as melhores condições, passando de uma cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010. Segue-se a região Sul, que passou de 63,8% para 71,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10%. A despeito da melhoria das condições de esgotamento sanitário, o Centro-Oeste tinha pouco mais da metade de seus domicílios com saneamento adequado (51,5%) e o Norte (32,8%) e Nordeste (45,2%) apresentaram patamares ainda mais baixos. Nessas regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento tanto para domicílios urbanos quanto rurais.

Lixo é queimado em 58% dos domicílios rurais

Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos, passando de 79,0% em 2000 para 87,4% em 2010, em todo o país. A cobertura mais abrangente se encontrava no Sudeste (95%), seguida do Sul (91,6%) e do Centro-Oeste (89,7%). Norte (74,3%) e Nordeste (75,0%%), que tinham menores coberturas (57,7% e 60,6%), apresentaram os maiores crescimentos em dez anos, de 16,6 e 14,4 pontos percentuais respectivamente. Nas áreas urbanas o serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% no Norte a 99,3% no Sul. Nas áreas rurais, o serviço se ampliou na comparação com 2000, passando de 13,3% para 26,0%, em média.

Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras em 2010, principalmente nas áreas rurais, porém, a dificuldade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais adotada pelos moradores dessas regiões. Essa alternativa cresceu em torno de 10 pontos percentuais, passando de 48,2% em 2000 para 58,1% em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno baldio, que em 2000 era adotada por moradores de 20,8% dos domicílios rurais, reduziu para 9,1% em 2010.

Energia elétrica chega a 97,8% dos domicílios

Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a maior cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com forte presença no Brasil rural (89,7%). Com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas 61,5% dos domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição, as demais regiões apresentaram uma cobertura acima de 90%, variando de 90,5% no Centro-Oeste rural a 99,5% nas áreas urbanas da região Sul.

Em 2010 havia 1,3% de domicílios sem energia elétrica, com maior incidência nas áreas rurais do país (7,4%). A situação extrema era a da região Norte, onde 24,1% dos domicílios rurais não possuíam energia elétrica, seguida das áreas rurais do Nordeste (7,4%) e do Centro-Oeste (6,8%).

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Cresce índice de jovens de 25 a 34 anos que vivem com os pais, diz IBGE

Proporção aumentou de 20% para 24% entre 2002 e 2012, aponta IBGE.

"Geração canguru" está mais presente em famílias com rendas maiores.

A proporção de brasileiros entre 25 e 34 anos de idade que ainda vivem na casa dos pais aumentou de 20% para 24% entre 2002 e 2012, aponta uma análise feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, divulgada nesta sexta-feira (29). Cerca de 60% dos jovens nesta condição eram homens e 40%, mulheres.

A “geração canguru” (como é conhecida esta parcela de pessoas entre 25 e 34 anos que moram com os pais) apresenta altas taxas de ocupação, embora um pouco inferiores àquelas observadas para os demais jovens.

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Em contrapartida, o estudo aponta que a geração tem uma maior escolaridade média. Em 2012, 14% das pessoas desta faixa etária que não deixaram o lar materno e paterno continuavam estudando, contra 9% para as que saíram de casa.

É possível ainda perceber uma diferença na presença de jovens que moram com os pais por classes de rendimento.

A pesquisa feita no ano passado aponta que cerca de 11,5% das famílias com relações de parentesco possuíam integrantes de 25 a 34 anos de idade na condição de filhos. Para os arranjos familiares com renda familiar per capita de até meio salário mínimo, esta proporção foi de 6,6%. A proporção é maior para as famílias com renda mais elevada, chegando a 15,3% naquelas com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita.

Apesar do aumento da "geração canguru", a proporção de pessoas de todas as idade morando sozinhas no Brasil aumentou de 9,3% em 2002 para 13,2% em 2012.

Jovens “nem-nem”

Além da “geração canguru”, a análise do IBGE também destacou a presença dos jovens "nem-nem" (que nem trabalham, nem estudam) no país. Na semana em que a pesquisa foi feita em 2012, 19,6% das pessoas de 15 a 29 anos se enquadravam neste perfil. Para aqueles entre 15 a 17 anos, a proporção é menor (9,4%). O índice aumenta quando são considerados apenas jovens entre 18 e 24 anos (23,4%).

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A presença das mulheres entre os brasileiros que nem trabalham, nem estudam, é elevada e cresce com a idade. No grupo entre 15 e 17 anos, 59,6% são do sexo feminino. O índice aumenta para 76,9% entre as pessoas de 25 a 29 anos.

Entre as mulheres “nem-nem”, destaca-se ainda a proporção daquelas que tinham pelo menos um filho: 30% entre as jovens de 15 a 17 anos, 51,6% entre 18 e 24 anos, e 74,1% entre 25 a 29 anos

A análise também destaca o nível de escolaridade dos adolescentes de 15 a 17 anos de ambos os sexos que não frequentavam escola e não trabalhavam. 56,7% não tinham o ensino fundamental completo, sendo que, com essa idade, normalmente já deveriam estar cursando o ensino médio. Entre as pessoas de 18 e 24 anos, somente 47,4% completaram o ensino médio.

O índice é ainda mais baixo para a faixa etária de 25 a 29 anos de idade (39,2%). Quanto ao ensino superior, somente 9,3% de "nem-nem" nessas idades tinha este nível incompleto ou completo.

Baixa remuneração

O IBGE também destaca a baixa remuneração dos jovens brasileiros no geral. Entre aqueles de 15 a 29 anos que trabalham, 39,6% tinham rendimento de até um salário mínimo em 2012. Somente 18,2% tinham rendimento superior a dois salários mínimos.

DADOS POPULAÇÃO

População Brasileira

A distribuição da população brasileira caracteriza o Brasil como um país pouco povoado.

Conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total do Brasil é de 190.755.799 habitantes. Esse elevado contingente populacional coloca o país entre os mais populosos do mundo. O Brasil ocupa hoje o quinto lugar dentre os mais populosos, sendo superado somente pela China (1,3 bilhão), Índia (1,1 bilhão), Estados Unidos (314 milhões) e Indonésia (229 milhões).

A população brasileira está irregularmente distribuída no território, pois há regiões densamente povoadas e outras com baixa densidade demográfica. A população brasileira estabelece-se de forma concentrada na Região Sudeste, com 80.364.410 habitantes; o Nordeste abriga 53.081.950 habitantes; e o Sul acolhe cerca de 27,3 milhões. As regiões menos povoadas são: a Região Norte, com 15.864.454, e o Centro-Oeste, com pouco mais de 14 milhões de habitantes.

A irregularidade na distribuição da população fica evidente quando alguns dados populacionais de regiões ou estados são analisados. Somente o estado de São Paulo concentra cerca de 41,2 milhões de habitantes, sendo superior ao contingente populacional das regiões Centro-Oeste e Norte juntas.

A população brasileira está distribuída em um extenso território, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Em virtude disso, a população relativa é modesta, com cerca de 22,4

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hab./km². O dado apresentado classifica o país como pouco povoado, apesar de ser populoso diante do número da população absoluta.

O Sudeste é a região mais populosa do país por ter ingressado primeiramente no processo de industrialização, encontrando-se hoje bastante desenvolvido industrial e economicamente. O surgimento da indústria no Sudeste foi primordial para a urbanização e a concentração populacional na região, pois se tornou uma área de atração para trabalhadores de diversos pontos do país.

Em relação à densidade demográfica, a região Sul ocupa o segundo lugar. As causas dessa concentração devem-se principalmente pelo fato de a região ser composta por apenas três estados e pela riqueza contida neles, o que proporciona um elevado índice de urbanização.

O Nordeste é a segunda região mais populosa, no entanto, a densidade demográfica é baixa, proveniente da migração ocorrida para outros pontos do Brasil, ocasionada pelas crises socioeconômicas comuns nessa parte do país.

O Centro-Oeste ocupa o quarto lugar quando se trata de população relativa. Isso é provocado pelo tipo de atividade econômica vinculada à agropecuária e que requer pouca mão de obra.

http://brasilescola.uol.com.br/brasil/a-populacao-brasileira.htm

População Brasileira

Demografia do Brasil, dados, etnias, taxas de natalidade e mortalidade, crescimento populacional

A população brasileira atual é de 203,2 milhões de habitantes (Pnad 2014 – IBGE). Segundo as estimativas, no ano de 2025, a população brasileira deverá atingir 228 milhões de habitantes. A população brasileira distruibui-se pelas regiões da seguinte forma: Sudeste (85,3 milhões), Nordeste (56,2 milhões), Sul (29 milhões), Norte (17,2 milhões) e Centro-Oeste (15,3 milhões).

Taxa de Natalidade e de Mortalidade

Se observarmos os dados populacionais brasileiros, poderemos verificar que a taxa de natalidade tem diminuído nas últimas décadas. Isto ocorre, em função de alguns fatores. A adoção de métodos anticoncepcionais mais eficientes tem reduzido o número de gravidez. A entrada da mulher no mercado de trabalho, também contribuiu para a diminuição no número de filhos por casal. Enquanto nas décadas de 1950-60 uma mulher, em média, possuía de 4 a 6 filhos, hoje em dia um casal possui um ou dois filhos, em média.

A taxa de mortalidade também está caindo em nosso país. Com as melhorias na área de medicina, mais informações e melhores condições de vida, as pessoas vivem mais. Enquanto no começo da década de 1990 a expectativa de vida era de 66 anos, em 2013 foi para 74,9 anos (dados do IBGE).

A diminuição na taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida tem provocado mudanças na pirâmide etária brasileira. Há algumas décadas atrás, ela possuía uma base larga e o topo estreito, indicando uma superioridade de crianças e jovens. Atualmente ela apresenta

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características de equilíbrio. Alguns estudiosos afirmam que, mantendo-se estas características, nas próximas décadas, o Brasil possuirá mais adultos e idosos do que crianças e jovens. Um problema que já é enfrentado por países desenvolvidos, principalmente na Europa.

Mortalidade Infantil

Embora ainda seja alto, o índice de mortalidade infantil diminui a cada ano no Brasil. Em 1995, a taxa de mortalidade infantil era de 66 por mil. Em 2005, este índice caiu para 25,8 por mil. Já no íltimo Censo feito pelo IBGE em 2010, o índice verificado foi de 15,6 por mil.

Para termos uma base de comparação, em países desenvolvidos a taxa de mortalidade infantil é de, aproximadamente, 5 por mil.

Este índice tem caído no Brasil em função, principalmente, de alguns fatores: melhorias no atendimento à gestante, exames prévios, melhorias nas condições de higiene (saneamento básico), uso de água tratada, utilização de recursos médicos mais avançados, etc.

Outros dados da População brasileira

– Crescimento demográfico: 1,17% ao ano (2000 a 2010) **

– Expectativa de vida: 73,4 anos **

– Taxa de natalidade (por mil habitantes): 20,40 *

– Taxa de mortalidade (por mil habitantes): 6,31 *

– Taxa de fecundidade total: 1,74 ***

– Estrangeiros no Brasil: 0,23% **

– Estados mais populosos: São Paulo (41,2 milhões), Minas Gerais (19,5 milhões), Rio de Janeiro (15,9 milhoes), Bahia (14 milhões) e Rio Grande do Sul (10,6 milhões). **

– Estados menos populosos: Roraima (451,2 mil), Amapá (668,6 mil) e Acre (732,7 mil). **

– Capital menos populosa do Brasil: Palmas-TO (228,2 mil).**

– Cidade mais populosa: São Paulo-SP (11,2 milhões). **

– Proporção dos sexos: 98,4 milhões de homens e 104,7 milhões de mulheres. (Pnad 2014 – IBGE)

– Vivem na Zona Urbana: 172,8 milhões de habitantes, enquanto que na Zona Rural vivem 30,3 milhões de brasileiros. (Pnad 2014 – IBGE).

– Pessoas que vivem sozinhas: 14,4% ***

Fontes: IBGE * 2005 , ** Censo 2010, *** IBGE (Síntese de Indicadores Sociais 2015, referente ao ano de 2014)

Etnias no Brasil (cor ou raça)

Pardos: 43,1%

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Brancos: 47,7%

Negros: 7,6%

Indígenas: 0,4%

Amarelos: 1,1%

Fonte: Censo IBGE 2010

http://www.suapesquisa.com/geografia/populacao_brasileira.htm

Brasil tem mais de 204 milhões de habitantes, diz IBGE.

O Brasil tem uma população de 204.450.649 habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicados nesta sexta-feira (28) no Diário Oficial da União. Os dados são estimativas de população feitas com base no dia 1º de julho de 2015.

Do ano passado para cá, a população cresceu cerca de 0,87% – em 2014, segundo o IBGE, o Brasil havia chegado a 202.768.562 de habitantes.

O Estado mais populoso, São Paulo, tem 44,4 milhões de habitantes – 21,7% da população total do país. Já no Estado menos populoso, Roraima, vivem 505,6 mil pessoas – 0,2% da população total.

Além de São Paulo, cinco Estados têm mais de 10 milhões de habitantes: Minas Gerais (20,86 milhões), Rio de Janeiro (16,55 milhões), Bahia (15,2 milhões), Rio Grande do Sul (11,24 milhões) e Paraná (11,16 milhões).

A lista das unidades da federação com mais de 5 milhões de pessoas traz outros seis Estados: Pernambuco (9,34 milhões), Ceará (8,9 milhões), Pará (8,17 milhões), Maranhão (6,9 milhões), Santa Catarina (6,81 milhões) e Goiás (6,61 milhões).

As demais unidades federativas têm as seguintes populações: Paraíba (3,97 milhões), Espírito Santo (3,92 milhões), Amazonas (3,93 milhões), Rio Grande do Norte (3,44 milhões), Alagoas (3,34 milhões), Mato Grosso (3,26 milhões), Piauí (3,2 milhões), Distrito Federal (2,91 milhões), Mato Grosso do Sul (2,65 milhões), Sergipe (2,24 milhões), Rondônia (1,76 milhão) e Tocantins (1,51 milhão).

Além de Roraima, outros dois Estados têm menos de 1 milhão de habitantes: Amapá (766,6 mil) e Acre (803,5 mil).

Com 12 milhões de pessoas a cidade de São Paulo se mantém como a mais populosa do país e tem mais habitantes que 22 Estados e o Distrito Federal, a exceção São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

Já a menor cidade do país é a mineira Serra da Saudade, com 818 habitantes.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/08/28/brasil-tem-mais-de-204-milhoes-de-habitantes-diz-ibge.htm

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ENVELHECIMENTO

Envelhecimento da população ameaça desequilibrar sistema de saúde suplementar.

Diante da preocupação do setor em assegurar a sua sustentabilidade, a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes, alerta sobre a necessidade de enfrentar hoje os impactos do aumento da longevidade para garantir o futuro da saúde privada.

O aumento da expectativa de vida dos brasileiros e a tendência de crescimento da população idosa no futuro preocupa o sistema de saúde suplementar. Em dezembro, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mais de 6,1 milhões de clientes tinham 60 anos ou mais de idade: 12,3% do total. Cinco anos antes, no mesmo mês, a proporção era de 10,7%. Para ter ideia da evolução desse quadro ao longo do tempo, há 15 anos, para cada beneficiário com 60 anos ou mais de idade existiam outros três entre 0 e 19 anos. Em 2015, a relação diminuiu para dois jovens a cada idoso, segundo a análise da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde).

Em entrevista exclusiva ao site do CVG-SP, Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde, admite que essa situação é muito preocupante diante da necessidade de assegurar a sustentabilidade do setor. “Esse desequilíbrio impacta o sistema de solidariedade intergeracional – faixas etárias iniciais subsidiando as dos mais longevos, que tendem a usar com constância cada vez maior os serviços médicos”, diz. Ela explica que dentro desse pacto de mutualismo – princípio básico que rege o funcionamento dos planos de saúde –, os consumidores mais novos, que estão na vida ativa, pagam um pouco mais do que o custo médio de sua faixa etária, para que os idosos possam manter o plano.

Mas, neste cenário de desequilíbrio do sistema e aumento da longevidade, a tendência é que as despesas com saúde fiquem cada vez mais altas – fenômeno que ocorre em todo o mundo. “O envelhecimento da população brasileira certamente impactará as despesas assistenciais, porque, com a idade, aumenta a prevalência das doenças crônicas, levando o cidadão a necessitar de mais assistência médica e novas tecnologias. Esses recursos se tornam cada vez mais onerosos”, confirma Solange Beatriz.

Ela analisa que se não houver um reequilíbrio do sistema, a viabilidade do setor de saúde suplementar estará ameaçada. “Temos que resolver essa equação hoje para garantir o futuro da saúde privada, ou seja, o amanhã de um bem tão valioso para o brasileiro, como o plano de saúde”, diz. Apostando na recuperação do cenário econômico, Solange Beatriz espera que o panorama atual se reverta. “É preciso, portanto, enfrentar o impacto do aumento da longevidade no sistema de saúde brasileiro – esse fator, sim, algo que será perene”, afirma.

Segundo Solange Beatriz, a FenaSaúde vem dialogando continuamente com o Governo e as entidades de defesa do consumidor sobre esse tema. “Os diversos agentes de saúde precisarão se adaptar às mudanças já previstas”, diz. Entre as mudanças fundamentais, ela cita a necessidade de restruturação da infraestrutura física de todos os serviços, principalmente os de assistência à saúde, além de uma nova composição das especialidades profissionais, com mais ênfase em Geriatria, por exemplo.

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Em outra frente, também será requerido das políticas de financiamento dos sistemas de saúde e da infraestrutura o acompanhamento dessas transformações. A começar pelas regulações adequadas para que tanto o setor público quanto o privado sejam viáveis diante do aumento das despesas médicas e previdenciárias. “Obviamente, as associadas à FenaSaúde já vêm se preparando para esse desafio, debatendo o tema setorialmente e também levando essas questões ao órgão regulador, aos legisladores e ao Executivo. Todas essas ações propiciam o fortalecimento do sistema de saúde suplementar”, diz.

Controle de reajustes não é solução

São muitas as amarras que impedem o setor de saúde suplementar de progredir e proporcionar produtos ainda mais adequados aos consumidores. A presidente da FenaSaúde elenca, entre as principais, questões como a regulação excessiva que inibe a livre iniciativa; a incorporação de procedimentos obrigatórios ao Rol, como é feita hoje, sem a análise crítica da relação custo-benefício; o modelo de remuneração dos prestadores de serviços que incentiva a superutilização dos recursos de medicina no Brasil e os desperdícios são pautas urgentes e que precisam ser discutidas pela sociedade.

Para Solange Beatriz, diante dos gargalos do setor, “mais do que mudanças em formatos dos planos de saúde é necessário enfrentar tais desafios, que são amplos e complexos”. Segundo ela, dados do Ministério da Saúde mostram, por exemplo, que um marca-passo pode custar R$ 20.523,06, no Brasil, e R$ 3.518,98, na Alemanha, para produtos com a mesma especificação. Somente um gerador do marca-passo CDI (cardioversor desfibrilador implantável) varia de R$ 29 mil a R$ 90 mil, dependendo da região do país.

Uma prótese de joelho, por exemplo, sai de fábrica por R$ 2.096. Após o implante no paciente – sem contar gastos com internação e atendimento médico – esse item chega a custar ao plano de saúde R$ 18.362. “Os exemplos apresentam distorções consideráveis que precisam ser corrigidas em benefício de toda a sociedade, principalmente dos beneficiários. Os desperdícios são exorbitantes e se refletem nos custos dos planos de saúde”, afirma.

Outro aspecto que ela menciona é a necessidade urgente de equacionamento da regulação dos planos individuais – tema sobre o qual a FenaSaúde vem alertando há tempos. “As atuais políticas – em especial, as que se referem às definições dos índices de reajuste dos planos individuais – não contribuem em nada para a expansão da oferta”, diz. Daí porque, entende que o desequilíbrio nas despesas assistenciais – e que, inevitavelmente, se reflete nas mensalidades – não encontra solução pelo controle dos reajustes. “Há inúmeros exemplos de fracasso no país dessa prática, que não faz sentindo em mercados em que prevalece a livre concorrência, como foi a trágica experiência do Sistema Financeiro da Habitação”, diz.

Por isso, de acordo com Solange Beatriz, a Federação entende que o foco deve ser nas causas que impulsionam o crescimento dos gastos, e não no seu efeito – reajuste das mensalidades. O aumento das despesas assistenciais em patamares superiores às receitas dos planos é contínuo e, na visão da dirigente, acentuam cada vez mais a pressão sobre a sustentabilidade do sistema. Ela explica que nesse cenário, o efeito do excesso de regulação, em especial a que objetiva o controle dos reajustes, é oposto. “Cria incertezas quanto à capacidade de as mensalidades cobrirem as despesas, inibindo ainda investimentos das operadoras de planos em ofertar determinados produtos”, diz.

http://www.segs.com.br/seguros/14356-envelhecimento-da-populacao-ameaca-desequilibrar-sistema-de-saude-suplementar.html

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Em palestra, demógrafo da UFMG discute as consequências do envelhecimento da população brasileira.

“A população brasileira está ficando velha, e isso vai afetar profundamente a estrutura do nosso país.” Esse alerta foi dado pelo professor emérito da UFMG José Alberto Magno de Carvalho [em foto de Silvia Dalben/divulgação], um dos pioneiros dos estudos populacionais no país. Amparado por dados do censo e de outras pesquisas, ele abordou as consequências desse envelhecimento na palestra O novo padrão demográfico brasileiro, realizada na manhã desta quarta-feira, 11 de fevereiro, no Conservatório UFMG.

A fecundidade no Brasil sempre foi muito precoce. Segundo Carvalho, as mulheres brasileiras costumavam constituir proles numerosas ainda muito jovens, na faixa de 15 a 24 anos. Com o surgimento da pílula anticoncepcional e de outros métodos contraceptivos, as mulheres, no entanto, passaram a postergar a gravidez para se dedicar aos estudos e ao trabalho. Não ter filhos também se tornou comum.

Com isso, a partir da década de 1970, já é possível observar um declínio da taxa de fecundidade no país. “Na década de 1960, era comum ter muitos filhos; a média era de 5,8 nascidos vivos por mulher. Em 2010, esse número caiu para 1,9 filho, e a projeção para 2030 é de que cada mulher tenha apenas 1,51 filho”, estimou o professor.

Ele ressaltou ainda que, apesar da crença de que apenas a classe média está reproduzindo menos, o declínio é generalizado e irreversível e indica mudança de grande impacto na estrutura etária da população. “As pessoas estão vivendo mais, isso é fato. Mas como ninguém mais quer ter muitos filhos, o número de jovens está cada vez menor. As gerações estão diminuindo a cada ano, a ponto de não conseguirem repor a população. Se há algumas décadas o medo era acolher uma superpopulação, hoje a preocupação é com a falta dela”, alertou.

Economia em crise

Magno de Carvalho explicou que, apesar da alta longevidade ser um bom indicativo de qualidade de vida, o envelhecimento da população afeta a estrutura do país em vários aspectos. “Um exemplo é o aumento no número de aposentados e pensionistas, que acaba pesando no orçamento nacional e afetando o sistema de previdência social.”

De acordo com o professor, a geração atual é a mais prejudicada pela nova realidade, pois terá de se esforçar muito mais para viver bem. “Eles não podem sonhar com a mesma vida dos pais porque não terão acesso aos mesmos benefícios, como aposentadoria. Outro problema é que a taxa de desemprego está baixa agora porque o número de jovens que ingressam no mercado de trabalho é menor, mas ainda faltam vagas para os novos profissionais”, disse.

Apesar dos problemas ocasionados pela mudança na concentração etária da população brasileira, Carvalho ressaltou que os números podem indicar novos caminhos para o desenvolvimento do país. “A demografia é uma ciência estável, permite que sejam pensadas políticas públicas em longo prazo. Como o número de crianças e adolescentes está diminuindo, agora é uma grande oportunidade para investir na juventude e formar gerações de profissionais mais capacitados. É tudo uma questão de planejamento”, finalizou o professor.

http://adunb.org.br/novo/2016/02/02/em-palestra-demografo-da-ufmg-discute-as-consequencias-do-envelhecimento-da-populacao-brasileira/

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Envelhecimento populacional e o impacto na qualidade de vida dos indivíduos.

Uma das maiores conquistas culturais de um povo em seu processo de humanização é o envelhecimento de sua população, refletindo uma melhoria das condições de vida.

De acordo com projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações) “uma em cada 9 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para 1 em cada 5 por volta de 2050”.

Em 2050 pela primeira vez haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos (SDH). No Brasil considera-se idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos, representando aproximadamente 12,6% da população brasileira total (IBGE, 2013). Uma das consequências do processo de envelhecimento é a redução da massa e força muscular conhecido com o termo “sarcopenia”; o aumento de massa gorda intramuscular e diminuição da massa óssea (osteopenia/osteoporose).

A sarcopenia é considerada uma síndrome geriátrica caracterizada pela redução da massa muscular esquelética, força muscular e desempenho físico, podendo diminuir a capacidade funcional e a qualidade de vida do idoso. Os fatores associados à sarcopenia são: o declínio dos hormônios sexuais (testosterona e estrogênio); o declínio no gasto de energético; a redução da ingestão alimentar devido a fatores como perda do apetite, redução do paladar e do olfato, saúde oral prejudicada, saciedade precoce, fatores psicossociais, econômicos e medicamentosos e ainda, ingestão reduzida de proteínas e baixo nível de atividade física, entre outros fatores. Reconhecer a presença dessa síndrome é fundamental para reduzir os impactos negativos na qualidade de vida dos indivíduos.

Os principais comprometimentos para o idoso estão relacionados à dificuldade para se movimentar, andar, além de aumentar o risco de quedas e fraturas, dificuldades para realizar as atividades do dia-a-dia diminuindo a independência funcional. Para avaliar a presença da sarcopenia deve-se procurar um profissional da área da saúde tal como médico; profissional de educação física; fisioterapeuta; nutricionista.O profissional da saúde habilitado poderá mensurar a circunferência da panturrilha que deve ser > 31cm; a força muscular por meio do teste de preensão manual (FPM),sendo adequados valores ? 17 kg para mulheres e ? 29 kg para homens; e a velocidade da marcha que deve ser maior do que 0,8m/s. Valores abaixo dos citados podem indicar quadro de sarcopenia. Para prevenir a sarcopenia tem sido recomendado a suplementação nutricional ou a melhora na qualidade da alimentação e a prática da atividade física.

Um dos fatores mais importantes da perda de massa muscular com o envelhecimento é a alimentação. Um nutriente frequentemente reduzido na dieta de idosos é a proteína animal (carnes, leites, ovos). A redução na ingestão de proteína por tempo prolongado pode comprometer a massa celular e muscular. Novas evidências demonstram que idosos precisam ingerir mais proteínas do que os adultos para manutenção de uma boa saúde, promoção e recuperação de doenças e manter a funcionalidade. Consensos atuais sugerem a ingestão de 1,0 a 1,2g de proteína/kg de peso por dia.

http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2016/02/11/envelhecimento-populacional-e-o-impacto-na-qualidade-de-vida-dos-individuos/

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MIGRAÇÕES E IMIGRAÇÃO

Migração interna no Brasil

Fatores de ordem econômica são os principais expoentes para a ocorrência da migração interna no Brasil.

Migração consiste no ato da população deslocar-se espacialmente, ou seja, pode se referir à troca de país, estado, região, município ou até de domicílio. As migrações podem ser desencadeadas por fatores religiosos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos e ambientais.

A migração interna corresponde ao deslocamento de pessoas dentro de um mesmo território, dessa forma pode ser entre regiões, estados e municípios. Tal deslocamento não provoca modificações no número total de habitantes de um país, porém, altera as regiões envolvidas nesse processo.

No Brasil, um dos fatores que exercem maior influência nos fluxos migratórios é o de ordem econômica, uma vez que o modelo de produção capitalista cria espaços privilegiados para instalação de indústrias, forçando indivíduos a se deslocarem de um lugar para outro em busca de melhores condições de vida e à procura de emprego para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência.

Um modelo de migração muito comum no Brasil, que se intensificou nas últimas cinco décadas, é o êxodo rural, ou seja, a migração do campo para a cidade. O modelo econômico que favorece os grandes latifundiários e a intensa mecanização das atividades agrícolas têm como consequência a expulsão da população rural.

A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de fornecer maiores oportunidades de emprego em razão do processo de industrialização desenvolvido.

No entanto, nas últimas décadas, as regiões Centro-Oeste e Norte têm sido bastante atrativas para os migrantes, pois após a década de 1970, a estagnação econômica que atingiu e ainda atinge a indústria brasileira afetou negativamente o nível de emprego nas grandes cidades do Sudeste, gerando pouca procura de mão de obra, ocasionando a retração desses fluxos migratórios. Assim, as regiões Norte e Centro-Oeste, que já captavam alguma parcela desse movimento, tornaram-se destinos da migração interna do Brasil.

As políticas públicas para a ocupação do oeste brasileiro foram determinantes para esse redirecionamento dos fluxos migratórios no Brasil. A construção de Brasília, os investimentos em infraestrutura, novas fronteiras agrícolas, entre outros fatores, contribuíram para essa nova distribuição.

O Sudeste continua captando boa parte dos migrantes brasileiros. A região recebe muito mais gente do que perde. O Centro-Oeste também recebe mais migrantes do que perde, sendo, atualmente, o principal destino dos fluxos migratórios no Brasil. O Sul e o Norte são regiões onde o volume de entrada e saída de migrantes é mais equilibrado. A Região Nordeste tem recebido cada vez mais migrantes, sendo a maioria proveniente do Sudeste (retorno), porém, continua sendo a região que mais perde população para as demais.

http://brasilescola.uol.com.br/brasil/migracao-interna-no-brasil.htm

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Migração

O Censo 2010 mostrou que 35,4% da população não residia no município onde nasceu, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moravam em outro estado. São Paulo (8 milhões de pessoas), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão) acumularam a maior quantidade de pessoas residentes que não nasceram lá. Enquanto isso, Minas Gerais (3,6 milhões de pessoas), Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural que foi morar em outras unidades da federação.

Em relação à migração entre países, em 2010, o país recebeu 268,5 mil imigrantes internacionais, 86,7% a mais do que em 2000 (143,6 mil). Os principais países de origem dos imigrantes foram os Estados Unidos (51,9 mil) e Japão (41,4 mil). Verificou-se que o Brasil está recebendo de volta muitos brasileiros que estavam no exterior. Do total de imigrantes internacionais, 174,6 mil (65,0%) eram brasileiros e estavam retornando; já em 2000, foram 87,9 mil imigrantes internacionais de retorno, 61,2% do total dos imigrantes.

Deslocamento

Algumas pessoas se deslocam do município onde moram para trabalhar ou estudar. O Censo também contou esses casos e em 2010 foi possível pesquisar em separado quem se deslocava para o trabalho e para o estudo. Em 2000, essas duas informações foram pesquisadas junto.

Deslocamento para estudo

Hoje sabemos que do total de 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município onde moravam.

O Sudeste foi a região com maior número de pessoas que se deslocavam para outro município para estudar: 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste).Veja na tabela a seguir a quantidade de pessoas que estuda num município diferente daquele onde mora e que precisam se deslocar para estudar:

Deslocamento para o trabalho

No Brasil, do total de 86 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas em 2010, 87,1% trabalhavam no mesmo município onde moravam, sendo que 20 milhões (26,6%) trabalhavam no próprio domicílio e 55 milhões, fora dele. Já os que trabalhavam em outro município atingiram 11,8% da população ocupada (10,1 milhões). Outra informação pesquisada pelo Censo 2010 foi o tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho. O resultado foi que, no Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de seis a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora.

http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/migracao-e-deslocamento.html

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Imigrações atuais no Brasil

As imigrações atuais no Brasil vêm expandindo-se exponencialmente ao longo dos últimos anos, revelando um novo cenário demográfico no país.

A história sempre narrou diversos ciclos de imigrações para o Brasil, seja durante o período de colonização, seja durante os tempos posteriores. Ao longo dos séculos, vários povos ocuparam o nosso país, a maioria formada por europeus, mas também chineses, japoneses, latino-americanos, entre outros. No entanto, podemos dizer que o Brasil vive um novo momento no que diz respeito ao tema das imigrações internacionais.

Ao longo dos últimos anos, houve um movimento crescente de grupos estrangeiros no Brasil, advindos tanto de países desenvolvidos quanto de países subdesenvolvidos. Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para Refugiados) e do Ministério da Justiça, só entre os anos de 2010 e 2012, o número de pessoas pedindo refúgio para o Brasil triplicou.

A tendência é que as imigrações atuais no Brasil continuem aumentando, sobretudo de populações advindas de países subdesenvolvidos ou com uma precária situação econômica, além de povos de regiões marcadas por grandes conflitos, com destaque para povos da Palestina.

Nos últimos anos, uma grande leva de haitianos veio para o Brasil, através da Amazônia, em busca de emprego e melhores condições de vida. Durante a Copa do Mundo de 2014, o mesmo processo ocorreu, destacando-se os imigrantes oriundos de Gana, que se deslocaram para o Brasil em função do torneio, mas não retornaram para o seu país de origem. Outros países que se destacaram no envio de imigrantes foram Bangladesh, Senegal, Angola, entre outros.

Da mesma forma que o número de estrangeiros no Brasil vem aumentando, o número de brasileiros no exterior vem diminuindo. Entre 2004 e 2012, a presença de brasileiros fora do país caiu pela metade, de 4 milhões para 2 milhões, com o principal destino de moradia sendo Portugal.

O que se percebe é que as recentes evoluções do Brasil no cenário econômico, além da relativa prosperidade dos países emergentes frente à crise financeira no mundo desenvolvido, vêm contribuindo para que países em desenvolvimento – principalmente os do grupo do BRICS – tornem-se lugares atrativos para as rotas migratórias internacionais.

Mas a expansão das imigrações atuais no Brasil vem acompanhada por uma série de fatores, a saber:

a) aumento da xenofobia: o Brasil, apesar de sua internacionalmente reconhecida receptividade, vem aumentando os casos de xenofobia, sobretudo para com as populações advindas de países subdesenvolvidos. Para parte da população, os grupos estrangeiros trazem doenças, “roubam” vagas de empregos e “ameaçam” a identidade cultural do país. O curioso é que esses argumentos são semelhantes aos impostos aos brasileiros no exterior, notadamente na Europa.

b) condições de vida precárias: muitos dos estrangeiros no Brasil sofrem com as precárias condições de vida que aqui encontram, sobretudo no momento em que chegam, quando ainda não dispõem de emprego, moradia, comida e dinheiro, além de sequer conhecerem o idioma português. Isso demanda maiores esforços das autoridades para atender as necessidades básicas desses povos, a fim de que condições básicas de direitos humanos sejam cumpridas.

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Não são poucos os casos de trabalhos análogos ao escravo praticados no país, sobretudo com migrantes haitianos na região Norte.

c) aumento do tráfico de pessoas: com o Brasil tornando-se um novo centro de atração de imigrantes ilegais, aumenta o número de tráfico de pessoas. Atualmente, os principais esforços do governo brasileiro é de investigar e punir a prática desses grupos, que além de cobrarem alto pela “ajuda” na imigração ilegal, cometem vários crimes contra os direitos humanos durante o percurso.

Muitas pessoas imaginam que os imigrantes sejam prejudiciais para a economia, sobretudo no sentido de elevar o desemprego, mas isso não é totalmente uma verdade. Em muitos casos, registra-se a presença de imigrantes com formação em nível superior ocupando cargos que muitas vezes ficam ociosos por aqui por falta de capacitação técnica, embora o número de pessoas com formação superior no Brasil tenha aumentado significativamente na última década. Além disso, mesmo com o aumento de imigrantes, o desemprego no Brasil vem caindo nos últimos tempos.

Apesar de ser necessário o estabelecimento de um maior controle sobre o número de imigrações atuais no Brasil, além de um maior empenho no combate a quadrilhas de tráfico de pessoas, é preciso também atender as necessidades básicas daqueles que aqui chegam. Um exemplo é o caso dos migrantes advindos do Haiti: eles não poderiam permanecer no Brasil segundo nossas leis de imigração, mas muitos receberam vistos humanitários, haja vista que uma deportação em massa e imediata poderia transformar-se em um terrível crime de violação aos Direitos Humanos.

http://brasilescola.uol.com.br/geografia/imigracoes-atuais-no-brasil.htm

Crise e violência no Brasil aumentam imigração de judeus para Israel

Lei do Retorno dá aos judeus o direito de se tornarem cidadãos israelenses. Governo oferece ainda aula de hebraico de graça e até ajuda financeira.

No Brasil, a crise econômica e a violência urbana têm provocado uma onda de migração de judeus brasileiros pra Israel.

A sensação de segurança dessa nova moradora de Ashdod é porque, fora do conflito entre israelenses e palestinos, ela nunca ouviu falar de violência urbana por lá. “Uma coisa é o que dizem, outra coisa é você estar aqui, vivendo no dia a dia, se sentindo segura. Aqui, ninguém chega pra te assaltar”, afirma a jornalista Fabie Spivack.

Outro motivo que fez a jornalista Fabie deixar o Brasil foi uma debandada nos clientes da assessoria de imprensa. “Comecei a ficar com menos trabalho até que chegou um ponto em que eu pensei: por que não Israel?”, conta.

As bandeiras de Israel e do Brasil só aparecem juntas no restaurante por que o dono, um israelense, se apaixonou pelo Brasil. Mas a imagem, agora, tem tudo a ver: jamais se viu em Israel uma imigração brasileira como agora.

No ano passado, 486 brasileiros passaram a ser também israelenses; 58% mais do que no ano anterior; e mais que o dobro de 2013.

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Com o objetivo de aumentar a população judaica no país em conflito, há mais de 60 anos foi criada em Israel a chamada “Lei do Retorno”, que dá aos judeus nascidos em qualquer lugar do mundo o direito de se tornarem cidadãos israelenses no momento em que eles pisam no país.

A aula de hebraico é difícil, mas é de graça. São seis meses pra aprender a nova língua, com a possibilidade de morar num centro de absorção, onde o aluguel é muito mais barato do que na cidade.

O imigrante recebe também ajuda financeira, escola boa e de graça pras crianças, aposentadoria imediata pros idosos e um sistema de saúde pública de alto nível que pra um jovem custa o equivalente a R$ 60 por mês.

A comunidade brasileira em Israel ainda é pequena. Mas agora já tem até boteco com samba na periferia de Tel Aviv.

“Sabia que o Brasil estava em crise e tal e aí, de repente, comecei a ver uma grande quantidade de brasileiros que eu não tinha visto nunca aqui em Israel. Falei: ‘nossa, que bacana. Tá indo legal”, diz Yuval Yonayoff, dono do bar.

Está indo tão bem, que o Zé chegou de Curitiba há quatro meses e não para de assar pão de queijo.

“Eu dava aula de muay thai no Brasil, totalmente diferente do que eu faço aqui em Israel”, conta.

O problema do Zé é o mesmo de todo imigrante. Uma falta danada de quem ficou no Brasil.

"É difícil deixar uma filha. Tem três aninhos só. Mas com o salário que eu tenho, aqui eu posso ajudar ela muito mais do que eu estava ajudando no Brasil. Isso me deixa bastante feliz”, afirma.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/02/crise-e-violencia-no-brasil-aumentam-imigracao-de-judeus-para-israel.html

(jan– 2016) Nº de haitianos que entram no Brasil pelo Acre cai 96% em 12 meses

Emissão de vistos permitiu a imigrantes entrarem legalmente por RJ e SP.

Embaixadas em Porto Príncipe, Quito e Lima passaram a fornecer documento.

O Acre tem deixado de ser a principal rota para entrada de imigrantes haitianos no país desde que o Brasil ampliou a emissão de vistos pelas embaixadas em Porto Príncipe (Haiti), Quito (Equador) e Lima (Peru). Em 2015, houve uma queda de 96% no número de haitianos ilegais que chegaram ao Brasil pelo estado.

Enquanto em janeiro houve o registro de 1.393 imigrantes, em dezembro esse número despencou para 54, segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh).

Dados da Divisão de Imigração do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) apontam que a emissão de vistos a haitianos subiu 1.537% de 2012 a 2015. Isso mostra que os imigrantes têm entrado no país regularizados por capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, em vez de fazer a longa e cara viagem para entrar ilegalmente pelo Acre.

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Vistos

Nos últimos quatro anos, foram emitidos 38.065 vistos permanentes para haitianos pelas embaixadas do Brasil – 30.385 em Porto Príncipe, 7.655 em Quito, e 25 em Lima, segundo o Itamaraty. Enquanto em 2012 foram emitidos 1.255 vistos, em 2015 o número saltou para 20.548.

No abrigo montado em Rio Branco, o cenário é muito diferente do registrado anos anteriores, quando o estado recebia até 100 haitianos diariamente. Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado, Nilson Mourão, atualmente, o abrigo tem recebido no máximo duas pessoas por dia.

"Chegamos a receber 100 por dia. Por isso, quando as viagens [dos imigrantes para outros estados] não ocorriam, chegamos a um número de 2,2 mil pessoas em Brasileia e 1,5 mil em Rio Branco", afirma.

Até a noite desta terça-feira (5), de acordo com o secretário, estavam no abrigo apenas dez imigrantes – entre haitianos, dominicanos e senegaleses.

Desde 2010, quando passou a ser rota de imigração, o Acre recebeu mais de 43 mil pessoas, conforme a secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos.

"O Acre se tornou uma rota vegetativa, mas nada disso garante que vai continuar assim por mais tempo. Numa frequência de cinco meses tem se mantido assim, mas não temos garantias. Estamos na fase de observação. Agora, eles estão vindo [ao Brasil] pela rota legal, desembarcando em São Paulo e Rio de Janeiro", explica Mourão.

Sonho da casa própria no Brasil

O haitiano Wilner Estime, de 40 anos, diz que deixou os três filhos e a esposa na República Dominicana em busca de uma vida melhor e do sonho de ter a casa própria no Brasil. Ele conta que está no Acre desde o dia 4 deste mês, mas que saiu de sua terra natal em setembro de 2015.

Estime contou ainda que decidiu se aventurar e vir pela rota ilegal, pois a prioridade para retirada do visto em seu país era para grupos que estavam com famílias completas. Como ele vinha sozinho e não sabia quando conseguiria o visto, resolveu fazer a rota pelo Acre.

O dominicano diz que a saudade já começou a doer, mas que no fim, a espera e a distância da família vai valer a pena. Estime informou que até que ele consiga um emprego, a família vai ficar mandando dinheiro para que ele possa seguir para Santa Catarina, estado escolhido para firmar residência no Brasil.

"Quero uma residência em Santa Catarina e depois mando buscar minha família. Demorei muito para chegar no Brasil porque não conseguia tirar o visto e não queria chegar sem visto. As pessoas aqui são muito atenciosas", diz.

Mais segurança e custo menor

Para entrar no país de forma legal, o imigrante retira o visto em Porto Príncipe e, por via aérea, consegue chegar diretamente ao Brasil, por um custo que não chega a US$ 2 mil, segundo o secretário Nilson Mourão.

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"Como foi facilitada a tiragem do visto, eles pegam um avião, gastam menos, vêm em segurança e tranquilos", afirma.

Pela rota ilegal, os haitianos faziam uma viagem de 15 dias, que poderia custar entre US$ 3,5 mil e US$ 5 mil, segundo o secretário. "Essa diferença de valores, de US$ 1,5 mil, dependia do grupo, que podia ser mais ou menos explorado, principalmente, no interior do Peru, Equador e por taxistas brasileiros em Assis Brasil", diz Mourão.

Os imigrantes saiam do Haiti e iam até a República Dominicana. De avião, seguiam até o Equador. Depois, por terra, cruzavam a fronteira e entravam no Peru, por onde chegavam ao município acreano de Assis Brasil e seguiam para Brasileia.

Ao anunciar a ampliação da emissão de vistos nas embaixadas brasileiras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que um dos objetivos era justamente combater a atuação de grupos exploradores em rotas clandestinas.

Emissão de vistos

Segundo o Itamaraty, em 28 de setembro de 2015 foi inaugurado em Porto Príncipe, em parceria entre a Embaixada do Brasil no Haiti e a Organização Mundial para a Imigração, um novo centro de atendimento para demandas de vistos de haitianos que querem ir ao Brasil.

Ainda segundo o órgão, em 2015, a média diária de vistos para haitianos foi de aproximadamente 78. As emissões de vistos têm prazos estipulados e seguem as resoluções normativas do Conselho Nacional de Imigração (CNIg).

Abrigo deve ser mantido

Mesmo com queda na quantidade de imigrantes instalados no abrigo de Rio Branco, Mourão explicou ao G1 que o local não deve ser desativado. Ele afirma que o governo possui um contrato a cumprir até o final do mês de junho.

"Temos que aguardar pelo menos até o final de junho para ver se esses números se estabilizam. Caso isso aconteça, é porque a rota foi desativada", afirmou.

Desde 2010, o Acre se tornou porta de entrada no Brasil para imigrantes ilegais, que utilizam a fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. Os haitianos são maioria entre os que utilizaram a rota. Os grupos deixaram sua terra natal depois que um forte terremoto que matou mais de 300 mil pessoas e devastou parte do país em 2010.

http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/01/n-de-haitianos-que-entram-no-brasil-pelo-acre-cai-96-em-12-meses.html

UM PORTO SEGURO

13/05/2016

O Brasil contabiliza 8.863 refugiados de 79 nacionalidades. Nos últimos cinco anos as solicitações de refúgio no Brasil cresceram 2.868%, passando dos 966 casos registrados em 2010, para 28.670 em 2015.

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Os sírios já são mais de um quarto dos refugiados reconhecidos no Brasil, totalizando 2.298 pessoas, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), divulgados nesta terça-feira (10/05).

Atualmente, 8.863 refugiados de 79 nacionalidades distintas vivem no Brasil. Após a Síria, os principais países de origem são Angola (1.420), Colômbia (1.100) e República Democrática do Congo (968).

Como antecipado pela DW Brasil, o relatório mostra também que o número de solicitações de refúgio ficou praticamente estável em 2015, após uma explosão dos pedidos desde 2010.

Em 2015, 28.670 pessoas solicitaram refúgio no país, somente 285 a mais do que em 2014. Nos anos anteriores, o crescimento havia sido superior a 2.000%, segundo o comitê. Em 2014, o Brasil foi o país da América Latina com a maior quantidade de solicitações.

De acordo com o Conare, a desaceleração dos pedidos se explica por uma alteração no fluxo de migração do Haiti. Antes, a entrada era realizada majoritariamente por terra, através do Acre. Agora os haitianos chegam, na maioria dos casos, pelos aeroportos.

Apesar de não serem considerados refugiados pelo governo brasileiro, mas imigrantes, os haitianos entravam com pedidos de refúgio, o que fez os números dispararem. Com a mudança da rota, eles já chegam ao país com vistos humanitários, emitidos na embaixada em Porto Príncipe.

Acordo com a União Europeia

Durante a apresentação do relatório, o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, falou sobre a proposta brasileira de cooperação com a Alemanha e União Europeia para o reassentamento de refugiados.

O objetivo seria aumentar a entrada de sírios no Brasil, contribuindo para amenizar a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o Conare, a União Europeia custearia as viagens e, posteriormente, políticas de integração dos reassentados no Brasil.

“A ideia era receber refugiados diretamente dos acampamentos na Síria, Líbano e Jordânia, para diminuir essa pressão [migratória], que produziu um spillover para a Europa”, afirmou Aragão.

O ministro disse ainda que não há uma definição sobre o número de refugiados que viriam ao país por meio desse programa.

“Não estamos falando em escalas parecidas com a negociação entre a Turquia e a União Europeia. Se trata de uma escala bem mais modesta. Até porque a distância do Brasil do centro do conflito nos coloca em uma posição diferenciada.”

Ainda assim, o ministro disse que havia a previsão inicial de trazer cerca de cem mil refugiados ao país, em um ritmo de 20 mil por ano. Aragão destacou, entretanto, que isso só seria possível com a cooperação e o financiamento internacional.

“Esse não é um esforço exclusivamente brasileiro, é internacional, por isso o Brasil precisa de ajuda. Que não é somente em recursos materiais, é também de know-how e ativos técnicos. O Brasil precisa saber lidar com fluxos maiores de refugiados”, afirmou.

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As crises econômica e política também teriam prejudicado as negociações sobre o assunto, de acordo com o ministro. “Nós temos um ano extremamente complicado e agora agravado pela crise política, que levou à paralisação de todos esses esforços.”

Política de Estado

Perguntado sobre a possível mudança de governo, que pode ocorrer com impeachment da presidente Dilma Rousseff, Aragão disse que não haveria mudanças significativas na política para imigrantes.

Segundo ele, as demandas por refúgio vão continuar existindo, e o Brasil vai precisar atuar como forma de se colocar estrategicamente no cenário internacional.

“Nossa posição sobre refúgio é uma posição de Estado, não de governo. Que tem, aliás, uma longa tradição. E a posição do Brasil no mundo depende muito do seu grau de solidariedade. Esse é um compromisso que o Brasil vai ter que firmar, mais cedo ou mais tarde.”

Angola e Venezuela

Segundo o Conare, houve um aumento no número de imigrantes angolanos no final de 2015 e no início de 2016. Eles buscaram se estabelecer principalmente na cidade de São Paulo.

“Iniciou-se um processo de verificação em todo o fluxo migratório, desde a origem, em Luanda, até a entrada, para tentar identificar se havia ou não algum tipo de atuação de organizações criminosas. Esse trabalho coube e cabe à Polícia Federal”, disse o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos.

O secretário afirmou que a maioria dos angolanos que chegaram nesse período eram mulheres, algumas gestantes, e crianças. De acordo com Vasconcelos, o acolhimento aos imigrantes foi providenciado, e o fluxo já diminuiu.

O Conare também identificou, nos últimos meses, um crescimento no número de pedidos de refúgio de venezuelanos no norte do Brasil, perto da fronteira com o país.

https://oestrangeiro.org/2016/05/13/um-porto-seguro/

ALFABETIZAÇÃO

MEC divulga dados da ANA 2014 (25 de setembro de 2015)

Avaliação é censitária, faz parte do Pnaic, mas foi cancelada em 2015.

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), realizada em 2014. Participaram do exame alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas de todo o País. Eles foram avaliados em leitura, escrita e matemática.

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De acordo com os critérios do MEC, 77,79% dos alunos brasileiros têm proficiência considerada adequado em leitura, 65,54% em escrita e 42,93% em matemática. Pela primeira vez o ministério declarou quais são os níveis que considera adequados (veja abaixo explicação sobre os níveis de proficiência), dos quais especialistas divergem (veja mais aqui). Quando divulga os resultados da Prova Brasil, o MEC não faz essa distinção. A ANA faz parte das ações do Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), lançado em 2013.

Os dados de 2013 não foram divulgados na íntegra – apenas as médias de leitura e matemática por nível. O MEC afirma que a aplicação de 2013 serviu de “teste do instrumento”. O ministério alega que, a partir de agora, será possível um “acompanhamento regular”. No entanto, a prova foi cancelada em 2015. Durante a coletiva de imprensa que anunciou os dados da avaliação, o ministro Renato Janine Ribeiro disse que se a avaliação ocorresse novamente agora, “não haveria tempo de fazer mudanças necessárias” e que a frequência ideal é realizar a prova a cada dois anos. A resolução que instituiu a ANA, porém, determina que ela seja realizada anualmente.

Assim como no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Inep divulgou os dados da ANA acompanhados de outros indicadores, como o de Nível Socioeconômico (INSE) e o de Adequação da Formação Docente.

O presidente do Inep, José Francisco Soares, ressaltou que o instituto optou pela divulgação por níveis porque, para a ANA, o importante é o diagnóstico. “Independentemente da faixa em que o aluno se encontra, ele deve ser atendido por uma proposta pedagógica adequada”, explicou. “A lógica da ANA é dar para a escola e para as redes a oportunidade de intervenção relevante para cada criança.”

Sobre os dados, Janine Ribeiro ressaltou que há exemplos de sucesso em todas as unidades da federação.

Níveis

As escalas da ANA são divididas em níveis de proficiência, assim como ocorre na Prova Brasil e no Saeb. Em leitura e matemática, são quatro níveis, sendo o nível 1 o mais baixo e o nível 4, o mais alto. Em escrita são 5 níveis de desempenho. O MEC considera que o aluno está proficiente quando atinge o nível 2 em leitura e o nível 3 em escrita e em matemática.

Leitura

Os dados mostram que 22,21% dos alunos estão no nível mais baixo de leitura. Isto significa que eles só são capazes de ler palavras, mas não de compreender frases e textos. Em 2013, 24,13% estavam nesse nível – os dados apresentam, portanto, uma pequena evolução.

No segundo nível, os alunos conseguem localizar informações explícitas em textos curtos, bem como reconhecer a finalidade deles, entre outras competências. Em 2014, 33,96% das crianças do 3º ano estavam nessa faixa de aprendizagem, contra 33,1% do ano anterior.

No nível 3, em que o aluno já infere sentidos em relações mais complexas (como a de causa e consequência), estão 32,63% das crianças. Na primeira edição da prova, 32,85% estavam nesse ponto da escala.

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O nível mais alto de proficiência, o quarto, em que o aluno já domina relações de tempo em texto verbal e identifica os participantes de um diálogo em uma entrevista ficcional, por exemplo, tem 11,2% das crianças brasileiras. Houve evolução em relação a 2013, quando eram 9,92%.

Como em outras avaliações e dados educacionais, as desigualdades entre as regiões brasileiras são grandes. No caso de leitura, por exemplo, 44% dos estudantes se encontram no nível 1 no Amapá e no Maranhão. Em Santa Catarina e em Minas Gerais essa taxa é de 9%. As Regiões Norte e Nordeste têm as maiores concentrações de crianças no primeiro nível da proficiência em leitura (35% e 36%, respectivamente) e as menores no nível 4, o mais alto (5% e 6%).

Escrita

A escala de proficiência de escrita tem cinco níveis. O primeiro concentra os alunos que não conseguiram produzir um texto, entregaram a prova em branco ou apenas com desenhos. Do total de crianças do 3º ano de escolas públicas que fizeram a ANA, 11,64% estão no nível 1.

A faixa de proficiência subsequente agrega os alunos que ainda trocam as letras das palavras e, portanto, não produzem textos legíveis. O nível 2 concentra 15,03% dos alunos brasileiros.

Já o nível 3 tem 7,79% das crianças, cuja pontuação na prova mostra que elas conseguem escrever palavras com sílabas canônicas (consoante-vogal), mas com erros. A produção textual desses alunos é considerada inadequada à proposta da avaliação.

O nível 4 é o que concentra a maioria dos alunos: 55,66%. É nele, segundo o MEC, que começa a aquisição do texto por parte do aluno, já que conectam as partes do texto e conseguem dar continuidade a uma narrativa – porém, ainda existem inadequações como erros de pontuação.

A taxa do nível mais alto, o 5, revela que apenas 9,88% das crianças já’ escrevem de acordo com o que se espera ao fim do ciclo de alfabetização.

Assim como em leitura, na escrita as desigualdades regionais se mostram presentes. A Região Nordeste tem uma quarto dos alunos no nível 1 e a menor taxa, junto aos estados do Norte, para o nível 5: 4%. Por sua vez, a Região Sul tem a menor concentração de alunos no primeiro nível (5%), enquanto o Sudeste tem o melhor índice para o nível 5: 15% das crianças.

Matemática

No nível 1 da escala em matemática, as crianças do fim do ciclo de alfabetização conseguem ler as horas em relógios digitais e medidas em instrumentos (como termômetros e réguas ), por exemplo. Segundo os dados da ANA, 24,29% das crianças estão nesse nível, contra 23,7% da edição passada da prova.

No nível 2 estão 32,78% dos alunos (em 2013, eram 34,16%). Nessa faixa de proficiência, as crianças conseguem fazer as operações de adição (com até 3 algarismos) ou subtração (com até 2 algarismos), mas sem reagrupamento. Elas também reconhecem figuras geométricas planas por seus nomes, entre outras competências.

O nível subsequente é o dos alunos que já são capazes de completar sequências numéricas decrescentes (de números não consecutivos) e identificar frequências iguais em gráfico de colunas. Nele, estão 17,78% das crianças que fizeram a ANA. Em 2013, eram 18,23%.

No ponto mais alto da escala estão 25,15% dos alunos (23,91% na edição anterior da prova). No nível 4, os alunos identificam categorias associadas a frequências específicas em gráficos

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de barra e também calculam operações de adição de duas parcelas de até 03 algarismos (com mais de um reagrupamento – na unidade e na dezena).

Entre as regiões, novamente o Nordeste tem os piores resultados, concentrando 39% das crianças no nível 1. O Norte apresenta a menor no melhor nível, o 4, com 12%.

Já o Sudeste tem a menor taxa no nível 1 (14%) e a maior no 4 (36%) do Brasil.

http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/35337/mec-divulga-dados-da-ana-2014/

Analfabetismo ainda atinge 27% dos brasileiros e desafios são grandes

Apesar dos avanços nos últimos anos, o desafio da alfabetização vai muito além de assinar o nome. Um deles é levar de volta alunos para a escola.

Para muitos brasileiros, a volta às aulas tem um significado ainda mais importante. Hoje, 27% dos brasileiros não sabem ler, nem escrever e muitos mal conhecem o significado das palavras.

Apesar dos avanços nos últimos dez anos, como a inclusão de gente nas escolas, não basta só assinar o nome, o desafio da alfabetização vai muito além. É a nossa garantia do futuro.

E um dos desafios é levar de volta alunos para a sala de aula. Jovens e adultos que vivem realidades muito diferentes e que precisam ser incluídos.

Um levantamento do Instituto Paulo Montenegro em parceria com o Ibope acompanha a redução do analfabetismo e chama atenção para os brasileiros que estudam até oito anos e, mesmo assim, têm dificuldades de entender o que é uma ironia e diferenciar notícia de opinião.

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2016/02/analfabetismo-ainda-atinge-27-dos-brasileiros-e-desafios-sao-grandes.html

MOVIMENTOS SOCIAIS

http://imguol.com/c/noticias/2013/06/29/29jun2013---o-chargista-luiz-fernando-cazo-retrata-o-contexto-das-reunioes-entre-politicos-e-movimentos-sociais-1372554282478_956x500.jpg

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Em ato na Paulista, movimentos sociais dizem não reconhecer governo Temer

Segundo Frente Povo Sem Medo, ação não é em defesa da presidenta afastada pelo golpe, mas da democracia e dos direitos sociais

Brasília – Em manifestação no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) desde o fim da tarde de hoje (12), movimentos sociais da Frente Povo Sem Medo disseram não reconhecer como legítimo o governo do presidente interino Michel Temer e prometeram intensificar a mobilização nas ruas do país.

O coordenador do movimento, Guilherme Boulos, disse que a ação não é em defesa da presidenta afastada Dilma Rousseff, mas da democracia e dos direitos sociais.

"Não estivemos na rua defendendo a Dilma, estivemos nas ruas defendendo a democracia contra o golpe e defendendo direitos sociais. Permanecemos mais do que nunca agora nas ruas, porque o que hoje se estabeleceu no país é algo muito grave. A partir do dia de hoje, temos um presidente ilegítimo na cadeira da Presidência da República", disse. "Não reconhecemos a legitimidade de um governo que não seja um governo eleito", completou.

Os manifestantes pretendem percorrer em passeata a Avenida Paulista até a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e, depois seguir até o escritório na Presidência da República em São Paulo, também na Paulista.

"Aqueles que acham que o ato do Senado, consumado na manhã de hoje, vai pacificar o país – eu não sei se alguém ainda acredita nessa fábula – se alguém acredita nisso, vai ter a resposta nas ruas. Isso, seguramente, vai intensificar as mobilizações pelo país", destacou Boulos.

Equipe ministerial

O coordenador da frente, que reúne mais de 30 movimentos nacionais, criticou a política social e econômica do governo Temer. Segundo Boulos, o ministério do presidente interino é formado por "corruptos notáveis" e deverá servir à retirada de direitos sociais. "Disseram que iria ser um ministério de notáveis, o que nós estamos vendo é que é um ministério de corruptos notáveis", disse.

"É um retrocesso democrático, uma ferida na democracia brasileira quando se dá um golpe como esse, um golpe institucional. Ainda há iminência de retrocessos maiores quando se tenta aplicar um programa desastroso, de terra arrasada, de regressão social que ataca direitos sociais, que busca atacar programas sociais. Não vamos admitir isso", acrescentou.

Fiesp

Por volta das 19 horas, os manifestantes, que chegavam a 30 mil, segundo os organizadores, concentraram-se perto da sede da Fiesp. Um cordão de policiais impediu, no entanto, que o grupo alcançasse a frente do prédio. Membros dos movimentos sociais gritaram palavras de ordem, como "Fora Temer" e "A verdade é dura, a Fiesp apoiou a ditadura, e ainda apoia". Um pato de papel foi queimado, em referência ao símbolo utilizado pela federação em campanha contra impostos.

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Mais cedo, em discurso feito no microfone do carro de som, o coordenador da Frente Sem Medo, Guilherme Boulos, fez duras críticas à federação. Boulos ressaltou que a Fiesp apoiou o "golpe" e articula-se para que o povo mais pobre agora fique com o prejuízo da crise, "pague o pato". "Hoje estamos tranquilos. Mas vai chegar o dia em que vamos tomar aquele prédio e tirar o Skaf [Paulo Skaf, presidente da federação] pelo colarinho", disse.

Boulos ainda voltou a fazer críticas a retirada de direitos sociais, e destacou que se isso ocorrer, o movimento social irá reagir. "Se mexerem nos recursos dos programas sociais, esse país vai pegar fogo. Essa é a receita para virar o país", disse.

Às 19h40, os manifestantes ocupavam todas as oito faixas de cerca de dois quarteirões da Avenida Paulista e seguiam em passeata até ao escritório da Presidência da República.

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/05/em-ato-na-paulista-movimentos-sociais-dizem-nao-reconhecer-governo-temer-6127.html

Ministro diz que combaterá "atitudes criminosas" de movimentos sociais.

O novo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, disse hoje (12) que apoiará a Operação Lava Jato e incentivará o combate à corrupção. "Combate total à corrupção. A Lava Jato hoje é o simbolo desse combate à corrupção", afirmou Moraes a um grupo de jornalistas, após participar da cerimônia de posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes.

"Se é que é possível melhorar a operação, ampliar com mais celeridade, mais efetividade, se é que é possível, é uma belíssima operação, com muita estratégia", acrescentou.

A pasta comandada por Moraes incorporou o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, que foi extinto. O ministro deixou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para assumir a pasta. Algumas controvérsias envolveram a gestão.

Em janeiro, Moraes foi alvo de críticas de movimentos sociais após negar abusos da Polícia Militar na dispersão de manifestantes em protestos contra o aumento de passagens na capital paulista. Na ocasião, os manifestantes foram encurralados pela tropa de choque. Diversas imagens publicadas em redes sociais mostraram cidadãos e jornalistas sendo agredidos por policiais.

Perguntado sobre as críticas que recebeu, o ministro negou: "Não fui bastante questionado não. São dois, três jornalistas que questionam, não a população". Diante da insistência na pergunta, questionou: "Qual movimento social? Me diga um."

"Como todo movimento social, o MTST [Movimento dos Trabalhadores sem Teto] tem todo o direito de se manifestar. Mas o MTST, ABC ou ZYH serão combatidos a partir do momento em que deixam o livre direito de se manifestar para queimar pneus, colocar em risco as pessoas, que são atitudes criminosas", adiantou.

Em seu discurso de posse na secretaria, Moraes defendeu o uso de balas de borracha por policiais no controle de multidões. O recurso chegou a ser proibido por uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo, mas que acabou vetada pelo governador Geraldo Alckmin.

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Outro tema que gerou fortes críticas de juristas e especialistas foi a decisão da secretaria, que, em fevereiro, resolveu tornar sigilosos por 50 anos todos os boletins de ocorrência registrados pela polícia em São Paulo. Foram classificados como secretos também os manuais e procedimentos da Polícia Militar paulista. A decisão foi assinada por Geraldo Alckmin.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-05/justica-ministro-diz-que-combatera-atitudes-criminosas-de-movimentos

Dilma teme que governo Temer use violência contra movimentos sociais.

A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (13), em entrevista para veículos de comunicação estrangeiros, no Palácio da Alvorada, que teme o uso de "mecanismos ilegítimos" por parte do governo Temer contra movimentos sociais que farão oposição a ele. Cerca de 30 veículos estavam presentes.

"Não sei se não existe risco de reações violentas [a protestos]. Um governo ilegítimo sempre precisa de mecanismos ilegítimos para se manter no poder", afirmou a petista, em trecho divulgado pela agência Reuters.

A exemplo do que disse nos dois discursos que deu na última quinta, dia que foi confirmado seu afastamento, Dilma ressaltou que o governo federal, sob seu comando, não reprimiu nenhum ato de oposição.

Wall Street Journal

Outro veículo presente na entrevista coletiva, o norte-americano Wall Street Journal deu destaque ao trecho em que a petista diz estar confiante para reverter a decisão provisória do Senado Federal no julgamento definitivo, a ser realizado novamente na Casa.

"Acredito na minha defesa. Viajarei para qualquer lugar que me convidarem para explicar os pontos do meu caso", declarou. "O processo não tem base legal, é um golpe de Estado. É um mecanismo político pelo qual pessoas que não foram eleitas conseguiram chegar ao poder".

Durante o período de afastamento de Dilma Rousseff por até 180 dias, o vice da chapa que venceu as eleições de 2014, Michel Temer (PMDB-SP), ficará no cargo interinamente.

O Wall Street Journal ainda relata que Dilma criticou a reforma ministerial promovida por Temer, que reduziu para 23 (antes eram 32) o número de pastas e nomeou apenas homens brancos para os cargos, logo no dia de sua posse.

"Lamento que não tenham mulheres ou negros na administração depois de tantos anos [a última vez havia sido no governo militar de Ernesto Geisel, entre 1974 e 1979]. Discriminações raciais e de gênero são um problema sério no Brasil", disse.

"É um governo que reflete um lado bastante claro, será um governo liberal na economia e extremamente conservador na área cultural, social. Está mostrando isso na sua formação", avaliou Dilma na entrevista.

Segundo sua agenda, a presidente afastada deixará Brasília rumo a Porto Alegre ainda nesta sexta-feira, onde tirará alguns dias de descanso para depois voltar a defender o seu mandato.

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"Teremos que nos defender também politicamente, porque esse é um juízo jurídico e político".

O novo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta sexta acreditar que as medidas adotadas pelo governo do presidente interino Michel Temer em "resposta à sociedade" vão assegurar que o peemedebista seja confirmado no cargo definitivamente. "Nós temos convicção que vamos fazer um trabalho como governantes que vai nos assegurar que o governo que hoje é provisório se torne definitivo antes dos 180 dias. Fruto da resposta que possamos dar à sociedade", afirmou Padilha, ao responder a pergunta de uma jornalista sobre o motivo de um governo interino estudar medidas de longo prazo, como a reforma da Previdência.

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/13/dilma-teme-que-governo-temer-use-violencia-contra-movimentos-sociais.htm

GRÁFICOS:

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/piramide-etaria-brasileira-atual.jpg

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http://votoconscientejundiai.com.br/wp-content/uploads/2014/01/dados-gerais-sobre-o-analfabeto.jpg

http://observalinguaportuguesa.org/wp-content/uploads/2016/02/Captura-de-ecra%CC%83-2016-02-3-a%CC%80s-17.21.15.png

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DEBATES: FAMÍLIA

Família: Sociedade coloca conceito do fenômeno em disputa.

Qual é a definição correta de família? Existe um conceito correto? As definições antigas dão conta da diversidade que a sociedade contemporânea vivencia em suas relações?

Para muitos essa é uma questão polêmica. No Brasil, o tema ganhou destaque após o site da Câmara dos Deputados colocar no ar uma enquete que questiona se você é a favor ou contra o conceito de família como núcleo formado “a partir da união entre homem e mulher”, prevista no projeto de Lei 6583/13, do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), que cria o Estatuto da Família.

O deputado argumenta que “a família vem sofrendo com as rápidas mudanças ocorridas em sociedade” e, no texto do projeto, apresenta diretrizes de políticas públicas voltadas para a entidade familiar e obriga o poder público a garantir as condições mínimas para a “sobrevivência” desse núcleo. A proposta dele define família como o núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, por meio de casamento, união estável ou comunidade formada pelos pais e seus descendentes.

A família é um fenômeno social presente em todas as sociedades e um dos primeiros ambientes de socialização do indivíduo, atuando como mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais; se define em um conjunto de normas, práticas e valores que têm seu lugar, seu tempo e uma história.

Muitos fatores contribuem para dar forma ao que reconhecemos como família: as normas e ações impostas pelo Estado (quando ele beneficia determinado tipo de família em questões legais, previdenciárias, acaba legitimando este tipo e desestimulando outros) , as relações trabalhistas (quando as oportunidades no mundo do trabalho moldam as escolhas feitas pelos indivíduos na vida pessoal), o âmbito da sexualidade e afetos, as representações dos papéis sociais de mulheres e homens, da infância e das relações entre adultos e crianças, a delimitação do que é pessoal e privado por práticas cotidianas, e as leis. Tudo isso interfere na vida doméstica e molda os papéis de homens e mulheres dentro e fora de casa.

No Brasil, o conceito de família teve diferentes abordagens. Na Constituição Federal de 1967, anterior ao regime democrático, o artigo 167 descrevia que “a família é constituída pelo casamento". Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 o conceito de família foi ampliado e passou a ser entendido como “a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.

Pelo Novo Código Civil Brasileiro, instituído em 2003, a família deixou de ser aquela constituída unicamente através do casamento formal, ou seja, composta de marido, mulher e filhos. No Código de 1916, em vigência anteriormente, o casamento definia a família legitima e legitimava os filhos comuns.

O novo código reconhece que a família abrange as unidades familiares formadas pelo casamento civil ou religioso, união estável ou comunidade formada por qualquer dos pais ou descendentes, ou mãe solteira. O conceito de família passou a ser baseado mais no afeto do que apenas em relações de sangue, parentesco ou casamento.

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Já o IBGE, para realizar o Censo em 2010, definiu como família o grupo de pessoas ligadas por laços de parentesco que vivem numa unidade doméstica. Essa unidade doméstica pode ser de três tipos: unipessoal (quando é composta por uma pessoa apenas), de duas pessoas ou mais com parentesco ou de duas pessoas ou mais sem parentesco entre elas.

O levantamento fez um retrato da família brasileira: na maioria das unidades domésticas (87,2%) as famílias são formadas por duas ou mais pessoas com laços de parentesco. As pessoas que vivem sozinhas representam 12,1% do total e as pessoas sem parentesco são 0,7%. Na comparação entre 2000 e 2010, houve um crescimento na proporção pessoas morando sozinhas (antes de 9,2%) e de famílias tendo a mulher como responsável (de 22,2% para 37,3%), fato que ocorre, principalmente, pela emancipação e ingresso da mulher no mercado de trabalho.

Especialistas e intelectuais afirmam que não há um conceito único de família e que ele permanece aberto, em construção, e deve acompanhar as mudanças de comportamento, religiosas, econômicas e socioculturais da sociedade. Alas mais conservadoras da sociedade e de diferentes religiões não compartilham dessa visão e mantém o entendimento de que o fator gerador da família é o casamento entre homem e mulher, os filhos gerados dessa união e seus demais parentes.

Mas, com o passar do tempo, novas combinações e formas de interação entre os indivíduos passaram a constituir diferentes tipos de famílias contemporâneas: a nuclear tradicional (um casal de homem e mulher com um ou dois filhos, sendo a relação matrimonial ou não); matrimonial; informal (fruto da união estável); homoafetiva; adotiva; anaparental (sem a presença de um ascendente); monoparental (quando apenas um dos pais se responsabiliza pela criação dos filhos); mosaico ou pluriparental (o casal ou um dos dois têm filhos provenientes de um casamento ou relação anterior); extensa ou ampliada (tem parentes próximos com os quais o casal e/ou filhos convivem e mantém vínculo forte); poliafetiva (na qual três ou mais pessoas relacionam-se de maneira simultânea); paralela ou simultânea (concomitância de duas entidades familiares), eudomonista (aquela que busca a felicidade individual), entre outras.

O principal desafio é reconhecer a legitimidade desses novos tipos de famílias, que precisam dessa oficialização para ter seus direito jurídicos, previdenciários, entre outros, garantidos. Quando o Estado e a sociedade não reconhecem essas famílias como legítimas (por diferentes motivos), devido ao conflito entre os valores antigos e o estabelecimento de novas relações, acabam estimulando alguns modos de vida e desestimulando outros. No entanto, isso acaba oferecendo proteção e vantagens para uns em detrimento de outros.

“A ideia de que a família corresponde ao casamento, heterossexualidade e procriação determinou por muito tempo a fronteira da legitimidade das famílias”, comenta a autora Flávia Biroli no livro Família – Novos Conceitos, ao falar da noção moderna de família.

Segundo ela, a ruptura, ainda que parcial dessa idealização do conceito de família é resultado da ação de movimentos sociais, feministas e LGBT, e de juristas e políticos que entenderam que os direitos individuais incluem o direito de casar-se e o serem beneficiados com as vantagens relacionadas ao casamento nas nossas sociedades.

Além da diversidade de tipos de família na nossa sociedade, ainda precisamos compreender a realidade de outros países e culturas (principalmente as não ocidentais), onde muitas vezes um comportamento que é proibido em nosso território, é permitido. Entre esses comportamentos estão a exogamia (união de membros de grupos diferentes, como japonês com alemã, italiano

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com africana, etc), a endogamia (união entre parentes ou pessoas com a mesma ascendência), a bigamia, o incesto, a poligamia, entre outros.

Se voltássemos a Idade Média, veríamos que não eram incomuns casos de reis e rainhas europeus que se casando com primos e irmãos para manter unidos seus reinos e fortunas. No caso da poligamia, um casamento que engloba dois ou mais parceiros, trata-se de uma prática que vem de culturas e religiões antigas, em muitos casos, iniciada pelo fato de existirem mais mulheres do que homens.

Na África, por exemplo, a poligamia para os homens é permitida e reconhecida legalmente em muitos países, como Líbia, Marrocos, Quênia, entre outros. Na África do Sul a poligamia é um direito que está na Constituição. Qualquer homem sul-africano pode ser casado com até quatro mulheres. Todas recebem o sobrenome do marido e têm os mesmos direitos perante a lei.

No caso da poligamia para mulheres (chamada poliandria), por muitos séculos ela foi praticada no isolado Vale Lahaul, no Himalaia, na Índia. Ali, era muito comum o casamento de irmãos com a mesma mulher, por exemplo. Essas famílias eram pequenas, como o trabalho não era distante não havia muito contato com outras aldeias. Hoje, com o desenvolvimento do local, o crescimento econômico e os avanços tecnológicos, o vale antes isolado ganhou estradas, telefones, e a população pode se deslocar, trabalhar longe e almejar outra vida. As famílias poliândricas começam a desaparecer.

O mais importante nesta questão é que a diversidade da vida afetiva e familiar seja abordada de maneira que seu contexto e papel sejam compreendidos antes de serem julgados e que garanta a igualdade dos indivíduos – no acesso a recursos e ao reconhecimento social, e também na sua autonomia para tomar decisões sobre a própria vida.

http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/familia-sociedade-coloca-conceito-do-fenomeno-em-disputa.htm

O Estatuto da Família

Muito discutido nas últimas semanas, um projeto de lei aprovado pela Comissão Especial do Estatuto da Família define como família o núcleo social surgido de união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável. Assim, ficam excluídos da definição de família desse projeto, alegam pessoas contrárias ao projeto, uniões entre homossexuais, de famílias formadas por pais e mães solteiros, além de outras possibilidades alternativas de arranjos familiares.

Afinal, o que é esse estatuto e por que ele está sendo discutido?

O que é o Estatuto da Família

O Projeto de Lei 6583 de 2013, que cria o Estatuto da Família, tem muita importância para toda a população brasileira, uma vez trata dos direitos da família, que é reconhecida no artigo 226 da Constituição como a “base da sociedade” e que, por isso, “tem proteção especial do Estado”. O estatuto trata das políticas públicas voltadas para atender a família em áreas como saúde, segurança e educação.

A controvérsia está justamente no conceito de família trazido pelo estatuto. Ronaldo Fonseca, deputado que foi um dos relatores da comissão especial do estatuto, afirma que limitar o

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conceito de família apenas às uniões entre homem e mulher e seus descendentes é justificável porque “… apenas da família, há a presunção do exercício desse relevante papel social que a faz ser base da sociedade”. Ou seja, a família deve ser definida, segundo esses deputados, apenas segundo sua capacidade de gerar filhos, capacidade restrita a casais heterossexuais.

Mas que diferença faria?

Ainda não se sabe ao certo quais os efeitos do Estatuto. Para alguns, como o Instituto Brasileiro de Direito da Família, essa lei causaria a anulação de milhares de adoções e casamentos. Já para outros, como o presidente da comissão de Direito da Família da OAB-SP, essas anulações não poderiam ocorrer. Ele discorda inclusive da necessidade de se criar um estatuto desse tipo, defendendo uma atualização do Direito de Família no Código Civil, que já trata do mesmo tema do Estatuto.

Inconstitucional?

O Estatuto da Família parece estar dessincronizado com recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, o que pode levar o projeto a ser considerado inconstitucional. Em 2011, os ministros admitiram a união estável entre pessoas do mesmo sexo, com os mesmos efeitos de uma união estável heterossexual. O STF fez sua decisão baseado nos princípios de não discriminação baseado em etnia, religião ou orientação sexual.

Depois disso, foi a vez do Conselho Nacional de Justiça, em resolução de 2013, regulamentar o casamento homoafetivo, obrigando todos os cartórios a celebrar esses casamentos.

Além disso, juristas afirmam que o Código Civil também não exclui a possibilidade de proteção legal de casais homoafetivos.

Alternativa: o Estatuto das Famílias

Enquanto o Estatuto da Família é discutido na Câmara, tramita em paralelo no Senado o Projeto de Lei 470/2013. De iniciativa da senadora Lídice da Mata, o projeto pretende criar o Estatuto das Famílias – e o uso do plural faz toda a diferença nesse caso. Em análise desde 2013 na Comissão de Direitos Humanos do Senado, esse projeto reconhece a relação homoafetiva como entidade familiar, assim como outros arranjos familiares, como famílias fora do casamento, de casamentos anteriores e aquelas formadas por enteados, padrasto ou madrasta. Portanto, esse projeto contradiz o Estatuto da Família.

A ideia, segundo a senadora, é criar uma cultura de paternidade responsável, responsabilizando aqueles que mantêm famílias paralelas. Além disso, o reconhecimento de arranjos homoafetivos garantiria a elas um amparo legal ainda pouco estruturado atualmente. O projeto ainda deve ser discutido em audiências públicas.

Próximas etapas

Note que ainda falta um longo caminho para que o Estatuto da Família (o projeto criado na Câmara) vire mesmo lei (aprenda mais sobre o processo de criação de leis aqui). O Estatuto foi aprovado em caráter conclusivo pela comissão especial da família na Câmara dos Deputados. Isso significa que ele nem precisa passar pela votação do Plenário da Câmara para ir ao Senado, a não ser que 51 deputados peçam recurso ao Plenário. Se aprovado também no Senado, o projeto ainda passa pela sanção presidencial. Se a presidente vetar o projeto, esse veto ainda pode ser derrubado pelo Congresso.

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Mesmo que sobreviva a todas essas etapas, é provável que o projeto ainda seja levado ao Supremo Tribunal Federal, onde deve ser considerado inconstitucional, pelos motivos citados acima. É por isso que muitos consideram que essa lei já nascerá morta.

http://www.politize.com.br/leis/politize-explica-o-estatuto-da-familia/

Projeto de lei prevê aumento de pena para aborto em caso de microcefalia

Deputado quer aumentar em um terço até a metade a pena quando o aborto for cometido em razão da microcefalia ou qualquer outra anomalia do feto, provocado ou consentido pela gestante ou por terceiros, com ou sem o aval da mulher.

Autor do projeto do Estatuto da Família, já aprovado em comissão na Câmara, o deputado federal Anderson Ferreira (PR-PE) apresentou outra proposta polêmica à Casa. O projeto aumenta a pena no caso de aborto cometido em razão da microcefalia ou outra anomalia do feto.

Para o deputado, não é o aborto que resolve os problemas da sociedade, mas sim o Estado dar condições para uma vida digna. “Sou autor do projeto Estatuto da Família, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados. A intenção foi justamente criar um instrumento para as famílias poderem cobrar e ter acesso às políticas públicas. Quando uma criança nasce tem direito à saúde, educação, segurança, alimentação. Está na Constituição”, diz Ferreira.

O Projeto de Lei 4.396/2016, que altera o artigo 127 do Código Penal, prevê o aumento da pena em um terço até a metade quando o aborto for cometido em razão da microcefalia ou qualquer outra anomalia do feto, provocado ou consentido pela própria gestante ou por terceiros, com ou sem o aval da mulher.

A apresentação do projeto, segundo Ferreira, é uma reação “à tentativa de um movimento feminista, que quer se aproveitar de um momento dramático e de pânico das famílias, para retomar a defesa do aborto em nosso país”. A circulação do vírus Zika no Brasil e a associação da infecção em gestantes a casos de microcefalia em bebês reacendeu no país o debate sobre o aborto. Mas, para o deputado, a melhor forma de evitar o surto de microcefalia é combater o mosquito Aedes aegypti com medidas efetivas e criar mecanismos de prevenção junto à sociedade.

Um grupo composto por advogados, acadêmicos e ativistas prepara uma ação, a ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que cobra o direito de a mulher de interromper a gravidez em casos de infecção pelo vírus Zika. “O que queremos garantir é que haja o acesso ao aborto livre de estigma, combinado ao acesso à informação sobre a infecção e a epidemia, para que as mulheres possam tomar a melhor decisão para si”, disse a antropóloga e pesquisadora Debora Diniz, que está à frente do trabalho.

Segundo ela, a ação está sendo preparada e deve ser proposta em breve, mas os detalhes sobre como seria estruturado o atendimento ao aborto legal nesses casos devem ser definidos pela política pública de saúde, assim como é hoje para as demais situações. O aborto é permitido no Brasil nos casos de anencefalia do feto, estupro ou se a gestante corre risco de vida.

Para o deputado Anderson Ferreira, o movimento não leva em conta que o diagnóstico da microcefalia só ocorre do sexto ao oitavo mês de gestação, quando a criança já está formada. “Há vidas em jogo. em vez de querer matar o mosquito, os defensores do aborto querem

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matar a criança. E acrescentei no projeto outras anomalias porque há vários outros tipos de problemas que afetam os fetos.”

Segundo ele, há vários casos de crianças que nasceram com microcefalia e hoje levam vida normal. “Quem defende aborto nestes casos defende uma seleção de seres humanos, que só tenha direito a nascer quem for perfeito fisicamente.”

A tentativa do deputado é inibir o aborto. “Quis deixar de uma forma clara o crime gravíssimo que são [os abortos] em casos de microcefalia e outras anomalias, por haver ausência deste termo no Código Penal. E para que não haja interpretação nova no STF, justamente pela ausência da clareza”, disse o parlamentar.

Débora Diniz destacou que, além de dar o direito de escolha às gestantes infectadas pelo vírus Zika, a ação no STF vai pedir, para as mães de bebês com deficiência, políticas sociais mais abrangentes, a fim de aumentar o apoio às necessidades de saúde, de educação, de inclusão social das crianças.

Para a antropóloga, o deputado age de má-fé ao propor aumentar a pena para aborto em caso de “qualquer outra anomalia do feto”. “O projeto de lei ignora deliberadamente o direito ao aborto legal em caso de anencefalia garantido por decisão do STF. O deputado pretende retroceder ainda mais no acesso ao aborto legal sem dizê-lo abertamente. Propostas como essas só evidenciam que o Congresso Nacional não está comprometido com a defesa dos direitos das mulheres. Nós acreditamos que o STF, diferente do Congresso, será capaz de analisar a questão sob a ótica de proteção de direitos, como é sua função”, disse.

Além da maior punição a quem pratica o aborto, o deputado Anderson Ferreira defende que haja a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para a pessoa com deficiência, para que mais famílias possam ser atendidas pelo programa. Famílias de crianças com microcefalia com renda até um quarto de salário mínimo per capita têm direito ao benefício. Segundo Ferreira, também tramita um projeto na Câmara dos Deputados prevendo indenizações para os casos de microcefalia.

Sobre os casos de mulheres que morrem ao recorrer a clínicas clandestinas para conseguir o aborto, o deputado disse que isso é caso para a polícia.

O Código Penal prevê pena de detenção de um a três anos para a mulher que causar aborto em si mesma ou consentir que outra pessoa provoque a interrupção da gestação. Se o aborto for provocado por terceiros sem o consentimento da gestante, a pena é reclusão de três a dez anos. Se houver consentimento, a pena é reclusão de um a quatro anos.

http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/projeto-de-lei-preve-aumento-de-pena-para-aborto-em-caso-de-microcefalia/

Brasil terá que escolher entre combater pobreza ou manter privilégios fiscais, alerta Banco Mundial.

Gastos do governo com assistência social aos mais pobres são menores que um terço das despesas com previdência para brasileiros em melhor situação. Benefícios previdenciários ultrapassam também gastos primários com saúde e educação.

Banco Mundial destaca que a atual crise revelou necessidade de enfrentar problemas estruturais da economia, como a baixa produtividade.

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Em relatório publicado na segunda-feira (16), o Banco Mundial alerta que a desvalorização das commodities no mercado mundial desde 2011 e a resposta pouco eficiente do governo brasileiro para contornar a queda dos lucros das exportações estão entre as causas da recessão enfrentada pelo Brasil desde 2015.

A crise, porém, não precisa significar o abandono das políticas de redução da pobreza que retiraram 24,6 milhões de brasileiros da miséria de 2001 a 2013, mesmo porque os programas de transferência de renda custam relativamente pouco e são comprovadamente eficazes, segundo o Diagnóstico Sistemático de País para o Brasil — documento elaborado pelo organismo internacional.

Em 2014, iniciativas de assistência social direta aos pobres representaram 7,7% dos gastos primários do governo brasileiro. Consideradas as despesas com saúde básica, pré-escola e ensino fundamental, o valor sobe para 16,4%.

O percentual, no entanto, continua bem abaixo do montante de benefícios previdenciários concedidos aos não pobres (28,9%) — recursos que movimentam um sistema de gastos rígidos e considerado “explosivo” pelo Banco Mundial. A proporção do orçamento público dedicada à previdência ultrapassa as fatias dedicadas a educação, saúde e ensino superior somadas (28,6%).

Para o organismo financeiro, o momento atual exige reformas capazes de renovar o ciclo de combate à pobreza e solucionar problemas estruturais da economia brasileira, como a baixa produtividade e o gargalo da infraestrutura — mascarados pela alta global das matérias-primas na última década.

Alta das commodities impulsionou renda, emprego e assistência

De acordo com o Banco Mundial, o período entre 2003 e 2013 foi marcado por uma valorização mundial dos preços de commodities como a soja e o minério de ferro — o que permitiu ao Brasil investir em assistência social, aumentar o nível de emprego e os salários.

As conquistas do país na luta contra a miséria representam quase 50% da redução da pobreza em toda a região da América Latina e Caribe.

Dados do Banco Mundial indicam que, de 2004 a 2013, a geração de empregos e a redução da informalidade foram os principais responsáveis pelo declínio da pobreza — condição de quem vive com 140 reais por mês.

No entanto, quando considerada a queda de 62% da pobreza extrema — 70 reais mensais per capita — para o mesmo período, o relatório destaca que esta teria sido provocada por rendimentos não salariais, principalmente por programas de transferência de renda como o Bolsa Família.

Apesar dos avanços, entre 2003 e 2014, enquanto os salários mínimo e real cresceram em média 68% e 38%, respectivamente, a produtividade por trabalhador aumentou apenas 21%.

Para o Banco Mundial, a baixa produtividade do Brasil — ainda não superada — se configura como um dos principais entraves ao crescimento econômico no período pós-2013, quando as matérias-primas passaram a registrar forte desvalorização no mercado mundial.

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Para tentar contornar a depreciação, o governo apostou em subsídios a alguns setores da economia, incentivos fiscais, controle de preços e crédito adicional oferecido pelos bancos estatais.

Mas a estratégia, além de pouco eficiente para estimular o crescimento, contribuiu para gerar um clima de incerteza que desestimulou investimentos e aumentou o déficit nas contas públicas. Como resultado desse processo e de uma economia externa em baixa, a queda na atividade econômica brasileira fez o PIB do país contrair 3,8% em 2015.

‘Ajuste fiscal e progresso social não são contraditórios’

O Banco Mundial aponta que, somente em 2016, o Brasil constatou a necessidade de um doloroso ajuste macroeconômico e fiscal que, no entanto, ainda não chegou a resolver os conflitos distributivos entre gastos com combate à pobreza e despesas previdenciárias com os não pobres.

O organismo alerta para transferências a empresas — inclusive renúncias e transferências fiscais implícitas por intermédio dos bancos estaduais e por meio de isenções fiscais pouco transparentes e eficientes — que ultrapassaram 5% do Produto Interno Bruto (PIB) ou quase 14% dos gastos primários.

Caso esses benefícios fossem reduzidos, mais recursos seriam liberados para melhorar os serviços públicos e as políticas voltadas à população desfavorecida. A gestão mais eficiente de recursos públicos e investimentos em saúde, educação e moradia poderiam avançar o combate à pobreza.

“Brasil enfrenta o dilema de solucionar as injustiças nos gastos públicos, reduzindo as transferências para aqueles em melhor situação, ou contemplar a necessidade de desativar programas sociais e reverter algumas das conquistas da década de ouro”, aponta relatório.

Em março, um estudo das Nações Unidas já havia chamado atenção para injustiças fiscais no Brasil que beneficiavam com isenção os chamados super-ricos.

Para o Banco Mundial, a crise trouxe à tona também outros desafios já existentes, como os baixos produtividade e dinamismo associados ao “estado de abandono da infraestrutura física do país e à limitação da concorrência resultante de regulamentações domésticas”.

De 2000 a 2013, apenas a agricultura apresentou aumento expressivo na sua produtividade (105,6%), ao passo que a indústria registrou queda (-5,5%) e serviços verificaram uma taxa quase constante. Curiosamente, o setor industrial registrou o maior aumento de vagas de trabalho — o que sugere que a maior parte dos postos não têm um rendimento tão alto quanto poderiam.

O organismo internacional destaca ainda os fracos incentivos à inovação, inclusive à adaptação de tecnologias, devido a uma série de intervenções governamentais ineficientes.

A superação dessas obstáculos exigirá o aprimoramento de formas de gestão e a capacitação da mão de obra que poderia utilizar novas tecnologias nas cadeias produtivas, tornando-as mais dinâmicas e competitivas.

Mesmo com o aumento dos investimentos públicos em Pesquisa & Desenvolvimento, iniciativas ainda não se traduziram em transformações significativas da produção do Brasil, ainda uma país de tecnologia média.

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