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o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:iticI \k liSO do d()ClIll1ento escrito no ensino de hi,t(lri>1. Para tanto, parte de ,lll:l:; premiss;ls (':Ira a SIW utilização A primeira reL1ciona-se com :1 nature:;1 e signiticldo do dOl-llmento hist(nico c ;1 segulld:l ,um O cOl1l1,n 1111isso que (l prufessor ele história dl'\T ter com slI:ll'r:itica docente. Cielltes da importância destas premiss;\s, () artigo :ll'ITsenta :\lgUIl1:1S hase, p:lrCl a uti!i=:lÇZIO lleste méto,!o dicl:itico qlle illll'rprcte () ,!\)Clll11enl() L"erito dc lll;\llcÍra di\'er,C;l ch posirivisr:\. Com i,su, este artivo pretcll'ic :IIIXili:u l) l'rl)!cssor estimular ;\ curiosidade ilwestigativ:1 e ampli;u o desejo pelo conhecimento dos estlldantes. Este método pretende ser 111:1is um rCCllrso que :ljllclc o professor a tranSf(lrmar a s:d;1 ele aula em um lug;u de pruduç30 de cUlll!ecimellt(l c,cn!ar. UNITERMOS: Pr:ítica de ensillo de Hist(lri:l, Métodos did::íticos, Uso de c!oCl1l11cntm históricos. Alguns prufcssores de Hist6ria têm percehido quc <1 Hansrniss80 do conhecimellto 1180 pode mais enfatizar apena::; os cunteúdos. () professllr que (lhriga (l aluno a decuwr um alll(l\1Wado de nomes, datas e conceitos, parece nflO fazer n mesmo sucesso que outrora. As grandes explicações síntese, como (l cstrutuLdisnHl e (l m,lfxisJ11O, tem se !11()str,1l1o, igualmente, I [-!istllri:tc!ur, l)PlI[llr, Professur cio Fnsinp FlIllll:l1ncnwl de!' bcub Pmq!1l' (!ZJ) E-mail: <pt.rl.irant.to(uhOI1l1.li1.com> 143

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Page 1:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

bull

o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTOacuteRIA PREMISSAS E BASES PARA UMA

bull DIDAacuteTICA CONSTRUTIVISTA

bull

bull RLSUMO Ete lrtig) apresem lima propo -1 diditicI k liSO do d()ClIll1ento

escrito no ensino de hit(lrigt1 Para tanto parte de llll premissls

(Ira a SIW utilizaccedilatildeo A primeira reL1ciona-se com 1 nature1 e

signiticldo do dOl-llmento hist(nico c 1 segulldl um O

cOl1l1n 1111isso que (l prufessor ele histoacuteria dlT ter com slIllritica

docente Cielltes da importacircncia destas premisss () artigobull llITsenta lgUIl11S hase plrCl a utii=lCcedilZIO lleste meacutetoo diclitico qlle illllrprcte () )Clll11enl() Lerito dc lllllcIacutera dierCl ch posirivisr Com isu este artivo pretcllic IIIXiliu l) lrl)cssor

estimular curiosidade ilwestigativ1 e ampliu o desejo pelo

conhecimento dos estlldantes Este meacutetodo pretende ser 1111is

um rCCllrso que ljllclc o professor a tranSf(lrmar a sd1 ele aula

em um lugu de pruduccedil30 de cUlllecimellt(l ccnarbull UNITERMOS Priacutetica de ensillo de Hist(lril Meacutetodos didiacuteticos Uso

de coCl1l11cntm histoacutericos

Alguns prufcssores de Hist6ria tecircm percehido quc lt1

Hansrniss80 do conhecimellto 1180 pode mais enfatizar apena os

bull cunteuacutedos () professllr que (lhriga (l aluno a decuwr um

alll(l1Wado de nomes datas e conceitos parece nflO fazer n

mesmo sucesso que outrora As grandes explicaccedilotildees siacutentese como lo

(l cstrutuLdisnHl e (l mlfxisJ11O tem se 11()str1l1o igualmente

I [-istllritcur l)PlI[llr Professur cio Fnsinp FlIlllll1ncnwl de bcub Pmq1l (ZJ) E-mail ltptrlirantto(uhOI1l1li1comgt

143

I

artificiais e distantes da realidade do estudante Aleacutem disso a

apresenctccedil1u do processo hisli~ricu cumo uma seqiiC~ncia

ubrigatoacuteria e incontestjvel de lcontecimenLus ocorridus na

Eurota mesmo que associadus aos fatos ocorridos nu Brasil tem

se lllostradu ontrltIacuteria aos princiacutepius COl1strutivistas que Urlentam

os lttruais Par2unetros Cllrriculares Naciclllais Seguind() esta

diretriz (lficial o lluno deve ser visto como sujeitu do processo

educativo e natildeo mais comll depositaacuterio de um conhecimento jiacute

pn nto e ltLLahadu Sua lxleriecircnc ia e saber ltlUllllldados h) 1 lI1go

da vida passaram a ser reconheciLlos e valorizados Por Lstas

razotildees o liSO de ducumentos escritos no ensino de Histoacuteria tem

se tornadl ullla das l()ricas mlis correntes na sala de llb A lcllccedilatildeo deste recurso LliclltIacutetico relll condiccedil(les de estimuiar a

c uriosill ade in ves tiga ti va e o desej () pelo con hecimen to

transformando a sala de aula em um lugar de produccedilatildeo de

conhecinwnru escoLlr Alguns livrus didIacutetIacuteLc)s tem incluiacutedo a

anuacutelise de ducumentus entre suas atividades A introduccediluumlo deste

meacutetod) didaacutetico visa auxiliar o estudante a construir

-lmhecinlLlltu em hist()ri~

O lbjcrivo des drtigu eacute lprecircsentm ~dgllmas premissas

para a utilizaccedilatildeu do documellto escritu na aula de histoacuteria Que

premissas serillll estas A primeira relaciona-se cum a natllreza

e significllo do documento lllst(ll-ico e a segundd (um o

compromisso ljue () protessor de histoacuteria deve ter com sua pruacutetica

docente Cientes lia importacircncia destas premissas passaremos l

apresentm ~llgl1mas bhes de uma proposta diLiacutetica de muacute]ise do

documento eSLTito 11( ensinu de hist(n-ia que It~lste-se eb maneira

positivista de interpretaccedilatildeo documental e auxilie o professor a

trlI1Sformlr 1 sala de lula em um espl~() de prudmfiacuteo de

c)I1hecilllLIlW em hi-rciacuteria

bull

Documento - Breve histoacuteria de um conceito

bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria

estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto

estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada

de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada

ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull

-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico

Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do

seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu

hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria

de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente

Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte

hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l

o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu

hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l

bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)

EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII

profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S

autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos

1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma

determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros

reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve

isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos

anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens

145

I

146

importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores

dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos

assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ

acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll

Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos

objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da

teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo

cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm

tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na

Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll

movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)

A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros

objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot

lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar

o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O

do registro Estes historiadores queriam que o material escrito

deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto

como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu

leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L

1( deacute louIll1ent

Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au

Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos

pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica

ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua

autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)

COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]

impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador

deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell

analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido

(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl

passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento

II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I

I

Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser

Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna

isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS

que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull

middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to

visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma

escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um

sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()

historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos

u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito

documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido

ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve

afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta

cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos

dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147

bull

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 2:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

artificiais e distantes da realidade do estudante Aleacutem disso a

apresenctccedil1u do processo hisli~ricu cumo uma seqiiC~ncia

ubrigatoacuteria e incontestjvel de lcontecimenLus ocorridus na

Eurota mesmo que associadus aos fatos ocorridos nu Brasil tem

se lllostradu ontrltIacuteria aos princiacutepius COl1strutivistas que Urlentam

os lttruais Par2unetros Cllrriculares Naciclllais Seguind() esta

diretriz (lficial o lluno deve ser visto como sujeitu do processo

educativo e natildeo mais comll depositaacuterio de um conhecimento jiacute

pn nto e ltLLahadu Sua lxleriecircnc ia e saber ltlUllllldados h) 1 lI1go

da vida passaram a ser reconheciLlos e valorizados Por Lstas

razotildees o liSO de ducumentos escritos no ensino de Histoacuteria tem

se tornadl ullla das l()ricas mlis correntes na sala de llb A lcllccedilatildeo deste recurso LliclltIacutetico relll condiccedil(les de estimuiar a

c uriosill ade in ves tiga ti va e o desej () pelo con hecimen to

transformando a sala de aula em um lugar de produccedilatildeo de

conhecinwnru escoLlr Alguns livrus didIacutetIacuteLc)s tem incluiacutedo a

anuacutelise de ducumentus entre suas atividades A introduccediluumlo deste

meacutetod) didaacutetico visa auxiliar o estudante a construir

-lmhecinlLlltu em hist()ri~

O lbjcrivo des drtigu eacute lprecircsentm ~dgllmas premissas

para a utilizaccedilatildeu do documellto escritu na aula de histoacuteria Que

premissas serillll estas A primeira relaciona-se cum a natllreza

e significllo do documento lllst(ll-ico e a segundd (um o

compromisso ljue () protessor de histoacuteria deve ter com sua pruacutetica

docente Cientes lia importacircncia destas premissas passaremos l

apresentm ~llgl1mas bhes de uma proposta diLiacutetica de muacute]ise do

documento eSLTito 11( ensinu de hist(n-ia que It~lste-se eb maneira

positivista de interpretaccedilatildeo documental e auxilie o professor a

trlI1Sformlr 1 sala de lula em um espl~() de prudmfiacuteo de

c)I1hecilllLIlW em hi-rciacuteria

bull

Documento - Breve histoacuteria de um conceito

bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria

estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto

estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada

de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada

ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull

-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico

Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do

seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu

hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria

de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente

Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte

hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l

o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu

hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l

bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)

EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII

profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S

autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos

1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma

determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros

reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve

isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos

anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens

145

I

146

importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores

dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos

assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ

acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll

Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos

objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da

teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo

cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm

tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na

Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll

movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)

A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros

objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot

lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar

o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O

do registro Estes historiadores queriam que o material escrito

deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto

como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu

leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L

1( deacute louIll1ent

Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au

Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos

pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica

ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua

autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)

COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]

impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador

deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell

analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido

(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl

passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento

II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I

I

Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser

Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna

isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS

que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull

middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to

visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma

escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um

sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()

historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos

u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito

documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido

ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve

afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta

cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos

dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147

bull

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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li 161

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REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 3:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

bull

Documento - Breve histoacuteria de um conceito

bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria

estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto

estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada

de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada

ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull

-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico

Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do

seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu

hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria

de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente

Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte

hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l

o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu

hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l

bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)

EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII

profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S

autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos

1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma

determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros

reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve

isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos

anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens

145

I

146

importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores

dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos

assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ

acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll

Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos

objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da

teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo

cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm

tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na

Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll

movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)

A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros

objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot

lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar

o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O

do registro Estes historiadores queriam que o material escrito

deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto

como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu

leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L

1( deacute louIll1ent

Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au

Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos

pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica

ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua

autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)

COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]

impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador

deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell

analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido

(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl

passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento

II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I

I

Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser

Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna

isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS

que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull

middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to

visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma

escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um

sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()

historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos

u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito

documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido

ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve

afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta

cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos

dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147

bull

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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li 161

I

I

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 4:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

146

importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores

dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos

assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ

acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll

Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos

objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da

teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo

cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm

tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na

Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll

movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)

A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros

objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot

lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar

o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O

do registro Estes historiadores queriam que o material escrito

deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto

como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu

leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L

1( deacute louIll1ent

Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au

Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos

pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica

ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua

autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)

COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]

impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador

deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell

analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido

(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl

passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento

II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I

I

Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser

Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna

isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS

que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull

middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to

visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma

escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um

sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()

historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos

u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito

documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido

ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve

afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta

cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos

dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147

bull

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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li 161

I

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SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

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164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 5:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

I

Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser

Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna

isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS

que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull

middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to

visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma

escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um

sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()

historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos

u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito

documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido

ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve

afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta

cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos

dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147

bull

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

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KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 6:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

148

No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui

lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1

que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com

que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor

tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para

a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento

em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que

val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r

tenha cum sua pritica ducenle

o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia

E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1

pruacutetica docent e

No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino

fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a

niidak locente

Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l

razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente

Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e

desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela

ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl

pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd

horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para

sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora

esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste

casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda

puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade

de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram

II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 7:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

11

bull

bull

lO

os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por

lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l

Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas

puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados

l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do

slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo

nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial

tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste

lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica

Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo

Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que

1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma

jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino

como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade

- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()

mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS

profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll

campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)

() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e

permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I

frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal

alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw

distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte

d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve

de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de

comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm

Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

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li 161

I

I

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JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

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164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 8:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos

krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino

fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes

que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()

professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua

priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia

deste quadro

A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a

seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto

Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da

mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre

j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que

ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas

Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores

carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo

emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos

qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados

pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com

a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam

incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo

Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de

1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa

preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de

contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se

transforma assim numa lllukta

A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais

iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente

da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes

Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que

uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute

igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da

docecircncia em muldes profissionais e especillizados

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 9:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

I

bull

Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento

SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull

d()centes

participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar

11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy

liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula

representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I

entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode

scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para

tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma

rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar

Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no

ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como

middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()

profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em

tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo

docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais

tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a

lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos

viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com

ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml

furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso

social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que

sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li

SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social

em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua

ideacuteia ~lfinnand(l

lS1

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 10:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

152

Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros

interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls

(COlSETTI 2000122)

Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar

amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo

e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)

e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm

pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam

com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de

estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do

reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist

OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc

senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento

especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala

de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da

pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem

pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na

proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato

cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo

poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se

mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de

ca llC i1accediluu profissional

Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica

tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor

demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()

com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)

dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu

llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 11:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

li

bull

(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere

l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull

lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem

estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas

expectativasbull

Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar

a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos

Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e

Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que

yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)

A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1

pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll

t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m

A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem

este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige

que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e

pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1

fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de

lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve

Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute

maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb

A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua

pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo

de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista

tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que

esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a

151

I

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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li 161

I

I

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JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

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PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

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REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

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164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 12:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc

reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade

Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos

l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)

o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua

utilizaccedilatildeo

o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem

se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para

responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem

incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta

in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl

reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In

exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm

sido publicadas contendo exclusivamente documentos

hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas

puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos

histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes

sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem

explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica

docente

Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo

pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue

aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl

de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l

meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como

ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I

conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada

brasileira

Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

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li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

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PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

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PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 13:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor

bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja

da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente

do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO

111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se

refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo

documento J

Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma

Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros

capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta

VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo

deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()

melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l

sdha fazer pior que todos

1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde

e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei

lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)

bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento

hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem

escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel

bull

documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo

antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento

l seu sentic) geral

No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este

documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem

quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este

l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato

dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A

155

li

I

--------------------------------------------------------------- shy

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

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(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

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PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

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REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

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TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 14:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

156

maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc

que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]

que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo

para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa

1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio

Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o

iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod

Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)

ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI

literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade

Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte

eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que

Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que

aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear

Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()

dncumento

r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em

muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil

cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico

guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o

produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc

no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl

pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil

sempre rica e impressionante

Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento

em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar

no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas

mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS

essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu

I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)

Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 15:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

bull

bull

bull bull

lO

I

Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()

prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i

lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno

eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem

compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln

() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma

atraente

No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da

nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio

Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO

pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)

COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos

americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo

lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima

l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os

interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl

o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e

L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio

de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao

Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena

nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo

11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava

era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No

discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O

prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue

ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp

lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

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li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

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ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 16:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo

inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle

o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c

que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal

l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)

Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos

his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I

desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu

tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e

geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino

de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante

O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)

LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls

julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de

preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns

professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de

vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em

sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo

Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu

para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo

Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento

em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS

pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha

A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L

nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1

(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)

1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

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I

I

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

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  • Sem nome
Page 17:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

I

bull

A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos

prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha

apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos

que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull

diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a

in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e

fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano

(jONIU102000)

bull

Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem

de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no

telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade

que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para

llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto

que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse

estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl

se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo

bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos

peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com

armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder

Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il

Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da

lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()

aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido

lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves

les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do

homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)

159

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)

Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

is pwduccd

KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

iacute

165

  • Sem nome
Page 18:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

o professor deve selecionar um documentll em que a

narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante

apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu

foi PI leI u=iLo

A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no

Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que

permite a apreensatilde 1 do humem concreto

~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5

capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim

foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi

dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL

lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l

[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy

se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por

essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria

do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm

Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)

o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo

da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem

cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26

de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS

dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar

II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o

professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do

tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo

UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu

esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ

adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru

160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que

bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

bull

ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)

Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0

Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that

S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc

the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory

teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the

importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written

dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in

their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI

their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to

rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc

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KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

bull

llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

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165

  • Sem nome
Page 19:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

bull

prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri

encarado com naturdidade cleixando de representar a

climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo

mariacutetima

bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd

Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos

documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I

estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)

cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho

privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do

conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)

Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees

presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor

bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por

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bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt

I

t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na

Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito

I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c

pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila

da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez

uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou

Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161

bull I

162

no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas

descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um

pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica

durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()

estudante a illterpretar e comprcender () significado mais

pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida

pur Cabral

Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)

ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)

A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a

sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar

Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus

aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor

Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento

hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas

Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs

a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

li

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ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de

hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)

Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

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their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

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llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

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165

  • Sem nome
Page 20:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

162

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Consideraccedilotildees Finais

Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se

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A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as

aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica

pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted

na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por

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Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram

Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A

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a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e

l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001

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hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S

que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

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Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

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Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

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I

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LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

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Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

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WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

ABSrRCf

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KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts

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llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl

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165

  • Sem nome
Page 21:  · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA • DIDÁTICA CONSTRUTIVISTA • • RLSUMO: E,te :lrti,g\) apresem;\ lima propo'! ;-1 did:itic

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que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1

intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica

1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva

(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo

IJ

Referecircncias Bibliograacuteficas

BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993

BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995

BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria

mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I

COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222

CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967

FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)

bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)

Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C

HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S

(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976

li 161

I

I

IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

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Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29

SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL

Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983

164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc

l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97

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Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt

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their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis

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IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003

JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()

LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO

KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)

LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553

MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43

PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111

ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll

Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B

PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em

tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989

PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll

LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997

REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994

ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))

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Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14

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164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I

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