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A MATEMÁTICA POR TRÁS DA NOTÍCIA: O USO DE REVISTAS E JORNAIS EM SALA DE AULA Orlando Pereira Costa 1 RESUMO: O presente projeto teve por objetivo fazer com que os alunos percebessem que a Matemática vai além das fronteiras da escola e que se faz presente nas mais diversas áreas do conhecimento. O uso de revistas e jornais em sala de aula como uma fonte rica de informações foi um valioso instrumento para ocorresse essa percepção. A cada conteúdo abordado durante o ano letivo de 2009 com os alunos da 1ª série do Ensino Médio foram apresentados uma notícia, uma propaganda, uma nota de opinião, gráficos ou ainda dados estatísticos retirados destes tipos de periódicos, procurando fazer sempre uma relação entre a Matemática da sala de aula com os fatos e acontecimentos que fazem parte do nosso dia a dia. Desta maneira, além de interpretar informações, discutir idéias e analisar fatos ocorridos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber que a Matemática encontra-se explícita ou implicitamente em diversos textos e pode se apresentar nas mais diferentes linguagens, sendo essa a base dos grandes avanços científicos e que contribui diretamente com as constantes mudanças que ocorrem na nossa sociedade. Palavras chaves: Matemática. Revistas. Jornais. Contextualização. Notícias. Tratamento de informação. ABSTRACT: This project aimed to make students realize that mathematics goes beyond the boundaries of the school and who is present in several areas of knowledge. The use of magazines and newspapers in the classroom as a rich source of information was a valuable tool to that perception occurred. Each program used during the school year of 2009 with students from the 1st year of secondary school were presented a story, an advertisement, a statement of opinion, graphs or statistical data drawn from these types of journals, trying to always a relationship between the mathematics classroom with the facts and events that are part of our daily life. In this way, besides interpret information, discuss ideas and analyze facts, the students had the opportunity to realize that mathematics is explicitly or implicitly in several texts and can present itself in many different languages, which constitutes the base of the great advances scientific and directly contributing to the constant changes that occur in our society. Key words: Math. Magazines. Newspapers. Background. News. Treatment of information. 1 Professor da Rede Pública do Estado do Paraná. Professor PDE-2008/2009 – [email protected]

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A MATEMÁTICA POR TRÁS DA NOTÍCIA: O USO DE REVISTAS E JORNAIS EM SALA DE AULA

Orlando Pereira Costa1

RESUMO: O presente projeto teve por objetivo fazer com que os alunos percebessem que a Matemática vai além das fronteiras da escola e que se faz presente nas mais diversas áreas do conhecimento. O uso de revistas e jornais em sala de aula como uma fonte rica de informações foi um valioso instrumento para ocorresse essa percepção. A cada conteúdo abordado durante o ano letivo de 2009 com os alunos da 1ª série do Ensino Médio foram apresentados uma notícia, uma propaganda, uma nota de opinião, gráficos ou ainda dados estatísticos retirados destes tipos de periódicos, procurando fazer sempre uma relação entre a Matemática da sala de aula com os fatos e acontecimentos que fazem parte do nosso dia a dia. Desta maneira, além de interpretar informações, discutir idéias e analisar fatos ocorridos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber que a Matemática encontra-se explícita ou implicitamente em diversos textos e pode se apresentar nas mais diferentes linguagens, sendo essa a base dos grandes avanços científicos e que contribui diretamente com as constantes mudanças que ocorrem na nossa sociedade.

Palavras chaves: Matemática. Revistas. Jornais. Contextualização. Notícias. Tratamento de informação.

ABSTRACT: This project aimed to make students realize that mathematics goes beyond the boundaries of the school and who is present in several areas of knowledge. The use of magazines and newspapers in the classroom as a rich source of information was a valuable tool to that perception occurred. Each program used during the school year of 2009 with students from the 1st year of secondary school were presented a story, an advertisement, a statement of opinion, graphs or statistical data drawn from these types of journals, trying to always a relationship between the mathematics classroom with the facts and events that are part of our daily life. In this way, besides interpret information, discuss ideas and analyze facts, the students had the opportunity to realize that mathematics is explicitly or implicitly in several texts and can present itself in many different languages, which constitutes the base of the great advances scientific and directly contributing to the constant changes that occur in our society.

Key words: Math. Magazines. Newspapers. Background. News. Treatment of information.

1 Professor da Rede Pública do Estado do Paraná. Professor PDE-2008/2009 – [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

Estabelecer uma relação entre os conteúdos abordados em

sala de aula com atividades voltadas a realidade do aluno, o que ele vivencia

no seu dia-a-dia, sempre foi um grande desafio enfrentado professor de

Matemática. Superar as dificuldades deste desafio é prática cotidiana do fazer

pedagógico do professor. Os questionamentos dos alunos sobre a importância

e utilidade social ou vivencial de alguns conteúdos a eles apresentados em

sala de aula e em que área do mercado de trabalho estes têm aplicações

práticas não apresentam respostas fáceis e nem breves (ÁVILA, 1995).

Segundo Centurión e Smole (2004), é importante estabelecer a

relação aluno-realidade social possibilitando a integração real da Matemática

com o cotidiano e com as demais áreas do conhecimento. Segundo as autoras,

o ensino de Matemática deve ser entendido como parte de um processo global

na formação do aluno, enquanto ser social (CENTURIÓN; SMOLE, 2004).

Neste sentido, como integrar a Matemática com o cotidiano do

aluno e as demais áreas do conhecimento de forma processual para sua

formação global enquanto um ser social?

Ainda que alguns professores desejem mudar sua prática

pedagógica, muitas vezes se deparam com o problema da falta de materiais

que apresentam propostas de atividades a partir de situações-problemas

contextualizadas que fazem a relação dos conteúdos e a vivência dos alunos

em seu meio social.

Segundo o Instituto Paulo Montenegro (IBOPE, 2002) apenas

21% da população brasileira consegue compreender informações a partir de

gráficos e tabelas. Tal fato arremete o professor de Matemática ao desafio pela

busca de instrumentos que propiciem ao indivíduo, dentro ou fora do ambiente

escolar, uma oportunidade de participar efetivamente da vida social, auxiliando-

o na avaliação de situações e na tomada de decisão diante delas, podendo

desta maneira realizar uma reflexão crítica das informações que lhe são

apresentadas (SUELY DRUCK, 2004).

Assim, o professor de Matemática, deve sempre buscar

modelos de recursos impressos para utilizar como recurso didático de apoio ao

3

livro didático e explorá-los de maneira adequada em sala de aula.

Bastos; Renz (2004), sugerem:

[...] utilizar matérias e reportagens de cunho matemático extraídos de jornais e revistas, uma vez que estes são fontes interessantes, de baixo custo, trazendo assuntos reais nas mais diversas áreas da ciência que podem ser explorados em sala de aula como a capacidade de analisar gráficos e tabelas. No entanto para a utilização de materiais concretos como jornais e revistas é necessário saber explorá-los de forma clara, ter um planejamento didático adequado para que se atinja os objetivos propostos (p.3).

Nesse contexto, jornais e revistas aparecem como uma

proposta simples para as aulas de Matemática. Por intermédio desses modelos

de mídias impressas, fazer a interação entre os conteúdos a serem ensinados

e os acontecimentos presentes nas notícias neles publicadas, possibilitando ao

estudante a oportunidade de analisar, discutir, primeiramente de forma intuitiva

e, através da mediação do professor, progressivamente apropriar-se da

linguagem e simbologia para compreender conceitos e formular suas próprias

idéias. Com a inserção dos textos presentes nestes modelos de mídias,

procura-se, de forma interdisciplinar, que os alunos se interessem a em

procurar se informar sobre vários assuntos como política, economia, saúde,

geografia, história entre outros, oportunizando-os ainda, a compreender outros

tipos de linguagens e levando-os a perceber que a Matemática está presente

em quase tudo na nossa vida e que, a partir dela, o homem pode ampliar seu

conhecimento e por conseqüência contribuir para o desenvolvimento da

sociedade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A escola exerce sua função social quando possibilita ao aluno

desenvolver suas competências de leitura e escrita nos mais diversos gêneros.

Para Neves (2000, p.15) “só tendo a coragem de assumir, de

uma vez por todas, que ler e escrever são tarefas da escola e não só do

professor de português”. Assim, ler e interpretar diferentes tipos de textos em

diferentes linguagens, coletar e organizar informações, formular perguntas,

4

questionar e argumentar são habilidades básicas que deve ser desenvolvido no

indivíduo durante sua vida escolar, independente da área do conhecimento.

Compete aos profissionais da educação, estabelecer uma

conexão entre os alunos e o mundo por meio de atividades de

observação/experimentação e extrair destes suas impressões, significados e

valores sobre o assunto abordado. (PCN – Ciências Naturais, de 5ª a 8ª, p. 59).

Dentro dessa perspectiva, o ensino da Matemática assume um

papel fundamental, pois este está ligado à compreensão, isto é, à apreensão

dos significados, estabelecendo conexões não só com o cotidiano, mas

também com outras disciplinas e com outros temas da matemática.

Entre as considerações preliminares da área da matemática

segundo os PCN podemos citar:

A atividade matemática escolar não é “Olhar para as coisas prontas e definitivas”, mas a construção e a apropriação de conhecimentos pelo aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade. (PCN – Matemática – 1ª a 4ª, p. 19)

Baseado nesta consideração pode-se dizer que não basta levar

o aluno a apropriar-se de determinados conteúdos, mas procurar estratégias

que façam com que este perceba sua utilidade nas mais diversas áreas e sua

contribuição para os avanços científicos e tecnológicos.

Segundo Machado (1987, p.32)

Para captar a interação entre a Matemática e a Realidade, entre o lógico e o social, não se pode impor nenhuma linearidade, nenhum caminho mecanicista, ainda que com mão-dupla.

Estratégias de ensino da Matemática que a justifique no

contexto escolar é mostrar sua aplicabilidade nas construções do

conhecimento humano e usufruídas socialmente. Para Ávila (1995, p.4):

A razão mais importante para justificar o ensino da Matemática é o relevante papel que essa disciplina desempenha na construção de todo o edifício do conhecimento humano.

Assim, o aluno não pode ficar com a percepção que o

conhecimento matemático ocorre de forma isolada e que é simplesmente

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herança pronta e acabada elaborada por gênios do passado apenas para

constarem em currículos escolares.

Sobre a natureza da matemática e seu ensino, D´Ambrósio

(1998, p.31) diz que:

É muito difícil motivar com fatos e situações do mundo atual uma Ciência que foi criada e desenvolvida em outros tempos em virtude dos problemas de então, de uma realidade, de percepções, necessidades e urgências que nos são estranhas. Do ponto de vista de motivação contextualizada, a Matemática que se ensina nas escolas hoje é morta. Poderia ser tratada como um fato histórico.

Buscar nas mídias impressas matérias que tragam assuntos

relativos ao mundo atual para fazer a relação entre os conteúdos aplicados em

sala à realidade na qual nos encontramos é um dos grandes desafios para o

professor de Matemática que se preocupa em transformar seus alunos em

cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Segundo Paulo Freire (1996,p.17)

“A capacidade de aprender, não é apenas nos adaptarmos, mas, sobretudo,

para transformarmos a realidade”.

A dificuldade de articulação dos conteúdos com o contexto

social foi prevista por Ponte (1997, p.69):

O maior desafio do futuro próximo será, muito possivelmente, o de encontrar formas eficazes de articular a criatividade dos professores na construção de situações e materiais adequados aos seus alunos com os imperativos sociais duma formação de base sólida para todos os que freqüentam o ensino secundário.

Munir o aluno de informação não significa que estamos lhe

transferindo conhecimentos, pois “informação é um dado isolado, enquanto

conhecimento refere-se à vários dados integrados e por conseguinte com

sentido” ( Aquino, 1999, p.25). Neste sentido, é a habilidade do professor em

fazer a transposição didática que determinará a eficiência na construção do

conhecimento.

Na dimensão interdisciplinar, cabe aos educadores, propiciar

estratégias que levem os alunos a interpretar, refletir e que sejam provocados

para que ocorra uma ação, pois a ação gera conhecimento, gera a capacidade

de explicar, de manejar, de entender a realidade, gera o “matema” (

6

D`Ambrósio, 1998, p. 23).

Esta nova concepção de ensino levou os autores de livros

didáticos a incluir em suas obras, atividades envolvendo situações-problemas

buscando relacionar conteúdos de cada capítulo com situações voltadas à

realidade. Mas a realidade de quem?

Ao questionar o livro didático, Molina (1988, p.18) diz que:

O livro didático adquire especial importância quando se atenta para o fato que ele pode ser, muitas vezes, o único livro com o qual a criança tem contato.

Ao limitar a aula somente ao livro didático como recurso

pedagógico, o professor pode estar privando o aluno de importantes fontes de

informação que, para grande parte da clientela estudantil já é de fácil acesso, a

exemplo da televisão, do rádio e da internet. Esta última, apesar de uma

linguagem objetiva e dinâmica e de estar constantemente atualizada, apresenta

(ainda) certas limitações no que tange à realidade das escolas públicas.

Revistas e jornais aparecem neste contexto como importantes

recursos de fonte de informação, pois são materiais de baixo custo e abordam

os mais diversos assuntos representados por diferentes linguagens, como

gráficos e tabelas que podem ser relacionados aos conteúdos Matemáticos

com suas aplicações e implicações, contribuindo assim para que os conteúdos

explorados adquiram significado (CENTURIÓN; SMOLE, RPM-20, 1992, p.2).

A mídia impressa pode ser uma ótima estratégia de ensino e

aprendizagem nas escolas. Seus ricos e variados assuntos e recursos gráficos

podem ser utilizados para despertar o interesse do aluno na realização das

atividades.

Ao desenvolver atividades abordando problemáticas de

interesse do aluno, e algumas vivenciadas por ele, o professor poderá utilizar-

se de uma Abordagem Etnomatemática, expressão usada por Knijnik (1996, p.

12) para designar:

“A investigação das tradições, práticas e concepções Matemáticas de um grupo social subordinado (quanto ao volume e composição de capital social, cultural e econômico) e o trabalho pedagógico que se desenvolve com o objetivo de que o grupo: interprete e decodifique seu conhecimento; adquira o conhecimento produzido pela

7

Matemática acadêmica e estabeleça comparações entre o seu conhecimento e o conhecimento acadêmico, analisando as relações de poder envolvidas no uso destes dois saberes.”

Desta maneira, a aplicação de situações-problema nas aulas

de Matemática possibilita o aluno participar de atividades que possam

desenvolver seu raciocínio, agindo e refletindo sobre a realidade que o cerca e

fazendo uso das informações que possam dispor, desenvolvendo assim seu

pensamento crítico e raciocínio lógico.

3 RESULTADOS

O trabalho com artigos de jornal ou revista serve, entre outras

coisas, para relacionar o conteúdo matemático com suas aplicações e

implicações, contribuindo assim para que os conteúdos explorados adquiram

significado (STOCCO, RPM-20 1992, p.6).

Frente a tal afirmação, surge o problema:

a) O aluno consegue facilmente relacionar o conteúdo

explorado em sala com informações contidas nas matérias apresentadas pelas

revistas e jornais?

b) O fato de compreenderem que os conteúdos matemáticos

fazem parte de diversas áreas do conhecimento científico, desperta no aluno

um interesse maior pela disciplina?

c) Há uma maior assimilação e compreensão dos conteúdos

quando as atividades estão voltadas à sua realidade?

d) O aluno consegue decodificar a simbologia nas

informações e transmiti-las numa linguagem mais simples?

Com o objetivo de dar respostas a estas perguntas, foi

elaborado dois testes com estratégias diferentes para a explicitação do

aprendizado. Os testes foram aplicados aos alunos do 1º MA do Colégio

Estadual Prof. Paulo Freire.

Para aplicação do teste 1, foi comunicado que o teste seria

aplicado por duplas de alunos e foi solicitado antecipadamente que os alunos

trouxessem calculadora, papel milimetrado, régua e balança de banheiro.

8

A aplicação do teste 1 aconteceu de modo formal, na qual os

alunos tinham liberdade de pesquisar, opinar, discutir, comparar e relacionar

os dados pessoais com os dos demais colegas da turma, limitando-se a

responder as questões apenas com o auxílio do colega no qual fazia parceria.

Sempre que necessário, o professor podia intervir para tirar dúvidas e

esclarecer algumas situações ainda desconhecidas para os alunos.

Após o término do teste 1, os alunos continuaram em duplas e

realizaram o teste 2 ainda com auxílio dos materiais disponíveis.

Terminada a aplicação dos 2 testes, foi apresentado aos

alunos um questionário que deveriam responder individualmente, onde

apresentaria sua percepção e considerações pessoais sobre o trabalho

desenvolvido. Foi perguntado aos alunos: 1) Qual dos 2 testes você teve mais

facilidade em resolver? Por quê?; 2)Qual dos 2 testes despertou mais o seu

interesse ? Por quê?; 3) Você conseguiu a princípio, relacionar as informações

do teste 1 com o conteúdo visto em sala? Qual foi sua maior dificuldade?; 4)

Analisando matematicamente, você encontrou alguma incoerência nas

informações apresentadas nos textos do teste 1? Qual?; 5) Quais as áreas de

conhecimento em que você poderia aplicar o conteúdo abordado em sala?

Com os resultados da pesquisa, os alunos foram levados ao

Laboratório de Informática para tabulação, produção de gráficos e análise e

discussão dos resultados.

Os resultados obtidos estão expressos nas figuras abaixo:

Figura 1

9

Analisando os resultados obtidos nos 2 testes, podemos

perceber que houve uma coerência entre as respostas dos alunos e os pontos

obtidos (Figura 1).

Figura 2

Dos alunos que responderam que o teste 2 foi mais fácil de

resolver, 77% relataram que as questões eram semelhantes às aplicadas em

sala, por isso já estavam acostumados a esse modelo de atividades (Figura 2).

Figura 3

Dos alunos que responderam o teste 2, obtivemos as seguintes

justificativas (Figura 3): 24% disseram que o fato de trabalhar com informações

voltadas à realidade, ao dia-a-dia, se tornam mais interessantes as atividades;

• Resultados obtidos - intervalo de 20 pontos

10

16% gostaram das atividades, pois aprenderam a fazer regime de maneira

correta; 12% acharam interessante o fato das atividades serem extraídas de

notícias de revistas e não de livros; 12% alegaram que as atividades

desenvolvidas desta maneira são mais divertidas; 12% gostaram de tarabalhar

com partes do corpo; 8% disseram que com este tipo de material fica mais fácil

de aprender e 4% não opinaram.

Figura 4

Das principais dificuldades apresentadas pelos alunos durante

a resolução do teste 1, destacam-se (Figura 4): 42% encontraram dificulades

em construir os gráficos, uma vez que envolviam números decimais; 30%

apresentaram dificuldades com relação à escrita das expressões matemáticas

que representavam cada situação; 12% alegaram que a maior dificuldade

estava na própria interpretação das questões e 15% disseram não terem

encontrado dificuldades na resolução das atividades.

11

Figura 5

Das incoerências observadas pelos alunos, podemos destacar

(Figura 5): 55% alegaram que os valores não podem ser considerados exatos

em nenhum dos dos casos, pois varia muito de pessoa para pessoa; 15%

disseram ser impossível, segundo a informação da dieta milagrosa, uma

pessoa chegar a 0 kg e 7% acham difícil o cabelo crescer tão rápido, pois em

poucos anos estaria com um comprimento maior que a altura da pessoa.

Figura 6

Nota-se que 86 % dos alunos relacionaram o conteúdo de

funções apenas com áreas de conhecimento acadêmicas, enquanto que

apenas 14% citaram outras áreas como construção civil e mecânica de

automóveis (Figura 6).

12

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender o ensino da matemática como um processo global de

formação do aluno, enquanto ser social é realizar um fazer pedagógico que

integre os conceitos e fundamentos matemática aos fatos correntes em seu

meio social.

Capacitar o aluno para a leitura de mundo que o cerca e apoiá-

lo nas tomadas de decisão de forma consciente é um desafio enfrentado pelo

professor.

A pesquisa mostra que situações-problemas contextualizadas

despertam o interesse do aluno pela sua percepção de não estar fazendo

tarefas escolares, apresentam códigos e simbologias mais facilmente

decodificáveis em razão de suas vivências e há uma interação entre o tema

abordado e a curiosidade do aluno. Os alunos apresentaram dificuldade de

relacionar os conteúdos matemáticos à outras áreas de conhecimento. Porém,

tal relação depende do repertório de conhecimento apropriado pelo aluno em

seu meio social.

Utilizar de recursos midiáticos acessíveis aos alunos e comum

a sua suas vivências como jornais e revistas favorece o interesse pelo

aprendizado por compreensão e leva o aluno a perceber a matemática implícita

nas diferentes situações do cotidiano.

Um cuidado que o professor deve ter ao selecionar os

contextos para a exploração dos conteúdos matemáticos em periódicos como

revistas e jornais que se prestam à informações empíricas, é esclarecer tal fato

ao aluno, ou até mesmo observar na atividade “ esta fonte não apresenta

dados científicos que embasem a informação prestada”. Tal cuidado orienta e

desperta no aluno o senso crítico em relação às informações veiculadas nos

diferentes meios midiáticos.

Os conteúdos ensinados através das atividades aplicadas para

cumprir o objetivo deste artigo foram: Funções; Domínio e Imagem da função;

Representação Gráfica da Função; Expressões Matemáticas; Sistema Métrico

e Medida de massa. O contexto tem potencial para ter seu conteúdo ampliado

como a determinação do domínio e imagem da situação, extrapolar o contexto

13

interligando-o a situações problemas que envolvam números inteiros e

irracionais.

As atividades desenvolvidas, fundamentadas no ensino da

matemática utilizou-se da Etnomatemática para dar significado à Matemática

escolar, da Resolução de Problemas para a mobilização dos conhecimentos

prévios do aluno e a aplicação dos saberes adquiridos em sua vivência escolar

e social, da Modelagem para a compreensão da transposição do contexto para

a linguagem própria da matemática, do Método da Investigação, visto que os

alunos tiveram que testar hipóteses e analisá-las para verificar a coerência da

situação proposta e ainda, das Mídias Tecnológicas para apresentar os

resultados obtidos em planilhas eletrônicas.

5 REFERÊNCIAS

AQUINO, J. G. Autoridade e Autonomia na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAMILO, P. A., Gráficos de Jornais e Revistas: A dificuldade encontrada em interpretá-los. UNIMESP : Centro Universitário Metropolitano de São Paulo. Disponível em: <www.unimesp.edu.br/arquivos/mat/tcc06/Artigo_Patricia_ Almeida_Camillo.pdf> Acesso em 20 jul. 2008.

D´AMBRÓSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre a Educação Matemática. Campinas: Summus, 1986.

______. Educação Matemática: da Teoria à Prática. Campinas: Papirus, 1998.

FREIRE, P.. Pedagogia da autonomia: saberes associados á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

14

Grupo de Estudos de Educação Matemática e Científica – anos finais –Prefeitura de Caxias do Sul, 2007. Disponível em: <www.caxias.rs.gov.br/ geemac/_upload/encontro_48.pdf>. Acesso em 20 jun. 2008. Acesso 20 jul. 2008.

Instituto Paulo Montenegro (IBOPE). Analfabetismo Funcional. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.10.01. 00.00&num=5&pg=0&tp=releases&ver=por>. Acesso em 20 jul. 2008.

KNIJNIK, Gelsa. Exclusão e Resistência, Educação Matemática e Legitimidade Cultural. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

MACHADO, N. J.. Matemática e Realidade. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1987.

MOLINA, O.. Quem engana quem? Professor X Livro Didático. Campinas: Papirus, 1988.

MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M., MASETTO, M. T., BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

NEVES, Iara Conceição B. [et al.]. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 8ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRS, 2007.

PONTE, J. P. et al. Didática da Matemática. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento do Ensino Secundário, 1997.

Revista do Professor de Matemática. V 20. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,1992.

______. V 53. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,2004.

______. V 27. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,1995.

TORRES, R. M.. Que ( e como) é necessário aprender ? Necessidades básicas de aprendizagem e conteúdos curriculares. Campinas: Papirus, 1994.

Anexo 1

16

Teste 1

Nome : _______________________________nº____

Atividade 1: Acompanhando o crescimento dos seus cabelos

Seda S.O.S. Crescimento Fortificado

Como fazer seu cabelo crescer mais rápido e forte

Para realizar este sonho de todas as mulheres não é necessário fazer alongamento, tomar fortificantes ou mesmo cortar o cabelo em noites de lua cheia. Basta tomar alguns cuidados simples, como a escolha do seu shampoo

Publieditorial Pesquisas realizadas pela Unilever apontam que 70% das mulheres brasileiras gostariam de ter um cabelo mais longo. Além disso, “crescimento” e “força” são duas das principais necessidades femininas quando o assunto são os cabelos. Por isso, a marca Seda sai mais uma vez à frente e lança a linha Seda SOS Crescimento Fortificado que tem como principal benefício proporcionar crescimento saudável aos fios. O lançamento, que conta com um investimento de R$ 17 milhões em desenvolvimento, pesquisa e comunicação, chega ao mercado no próximo mês e vem complementar a plataforma de cuidados da marca Seda composta pelas variantes SOS Caspa, SOS Ceramidas, SOS Keraforce, SOS Queda e SOS Reparação. “Apostamos amplamente em pesquisas para atender as necessidades das nossas consumidoras no que se refere aos cuidados com os cabelos, com isso criamos a primeira e única linha de crescimento fortificado do mundo. Um cabelo melhor condicionado fica mais protegido e mantém suas propriedades evitando com que quebre e caia. Dessa forma, fica mais forte para alcançar o comprimento desejado. O Brasil é o primeiro mercado da Unilever a receber essa novidade”, explica Paula Lopes, gerente de marketing de Seda. Com o mote “Estréie até 1,27 centímetros de crescimento mais forte por mês*”, serão veiculados anúncios em mídias como TV aberta e cabo, revista, mídia exterior e internet com início na segunda quinzena de agosto.

Fonte: <http://www.unilever.com.br/ourbrands/advertising/videos_publicidade_seda_crescimento_fortifi

cado.asp?W=320&H=286>.

Estréie até 1,27 cm de crescimento mais forte por mês!* *Valor médio de crescimento

natural do cabelo. Atua na diminuição da quebra, pontas duplas e ressecamento,

permitindo um crescimento mais forte.

17

1) Quais os tipos de variáveis que aparecem nesta situação? 2) Digamos que você comece a usar hoje o produto da propaganda (tempo

0) e que ele apresente os resultados conforme a sua divulgação.Meça o comprimento do seu cabelo e complete a tabela fazendo o acompanhamento dos resultados.

Tempo (meses) Comprimento do cabelo (cm)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

3) Qual o comprimento do seu cabelo após 1 ano?

4) E após dois anos?

5) E após cinco anos?

6) Faça uma representação gráfica desta situação tendo com abscissa

tempo (em meses) e ordenada comprimento do cabelo (em cm).

7) Dê a expressão que define esta função.

8) Que tipo de função esta situação representa?

18

Atividade 1 : Acompanhando o crescimento dos seus cabelos

Conteúdo estruturante: funções

Objetivos da atividade:

- analisar a relação de dependência entre as variáveis de uma situação;

- identificar como se comporta um gráfico da função afim crescente;

- compreender que para toda seqüência padronizada de valores há uma

expressão geral.

Resolução:

1) Tempo em meses e comprimento dos cabelos em centímetros.

2) A variação é de acordo com o comprimento dos cabelos dos alunos. A

cada mês ocorrerá um aumento de 1,27 cm.

3) Para determinar o comprimento do cabelo após um ano o aluno

deverá multiplicar 1,27 por 12 e acrescentar o comprimento do seu

cabelo.

4) Para determinar o comprimento do cabelo após dois anos o aluno

deverá multiplicar 1,27 por 24 e acrescentar o comprimento do seu

cabelo.

5) Para determinar o comprimento do cabelo após cinco anos o aluno

deverá multiplicar 1,27 por 60 e acrescentar o comprimento do seu

cabelo.

6) Cada aluno deverá fazer a representação gráfica de acordo com o

crescimento de seus cabelos observando que a união dos pontos

indicará uma reta com início (eixo y) no comprimento atual do seu

cabelo.

19

7) A expressão irá depender do comprimento atual do cabelo de cada

aluno, tendo como termo dependente o comprimento dos cabelos

(em cm) e o termo independente o tempo (em meses).

Comprimento dos cabelos(cm) = tempo(meses)X1,27+ comprimento do cabelo

atual.

8 ) A situação representa uma função afim.

20

Atividade 2: Dieta milagrosa

Fonte: Revista Ana Maria

21

Fonte: Revista Ana Maria

22

1) Digamos que você comece a fazer hoje a dieta divulgada pela revista e que ela apresente os resultados conforme a sua divulgação. Iniciando o tempo (0)zero pela sua massa atual, fazendo o acompanhamento dos resultados.

Tempo (meses) Massa (kg)

0

1

2

3

4

5

2) Quanto tempo você precisaria fazer esta dieta para que sua massa

chegasse a 0(zero) kg?

3) Faça uma representação gráfica desta situação tendo como abscissa

tempo (em meses) e ordenada massa (em kg).

4) Dê a expressão que define esta função.

5) Que tipo de função esta situação representa?

23

Atividade 2: Dieta milagrosa

Conteúdo estruturante: funções

Objetivos da atividade :

- analisar a relação de dependência entre as variáveis de uma situação;

- identificar como se comporta um gráfico da função afim decrescente;

- compreender que na expressão geral para função decrescente teremos

a<0.

Resolução

1) Cada aluno irá preencher sua tabela indicando no mês xero(0) a sua

massa atual e cada mês diminuirá 5 .

2) O aluno poderá continuar a tabela até atingir massa zero(0) kg ou

dividir a sua massa por 5.

3) Cada aluno deverá fazer a representação gráfica de acordo com a

perda de sua massa observando que a união dos pontos indicará

uma reta com início (eixo y) na sua massa atual e término (eixo x)

quando essa massa atingir zero(0) kg.

4) A expressão irá depender da massa atual do aluno, tendo como

termo dependente a massa da cada mês e o termo independente o

tempo em meses.

Massa (em kg) = massa atual (em kg) – tempo(meses) X 5

5) A situação representa uma função afim.

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Anexo 2

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Anexo 3

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Teste 2

Nome:________________________________________________nº_______

1) Dada a função f(x)= 3x-2, determine:

a) f(1) b) f(2) c) f(-3)

2) Se f(x) = 2x -8, calcule os valores de x para que tenha:

a) f(x) = 8 b) f(x) = ½

3) Esboce os gráficos das funções:

a) f(x) = 2 x – 2 b) f(x) = - 2 x + 3

4) Dados os gráficos abaixo, qual a expressão que representa cada uma delas?

a) y b)

y

3 4 x - 1

2 x

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Anexo 4

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QUESTIONÁRIO

1) Qual dos 2 testes você teve mais facilidade em resolver? Por quê?

2) Qual dos 2 testes despertou mais o seu interesse ? Por quê?

3) Você conseguiu a princípio, relacionar as informações do teste 1 com o

conteúdo visto em sala? Qual foi sua maior dificuldade?

4) Analisando matematicamente, você encontrou alguma incoerência nas

informações apresentadas nos textos do teste 1? Qual?

5) Quais as áreas de conhecimento em que você poderia aplicar o

conteúdo abordado em sala?

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Anexo 5

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