a máscara e o teatro i
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A Máscara e o Teatro I
A Máscara Teatral não é um simples objecto artístico para cobrir o
rosto, substituindo o trabalho de actor. Diferentemente de um quadro
ou uma escultura, a Máscara não pode "viver" sozinha...
A Máscara, sem sombra de dúvidas, é o mais representativo
elemento de toda história do teatro e em todas as culturas são
encontradas Máscaras como elementos de comunicação capazes de
transmitir a essência da vida de seu povo.
Para a realização de uma Máscara Teatral não basta o mascareiro ter
um conhecimento técnico dos materiais utilizados na sua confecção. É
importante concebê-la enquanto um elemento que detém
características próprias necessárias para sua funcionalidade cénica,
considerando a sua relação com o espaço físico onde será utilizada,
contexto na qual está inserida, época e todas as suas particularidades
de estilo de linguagem.
A fisionomia é um afloramento de linhas de forças que produzem o
seu sentido de vida. Cada traço, relevo - todo seu feitio - definem
características relacionadas a um peso, uma idade, um ritmo, um
comportamento. Sugerem um estilo de jogo com qualidade de
energia específica. Propõem um estado de representação - apenas
sendo possível vivê-lo diante de um pleno comprometimento físico do
actor, imerso num processo dinâmico inerente à Máscara.
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Por isso tudo é importante o actor conhecê-la em todos os seus
detalhes, desenvolvendo uma verdadeira amizade, relacionando-se
com todos seus sentidos.A linguagem da Máscara é feita de luz e
sombra, de sons fortes e suaves, de silêncio, de movimentos e
pausas, harmoniosamente contrapostos.
Segunda-feira, Maio 21, 2007
A Máscara e o Teatro IIICobrir para descobrir
O uso da máscara provém do carácter sagrado das origens do teatro. Ao
revestir-se de elementos não habituais (a máscara, a maquilhagem), o
homem esconde o seu aspecto externo conhecido e nos mostra outros
aspectos ocultos no seu interior (uma presença sobre-humana, universal).
O passo seguinte é que a máscara seja o elemento que transforme o actor
em personagem. Com a máscara desaparecem as características do actor e
se deixam ver só os do personagem. Ao cobrir o actor, se descobre o
personagem (um tipo de personagem). Com a teatralização (percepção da
cena como lugar lúdico e artificial) e a promoção da expressão corporal, o
teatro ocidental contemporâneo recupera o uso da máscara.
Funções da Máscara
A. Disfarça
Liberta as identidades e as proibições.
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B. Neutralização da mímica
Ao ocultar a expressividade do rosto, força o domínio da gestualidade.
C. Não-ilusão e distanciação
Introduz um corpo estranho na identificação do espectador com o actor.
D. Estilização e amplificação
Deforma a fisionomia humana transformando-a em caricatura ou
estilizando-a.
Segunda-feira, Maio 21, 2007
A Máscara e o Teatro IIO Enigma das Máscaras
O uso da máscara como elemento cénico surgiu no teatro grego, por volta
do século V a.C. O símbolo do teatro é uma alusão aos dois principais
géneros da época: a tragédia e a comédia.
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No Japão do século XIV, nasceu o teatro Nô, que também utilizou a
máscara como parte da indumentária. Um dos objectivos era não revelar
para a plateia as características individuais dos actores. Como as mulhereseram proibidas de actuar, as máscaras femininas eram usadas pelos
homens, assim como as infantis.
Actualmente, em pleno século XXI, as máscaras ainda são objecto de
estudo e trabalho de diversas companhias teatrais em todo o mundo.
Para a máscara ganhar vida, é necessário que o actor se desfaça de sua
máscara quotidiana. Diferente da máscara quotidiana que busca ocultar e
proteger, a máscara teatral revela a essência da persona representada,
imprimindo uma identidade especial e genuína. Ao representar com uma
máscara, o actor forçosamente entende como elevar o personagem para
uma dimensão teatral, para além do quotidiano. Ele compreende o que é
um verdadeiro personagem de teatro, inventado da vida e não um
personagem da vida. Assim, quando a Máscara Teatral está viva em cena
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ela é, em si, o próprio Teatro, pois os princípios básicos que regem sua vida
são os alicerces fundamentais da arte teatral. Ela é um arquétipo que
propõe ao actor a criação de um estado, com qualidade de energia
específica, representando uma natureza que está além do convencional.