a legislaÇÃo brasileira e seu enfoque acerca da ... · influência sobre sua obra da teoria...
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1Bacharel em Direito pela UFPE; Mestre em Gestão Pública pela UFPE e Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça
de Pernambuco. 2Doutora em História; Professora do Programa da Pós-Graduação em História da UFPE; Professora, Vice-
coordenadora e Coordenadora Científica no Mestrado em Gestão Pública da UFPE; Editora das Coletâneas Gestão
Pública: “Práticas e Desafios” e “História das Religiões no Brasil”; Editora da Revista Eletrônica “Gestão Pública
Práticas e Desafios”; Conferências nacionais e internacionais; Livros e Artigos nacionais e internacionais.
A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E SEU ENFOQUE ACERCA DA MUSEOLOGIA
NACIONAL E PATRIMÔNIO PÚBLICO: As Diretrizes de gestão sobre a arqueologia pré-
histórica, expansão de seu campo de atuação e a criação do Museu de História Natural em
Pernambuco.
Hélio Cavalcanti de Siqueira Campos1
Sylvana Maria Brandão de Aguiar2
Resumo:
O vislumbre de modelos arcaicos da legislação museológica e do patrimônio público e o
surgimento de novas leis e novas políticas voltadas para os museus nacionais mostram,
claramente, uma premente necessidade de se avançar na criação de museus de ciência, com o seu
enfoque na modernização da gestão pública e administrativa, utilizando-se de ferramentas como
as parcerias público-privadas e conceitos de políticas públicas, para fomentar o crescimento dos
museus nos setores arqueológico e paleontológico, visando a possibilidade de se criar um Museu
de História Natural em Pernambuco.
Palavras-chaves: Museologia . Patrimônio público . Políticas públicas . Legislação brasileira .
Gestão pública . Atraso histórico . Modernização . Arqueologia . Paleontologia . Museu de
história natural .
Abstract:
The glimmer of archaic models of museum legislation and public heritage and the emergence of
new laws and policies for the national museums clearly show an urgent need for progress in the
creation of science museums, with their focus on modernizing management and public
administration, using tools such as public-private partnerships and concepts of public
management to foster growth of museums in archaeological and palaeontological sectors, aiming
at the possibility of creating a Museum of Natural History in Pernambuco.
Keywords: Museum knowlege . Public heritege . Public policies . Brazilian legislation . Public
management . Historic delay. Upgrading. Arqueologie . Paleontologie . Natural history museum .
Introdução
O estudo ora apresentado visa analisar a situação da legislação atual
brasileira quanto à possibilidade de utilização das jazidas arqueológicas e fossilíferas pelos
museus nacionais e regionais, públicos ou privados, com o intento de realizar exposições ou
pesquisas científicas, como também, definir explicitamente as sutis diferenças existentes entre
patrimônio arqueológico, que está inserido em patrimônio histórico-cultural, e patrimônio
público.
Entretanto, antes disto, necessita-se questionar o que realmente
significa o legado cultural, histórico, arqueológico e pré-histórico de uma nação, ou seja, o que o
seu patrimônio histórico-cultural sinaliza de conteúdo educacional para o seu povo. Conota-se
premente, portanto, a necessidade de se tentar preservar a memória de um país como o Brasil,
pois em um mundo globalizado, onde se caminha para unificidade de identidades, corre-se o risco
de que se perca a ligação com o seu passado e, consequentemente, com o seu legado. Para que
isso não aconteça, é determinante que os gestores públicos melhorem a educação e a preservação
da cultura, dos museus e da política dos patrimônios.
Para começar: O que seria cultura?; O que seria museu?; O que
seria patrimônio?.
Cultura pode ter, antropologicamente falando, vários conceitos,
mas entende-se que cultura, de maneira simplória, seria a abrangência de todas as realizações
materiais e os aspectos espirituais de um povo (SILVA; SILVA, 2006).
O interessante nisto tudo é que Franz Boas indica, quando da
influência sobre sua obra da teoria evolucionista de Charles Darwin, que todas as culturas passam
pelas mesmas etapas e estágios durante a sua existência, evoluindo através do tempo, progredindo
de uma cultura mais primitiva para uma mais avançada, claro que, utilizando-se da história para
explicar a diversidade cultural (SILVA; SILVA 2006).
Há também o conceito de cultura como aquele que define a
produção artística e intelectual de um povo e é neste aspecto que aqui estabeleço o início desta
explanação (SILVA; SILVA, 2006).
Ao definir cultura como algo inanimado que se tornou palpável,
materializado e que evoluiu para definir a base da sociedade do homem desde os seus primórdios,
2
caminha-se então, para atingir o apogeu máximo e idealizado pelos gregos como o local aonde se
poderia vislumbrar as obras humanas e fomentá-las a um crescimento da alma humana e da
eterna busca espiritual. Esse local receberia o nome de museu, do grego clássico Mouseion, que
significa templo das musas (deusas da inspiração e do aprendizado e protetoras das artes na
interpretação encontrada na Mitologia Grega).
Nos dias atuais, essa origem é contestada, pois segundo Scheiner, a
origem do museu não está no templo em si, mas nas musas, “responsáveis, no Panteão grego,
pela manutenção da identidade do seu próprio universo.” 3
Daí, o que se denominava museu era na realidade Mousàon,
instância de presentificação das musas, recriação do mundo através da memória. Ou seja, o
sentido definidor de museu podia ser dúbio; ou era real, ou era intangível (SCHEINER, 1998).
Apesar da atual divergência histórica, sabe-se que na época
Ptoloméica do Egito, século III a.C., o Rei Ptolomeu II - Filadelfo, ou o seu antecessor, Ptolomeu
I – Sóter, construiu um dos primeiros museus em Alexandria. Este museu guardava a famosa
Biblioteca de Alexandria, que foi perdida junto com o seu histórico legado entre incêndios,
terremotos, guerras e a ignorância intransigente de soberanos, não tendo resistido até os tempos
modernos (CANFORA, 1989).
Após, apenas no século XV é que o conceito clássico de museu
ressurgiu na Europa, no período conhecido como Renascimento, com a mudança de
entendimento de que as coleções não deveriam ser cultivadas apenas pelo seu valor material, mas
também pelo seu valor artístico, com motivações culturais e científicas. Destaca-se dessa época a
coleção Médici na Itália. É do final do século XVII e início do século XVIII, a concepção atual
do que se considera museu. Tal concepção surgiu na Inglaterra, com a organização da coleção de
John Tradescant e sua doação a Elias Ashmole, que posteriormente se transformou no Ashmole
Museum, fundado em 1683.
Talvez o ressurgimento do conceito museológico tenha decorrido
do fato de que os ensinos denominados superiores eram originário do legado deixado pelos
gregos, pois, ao se estudar Artes e Ofício no Renascimento, o indivíduo estaria visualizando a
3 SCHEINER, Tereza. Museologia, Globalismo e diversidade cultural. In: MUSEOLOGIA E DIVERSIDADE
CULTURAL NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE. ICOFOM LAM, Cidade do México, México, Subcomitê
Regional para a América Latina e Caribe/ICOFOM LAM, p. 143-174, Jun. 1998.
3
importância das artes para o seu ensino superior e dando, assim, a mesma importância dada pelos
gregos aos museus.
No século XIX o museu atingiu sua maioridade, mas apenas no
século XX, após a Segunda Grande Guerra é que, em face das inúmeras perdas de coleções, foi
possível pensar mais concretamente o museu como patrimônio público e o seu legado
institucional. Em 1946, estabeleceu-se a criação do Conselho Internacional de Museus - ICOM.
Começou-se daí a pensar o conceito de desenvolvimento de museu como modelo de gestão.
O ICOM define atualmente um museu como “...instituição
permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao
público, e que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e
do seu meio ambiente, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição.” 4
Existem outras instituições que além dos museus são abrangidas por
tal definição:
(i) os sítios e monumentos naturais, arqueológicos e
etnográficos e os sítios e monumentos históricos com
características de museu pelas suas actividades de aquisição,
conservação e comunicação dos testemunhos materiais dos
povos e do seu meio ambiente;
(ii) as instituições que conservam colecções e expõem
espécimens vivos de vegetais e animais, tais como jardins
botânicos e zoológicos, aquários e viveiros;
(iii) os centros científicos e planetários;
(iv) as galerias de arte sem fins lucrativos; os institutos de
conservação e galerias de exposição dependentes de
bibliotecas e arquivos;
(v)as reservas naturais;
(vi) as organizações internacionais, nacionais, regionais e
locais de museus, as administrações públicas que tutelam
museus de acordo com a definição supracitada;
(vii) as instituições ou organizações sem fins lucrativos que
desenvolvem actividades de conservação, investigação,
educação, formação, documentação e outras relacionadas com
museus e museologia;
(viii) os centros culturais e outras instituições cuja finalidade
seja promover a preservação, continuidade e gestão dos
recursos patrimoniais materiais e imateriais (património vivo
e actividade criativa digital); 4 (Extraído do Artigo 2º dos Estatutos do ICOM, adoptados na 16ª Assembleia
Geral do ICOM (Haia, Holanda, 5 de Setembro de 1989) e alterados pela 18ª Assembleia Geral do ICOM (Stavanger, Noruega, 7 de Julho de 1995) e pela 20ª
Assembleia Geral do ICOM (Barcelona, Espanha, 6 de Julho de 2001).
4
(ix) quaisquer outras instituições que o Conselho Executivo,
ouvido o Conselho consultivo, considere como tendo algumas
ou todas as características de um museu, ou que proporcione
aos museus e aos profissionais de museus os meios para a
investigação na área da Museologia, da educação ou da
formação.
No Brasil, historicamente, o museu remonta ao período da invasão
holandesa em Pernambuco, com a implantação de um museu (incluindo jardim botânico, jardim
zoológico e observatório astronômico) no grande Parque do Palácio de Vrijburg, no século XVII,
para mais adiante, no século XVIII surgir, no Rio de Janeiro, o Museu de História Natural na
famosa Casa de Xavier dos Pássaros (PNM/ MinC, 2007).
Sabe-se que no Brasil do início do século XX tinha-se 12 (doze)
museus e chegou-se no século XXI com mais de 2.400 (dois mil e quatrocentas) unidades
museológicas espalhadas pelo território nacional (PNM/MinC, 2007).
Destas unidades, 87 (oitenta e sete) são museus de ciências e
tecnologia. Entende-se que devido a uma classificação metodológica científica, os museus de
história natural, ciências naturais, arqueológicos ou ligados a estes temas, encontram-se
classificados conjuntamente com os museus de ciências tecnológicas.
Bem, vislumbrando superficialmente o que se entende por museu,
deve-se agora, explanar o conceito de patrimônio.
A etimologia da palavra patrimônio quer dizer pater, do grego, e
que significa “pai” ou “paterno”. Então, tudo que é patrimônio é aquilo que foi deixado pela
figura do pai para os seus filhos. Com o passar do tempo, essa noção se expandiu a um conjunto
de bens materiais que estão intrinsecamente ligados a uma identidade cultural ou a um passado de
uma coletividade.5
Visualiza-se que a noção de patrimônio, ao evoluir no tempo, restou
por ser incorporada ao Estado como política oficial e que tal evolução fez surgir inúmeras
categorias de patrimônio. Assim, é consenso que a concepção de patrimônio, e suas respectivas
categorias, foi uma prática iniciada pelo Estado-nação (Pós-Revolução francesa), onde se buscou,
5 Dicionário Houaiss. Disponível em:http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=patrim%F4nio&stype=k&x=7&y=6 Acesso
em 4 de maio de 2010.
5
pela primeira vez, mecanismos de proteção jurídica com políticas de preservação para gerações
futuras (FONSECA, 1997).
A Organização para a Educação, Ciência e Cultura das Nações
Unidas – UNESCO, realizou em Paris no dia 16 de novembro de 1972, a Convenção Geral para
Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, fomentando a necessidade de criar
mecanismos para proteção de patrimônios mundiais considerados valiosos. Surgia oficialmente o
termo Patrimônio Mundial. Essa convenção estabeleceu os deveres dos Estados-membros em
proteger potenciais locais de importância mundial, mas também, de importância local e rara
singularidade. O Brasil tornou-se signatário da Convenção de 1972 apenas em 1977, através do
Decreto nº 80978/77.
No Brasil, uma das categorias de patrimônio é o Patrimônio
Nacional, que é o conjunto de bens que pertencem a determinado país. Existe o Patrimônio
Natural, que são as riquezas que estão no solo e subsolo de um determinado Estado e podem ser
tanto as florestas quanto as jazidas fossilíferas e existe o Patrimônio Cultural, conceito que vem
sendo modificado à medida que se revisam os conceitos de cultura e de história e que até a
metade do século XX era tido como sinônimo de obras monumentais, obras de artes consagradas
e propriedades de grande luxo (BARRETTO, 2000).
Atualmente, o Patrimônio Cultural, ou neste caso específico, o
legado cultural, pode ser material ou tangível (obras de artes, acervos museológicos, esculturas,
etc..) ou imaterial, também denominado intangível, conceito que abrange regiões, paisagens,
danças típicas, comidas e bebidas típicas, manifestações religiosas, etc.
Ainda ao se explanar sobre a evolução do conceito de patrimônio
ocorreu mais uma derivação. Surgiu, portanto, a derivação temporal. O que se pode considerar
como Patrimônio Histórico?, dotado de um passado; e o que pode ser considerado
contemporâneo?, pós-modernista. Este conceito recebe o nome de patrimônio cultural? Tal
separação não é tão simples assim.
Observa-se que no processo evolutivo temporal a noção de
patrimônio modificou-se e o que se tinha por patrimônio histórico hoje é conhecido por
patrimônio cultural. Para isso, explica-se:
A noção de patrimônio histórico tradicionalmente se refere à
herança composta por um complexo de bens históricos. Mas
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apesar de ainda pouco conhecido {...} O fato é que os
especialistas vêm continuamente substituindo o conceito de
patrimônio histórico pela expressão patrimônio cultural
(SILVA, SILVA, 2006).
Em sendo a guarda do patrimônio como ofício do Estado, surgiu o
conceito de Patrimônio Público e com o surgimento do modelo de patrimônio público surgiu,
também, o problema estatal de como gerir, manter tal patrimônio. Essa discussão é atual no
mundo todo. Como transformar um patrimônio que é público em um produto rentável, que possa
se autogerir e ainda realizar sua função educacional e social (BARRETTO, 2000).
Inserido neste contexto indissociável, está o que se chama de
Patrimônio Arqueológico. Pertencente ao patrimônio histórico, hoje patrimônio cultural, e por
concepção legal é vinculado ao patrimônio público. O patrimônio arqueológico no Brasil trata do
reconhecimento da vida do passado, revelando o passado histórico recente das obras
arquitetônicas, do passado pré-histórico, dos sítios e parques arqueológicos, dos depósitos
fossilíferos, das cavidades subterrâneas e dos patrimônios paleontológicos, que fazem parte, por
definição, dos parques de pesquisa científicos criados pelas Universidades nacionais, quer
públicas, quer privadas.
O conceito de patrimônio arqueológico é originário da Carta de
Loussane, de 1990, em que significa:
Art 1º - O Patrimônio arqueológico compreende a porção do
patrimônio material para qual os métodos da arqueologia
fornecem os conhecimentos primários. Engloba todos os
vestígios da existência humana e interessa todos so lugares
onde há indícios de atividades humanas, não importanto quais
sejam elas. Estrutura e vestígios abandonados de todo o tipo,
na superfície, no subsolo ou sob as águas, assim como o
material a eles associados.
Em sendo o patrimônio arqueológico testemunha do passado, essa
rica herança cultural tem a árdua tarefa de educar o cidadão para o que significa patrimônio,
transmitindo-o a consciência do patrimônio cultural.
Descobrir essa rede de significados, relações, processos de
criação, fabricação, trocas, comercialização e usos
diferenciados, que dão sentido às evidências culturais e nos
informam sobre o modo de vida das pessoas no passado e no
presente, em um ciclo constante de continuidade,
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transformação e reutilização, é a tarefa específica da
Educação Patrimonial (HORTA; GRUMBERG;
MONTEIRO, 1999).
Ora, então, o que seria Educação Patrimonial. A educação
patrimonial ou Heritage Education, surgiu no Brasil em 1983 e visou aprofundar o conhecimento
e preservar o patrimônio histórico-cultural. O princípio primordial da Educação Patrimonial:
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho
educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte
primária de conhecimento individual e coletivo. A partir da
experiência e do contato direto com as evidências e
manifestações de cultura, em todos os seus múltiplos
aspectos, sentidos e significados. O trabalho de Educação
Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo
ativo do conhecimento, apropriação e valorização de sua
herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto
desses bens, e propiciando a geração e a produção de novos
conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural
(HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO, 1999).
Atualmente, ao utilizar o moderno conceito da educação
patrimonial nas pesquisas arqueológicas, busca-se meios tecnológicos para que o Brasil possa se
destacar cada vez mais em campos pouco explorados, como por exemplo, o campo
paleontológico.
Há muito por fazer, mas podemos afirmar que a experiência
patrimonial no Brasil tem sido assimilada no seu sentido mais
completo, em sintonia com a coletividade e a partir de
conhecimentos antropológicos, sociológicos, históricos,
artísticos e arqueológicos orientados por especialistas. A
implantação de cursos de educação patrimonial, a organização
de oficina-escola e serviços em multirão constituem ações de
importância fundamental no processo de envolvimento da
população. Esse esforço de contribuirá para consolidar
políticas de inclusão social, reabilitação e sustentabilidade do
patrimônio em nosso país. (FUNARI; PELGRINI, 2006).
Com o entendimento de que o legado histórico-cultural deve ser
gerido e manutenido pelo Estado, surgiu outra situação emblemática: Como sedimentar uma
parceria com as instituições privadas que possuem coleções e que precisam do fluxo monetário
das exibições para se manter?
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Em países de língua anglo-saxônica, de religião anglicana, com a
tradição weberiana da meritocracia, e do modelo liberal de proteção à propriedade privada, estas
barreiras foram superadas, restando hialina a possibilidade de uma parceria público-privada.
Noutros, como o Brasil, de religião católica, com tradição sedimentada no direito romano, há o
entendimento de que a privatização iria alienar a manutenção do patrimônio, devendo-se
permanecer, portanto, pública em sua totalidade (BARRETTO, 2000).
Indo de encontro ao raciocínio lógico jurídico puro da propriedade
civil, o patrimônio histórico, artístico e cultural nacional busca sua identidade e valorização do
coletivo perante o privado. É a supremacia do interesse público sobre o interesse privado (
PEDROSO, 2007).
Desta feita, vislumbra-se uma situação inusitada e até dicotômica,
pois o Estado chama para a si a responsabilidade, o fardo e o monopólio para cuidar do
patrimônio, mas ao mesmo tempo, não dá garantias sobre suas ações, pois tais ações de proteção,
criação e incremento do patrimônio histórico-cultural necessitam passar pelos gestores políticos,
que por questões óbvias de cunho político ideológico e até por questões orçamentárias, têm
posições antagônicas sobre o assunto. Com isso, sabe-se que a política de estímulo à cultura não
tem a sequência que deveria ter nos governos. Ao ocorrer essa dissolução de continuidade, ocorre
o prejuízo social e educacional, e com isso há, ano a ano, um acréscimo silencioso na defasagem
educacional e cultural do cidadão brasileiro, vislumbrando-se, com isso, uma verdadeira fossa
abissal entre os países mais aculturados e o Brasil.
Evolução histórica-jurídica
Historicamente, no Brasil do século XVIII é que se tem notícia da
primeira iniciativa de proteção pública do patrimônio cultural. Ocorreu em 1742, por iniciativa do
Conde das Galveias, que se manifestou favorável à preservação do Palácio das Duas Torres, em
Pernambuco, através da Carta enviada ao Governador Luis Pereira Freire de Andrade (SILVA,
2010).
Apenas no século XX é que o conceito de preservação do
patrimônio começou a se efetivar na legislação nacional. O fomento de tal proteção cultural
começou na Semana de Arte Moderna de 1922, capitaneada por Mário de Andrade e em 1924
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consolidou-se com o deslocamento das iniciativas de proteção ao patrimônio da órbita federal
para os Estados.
Em 1931 foi editada a Carta de Atenas, em que foi colocado aos
Estados sobre a necessidade de se criar leis para a preservação dos patrimônios culturais. Mas,
apenas em 1937, com a Lei Federal nº 378/37 é que ocorreu a criação do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, através de um projeto desenvolvido por Mário de
Andrade e outros modernistas de 1922, para o Ministro da Saúde e Educação Gustavo Capanema.
Em 1970, o SPHAN recebeu a sua denominação atual, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN, através do Decreto nº 6967/70.
Assim, seguindo a preocupação mundial, surgiu no Brasil o cuidado
em proteger com mais ênfase o patrimônio histórico-cultural do povo, mas a pouca produção de
legislação protetiva e o engessamento legislativo provocado por tais leis dificultou e dificulta o
fomento de parcerias entre instituições de preservação histórico-cultural pública e a iniciativa
privada, representada pela sociedade civil ou pela Associação dos Amigos dos Museus (criada
pela Portaria nº 1/2007 do IPHAN).
Efetivamente, com o surgimento das primeiras legislações sobre o
assunto, vê-se que há, imediatamente, uma associação quase amálgama entre o Patrimônio
Histórico-Cultural e o Patrimônio Público, pelo menos para efeito de exploração museológica e
em termos de exploração das jazidas arqueológicas pré-históricas.
Para tal, é neste conceito de Patrimônio Público que estão inseridos
os depósitos fossilíferos nacionais e os sítios arqueológicos, e é onde ocorrem os estudos sobre a
vida na pré-história brasileira. São essas jazidas e esses sítios que se tornaram objeto da
legislação, embora de maneira restrita, pois o legislador, no Decreto-lei nº 25/37 apenas protegeu
o patrimônio de uma maneira geral, com a inovação do “Tombamento”, não aprofundando numa
política de exploração e gestão; no Decreto-lei nº 4.146/42, apenas protegeu os depósitos
fossilíferos e na Lei nº 3.924/.61, se preocupou apenas com a vida pré-histórica recente dos povos
paleoameríndios (aproximadamente de 12 mil anos a.C. para cá).
Não que não fossem importantes, o problema é que não se
vislumbrou uma visão mais abrangente das possibilidades explorativas em um sítio arqueológico,
não podendo a legislação e os estudiosos de hoje ficar limitados a poucos temas. Há muito que
desenvolver e outras Eras para pesquisar e explorar.
10
Legislação Constitucional no tempo
Na Carta Magna de 1934, em seu art. 148, está prevista a proteção
ao Patrimônio Histórico e Artístico como mandamento constitucional.
Art 148 - Cabe à União, aos Estados e aos Municípios
favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes,
das letras e da cultura em geral, proteger os objetos de
interesse histórico e o patrimônio artístico do País, bem como
prestar assistência ao trabalhador intelectual.
Com a edição da Constituição de 1946, o seu art. 175 indica:
Art 175 - As obras, monumentos e documentos de valor
histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as
paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a
proteção do Poder Público.
A Constituição Federal de 1967 apesar de draconiana inovou ao
prever proteção as jazidas arqueológicas:
Art 172 - O amparo à cultura é dever do Estado.
Parágrafo único - Ficam sob a proteção especial do
Poder Público os documentos, as obras e os locais de valor
histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais
notáveis, bem como as jazidas arqueológicas.
A nova Carta constitucional de 1988 inovou ainda mais ao ofertar
inúmeros mandamentos de proteção e fomento ao patrimônio histórico-cultural, inclusive
definindo as competências sobre a matéria:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios:
.........................................................................................
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à
ciência;
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Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre:
..........................................................................................
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
Art. 30. Compete aos Municípios:
..........................................................................................
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
estadual.
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
..........................................................................................
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e
viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV
- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; V - os
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.
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§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a
gestão da documentação governamental e as providências
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
punidos, na forma da lei.
Em 16 de agosto de 2005 foi editada a Emenda Constitucional nº
48, que acrescentou o § 3º ao art. 215 da CF/88, que ficou assim redigido:
Art. 215....................................................................................
..........................................................................................
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do
País e à integração das ações do poder público que conduzem
à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura
em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 48, de 2005)
IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
Logo após, com a necessidade de se modernizar os incentivos
culturais, surgiu a Proposta de Emenda à Constitucional nº 575/06 que altera e acrescenta aos
arts. 215 e 216, novos parágrafos e incisos, visando estabelecer condições para preservação e
incremento do patrimônio museológico nacional e da política pública voltada para esse segmento.
A PEC nº 575/06 acrescenta os §§ 4º, 5º, 6º e 7º ao art. 215. Quanto
ao art. 216, acrescenta o Inciso IV e também os §§ 7º ao 10, restando o parágrafo 11 com os
Incisos I e II.
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O destaque desta PEC nº 575/06 vai para a criação de um fundo
específico para criação e manutenção dos museus e também para a formação de profissionais da
área. A PEC determina, ainda, que o patrimônio museológico esteja incluso entre os bens
pertencentes ao patrimônio cultural e estabelece a criação do Sistema Brasileiro de Museus, que
deve abranger os museus públicos e privados, nas três esferas governamentais. Nesta PEC,
visualizam-se equívocos, como a criação de mais um órgão para gerir os museus nacionais.
Entende-se que este órgão já existe, mas há outras ideias interessantes, como criar benefícios e
incentivos a museus privados que sejam considerados de interesse público e o mesmo pode se
falar dos museus mantidos em escolas, Universidades, ecomuseus, etc. Se tal proposta for
aprovada, abre-se uma janela para efetivar um crescimento dos museus com a participação direta
da sociedade civil e suas instituições.
Legislação Ordinária no tempo
No Estado Novo, Getúlio Vargas edita o Decreto-lei nº 25/37, que
dita em seu art. 1º:
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja
conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação
a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico
ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão
considerados parte integrante do patrimônio histórico o
artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata
o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente
artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos
naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido
dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às
pessôas naturais, bem como às pessôas jurídicas de direito
privado e de direito público interno.
14
No Decreto-lei nº 25/37 há o primeiro relato sobre tombamento e
sua organização, o que atualiza, à época, o Brasil perante os outros países, catalogando de forma
mais organizada as coleções.
No art. 23 do mesmo Decreto há uma indicação de como a União e
os Estados pudessem coordenar atividades em conjunto de proteção patrimonial:
Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização de
acôrdos entre a União e os Estados, para melhor coordenação
e desenvolvimento das atividades relativas à proteção do
patrimônio histórico e artistico nacional e para a
uniformização da legislação estadual complementar sôbre o
mesmo assunto.
Após, também na vigência do Estado Novo de Getúlio Vargas, foi
editado o Decreto-lei nº 4.146/42, que viabilizou a proteção dos depósitos fossilíferos:
Art. 1º Os depósitos fossilíferos são propriedade da Nação, e,
como tais, a extração de espécimes fosseis depende de
autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional
da Produção Mineral, do Ministério da Agricultura.
Parágrafo único. Independem dessa autorização e fiscalização
as explorações de depósitos fossilíferos feitas por museus
nacionais e estaduais, e estabelecimentos oficiais congêneres,
devendo, nesse caso, haver prévia comunicação ao
Departamento Nacional da Produção Mineral.
Sob a influência da Carta de Nova Délhi, de 05 de dezembro de
1956, surge a Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que regulamentou o art. 175 da Lei
Constitucional de 1946. Essa lei vigora até hoje, pois foi recepcionada pela Carta máxima de
1988. Sua influência é visível, principalmente na Portaria nº 230/2002, que cuida do embargo
preventivo de proteção ambiental, prevenindo possível dano ao patrimônio público, não
importando o tipo de patrimônio.
A Lei nº 3.924/61 diz:
Art 1º Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de
qualquer natureza existentes no território nacional e todos os
elementos que nêles se encontram ficam sob a guarda e
proteção do Poder Público, de acôrdo com o que estabelece o
art. 175 da Constituição Federal.
Parágrafo único. A propriedade da superfície, regida pelo
direito comum, não inclui a das jazidas arqueológicas ou pré-
15
históricas, nem a dos objetos nelas incorporados na forma do
art. 152 da mesma Constituição.
Art 2º Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-
históricos:
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade,
que representem testemunhos de cultura dos paleoameríndios
do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos,
poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer
outras não espeficadas aqui, mas de significado idêntico a
juízo da autoridade competente.
b) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de
ocupação pelos paleoameríndios tais como grutas, lapas e
abrigos sob rocha;
c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou
locais de pouso prolongado ou de aldeiamento, "estações" e
"cerâmios", nos quais se encontram vestígios humanos de
interêsse arqueológico ou paleoetnográfico;
d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de
polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de
paleoameríndios.
Art 3º São proibidos em todo o território nacional, o
aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação, para
qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas
conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros,
birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios, inscrições e
objetos enumerados nas alíneas b, c e d do artigo anterior,
antes de serem devidamente pesquisados, respeitadas as
concessões anteriores e não caducas.
Como exposto acima, o art. 3º da referida lei proíbe o
aproveitamento econômico de jazidas arqueológicas, entretanto, são jazidas específicas e restritas
à época dos paleoameríndios, não albergando qualquer tipo de exploração comercial. Tal
restrição, de cunho meramente paleoantropológico, excluiu todo tipo de achado arqueológico
fossilífero de animais, vegetais de outras Eras. Ou seja, entende-se que ocorreu omissão
legislativa, posteriormente corrigida pela Portaria nº 230/2002 do IPHAN. Com a ampliação da
proteção ambiental legislativa para qualquer sítio arqueológico ou depósito fossilífero, abriu-se
uma janela para a ampliação do espectro das pesquisas arqueológicas em outras Eras.
16
Entende-se, portanto, que se deve proteger tais tesouros
arqueológicos e fossilíferos, mas deve-se atentar para a seriedade de entidades da sociedade civil
que mantém interesse científico e desejo de exploração de tais jazidas e que poderiam, com ajuda
da União e seus referidos órgãos responsáveis, viabilizar parcerias para aprofundar pesquisas de
campo e porque não, explorar comercialmente a visitação aos seus museus, com o único intuito
de se autogerir e conseguir mais recursos para ampliar a exploração nos sítios. Tudo isso com o
aval do poder público e do órgão responsáveis.
Posteriormente surgiu a Lei Rouanet – Lei nº 8.313/91, que visa ao
incentivo à cultura por empresas privadas, através da declaração do imposto de renda sobre lucro
presumido e pessoas físicas. Com a lei foram criados 04 (quatro) fundos: O Pronac, o FNC, o
Mecenato e o Ficart. Em 2000 foi editado o Decreto nº 3.551, que criou novos livros de registro
de bens tombados pelo patrimônio.
Para salvaguardar e dar a proteção legal que está estabelecida na Lei
nº 3.924/61, há no Brasil instrumento legais que ao atuarem em conjunto se tornam em
instrumentos eficazes no combate ao crime contra o patrimônio.
O crime contra o patrimônio tem previsão nos arts. 165 e seguintes
do Código Penal Brasileiro. Além disso, há a proteção da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), que em
seu art. 1º, § 1º define os bens patrimoniais protetivos dos entes da administração pública.
A Constituição Federal ainda oferece, através das atribuições dos
Ministérios Públicos estaduais e federais, a opção de interposição de ação protetiva denominada
ação civil pública (Lei nº 7.347/85), como um instrumento de proteção ao patrimônio público
nacional (art. 129, III, da CF/88 cumulado com a Lei Complementar nº 75/93 e a Lei nº 8.
625/93).
Observa-se, Ainda, a inovação da legislação ambiental, que também
prevê proteção ao dano contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, visualizado nos
arts. 62 a 65 da Lei nº 9.605/98. Antes, até existia a Lei nº 6.513/77, que considerava de interesse
turístico áreas especiais e locais considerados de alto valor histórico, artístico, arqueológico e
afins. Evidentemente, com a chegada da Lei nº 9.605, em 1998, houve uma maior abrangência
desta sobre a anterior.
Não se pode falar de legislação de proteção ao patrimônio cultural
sem falar nas portarias do IPHAN, entretanto, apesar de inúmeras portarias tratarem sobre
17
matéria de proteção ao patrimônio, a mais recente é a Portaria nº 230/2002, de 17 de dezembro de
2002, e que trata da proteção ambiental para embargar as obras de edificação contemporânea que
venham a prejudicar determinado sítio arqueológico, ou seja, há a defesa preventiva, conhecida
também como arqueologia preventiva.
O estado da arte acerca da matéria museológica e da matéria
arqueológica é a Lei nº 11.904/09, que estabelece o Estatuto dos Museus e será analisada em
conjunto com as leis patrimoniais estaduais de Pernambuco, no tópico adiante.
Parceria Público-Privada, uma possibilidade de gestão?
Inicialmente, deve-se ressaltar que o presente estudo visa observar
uma possível e atual mudança de visão das políticas públicas, tornando realidade à perspectiva de
uma melhor expansão do setor museológico, quer nacional, quer estadual, incrementando o
estudo arqueológico, pré-histórico e paleontológico, possibilitando a participação efetiva da
sociedade civil, através de suas instituições e até de Universidades privadas, criando um modelo
de gestão funcional, com possíveis parcerias público-privadas, tendo como ponto crucial, a
criação de um Museu de História Natural, no caso, em Pernambuco.
A possibilidade de parceria público-privada na história dos museus
não é nova, remonta ao ano de 1869, em Nova Iorque, onde o governo local cedeu, através dessa
inovadora parceria, um espaço para o Museu de História Natural funcionar e expor suas coleções
(FREITAS, 2006).
As PPPs foram criadas para atrair investimentos privados em
segmentos econômicos que não são tão atrativos à iniciativa privada, necessitando de um
incentivo público para se efetivar (FREITAS, 2006).
O problema é que ocorriam incentivos públicos em situações de
investimento em que a iniciativa privada poderia, facilmente, realizar o aporte financeiro
necessário, o que tornou indiscriminado o uso das PPPs, manchando a imagem do modelo de
gestão e se mostrando nocivo à sociedade. Apesar de ter começado a ser usado com mais
notoriedade no Governo inglês de Tony Blair, em 1997, no Brasil da atualidade as PPPs são
pouco vistas, deixando evidente os entraves que podem existir para que se efetive tal modelo de
gestão (FREITAS, 2006).
18
Entretanto, não significa que com a atual fase de políticas públicas e
a Política Nacional de Museus, implantada em 2003 pelo MinC, não se possa utilizar desse
modelo de gestão para realizar convênios nesta área, aonde a fiscalização seria mais fácil de
realizar, com a participação efetiva dos Tribunais de Conta dos Estados e da União.
A análise de políticas públicas perpassa pelas disciplinas da
Administração Pública e das Ciências Políticas, além de visualizar uma perspectiva e uma
abordagem sobre o Direito (MASSA-AZARBE, 2006).
A importância jurídica na interpretação e estruturação das políticas
públicas dá-se quando se conota a necessidade de concretizar os direitos humanos, em particular
os direitos sociais, que já ultrapassaram os limites da estruturação do poder das liberdades
públicas e passaram a tratar dos direitos fundamentais em sentido amplo (BUCCI, 2006).
Neste sentido, amplia-se a área de atuação, mudando a abordagem
do Governo Federal ao implementar uma efetiva Política Nacional de Museus, em que desde
2003 para cá, já sofreu um incremento considerável (TOLENTINO, 2008).
Essa nova política pública teve como pressuposto básico a reforma
do Estado brasileiro, através do Plano Diretor da Reforma do aparelho de Estado, em novembro
de 1995, que fixou objetivos e traçou metas e diretrizes para a reforma e modernidade do Estado.
Com esse Plano, o Brasil deveria ser modernizado em 04 (quatro) setores: 1) Núcleo estratégico
do Estado; 2) As atividades exclusivas do Estado; 3) Os serviços não exclusivos ou competitivos
e 4) A produção de bens e serviços para o mercado (CHAVES, 2009).
Na União, os serviços não exclusivos de Estado mais
relevantes são as universidades, as escolas técnicas, os centro
de pesquisa e os museus. A reforma proposta é de transformá-
los em um tipo especial de entidade não estatal, as
organizações sociais. A idéia é transformá-los em
“organizações sociais”, ou seja, em entidades que celebrem
um contrato de gestão com o Poder Executivo e contem com a
autorização do parlamento para participar do orçamento
público (BRESSER-PEREIRA, SPINK, 1998).
Essa atualização governamental perpassa por conceitos novos de
governança, governabilidade e accountability. A boa governança indica que ela se produz num
modo de gestão governamental eficaz, onde se somam as diversas vias pelos quais os indivíduos
e as instituições, tanto na esfera pública, quanto na esfera privada, conduzem os seus negócios
comuns (ARNAUD; JUNQUEIRA, 2006).
19
Já a governabilidade é a capacidade do sistema político reagir à
complexidade do ambiente social. Elevar ao máximo a eficiência estatal e as suas políticas de
Bem-Estar (ARNAUD; JUNQUEIRA, 2006).
Para que esta política funcione, deve-se utilizar o conceito
denominado de accountability, termo de origem inglesa e do mercado econômico-financeiro, que
significa a capacidade de prestar contas. Com o passar do tempo, foi sendo utilizado no contexto
das políticas públicas brasileira e mundial para indicar a necessidade de se ter transparência em
suas ações.
Sabe-se que no Brasil, os recursos privados para financiamento de
museus de ciências são muito inferiores aos públicos, mas pode-se vislumbrar uma possibilidade
de firmar convênios, entre a iniciativa privada, poder público, Universidades públicas e privadas
e os próprios museus, seguindo a tendência mundial de gestão e dos modelos de políticas
públicas, observando com cuidado para não transformar tais museus em feira de ciências de
novos produtos tecnológicos. Deve-se ter muito cuidado nessa mesclagem de interesses
(MEZZACAPPA, 2008).
Conclui-se que após décadas de letargia legislativa, hoje existem
mecanismos legais e incentivos governamentais para incrementar uma vida acadêmica no setor
arqueológico paleontológico pernambucano, aumentando as pesquisas de campo, e ventilando
uma possível criação de um Museu de História Natural.
O histórico engessamento da legislação museológica, o novo Estatuto dos Museus e a
necessidade de expansão em Pernambuco dos museus de ciências.
Antigamente observava-se que a política de proteção ao patrimônio
histórico-cultural do povo tinha pouca produção, levando a um estado letárgico e engessado,
impossibilitando um aumento das pesquisas, por exemplo, no setores arqueológico e
paleontológico. No caso, as principais legislações nacionais, como o Decreto nº 25/47, o Decreto
nº 4.146/42 e a Lei nº 3.924/61 enfocavam e enfocam parte do campo de atuação, não revelando a
totalidade das possibilidades que as matérias arqueológica e paleontológica podem abordar. Nos
dias atuais, após o implemento da Política Nacional dos Museus, em 2003, pelo MinC, está
ocorrendo um fomento de parcerias entre instituições de preservação histórico-cultural pública e
20
a iniciativa privada, representada pela sociedade civil ou pela Associação dos Amigos dos
Museus (criada pela Portaria nº 1/2007 do IPHAN), que foi incrementada com a criação do
Estatuto dos Museus (Lei nº 11.904/09). É esse caminho que tem que ser visualizado e
incentivado em Pernambuco.
Seguramente a importância histórica e pioneira da museologia
pernambucana fala por si. O primeiro museu de ciência do Brasil surgiu em Pernambuco, a na
época Maurícia; a primeira intervenção protetiva ao patrimônio histórico, surgiu em Pernambuco,
na época colonial. Então, o que se busca neste estudo é o resgate do poder cultural de
Pernambuco nesta área museológica, que já forte, mas pode melhorar no setor arqueológico, pré-
histórico e paleontológico.
Deve-se pensar em expansão dos museus de ciências em
Pernambuco. O Estado conta com 05 (cinco) museus de ciências e mais o Jardim Botânico. Desta
forma, pode-se pensar em criar um Museu de História Natural para alavancar o Estado de
Pernambuco perante o cenário museológico-arqueológico nacional, com a participação de
fundações públicas, fundações privadas, pode público, sociedade civil, Universidades públicas e
privadas e dos cinco museus existentes, que são: O Museu de Ciências Naturais do Horto de Dois
Irmãos; O Museu de História Natural Louis Jacques Brunet (Mhnb), Espaço Ciências em Olinda;
Museu Carmelitano de História Natural – Camocim do São Felix e o Museu Arqueológico da
UNICAP.
Ressalte-se que a legislação estadual no que se refere à política
pública de gestão e incremento aos museus pernambucanos, segue o passado histórico das leis
federais. Destacam-se apenas o art. 197, § 4º da Constituição Estadual de 1989 e a Lei Estadual
nº 6.239/79.
Existe um bom exemplo a ser seguido. É o exemplo do Museu de
História Natural de Taubaté, em São Paulo, que se mantém através de uma fundação (FUNAT) e
conta com incentivos privados e públicos, através de doações privadas e convênios educacionais,
fazendo com que possa, com dificuldade, devido à realidade brasileira, se autogerir.
A possível união viria dos incentivos legais, pois com as mudanças
legislativas que já ocorreram e com as que virão, como a Proposta de Emenda à Constitucional nº
21
575/06, que altera e acrescenta aos arts. 215 e 216, novos parágrafos e incisos, visando
estabelecer condições para preservação e incremento do patrimônio museológico nacional e da
política pública voltada para esse segmento, não há porque não iniciar um estudo de composição
entre os diversos setores interessados.
Com a criação da PEC nº 575/06, que acrescenta os §§ 4º, 5º, 6º e 7º
ao art. 215 e no art. 216, acrescenta o Inciso IV e também os §§ 7º ao 10, restando o parágrafo 11
com os Incisos I e II, pode-se visualizar tal mudança. Nesta PEC destaca-se a criação de um
fundo específico para criação e manutenção dos museus e também para a formação de
profissionais da área. A PEC determina, ainda, que o patrimônio museológico esteja incluso entre
os bens pertencentes ao patrimônio cultural e estabelece a criação do Sistema Brasileiro de
Museus, que deve abranger os museus públicos e privados, nas três esferas governamentais.
Nesta PEC, visualizam-se equívocos, como a criação de mais um órgão para gerir os museus
nacionais. Entende-se que este órgão já existe, mas há outras ideias interessantes, como criar
benefícios e incentivos a museus privados que sejam considerados de interesse público e o
mesmo pode se falar dos museus mantidos em escolas, universidades, ecomuseus, etc. Se tal
proposta for aprovada, abre-se uma janela para efetivar um crescimento dos museus com a
participação direta da sociedade civil e suas instituições.
Pode-se dizer que a PEC nº 575/06 é fruto da Política Nacional de
Museus, criada em 16 de maio de 2003, que estabeleceu, posteriormente, o Estatuto de Museus
(Lei nº 11.904/09), que se destaca pelo modo de como fomenta a sustentabilidade dos museus
nacionais. Tal sustentabilidade viria das parcerias entre o poder público e a sociedade civil. É o
caminho do futuro. Há no Estatuto, Lei nº 11.904/09, os seguintes termos:
Art. 1o Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as
instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam,
comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação,
estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo,
conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico,
técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao
público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
Parágrafo único. Enquadrar-se-ão nesta Lei as instituições e
os processos museológicos voltados para o trabalho com o
patrimônio cultural e o território visando ao desenvolvimento
cultural e socioeconômico e à participação das comunidades.
22
Art. 2o São princípios fundamentais dos museus:
I – a valorização da dignidade humana; II – a promoção da
cidadania; III – o cumprimento da função social; IV – a
valorização e preservação do patrimônio cultural e
ambiental; V – a universalidade do acesso, o respeito e a
valorização à diversidade cultural; VI – o intercâmbio
institucional.
Parágrafo único. A aplicação deste artigo está vinculada aos
princípios basilares do Plano Nacional de Cultura e do regime
de proteção e valorização do patrimônio cultural.
Art. 3o Conforme as características e o desenvolvimento de
cada museu, poderão existir filiais, seccionais e núcleos ou
anexos das instituições.
Parágrafo único. Para fins de aplicação desta Lei, são
definidos:
I – como filial os museus dependentes de outros quanto à sua
direção e gestão, inclusive financeira, mas que possuem plano
museológico autônomo;
II – como seccional a parte diferenciada de um museu que,
com a finalidade de executar seu plano museológico, ocupa
um imóvel independente da sede principal;
III – como núcleo ou anexo os espaços móveis ou imóveis
que, por orientações museológicas específicas, fazem parte de
um projeto de museu.
Art. 4o O poder público estabelecerá mecanismos de fomento
e incentivo visando a sustentabilidade dos museus brasileiros.
Art. 5o Os bens culturais dos museus, em suas diversas
manifestações, podem ser declarados como de interesse
público, no todo ou em parte.
§ 1o Consideram-se bens culturais passíveis de musealização
os bens móveis e imóveis de interesse público, de natureza
material ou imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência ao ambiente natural, à
identidade, à cultura e à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira.
§ 2o Será declarado como de interesse público o acervo dos
museus cuja proteção e valorização, pesquisa e acesso à
sociedade representar um valor cultural de destacada
23
importância para a Nação, respeitada a diversidade cultural,
regional, étnica e lingüística do País.
..........................................................................................
Art. 9o Os museus poderão estimular a constituição de
associações de amigos dos museus, grupos de interesse
especializado, voluntariado ou outras formas de colaboração e
participação sistemática da comunidade e do público.
§ 1o Os museus, à medida das suas possibilidades, facultarão
espaços para a instalação de estruturas associativas ou de
voluntariado que tenham por fim a contribuição para o
desempenho das funções e finalidades dos museus.
§ 2o Os museus poderão criar um serviço de acolhimento,
formação e gestão de voluntariado, dotando-se de um
regulamento específico, assegurando e estabelecendo o
benefício mútuo da instituição e dos voluntários.
........................................................................................
Art. 44. É dever dos museus elaborar e implementar o Plano
Museológico.
Art. 45. O Plano Museológico é compreendido como
ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido
global e integrador, indispensável para a identificação da
vocação da instituição museológica para a definição, o
ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada
uma de suas áreas de funcionamento, bem como fundamenta a
criação ou a fusão de museus, constituindo instrumento
fundamental para a sistematização do trabalho interno e para a
atuação dos museus na sociedade.
Art. 46. O Plano Museológico do museu definirá sua missão
básica e sua função específica na sociedade e poderá
contemplar os seguintes itens, dentre outros:
I – o diagnóstico participativo da instituição, podendo ser
realizado com o concurso de colaboradores externos; II – a
identificação dos espaços, bem como dos conjuntos
patrimoniais sob a guarda dos museus; III – a identificação
dos públicos a quem se destina o trabalho dos museus; IV –
detalhamento dos Programas:
a) Institucional; b) de Gestão de Pessoas; c) de Acervos; d) de
Exposições; e) Educativo e Cultural; f) de Pesquisa; g)
24
Arquitetônico-urbanístico; h) de Segurança; i) de
Financiamento e Fomento; j) de Comunicação.
§ 1o Na consolidação do Plano Museológico, deve-se levar
em conta o caráter interdisciplinar dos Programas.
§ 2o O Plano Museológico será elaborado, preferencialmente,
de forma participativa, envolvendo o conjunto dos
funcionários dos museus, além de especialistas, parceiros
sociais, usuários e consultores externos, levadas em conta
suas especificidades.
§ 3o O Plano Museológico deverá ser avaliado
permanentemente e revisado pela instituição com
periodicidade definida em seu regimento.
Art. 47. Os projetos componentes dos Programas do Plano
Museológico caracterizar-se-ão pela exeqüibilidade,
adequação às especificações dos distintos Programas,
apresentação de cronograma de execução, a explicitação da
metodologia adotada, a descrição das ações planejadas e a
implantação de um sistema de avaliação permanente.
Art. 48. Em consonância com o propósito de serviço à
sociedade estabelecido nesta Lei, poderão ser promovidos
mecanismos de colaboração com outras entidades.
Art. 49. As atividades decorrentes dos mecanismos previstos
no art. 48 desta Lei serão autorizadas e supervisionadas pela
direção do museu, que poderá suspendê-las caso seu
desenvolvimento entre em conflito com o funcionamento
normal do museu.
Art. 50. Serão entendidas como associações de amigos de
museus as sociedades civis, sem fins lucrativos, constituídas
na forma da lei civil, que preencham, ao menos, os seguintes
requisitos:
I – constar em seu instrumento criador, como finalidade
exclusiva, o apoio, a manutenção e o incentivo às atividades
dos museus a que se refiram, especialmente aquelas
destinadas ao público em geral; II – não restringir a adesão de
novos membros, sejam pessoas físicas ou jurídicas; III – ser
vedada a remuneração da diretoria.
Parágrafo único. O reconhecimento da associação de amigos
dos museus será realizado em ficha cadastral elaborada pelo
órgão mantenedor ou entidade competente.
25
Art. 51. (VETADO)
Art. 52. As associações de amigos deverão tornar públicos
seus balanços periodicamente.
Parágrafo único. As associações de amigos de museus
deverão permitir quaisquer verificações determinadas pelos
órgãos de controle competentes, prestando os esclarecimentos
que lhes forem solicitados, além de serem obrigadas a
remeter-lhes anualmente cópias de balanços e dos relatórios
do exercício social.
Art. 53. As associações de amigos, no exercício de suas
funções, submeter-se-ão à aprovação prévia e expressa da
instituição a que se vinculem, dos planos, dos projetos e das
ações.
Art. 54. As associações poderão reservar até dez por cento da
totalidade dos recursos por elas recebidos e gerados para a sua
própria administração e manutenção, sendo o restante
revertido para a instituição museológica.
.........................................................................................
Art. 60. Poderão fazer parte do Sistema Brasileiro de
Museus, mediante a formalização de instrumento hábil a ser
firmado com o órgão competente, os museus públicos e
privados, instituições educacionais relacionadas à área da
museologia e as entidades afins, na forma da legislação
específica.
Considerações finais
O que se conclui neste estudo é o vislumbre do poder dos museus,
da arqueologia pré-histórica e paleontológica como formadores educacionais de um povo e este
estudo visa, também, promover o resgate museológico arqueológico pernambucano, abrindo-se
para possibilidades de evolução dos museus do Estado, com a utilização de incentivos legais e
financeiros, públicos e privados, que antes não se podiam contar.
26
É o resgate histórico rico, que começou na época de Maurício de
Nassau e continua até hoje, com o legados dos inúmeros profissionais pernambucanos que deram
suporte para possibilitar um crescimento educacional e social promovido pelos museus,
principalmente aqueles de ciências.
Hoje, pode-se apostar numa melhora do setor arqueológico
paleontológico, tanto nacional, como estadual e que o trabalho dos profissionais das
Universidades tenham valido mais ainda. Por isso, fica aqui a homenagem aos inúmeros
profissionais das áreas da arqueologia e paleontologia e que compõem os quadros das
Universidades Públicas (UFPE, UFRPE e UPE) e Privada (UNICAP).
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