a invencao do nordeste e outras artes

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A Invenção do Nordeste e Outras Artes Escrito por Bruno Aquino Qui, 12 de Janeiro de 2012 19:12 Durval Muniz de Albuquerque Cortez Editora Introdução                        Durante um grande período da História, não havia este conceito de Nordeste que conhecemos hoje, isto só começou a ser construído apenas à partir do século XX, mas especificam,ente em meados da década de 10, na fase de construção deste nordeste os teóricos procuraram não fazer um trabalho de Geografia Física ou da História Econômica do Nordeste, quiseram fazer uma História da Transformação Social que estava passando o Nordeste.                        Durval modificou o modo como se faz a história de uma região, ele não queria 1 / 30

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A Invenção do Nordeste e Outras Artes

Escrito por Bruno AquinoQui, 12 de Janeiro de 2012 19:12

Durval Muniz de Albuquerque

Cortez Editora

Introdução

                        Durante um grande período da História, não havia este conceito de Nordesteque conhecemos hoje, isto só começou a ser construído apenas à partir do século XX, masespecificam,ente em meados da década de 10, na fase de construção deste nordeste osteóricos procuraram não fazer um trabalho de Geografia Física ou da História Econômica doNordeste, quiseram fazer uma História da Transformação Social que estava passando oNordeste.

                        Durval modificou o modo como se faz a história de uma região, ele não queria

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fazer uma história onde tivesse um marco inicial e nem História Física ou Econômica. Durvalquis fazer um trabalho de desconstrução que se tinha do nordeste. Durval quis fazer umaprodução historiográfica, como diz no texto na Invenção do Nordeste que Durval estavapreocupado em romper com a lógica identificadora e encontrar a diferença lá onde ela sealoja, decifrando suas próprias condições de possibilidade, decodificando suas regrasenunciativas.

                        Outras características de Durval é que procurou fazer uma História do Nordesteonde ele não fazia acusação a ninguém e nem procurar um culpado pela situação de misériaque o nordeste estava passando, Durval queria mostrar um nordestino diferente e não aquelecoitadinho como todos imaginavam. Durval quis mostrar um nordeste moderno, e um nordestemoderno, e um nordeste que também anda junto com o progresso.

                        Neste processo de desmistificação do Nordeste encontraremos outras pessoasque brigam por esse novo modo de ver o nordeste entre elas Rachel de Queiroz, que ela fala que a mídia tem o olho torto quando se trata de mostrar o “nordeste”, pois eles só queremmiséria.

                        Compreendo que quando Rachel de Queiroz faz está critica ela não quer negara miséria em que o nordeste vive, mas ela quis fazer uma desmistificação do nordeste e que no nordeste não existe só miséria e fome, mas também que o nordeste produz uma culturabrasileira, sendo produzido culturas como literatura, cinema, música, pintura, teatro e produçãoeconômica.

                        A partir deste momento como a surgir um discurso regionalista, começando asurgir o nordeste que conhecemos hoje, que a partir de então queria contar a sua verdade. Apartir de então o nordeste se preocupou com o poder política, para que não houvesse estaimposição dos Estados do “Sul” sobre o nordeste.

                        Neste período surgiu a problematização da Invenção do Nordeste. E a partir deentão há uma preocupação que a região necessariamente tenha uma unidade, porque o Estado pode ou não querer ou não colaborar com esta unidade. E que não há uma demarcação política e nem demarcações nas lutas sociais.

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                        Começamos a partir de então um conflito entre os conceitos de que nação e deregião e sobre a cultura nacional, regional e internacional. Para Durval a identidade nacionalou regional é uma construção mental. Também é interessante ver que este Regionalismo éuma ideologia feita pela classe dominante. Também podemos verificar que o papel doHistoriador não é fazer está ruptura entre a história regional e a nacional, e o papel dohistoriador é a unidade. A história regional passa a ser uma questão política, que procura fazerum projeto do nordeste sobre a tradição acadêmica, é um problema muito grave essaseparação dos historiadores entre a história nacional e história regional.

Desenvolvimento

                        No ato da invenção do nordeste a primeira preocupação dos historiadores foide desvincular o território nordestino, do antigo norte, Durval fala que a partir de então dareelaboração das imagens construídas no antigo norte.

                        Podemos perceber que a partir do século XIX e início do século XX,começamos a verificar uma modificação de perceber e representar o regionalismo do país. Percebemos também passa por uma dependência econômica e uma dependência política, emais atraso tecnológico em relação a outros centros do Brasil. A partir da década de 20 onacionalismo começa a fazer uma apresentação das particularidades regionais.

                        A imprensa teve uma importância enorme para este sentido nacionalista, aimprensa começou a mostrar nos jornais os costumes nacionais e de certo ponto

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menosprezando os costumes regionais. Também neste momento começa a se inventar certoscostumes que seria de São Paulo ou do Nordeste.

                        A partir da década de 20 é que pode se verificar novos discursos regionalistas e novas práticas regionalistas é também que o nordeste foi instituído. Foi também neste períodoem que começou a perceber esta questão da vida material e social que poder ser verificadoum excesso de trabalho de imigrantes no sul e a falta deles no norte.

                        Paulo de Moraes de Barros, em texto para o Estado de São Paulo mostra ainferioridade racial dos nordestinos, e fala da culpa dos nordestinos pela violência no Estadode São Paulo e como este povo (nordestino) seria a base para a construção de uma nação.Este mesmo jornal tenta depois fazer um contraponto a Paulo Moraes tentando construir as“Impressões do Nordeste” e quis mostrar as “Impressões de São Paulo” onde mostrava asuperioridade de São Paulo e que teriam sido formados pela população européia.

                        Toda vez quando se trata do regionalismo paulista com o “regionalismo de superioridade” isso ocorreu por conta que São Paulo ter sido ascendido pelos europeus e decor branca. Os paulistas vinham em grande avanço urbano em São Paulo, e achava onordeste um lugar atrasado, chamado o nordeste um grande espaço medieval. Odescobrimento sobre o nordeste era tão grande que causou um espanto em Oswald deAndrade em relação a modernização de cidades do nordeste e o discurso regionalistanordestina, mostra uma região rural, com suas dificuldades.

                        Este olhar sulista pode ser vistos nos artigos de Mário de Andrade, o principal eo turista aprendiz que ocorrem em uma viagem em 1927, que ele (Mário de Andrade) aosEstados do Norte e Nordeste ele tentou mostrar uma intelectualidade provinciana, o homemprovinciano e o homem primitivo.

                        No início não procurou se discutir se este discurso era verdadeiro ou falso, mas entender a produção desse conceito sobre o nordeste.

                        O nascimento no discurso regionalista, se no século XIX no império, quandosurgiu a idéia de pátria, e houve uma reação contra este regionalismo, porque esta questãolocal poderia nascer um sentimento separatista.

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                        Mas com o desenvolvimento industrial na década de vinte, este regionalismoseria extrapolar as fronteiras dos Estados, isto impediu, a necessidade desta separação.

                        A partir da década de vinte surge um novo regionalismo, onde começa aconstrução de um novo regionalismo, e a procura dos saberes e de conhecer um novo objeto do conhecimento, e a partir dos anos vinte, procurava uma formação discursiva nacional-popular. Esta a formação discursiva nacional-popular procurava construir umaidentidade nacional para o Brasil e para os brasileiros.

                        A partir de então eles queriam desmistificar as regiões, queriam, por exemplo, que o nordeste fosse definido como o cangaço, o messianismo, o coronelismo, a partir deentão queriam fazer uma reelaboração sobre o discurso regionalista. A partir de então estádiscussão sobre o regionalismo deixa de ser uma questão individual para ser uma questãosocial. A partir de então começou a surgir conceito sobre este regionalismo. Para SampaioFerraz considera que o apego natural à terra natal não colide com a formação danacionalidade, mas se constitui num pré-requisito indispensável, já para Graça Aranha, oregionalismo se constitui apenas em meio de expressão, mas n/;ao um fim para a arte, que devia aspirar ao universal, já para Mário de Andrade, o Brasil era esse encontro em que nãose podia esquecer a cor local e variada, razão da dificuldade do artista sentir o Brasil, ver edizer o país sem passar pelo dado regional, já para o crítico de arte João Ribeiro achava que opintor nacional devia fixar os diferentes tipos e as paisagens regionais, que iam “produzindo o espaço nacional”. Até por que o regionalismo era inclusive um tema permanente na produçãoartística naturalista, anterior ao modernismo.

                        O regionalismo já tinha suas manifestações na década de 50 e 60 do séculoXIX e se preocupava com a questão ambiental e geográfica.

                        Para Antônio Cândido considera o regionalismo como uma das primeiras viasde auto definição da consuência local. Para os intelectuais o progresso atrapalharia o sentidoregional, a literatura regionalista procurava analisar a diversidade. O marco desta questãonaturalista foi Os Sertões de Euclides da Cunha em 1906. Os Sertões já mostra estapensando no problema da nossa identidade nacional, e mostra o duelo paulista e sertanejo. EEuclides mostra pela primeira vez o herói sertanejo nordestino como meio nacional.

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                        Também a partir de Euclides ele se opõe ao litoral e ao sertão, Euclides mostraque o sertão não sofre influência estrangeira, e faz com que o sertão tenha uma característicaprópria, chegando a ser visto como uma figura exótica. Isto fez com que os intelectuais sevoltassem contra os intelectuais litorâneo que eram influenciados pelas culturas estrangeiras.

                        Essa cultura sertaneja foi misturada a cultura folclórica, isto foi importante para a cultura brasileira. Isso ganhou a simpatia de alguns intelectuais como Euclides e MonteiroLobato. Lobato começou a demonstrar com os livros, O Urepês, que criticava a falta depolíticas de modernização no interior do país. Para Lobato, o verdadeiro Brasil. O que queriamostra, era o Brasil interior, não era o Brasil artificial, macaqueado do estrangeiro. Era o Brasildo campo, não o das grandes cidades. Porque durante muito tempo o regionalismo estava voltado para os tipos regionais isso ocorreu principalmente antes do modernismo. O conflitoentre o regionalismo literário naturalista e o modernismo só fez com que o processo de recorteregional do nordeste fosse acelerado, e fez com que houvesse um conflito entre a diferença de modernização, entre o norte e o sul que tinha começado a ocorrer desde o final do séculoXIX.

                        Para Oliveira Vianna, duas décadas mais tarde, também considera o Sudeste, notadamente São Paulo, como “o centro de polarização dos elementos arianos da nacionalidade”, “local de uma aristocracia moral e psicologicamente superior”. Também paraVianna, o destino do norte era ficar cada vez mais subordinado a influência dominadora dosgrandes campos de atração do sul e sudeste e já na área setentrional do país ficariam apenasos degenerados raciais. Vianna também estava preocupada com esta política regionalista, quechegou a sofrer pressão vinda do exterior para continuar esta unidade nacional.

                        Para Nina Rodrigues o clima e a civilização do sul eram responsáveis porimpedir ao norte uma forma de progresso, outra coisa que contribuiu para que o norte não avançasse era a presença do mestiço e o seu clima. O norte estaria pelo clima e pela raça.

                        A partir de 1877 este processo de discussão começou a servir como uma formado norte receber recursos financeiros, e também serviu para a derrota do norte diante do sul.Freyre atribuiu dois fatores para esta “derrota”. Primeiro atribuiu a seca e ao fim “abrupto” esem indenização da escravidão o declínio da produção nordestina; o segundo Freyre, asubordinação nortista foi acentuada ainda mais pelo êxodo de inteligências; homens de eliteque a seca de 1877 transferiu para o sul.

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                        A partir de 1919 começou a surgir o conceito sobre o nordeste, feito pelos sulistas que o nordeste era apenas a seca, o cangaço e o messianismo. A partir da década devinte surge o fanatismo religioso, com a presença de Padre Cícero. Isso só foi ratificar estavisão pré-concebida do sul ao norte.

                        Entre essas teorias concebidas do ‘nordeste’ que em relação ao cangaço, tornao sertão e o “nordeste” um lugar bastante violento que impede os investimentos que o“nordeste” e também impedir a construção de um nordeste.

                        A imprensa do sul continua a argumenta que o nordeste é um lugar atrasado eque é muito violento.

                        Com a perda do poder político começou no norte a surgir este sentimento desaudade que foi causado pela perda de suas referências espaciais ou temporais. A partir deentão deixou de ser discutido este conflito entre norte e sul e foi trocada pela saudade e natradição.

                        No final da década de 10 começou a surgir o termo nordeste, apesar de alguns jornais sulistas insistirem a chamar tudo de norte e  continuarem com os mesmos conceitossobre o nordeste, na década de 20 é que começou a avançar este processo de separação entre o norte e o nordeste.

                        A partir da década de 20 começou um discurso de separação da áreaamazônica e a área ocidental do norte. Ambas as regiões pudessem avançar agora essa institucionalização do nordeste teve um grande obstáculo que foi o reconhecimento do sul.

                        Que a parti da IFOCS, no governo de Epitácio Pessoa, que o nordestecomeçou a ser visto e lido como o nordeste e em 1920 começa as denúncias sobre osprivilégios do sul, principalmente do café e adquire tons separatistas. A partir de então surgiuum bloco do norte que foi criado para combater este discriminação e fazer as reivindicaçõespara o seu estado.

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                        A partir de então os filhos dos intelectuais regionais tiveram que ir para os grandes centros como o Recife. As Faculdades de Direito do Recife e o Seminário de Olindaeram os lugares para formação superior onde se encontravam e se discutiam as questõesregionais e uma visão de mundo em comum.

                        Gilberto Freyre começou a fazer uma pesquisa sobre uma possível limitação donordeste. Só a partir de 1925 que começou a dar uma tentativa de recorte espacial do nordeste e foi a partir do Livro do Nordeste que surgiu o recorte espacial um conteúdo culturale artístico e o resgate de suas tradições, a sua memória, a sua história. A radicalização doregionalismo nordestino pode ser constatada pela participação de elementos de classe médiae até lideres operários no Movimento Autonomista de Pernambuco. A partir de entãocomeçaram a surgir à popularização do Nordeste.

                        A partir de então começou a surgir maneiras para o desenvolvimento donordeste, com o surgimento do DNOCS e o IAA e também o combate a seca, o combateviolento ao messianismo e ao cangaço, os conchavos políticos das elites políticas para a manutenção  dos privilégios.

                        A legitimação do nordeste só começou a ser feito em 1926 no Congresso Regionalista. Para Gilberto Freyre a influência holandesa contribuiu para essa diferenciaçãodo nordeste, tanto no ponto de vista cultural, comercial e como centro-financeiro e começou asurgir que a “consciência regional” sobressaísse ao nacional. Gilberto Freyre em 1925 começaa construir um novo conceito sobre o nordeste e coloca a seca como um dos marco dasconsequências morais e sociais. A partir de então o nordeste foi à procura das verdadeirasraízes regionais e no campo da cultura, inventar novas tradicionais, isto é, ocasionando paraque o nordeste não perdesse a memória individual e nem coletiva, e essa ênfase a tradiçãocontribuísse para a construção deste nordeste. Esta invenção das tradições ajudou para aformação da identidade regional. O “nordeste tradicional” e um produto na modernidade quesó é possível pensar neste momento.

                        Já na obra de Luís da Câmara Cascudo faz um destaque na idealização doelemento popular, e Câmara Cascudo procura trabalhar com o elemento folclórico. E este folclore trabalha o inconsciente regional recalcado era um reconhecimento da cultura popularque resultou na mentalidade regional.        

                        O folclore facilitou a interação do povo do nordeste que contribuiu para

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identidade regional e ajudou para a invenção de tradições.

                        Neste momento surgiram vários intelectuais que ajudaram para a construção do nordeste, Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Ascenso Ferreira, Luiz Gonzaga, Zé Dantas,Humberto Teixeira, Ariano Suassuna, Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Manuel Bandeira,Rachel de Queiroz e José Américo de Almeida.

                        A partir de então os intelectuais procuram trabalhar este nordeste, a partir daí ahistória passa por uma transformação, esse discurso tradicionalista toma a história como umlugar da produção de memória.

                        Neste momento o nordeste procura olhar para si, para diminuir essasdiferenças entre o regional e o nacional.

                        José Lins do Rego tenta mostrar um nordeste tradicionalista e uma regiãoformada por imagens depressivas e decadentes. Já Gilberto Freyre procura fazer uma buscaas suas origens.

                        Este movimento regionalista faz um resgate ao passado, como se fosse umresgate a uma identidade ameaçada ou perdida.

                        Ascenso Ferreira procura trabalhar de modo diferente procura a trilha, ocaminho do modernismo em Pernambuco. Ascenso via que a região nordeste era umasociedade brasileira, ameaçada de ser destruída pela civilização estrangeira. Já pra José Linsdo Rego sua maior preocupação era a descoberta de sua identidade. Rachel de Queiroz sepreocupa com a dicotomia entre o tempo e o espaço, até as músicas de Luiz Gonzaga que eratida como moderna discutia está questão entre a seca e o inverno. O nordeste sempre estávoltado ao passado.

                        Ariano Suassuna também volta ao passado para a construção do nordestecomo um espaço tradicional. Ariano procura um nordeste sertanejo, Ariano constrói como oreino dos mitos, do domínio do atemporal, do sagrado, da indiferenciação entre natureza e

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sociedade, Ariano chega a inventar o seu nordeste, este nordeste esta ligado ao passadomedieval da Península Ibérica.

                        Em 1924 surgiu o Movimento Regionalista e Tradicionalista de Recife, tiveram início voltado as questões políticas locais e regionais.

                        O regionalismo freyriano também tinha uma discussão nacional-popular. O regionalismo antes da década de vinte tinha uma discussão sociológica. O regionalismodefinido por José Lins do Rego busca uma unidade sem fragmentação, enquanto oRegionalismo Tradicionalista se preocupava com a pesquisa, José Lins do Rego iria em buscamais direta com o público.

                        Freyre faz acusações que os modernistas não fazer pesquisas históricas,sociológicas e antropológicas e sobre a caracterização histórico-social do país.

                        O pensamento freyriano era radicalmente favorável a nacionalidade natradição. José Lins fazia os seus trabalhos a favor da Invenção do Nordeste. Para Freyre omodernismo só existia para manter as conveniências dos ricos e esnobes que queriamconstruir outros ídolos, formulas e preconceitos. José Lins e Gilberto Freyre tentam afirmar aautenticidade e a autonomia do movimento regionalista e tradicionalista, em relação aomodernismo paulista. Apesar de José Lins sempre se negou que o seu romance teria sofridoqualquer influência das obras de Gilberto Freyre e o seu pensamento.

                        Freyre só via uma maneira para ver o nordeste como uma região criadora sóquando recuperasse o seu regionalismo verdadeiro e também uma reação imperialista, uma resistência a visão de superioridade cultural que este carrega.

                        Para Freyre os modernistas pretendiam transformar o Brasil numa áreasubeuropéia de cultura e ocidentalizar seus costumes. Freyre que dizer que o seuregionalismo é moderno.

                        Para o modernismo o nordeste deveria se tornar um país europeu como estava

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se tornando São Paulo.

                        Houve uma grande discussão de quem foi a paternidade sobre o regionalismotanto Joaquim Inojosa como Gilberto Freyre queriam a paternidade.

                        Freyre tenta provar que antes da década de 20 chamava atenção dessa novarenovação das artes nacionais. Já Freyre procurou mostrar que Inojosa nunca se preocupoucom o movimento regionalista e tradicionalista.

                        Joaquim Inojosa trouxe o movimento modernista para Pernambuco e elerepresentava a revista Klaxon em Pernambuco. Os movimentos modernistas pediam aintervenção “moralizadora” do Governo Federal no Estado.

                        Inojosa ao escrever Brasil-Brasileiro queria mostrar o Brasil contemporâneo enão queria se deter ao passado. Inojosa tentou retirar o pioneiro a freyrianos e atribuir a MárioSette a fundação da visão regionalista e tradicionalista da literatura nordestina. A principaldiferença entre o regionalismo e os tradicionalistas é a negação do fato de que a seleção deuma dada tradição obedece a um ponto de vista político, teve outras disputas entre osmodernistas e regionalista pela hegenomia cultural, tanto no âmbito nacional quanto no nívelregional.

                        A Sociologia esta preocupara com as questões sociais e culturais e estavatambém preocupado com a definição de uma identidade para o brasileiro e ainda, procurouuma definição para regiões e seus tipos regionais.

                        Freyre tenta mostrar que a miscigenação racial ajudou a formação damiscigenação cultural, para melhor compreensão da nossa identidade como nação e a contribuição regional na formação da nacionalidade.

                        Freyre quis mostrar que vista regional deveria se preocupar com os estudos da Sociologia e da História, porque a partir daí estudaremos a questão do habitat. Ele (Freyre)procurava fazer uma sociologia genética que trabalha a questão da tradição, como o ponto de

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partida para a interpretação da nossa sociedade.

                        Freyre teve seus discursos a partir da hierarquia da raça e do meio, e asuperioridade das nações e das regiões brancas sobre as mestiças. Freyre quer mostrar a revalorização do mestiço, e esta mestiçagem ajudou a nacionalidade brasileira. Freyretambém mostra que os portugueses se adaptavam rapidamente aos elementos mestiços.Freyre também mostra a variação de classes que mudavam de acordo com as regiões.Mostrava estas questões de conflitos de raça ou conflito regional de culturas, como também naquestão social e cultural que geravam a rivalidade entre as regiões. Agora tanto odesenvolvimento industrial, também as questões biológicas acentuaram estas desigualdades.

                        Freyre também tenta novos conceitos sobre as condições ecológicas do Brasile especificamente no nordeste. Para Freyre o enunciado naturalista atrapalhava o desenvolvimento civilizatório dos trópicos.

                        Havia um conflito entre Prado e Freyre, para Prado, a tropicalidade noscondenava ao fracasso como nação, mas Freyre dizia que ela nos singularizava como civilização, nos dava caráter próprio.

                        Freyre continuava a trabalhar que a mestiçagem e a tropicalidade era o pontoprincipal para uma identidade nacional e que esse processo de homogeneização cultural e étnica.

                        Para Freyre também a questão patriarcal, porque a partir daí poderia manter a relação de poder entre pessoas e não de classe, grupos ou instituições sociais. Para Freyre amodernização ou o progresso é considerado os agentes perturbadores do equilíbrio social.Freyre fala que a família patriarcal percorreu toda história do país, e teve sua importância paraa organização social e cultural, mas também Freyre ratifica a importância dos negros e foi responsável pela formação da personalidade brasileira única. Para Freyre foi o fim dasociedade que deu início ao processo de desequilíbrio entre as regiões do país. A decadênciadesta sociedade teria aumentado à diferenciação regional, além das condições físicas tambémas diferenças culturais, sociais e as atividades econômicas.

                        Para Freyre, a harmonização das regiões contribuiu para preservação dos seus

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espaços diferenciados e da dominação que neles exerce.

                        Freyre começa a elaborar uma invenção do nordeste, agora numa visãosociológica, Freyre tentou fazer um discurso onde tentava sensibilizar os brasileiros para a questão sociologicamente. E queria que a Federação só mandasse os investimentos praalguns Estados. Para Freyre esta degradação física do nordeste era um dos indícios daprópria decadência daquela sociedade tradicional, era a busca do equilíbrio social. Freyrepropôs uma estratégia política: a defesa da conciliação, a condenação da disciplina burguesae dos conflitos sociais que esta sociabilidade acarreta.

                        A instituição sociológica e histórica do nordeste não foi constituída apenas pelos intelectuais, mas o discurso feito pelo sul. O nordeste é uma invenção dos intelectuaisdo sul, e a origem da nacionalidade é buscada através da história de cada região. A partir dadécada de vinte surgiram mitos que foi criados pelos intelectuais.

                        Freyre só concordava que o senhor do engenho era um dos poucos exemplosque ele confirmava como um elemento de nacionalidade.

                        Havia um conflito entre Freyre e os intelectuais sulistas, porque para OliveiraViana a aristocracia podia ser vista em São Paulo. Para Ricardo o tipo brasileiro nasceuexatamente da democratização biológica surgida na família patriarcal e cristã paulista. Adiferença entre Ricardo e Freyre, é que Ricardo utiliza a família patriarcal com o espíritoburguês, já Freyre fala de uma sociedade antiburguesa.

                        Para Roger Bastide tem o Brasil como uma cisão dual ente São Paulo e onordeste. Para ele o nordeste é um lugar socialmente atrasado, e que Sá a união do nordestepara que ocorresse uma modernização capitalista.

                        Para Menotti Del Pichia o paulista era um aventureiro, autônomo, rebelde, um libérrimo, com uma fuição perfeita de dominador de terra, já a visão que ele tinha do sertanejonordestino era um sujeito duro, nômade e mal fixo a terra e sem a capacidade orgânica paraestabelecer uma civilização mais duradoura. Freyre contestava Menotti e atribuía aPernambuco o mesmo gosto pela iniciativa, pela descoberta, pela inovação e pelaautocolonização.

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                        Sérgio Buarque de Holanda discorda de Freyre em relação ao carátercivilizador da atividade açucareira, para Sérgio era um aventureiro e tinha uma visão que São Paulo era um lugar moderno e urbano industrial, omitindo-se sua cultura tradicional e arealidade do campo. Já com o nordeste se verifica o inverso. Para ele as cidades nordestinasestavam parada no período colonial.

                        Para alguns intelectuais sulistas o nordestino não tinha a ânsia de semodernizar, tanto parta Mário como Oswald era um último reduto da cultura brasileira.

                        Em 1920 Amadeu denuncia a emergência de um novo surto de práticas ediscurso regionalista, e ele atribuiu esta fragilidade do regionalismo em São Paulo ao fato desua população ser quase toda composta de forasteiros. Para ele o único regionalismo queultrapassa as fronteiras estaduais, que conseguiu unir intelectuais e políticos de váriosEstados e atraiu outros grupos regionais como os da Bahia e do norte de Minas e do Nordeste.

                        A partir da década de vinte e trinta a literatura regionalista, transforma-se em “Literatura Nacional”. A crítica tenta legitimar e eleger a região, como em nacional. Para ele oregionalismo não existe e um discurso literário elaborado sociologicamente por GilbertoFreyre. O nordeste é definido como “uma província” literária, construindo o nordeste a suaprópria verdade. Os intelectuais nordestinos citam o “romance de trinta”, como uma literaturaque atendia as exigências do ambiente físico e social.

                        O romance de trinta teve o seu surgimento através de uma sociedademodernizadora, o grande problema da questão nacional e a miscigenação brasileira, o grande problema da questão nacional e a diversidade das condições sociais para fazer e concluir acomposição da nação. O grande sucesso dos romancistas da década de trinta está localizadono eixo Rio-São Paulo, o centro econômico e político do país. O romance de trinta estavapreocupado com a construção de elaborar personagens. O “romance de trinta” tem como temacentral a decadência da sociedade patriarcal e sua substituição pela sociedadeurgano-industrial. Eles procuram uma aproximação com o povo e a expressão de origempopular e denunciar as condições sociais em que viviam. A partir daí começou a tentativa deuma profissionalização no campo literário. A partir de então o romance passa a ser feito parao público e não para uma classe.

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                        O romance de trinta ver de forma sociológica das várias realidades do nordeste, tenta destituir o nordeste da tradição e da saudade. Eles contestam, o nordeste dacana-de-açúcar, da sociedade patriarcal e escravista que se desenvolvera na zona da mata enas cidades do litoral, questionando alguns autores como Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira,eles inventam o nordeste tradicional e construído a partir de lembranças, experiências,imagens e enunciados fatos que consideram essenciais e característicos desta região, de umtipo regional. O romance de trinta tenta construir personagens típicos de cada região. Masmesmo assim eles se remetem as questões já estabelecidas, que se remetem a umasociedade social e cultural dominante.

                        Já Roberto Viana apresenta a literatura popular, com a tradição dos cantadores repentista. Já Sílvio Romero, Joaquim Nabuco procura trabalhar com uma sociedade rural epatriarcal vinculado àquela produção popular.

                        O cordel é uma estrutura narrativa que ajudou na produção artística e cultural nordestina, o cordel era uma produção popular que tinha uma forma de expressão diferentedas eruditas, como a literatura, o teatro, o cinema, etc. Ela (cordel) reproduz uma realidadepopular. O cordel fornece inclusive a visão tradicionalista que impregnara parte da produçãosobre está região. A estrutura narrativa do cordel promove a descontinuidade histórica queperturba o cotidiano.

                        Houve uma mudança em relação a regionalismo novo se antes tinha um olhardo campo para as cidades, agora passa a ter da cidade para o campo, agora este fenômeno urbano e metropolitano no nordeste é praticamente ignorado por sua produção artística eliterária. Ainda no nordeste procura mostra a superioridade na vida do campo em relação acidade.

                        Quando Ascenso Ferreira ou Manuel Bandeira procura a trabalhar as cidades,mostra a cidade antiga “o velho Recife, que ficou atrás do arruado moderno, do rio batendo nocais, das casas fechadas”.

                        Ascenso Ferreira tinha uma nova visão sobre o nordeste, inspirada noscantadores populares, Ascenso Ferreira tinha uma região sem problemas sociais e sem luta pelo poder. O nordeste “para qual o sertão era outro lado do mundo, de onde chegavamfugitivos das secas e homens briguentos, corridos por terem cometido crime de morte e asfamílias que eram donas de tudo e de todos”.

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                        O nordeste tradicional pode ser também o do sertão, um sertão que é onordeste, espaço místico já presente na produção cultural popular, no cordel e em romancistas do século XIX, como Franklin Távora e José de Alencar, sistematizadodefinitivamente por Euclides da Cunha e agenciado para representar uma região. Vem sendovisualizados no nordeste um agrupamento de imagens rural ou urbana, ou do litoral ou dosertão, e uma diversidade do trabalho de integração entre poetas escritores.

                        A partir de então o regime tradicionalista procura resgatar o linguajar nordestino uma fala nordestina Gilberto Freyre já tinha falado em um português brasileiro, com umlinguajar ruralizado. Já para José Lins do Rego, a linguagem seria uma forma de manifestaçãodo regional, como o lugar da autenticidade. E sob a influência direta de Gilberto Freyre e deJosé Lins do Rego que o filólogo Mário Marroquim vai partir da idéia de nordeste para estudara sua dialetação regional. E também estudar o dialeto do nordeste significa voltar ao passado, estudar a memória de uma sociedade na qual daquelas expressões dialetais tinham segostado e, pela primeira vez tocado os ouvidos do autor, já Marroquim caracteriza o “falarnordestino”. A medida que se vai abordando a língua do nordeste, Marroquim faz emergirformas particular, as vezes restritas a uma única cidade. Marroquim trabalha negando aexistência desta língua nordestina.

                        O romance de trinta colocou temas regionais como a decadência da sociedade açucareira, o beatismo contraposto ao cangaço, o coronelismo com seu complemento ojagunço e a seca com a epopéia da retirada.

                        A partir deste momento a imagem do nordeste passa a ser vista como a regiãoda seca e do deserto. A seca foi o fenômeno para as transformações radicais na vida dapessoa. A partir daí o romance de trinta ratificou está questão em torno da imagem da seca donordeste.

                        Para Rachel de Queiroz e José Américo, o sertão aparece como o repositóriodo verdadeiro caráter nacional, reduto de uma sociabilidade comunitária familiar e orgânica,onde os valores e os modos de vida contrastam com a civilização capitalista moderna, com aética burguesa assentada no individualismo, no conflito e na mercantilização de todas asrelações. José Lins abordou a sociedade açucareira, já Rachel de Queiroz e José Américoabordaram o sertão como o último reduto desta sociabilidade após a decadência da sociedade canavieira. E no discurso literário valorizou uma sociedade totalmente hierarquizada.

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                        Outra que será bastante discutida é sobre os movimentos messiânicos ecangaço que foi entendida como um resultado da seca como um grande problema para ainstalação de uma sociedade moderna.

]                      Para a literatura nacionalista nordestina fala de um antigo equilíbrio no uso da violência entre senhores e pobres, valorizando-o em detrimento da nova violência na mão doEstado e dos novos patrões que dele se utilizam para impor seu mando, inclusive sobre osantigos poderosos. Já na sociedade burguesa, o crime do pobre, se ainda fascina e aterroriza,perde o seu caráter espetacular e singular, torna-se um ato banal, repetitivo, cotidiano,levando os pobres a não mais sentirem orgulho e admiração por seus criminosos, tornadoscomuns e atirados para o opróbrio das páginas policiais dos jornais.

                        Para os tradicionalistas o heroísmo popular era um mundo onde predominava ahonra, a valentia e sem qualquer interferência do Estado. O cangaceiro era alguém que aspirava ao poder e a glória.

                        José Lins via uma crueldade e a violência de Lampião já era sinais dadegeneração social da Região, Antônio Silvino já tinha outra visão sobre o cangaceiro, não perseguia a pobreza, vingava os pobres contra as atitudes discricionárias dos mais poderosose do governo, restabelecia o direito do pobre quando desrespeitado, defendia o código dejustiça popular não imposto, como as leis, e sim consenso entre todos, tinha sentimento defamília, já que fora por ela que ingressava no cangaço. O cangaceiro e o coronel tradicionaiseram justos e paternais, embora violentos e terríveis quando tinham seus direitos e sua honra ameaçados e sua confiança traída. Para alguns setores os cangaceiros eram uma oposição aolitoral era uma disputa entre o espaço civilizado e o espaço primitivo. O cangaço é destituídode qualquer conteúdo social. Os cangaceiros escondem os motivos porque foi procurando aminar a solidariedade popular e denunciar o apoio dos coronéis tradicionais a tal prática.

                        O cangaço foi um movimento importante para a formação do conceito donordeste, porque a partir dele surgiu o nordeste com valentia como sinônimo de macheza. Jáos romances tradicionalistas procuram trabalhar um lado sociológico para o surgimento docangaço. Os romances tradicionalistas trabalham com o conceito que o cangaceiro é tomadocomo símbolo da luta contra um processo de modernização que ameaçava descaracterizar a“região”, ou seja, ameaçava pôr fim à ordem tradicional da qual faziam parte.

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                        Também neste momento surgiu outra figura bastante citada tanto pelos sulistascomo os literários nordestino que são  os beatos e profetas que vagavam pelo sertão,prometendo castigo aos pecadores, a quem desrespeitava os códigos tradicionais, aos queviam na sociedade burguesa o indicio do fim dos tempos. E a partir deste momento omovimento literário transformará os movimentos messiânicos num tema regional e a fazer umaligação â imagem do nordeste e isso ocorreu em várias partes do nordeste.

                        O misticismo fazia parte de uma sociedade muito tradicional e é muito influenciada pela a religião e principalmente pelo catolicismo popular português e influenciadopelo sebastianismo e pelo milenarismo e também o fetichismo negro e indígena, possuía umalógica contrária ao materialismo e a racionalidade crescente da sociabilidade moderna que seinstalava, notadamente nos centros urbanos. Os movimentos messiânicos instauram territóriossagrados, fixam fronteiras entre o sagrado e o profano.

                        As narrativas do cangaço como nas narrativas em torno do messianismo, dassecas ou de decadência da sociedade tradicional, o coronel é uma presença constante. Também neste momento surge o coronelismo da acomodação do poder privado com o fortalecimento progressivo do poder público. Por causa deste domínio rural do país, ocoronelismo surge uma nova imagem do nordeste, isto também foi influenciado porque onordeste é a região das oligarquias. O nordeste conseguiu ser o instrumento de conservação,surgiram também mecanismos tradicionais de poder e dominação, que impediu qualquersentido de modernidade. Estes temas regionais instituídos pelo “romance de trinta”sedimentaram uma visibilidade e uma dizibilidade regional de forte poder de impregnação.

                        A várias diferenças entre José Lins do Rego e Gilberto Freyre, José Linsprocura não fazer uma pesquisa sociológica. Lins procura trabalhar a partir das histórias quelhe foram contadas nas salas de engenhos e seus livros são de recordações da sua vida deinfância. E também faz uma descrição de um processo de destruição e, ao mesmo tempo, umesforço de reconstrução de seu espaço interior e exterior com estes pedaços de passado. Linsrestabeleceu a continuidade e a unidade de seu mundo era estancar o próprio dilaceramento pessoal, reencontrar consigo mesmo. Seus livros são rendas feitas de meados do passado elinhas de sonho de continuidades. Seus livros trabalhavam a sociedade açucareira nordestina,e foram construídas a partir de memórias de infância e que se misturava com os tormentospsicológicos, causados pela ausência da mãe e a culpa diante do desabrochar do sexo. JoséLins trabalha a psicologia dos personagens sempre por meio da ação. Ele tenta revelar umapsique nordestina e através dos homens do engenha uma personalidade nordestina. José Lins problematiza o interior de seus personagens nas suas narrativas nunca ocorrem diálogos e sótem uma única voz. Ele apresenta uma sociedade de sistema fechado e que não admitemrenovações. As atitudes de seus personagens parecem, as vezes, determinadas pelo meioquando são vistas como “transmitidas pelo sangue”. Lins vê nas máscaras sociais burguesas

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artificialmente que deveria se transporta para se descobrir a essência do homem na suarelação com este meio particular, este meio regional. José Lins assim como Gilberto Freyretrabalha com a teoria de miscigenação.              

                        José Lins constrói um nordeste onde os coronéis amados e respeitados por suagente, um nordeste visto a partir do engenho o seu nordeste, que é a terra feliz do brejo, paraonde fogem os infelizes do sertão. José Lins oscila entre a compreensão social e humana.José Lins se sentia quase um expulso de sua geração por não acreditar em utopias detransformação da sociedade que projetavam um futuro diferente para a humanidade e JoséLins também trabalha o surgimento como um lugar dos desenraizamento. Atribuiu odespreparo das novas gerações para a decadência da sociedade açucareira. Ele culpa o sexocomoi um dos problemas para essa decadência. Às práticas homossexuais tambémsimbolizam a decadência de uma sociedade cujo núcleo era a família e nela o patriarca, o homem viril. O homossexualismo fala da própria perda da virili8dade de uma classe social e deuma sociedade, fala da sua feminização. Para José Lins “um corpo sacudido pelas paixões dehomem feito é uma alma mais velha que o corpo de um menino perdido, menino de engenho”.

                        Américo já vai chegando, fazendo criticas a decadência da sociedadeaçucareira. Ele queria conciliar o tradicional com o moderno, para ele o nordeste devia de modernizar sem perder o seu caráter. Américo tinha uma teoria sobre a sociedade que seaproxima com a que Gilberto Freyre falava, as mensagens de Américo são mais moralizantesdo que sociais. Américo procura mudanças mais destinadas aos latifúndios do que nasociedade como um todo. Américo apresenta o nordeste como uma região a ser unificada apartir do modelo do sertão e modificada por uma ação modernizadora, e os personagenspopulares em sua obra não têm voz.

                        Agora também a pontos que diferencia Américo à Freyre. Américo constrói onordeste, como um espaço cultural tradicional, um espaço não apenas de memória, mas um espaço atravessado pela história, um sertão dominado pela máquina. Américo sonhava comuma civilização para o nordeste, onde a civilização capaz de transformação do povo donordeste, ele queria uma civilização que o transformasse numa paisagem útil, em que asbelezas naturais fossem aliadas as belezas artificiais, um nordeste da técnica e da ordem.

                        Rachel de Queiroz era simpatizante do Partido Comunista na década de trinta e trabalhava nas questões sociais e a revolução como temas literários. Ela buscava umamudança social e que trouxesse ao homem a sua verdade. Rachel trabalha com a imagem dohomem nordestino e o mito sertanejo, sua valentia e uma nova sociedade que resgatasse apureza e uma visão paternalista mais voltada para o cristianismo, mas os personagens de

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Rachel debatem mais contra o social do que pela mudança social de uma idealização dasociedade sertaneja, na qual vai encontrar somente na seca o grande obstáculo para atingir asua perfeição.

                        Rachel mostra um nordeste aonde a sociedade que ainda ofereciapossibilidade ao homem de viver em seu ritmo natural, embora sua miséria e injustiças sociaisfossem enormes e advindas do cruzamento entre as condições climáticas adversas, com as novas relações sociais capitalistas. Rachel ainda que uma nova construção do nordeste comum espaço de tradição, um espaço de saudade do mundo do sertão dos seus antepassados eo nordeste como espaço da Revolução Social.

                        A partir daqui vamos falar um pouco a instituição do nordeste que o espaço de tradição, da saudade e não se faz apenas pelo discurso sociológico ou literário. Freyre se preocupa em fixar normas para a produção de uma pintura regionalista etradicionalista que mostra a verdadeira paisagem do nordeste. Freyre quer uma pintura sobrea civilização do açúcar. Cícero Dias faz uma pintura onde retrata a sociedade da casa grande,dos sobrados e dos engenhos, ele mostrou imagens regionais, como cajueiros, a mangueira eo coqueiro, as igrejas, as mulheres prenhas, os moleques, os padres dizendo missa, aslapinhas, os fandangos, os catimbos, os papagaios de papel, os corrupios, o bumba-meu-boi.Já Lula Cardoso Ayres na sua pintura ele procura fazer uma ligação entre o homem e anatureza, Lula também procura trabalhar o folclore da região. Na pintura de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres, eles trabalham um nordeste tradicional, patriarcal e um espaço harmônicoe também com a saudade.

                        A música do nordeste também trabalha com a saudade, do passado. Tambémneste período as rádios procuram trabalhar a integração nacional. A rádio tenta mostrar erevelar esta diversidade cultural, com a criação da música popular brasileira, ela era diferenteda canção erudita, na década de 40, surge Luís Gonzaga, como o criador da “músicanordestina”, notadamente do baião. Só em 1943 assumiu ser um representante da músicaregional, ele tenta mostrar sua infância aos seus temas regionais. A música de Gonzagaprocura falar do migrante nordestino radicado no sul do país. Gonzaga mostra nas músicassua ligação com a igreja no nordeste. A musica de Gonzaga vai ser a representada aidentidade regional, o baião será a música do nordeste, o migrante nordestino se ver na música de Gonzaga. Ele teve uma posição de ligação entre o povo do nordeste e do Estado. Ea seca surge no discurso de Gonzaga como o único grande problema do espaço nordestino.Gonzaga trabalha o tema da saudade, saudade da terra, do lugar, dos amores, da família, dosanimais de estimação, do roçado. O sertão de Gonzaga é um espaço que, embora, informadodas transformações históricas e sociais ocorridas no país, recusa estas mudanças. Gonzagafoi considerado um artista onde instituiu um nordeste como um espaço de saudade.

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                        O nordeste passa a ter uma repercussão nacional quando surgiu ArianoSuassuna com o Auto da Compadecida, na década de 50, Ariano foi o iniciador do teatro nacional e popular no país. Ele faz a aliança ente a aristocracia rural e o povo. Ariano époliticamente um regionalista, tradicionalista nordestino. Na obra de Ariano reforçará toda umavisibilidade do nordeste. O nordeste passa a ser um lugar sagrado, místico, que lembra asociedade de corte e cavalaria.  O nordeste de Ariano tem sua história ainda governada pelosinsondáveis desígnios de Deus.

                        O teatro de Ariano é feito de vida simples e influenciado das imagens bíblicas e presentes no catolicismo popular. Ele trabalha com a civilização do couro e não a civilizaçãodo açúcar, que gestor a nossa identidade nacional, a nossa personalidade. Ariano procuraconstituir uma visão totalizadora, capaz de perscrutar o essencial desta sociedade sertaneja,não fazendo a corte racionalista ente o real e o místico. Ele constrói um novo sertanejo.

                        A partir de trinta, marca também a “descoberta” de outro nordeste, nestemomento não esta mais preocupado com a memória, mas com o fazer história. Nestemomento o nordeste passa por uma revolução e na ruptura e uma nova construção de identidade cultural e política a partir de então passou a denunciar a miséria de suas camadaspopulares, as injustiças sociais. No discurso político, na esquerda Marxista, a democraciaburguesa será denunciada como uma farsa porque só acreditam na democracia entre iguais, eo pensamento Marxista a excelência de uma multiplicidade de olhares no social. O Marxismoserá introduzido no Brasil pela produção discursiva de militantes ligados ao movimentooperário, e, posteriormente, por intelectuais ligados ao partido comunista, no discurso dos militantes de esquerda, como no saber acadêmico gestado posteriormente, os enunciados econceitos Marxistas surgem atravessados por enunciados e conceitos vindos do pensamentopositivo e evolucionista. Já para Prado tentar dar a contribuição do pensamento Marxista paraa interpretação do Brasil, que a formação discursiva nacional-popular colocará como umanecessidade intelectual e que já havia proporcionado o surgimento de outras obras clássicas,é importante perceber que o pensamento Marxista surge como o novo paradigma para asnossas ciências sociais, quando na Europa já se anuncia a crise de todos os paradigmasadvindos do século dezenove. O discurso nacional-popular é a reelaboração a própria noçãode cultura-popular, introduzindo a necessidade de que está para expressar os interesses dopovo, fosse dotada de uma visão “revolucionária” em relação a condição deste povo e asociedade nacional como um todo. Este Marxismo nacionalista e populista pretendia estudar opovo e a nação invertendo apenas o foco de olhar burguês. A história seria um processo deracionalização crescente e também a necessidade de amarrar a história a esquemasconcentruais que a transformam num jogo de cartas marcadas. A estética Marxista possui umaconcepção realista da arte, a partir de então a arte se torna um discurso ético, mais do queestético; torna-se parte de uma pedagogia política para a formação de subjetividadesrevolucionárias. Para Lucaks, a arte faria parte daquilo que chamamos o estilo de vida de uma

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época, isto é, uma concepção de mundo e a ação sobre ele. A arte deveria ter objetivaçãoplena de um espaço realista e inquestionável, Mário de Andrade questionou a partir da década de 40, a necessidade do engajamento social da arte, e relembrando a década de 30ele condena a transformação, o terror da seca embelezada. Os romance de Graciliano Ramose Jorge Amado, da década de 30, a poesia de João Cabral de Melo Neto, a pintura de carátersocial, da década de quarenta e o cinema novo, do final dos anos cinqüenta e o início dosanos sessenta, tomarão o nordeste como o exemplo privilegiado da miséria, da fome, doatraso, do subdesenvolvimento, da alienação do país.

                        A partir de então o nordeste passa a ter visibilidade e também são compostasde produtos da imaginação a que se atribuem as realidades, e também neste momento surgem a criação de raízes e temas como preconceitos são trabalhados pelo autor, pelo pintor,pelo músico ou pelo cineasta. Para Graciliano Ramos não se consegue pintar o nordeste noverão que os ramos não estejam pretos e as cacimbas vazias, para Graciliano não existe onordeste sem a seca e o nordeste sem coronéis, cangaceiros, jagunços ou santos. Eletambém dar estratégias que orientam os discursos e as obras de arte são politicamentediferenciadas e até antagônicas, elas lidera com as mesmas.

                        Também mostra que o mito não é contra a história, é uma manutenção dahistória do passado vivo. A narrativa mitológica, as informações históricas geralmente são utilizadas para dar verossimilhança ao que se narra no discurso da esquerda, os mitos donordeste também vão ser tomados a partir da dicotomia: civilização versus barbárie, já paraGraciliano Ramos identifica a sociedade burguesa em declínio em relação a sociedadeanterior, e estas duas sociedades injustiças e misérias a serem superadas por uma sociedadefutura. Este nordeste bárbaro, primitivo, deveria ser domado ou pela disciplina burguesa olupela disciplina revolucionária.

                        O pensamento dos intelectuais Marxistas abordar fenômenos como o cangaço,o messianismo e o coronelismo são determinantes sociais para explicar economia pregadapor Graciliano Ramos só a partir da década de 50 o discurso dos intelectuais legados aesquerda ganha a dimensão, devido ao momento em que3 o Brasil passava e o surgimentodas Ligas Camponesas e dentro das táticas e alianças definidas pelo Partido Comunista, onordeste é eleito como área prioritária, no sentido de se fazerem mudanças estruturais, porque para comunistas do sul o nordestino tinha tradição de rebeldia, mostrava-se preocupadocom a liberdade e a justiça uma vanguarda revolucionária e o nordeste era um, barril depólvora. O movimento de cultura popular mostra o vaqueiro, o coronel, o jagunço e mostraesses personagens como símbolos de forças sociais. A esquerda queria mostrar4 o sulfornecendo o desenvolvimento técnico, econômico e político e o nordeste as tradicionaisculturas entre elas a resistência popular. O nordeste passou a ser um lugar mitológico e ahistória parece suspensa, dormindo, precisando ser despertada.

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                        O nordeste passa a ser o lugar onde se encontram uma ética guerreira e umaética salvacionista a partir de então os coronéis, o cangaceiro e o santo passam a ser umafigura mitológica, o Marxismo passa a ser bem clara nas obras de Jorge Amado e eleapresenta como o caminho da salvação, em relação ao Ito messiânico, esta esquerda tende adenunciar a religiosidade, a crença no sobrenatural como responsável, em parte, pela misériae pela subserviência desta população. O messianismo implicava em uma passividade quedevia ser superada pela dessacralização do mundo, no início da década de 40 é anunciadocom estardalhaço o fim do cangaço. O cangaço se torna um mito, no momento em que deixade fazer história, essas obras do cangaço porque o nordeste é apresentado como um lugar devalentia e morte estúpida e gratuita. A visão estereotípica do cangaceiro, sem a analisehistórica e social do fenômeno.

                        Nos filmes de Carlos Coimbra, Osvaldo de Oliveira, José Carlos Burle e WilsonSilva mostra que a imagem do cangaço é despolitizada. Nestes filmes tinham semelhança aovelho oeste americano. A esquerda começa a analisar o cangaço a partir dos anos 40 quandojá está acabado, a mistificação do cangaço se faz a partir das condições histórica e social, aderrota do cangaço foi dada pela imprensa como uma vitória da nação.

                        Nas décadas de 50 e 60 apresentam uma releitura acadêmica, literária eartística do cangaço a partir de Jorge Amado, e mostra que o cangaceiro era um herói dos meninos para Pedro Bala que queria reinar sobre a cidade, como lampião reinava sobre osertão. O cangaceirismo era mais um indicio da crise da sociedade patriarcal.

                        A reconstrução do texto tradicional sobre o nordeste ocorrerá na década de 30 Através de autores como Graciliano Ramos e Jorge Amado. A partir da década de 30, adiscussão como fica superada a burguesia e como a discussão a construção de territórios darevolução e da revolta, a literatura a partir do século XIV discutia apenas o político e o estudoda sociedade, no qual se discutia a vida cultural no qual eles pegavam elementos da filosofia edas ciências humanas. A década de 30, foi um momento de bastante conflito político entre aAção integralista, o Partido Comunista, a Aliança Nacional Libertadora, a Igreja e o Estado, foio momento do surgimento do realismo e a função social e que questionava o romanceburguês. Neste momento mostra o nordeste como vítima preferencial do desenvolvimento dasociedade capitalista no país e que mostra a partir de então uma verdade social.

                        No jogo de poder entre as forças regionais Millet desclassificou o romance nordestino, no ponto de vista estético e também ele fala que o romance nordestino só

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mostrava um Brasil arcaico que ficava preso ao seu regionalismo, já Roberto Simões denunciaa estratégia do romance nordestino de construir o nordeste como uma região subjugada, numavisão parcial e mutilada da realidade.

                        Na relação da literatura e o poder mostra o nordeste como elo mais fraco do capitalismo no Brasil e também mostra o sul, o Rio de Janeiro e São Paulo, expunha asmaravilhas do capitalismo e o nordeste era o primo pobre que estava sempre presente paraagulhar a consciência de quem vivia extasiado com sua própria riqueza e poder, também seconstrói um nordeste avesso à nostalgia da escravidão e constrói uma nova forma de manter aescravidão presente. Ele quis desfazer o nordeste artesanal e uma construção industrial queantes era visto como dramático e feio.

                        Jorge Amado procura caracterizar o povo brasileiro, descobrir sua verdadeinterna, sua essência, retratar a verdade de sua visão e de sua fala, seus personagens setornam emblemáticos das condições sociais, dos valores e das aspirações de toda umaclasse. Jorge Amado, ao contrário de José Lins do Rego, imprime ao regional uma dimensãouniversal, ao submeter as matérias de expressão locais ao esquema da interpretaçãointernacional do Marxismo. O romance proletariado procurava valorizar a rebeldia popular,assimilando-se como precondição para o despertar da consciência revolucionária. O romanceamadianos, inicialmente, pouco têm a oferecer em matéria de experimentação formal.Limitam-se a podar o regionalismo literário naturalista das descrições empolada e os diálogos artificiais nele predominantes. Sua grande mudança literária se dá quando abandona orealismo socialista e abraça uma literatura que explora o cômico e o fantástico, seu  discursosimples, “popular” visa romper com a postura retórica da cultura dominante no país, com averborragia  dos poderosos que serviria para mascarar seu poder e enganar o povo, e apostura monológica centralizada pela voz do narrador, em que os diferentes olhares dasociedade, convergem numa mesma direção.

                        Jorge Amado reconhece que suas obras mostram o nordeste, particularmentena Bahia, e muito parecida com as obras de Dorival Caymmi e do pintor Carybé ele mostraque tanto Caymmi como Amado expressaram uma visão romântica do passado da Bahia, da sociedade açucareira do Recôncavo, da cidade colonial dos sobrados e casarões, do faustodas casas-grandes, da escravidão idílica e patriarcal, das lembranças das donzelas do tempodo imperador. Quando Jorge Amado inicia a publicação de4 sua obra nos anos trinta, mesmocom a idéia de nordeste já cristalizada, não incorporava ainda a Bahia. Tanto Amado, comoCaymmi serão responsáveis pela instituição deste outro nordeste, pela inclusão da Bahia.

                        A partir da década de 40 surge na crítica literária onde mostra que o espírito

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baiano era diferente do nordeste, Amado afirma este espírito nordestino, Caymmi fala que umaobra gêmea. A partir do livro Bahia de todos os santos, mostra um guia sentimental parecidocom o da cidade do Recife, feito por Gilberto Freyre, Jorge Amado procura uma definição dacultura baiana e de seu povo e procura produzir o retrato do nordeste. Amado cultivaria opassado, e projetaria o futuro e mostra também um misticismo, e mostra uma Bahia quepertence ao nordeste e que sua principal legação entre o português e o negro. A imagemproduzida por Amado é muito parecida com Freyre uma sociedade de caráter patriarcal e de caráter popular. A partir da década de 50 passar a falar da dificuldade da racionalidadeocidental de explicar todas as coisas, falará  de sua visão preconceituosa em relação aos saberes populares. Amado vai chamar atenção para a utilização que o saber dominante fazdeste saber popular, retirando a sua capacidade critica, tornando-o candidato das estratégiasde dominação burguesa, tomando sua estandardização folclorismos de consumo. Amado,assim como Freyre, apenas invertem o sinal do discurso naturalista a respeito da raça, damestiçagem e do negro. A cultura negra e, para ele, o traço diferenciador da civilização e da personalidade brasileira, notadamente do nordeste. A sexualidade negra é instintiva, beirandoa anormalidade. O carnaval seria a maior expressão, voluptuoso, social, dionisíaca e tantopara Tales de Azevedo como para Artur Ramos, tinham sua sexualidade, ainda comoselvagem, não domada pelos códigos morais da burguesia. Nos livros de Amado ele faz cor equalidades morais, ética e sociais, muitas vezes com o sinal invertido: o negro era bom epobre, oposto, que era ruim e rico e para Amado o racismo estava aliado a luta contra a miséria, pelo socialismo, e também mostrar que o negro e capaz de assimilação de um projetoracionalizante como o do marxismo. O negro e o mestiço são vistos com a antítese domaterialismo burguês, do materialismo vulgar do apego ao dinheiro e à propriedade. No livroTeresa Batista, começa o clima de tensão entre o discurso racionalista do autor e o conteúdoirracionalista da cultura popular e ao povo, Amado também trabalha com a relação à culturapopular e ao povo, com postura paternalista, ele também comenta o homem vindo dasociedade patriarcal em declínio e que se identifica com o povo por seu sentimento antiburguês, tanto José Lins como Jorge Amado tenta explicar a decadência da fazendatradicional do cacau pela incapacidade das novas gerações de lidar com os trabalhadores damesma forma paternalista que o faziam seus pais e avôs. Jorge Amado no seu livro terras doSem Fim narra a trajetória épica dos coronéis que, no princípio do século, haviam conquistadoco sangue e bala as posses das terras do sul baiano.

            A critica a sociabilidade burguesa, aos seus valores, é presença constante na obraamadiana, o homossexualismo parece ser atributo da classe burguesa o homem,representante da classe revolucionária da classe máscula. A psique da massa afro-brasileiraera a única capaz de fornecer o caminho da libertação em relação a repressão da moralburguesa. A obra de Amado é construída por um saber popular, as primeiras obras de Amado,escritas na década de 30, participam da intensa discussão que se trata no momento entre umaética da malandragem e uma ética do trabalho. Tanto Amado como Caymmi faz um trabalhoda visão popular, com a questão natural. O nordeste que Amado constrói se caracteriza pelainclusão da Bahia e da cultura popular e afro-brasileira, em sua visibilidade e dizibilidade. Onordeste de Amado é um espaço perpassado pelos problemas e questões universais dohomem.

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            Graciliano o faz por uma inversão da visibilidade e dizibilidade inventadas por ele paraa região. O trabalho literário pretende colocar em suspeição a fala dominante. Gracilianomostra o camponês nordestino como um ser silenciado, sem linguagem, quase apenasgrunhindo como animal. A obra de Graciliano visa tomar a própria forma de linguagem ummeio de expressar a penúria, a miséria nordestina. Em Graciliano, a própria obra regiãosignifica uma fronteira do silenciamento. A palavra do nordestino parece até um pedido dedesculpas. Graciliano constrói uma textura da linguagem uma imagem da região: minguada,nervosa, áspera e seca. Graciliano quer fazer da linguagem de seus romances e de seudiscurso uma forma de fugir das armadilhas do discurso dominante. Graciliano continua preso a imagem tradicional de que o homem sábio se encontra na cidade ou no litoral. A obra deGraciliano também da angústia trazida pela desterritorialização sofrida por todos da sociedadepatriarcal nordestina. Diante de tanta ruína, Graciliano se refugia no futuro porque o passadonão pode ser mais resgatado. A memória do mundo infantil, do espaço das relaçõespatriarcais, governa as ações dos homens crescidos, traumatizado pela decadência do seumundo. Toda vez que a memória do passado e utilizado e escolhido os episódios e sempre eincentivado a angústia e a perda realidade, Graciliano é contra a forma conservadora do uso da memória pelo dominador, Graciliano constrói sua dominação o seu discurso da origem daraça a serviço da perpetuação de certa raça no poder, ele (Graciliano) vai em busca daverdade. Graciliano trabalhava o homem de classe média, mas tradicionalista mais que nãopertence ao novo mundo burguês. Graciliano constrói um espaço regional marcado pelasdescontinuidades histórica e também construído um espaço regional e simulado por meio desuas personagens, marcados pelo ambiente social e físico, pela linguagem, pela forma e pelo conteúdo do dizer e do olhar, ele tem uma visão da capacidade de transformação do mundopelo homem e muito pouco romântica e precisa fazer uma modificação um embaralhamentomoral e ético no livro São Bernardo, Graciliano já mostra esta visão de um homem moderno: acapacidade de representação pública dos indivíduos, as relações entre mascaras sociais enão entre essências psicológicas que denota a falsidade das relações burguesas. A sociedade nordestina era uma sociedade chata, por ser uma relação tradicional e paternalista, no seulivro São Bernardo que a sociedade região nordeste, ele tenta fazer uma leitura ética dasociedade e traça o perfil da ética burguesa em que o enriquecimento e o lucro justificamtodas as ações. Graciliano faz uma definição do homem burguês, como o homem quedesperdiça a vida sem saber porquê que não tem idéias, um explorador feroz, egoísta e cruel.Ele mostra que nessa sociedade o homem pobre nunca vai passar uma transformação vaicontinuar sem mudanças e sem perspectiva de melhorias.

            Graciliano criticava o romance regionalista exatamente pelo pouco cuidado com aquestão da linguagem, ele constrói um nordeste de vidas infelizes, homens que pensavam pouco, desejavam pouco e obedeciam muito. Para Graciliano, o nordeste de homens quepensavam pouco, desejavam pouco e obedeciam muito.

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            A partir dos anos 30 surge uma inversão do nordeste, começou a problematizar a região e também ocorreu a partir desde momento uma politização da arte. Nos anos 30 e 45 apintura faz oposição ao internacionalismo durante a Arte moderna, durante o Estado novo elesprocuram trabalhar o nacional. Mário de Andrade pediu o engajamento político e social dapintura e também fez uma analise que formas coletivas e socializantes pareciam decretar amorte do individualismo em arte. Após a democratização a arte passou a trabalhar um discurso nacional – desenvolvimentista e também a partir desde momento os pintorescomunistas estavam liberados a pintar sua arte abstrata e individualista e mostrado aalienação burguesa. E a partir desde momento o nordeste passa a ter uma temáticaprivilegiada e com as questões sociais do país.

            Di Cavalcanti mostra um mundo caboclo, cafuzo, nordestino, ele defendia como um perfeito carioca atribuía ao carnaval a formação de sua sensibilidade, de sua forma de verritmado, colorido, sensual. Apesar de uma postura engajada, considerar o lirismo e asensualidade componentes básicos da alma nacional, Di Cavalcanti não mostra uma imagemtriste do nordeste ele mostra o Brasil um lugar mestiço mais em harmonia. Bandeira mostra oBrasil suburbano, já o Partido Comunista defende uma arte engajada, Di Cavalcanti, nãomostra a sua arte para o Brasil moderno metropolitano e moderno. A pintura de Di Cavalcanti se aproxima também da obra de Carybe, voltada para retratar a vida popular da Bahia comouma vida alegre, folclórica, artesanal, festiva, colorida. A partir dos anos 30 e 40, Portinaritenta mostrar o Brasil e suas regiões, isso agradava a política getulista. Portinari tenta fazer aunião entre o tradicional e o moderno. Portinari procura integrar o homem a sociedade na suaobra, Portinari, mostra uma harmonia entre homem brasileiro (Branco, Negro e Índio).

            João Cabral de Melo Neto procura não esconder a verdade e ele tenta refazer a relação estreita entre palavras e coisas, também a sua poesia critica a dominação naprodução literária regionalista entre pobreza material e cultural. João Cabral e contra odiscurso de Gilberto Freyre, com o nordeste de tradição que este constituiu, nas suas pinturas,João Cabral não mostra o nordeste da seca, Cabral é contra as imagens negativas, ele tentainverter este discurso da seca. Ele mostra um sertão na alegria de viver e não de tristeza deviver.

            João Cabral é de família tradicional, e o seu trabalho mostra a alienação do trabalhador rural, o mito do sertanejo contrapondo ao homem do litoral, a partir desdemomento a usina passa a ser o símbolo do capitalismo a partir desde momento o tempocomeça a ser trabalhado pelo homem para Cabral a memória tem uma dimensão especial doque temporal. Cabral tenta construir uma homogeneização da região, eles procuravam umanova linguagem regional.

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            A partir de 30 começou a construção do cinema nacional, a partir da década de 40 com a industrialização surge o cinema no Rio de janeiro e na década seguinte, chegando emseguida em São Paulo. A partir de então começou a desenvolver o cinema nacional o primeirogênero foi a chanchada dos anos 30 onde o principal tema era carnal. O cinema nacional eraum “copia” do cinema americano, Oswald de Andrade fez um comentário sobre a nossaincapacidade de copiarmos bem em 1952, realiza-se o I congresso nacional do cinemabrasileiro para discutir o cinema nacional, uma das primeiras preocupações e precariedade daprodução e de um espaço cinema tográfico para o país. Agora a visão que a chanchada tinhado nordestino era do pau-de-arara, do coronel e do cangaço, e a aproximação do nordestinocom o matuto e do caipira, os primeiros filmes falando sobre o nordeste só a partir dos anos 50com o canto do mar, de Alberto Cavalcanti (1953), o cangaceiro de Lima Barreto no filme ocanto do amar fez uma mostragem pelas narrativas jornalísticas e pelo discurso da seca. Já ocangaceiro foi uma consolidação da imagem construída pelos grandes centros.

            A partir dos anos 50 surge o cinema novo com o seu representante o Nelson Pereira dosa Santos. O Cinema novo teve início, na Paraíba, na Bahia e no Rio de Janeiro, e procuratrabalhar a realidade social do país, e o cinema novo mostra o modernismo chegou ao cinemabrasileiro, mas o cinema novo terá um desenvolvimento oposto ao modernismo. Nos filmescinco vezes favela e Bahia de todos os santos expõem as contradições da estratégia políticadas esquerdas brasileiras da qual faziam parte estes cineastas. O cinema novo surge no momento em que o desenvolvimento juscelinista, baseado na industrialização, era o caminhopara libertação nacional. O cinema desta época tenta mostrar a realidade do tempo e doespaço. Os temas do romance nordestino e teria construção de um país desenvolvido, de umpaís civilizado e burguês, não existia o nordeste de cangaceiros e fanáticos.

            O grande desafio do cinema novo aconteceu após o golpe de 64, Glauber Rocha criou a Embrafilme e conquistou uma parcela do mercado nacional, Glauber Rocha é acusado deuma boa convivência com o regime. O cinema novo pretendia ser a expressão de nossosubdesenvolvimento e de nossa miséria e este cinema queria romper com o cinemaamericano e europeu, e queria levar o Brasil. Para o cinema novo o nordeste é considerado aregião folclórica e uma cultura popular rica e também busca uma linguagem nacional para ocinema. Já Glauber Rocha não quer utilizar a narrativa de cordel e de seus temas e mitos.

            A partir dos anos 60 o cinema passa a falar da realidade urbana. Para eles o nordestenão tinha musicalidade, de sons e linguagem era um lugar de tristeza, para eles osnordestinos eram das raízes primitivas de nossa nacionalidade.

            No primeiro momento Glauber Rocha procurava construir uma visibilidade para o

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nordeste, Glauber também discute o problema da alienação presente na cultura popular,Glauber reafirma que o mundo de Antônio Conselheiro “O sertão vai virar mar e o mar vai virarsertão” a partir de então se fala na teologia da revolução, da transformação da humanidade, apartir de então o povo do sertão liberta-se dos seus mitos. A temporalidade nos filmes deGlauber Rocha é bem característico das singularidades do discurso cinematográfico nos filmesde Glauber ele trabalhava com o milico e o histórico, e utiliza os mitos regionais, Glauber fazuma crítica em nome de uma visão da história, Glauber procura reduzir a história em seuselementos essenciais e seus personagens tendem a ser simbólicos. Glauber Rocha queriadesvendar os mitos populares, porque com os mitos libertados revelaria a falsidade da históriado Brasil. Glauber mostra que com o mito vive a possibilidade de se fazer a história. Nos filmes de Glauber mostra a recriação da verdade da sociedade na textura de linguagem, nouso da câmera e do som.

            Há uma grande contradição nos filmes de Glauber e que se referem a imagem dopovo, este grande mito do povo, e nos filmes de Glauber mostra a crença generalizada daesquerda do país. Glauber Rocha sai em defesa da identidade da cultura tradicional e dosvínculos comunitários e a transformação desta identidade. Ele ver que é impossível formar opovo como nação e mostra que os heróis revolucionários continuam a vida mesmo depois desua morte. Glauber mostra o nordeste como um lugar da violência do sangue e da morte. Aresistência e a revolta são vistas por Glauber como avesso e que não fazem de sua própriatrama o cinema construído por Glauber é de ruptura com as convenções narrativas da indústria do cinema. No filme deus e o diabo na terra do sol, Glauber trabalha o uso deimagens, textos e personagens simbólicos, símbolo totalizador e didático. Glauber valoriza apalavra cinema. Glauber ao falar do realismo mágico quer falar do realismo nacional. Glaubernão consegue romper com a imagem nacional.

CONCLUSÃO

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            O nordeste é uma invenção recente da história brasileira, a idéia de nordeste estácomeçando a ser construído tanto nas questões, quanto nas culturais, Durval fala que onordeste é o filho da modernidade de Rachel de Queiroz fala que a mídia contribuiu para opreconceito em relação ao nordeste e ao nordestino. O nordeste é inventado no discursosociológico de Gilberto Freyre, e retomado pelo romance de José Lins do Rego. A regiãonordeste se construiu como um dos principais momentos de recusa da modernidade do país,no qual o avanço da sociedade de consumo. O que se chama hoje de “cultura nordestina” é um complexo cultural, historicamente datável.

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