araÚjo, tânia bacelar. nordeste, nordestes: que nordeste?

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Sociais Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Economia Economia Regional Profª: Drª Maria do Socorro Gondim Teixeira Discente: Débora Chaves Meireles Novembro/2012 ARAÚJO, Tânia Bacelar. Nordeste, Nordestes: que Nordeste? Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro. Heranças e Urgências. Rio de Janeiro: Revan: Fase 2000, p.165-196.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Economia

Economia Regional

Profª: Drª Maria do Socorro Gondim Teixeira

Discente: Débora Chaves Meireles

Novembro/2012

ARAÚJO, Tânia Bacelar. Nordeste, Nordestes: que Nordeste?

Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro. Heranças e Urgências.

Rio de Janeiro: Revan: Fase 2000, p.165-196.

Introdução

• Objetivo deste trabalho é analisar a evolução recente da economia na

região Nordeste, assim como suas características e o processo de inserção

na economia nacional.

• Metodologia: A partir das obras dos autores Araujo (2000), Carvalho

(2008) foram elencados vários conceitos como de heterogeneidade e

complexidade da dinâmica econômica intra-regional.

• A estrutura do seminário:

• Primeira seção:uma breve discussão teórica sobre a contemporânea

evolução da economia nordestina

• Segunda seção: Abordagem sobre a heterogeneidade econômica intra-

regional

• Terceira seção: Descrever as principais características da articulação

intra-regional e sub-regionais.

• Quarta seção:Análise dos resultados

• Quintaseção: Conclusão

1. Breve discussão teórica sobre a contemporânea

evolução da economia nordestina

• Primeira caracterização

• A região Nordeste compreende 20% do

território brasileiro, e vivem 29% da

população do país.

• Durante décadas o lento crescimento

econômico nordestino caracterizou o

ambiente econômico NE foi

substituído pelo forte dinamismo de

diversas atividades elencadas e

desenvolvidas na região.

• A pobreza continua sendo uma das

marcas mais importante do Nordeste.

• Dinâmica Geral

• No final dos anos 50, Celso Furtado coordenou o relatório do Grupo

de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN).

• Fundamentou a estratégia da ação da SUDENE, visto que

constatava-se que nas décadas anteriores a característica mais

importante da base produtiva instalada na região era seu fraco

dinamismo.

• "Enquanto a indústria comandava o crescimento econômico da

SUDENE, o velho setor primário-exportador implantado no

Nordeste dava mostras de sua incapacidade para continuar

impulsionando o desenvolvimento econômico.“ (ARAUJO, 2000)

• No relatório da GTDN uma das propostas principais era:

• estimular a industrialização na região Nordeste, com o objetivo de

superação das dificuldades que enfrentava pela "velha base

agroexportadora nordestina".

• No começo dos anos 60, com impulso dos incentivos fiscais, a região

Nordeste ganha espaço no aspecto econômico e passa a comandar o

crescimento da produção, e segue a tese de rompimento da fraca

dinâmica preexistente.

• A SUDENE na década de 60: objetivou esforços e recursos de ordem

federal para estudos e pesquisas sobre os recursos naturais do

Nordeste e na ampliação da oferta da infra-estrutura econômica.

• Papel importante: no dinamismo dos investimentos no setor

industrial como no setor terciário.

1970 1987

Participação PIB 12,6% 15,8%

PIB per capita Nordestino médio

45,8% 54,4%

Produção Industrial 0,7% 10,5%

Produção Terciária 12,4% 15,8%

Fonte: ARAUJO (2000)

• Nos anos 1970: Primeiro choque do petróleo economia brasileira desacelerou

de 11% para 7% (entre os anos de 1974 e 1980).

• Entretanto, as atividades econômicas implantadas no Nordeste cresceram 7,4%

no período.

• “Nos anos de 1980, a produção nacional apresentou desempenho ainda mais

modesto, a produção nordestina, embora tendo declinado menos que as outras

regiões, não destoou do padrão nacional.”(ARAUJO, 2000)

• Nos anos 1990 aprofundamento da recessão promovida no governo Collor

afetou tanto o Brasil quanto o Nordeste.

• Cabe salientar, que em função de especificidades da região nordestina, a

estrutura produtiva foi menos atingida nas crises dos anos recentes setor

industrial.

• Região Nordeste: especializando na produção de bens intermediários, e

destinando as exportações a industria resiste melhor aos efeitos da recessão

brasileira.

O Nordeste e as tendências da economia nacional

• Nordeste importante região produtora agropecuária (20%) do que

industrial (12%) ou terciária (15%).

• Mudanças no perfil produtivo da agropecuária nordestina:

• 1970 enquanto reduzia a área cultivada com algodão, mamona,

mandioca, sisal expandia a área ocupada com cana-de-açúcar, arroz,

cacau, feijão, laranja e milho.

• Ao mesmo tempo, algumas culturas não-tradicionais na região, pelo

alto valor de mercado que possuem apresentaram uma crescente

produção regional como: frutas mamão, manga, melancia, uvas (São

Francisco), do cacau, abacaxi ( sertão e agreste) e do tomate, café soja e

borracha (São Francisco , do agreste, do cerrado e da Zona da Mata)

• A região Nordeste comparece, abrigando alguns pólos importantes de

desenvolvimento agroindustrial e industrial.

• "No caso da INDÚSTRIA, coube ao Nordeste assumir um novo papel no

contexto da divisão inter-regional do trabalho do país..”

• De tradicional região produtora de bens de consumo não-duráveis (têxtil e

alimentar, principalmente) vai-se transformando, nos anos pós-60, numa

região industrial mais especializada em bens intermediários (Araujo, 1981).

• Destaque:

• instalação do pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia,

• do complexo mínerio-metalúrgico, no Maranhão,

• o pólo de fertilizantes de Sergipe, do complexo da Salgema em Alagoas, da

produção de alumínio no Maranhão, dentre outras.

• Durante os anos 70, a partir do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II

PND) o Estado brasileiro proporcionou um programa de investimentos

públicos e sustentou a dinâmica da economia nacional em âmbito internacional

de crise , e o Nordeste incluiu nesse contexto.

• NE : Petrobras ( Bahia) Pólo petroquímico de Camaçari.

• Companhia Vale do Rio Doce Complexo de Carájas com parte dos

investimentos localizados no Maranhão.

• Portanto, houve um crescimento econômico do Nordeste nos

primeiros anos do século XXI, que apresentam as seguintes

características:

• taxas médias positivas;

• elevação da renda dos segmentos mais pobres;

• aceleração do consumo;

• e redução das desigualdades sociais.

• Essa evolução, segundo a economista Tânia Bacelar, possui

outra característica original: "É a primeira vez, desde o ciclo do

açúcar, que a região passa por um processo de crescimento

ancorado no setor privado“.

Heterogeneidade econômica intra-regional

• As visões tradicionais sobre a região são: Nordeste região-

problema, Nordeste da seca e da miséria.

• "Nordeste sempre ávido por verbas públicas, em que tradicionais

políticas compensatórias, de caráter assistencialista, só

contribuem para consolidar velhas estruturas socioeconômicas e

políticas, perpetuadoras da miséria."

• NE Região heterogênea.

• Ressalta-se que há novos focos de dinamismo da economia

regional que convivem atualmente com as tradicionais áreas

agrícolas da região.

• Mesmo tendo avanço de capital, o I = F (i, EMgk), os

investimentos irão para os lugares onde tem mais lucro

escolhas aonde o capital chega, cria coisas diferentes.

• Implicando em subespaços.

• Porém, trata-se de uma economia dependente e complementar

com fluxo de capital da região Nordeste para o Centro-Sul.

• Áreas de modernização intensa

• Tendências da acumulação privada reforçadas pela ação estatal, quando não

comandadas pela Estado brasileiro, fizeram surgir e se desenvolver no

Nordeste diversos subespaços dotados de estruturas econômicas modernas

e ativas, focos de dinamismo, em grande parte responsáveis pelo

desempenho relativamente positivo apresentado pelas atividades

econômicas da região.

• Pólos dinâmicos ou machas ou focos de dinamismo.

Complexo Petroquímico de

Camaçari

Pólo Têxtil e de confecções de

Fortaleza

Complexo mínero-

metalúrgico de Carajás

Pólo agroindustrial de

Petrolina/Juazeiro

Pólo de fruticultura do

RN

Pólo de pecuária intensiva do agreste de

Pernambuco

Pólos turísticos na região Nordeste

Permanência de velhas estruturas

• Enquanto há espaços do Nordeste que desenvolvem atividades

modernas, encontramos outras áreas que permanecem resistentes as

mudanças, Mas, quando ocorre a modernização ela é restritiva e

seletiva, o que ajuda a manter um padrão dominantemente tradicional.

• “De início, deve-se ressaltar que nunca houve um Nordeste

economicamente homogêneo ... Como esperávamos, a

heterogeneidade cresceu nas última décadas. A existência, em alguns

estados, de focos modernos, convivendo ou não com estruturas

econômicas tradicionais, termina por definir diferentes trajetórias nas

dinâmicas economias locais.” (ARAUJO, 2000. p. 179)

2. As principais características da articulação intra-

regional e sub-regionais

• O parque industrial instalado em 1960 incentivos federais,

mantém estreitas articulações econômicas com outras regiões

brasileira, mais particularmente com o Sudeste.

• No que se refere ao mercado de produtos, a relação

predominantemente é extra-regional, com destaque para a região

Sudeste e, dentro dela, para São Paulo.

• A predominância da produção de bens intermediários mostra que

os insumos produzidos são transformados, em grande parte, onde

se localiza a maior base industrial do país.

• Portanto, há novos fluxos comerciais que se intensificaram nas

últimas décadas e que articulam a indústria incentivada instalada

no Nordeste, com outros segmentos da economia brasileira e com

e com o exterior.

As diferenças sociais internas

• Sabe-se que as condições sociais da população nordestina são bastante

desiguais, e na região Nordeste a riqueza é concentrada.

• "Além disso, nas últimas décadas, a dinâmica e as transformações na

base produtiva instalada na região foram muito mais intensas e

profundas que as alterações para a melhoria da qualidade de vida dos

nordestinos."

• O Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN)

no ano de 1959 acusa que:

• FRAGILIDADE da economia da região Nordeste foi herdada desde

sua colonização com elevada concentração de terras.

• Em decorrência: muitos trabalhadores rurais nordestinos migraram

para setor urbano (ELEVAR A RENDA) é justificada pelas

freqüentes secas criando o êxodo rural.

Análise dos dados

Nordeste: PIB 2002/2005 (em milhões de R$)

Fonte: CARVALHO (2008) apud IBGE (2007).

Os resultados do Produto Interno Bruto, demonstrando que a

evolução da economia dos estados nordestinos no período

2002/2005 era positiva.

Emprego

• “Essa etapa atual de crescimento econômico nordestino tem permitido uma

ampliação do mercado formal de trabalho, aumentando o número de

assalariados com contrato de trabalho em 40%. Entre 2000 e 2006, o Nordeste

ampliou em 1,8 milhão o número de novos contratos formais de trabalho, o que

garante tanto uma presença forte na geração de emprego do país, como um

aumento da renda familiar média dos trabalhadores da região.” (CARVALHO,

2008)

Fonte: CARVALHO (2008) apud MTE/RAIS (2008)

Nordeste: Empregos Formais (2000/2006)

Exportações

Fonte: CARVALHO (2008) apud MDIC (2008)

Nordeste: Exportações (1999/2007)

Entre os anos de 2000 e 2007, as vendas externas nordestinas

triplicaram de valor, alcançando, em vários anos deste período, taxas

mais elevadas que a média nacional, num ritmo que pode ser

explicado tanto pela valorização internacional das commodities

presentes na pauta tradicional (açúcar, cacau, fumo, etc.), como na

ampliação da participação de novos setores industriais e agrícolas.

Balança Comercial

Gráfico1 – Nordeste - Balança Comercial 1998/2007 (US$ bi)

Fonte: CARVALHO (2008) apud MDIC (2008)

“Na última década, a balança comercial do Nordeste apresentou

duas etapas distintas: a primeira (1998/2002) com exportações

crescentes, mas ainda com saldo negativo; e a segunda, a partir de

2003, com elevação dos valores exportados, conseguindo saldos

positivos, mas com tendência decrescente, a partir de 2006, em

função do aumento das importações.” (CARVALHO, 2008)

Rendimento

Gráfico 3 – Nordeste - pessoas com mais de 10 anos (2006)

Fonte: CARVALHO (2008) apud IBGE/PNAD (2007)

“O perfil de renda da população nordestina com mais de 10 anos

reproduz o traço mais forte da economia regional, a sua pobreza:

40,8% dos habitantes possui uma renda abaixo de meio salário

mínimo, e 28,1% entre meio e um salário, ou seja, mais de dois

terços recebem menos que um piso nacional; no outro pólo, apenas

12,4% possuem renda acima de dois salários mínimos.”

(CARVALHO, 2008)

População

Gráfico 4 – Nordeste - evolução da população 1960/2006

Fonte:CARVALHO (2008) apud IBGE (2008)

“Nas últimas três décadas, a região Nordeste urbanizou-se

rapidamente. A migração rural e o crescimento acelerado

transformaram, majoritariamente, a população nordestina em

citadina. No entanto, apesar desse novo perfil, a população rural de

14,6 milhões de pessoas continua significativa, representando quase

metade dos 31 milhões de habitantes da área rural brasileira.”

(CARVALHO, 2008)

Perfil da pobreza e da desigualdade de renda

Fonte:CARVALHO (2008) apud NERI (2008)

Nordeste: perfil da pobreza e renda domiciliar (2006/2005)

Destaque para a redução do número de miseráveis (pessoas com renda mensal inferior a 125 reais) e do aumento da renda domiciliar, entre os anos de 2005 e 2006.

Brasil: índice de Gini (2001/2005)

Fonte:CARVALHO (2008) apud IPEA (2008)

“O Índice de Gini do Nordeste vem apresentando resultados que

apontam para uma convergência com o Índice nacional (0,563),

mas ainda distantes dos valores médios da região Sul (0,506),

Norte (0,521) e Sudeste (0,538). “ CARVALHO (2008)

Conclusão

• Essa nova fase de crescimento distinta das quatro décadas da

anterior “era Sudene” com crescimento econômico e redução

das desigualdades sociais, poderá se constituir num novo capítulo

na sua história (se estes indicadores se mantiveram), com outro

cenário social e econômico, mais sintonizado com os níveis de

desenvolvimento registrados nas outras regiões do país; uma nova

fase que, por seus benefícios aos pobres, coloca o Nordeste numa

situação mais sintonizada com a música “Volta da Asa Branca”

do que com a “Triste partida”, clássicos do cancioneiro

nordestino cantados por Luiz Gonzaga.

• CARVALHO, Cicero Pericles de Oliveira. Nordeste: sinais de

um novo padrão de crescimento. ANPEC, 2008.

• ARAÚJO, Tânia Bacelar. Nordeste, Nordestes: que Nordeste?

Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro. Heranças e

Urgências. Rio de Janeiro: Revan: Fase 2000, p.165-196.