a influÊncia da acidez do suporte de … · indano formado nos centros ácidos da zeólita....

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i UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE CATALISADORES NI-MO SOBRE A ATIVIDADE DA REAÇÃO DE HIDROGENAÇÃO DE AROMÁTICOS E ABERTURA DE CICLO NAFTÊNICO Sheila Guimarães de Almeida Ferraz Orientadores: Prof a . Dra. Lucia Regina Raddi de Araujo Prof. Dr. José Luiz Zotin Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE

CATALISADORES NI-MO SOBRE A ATIVIDADE DA

REAÇÃO DE HIDROGENAÇÃO DE AROMÁTICOS E

ABERTURA DE CICLO NAFTÊNICO

Sheila Guimarães de Almeida Ferraz

Orientadores:

Profa. Dra. Lucia Regina Raddi de Araujo

Prof. Dr. José Luiz Zotin

Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

A influência da acidez do suporte de catalisadores Ni-Mo sobre a

atividade da reação de hidrogenação de aromáticos e abertura de

ciclo naftênico

SHEILA GUIMARÃES DE ALMEIDA FERRAZ Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Química.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Profa. Dra. Lucia Regina Raddi de Araujo – PPGEQ/UERJ (orientadora)

_____________________________________________________________ Prof. Dr. José Luiz Zotin– PETROBRAS - CENPES (orientador)

_____________________________________________________________ Profa. Dra. Cristiane Assumpção Henriques – PPGEQ/UERJ

_____________________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Moura Stumbo – UENF/CCT

______________________________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Nogueira – UFRJ/IQ

Rio de Janeiro, RJ – Brasil Agosto - 2007

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F381 Ferraz, Sheila Guimarães de Almeida

A influência da acidez do suporte de catalisadores Ni-Mo sobre a atividade da reação de hidrogenação de aromáticos e abertura de ciclo naftênico. / Sheila Guimarães de Almeida Ferraz - 2007

153 f.

Orientador: Lucia Regina Raddi de Araújo. Orientador: José Luiz Zotin Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química

1. Catalisadores – Teses. 2. Hidrogenação - Teses. 3. Catalisadores de hidrotratamento - Teses. 4. Caracterização – Teses.I. Araujo, Lucia Regina Raddi de. II. Zotin, José Luiz. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química. IV. Título.

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Ao meu marido Fernando

e meus filhos, Fernanda e João Felipe.

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AGRADECIMENTOS

A Fernando Antonio Santiago, Gerente da Gerência de Hidrorrefino e Processos Especiais -

HPE (Cenpes) pelo apoio à realização deste trabalho.

A meus orientadores, José Luiz Zotin, Lucia Regina Raddi de Araújo e Fátima Maria Zanon

Zotin (informal) pela dedicação e ensinamentos.

Aos componentes do grupo de avaliação de catalisadores de hidrorrefino da Gerência HPE –

Marcus Vinicius, Rafael Ugulino e Leonardo Cruz pela colaboração nas análises de avaliação

dos catalisadores.

A Anderson Gomes de Jesus e Ana Paula pelo companheirismo, dedicação e apoio à realização

do trabalho.

Ao grupo de desenvolvimento de catalisadores do HPE - Sandra Chiaro, Anilza Correa e Dayse

Lovatte pela colaboração no preparo dos catalisadores.

Ao grupo de caracterização de catalisadores do HPE – Daniele Rosas, Carmen Tavares, Denise

Costa e Denise Filgueiras pelos ensinamentos e grande colaboração nas análises de

caracterização textural e de acidez dos catalisadores.

A Rosana Cardoso e Leonardo Finamore pelas análises de identificação de produtos.

A Elisabeth Santos e a todos da Gerência de Química que contribuiram de alguma forma para a

realização dos ensaios de caracterização dos catalisadores e suportes preparados.

A Daniela Zanchet do LNLS e Paula Jardim da PUC-Rio pela cooperação na realização das

análises de microscopia eletrônica de transmissão.

A Wladmir de Souza pela colaboração na simulação da reação por modelagem molecular.

A minhas irmãs Leila de Almeida e Márcia de Oliveira e meu sobrinho Cleus de Oliveira pelo

incentivo e carinho.

A meus pais Jose de Almeida Filho e Nilda Guimarães (in memorian) pelas lições de vida.

E um agradecimento especial a José Luiz Zotin por seus valiosos ensinamentos, dedicação,

companheirismo.

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RESUMO

Três catalisadores contendo o mesmo teor de fase ativa (20% de óxido de molibdênio

e 4% de óxido de níquel), mas constituídos por diferentes suportes (alumina, sílica-alumina e

alumina zeólita) foram preparados com o objetivo de se obter catalisadores bifuncionais com

acidez distinta e boa dispersão da fase metálica visando analisar o papel da acidez do suporte na

conversão da tetralina.

Os catalisadores e seus respectivos suportes foram caracterizados na formas óxido e

sulfeto e avaliados na reação de hidrogenação da tetralina, que representa bem os

monoaromáticos presentes nas correntes de petróleo. A caracterização textural mostrou que

tanto a área específica quanto o volume de poros foram pouco alterados após a incorporação dos

óxidos metálicos aos suportes. Os catalisadores apresentaram uma dispersão relativamente boa

da fase ativa, conforme indicado pelos resultados de MET, DRX e DRS. Os resultados obtidos

por TPD de n-propilamina e por espectroscopia de IV de piridina mostraram que a incorporação

de óxidos de molibdênio e níquel levou a um aumento da acidez de Brönsted, o que foi

atribuído à criação de novos sítios ácidos associados ao óxido de molibdênio ou a sítios de

interface deste com o suporte. Obteve-se uma boa correlação entre a atividade de conversão da

tetralina e o rendimento em produtos aromáticos e abertura de ciclo naftênico com a acidez de

Brönsted do suporte, com a seguinte ordem de atividade para a conversão da tetralina:

NiMo/alumina < NiMo/sílica-alumina < NiMo/alumina zeólita. O aumento do rendimento de

produtos de hidrogenação foi relacionado à existência de um efeito eletrônico entre os sítios de

Brönsted do suporte e as partículas de sulfeto suportado. No entanto, para o catalisador

suportado em alumina-zeólita, onde em princípio a fase hidrogenante estaria distante dos sítios

ácidos, sugeriu-se a possibilidade de uma rota alternativa de hidrogenação a partir do metil-

indano formado nos centros ácidos da zeólita.

Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais NiMo

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ABSTRACT

Three sulfided catalysts with the same active phase content (20 wt% of molybdenum

oxide and 4 wt% of nickel oxide) and deposited on different supports (alumina, silica-alumina

and alumina-Y zeolite) were prepared aiming to obtain bifunctional catalysts with different

acidities and good dispersion of the sulfide phase for analyzing the role of the support acidity on

the hydroconversion of tetraline.

The supports and respective catalysts were characterized in the oxide and sulfide

forms and were evaluated for the hydroconversion of tetraline, which is representative of the

monoaromatic compounds present in the diesel fraction. The textural characterization indicated

that the specific surface areas as well as the pore volumes were very little affected by the

impregnation of the metal oxides in the supports. The catalysts presented a relatively good

dispersion of the active phase as indicated by TEM, XRD and DRS results. Pyridine IR

spectroscopy and n-propylamine TPD results showed an increase of Brönsted acidity after

impregnation of molybdenum and nickel oxides, which were attributed to the creation of new

acidic sites associated to the supported molybdenum oxide or to sites at the interface of this

oxide with the support.

A good correlation of the support Brönsted acidity with the overall conversion of

tetraline was observed, as well as with the aromatic and ring opening product yields. The

following activity ranking for tetraline conversion was observed: NiMo/alumina < NiMo/silica-

alumina < NiMo/alumina-zeolite. An increase of the hydrogenation product yields with the

support acidity was also observed which was ascribed to an electronic effect between the

support acidic Brönsted sites and the sulfide particles. However, for alumina-zeolite supported

catalyst, where acidic and hydrogenating sites are not in close vicinity, an alternative reaction

route was proposed considering the hydrogenation of the methyl-indane formed by tetraline

isomerization on the Brönsted sites.

Keywords: support acidity, tetraline hydrogenation, bifunctional catalysts

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS.................................................................................................................... v RESUMO ......................................................................................................................................... vi ABSTRACT.................................................................................................................................... vii Capítulo 1.......................................................................................................................................... 1

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 Capítulo 2.......................................................................................................................................... 6

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 6 2.1. Hidrotratamento................................................................................................................. 6 2.2 Catalisadores de Hidrotratamento ............................................................................. 8

2.2.1. Modelos para o efeito de sinergia ............................................................................ 12 2.2.2. Características estruturais do catalisador de HDT................................................. 14 2.2.3. Evolução da fase ativa durante o ciclo de vida do catalisador............................... 17 2.2.4. Métodos de Preparo de Catalisadores de HDT....................................................... 19 2.2.5. Efeito do suporte no catalisador de HDT ................................................................ 20

2.3. Hidrogenação de Aromáticos.......................................................................................... 25 2.3.1. Tipos de Compostos Aromáticos .............................................................................. 25 2.3.2. Aspetos Termodinâmicos da Hidrogenação de Hidrocarbonetos

Aromáticos .............................................................................................................. 27 2.4. Hidrogenação e Hidrogenólise da Tetralina ................................................................ 29

Capítulo 3........................................................................................................................................ 36 METODOLOGIA ............................................................................................................. 36

3.1. Preparação de Suportes e Catalisadores.......................................................................... 36 3.1.1. Extrusão dos Suportes............................................................................................... 37 3.1.2. Preparo dos Catalisadores ....................................................................................... 38

3.2. Caracterização dos Catalisadores .................................................................................. 38 3.2.1. Análise Elementar por Fluorescência de Raios X(FRX) ......................................... 38 3.2.2. Análise Textural ........................................................................................................ 38 3.2.3. Análise Estrutural ..................................................................................................... 39 3.2.4. Análise de Propriedades Redutoras ......................................................................... 39 3.2.5. Análises de Acidez..................................................................................................... 40 3.2.6. Distribuição dos Óxidos de Transição na Superfície do Catalisador por

Microscopia Eletrônica de Varredura................................................................... 41 3.2.7. Análise de Espécies de Óxido de Ni e Mo por Espectroscopia de

Refletância Difusa .................................................................................................. 42 3.2.8. Análise da dispersão de sulfetos metálicos por Microscopia Eletrônica de

Transição ................................................................................................................. 42 3.3. Avaliação de Catalisadores ............................................................................................. 42

3.3.1. Descrição da Unidade de Teste Catalítico .............................................................. 43 3.3.2. Metodologia do Teste................................................................................................ 43 3.3.4. Planejamento de Experimentos ................................................................................ 47

Capítulo 4........................................................................................................................................ 48 RESULTADOS.................................................................................................................. 48

4.1. Caracterização .................................................................................................................. 48 4.1.1. Análise Elementar e Análises Pontuais (Distribuição dos Óxidos) ........................ 48 4.1.2. Caracterização Textural .......................................................................................... 50 4.1.3. Análise Estrutural ..................................................................................................... 52

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4.1.4. Análise de Propriedades Redutoras ......................................................................... 55 4.1.5. Acidez ........................................................................................................................ 58 4.1.6. Análise de Espécies de Óxido de Ni e Mo por Espectroscopia de

Refletância Difusa .................................................................................................. 67 4.1.7. Análise da Dispersão de Sulfetos Metálicos por Microscopia Eletrônica de

Transmissão ............................................................................................................ 68 4.2. Avaliação Catalítica ......................................................................................................... 72

4.2.1. Testes Preliminares – Limitações difusionais.......................................................... 72 4.2.2. Esquema reacional e identificação de produtos ...................................................... 74 4.2.3. Comparação dos catalisadores em termos de rendimento dos principais

grupos de produtos. ................................................................................................ 77 4.2.5. Efeito dos parâmetros reacionais............................................................................. 84 4.2.6 – Comparação da atividade e distribuição de produtos........................................... 92

Capítulo 5 ........................................................................................................................................ 95 DISCUSSÃO....................................................................................................................... 95

5.1 – Caracterização dos Suportes e Catalisadores ............................................................. 95 5.2 – Avaliação dos catalisadores na conversão da tetralina ............................................. 99

Capítulo 6 ...................................................................................................................................... 104 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................... 104

Capítulo 7 ...................................................................................................................................... 106 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 106

ANEXOS....................................................................................................................................... 116 ANEXO I – Esquema da unidade de avaliação Catalítica ............................................... 116 ANEXO II – Resultados de Microscopia Eletrônica de Varredura dos

Extrudados .................................................................................................... 117 ANEXO III – Identificação de Produtos de Reação por CG-EM ................................... 132 ANEXO IV – TABELAS DE RESULTADOS DE AVALIAÇÃO CATALÍTICA ...... 138

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Capítulo 1

INTRODUÇÃO

O transporte rodoviário corresponde a 75% de todas as formas de transporte do país,

sendo constituído principalmente por veículos movidos a óleo diesel. O óleo diesel é uma fração

do petróleo composta, principalmente, por hidrocarbonetos alifáticos e destila entre 250 e

400°C. É o combustível usado em motores de combustão interna de ciclo Diesel, onde a mistura

ar e combustível quando comprimida, aumenta de temperatura, provocando a auto-ignição, não

necessitando, portanto, da centelha da vela como nos motores a gasolina (ciclo Otto). Em 2004,

um quarto do óleo diesel consumido era importado e, atualmente (junho de 2007), esse valor é

inferior a um décimo do total consumido (ANP, 2007). Daí, a grande importância desse

combustível, responsável por movimentar veículos mais pesados como caminhões, tratores e

ônibus.

A atual política de qualidade de combustíveis visa atingir níveis de emissões similares

aos praticados internacionalmente, principalmente nos países desenvolvidos, segundo a

proposta de novas especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP, 2007).

Estas futuras especificações do óleo diesel indicam:

- Redução na densidade, que deve ser controlada em uma faixa estreita para diminuir a

massa de óleo diesel queimada. Como a bomba injetora alimenta o motor com volumes

constantes para cada condição de operação, alterações na densidade provocam variações

na massa de combustível injetada. Valores elevados de densidade enriquecem a mistura

ar/combustível, provocando o aumento das emissões de particulados, monóxido de

carbono (CO) e hidrocarbonetos. Valores muito baixos provocam perda de potência do

motor e problemas de dirigibilidade. Desta forma, torna-se muito importante controlar

a especificação da faixa de densidade do óleo diesel, com o objetivo de diminuir as

variações no funcionamento dos motores e controlar as emissões.

- Redução no teor de enxofre, a fim de diminuir a corrosão e não produzir, através da

combustão, gases tóxicos e corrosivos. Os óxidos de enxofre formados pela combustão

do óleo diesel podem aumentar as emissões tóxicas para a atmosfera ou se transformar

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em ácidos na câmara de combustão. Menores teores de enxofre no óleo diesel

apresentam os seguintes efeitos:

• No motor: redução do desgaste de anéis e cilindros e diminuição de depósitos

nos cilindros.

• Nas emissões: redução dos particulados e dos óxidos de enxofre

- Aumento do número de cetano, para reduzir o consumo, as emissões de monóxido de

carbono e hidrocarbonetos. Este é um dos parâmetros mais importantes da qualidade do

óleo diesel porque, quando bem ajustado, proporciona queima limpa e completa. Nos

motores diesel, o início da combustão se dá por auto-ignição do combustível. Neles, o ar

aspirado para o interior do cilindro é comprimido pelo pistão, de forma a elevar a

temperatura. O combustível é injetado diretamente na câmara de combustão,

imediatamente antes do início da combustão. O tempo decorrido entre o início da

injeção e o início da combustão é chamado de atraso de ignição. Este atraso é

conseqüência do tempo requerido para que ocorra a pulverização, aquecimento e

evaporação do combustível, a sua mistura com o ar, seguida das reações químicas

precursoras da combustão e, finalmente, da auto-ignição da mistura. Quanto menor for o

atraso, melhor será a qualidade de ignição do combustível. Um atraso longo provoca um

acúmulo de combustível sem queimar na câmara, que, quando entra em auto-ignição, já

fora do ponto ideal, provoca aumento brusco de pressão e um forte ruído característico,

chamado de batida diesel.

A qualidade de ignição do óleo diesel pode ser medida pelo seu número de cetano

(NC) ou calculado pelo índice de cetano (IC). O número de cetano é obtido através de

um ensaio padronizado do combustível em um motor mono-cilíndrico, onde é

comparado o seu atraso de ignição em relação a um combustível padrão com número de

cetano conhecido. O índice de cetano é calculado através das correlações baseadas em

propriedades físicas do combustível. Ele é função do ponto de destilação médio (T 50%)

e da densidade, apresentando boa correlação com o número de cetano.

O número e o índice de cetano são fortemente dependentes da composição química do

óleo diesel e, portanto, da origem do petróleo e dos processos de refino associados.

Correntes com elevados teores de compostos aromáticos e naftênicos levam a um baixo

número de cetano ao passo que parafinas lineares e ramificadas são favoráveis à

obtenção de número de cetano elevado.

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A faixa adequada do número de cetano para motores diesel situa-se entre 40 e 60.

Valores inferiores a 40 podem causar fumaça na descarga, com aumento de consumo,

perda de potência, aumento de ruído (batida). Por outro lado, se o aumento do número

de cetano no óleo diesel facilita o arranque do motor e torna seu funcionamento

satisfatório, tanto em marcha lenta quanto com carga total, não se verificará ganhos

significativos com o aumento exagerado deste número, podendo-se até piorar o

desempenho para valores muito altos, por variações de densidade indesejáveis.

- Controle do ponto inicial de ebulição: este ajuste melhora a partida do motor a frio e

reduz as emissões de hidrocarbonetos. Questões de segurança no manuseio, transporte e

armazenagem com relação aos riscos de inflamabilidade também justificam este

controle. Uma implicação disto é a restrição da adição de nafta ao “pool” de óleo diesel;

- Redução no ponto final de ebulição, com o objetivo de vaporizar totalmente o óleo

diesel quando ele é injetado na câmara de combustão e reduzir as emissões de

particulados, óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e combustível não queimado

(PETROBRAS DISTRIBUIDORA, 2007).

Os elevados teores de compostos aromáticos no óleo diesel contribuem,

significativamente, para diminuir a qualidade do combustível e formar compostos indesejáveis

nas emissões de gases de exaustão (PETROBRAS S.A., 2007). Riscos à saúde, associados às

emissões de particulados e NOx dos motores a diesel, colaboram para que as regulamentações

governamentais para o meio ambiente e para a composição do óleo diesel sejam rigorosas na

Europa e nos Estados Unidos (Crow e Williams, 1989).

A nova regulamentação da EPA (Environmental Protection Agency) para o óleo diesel

reduziu o teor de enxofre permitido de 500 para 15 ppm em junho de 2006 nos Estados Unidos

(ver Figura 1.1). Desta forma, as refinarias estão enfrentando grandes desafios para especificar o

enxofre que deverá acompanhar a redução do conteúdo de aromáticos. Isto é explicado porque

os processos convencionais de hidrodessulfurização (HDS) para o óleo diesel encontram

dificuldades na remoção de compostos refratários de enxofre, tais como o 4,6-

dimetildibenzotiofeno, que são acentuadas pelo efeito de inibição destas reações por compostos

poliaromáticos e nitrogenados presentes nas correntes da refinaria que compõem o óleo diesel

(CHUNSHAN e XIAOLING, 2003).

A Figura 1.1 compara a evolução da qualidade do óleo diesel em relação ao teor

máximo de enxofre, no Brasil, Europa e EUA, porque este é um dos parâmetros que causa

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4

maior impacto ao meio ambiente. A legislação brasileira segue, com alguns anos de defasagem,

as especificações européias e americanas.

Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Europa

EUA

Brasil

Figura 1.1. Evolução do teor de enxofre no óleo diesel na Europa, EUA e Brasil

(valores em mg/kg).

A Tabela 1.1 mostra a evolução de algumas especificações do óleo diesel no Brasil, definidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90), onde vigoram duas especificações, uma para as grandes metrópoles e outra para as cidades do interior. Excetuando-se o teor de enxofre no óleo diesel, as demais especificações para 2009 ainda se encontram em discussão entre os diversos atores envolvidos, ou seja, órgãos reguladores, montadoras e refinadores. Tabela 1.1. Evolução da qualidade do óleo diesel de 2001 a 2009 no Brasil (GOMES, 2005)

(*) – valores em negociação, que serão definidos pela ANP; a – valores estimados; b – temperatura para

vaporização de 85 ou 90% vol.

2001

(CONAMA IV)

2002 2006

(CONAMA V)

2009

(CONAMA VI)

Metrop Interior Metrop Metrop Interior Interior Metrop

Densidade, mín.

máx.

0,820

0,865

0,820

0,880

0,820

0,860

0,820

0,865

(*)

(*)

0,845(*,a)

Enxofre( mg/kg), máx. 2000 3500 1000 500 2000 500 50

No. de Cetano, mín 42 40 42 45 42 (*) 45 (*,a)

T85 %, ºC máx. (b)

T90 %, ºC máx. (b)

360

370

360

360 (*)

(*)

(*)

(*)

350 50 10

500 15

500 50 2000

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Independente dos valores finais estabelecidos, serão necessários novos investimentos

em unidades de hidrotratamento (HDT), processo utilizado no esquema de refino do petróleo

para remoção de compostos heteroatômicos e hidrogenação de estruturas aromáticas (PERISSÉ,

2007).

Diante desse cenário surge a necessidade de se buscar processos catalíticos mais

eficientes e viáveis economicamente, para a remoção de compostos sulfurados, nitrogenados e

aromáticos presentes nas frações de petróleo através de reações de hidrotratamento. Desta

forma, o desenvolvimento de catalisadores que possuam melhor desempenho na remoção

desses compostos é estratégico.

A catálise heterogênea tem grande importância nas pesquisas de novos catalisadores

para este processo, seja através de novos suportes ou novas fases ativas. A influência das

propriedades desses suportes, principalmente a acidez, no desempenho global do catalisador

para reações de hidrogenação de aromáticos será abordada neste estudo.

A proposta deste estudo é avaliar a influência da acidez do suporte dos catalisadores

sulfetados à base de Ni e Mo na reação de hidrogenação e hidroconversão da tetralina em fase

gasosa. Para isto foram preparados três catalisadores contendo 4% NiO e 20% MoO3 suportados

sobre sílica, sílica-alumina e alumina-zeólita, com diferentes propriedades ácidas e,

representativos dos sistemas catalíticos utilizados comercialmente em hidrotratamento. Os

catalisadores serão caracterizados quanto às propriedades texturais, à acidez e redutibilidade, e

avaliados na reação de hidrogenação da tetralina, composto modelo representativo de mono-

aromáticos na faixa do diesel. Busca-se avaliar a influência do suporte na distribuição de

produtos de reação e nas atividades de hidrogenação e abertura de ciclo naftênico desta

molécula, fornecendo subsídios na investigação do caráter bifuncional dos catalisadores.

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Capítulo 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Hidrotratamento

O Hidrotratamento é definido como o processo responsável pela remoção de compostos

indesejáveis de frações de hidrocarbonetos, através de reações com o hidrogênio, em presença

de um catalisador adequado. Os compostos olefínicos, nitrogenados, sulfurados,

hidrocarbonetos aromáticos e poliaromáticos e os compostos organo-metálicos contendo níquel

e vanádio são os componentes que podem conferir às frações propriedades indesejáveis tais

como corrosividade, acidez, odor desagradável, alterações de cor, etc., além de colaborarem

com a formação de compostos poluentes durante a combustão.

Os compostos sulfurados podem ocorrer nas seguintes formas: mercaptanas, sulfetos,

polissulfetos, como heteroátomo em compostos heterocíclicos (substituindo um carbono em

hidrocarbonetos aromáticos – benzotiofenos e derivados), ácido sulfídrico e, muito raramente,

enxofre elementar.

Os processos de hidrotratamento (HDT) que ocorrem simultaneamente e possuem ampla

aplicação são: a hidrogenação de olefinas, a hidrodessulfurização (HDS), para a remoção de

enxofre, a hidrodesnitrogenação (HDN), para a remoção de nitrogênio, e a

hidrodesaromatização (HDA), para a remoção de aromáticos. À medida que as frações ficam

mais pesadas, aumenta a quantidade de impurezas e diminui sua reatividade em relação às

reações de hidrotratamento.

Quase todos os produtos de uma refinaria passam, em alguma etapa de sua produção,

por uma unidade de hidrotratamento, a qual é projetada em função da quantidade e tipo de

impureza presente, do tipo de petróleo processado que gerou a fração e a finalidade do processo.

As reações de HDT são extremamente úteis no tratamento de cargas, na especificação de

produtos, na produção de lubrificantes, refletindo até mesmo na conversão de frações pesadas

(GOMES, 2004).

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Na Tabela 2.1 são apresentadas algumas estruturas típicas de compostos contendo

heteroátomos e aromáticos encontrados em frações de petróleo, segundo Topsøe et. al. (1996) e

Girgis e Gates (1991).

Tabela 2.1. Alguns compostos contendo heteroátomos encontrados nas frações do petróleo (TOPSØE et al., 1996)

Compostos Estruturas Típicas

Tióis (mercaptanas), sulfetos e dissulfetos

R-SH

R-S-R’

R-S-S-R’

Tiofenos, Benzotiofenos e Dibenzotiofenos

S

S

S

S

S

Pirróis, Indóis e Carbazóis

N

H

N

H

N

H

Piridina, Quinolinas e Acridinas

N N N

Furano, Ácidos Carboxílicos e Fenóis

O

COOH

OH

Aromáticos RR

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O grau de importância do hidrotratamento catalítico em relação aos outros processos de

refino de petróleo em larga escala (craqueamento e reforma) está crescendo de modo a atender

diferentes necessidades, incluindo o processamento de cargas pesadas, a produção de

lubrificantes de alto desempenho e a obtenção de combustíveis mais limpos. À longo prazo, o

processamento de cargas líquidas provenientes de xisto, carvão, biomassa e petróleos pesados

poderá constituir a maioria das novas aplicações em hidroprocessamento (Girgis e Gates, 1991).

É importante destacar que a utilização do hidrotratamento no refino de petróleo não se

restringe à preocupação com o impacto ambiental no que se refere aos combustíveis, mas

também está associado à capacidade que os compostos indesejáveis possuem de envenenar

catalisadores usados em outros importantes processos como os de reforma e craqueamento

catalíticos. Compostos sulfurados, por exemplo, além de provocar corrosão e chuva ácida,

também envenenam catalisadores de reforma catalítica à base de platina e catalisadores

automotivos, normalmente à base de Pt/Rh ou Pd/Rh. Compostos nitrogenados aumentam a

instabilidade das frações e podem também envenenar catalisadores ácidos de reforma catalítica,

craqueamento catalítico e hidrocraqueamento, e no HDT competem pelos sítios ativos com os

compostos sulfurados e aromáticos. Os hidrocarbonetos poliaromáticos, além de cancerígenos,

provocam deposição em excesso de coque nos catalisadores de craqueamento.

A seguir apresenta-se um resumo sobre as características principais dos catalisadores de

hidrotratamento e, posteriormente, será analisada a hidrogenação de aromáticos sobre catalisadores

sulfetados, objeto desta dissertação.

2.2 Catalisadores de Hidrotratamento

De modo geral, um catalisador de hidrotratamento, para apresentar bom desempenho,

deve possuir alta área específica, diâmetro de poros e porosidade adequados, de forma a facilitar

o acesso dos reagentes no interior do sólido; alta dispersão dos componentes ativos para

maximizar a atividade catalítica; forma e resistência mecânica adequadas, de forma a

proporcionar integridade física durante o seu uso e estabilidade química e térmica para

assegurar um tempo de campanha economicamente viável. Essas características também se

aplicam aos catalisadores de HDT.

Os catalisadores de hidrotratamento são, na maioria dos casos, constituídos de sulfetos

de metais de transição do grupo VI (Mo, W) promovidos com sulfetos de metais do grupo X

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(Ni, Co), suportados em um óxido refratário (alumina, sílica-alumina, alumina-zeólita, etc.) e

podendo eventualmente conter algum aditivo como fósforo, flúor, boro, etc. Mais recentemente,

catalisadores mássicos à base sulfetos mistos de Ni, Mo e W têm sido relatados na literatura de

patentes e encontrados no mercado (EIJSBOUTS et al, 2007).

É também um consenso na literatura que o uso de sulfetos mistos (CoMo, NiMo, etc.)

apresenta um aumento de atividade em relação aos sulfetos individuais (efeito de sinergia). Como

apenas uma pequena quantidade desses elementos (Co, Ni) é necessária para se observar a

melhoria citada, eles são considerados promotores. Para ambos os promotores, a atividade global

de hidrotratamento geralmente aumenta em mais de uma ordem de grandeza, em particular para o

HDS, comparando-se com a atividade dos sulfetos individuais. Também se observa que os

catalisadores CoMo e NiMo apresentam diferenças com relação à seletividade específica com

relação ao HDS, HDN e à hidrogenação. Para cada reação, a ordem na seletividade segue as

seqüências a seguir:

• reações de HDA: Ni-W > Ni-Mo > CoMo > Co-W

• reações de HDS: Co-Mo > Ni-Mo > Ni-W > Co-W

• reações de HDN: Ni-Mo ≈ Ni-W > Co-Mo > Co-W

Os catalisadores de HDT são preparados na forma de óxidos suportados, que são

posteriormente sulfetados. Mais recentemente, métodos de preparo utilizando precursores à

base de tio-molibdatos têm sido relatados na literatura, embora ainda não tenham ampla

aceitação no mercado (AFANASIEV, 2007).

Diferentes espécies de molibdênio são observadas em catalisadores de MoO3/Al2O3 e

algumas destas formas são mostradas na Tabela 2.2 A forma mais promissora para se obter um

bom catalisador é a que favorece a formação de polimolibdatos na superfície do suporte, uma

vez que essas espécies apresentam-se dispersas e são facilmente sulfetáveis (FARO Jr., 1995).

Na Tabela 2.3 são indicadas as possíveis espécies de níquel (ou cobalto) presentes na

superfície do suporte e detalhes sobre as mesmas. A provável forma mais promissora é a do

complexo [NiMo]s, também por se apresentar altamente dispersa e ser de fácil sulfetação.

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Tabela 2.2. Espécies de Mo presentes na forma óxido e suas formas de dispersão (FARO Jr., 1995).

Espécie

Dispersão no suporte

Ocorrência

Interação com suporte

Sulfetação

• Molibdato

isolado ancorado

na superfície da

alumina: [Mo6+]t

(coord. tetraédrica)

. Baixos teores de Mo no catalisador

. Forte interação Mo-suporte

. Difícil sulfetação e redução

• Mo polimérico

(polimolibdatos :

[Mo6+]o

(coord. octaédrica)

. Espécie normalmente encontrada

. Médio teor de Mo

. Forte interação Mo-suporte

. Alta dispersão

. Fácil sulfetação

• Cristalitos de

MoO3 mássico:

[MoO3]m

. Alto teor de Mo

. Fraca interação Mo-suporte

. Baixa dispersão

• Cristalitos de

molibdato de

alumínio:

Al2[MoO4]3 -

[MoAl]m

. Alto teor de Mo

. Alta temperatura de calcinação

. Redução de Mo6+ a Mo5+ na

calcinação, em presença de

amônia

• Molibdênio

reduzido: [Mo5+]

. Difícil sulfetação

Mo Mo Mo

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A presença das fases associadas ao par NiMo nos catalisadores inibe a formação das

espécies [Ni2+]t , [Ni2+]m e [MoO3]m. Isto pode confirmar, portanto, a existência de um efeito de

dispersão mútua dos óxidos destes elementos. A sulfetação, que é realizada através de reação com

compostos sulfurados sob elevadas pressões de hidrogênio e temperatura, gera partículas de MoS2

ou WS2, dispersas na superfície do suporte, contendo na sua superfície os promotores Co ou Ni,

como se verá a seguir.

Tabela 2.3. Espécies de Ni (ou Co) presentes na forma óxido e informações sobre dispersão,

interação com o suporte e nível de facilidade à sulfetação (FARO Jr., 1995).

Espécie

Dispersão no suporte

Ocorrência

Interação com suporte

Sulfetação

Óxido de Níquel (NiO):

[Ni2+]m

. Alto teor de Ni no cat

. Alta relação Ni/Mo

. Baixa dispersão

Aluminato de Ni: Ni2+

subsuperficial do tipo

espinélio – [Ni2+]t

. Baixo teor de Ni e Mo

. Alta temperatura de calcinação

. Difícil sulfetação

Molibdato de Ni

mássico [NiMo]m

. Alto teor de Mo

. Alta temperatura de calcinação

. Difícil sulfetação

Complexo [NiMo]s

. Alta dispersão

. Fácil sulfetação

. Provável precursor da fase ativa [Ni2+]t : formada em temperaturas elevadas pela migração do níquel para as camadas sub-superficiais do suporte,

distribuindo-se no interior dos tetraedros e mais raramente nos octaedros da estrutura tipo espinélio da alumina.

[Ni2+]m : espécie em coordenação tetraédrica, obtida a baixos teores de níquel e por aumento de temperatura de

calcinação do catalisador

[NiMo]m : cristalitos de molibdato de níquel mássico, observados nos catalisadores com maiores teores dos metais

e temperaturas elevadas de calcinação

Ni Ni Ni Ni

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[NiMo]s : molibdato de níquel superficial ou bicamada Ni-Mo (acredita-se que seja a principal precursora oxídica

da fase ativa sulfetada)

2.2.1. Modelos para o efeito de sinergia

A natureza das fases ativas, promovidas ou não, dos sulfetos de molibdênio e

tungstênio dos catalisadores de hidrotratamento tem sido amplamente estudada e publicada em

vários artigos de revisão (TOPSØE, 1990; DELMON, 1990; PRINS, 1989; KNÖZINGER,

1988; CHIANELLI, 1989 e RATNASAMY, 1980).

Como comentado anteriormente, o par de sulfetos NiMo ou CoMo apresenta uma

sinergia para a maioria das reações de HDT, uma vez que a atividade do par é superior à soma

das atividades dos sulfetos individuais. A intensidade do efeito de sinergia depende do par de

sulfetos, da reação em questão e da razão atômica entre o metal do grupo VIII e o metal do

grupo VIB.

Ao longo do tempo, diversos modelos e interpretações foram propostos para explicar

este comportamento, muitos deles contraditórios. Uma síntese dos mesmos pode ser encontrada

no review de Topsoe et alii (1996). Somente alguns pontos relevantes de dois importantes

modelos serão abordados neste trabalho: o modelo de sinergia de contato (DELMON, 1979) e o

modelo da fase Co-Mo-S (TOPSØE e CLAUSEN, 1984) serão discutidos para melhor

entendimento da natureza catalítica dos sítios ativos e a interação entre várias reações que

ocorrem simultaneamente durante o hidrotratamento de cargas industriais.

a. Modelo de sinergismo de contato

Também conhecido como “controle remoto”, proposto por Delmon et al. (1979). O

modelo parte de misturas físicas de sulfetos mássicos de Mo(W) e Co(Ni) para explicar como o

sulfeto do grupo VIII (Co ou Ni) dissocia o hidrogênio que migra para o cristalito do sulfeto do

grupo VIB (Mo ou W) para reagir com a molécula orgânica adsorvida. O efeito promotor do Co

é proveniente do contato entre as fases Co9S8 e MoS2 resultando em um “derramamento” de

hidrogênio do Co9S8 para o MoS2, que aumenta a atividade intrínseca do MoS2. O hidrogênio

ativado não participa diretamente da hidrogenólise ou da hidrogenação, mas cria ou modifica o

sítio ativo reduzindo parcialmente a fase sulfeto de molibdênio. Pela teoria da sinergia de

contato, dois tipos de espécies ativadas são criados em função do estado de oxidação do cátion

de Mo: se os átomos de enxofre são removidos, um sítio de coordenação insaturado triplo

(CUS) é criado e este será o centro ativo da hidrogenação; sob condições de redução mais

severas, um grupo MoSH vizinho de um centro CUS é criado e esse pode ser responsável pela

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atividade para HDS. Bases planas são inativas na adsorção de moléculas e provavelmente

insignificantes nas reações de hidrotratamento.

b. Modelo da fase Co-Mo-S,

Proposto por Topsøe et al. (1996), é atualmente o de aceitação mais ampla no meio

acadêmico e industrial. Com base em dados espectroscópicos, propõe a formação de dois tipos

de sulfetos mistos Co-Mo-S, responsáveis pela atividade do catalisador:

Tipo I – possui forte interação com o suporte, sendo desta forma menos ativo; é

formado sob condições normais de sulfetação.

Tipo II – fase completamente sulfetada, possui baixa interação com o suporte, sendo,

portanto mais ativo; formado sob altas temperaturas de sulfetação ou em condições específicas

de preparo de catalisador.

De acordo com este modelo, a fase CoMoS seria formada pela deposição do Co nas

bordas dos cristalitos de sulfeto de molibdênio. Topsøe et al. (1996) foram os primeiros a

identificar, via espectroscopia Mössbauer, a presença desta fase em catalisadores sulfetados,

trazendo assim uma evidência física da existência da mesma. No entanto, a fase CoMoS não

possui estequiometria fixa, mas cobre uma faixa de razões Co/Mo compatíveis com a

acomodação do promotor nas bordas dos cristalitos de sulfeto de molibdênio.

A dificuldade de se identificar e caracterizar as espécies presentes durante o

“derramamento” de hidrogênio proposto por Delmon e colaboradores seria um dos pontos

fracos de sua teoria, embora a conseqüência deste efeito na atividade catalítica de misturas

mecânicas fosse a única explicação possível. Posteriormente, Karroua et al. (1989) mostraram

que o efeito de sinergia ocorria também com misturas mecânicas de NiS e CoMo/alumina.

Assim, é possível que no catalisador real estes dois mecanismos estejam presentes, ou seja, a

formação de um sulfeto misto que pode ter sua atividade modificada pela ativação de

hidrogênio nos sítios adjacentes.

Sítios ativos envolvidos em reações de hidrotratamento são geralmente vistos como

vacâncias de enxofre (ou vacâncias aniônicas), e isto tem grande importância na discussão de

ambas as reações, hidrogenação e hidrogenólise, que ocorrem sobre o mesmo tipo de sítio ou

sobre diferentes tipos de sítios. Vários estudos cinéticos com compostos modelo indicam a

existência de dois tipos distintos de sítios catalíticos, um responsável pela hidrogenação e outro

responsável pela hidrogenólise do heteroátomo (MOREAU e GENESTE, 1990; MASSOTH e

MURALIDHAR, 1982). Vários autores relataram que H2S aumenta significativamente a

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atividade das reações de HDN, mas inibe moderadamente a hidrogenação (YANG e

SATTERFIELD, 1984; PEROT, 1988; MASSOTH, 1990). A existência de dois tipos de sítios

catalíticos tem sido proposta para explicar estas observações (AUBERT, 1988;

SATTERFIELD, 1983; MASSOTH, 1982; YANG, 1983; GEVERT, 1987; VIVIER, 1991).

Baseado no estudo sistemático da hidrogenação de compostos aromáticos e na hidrogenólise de

compostos modelo contendo S, N e O, Geneste (1990) mostrou que as reações de hidrogenação

foram principalmente afetadas pelas propriedades aromáticas das moléculas e não pela natureza

dos heteroátomos. Por outro lado, as reações de hidrogenólise dependem da natureza do

heteroátomo e isto sugere que hidrogenação e hidrogenólise podem ocorrer por diferentes

mecanismos de adsorção: a hidrogenação através de adsorção π e a hidrogenólise por adsorção

vertical através do heteroátomo (MOREAU, 1988; AUBERT, 1988; MOREAU et al, 1990).

2.2.2. Características estruturais do catalisador de HDT

Os cristalitos de MoS2 apresentam estrutura lamelar, cuja unidade básica é um prisma

triangular com seis átomos de enxofre ocupando os vértices e um átomo de molibdênio localizado

no centro. Estas estruturas podem ser compostas de várias lamelas superpostas, separadas por

forças de van der Waals entre duas camadas de enxofre. A estas estruturas, apresentando

dimensões entre 2 e 3 nm em condições operacionais, está associada a alta atividade do

catalisador (TOPSØE et al., 1996; LAURITSEN et al., 2007).

Para MoS2 sem promotores, tem sido mostrado que apenas as bordas e, portanto,

não os sítios do plano basal, são ativos. Em termos estruturais, normalmente se considera que

as nanoestruturas de sulfeto de Mo sem promotores possuem uma estrutura hexagonal, como

mostrado na Figura 2.1B. Recentemente, TOPSOE et al. (2007) utilizando microscopia de

efeito túnel em sistemas modelo, propuseram que o sulfeto de molibdênio suportado se

cristaliza preferencialmente na forma triangular, conforme observado na Figura 2.1C.

Com a adição de promotores, existe hoje uma grande aceitação na literatura de que os

átomos de cobalto ou níquel estão localizados nas bordas das nanoestruturas de MoS2,

formando uma nova fase ativa (estruturas Co–Mo–S e Ni-Mo-S) que seriam as responsáveis

pelo aumento da atividade (Topsøe et al., 1996; Topsøe et al., 2007, Lauritsen et al., 2007).

Estas estruturas adquirem, segundo dados recentes, a forma de um hexágono ou triângulo

truncado, conforme ilustrado nas Figuras 2.1.A e 2.1.D. A Figura 2.1.B apresenta um esquema

da estrutura do sulfeto de molibdênio com a disposição dos átomos do promotor.

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Um esquema ilustrativo das possíveis fases presentes em um catalisador CoMo ou

NiMo sufetados pode ser visualizado na Figura 2.2. Além da formação dos sulfetos mistos

(sulfetos mistos Co-Mo ou Ni-Mo), outras fases podem estar presentes como sulfetos mássicos

de Ni ou Co e espécies sub-superficiais dos promotores em interação com o suporte. As espécies

em forte interação com o suporte geralmente não contribuem para a atividade do catalisador.

Como discutido anteriormente, de modo geral, considera-se que os sítios ativos

para as reações de hidrotratamento estejam associados à formação de vacâncias de enxofre na

superfície do catalisador. Tem sido proposto que os átomos localizados nas extremidades dos

cristalitos criam sítios novos e mais ativos, por exemplo, gerando sítios ativos na forma de

vazios de enxofre no Co ou próximo dele. No entanto, a origem exata do papel promotor do Co

ainda não é consenso na literatura uma vez que se dispõe apenas de evidências indiretas da

posição do Co nas estruturas Co–Mo–S.

Com relação aos catalisadores NiMo sufetados, apesar de poucos estudos

estruturais realizados, observou-se que não apenas uma, mas duas estruturas são identificadas.

Uma delas, semelhante à estrutura de CoMoS, apresenta uma forma triangular truncada e a

outra, mais complexa, assemelha-se a um polígono de 12 lados. Essas estruturas podem

coexistir na mesma amostra (LAURITSEN et al., 2007).

Verificou-se também que se as interações entre as estruturas Co–Mo–S e Ni-Mo-S com

o suporte de alumina forem minimizadas, obtém-se um aumento significativo na atividade. Essas

novas estruturas foram denominadas Co–Mo–S tipo II e Ni–Mo–S tipo II (TOPSØE et al., 1996).

O procedimento de otimização dessas espécies também ganhou espaço nas pesquisas da área. Foi

observado que um aumento da temperatura de sulfetação de 400 para 600°C resultaria numa

diminuição de interação dessas estruturas com o suporte e, portanto, num aumento da atividade

catalítica. Hinnemann et al. (2005) estudaram a interação das estruturas Co–Mo–S com a alumina

e verificaram que nas estruturas do tipo I existem ligações Mo–O–Al, o que modifica suas

propriedades catalíticas. Ele propôs então aumentar a temperatura de forma a minimizar essa

interação entre as espécies ativas e o suporte. No entanto, como a forma mais adequada para se

obter as estruturas do tipo II não seria o uso de tratamentos a altas temperaturas (pois podem

proporcionar a sinterização dos sítios de borda que são os mais importantes), também foram

estudados procedimentos alternativos de preparo e a utilização de aditivos ou agentes quelantes

para minimizar a interação entre as espécies metálicas e o suporte. Nesses casos, apesar do

favorecimento à formação de sítios do tipo II, observa-se o aparecimento de estruturas MoS2 em

multicamadas, conforme pode ser observado pelo esquema da Figura 2.3 (TOPSØE et al, 1996).

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Nos últimos dez anos, o avanço das técnicas analíticas como Espectroscopia de

Emissão Mössbauer (MES), Absorção de Raios X Extendido de Estrutura Fina (EXAFS) ,

Microscopia de Transmissão de Elétrons de Alta Resolução (HR-TEM) juntamente com a

Modelagem Molecular têm esclarecido muito sobre a fase ativa presente nos catalisadores

sulfetados de hidrotratamento. Apesar da grande quantidade de novas informações adquiridas, a

estrutura local das fases ativas, a função catalítica dos componentes da fase ativa e o mecanismo

de algumas reações, ainda não estão totalmente esclarecidos.

borda muito brilhante (>1Å)

borda Mo

borda S Co S Mo

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Figura 2.1: Imagens de microscopia eletrônica de tunelamento (A) Co–Mo–S, (C) MoS2,

(D) Ni–Mo–S e (B) um modelo de uma única camada Co–Mo–S (adaptado de Topsøe et al.,

2007).

Figura 2.2: Esquema ilustrativo das possíveis espécies de sulfeto de

CoMo ou de NiMo (adaptado de Lauritsen et al., 2007).

(a) (b)

Figura 2.3 – Esquema representativo de espécies MoS2: (a) em uma única camada, tipo I (b) em multicamadas, tipo II.

2.2.3. Evolução da fase ativa durante o ciclo de vida do catalisador

A estrutura e a dispersão da fase ativa são profundamente alteradas durante o ciclo de

vida de um típico catalisador de hidrotratamento Co-Mo (Ni-Mo) suportado em Al2O3 (Figura

4). Os diferentes modelos apresentados na literatura podem ser complementares ao invés de

contraditórios. Esta idéia é baseada no fato de que o sistema catalítico em questão pode ser

extremamente dinâmico e flexível (EIJSBOUTS, 1997). Ele evolui e se reestrutura durante todo

o ciclo de vida, começando pela preparação do catalisador na forma óxido, passando pelo pré-

tratamento (sulfetação) e pela desativação nas condições de reação, retornando ao seu estado

oxídico durante a regeneração. Isto deverá ser adaptado para diversas condições de temperatura,

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pressões parciais de H2 e H2S, diferentes cargas, assim como para deposição de coque e metais

sobre a superfície do catalisador. Durante todas essas alterações, nos diferentes estados de

dispersão do MoS2 e de segregação do Co9S8(Ni3S2, NiS) e com vários teores de enxofre, este

mantém sua capacidade de reação através de diferentes mecanismos.

O esquema apresentado por Eijsbouts (1997) é bastante representativo deste processo e é

descrito na Figura 2.4.

Figura 2.4. Ciclo de vida do catalisador (EIJSBOUTS, 1997)

(Ver texto para legendas das diferentes transformações do catalisador)

Na forma oxidada (a), os óxidos de Mo e Ni (ou Co) estão ligados a Al2O3; (b)

representa o catalisador parcialmente sulfetado com o Ni (ou Co) ligado fracamente a Al2O3 e o

oxissulfeto de Mo ainda ligado na Al2O3. Com o avanço da sulfetação, parte do Mo ainda fica

ligado fracamente ao suporte (c); em (d) com o catalisador sulfetado parcialmente formam-se

pequenas lamelas de MoS2 decoradas com Ni (ou Co) as quais ainda estão ancoradas sobre a

Al2O3. No catalisador completamente sulfetado (e), o Mo foi completamente sulfetado

formando as lamelas de MoS2 decoradas com Ni (ou Co). Com o uso e/ou altas temperaturas de

operação, estas lamelas podem adquirir mobilidade levando à desativação (f), ou seja, pequenas

MoS2 decorado com NiSx

MoS2 decorado com NiSx

MoS2 decorado com NiSx

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lamelas de MoS2 decoradas com Ni (ou Co) sinterizam-se formando grandes lamelas, pilhas e

cristais , as extremidades da superfície desses cristais são insuficientes para acomodar todo o Ni

(ou Co) separando-se em cristais de sulfeto de Ni (ou Co) na superfície. Após o uso, o

catalisador pode ser regenerado (g), onde os cristais de MoS2 ainda contendo algum sulfeto de

Ni serão parcialmente redispersos. (h) Os cristais de MoS2 serão somente oxidados na

superfície, cristais de sulfeto de Ni (ou Co) não serão redispersos pela oxidação. (i) Na

regeneração, as pequenas estruturas de MoS2 são totalmente oxidadas e retornam muito

próximo do seu estado original. (j) Quando a sulfetação é conduzida a temperaturas elevadas, o

molibdênio é sulfetado completamente tão rápido que as etapas intermediárias podem ser

negligenciadas. Por outro lado, para o catalisador descartado e exposto ao ar, ocorre uma

oxidação superficial levando à formação de um oxi-sulfeto (h).

2.2.4. Métodos de Preparo de Catalisadores de HDT

Na preparação de catalisadores algumas características são fundamentais para se obter

um catalisador com elevada atividade e seletividade ao produto desejado bem como alta

estabilidade térmica. Assim, parâmetros como suporte e metais utilizados, metodologia de

impregnação de metais, pH, teor de metais, temperatura de calcinação, formas de ativação,

presença de aditivos, entre outros, são fundamentais para se ter sucesso nessa etapa. Além disso,

modificações na técnica de preparo do catalisador podem afetar fortemente a atividade catalítica

do catalisador resultante (JIA, 2005). O procedimento de impregnação, por exemplo, influencia

significativamente as espécies de Ni ou Co formadas no catalisador de HDT, pois afeta sua

dispersão, que está associada à força de interação desses metais (FARO Jr., 1995).

Existem diferentes metodologias de preparo de catalisadores de HDT. A seleção de

um determinado método é função da natureza do suporte e dos sais precursores dos metais.

As principais metodologias de preparo de catalisadores de HDT são apresentadas na

Tabela 2.4.

Catalisadores de hidrodessulfurização são normalmente preparados por impregnação

dos metais ativos (Mo, W) e promotores (Co,Ni) na superfície de um suporte pelas técnicas de

preenchimento dos poros ou impregnação sem excesso de solução. A impregnação dos metais é

realizada pela técnica de co-impregnação (uma etapa) ou por impregnação seqüencial (duas

etapas). Após a impregnação a amostra é seca e calcinada, etapa onde os metais dispersam-se

pelo suporte. A dispersão dos metais é uma das propriedades principais do catalisador e ela

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depende de vários parâmetros como o procedimento de impregnação adotado, concentração do

metal, pH, temperatura de calcinação, etc (BEJ et al., 2004).

Tabela 2.4. Técnicas de preparo de catalisadores.

MÉTODO DETALHAMENTO

Impregnação sem interação - mais utilizada

- consiste na introdução de solução de sais de Mo(W),

Co(Ni) e P no suporte, seguido de secagem e calcinação.

- os sais precursores são depositados no suporte por

evaporação do solvente

Impregnação com interação

- utiliza-se excesso de solução dos sais de Mo e Ni com o

suporte, eliminando-se o solvente por filtração

- somente a quantidade de precursor em interação com o

suporte fica retida no catalisador

Co-extrusão - por ocasião da extrusão do suporte, adicionam-se sais dos

metais.

Co-precipitação - o catalisador sólido é preparado por precipitação de uma

solução contendo sais precursores do suporte e da fase

ativa.

2.2.5. Efeito do suporte no catalisador de HDT

O suporte no catalisador de HDT pode desempenhar diversas funções, tais como

integridade mecânica e térmica, forma, área superficial para dispersão da fase ativa, porosidade

adequada para difusão de reagentes e produtos, interação adequada com os precursores da fase

ativa e, em alguns casos, sítios catalíticos adicionais necessários às reações de HDT. O

desenvolvimento de novos suportes tem sido uma das abordagens utilizadas para o aumento da

atividade de catalisadores de hidrotratamento ao longo dos anos. A alumina, sílicas-aluminas e

alumina-zeólita Y têm sido os suportes mais empregados industrialmente. No entanto, vários

outros materiais têm sido testados em escala de laboratório, tais como zeólitas diversas, titânia,

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21

zircônia, nióbia, carvão, entre outros. A Figura 2.5 apresenta uma classificação geral de

catalisadores para HDT e os tipos de suportes possíveis de serem utilizados (adaptado de BEJ et

al, 2004).

Vários artigos de revisão a respeito do efeito de suporte em catalisadores de HDT foram

publicados nos últimos anos (BREYSSE et al, 1991; DHAR et al., 2003; BREYSSE et al, 2003;

CHUAH et al., 2000; JIA, 2005). No presente trabalho se dará atenção aos catalisadores

suportados em alumina, sílica-alumina e alumina-zeólita, mais empregados industrialmente e

que serão comparados neste estudo.

Catalisador de HDT

Suportados Co(Ni)-Mo(W)

Suportes Óxidos Outros Suportes

alumina Sílica-aluminaAlumina-zeólita

Óxidos mistoscom alumina(B2O3, TiO2, ZrO2, etc.)

Outros óxidos(TiO2, ZrO2, Nb2O5, etc.)

Zeólita e Suportesmesoporosos

Carvão

Outros Catalisadores

mássicos

Sulfetos, Nitretos,Carbetos, Fosfetos

Metálicos

Ni, Pt, Pd

Catalisador de HDT

Suportados Co(Ni)-Mo(W)

Suportes Óxidos Outros Suportes

alumina Sílica-aluminaAlumina-zeólita

Óxidos mistoscom alumina(B2O3, TiO2, ZrO2, etc.)

Outros óxidos(TiO2, ZrO2, Nb2O5, etc.)

Zeólita e Suportesmesoporosos

Carvão

Outros Catalisadores

mássicos

Sulfetos, Nitretos,Carbetos, Fosfetos

Metálicos

Ni, Pt, Pd

Figura 2.5. Classificação geral de catalisadores de HDS (adaptado de Bej et al., 2004).

- Alumina

A alumina é um dos suportes mais usados para os catalisadores devido à forte interação

entre metal e suporte que facilita o preparo de catalisadores altamente dispersos e estáveis nas

condições reacionais (FERNANDEZ-GARCIA, 1997; FOGER, 1986). Além disso, ela é

produzida a baixo custo, sendo fácil controlar suas propriedades texturais (área específica,

volume de poros e distribuição de tamanho de poros), e possui boa estabilidade térmica, o que

torna mais fácil a regeneração do catalisador após uso (BREYSSE, 2003). No entanto,

dependendo das condições de preparo, em particular pH de impregnação e temperatura de

calcinação, pode também ocorrer forte interação com os óxidos de metais dos grupos VIB e X,

levando à formação de novas espécies superficiais através de reações no estado sólido de

promotores e óxido de molibdênio com sua superfície. Estas espécies, aluminato de níquel e

molibdato de alumínio, por exemplo, são de difícil sulfetação e proporcionam menor atividade

(FARO Jr, 2003).

Existe uma grande variedade de aluminas, mas a gama-alumina preparada por

diferentes técnicas é a forma mais comumente encontrada em catalisadores de HDT. Possuindo

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elevada área superficial, é adequadamente estável sob a faixa de temperatura requerida para

muitas reações catalíticas. Extrudados e esferas são facilmente obtidas a partir de alumina e seu

custo é relativamente baixo. No caso da Al2O3 derivada da bohemita, o controle de

microporosidade, área superficial, distribuição de poros e do volume de poros podem ser

adequadamente ajustados através de parâmetros de síntese.

As propriedades ácidas da alumina são bem conhecidas e geralmente atribuídas aos

cátions Al incompletamente coordenados (sítios ácidos de Lewis), como descrito por Peri

(1976) e Knozinger e Ratnasami (1976). Existem sítios ácidos de Brönsted sobre a γ-alumina,

mas sua acidez é muito baixa (LUCK, 1991). Esta baixa acidez a torna adequada para o

tratamento de cargas onde se deseja evitar a conversão (craqueamento) e minimizar a

desativação por formação de coque.

- Sílica-alumina

Sílicas-aluminas amorfas são alumino-silicatos de baixa cristalinidade preparados por

co-precipitação de precursores à base alumínio e silício (processo co-gel) ou pela deposição de

sílica sobre um precursor de alumina (boemita). Ela apresenta maior acidez e maior área

específica comparada à alumina e seu uso como suporte em catalisadores de HDS e HDN tem

se mostrado promissor (ROBINSON et al., 1999; NAVARRO et al., 1996).

As propriedades ácido-básicas das sílicas-alumina foram estudadas na literatura por

diferentes técnicas complementares, como a técnica de dessorção de piridina acompanhada por

espectroscopia no infravermelho, termodessorção programada de amônia, calorimetria, entre

outras. Estes sólidos apresentam sítios ácidos de Brönsted que são formados pela presença de

átomos de alumínio +3 em coordenação tetraédrica na estrutura. Foi observado que essas

propriedades dependem do teor de alumina (ou sílica) presente na amostra. A acidez aumenta

com o teor de sílica no sólido, atingindo um máximo entre 40 e 70% em massa de sílica,

dependendo da metodologia de preparo da sílica-alumina.

Em relação à interação com os óxidos de molibdênio e níquel (ou cobalto), verifica-se

que sílicas-aluminas com maiores teores de alumina normalmente proporcionam boa interação

com os precursores da fase ativa, formando estruturas tipo poli-molibdatos, o que não ocorre em

catalisadores ricos em sílica. Estes efeitos estão alinhados com a modificação da superfície em

função do teor de sílica, aumentando a acidez protônica e diminuindo o ponto isoelétrico. Além

disso, um menor grau de dispersão de Ni (Co) é esperado sobre suportes contendo elevadas

proporções de sílica.

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Industrialmente, os catalisadores à base de sílica-alumina são empregados em reações de

HDT onde se faz necessário o uso de catalisadores bi-funcionais (metal – ácido) tais como a

hidroconversão e hidroisomerização. Neste caso, normalmente se empregam fases ativas que

proporcionem elevada atividade de hidrogenação (NiMo, NiW) de forma a minimizar a

formação de precursores de coque decorrentes da atividade ácida do suporte sobre as olefinas

formadas nas reações de craqueamento e sobre os aromáticos normalmente presentes na carga.

No entanto, vários autores têm explorado o potencial deste suporte para outras reações,

como HDS e HDN, embora muitas vezes com resultados contraditórios. Por exemplo, Massoth et

alii (1984) mostraram que as atividades de HDS e HDA diminuem com o aumento de sílica no

suporte até 75% enquanto que a atividade de HCC aumenta. Mais recentemente, catalisadores à

base de sílica-alumina se mostraram mais ativos que os correspondentes em alumina para a

conversão de 4,6-dimetildibenzotiofeno (4,6-DMDBT), o que foi atribuído à formação de

isômeros de 4,6-DMDBT sobre o suporte, menos refratários ao HDS (DING, 2007). O aumento

da acidez do suporte promove a atividade de HDN; este efeito foi observado para um catalisador

NiMo/15% SiO2-Al2O3, enquanto um decréscimo foi encontrado com concentração de 25% de

sílica para a atividade de HDS para ambos os catalisadores (TOPSØE et al, 1996).

Alguns autores propõem que a fase ativa suportada pode modificar a acidez do

suporte à base de sílica-alumina. Assim, Stumbo (1997) propõe a migração de hidrogênio

ativado, formado pela ativação de H2S ou H2 sobre a fase sulfetada CoMo, formando novos

sítios de Brönsted sobre a sílica-alumina. Zotin et al (2000) propõem efeito similar para explicar

o aumento de atividade de desalquilação do cumeno com o aumento do teor de MoS2 suportado

em uma sílica-alumina contendo 20% de SiO2.

- Zeólitas e Materiais Mesoporosos

As zeólitas, de uma maneira geral, apresentam uma série de atrativos para uso em

processos de refino por apresentar uma estrutura porosa bem definida, acidez modulável,

seletividade de forma associada aos poros de pequenas dimensões e possibilidade de se obter

altas dispersões da fase suportada, em particular no caso de catalisadores metálicos (BREYSSE,

2003). Comparado com a sílica-alumina, zeólitas Y normalmente apresentam maior número de

sítios ácidos de Brönsted fortes. Sua utilização em catalisadores de hidrotratamento tem sido

associada a processos de hidrocraqueamento, onde se faz necessária uma função ácida

pronunciada e onde se utilizam normalmente zeólitas Y desaluminizadas. Catalisadores para

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hidroisomerização de n-parafinas fazem uso da seletividade de forma das zeólitas, como por

exemplo, a zeólita ZSM-12.

O uso de suportes mistos alumina-zeólita, encontrado industrialmente, se deve a dois

aspectos: a) a formatação da zeólita em extrudados ou esferas requer a presença de um agente

ligante como a alumina e b) a obtenção de sulfeto de molibdênio altamente disperso no interior

das cavidades zeolíticas não é trivial como na alumina (BREYSSE et al, 2003).

Além das aplicações em hidrocraqueamento e hidrodesparafinação, várias outras

aplicações são encontradas na literatura utilizando zeólitas ou alumina-zeólitas como suporte. Um

estudo de Isoda et al. (1996) analisou o desempenho de uma mistura de zeólita Y em alumina

como suporte para catalisadores CoMo em reações de HDS. Cobalto e molibdênio foram

impregnados (coimpregnação) em um suporte contendo 5% (m/m) de zeólita Y em alumina. O

teste catalítico de hidrodessulfurização do 4,6 dimetildibenzotiofeno em decano foi realizado à

temperatura de 270°C e pressão de hidrogênio de 3,0 MPa e testou, além do catalisador contendo

a zeólita Y, dois catalisadores comerciais um CoMo e um NiMo. O catalisador CoMo suportado

em alumina contendo 5% de zeólita Y apresentou a maior conversão (72% contra 49 e 68%, os

dois últimos relativos aos catalisadores comerciais de CoMo e NiMo, respectivamente). A

distribuição de produtos no catalisador contendo a zeólita foi significativamente diferente da

obtida sobre os catalisadores CoMo e NiMo suportados em alumina. Os produtos obtidos usando

esses catalisadores indicaram principalmente a rota de hidrogenação. Por outro lado, produtos de

desalquilação e isomerização foram observados no catalisador com zeólita Y, além de uma

quantidade significativa de hidrocarbonetos leves presumivelmente provenientes de reações de

hidrocraqueamento. Esse comportamento se deve a uma maior acidez do suporte. O catalisador

contendo zeólita apresentou um número de sítios ácidos 23 % maior que o de alumina

convencional e sua acidez não resultou em desativação do catalisador.

Zeólitas como suporte para Mo e metais do grupo X apresentam, geralmente, baixa

atividade de HDS e desativação rápida comparada com catalisadores suportados em alumina

(CID et al, 1987). Recentemente, um catalisador à base de sulfeto preparado por encapsulação

do Mo(CO)6 com uma zeólita NaY mostrou ser 2,5 vezes mais ativo por átomo de Mo para

HDS do tiofeno que um catalisador contendo 6% Mo em Al2O3. No entanto, é difícil sintetizar a

uma fase Co(Ni)-Mo-S altamente dispersa dentro da cavidade zeolítica. Além disso, as

pequenas dimensões dos poros da zeólita relativas ao diâmetro efetivo das moléculas do

substrato fazem com que as reações HDT, possam ocorrer dentro da estrutura zeolítica.

Formulações de catalisador de hidrocraqueamento que podem operar em ambientes ricos em

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nitrogênio têm sido descobertas. Tais formulações incluem a zeólita Y provida de função ácida,

juntamente com NiMo ou NiW disperso em matriz de γ-Al2O3 produzindo a função de

hidrogenação (BREYSSE et al, 2003).

2.3. Hidrogenação de Aromáticos

2.3.1. Tipos de Compostos Aromáticos

Existem várias técnicas analíticas para caracterização dos compostos aromáticos

encontrados no petróleo e nos destilados médios, dentre as quais se destacam a cromatografia

líquida de alta performance (HPLC) (HO, 2002), ressonância magnética nuclear (C13 RMN)

(PEROT, 1991 e WILSON, 1985), espectroscopia de massas (CHASEY, 1991 falta) e

cromatografia de fluido super crítico (SFC) [ASTM D5186-91]. A análise de RMN C13 mede

diretamente a quantidade de átomos de carbono que podem ser encontrados em anéis

aromáticos. Estes resultados podem ser usados para separar o consumo de H2 na saturação de

aromáticos daquele proveniente de outras reações. A espectroscopia de massas analisa cada

grupo de composto aromático presente no óleo (COOPER e BJORN, 1996).

Os compostos podem ser classificados em: monoaromáticos, diaromáticos, triaromáticos e

aromáticos policíclicos ou poliaromáticos. A quantidade e o tipo de aromáticos em destilados

médios podem variar de acordo com a origem do corte (STANISLAUS e COOPER, 1994). Os

poliaromáticos contendo quatro ou mais anéis aromáticos estão presentes em abundância nas

frações de petróleo com elevado peso molecular (PE > 350˚C) e os outros três grupos predominam

nos destilados médios. Frações oriundas de processos de conversão, como craqueamento térmico ou

catalítico, geralmente apresentam maiores teores de compostos aromáticos que correntes de

destilação direta do petróleo. A Tabela 2.5 mostra dados típicos de análise de aromáticos presentes

em gasóleo do petróleo Kuwait (STANISLAUS e COOPER, 1994).

No caso do diesel, a saturação de estruturas aromáticas e poli-aromáticas está diretamente

relacionada com a melhoria das emissões de particulados (principalmente poli-aromáticos) e

qualidade de ignição, medida pela propriedade número de cetano (associado com aromáticos em

geral). Quanto maior o teor de parafinas lineares no diesel e maior a massa molecular, maior o

número de cetano. Em oposição, quanto maior o teor de compostos aromáticos e menor a massa

molecular, menor o cetano e o desempenho do combustível no motor. No entanto, a melhoria

desta propriedade somente pela saturação destas estruturas é limitada, uma vez que os compostos

naftênicos formados pela saturação de aromáticos também apresentam baixos números de cetano.

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26

Assim, além da saturação dos aromáticos deve-se buscar a abertura dos anéis naftênicos de forma

a se obter parafinas lineares e ramificadas, que estão entre os compostos de maior cetano. Esta

etapa é típica dos processos de hidrocraqueamento. A Figura 2.6 ilustra bem o comportamento

descrito acima, analisando-se a variação de número de cetano ao se hidrogenar progressivamente

o naftaleno, as faixas de número de cetano mostradas refletem os valores para os diferentes

isômeros associados à estas estruturas.

Tabela 2.5. Compostos aromáticos do gasóleo do petróleo Kuwait (STANISLAUS e COOPER, 1994).

Tipo de aromático Teor de aromático (% em massa)

Monoaromáticos

C3-C6 alquil benzenos

C1-C5 benzotiofeno

3,68

14,24

Diaromáticos

C0-C4 naftalenos

C0-C4 dibenzotiofenos

C0-C4 fluorenos

C1-benzil + dibenzofurano

52,81

14,38

4,12

4,07

Triaromáticos

C0-C4 fenantrenos

C0-C4 pirenos/fluorantrenos

6,20

0,5

Total

100,0

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Figura 2.6 – Evolução do número de cetano na hidrogenação e

craqueamento do naftaleno. Adaptado de McVicker (2002)

De uma maneira geral, a dificuldade de hidrogenação de um ciclo aromático aumenta ao

se passar de estruturas poli-aromáticas para mono-aromáticas (SAPRE e GATES, 1982). Assim,

é normal, durante o processo de hidrotratamento, ocorrer uma diminuição do teor de poli-

aromáticos totais e aumento do teor de monoaromáticos, estes considerados os compostos

aromáticos mais refratários à hidrogenação.

2.3.2. Aspetos Termodinâmicos da Hidrogenação de Hidrocarbonetos Aromáticos

A hidrogenação dos hidrocarbonetos aromáticos é reversível e, sob condições típicas de

processo de hidrotratamento, não realiza conversões completas devido a limitações de

equilíbrio. Estas reações são exotérmicas com calores de reação compreendidos entre 63 e 71

kJ/mol; a constante de equilíbrio da reação diminui, portanto, com o aumento da temperatura,

favorecendo o deslocamento da reação para a formação de aromáticos. A pressão de hidrogênio

também afeta diretamente o equilíbrio químico, de forma que baixas pressões favorecem

menores conversões de equilíbrio de aromáticos (STANISLAUS e COOPER, 1994).

Existem poucos dados termodinâmicos sobre a hidrogenação de aromáticos em

correntes complexas como as oriundas de petróleo, principalmente no que diz respeito a

hidrocarbonetos poliaromáticos e seus produtos de hidrogenação, mas são suficientes para

permitir cálculos das concentrações de equilíbrio dos produtos de hidrogenação parcial

(GIRGIS e GATES, 1991). Por outro lado, para mono e di-aromáticos existe maior

disponibilidade de dados experimentais ou através de métodos de contribuição de grupos.

A hidrogenação de uma espécie aromática A, é dada por:

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A + nH2 AH

sendo AH o produto hidrogenado (naftênico). A concentração de equilíbrio da espécie

aromática pode ser aproximada pela equação (1), considerando-se um comportamento de gás

ideal:

nHaAHA

A

PKYYY

2.11

+=

+ (1)

onde YA e YAH são as frações molares das espécies aromática e naftênica, respectivamente; Ka

é a constante de equilíbrio, PH2 a pressão parcial de hidrogênio e n é o número de mols de

hidrogênio requerido para a saturação, supondo um comportamento de mistura ideal. Esta

equação mostra que baixas concentrações de aromáticos no equilíbrio são favorecidas por uma

constante de equilíbrio elevada (baixas temperaturas) e altas pressões parciais de hidrogênio.

Na Figura 2.7 é apresentada, a título ilustrativo, a concentração de equilíbrio em

aromático em função da temperatura de reação para a hidrogenação do primeiro e do último

anel do fenantreno e do naftaleno, de acordo com Stanislaus e Cooper (1994). De uma maneira

geral, pode-se dizer que, para uma dada temperatura, os compostos poli-aromáticos apresentam

menores constantes de equilíbrio que os compostos di-aromáticos. A 5 MPa e considerando-se

uma relação estequiométrica entre hidrogênio e composto orgânico, a conversão de tetralina é

superior a 95%.

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Temperatura (K)Temperatura (K) Figura 2.7 – Concentração de aromático no equilíbrio para a hidrogenação do

primeiro e último anel do fenantreno e do naftaleno (STANISLAUS E

COOPER, 1994)

De acordo com Stanislaus e Cooper (1994), as constantes de equilíbrio variam

consideravelmente nas diferentes famílias de aromáticos. Na hidrogenação da série homóloga

do benzeno e do naftaleno, o valor da constante de equilíbrio diminui com o aumento do

número de cadeias laterais e com o número de átomos de carbono em cada lado da cadeia

(LEPAGE, 1987 e GIRGIS e GATES, 1991; WILSON et al, 1987). Wilson et al. explicaram

essa diminuição pela estabilização por efeito indutivo favorecido pela ressonância do anel

provocada por essas cadeias laterais. Para hidrocarbonetos aromáticos contendo mais de um

anel, a constante de equilíbrio é geralmente maior para a hidrogenação do primeiro anel

(LEPAGE, 1987) que para a saturação do último anel. A hidrogenação do primeiro anel é,

geralmente, termodinamicamente menos favorecida que a hidrogenação do último anel nas

condições típicas de hidrotratamento.

2.4. Hidrogenação e Hidrogenólise da Tetralina

A hidrogenação de aromáticos (HDA) tem sido extensivamente estudada, usando

sulfetos metálicos (CoMoS/NiMoS) como catalisadores. A maioria desses estudos aborda a

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hidrogenação do benzeno ou alquilbenzenos simples, como o tolueno. Kokayeff (1980)

demonstrou que a taxa da hidrogenação do primeiro anel em diaromáticos condensados

(naftaleno) é muito mais rápida (20 a 30 vezes) que a taxa de hidrogenação de monoaromáticos

(bifenil, tetralina e ciclohexilbenzeno). A variação da energia de ativação do sistema (71 kJ/mol

para o ciclohexilbenzeno e 105-115 kJ/mol para o primeiro anel do naftaleno e do bifenil,

respectivamente), é relativamente pequena. (COOPER e BJORN, 1996).

A tetralina tem sido extensivamente utilizada como composto modelo representativo dos

mono-aromáticos existentes no diesel em reações de hidrogenação e hidrocraqueamento com

catalisadores NiMo, CoMo e NiW sulfetados e metais nobres, como Pt e Pd.

Utilizando-se catalisadores de metais nobres (Pt e Pd) em temperatura moderadas ou

catalisadores sulfetados suportados em sólidos não-ácidos, normalmente se obtém

essencialmente os produtos de hidrogenação, cis- e trans-decalinas. Lai e Song (1996) mostram

que o isômero trans-decalina é termodinamicamente favorecido na faixa de temperatura de 250

a 350 oC. Apesar disso, observa-se para a maioria dos casos maior formação do isômero cis-

decalina, conforme relatado também por outros autores (ARRIBAS et al., 2004; AUGUSTO et

al., 2001; SANTANA et al., 2005) uma vez que a formação deste composto é cinéticamente

favorecida (adição de dois átomos de hidrogênio do mesmo lado da molécula). A concentração

de cada isômero no produto pode ser importante no passo subseqüente de abertura do anel, uma

vez que o isômero cis-decalina é mais reativo para a abertura do anel naftênico.

A presença de sítios ácidos no suporte leva à formação de produtos de isomerização,

craqueamento e desalquilação em maior extensão. Por exemplo, o estudo de Carríon et al,

(2006) de hidrogenação e hidrogenólise da tetralina sobre catalisadores de PtMo suportados em

sílica mesoporosa dopada de zircônia mostrou, nas condições utilizadas, a detecção de mais de

70 compostos classificados nos seguintes grupos: (i) compostos voláteis, formados por produtos

não condensáveis C1-C6, (ii) produtos de hidrogenação, que inclui cis e trans-decalinas, (iii)

produtos de hidrogenólise, isomerização e craqueamento, abrangendo produtos primários tais

como tolueno, etilbenzeno, o-xileno, 1-etil 2-metil benzeno, 1-propenil-2-metil benzeno, n-

propil benzeno e iso-propil benzeno e, produtos secundários derivados de reações de

craqueamento, tais como polialquil olefinas, decadieno e ciclo hexeno 1-butilideno e, (iv)

naftaleno. Estes autores propuseram o esquema reacional representado na Figura 2.8.

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31

Figura 2.8 – Esquema reacional de hidroconversão da tetralina sobre

catalisadores PtMo/SiO2-ZrO2, de acordo com Carríon et al, (2006)

Arribas et al. (2004) em seu estudo da hidroconversão da tetralina sobre catalisadores

bifuncionais de Pt/USY na ausência de enxofre, detalhou a análise distribuição dos produtos

obtidos, conforme a Figura 2.9, da seguinte forma: o anel aromático da tetralina é hidrogenado

nos sítios metálicos (Pt) gerando uma mistura de cis- e trans-decalinas. Essas decalinas são

isomerizadas para metil-perhidroindanos e dimetil-octahidropentalenos, com um e dois anéis

C5 respectivamente, através de um mecanismo bifuncional envolvendo os sítios metálicos

(desidrogenação e hidrogenação) e os sítios ácidos do suporte (isomerização em si). Os

isômeros da decalina sofrem abertura de ciclo sobre os sítios ácidos de Brönsted para produzir

uma mistura de alquil ciclo hexanos e alquil ciclo pentanos, com o mesmo número de átomos

de carbono da carga aromática C10, agrupados como produtos de abertura de anel. As reações

desse grupo sobre os sítios ácidos geram alquil-naftenos com menos de 10 átomos de carbono e

parafinas leves por reações de desalquilação e craqueamento.

Fica, desta forma óbvio, que a formação de produtos de abertura de ciclo naftênico

está ligada à formação de isômeros de decalina. Para favorecer um elevado rendimento de

isomerização (e potencial atividade de abertura de anel), ambas as funções metálica e ácida no

catalisador bifuncional precisam estar bem balanceadas. A influência da proximidade dos sítios

metálico e ácido foi comparada à relação metal/ácido no desempenho do catalisador Pt/USY

para a hidroconversão de tetralina, observou-se que a taxa de ativação/isomerização da decalina

é cinco vezes maior com o leito composto de Pt impregnada na zeólita que a obtida em leitos

onde as duas funções catalíticas estão totalmente separadas. Enquanto no primeiro caso a

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ativação das decalinas ocorre por um mecanismo bifuncional, no segundo ela se dá através de

mecanismo monofuncional, sobre os sítios ácidos de Brönsted da zeólita.

Figura 2.9. Esquema simplificado para a hidroconversão da tetralina sobre

catalisadores bifuncionais Pt/zeólita, de acordo com Arribas et al. (2004).

Corma et al (2001) estudaram o craqueamento da tetralina sobre zeólitas de diferentes

estruturas (ZSM-5, MCM-22, MCM-41, USY, BETA) de forma a avaliar o potencial destes

materiais para a hidroconversão do LCO. Os autores propuseram o esquema reacional mostrado

na Figura 2.10, ilustrando as várias reações possíveis envolvendo sítios ácidos da zeólita.

Através da protonação do ciclo aromático, os autores propõem que a molécula pode sofrer

isomerização (contração do ciclo naftênico) via um mecanismo de ciclopropano protonado,

formando metil-indano, ou sofrer uma cisão beta formando diretamente o alquil-benzeno. Este

pode também vir de cisão beta do metil-indano formado. Os autores sugerem que zeólitas de

poros largos possuem melhor seletividade para formação de produtos de abertura de anel

naftênico, minimizando a formação de produtos leves. Mesmo na ausência de hidrogênio, os

autores observaram alguma formação de decalinas e naftaleno, através de reações de

transferência de hidrogênio. Pequenas quantidades de produtos mais pesados que a tetralina

foram também observados, através de reações de trans-alquilação, porém não são apresentados

na Figura 2.10.

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Figura 2.10. Esquema simplificado para craquemento da tetralina sobre diferentes zeólitas, de

acordo com Corma et al (2001).

Sato et al. (1998) estudaram a reação de HCC da tetralina e do difenil-metano sobre

NiW suportado em zeólita USY. Para a tetralina, identificaram mais de 300 compostos por GC-

MS e os classificaram nos seguintes grupos: (i) C1-C5, (ii) benzeno e alquil benzenos, (iii)

alquil ciclo hexanos, (iv) decalinas, (v) isômeros de decalinas (metilperhidroindanos), (vi)

indano e metil indanos, (vii) naftaleno e (vii) compostos pesados (metil tetralina, tetralina

oligomerizada, hidrofenantreno, etc). O hidrocraqueamento da tetralina é mostrado na Figura

2.11 com três rotas possíveis: (a) hidrogenação da decalina seguida pela abertura de ciclo via

metilperhidroindano, (b) abertura direta do anel da tetralina, (b-1) para n-butil benzeno via 1-

metil indano, (b-2) para iso-butil benzeno via 2-metil indano. A elevada seletividade para a

decalinas e hidrocarbonetos de anel monossaturado indica que a rota (a) foi catalisada

preferencialmente pela zeólita USY. Dentre outras discussões, os autores concluíram que a

abertura do anel da tetralina necessita de sítios ácidos relativamente fortes da zeólita USY,

quando comparado com o craqueamento do difenil-metano mais fácil de craquear.

Esquema similar foi proposto por Cao et al (2004) que estudaram o HCC da tetralina

sobre catalisadores NiMo/zeólita Y. É interessante notar que, em ambos os casos, é considerada

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a formação de metil-indano a partir da contração do anel da tetralina, mas não se considera a

hidrogenação desta molécula formando metil-per-hidro-indanos. No entanto, não é apresentada

nenhuma justificativa para esta abordagem.

Figura 2.11 – Esquema de HCC da tetralina proposto por Sato et all (1998) para

catalisadore NiW/USY.

Em um artigo recente, Ding et al (2007) compararam o desempenho de catalisadores

NiMo sobre diversos suportes nas reações de HDS do 4,6-DMDBT, HDN da piridina, HDA do

1-metilnaftaleno (1-MN) e hidrocraqueamento do n-hexadecano, utilizado também como

solvente dos demais reagentes. Os seguintes suportes foram utilizados: alumina, sílica-alumina

(10% SiO2), alumina-zeólita beta (teores entre 5 e 20%) e alumina-zeólita USY (10%). Os

catalisadores foram preparados por co-extrusão dos componentes do suporte com MoO3 e

solução de nitrato de níquel.

No caso do HDA do 1-MN a 350 oC e 15,2 bar, não se verificou aumento significativo

de conversão entre os catalisadores suportados em alumina, sílica-alumina, alumina-zeólita Y e

alumina-zeólita beta (20%). Nos catalisadores suportados em zeólitas, a formação do isômero 2-

MN foi importante sem, entretanto, influenciar significativamente na formação dos produtos de

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hidrogenação e craqueamento do ciclo naftênico. Os autores propõem o esquema reacional

apresentado na Figura 2.12. De uma maneira geral, é de se esperar que a conversão do 1-MN

sobre catalisadores bifuncionais, uma vez hidrogenado o primeiro anel aromático, seja similar à

da tetralina discutida anteriormente. No entanto, os autores não observaram produtos

completamente hidrogenados, devido provavelmente à baixa pressão total dos testes, nem a

formação de produtos de contração do ciclo naftênico das metil-tetralinas, como nos esquemas

anteriores.

Figura 2.12 – Esquema reacional de hidroconversão do 1-metilnaftaleno

proposto por Ding et al (2007).

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36

Capítulo 3

METODOLOGIA

3.1. Preparação de Suportes e Catalisadores

Os catalisadores de hidrotratamento são constituídos por um ou vários componentes

cataliticamente ativos, depositados sobre um suporte de elevada área específica. Embora muitas

vezes o principal objetivo do uso de um suporte seja proporcionar ótima dispersão do componente

ativo, de modo que o material seja estabilizado contra a sinterização, em diversas reações ele pode

prover uma função catalítica adicional e todo o processo ser, de fato, uma combinação de duas

funções catalíticas: uma proveniente do(s) componente(s) ativo(s) e outra do suporte.

O preparo do catalisador é o segredo para a obtenção, com êxito, da atividade,

seletividade e tempo de vida desejados (CHE, 1993). Isto significa dizer que o sucesso no

desenvolvimento de um catalisador está associado a atributos essenciais de atividade,

estabilidade, seletividade e regenerabilidade. Tais características poderão estar relacionadas a

propriedades físicas e químicas do catalisador, que serão adquiridas por alguns parâmetros

inerentes ao método usado para o preparo do catalisador.

Existem duas etapas principais no preparo desses catalisadores: a primeira consiste

na deposição do precursor do componente ativo, de forma uniforme, sobre o suporte, e a

segunda na transformação desse precursor no componente ativo requerido, que depende da

reação a ser catalisada, podendo ser encontrado como óxido, sulfeto ou na forma metálica.

A grande maioria dos métodos de deposição envolve soluções aquosas e, portanto,

contato sólido-líquido. Nesse caso, o contato do suporte com uma solução contendo um

precursor do componente ativo pode promover diversos fenômenos, dentre os quais a troca

iônica, impregnação, dissolução do suporte e formação de compostos na superfície são os

mais importantes. Se os parâmetros experimentais não são adequadamente ajustados, existe

uma grande probabilidade de estes fenômenos ocorrerem simultaneamente.

O método utilizado neste trabalho envolveu a deposição do componente ativo

diretamente sobre o suporte, por impregnação sem excesso de solução (método do ponto

úmido), que será mencionado no ítem 3.1.2. Optou-se por preparar os catalisadores

utilizando-se os suportes na forma extrudada, uma vez que esta situação se aproxima das

condições de uso industrial dos catalisadores.

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3.1.1. Extrusão dos Suportes

Os materiais de partida para o preparo dos suportes foram uma pseudo-boemita de alta

pureza (Catapal C da Sasol ou Pural SB da Condea Chemie), uma zeólita Y desaluminizada

(relação sílica/alumina de rede – SAR – igual a 13,7) e uma sílica-alumina comercial contendo

40% de sílica (Siral 40 da Condea Chemie). No caso das pseudo-boemitas, apesar de serem de

fornecedores diferentes, as rotas de obtenção são as mesmas e suas propriedades físico-químicas

são bastante similares.

Foram preparados três diferentes suportes por extrusão: alumina pura (Catapal C),

sílica-alumina (Siral 40) e 30% de zeólita Y com alumina (Pural SB). Neste último caso, a

adição de alumina se justifica pelo fato de a zeólita Y pura não ser extrudável, ou seja, não

proporcionar um extrudado final com propriedades mecânicas adequadas. As proporções

utilizadas de alumina e zeólita são as tipicamente encontradas em catalisadores de

hidrocraqueamento.

Na extrusão do suporte de sílica-alumina Siral 40, 650g de Siral 40 foram misturados

a 510 mL de HNO3 4% e 100 mL de água. Essa mistura foi realizada em misturador tipo sigma

e, em seguida, foi levada à extrusora com molde de orifícios de 1/16 polegadas. Os extrudados

úmidos foram secos a 120°C por 1 h e posteriormente calcinados.

O suporte de alumina-zeólita USY foi preparado por coextrusão de 560 g de alumina

Pural SB (420g Al2O3 - 70%), 180g de zeólita USY previamente calcinada a 200°C por 2 h e

350 mL de solução de ácido acético 2,5%. Os extrudados úmidos foram secos a 120°C por 1 h

e posteriormente calcinados.

A alumina foi preparada por extrusão de 2000 g de hidróxido de alumínio Catapal

C da Condea Chemie e 1400 mL de ácido acético 2,0 %. A pasta formada foi igualmente

extrudada usando molde com orifícios de 1/16 polegadas. Os extrudados úmidos foram

secos a 120°C por 1 h e posteriormente calcinados.

Os três suportes preparados foram calcinados a 550˚C por 3h e disponibilizados para

impregnação. Suas respectivas identificações são:

Alu – alumina,

SiAl – sílica-alumina e

AluZ – alumina-zeólita.

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3.1.2. Preparo dos Catalisadores

Os três catalisadores de níquel-molibdênio suportados sobre diferentes materiais

foram preparados a partir da impregnação ao ponto úmido dos sólidos extrudados.

A formulação estabelecida para os catalisadores foi: 20% MoO3 e 4% NiO. A

impregnação foi realizada partindo-se de uma mistura dos precursores heptamolibdato de amônio

[(NH4)6Mo7O24.4H2O] ( P.A. Vetec ), e nitrato de níquel [Ni(NO3)2.6H2O] ( P.A. Vetec ). O pH

da mistura foi ajustado em 2,0 com ácido nítrico concentrado (Vetec) e, em seguida, essa mistura

foi adicionada ao suporte por gotejamento e agitação. Após a impregnação, esses catalisadores

foram secos a 120°C por uma noite e calcinados a 450°C por 1 h.

A identificação dos catalisadores foi definida como:

NiMo/Alu – níquel e molibdênio suportados em alumina

NiMo/SiAl – níquel e molibdênio suportados em sílica-alumina

NiMo/AluZ - níquel e molibdênio suportados em alumina-zeólita

3.2. Caracterização dos Catalisadores

A caracterização dos catalisadores e de seus respectivos suportes foi conduzida de modo a

correlacionar os seus desempenhos catalíticos com suas propriedades texturais, estruturais e

físico-químicas.

3.2.1. Análise Elementar por Fluorescência de Raios X(FRX)

Na análise da composição elementar por fluorescência de raios X foram determinados os

teores de Si e Al, nos suportes sílica-alumina e alumina-zeólita, e os teores de fase ativa (NiO e

MoO3), nos três catalisadores calcinados, utilizando-se um espectrômetro de raios X Philips

modelo PW 1710.

3.2.2. Análise Textural

A determinação da área específica e a distribuição de volume de poros tem por

objetivo caracterizar as propriedades texturais dos materiais e investigar eventuais alterações

das mesmas após a impregnação dos óxidos de metais de transição.

A área específica, a distribuição e o diâmetro médio dos poros dos três suportes e

respectivos catalisadores calcinados foram determinados por adsorção de N2 à temperatura de -

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196°C. As isotermas de adsorção foram obtidas no equipamento TriStar 3000 V6.03 A. Os

valores de área específica foram calculados de acordo com a equação de Brunauer, Emmet e

Teller (BET) (CIOLA, 1981.). A distribuição de tamanhos de poros foi calculada pela equação

BJH (MARCZEWSKI, 2004). As amostras de catalisador foram previamente tratadas sob

vácuo menor que 6,67-6 MPa, a 300ºC por 1h , para remover umidade da superfície e dos poros.

3.2.3. Análise Estrutural

Os compostos cristalinos presentes nos catalisadores e suportes foram analisados por

difração de raios X (DRX). A percentagem de cristalinidade e tamanho de cela unitária (A0) no

catalisador e suporte zeolíticos foram determinados com o objetivo de detectar possíveis

alterações na estrutura da zeólita.

Para a análise de difração de raios X, as amostras de catalisador em pó foram espalhadas

sobre uma lâmina de vidro vazada e analisadas em difratômetro Philips modelo PW 1710

usando radiação Kα do cobre filtrada por um monocromador a 40 kV e 55 mA, com velocidade

de aproximadamente 5º por minuto e uma varredura num ângulo (2θ) na faixa de 5-70º .

Para determinação das dimensões da cela unitária foi utilizado o método ASTM D 3942

– 03, tomando por base o difratograma da zeólita USY original, do suporte AluZ e o respectivo

catalisador. O método possibilita uma reprodutibilidade de 0,04 Ǻ (0,002 nm).

3.2.4. Análise de Propriedades Redutoras

A técnica de redução a temperatura programada (TPR) tem por objetivo avaliar a

redutibilidade de catalisadores para estudo da reatividade, além de fornecer subsídios para o

conhecimento da estrutura e da distribuição das espécies no sólido, definindo as interações entre

a fase ativa e o suporte por aparecimento ou desaparecimento de picos de redução.

A análise de redução a temperatura programada (TPR) dos catalisadores foi realizada

utilizando-se o equipamento AutoChem II 2920 V3.00, e é fundamentada na quantificação do

consumo de hidrogênio calculado pela curva de calibração de um detector de condutividade

térmica, associado à redução de espécies presentes na amostra, quando estas são submetidas ao

aquecimento sob condições de temperatura programada. O agente redutor convencionalmente

utilizado é uma mistura de hidrogênio (10%) em gás inerte (argônio).

Em estufa a vácuo foram secas a 130°C por uma noite, aproximadamente, 100 mg de

amostra,. Em seguida, a amostra foi pesada e colocada em um reator de quartzo e submetida a

uma etapa de oxidação in situ a 300°C, por 1 h em fluxo de ar sintético. Para a retirada dos

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resíduos de ar sintético, a amostra foi resfriada a temperatura ambiente em fluxo de argônio e,

em seguida, reduzida por uma mistura de 10% H2 em Ar, com vazão de 40 mL/min. Este

sistema foi aquecido até 1000°C, sob taxa de aquecimento de 10°C/min, e a corrente do

detector mantida a 175 mA. O detector e as válvulas do equipamento operaram a 110°C. O sinal

do detector e a temperatura foram monitorados através do sistema de aquisição de dados do

equipamento permitindo posteriormente construir o perfil de redução dos catalisadores em

função da temperatura. A massa de amostra considerada para os cálculos foi a massa de amostra

seca, pesada antes do experimento.

3.2.5. Análises de Acidez

Foram utilizadas duas técnicas para a caracterização da acidez dos catalisadores:

dessorção por temperatura programada de n-propilamina (TPD) para quantificar a força ácida e

os sítios ácidos de Brönsted e espectroscopia na região do infravermelho por piridina adsorvida

para caracterizar a natureza dos sítios ácidos.

- Dessorção por Temperatura Programada (TPD)

A determinação de acidez por TPD de n-propilamina é baseada na adsorção de

moléculas de alquilaminas em sólidos ácidos, que reagem com os prótons da superfície do

catalisador, para, desta forma, caracterizar os sítios ácidos de Brönsted, por formação de um

complexo de adsorção estável a temperaturas elevadas.

Durante a termodessorção, as moléculas de n-propilamina fisissorvidas e as adsorvidas

em sítios não específicos são dessorvidas, sem reagir, a baixas temperaturas (300°C). O

complexo adsorvido nos sítios de Brönsted decompõe-se quando a temperatura é elevada,

produzindo amônia e propeno. A quantidade de n-propilamina decomposta corresponde à

quantidade de sítios de Brönsted.

A quantidade de amônia (µmol de amônia por grama de amostra seca) gerada na

quebra da n-propilamina adsorvida nos sítios de Brönsted foi corrigida considerando a adsorção

da propilamina apenas nos suportes, e considerando-se as áreas das amostras.

As análises de TPD de n-propilamina foram realizadas no equipamento TPD/TPR

2900 da Micromeritics acoplado a um espectrômetro de massas Omnistar 422 da Pfeiffer. Para

este ensaio foram utilizadas 50 mg de cada amostra, tratadas a 500°C por 1 h, sob fluxo de hélio

de 20 mL/min e taxa de aquecimento de 10ºC/min. A amostra foi, então, resfriada à

temperatura ambiente e submetida a pulsos de hélio saturado com n-propilamina na mesma

temperatura. Após a saturação, a amostra foi mantida à temperatura ambiente por 30 minutos

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sob fluxo de 20 mL/min de hélio. A temperatura da amostra foi então elevada a 100°C, sob taxa

de 5°C/min, de modo a garantir que o excesso de n-propilamina fisissorvido tenha sido

arrastado, permanecendo nestas condições por 2 h. Finalmente, a amostra é aquecida a 500°C

sob taxa de 5°C/min e mantida nesta temperatura por 2 h. Durante a TPD, são monitoradas as

massas 15 (amônia), 41 (propeno) e 59 (n-propilamina) pelo espectrômetro de massas, mas

somente as massas de amônia e propeno são utilizadas para fins de cálculos. Ao final da TPD,

foram injetados pulsos de nitrogênio até a obtenção de cinco picos semelhantes para calibração

do sinal do espectrômetro e quantificação da amônia dessorvida.

- Espectroscopia na Região do Infravermelho

Os espectros foram obtidos em espectrofotômetro de infravermelho com transformada

de Fourier (FTIR) Nicolet, modelo Magna-IR 760, utilizando-se pastilhas auto-suportadas de

menor espessura possível (aproximadamente 10 mg/cm²). As pastilhas foram pré-tratadas em

célula de vidro, sob vácuo de 1,3 x 10-4 MPa, à 450°C, durante 16 h. As amostras foram, então,

resfriadas à temperatura ambiente e o espectro de referência coletado. Procedeu-se, então, à

adsorção de piridina, realizada durante 30 minutos sob 0,04 MPa de reagente. A dessorção

ocorreu em seguida à temperatura de 150°C por 30 minutos. Os espectros foram coletados após

as amostras retornarem à temperatura ambiente e os espectros finais foram obtidos subtraindo-

se os respectivos espectros de referência.

3.2.6. Distribuição dos Óxidos de Transição na Superfície do Catalisador por Microscopia

Eletrônica de Varredura

A análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi realizada com os

catalisadores NiMo, com o objetivo de avaliar a distribuição de componentes ativos da

superfície para o centro do extrudado (direção radial), usando um microscópio eletrônico de

varredura Jeol modelo JSM 6460LV. Para realizar essas análises, foram preparados corpos de

prova contendo as amostras de catalisador fixados sobre uma base contendo adesivo epóxi. Este

conjunto foi prensado com resina condutora à base de cobre e sua superfície polida com lixas

d’água, para melhorar o sinal do elétron secundário na formação de imagem.

Cada elemento presente foi analisado na direção radial de amostras de catalisador,

utilizando-se os seguintes parâmetros: distância entre o canhão de elétrons e o ponto de

análise (WD) – 11 mm; diâmetro do feixe – 55 % em relação ao total; linescan do centro para

a borda: 200 pontos.

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3.2.7. Análise de Espécies de Óxido de Ni e Mo por Espectroscopia de Refletância Difusa

A técnica de espectroscopia de refletância difusa na região do UV-VIS (DRS) foi

utilizada para caracterizar as espécies de óxido de Ni e Mo nos catalisadores, esta técnica pode

determinar a simetria dos íons de metais de transição em catalisadores a base desses elementos,

com base nas transições eletrônicas apresentadas por interação com a luz na região do UV-

visível (bandas de transição d-d em configuração de d1 a d9) e analisar o grau de polimerização

das espécies depositadas na superfície do catalisador.

Os espectros de DRS dos catalisadores e dos respectivos suportes como referências

foram determinados na faixa de varredura de 200 a 850 nm. O equipamento utilizado foi um

espectrofotômetro Perkin-Elmer modelo Lambda 900. As amostras eram previamente secas a

300 oC e mantidas em dessecador sob vácuo até o momento da medida, de forma a minimizar o

efeito de adsorção de água.

3.2.8. Análise da dispersão de sulfetos metálicos por Microscopia Eletrônica de Transição

A análise de microscopia eletrônica de transmissão (MET) tem por objetivo medir a

dispersão dos sulfetos metálicos no catalisador, através da determinação do empilhamento e do

comprimento das lamelas de sulfeto de molibdênio.

A análise de MET dos três catalisadores sulfetados foi realizada no Laboratório

Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) em um microcópio eletrônico de transmissão de alta

resolução (HRTEM-JEM 3010 URP), operando a 300 keV. Os catalisadores previamente

moídos foram sulfetados em fluxo de 10% H2S/H2 a 400oC durante 2 h e recolhidos em solvente

(isoctano) de forma a preservá-los do contato com o ar. Uma pequena amostra do catalisador foi

depositada sobre a grade e analisada no microscópio. Para determinação da distribuição de

tamanho e empilhamento dos cristalitos de sulfeto de molibdênio, foram analisadas 50

partículas (no mínimo) de cada amostra a partir de várias imagens geradas no MET.

3.3. Avaliação de Catalisadores

Os três catalisadores preparados, NiMo/Alu, NiMo/SiAl, NiMo/AluZ e mais um

catalisador comercial identificado por Com usado para análise de limitações difusionais foram

avaliados pela reação modelo de hidroconversão da tetralina em unidade de micro-reator em

fluxo, conforme descrito a seguir.

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3.3.1. Descrição da Unidade de Teste Catalítico

Os ensaios catalíticos foram realizados em unidade de micro-reator em fluxo, em fase

gasosa, cujo fluxograma é esquematicamente mostrado no Anexo I. Basicamente, a unidade

dispõe de uma bomba dosadora de alta pressão Milton-Roy abastecida por dois vasos de carga

de 1 L cada. A vazão de hidrogênio é controlada por um controlador de vazão mássica Brooks.

Os fluxos de gás e carga líquida se misturam na entrada de um vaporizador, que consiste em um

tubo preenchido com material inerte e pré-aquecido a 220 oC. O reator de aço inox 316, com 10

mm de diâmetro interno e 482 mm de comprimento, operando sob fluxo contínuo descendente,

é aquecido através de uma fornalha com três zonas de aquecimento independentes. A pressão da

unidade é controlada através de uma válvula de controle pneumática na saída do reator, a qual é

mantida aquecida a 150 oC, junto com todas as linhas de saída da unidade, de forma a evitar a

condensação de produtos antes da amostragem cromatográfica. Cálculos de equilíbrio líquido-

vapor nas condições dos testes de atividade mostraram que a temperatura de 150oC era superior

ao ponto de orvalho da mistura reacional. A análise de acompanhamento da reação foi realizada

em fase vapor, em cromatógrafo a gás HP 6890 instalado em linha, podendo realizar

amostragens automáticas em intervalos de 30 minutos, em modo contínuo, durante o tempo

requerido para o teste. A válvula de amostragem é também mantida aquecida a 150 oC de forma

a evitar a condensação de produtos.

A unidade também é provida de um sistema supervisório com base no “software”

FIX32, que possibilita a realização de receitas operacionais (alteração programada de

parâmetros como pressão, temperatura, vazão de hidrogênio) e com ações de segurança

(intertravamento), permitindo a realização de todas as etapas dos testes ininterruptamente.

Os limites de operação da unidade compreendem pressão de 5 MPa, temperatura de

400°C, vazão de hidrogênio de 1000 NmL/min e vazão de carga modelo de 50mL/h.

As principais etapas do teste de avaliação de catalisadores são: secagem, sulfetação e

reação, sendo a última etapa subdividida em quantas condições forem pertinentes ao teste. Estas

etapas serão descritas em detalhes a seguir.

3.3.2. Metodologia do Teste

Aproximadamente 2 gramas de amostra de catalisador extrudado são previamente

moídos e ajustados na faixa de granulometria conveniente (-100+150 mesh – aproximadamente

0,13 mm). A amostra foi tratada em mufla a 300ºC por 1,5 h e, em seguida, mantida em

dessecador até atingir a temperatura ambiente. Depois, a amostra foi pesada e diluída com

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carbeto de silício (Carborundum) na mesma granulometria, na proporção 2 (amostra):1

(carborundum), e adicionada ao reator.

- Teste de Pressão:

Com o reator instalado à unidade realiza-se um teste de pressão à 55 bar de

hidrogênio, onde a aceitação se dá pela queda de, no máximo, 0,1 MPa em 3 h de teste, após

bloqueio do reator, ou pela ausência de vazamento de hidrogênio verificada com um

detector de gás combustível (TIF modelo 8800) que indica, por sinal sonoro, a presença de

vazamentos mínimos.

- Secagem e Sulfetação:

O reator é aquecido a 150°C sob taxa de 5°C/min, em fluxo de 600 mL/min de

hidrogênio à 6 bar de pressão e mantido nesta condição por 30 minutos. Em seguida, a pressão é

aumentada para 3 MPa e a carga de sulfetação, composta de 4% em massa de dissulfeto de

carbono (UV/HPLC espectroscópico Vetec) diluído em n-hexano (UV/HPLC espectroscópico

Vetec), é admitida na unidade. A segunda etapa de sulfetação é realizada a 350°C, à taxa de

5°C/min, sob vazão de carga de 13,5 mL/h, vazão de hidrogênio de 600 NmL/min e 3 MPa de

pressão total, durante 2 h. Após esse período, a temperatura é reduzida ao valor requerido na

etapa de reação.

- Reação de Hidrogenação/Hidrogenólise da Tetralina

A substituição da carga de sulfetação pela carga de reação, composta de 5 % molar de

1,2,3,4 - tetra-hidronaftaleno (tetralina - PA Merck), 1300 mg/kg de S como dissulfeto de

carbono em n-hexano UV/HPLC espectroscópico Vetec ocorre somente quando a temperatura

do reator atinge o valor requerido para a reação (320°C). Após esse procedimento, o reator é

pressurizado a 5 MPa, mantido sob fluxo de hidrogênio de 600 NmL/min e vazão de carga de

13,5 mL/h. Ajustadas as condições do teste (tempo zero da reação), iniciam-se, então, as

injeções de produto através de válvula de amostragem de gás, automaticamente, a cada 30

minutos, por um tempo condicionado à estabilização da atividade do catalisador. O catalisador é

considerado estável quando se obtém, por acompanhamento via planilha de resultados, um

desvio padrão menor que 1% para a conversão de tetralina, rendimentos de produtos de

hidrogenação, craqueamento e isomerização. Geralmente os testes necessitaram de, pelo menos,

15 h para atingir a estabilização no primeiro ensaio e entre 6 e 12 h para os testes subseqüentes.

- Condições da Análise Cromatográfica

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45

Foi utilizado um cromatógrafo a gás HP 6890A, dotado de uma coluna capilar:

HP-5 (60m comprimento por 0,32mm de diâmetro contendo 1µm de espessura de fase) na

análise dos reagentes e produtos da reação. A temperatura da coluna foi mantida a 100°C

durante 5 minutos e 150°C (taxa de 10°C/min) por 20 minutos. O injetor split operou na

temperatura de 170°C; pressão 0,108 MPa; fluxo total 100 ml/min e razão de split 68:1. O

fluxo de gás de arraste (He) foi de 2 mL/min e a temperatura do detector (FID) foi

mantida a 200°C.

A carga líquida foi injetada manualmente, por micro seringa, no cromatógrafo a

gás sob os mesmos parâmetros usados para as injeções automáticas do produto da reação

para controle da composição da mesma e para referência nos cálculos de conversão e

rendimentos.

Como se verá posteriormente, a reação de hidrogenação/hidrogenólise da tetralina

pode originar um grande número de produtos, cuja identificação não é trivial. Com o intuito

de caracterizar os produtos de reação, o efluente do reator na condição mais severa a que foi

submetido o catalisador suportado em alumina-zeólita foi condensado sob resfriamento com

acetona e gelo seco e analisado por cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de

massas (CG-EM) em condições tais que permitisse a eluição dos componentes do produto em

tempos de retenção muito próximos aos praticados nas análises realizadas em linha, para

acompanhamento da reação na unidade. O sistema CG/EM utilizado foi HP 5973N, provido

de uma coluna metil silicone (PONA) com 50m comprimento por 0,20mm de diâmetro

contendo 0,53µm de espessura de fase. A temperatura do forno foi mantida a 100°C durante 5

minutos e 150°C (taxa de 10°C/min) por 15 minutos. O injetor split/splitless sob fluxo de 150

mL/min, operou na temperatura de 280°C, e a pressão de gás de arraste (Hélio) de 0,09 MPa.

A fonte de íons operou a 200°C, com temperatura de interface de 280°C. A faixa de massa

analisada foi de 15 a 350 u.m.a. e, a energia dos elétrons de 70 eV. A identificação dos

produtos foi realizada com base nos tempos de retenção e nas áreas relativas dos

cromatogramas obtidos nos dois equipamentos. Tendo em vista o grande número de

compostos obtidos nos produtos de reação e por não se dispor dos compostos puros

correspondentes para calibração do cromatógrafo, considerou-se que todos os compostos

possuem o mesmo fator de resposta cromatográfica e a percentagem em área dos

cromatogramas corresponde, portanto, à percentagem mássica dos componentes da mistura.

Esta aproximação é bastante razoável tendo em vista que as misturas não contêm compostos

heterocíclicos.

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46

- Cálculos de Conversão, Rendimentos em Produtos e Taxas de Reação

Com base nos resultados cromatográficos e na identificação dos produtos, calculou-se

a composição molar do efluente do reator. Para o cálculo da conversão de tetralina,

descartaram-se os produtos leves (< C6), uma vez que são formados, em geral, por desalquilação

de um alquil-benzeno ou alquil-naftênico (≥ C6), e os componentes associados ao solvente

(isômeros de n-C6). A conversão da tetralina é, então, calculada pela seguinte relação de

percentuais molares:

Conv Tet = (1 - Tetr/∑ produtos) * 100

onde Tetr é a porcentagem molar da tetralina que não reagiu; ∑ produtos é o somatório da

porcentagem molar de todos os produtos subtraído da porcentagem molar dos compostos leves

(metano, etano, propano, iso-butano, n-butano, iso-pentano e n-pentano) e da porcentagem

molar dos isômeros do solvente (2,2-Dimetil Butano, 2-Metil Pentano, 3-Metil Pentano, N-

Hexano e Metilciclopentano).

Os rendimentos dos diferentes produtos ou grupos de produtos de reação (Ri), que

serão mais detalhadamente descritos no capítulo V, foram calculados pela seguinte expressão:

Ri = Pi / ∑ produtos

onde Pi é a concentração molar do produto ou grupo de produtos considerado.

A taxa inicial da reação de conversão da tetralina foi calculada por um modelo de

pseudo-primeira ordem, de acordo com a equação:

гTet = -Ln(1 – XTet ) * FTet/W

onde rTet é a taxa de conversão da tetralina em mol/g.min, FTet é o fluxo molar de tetralina, em

mol/min, XTet é a conversão fracional de tetralina, e W é a massa de catalisador em g.

3.3.3. Análise de Limitações Difusionais

A existência de limitações difusionais internas foi investigada através de ensaios de

avaliação do catalisador COM (comercial) para a reação de hidrogenação/hidrogenólise da

tetralina, utilizando o material sólido em três diferentes faixas de diâmetro de partícula (0,13;

0,16 e 0,21mm). O teste foi realizado sob as seguintes condições: P = 5 MPa, T = 400°C,

Fluxo de H2 = 600 NmL/min e Vazão de carga = 13,5 mL/h. A ausência de limitações

difusionais internas foi verificada pela não variação significativa no valor da taxa da reação

como função do tamanho médio de partícula do catalisador.

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47

3.3.4. Planejamento de Experimentos

Um planejamento fatorial 25 com adição de um ponto central foi utilizado para se estudar

os efeitos de pressão, temperatura, tempo espacial, relação H2/carga e concentração de enxofre

na carga como mostrado na Tabela 3.1. O experimento A foi repetido duas vezes para a

verificação da desativação do catalisador durante o teste.

Tabela 3.1 – Planejamento Experimental para Avaliação de Catalisadores na Conversão

da Tetralina

T P QL QH2 Cs Teste (oC) (MPa) (mL/h) (NmL/min) (mg/kg)

A 310 3 13,5 600 1300 B 330 3 13,5 600 1300 C 330 4 13,5 600 1300 D 310 4 13,5 600 1300 E 290 4 13,5 600 1300 F 310 5 13,5 600 1300 G 310 3 13,5 600 1300 H 310 4 13,5 900 1300 I 310 4 21 600 1300 J 310 4 9 600 1300 K 310 4 13,5 600 1300 L 310 4 13,5 400 1300 M 290 4 13,5 600 500 N 330 4 13,5 600 500 O 290 4 13,5 600 2100 P 330 4 13,5 600 2100 R 310 5 13,5 600 2100 Q 310 3 13,5 600 2100 S 310 3 13,5 600 2100

QL – vazão de carga; QH2 = vazão de hidrogênio; CS = concentração de enxofre na carga

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48

Capítulo 4

RESULTADOS

4.1. Caracterização

Os resultados de caracterização dos suportes e respectivos catalisadores são

apresentados a segui em relação às suas propriedades texturais, estruturais e físico-químicas.

4.1.1. Análise Elementar e Análises Pontuais (Distribuição dos Óxidos)

A análise elementar dos catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ foi

realizada por Fluorescência de Raios X e complementada por Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV) que permitiu avaliar a distribuição dos óxidos metálicos na direção radial do

material extrudado através de observações pontuais realizadas por sonda EDX.

Os resultados de análise química são apresentados na Tabela 4.1. Observa-se que as

concentrações de óxido de níquel e óxido de molibdênio obtidas no preparo dos catalisadores

(20% MoO3 e 4% NiO) foram próximas às planejadas.

Na Figura 4.1 é apresentada uma imagem de corte transversal de um extrudado do

catalisador NiMo/AluZ. As imagens dos demais catalisadores são apresentadas no Anexo II.

Nas posições 1 e 2 indicadas na Figura 4.1 foram realizadas leituras das concentrações pontuais

dos elementos através de micro-sonda (EDX), cujos valores semi-quantitativos são mostrados na

Tabela 4.1. Os valores encontrados para os teores de MoO3 e NiO encontrados por EDX diferem

ligeiramente do obtido por análise elementar por FRX. Não foi possível detectar, no suporte AluZ

evidências de segregação do componente zeolítico. Foram observadas diferenças de teor dos

óxidos metálicos para os catalisadores suportados em SiAl (MoO3) e AluZ (NiO). A variação das

concentrações de NiO para o catalisador zeolítico e de MoO3 para o catalisador suportado em

sílica-alumina pode ser atribuída aos menores diâmetros médios de poros destes suportes ou a

uma menor interação dos precursores destes metais com o suporte, quando comparado com a

alumina que apresentou uma distribuição homogênea.

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49

Apesar da maioria das caracterizações e avaliações ter sido realizada com o catalisador na

forma moída, buscava-se com a técnica de MEV inspecionar eventuais heterogeneidades no preparo dos

catalisadores extrudados de forma a validar o preparo dos mesmos.

Tabela 4.1 – Análise elementar por FRX e EDX (MEV).

Amostras

NiMo/Alu NiMo/SiAl NiMo/AluZ AluZ

Análise Elementar FRX

NiO 4,3 4,6 4,3 -

MoO3 19,7 21,3 18,5 -

Análise Elementar EDX (MEV)

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2

Al2O3 80,5 78,1 45,8 42,3 60,6 57,6 71,6 70,8

SiO2 - - 36,6 35,1 20,5 21,6 28,3 29,2

NiO 3,7 4,5 4,9 4,2 3,0 4,7 - -

MoO3 15,8 16,5 12,7 18,4 15,9 16,1 - -

Figura 4.1. Indicação dos pontos de leitura de uma

partícula do catalisador NiMo/AluZ.

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50

4.1.2. Caracterização Textural

Os resultados de caracterização textural dos catalisadores são apresentados na

Tabela 4.2 e indicam pequena diminuição de área específica, acompanhada de redução do

volume de poros e pequena variação no diâmetro médio de poros, resultante da incorporação

dos óxidos dos metais níquel e molibdênio aos suportes. No entanto, deve-se considerar uma

margem de erro de 10% (precisão da técnica) para uma avaliação sobre o real efeito da

impregnação na textura dos suportes após a impregnação.

Tabela 4.2. Resultados de caracterização textural.

AMOSTRA Alu NiMo/Alu SiAl NiMo/SiAl AluZ NiMo/AluZ

Área (1) (m²/g) 203 150 434 274 329 239

Área corrig (2) (m²/g) 2,5% (6) 197 14,7% (6) 370 5,8% (6) 310

VP(cm³/g)(3) 0,54 0,40 0,67 0,45 0,59 0,40

VP corrig(4) - 0,53 - 0,61 - 0,52

DP por dessorção(5) 79,8 83,2 62,4 69,7 86,2 87,1

¹ Área específica pelo método BET ² Área específica normalizada pela massa de suporte na amostra. 3 Volume de poros específico, determinado pelo método BJH do ponto único 4 Volume de poros específico normalizado pela massa de suporte na amostra 5 Diâmetro médio de poro da curva de dessorção por BJH (4V/A) 6 Decréscimo percentual de área específica do suporte devido à incorporação de óxidos metálicos

Os resultados de distribuição de volume de poros comparando os catalisadores e seus

suportes (Tabela 4.2 e Figura 4.2) mostram que praticamente não houve importantes variações

nos valores de diâmetro médio e nos de volume de poros, após a incorporação dos óxidos de Ni

e Mo, quando se consideram os valores normalizados por massa de suporte nos catalisadores.

O catalisador NiMo/SiAl foi o único a apresentar queda na área específica após

impregnação dos promotores níquel e molibdênio, considerando-se o erro experimental, como

mostrado na Tabela 4.2. A justificativa pode estar no fato desse suporte também apresentar o menor

diâmetro médio de poros, de forma que o bloqueio parcial desses acarreta em um impacto maior na

queda do valor de área, devido à impregnação com metais.

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51

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Diâmetro médio (A)

dV/d

log

D (c

m3/

g)

Alu NiMo/AluSiAlNiMo/SiAlAluZeoNiMo/AluZeo

NiMo AluZ

NiMo Alu

NiMo SiAl

Figura 4.2. Curvas BJH dessorção - distribuição do volume de poros dos catalisadores e suportes.

As isotermas de adsorção de nitrogênio para os suportes e catalisadores à base de

alumina e alumina-zeólita, apresentadas na Figura 4.3, correspondem à isoterma do tipo

IV, típicas de sólidos mesoporosos de forma cilíndrica, cônica, etc., porque apresentam

um patamar bem definido a pressões elevadas por condensação capilar do nitrogênio,

representando, nesta região, o preenchimento total dos poros. A histerese tipo H2,

associada a poros com a forma de tinteiro, é bem representada para os catalisadores

suportados sobre alumina e sobre alumina-zeólita (FIGUEIREDO et al,.2001). No entanto,

para o catalisador suportado em sílica-alumina ocorre uma combinação de isotermas do

tipo II e IV, que correspondem a sólidos que contêm meso e macroporos e histerese tipo

H3, característica de poros tipo fendas (FIGUEIREDO et al , 2001 e YUNES, S., 2001).

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0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Pressão Relativa (P/P0)

Volu

me

Ads

orvi

do (c

m³/g

STP

)

NiMo/Alu Alu NiMo/AluZ AluZ NiMo/SiAl SiAl Figura 4.3. Isotermas de Adsorção e Dessorção de Nitrogênio dos Catalisadores e Suportes 4.1.3. Análise Estrutural

A análise de difração de raios X (DRX) usada na identificação de compostos de

estruturas simples é realizada por medição dos parâmetros de rede. A associação dos picos de

difração com a estrutura cristalina foi realizada através de busca nos padrões da ICDD

(International Centre for Diffraction Data), por comparação de distâncias interplanares

(transformadas em ângulo de Bragg, 2θ) e intensidade da linha difratada.

Nas Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 apresentam-se os difratogramas dos suportes e respectivos

catalisadores, juntamente com a identificação dos principais picos de difração.

O difratograma do catalisador NiMo/Alu (Figura 4.4) apresenta, além de dois picos da

γ-alumina (associados aos planos (4 0 0) e (1 1 4)), apenas dois picos característicos de MoO3

(planos (0 2 1) e (1 1 1)). O aumento de intensidade do sinal na região de 2θ = 30° também

pode indicar a presença de espécies de óxido de molibdênio pouco cristalinas superfície do

suporte.

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53

Figura 4.4 – Difratogramas do catalisador NiMo/Alu e do suporte Alu.

Figura 4.5 – Difratogramas do catalisador NiMo/SiAl e do suporte SiAl.

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54

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75

Ãngulo 2θ

Sina

l (u.

a.)

NiMo/AluZ AluZ

picos da zeólita

(1 1 4) Al2O3

(4 0 0) Al2O3

Figura 4.6 – Difratogramas do catalisador NiMo/AluZ e do suporte AluZ.

O difratograma do suporte SiAl (Figura 4.5) apresenta-se praticamente amorfo,

distinguindo-se apenas dois picos pouco intensos, característicos dos planos (4 0 0) e (1 1 4) da γ-

alumina. O catalisador NiMo/SiAl (Figura 4.5) apresenta, além dos picos do suporte, evidência de

alguns picos correspondentes ao óxido de molibdênio, associados aos planos (1 1 0), (0 4 0), (0 2

1) e (1 1 1),. Esses picos podem indicar pequenos aglomerados do referido óxido na superfície do

suporte.

O difratograma do suporte AluZ (Figura 4.6) apresenta os picos de difração

característicos da alumina e da zeolita Y que o constituem. A identificação de compostos

cristalinos de MoO3 no catalisador NiMo/AluZ (Figura 4.6) fica prejudicada pois os picos de

difração deste composto aparecem na mesma região do difratograma onde estão os picos

intensos da zeólita (SOLÍZ et al, 2006).

De uma maneira geral, os difratogramas dos catalisadores sugerem uma boa dispersão

dos óxidos de molibdênio na superfície dos suportes, tendo em conta que se utilizou um teor

médio de 20 % de MoO3 no preparo dos catalisadores. Sobre o níquel, não foram identificadas

fases cristalinas envolvendo esse elemento, que foi adicionado no teor médio de 4% de NiO nos

catalisadores preparados.

Através da técnica de difração de raios X também foi determinado o tamanho de cela

unitária (A0) da zeólita, no suporte e no catalisador final, com o objetivo de se detectar possíveis

alterações de estrutura da zeólita durante o preparo do catalisador. Os valores obtidos demonstraram

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55

não haver variação significativa no tamanho da cela unitária após a impregnação: 24,45 Å (zeólita

USY), 24,45 Å (suporte AluZ) e 24,39 Å (catalisador NiMo/AluZ).

4.1.4. Análise de Propriedades Redutoras

A interpretação dos perfis de redução a temperatura programada (TPR) para os

catalisadores em estudo é bastante complexa devido à grande variedade de efeitos associados ao

consumo de hidrogênio, de acordo com as fases redutíveis presentes na amostra, pelos

diferentes estados de oxidação e pelos possíveis mecanismos de redução que podem ocorrer

durante as medições, em função da temperatura (CORDERO, 2001.).

Na Figura 4.7 são apresentados os perfis de redução dos catalisadores previamente

oxidados. Os perfis dos catalisadores suportados em alumina e alumina-zeólita foram muito

similares, com temperaturas de máximos de redução muito próximas.

Estes catalisadores apresentam um pico de redução à baixa temperatura (cerca de 430 oC)

que pode ser associado à redução das espécies oxídicas de Ni e à redução parcial dos compostos

oxídicos de molibdênio (SOLÍS, 2006). Considerando catalisadores de NiMo suportados, muitos

autores concordam que a redução de espécies de polimolibdatos (espécies octaédricas), de Mo6+ a

Mo4+, ocorrem com um máximo entre 370 e 420°C (LOPEZ-CORDERO, 2000; QU et al., 2003,

DOMINGUEZ-CRESPO, 2006a). Também é possível que se esteja reduzindo espécies de óxidos

de Mo amorfo ou altamente defeituosos (in QU et al., 2003). Essa redução ocorre devido à fraca

interação entre o molibdênio e o suporte e corresponde a ligações menos polarizadas de

polimolibdatos, que são mais fáceis de serem reduzidas que as espécies diretamente ligadas ao

suporte. Segundo Brito et al (1989), o ombro que aparece na região de 420-450°C (catalisador

suportado em alumina), em concentrações de NiO em torno de 4,5% pode ser identificado como a

formação de estruturas de Ni e Mo com pobre dispersão que são mais facilmente reduzidas que o

MoO3 cristalino (BRITO, 1993).

Segundo Qu et al. (2003), catalisadores contendo apenas Mo mostram picos de redução

a temperaturas mais elevadas, sendo o níquel o responsável por promover a redução das

espécies molibdênio, adiantando a redução em, aproximadamente, 50°C. O níquel não

modificaria a natureza do MoO3 multicamada, mas favoreceria sua redução (DOMINGUEZ-

CRESPO, 2006a).

Foi também proposto que um aumento na acidez do suporte de alumina e a

diminuição do diâmetro dos poros do catalisador aumentaria essa característica do Ni atuar

como promotor da redução do Mo (DOMINGUEZ-CRESPO, 2006a). Esse aspecto será

analisado no capítulo V.

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56

Um outro pico, comum a todos os catalisadores, ocorre ao redor de 800°C e,

provavelmente, está relacionado ao progresso da redução (redução profunda) de espécies Mo

reduzidas superficialmente no primeiro pico, além da possível redução parcial de espécies que

interagem fortemente com o suporte, ou seja, espécies Mo tetraédricas (Mo3+ a Mo2+)

(DOMINGUEZ-CRESPO et al, 2006a; DOMINGUEZ-CRESPO et al, 2006b; QU et al., 2003).

Além dos dois picos comentados anteriormente, o catalisador suportado em sílica-

alumina apresenta mais dois, um deles a 510°C e o outro a 710°C. Alguns autores atribuem o

primeiro deles às espécies em maior interação com o suporte ou espécies mássicas de MoO3

(SOLÍS et al, 2006). O pico a 710°C foi encontrado em um estudo envolvendo catalisadores

contendo molibdênio (sem níquel) e, nesse caso, foi atribuído a fases cristalinas intermediárias

redutíveis de MoO3 e Al2(MoO4)3. Brito e Laine (1993) comentam que o NiO mássico é

reduzido a 300°C, porém quando suportado em alumina esse valor passa para 700°C e pode

justificar o pico observado.

É importante salientar que, comparando-se os perfis de TPR de NiMo/Al e NiMo/SiAl

aparentemente, existe uma interação mais fraca entre níquel e molibdênio e a sílica-alumina, do

que a desses metais com a alumina. Como conseqüência, para o catalisador suportado em SiAl

os picos (principalmente o observado a alta temperatura) deslocam-se para temperaturas mais

baixas, fenômeno este também observado por Qu et al. (2003).

O catalisador contendo zeólita como suporte (30% em alumina) mostrou-se muito

semelhante ao catalisador cujo suporte é alumina pura. Esse resultado pode ser um indício de

que as espécies Ni e Mo estão preferencialmente associadas à alumina.

Na tabela 4.3 são apresentadas de forma comparativa as temperaturas dos picos de

redução, do consumo de H2 durante a TPR e o grau de redução. Este último foi obtido pelo

cálculo da relação entre os consumos, experimental e teórico, de hidrogênio das reações de

redução dos referidos óxidos de Ni e Mo, conforme a estequiometria das equações abaixo. O

consumo de hidrogênio foi dado pela integração das áreas sob os picos nos espectros e esses

valores foram corrigidos pelas massas de óxidos metálicos presentes nas amostras.

MoO3 + 3 H2 Mo + 3 H2O

NiO + H2 Ni + H2O

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57

Tabela 4.3 – Consumo de hidrogênio durante a TPR

Temperatura (°C) Amostra Consumo

H2 total

(mL/g)

Consumo

H2 total

(µmols/g)

Consumo

H2 teórico

(µmols/g)

Pico 1

Pico 2

Pico 3

Grau de

Redução

NiMo/Alu 89,7 4003 4680 444 - 786 85,6

NiMo/SiAl 81,6 3643 5053 447 518 722 72,1

NiMo/Alu-Z 80,3 3584 4421 424 - 790 81,1

O grau de redução para estas amostras ficou na faixa de 72 a 86% do valor teórico

calculado, os quais podem estar associados à redução incompleta dos óxidos de molibdênio. O

catalisador suportado em alumina apresentou maior consumo específico de hidrogênio quando

comparado aos demais catalisadores.

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,1

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100

Temperatura (°C)

Sina

l TC

D (u

.a)

NiMo/Alu-Z NiMo/SiAl NiMo/Alu

Figura 4.7 - Perfil de redução dos catalisadores

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58

4.1.5. Acidez

No presente trabalho, foram utilizadas as técnicas de TPD de n-propilamina e

espectroscopia na região do infravermelho de piridina adsorvida para caracterização,

respectivamente, do número de sítios de Brönsted e da natureza dos sítios presentes. A técnica

de TPD utilizada não permite avaliar adequadamente a força ácida, como no caso do TPD de

amônia, tendo em vista que se quantifica o produto da reação da amina e não propriamente a

dessorção da amina em si.

4.1.5.1. Dessorção por Temperatura Programada de n-propilamina

Após a adsorção de n-propilamina, com o aumento da temperatura foram obtidos os

perfis de dessorção de propeno e amônia, estes resultantes da decomposição da n-propilamina

em sítios de Brönsted, além de n-propilamina fracamente adsorvida ou associada a sítios de

Lewis. Nesta técnica, propeno e amônia são formados em quantidades equimolares. No entanto,

o propeno dessorvido a alta temperatura, em contato com sítios ácidos expostos da superfície da

amostra, pode se re-adsorver e formar precursores de coque, de forma que a razão

propeno/amônia medida pode ser inferior à unidade. Por esta razão, é recomendado utilizar

somente a área integrada do sinal de amônia para quantificação dos sítios de Brönsted.

Na Tabela 4.4 são apresentados os resultados de quantidade de amônia gerada na

quebra da propilamina adsorvida nos sítios de Brönsted. São apresentados também, para fins

comparativos, os valores de quantidade de amônia corrigidos pela massa de suporte nos

catalisadores NiMo e normalizada pelas áreas das amostras.

A quantidade de amônia formada aumenta na seqüência Alu < SiAl < AluZ, ordem

esperada de acidez destes sólidos de acordo com a literatura. Ao se depositar os óxidos

metálicos, após correção em relação à massa do suporte, observa-se um aumento do número de

sítios ácidos em todos os catalisadores, mas a seqüência, em termos de quantidade de amônia

formada não foi alterada, ou seja, NiMo/Alu < NiMo/SiAl < NiMo/AluZ. Essa seqüência

também foi observada por Ding et al. (2007) que estudaram a acidez de um conjunto de

catalisadores NiMo usando suportes diversos como alumina, sílica-alumina e aluminas/zeólitas

(Y e Beta) pela técnica de TPD de amônia.

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59

Tabela 4.4 – Resultados de TPD de n-propilamina

Amostra

NH3 formada

(µmol/gcat)

NH3 formada

por massa

suporte

(µmol/gsup)

NH3 formado

por área

(µmol/m²)

Alu 399 399 2,0

NiMo/Alu 471 610 3,1

SiAl 496 496 1,1

NiMo/SiAl 554 748 2

AluZ 722 722 2,2

NiMo/AluZ 695 914 2,9

4.1.5.2. Espectroscopia na região do infravermelho de piridina adsorvida

Foram obtidos espectros no infravermelho na região de vibração das hidroxilas e na região

da piridina adsorvida na superfície dos suportes e catalisadores. No caso da piridina, o espectro

apresentado foi obtido após a subtração do espectro da amostra antes da adsorção da base.

a) Suporte e Catalisador à base de Alumina

Na Figura 4.9 são apresentados os espectros na região de vibração das hidroxilas

estruturais para a alumina e para o catalisador NiMo/Alu.

O espectro de infravermelho da região de hidroxila da alumina apresenta duas bandas: uma

pequena em 3771 cm-1 e um largo envelope, com máximo em 3677 cm-1. A alumina apresentou os

grupamentos OH típicos das aluminas de transição, cujas atribuições (Figura 4.10) são aceitas

amplamente e constam dos trabalhos de Knözinger e Ratnasamy (1978). Segundo esses autores, a

região de OH exibe bandas referentes a cinco configurações diferentes, cuja ocorrência depende da

contribuição relativa de cada plano cristalográfico e da coordenação da hidroxila com os íons de

alumínio da estrutura da alumina, conforme mostrado no esquema da Figura 4.10. Quanto maior a

basicidade do OH superficial, mais sua banda se desloca para números de onda maiores. Por outro

lado, quanto maior a coordenação da hidroxila, maior seu caráter ácido e menor o número de onda

da banda associada.

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60

AL

NIMO/AL

3639

3684

3602

368036

8837

0337

1837

71

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20A

bsor

bânc

ia

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900 Número de onda (cm-1)

AL

NIMO/AL

3639

3684

3602

368036

8837

0337

1837

71

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20A

bsor

bânc

ia

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900 Número de onda (cm-1)

Figura 4.9 – Espectros de infravermelho da região de OH da alumina e do catalisador NiMo/Alu

Figura 4.10 – Esquema indicando diferentes tipos de hidroxilas superficiais da alumina, de

acordo com Knozinger e Ratnasami (1978).

Assim, a banda em 3771 cm-1 na Figura 4.9 para a alumina pode ser relacionada à

hidroxilas do tipo IA, que é ligada a alumínio tetraédrico. O número de onda do máximo do

envelope pode ser atribuído a hidroxilas do tipo IIIa, ligadas a dois íons [Al3+]t. Parece existir

também um ombro, na faixa de 3688 cm-1, relativo a hidroxilas do tipo IIIb, ligadas a três íons

[Al3+)o (SILVA, 1997).

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61

Os perfis espectrais na região de OH obtidos para o catalisador NiMo/Al estão

consistentes. O Mo presente no catalisador pode ser observado pelo pronto desaparecimento das

bandas νOH atribuídas aos grupos OH mais básicos e subseqüente diminuição na intensidade das

bandas características dos demais OH livres presentes na superfície da alumina usada como

suporte. Assim, a impregnação dos óxidos de níquel e molibdênio na alumina levou a uma

sensível diminuição de todas as bandas OH, em particular as mais básicas.

Na Figura 4.11 são apresentados os espectros de infravermelho de piridina adsorvida na

alumina e no catalisador NiMo/Alu.

Devido ao caráter nucleofílico do átomo de nitrogênio, a piridina forma ligações de

coordenação com centros aceptores de elétrons, o que origina uma banda em torno de 1450 cm-1,

relativa aos sítios ácidos de Lewis. A interação com sítios H+ superficiais leva à protonação da

piridina formando íons piridinium, com bandas na região de 1545 cm-1 e 1630 cm-1, que podem ser

usadas para a quantificação dos sítios de Brönsted (JACOBS et al., 1972). As hidroxilas de baixa

freqüência se ligam às bases fracas como a piridina através de pontes de hidrogênio, formando

espécies O--H--Py (MAKAROVA et al., 1995). A intensidade da banda existente em 1490 cm-1 é

função da quantidade de sítios de Brönsted e de Lewis, sendo, no entanto, mais influenciada pelos

sítios de Brönsted.

AL

NIMO/AL

1450

1490

1539

1576

1611

1622

1638

1452

1493

1577

1618

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,300,320,34

1350 1400 1450 1500 1550 1600 1650 1700 1750 1800

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

AL

NIMO/AL

1450

1490

1539

1576

1611

1622

1638

1452

1493

1577

1618

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,300,320,34

1350 1400 1450 1500 1550 1600 1650 1700 1750 1800

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1) Figura 4.11 – Espectros no infravermelho de piridina adsorvida a 150 oC para a alumina e para

o catalisador NiMo/Alu.

Page 71: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

62

O espectro da piridina adsorvida na alumina apresenta bandas em 1618, 1493 e 1450

cm-1, que podem ser atribuídas a sítios de Lewis. Não se observa a banda característica de sítios

de Brönsted em 1540 cm-1, como esperado, uma vez que os sítios de Brönsted da alumina não

têm força suficiente para protonar a piridina.

A incorporação dos óxidos de Ni e Mo no suporte de alumina leva ao aparecimento de

uma banda em 1539 cm-1 e um ombro em 1637 cm-1 atribuídos à formação de sítios de Brönsted.

Segundo a literatura, a acidez gerada pode ser devido às hidroxilas associadas aos átomos de Mo

incorporados ao suporte ou a hidroxilas da alumina nas vizinhanças do óxido de molibdênio

suportado (JACOBS et al., 1972). Além disso, a banda com máximo em 1617 cm-1 se divide

claramente em duas, com máximos em 1611 cm-1 e em 1622 cm-1. Segundo Camorim et al

(1999), a banda em 1617 cm-1 é formada pela coordenação dos elétrons do anel da piridina com

átomos de alumínio do suporte. Com a incorporação de molibdênio, a ligação coordenada

acontece também com estes átomos, aparecendo no espectro de infravermelho em número de

onda levemente menor.

b) Suporte e Catalisador à base de Sílica-Alumina

O espectro na região de OH do suporte à base de sílica-alumina (Figura 4.12) apresenta uma

banda intensa em 3743 cm-1, a qual é atribuída a grupos silanóis superficiais (JANIN et al., 1991), e

um envelope largo com máximo em torno de 3670 cm-1 associado às hidroxilas da alumina. Como

observado no caso da alumina, a incorporação dos óxidos de molibdênio e níquel causa um

decréscimo significativo na absorbância na região de OH, embora a banda de silanol continue

bastante intensa.

Na Figura 4.13 são apresentados os espectros de infravermelho de piridina adsorvida na

sílica-alumina e no catalisador NiMo/SiAl. Constata-se a presença de sítios de Brönsted (banda

em 1543 cm-1) já no suporte de sílica-alumina, os quais podem ser associados a estruturas

alumino-silicatos superficiais. Neste caso, o próton está associado a estruturas (OH) da superfície

ligadas a um íon Al+3 em coordenação tetraédrica, favorecendo uma carga livre positiva na

mesma (SILVA, 1997). Neste suporte, a piridina coordenada em sítios de Lewis apresenta bandas

em 1454 e 1622 cm-1.

A presença de óxidos de Ni e Mo neste suporte aumenta ligeiramente a banda associada

à acidez de Brönsted, de forma similar ao observado com a alumina. A banda de Lewis na

região 1610 a 1625 cm-1 apresenta-se agora claramente mais dividida com um pico mais intenso

em 1611 cm-1, associado à piridina coordenada a espécies oxídicas de molibdênio, e outra

menos intensa em 1622 cm-1 atribuída à piridina coordenada a sítios de alumina (SILVA, 1997).

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63

SIAL

NIMO/SIAL

3743

3743

0,000,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,550,60

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

SIAL

NIMO/SIAL

3743

3743

0,000,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,550,60

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 4.12 – Espectros de infravermelho da região de OH da alumina e do catalisador

NiMo/SiAl

SIAL

NIMO/SIAL1454

1493

1577

1622

1637

1451

1491

1543

1611

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,30

1400 1500 1600 1700 1800

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

SIAL

NIMO/SIAL1454

1493

1577

1622

1637

1451

1491

1543

1611

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,30

1400 1500 1600 1700 1800

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1) Figura 4.13 – Espectros no infravermelho de piridina adsorvida a 150 oC para a alumina e para

o catalisador NiMo/SiAl.

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64

c) Suporte e Catalisador à base de alumina-zeólita

Na Figura 4.14 são mostrados os espectros da região de OH do suporte alumina-zeólita

e do catalisador NiMo/AluZ. O suporte AluZ é composto de 70% alumina e 30% zeólita. Seu

espectro da região de OH no infravermelho é complexo e mostra bandas características destes

dois materiais, interpretadas conforme indicado na Tabela 4.5 (SILVA, 1997). Como observado

no caso da alumina e da sílica-alumina, a incorporação dos óxidos de molibdênio e níquel

causam um decréscimo significativo na absorbância na região de OH.

Tabela 4.5 – Identificação das bandas presentes na Figura 4.14 (SILVA, 2006).

Posição da banda (cm-1) Identificação

3771 OH de alumina do tipo IA, ligado a alumínio tetraédrico

3736 Próxima à região de OH de alumina do tipo IIA

3681 Hidroxilas ligadas Al fora da rede resultantes da desaluminização de Y

3674 Hidroxilas do tipo IIIa

3628 Hidroxilas de alta freqüência de zeólitas desaluminizadas

3606 Ombro, com máximo característico de zeólitas USY, relacionado à OH

de Al fora da rede, a grupos hidroxila de forte função ácida

3564 Próxima à banda atribuída à vibração de OH de baixa freqüência

(USY)

No catalisador NiMo/AluZ, verifica-se claramente uma diminuição das bandas de

maior número de onda, características de espécies OH associadas à alumina. Isto pode ser uma

evidência de que a maior parte dos óxidos metálicos está depositada sobre a fração de alumina

que compõe o suporte e em menor proporção com a zeólita. Durante a impregnação, o

molibdênio está associado ao ânion heptamolibdato sendo, portanto, desfavorável a troca iônica

com a zeólita. O níquel, por outro lado, se encontra na forma catiônica em solução e pode,

eventualmente, trocar com a zeólita do suporte. Não foi possível, com os métodos utilizados de

caracterização, avaliar uma possível segregação dos metais neste catalisador.

Na região da piridina, o suporte AluZ apresenta uma pequena banda associada à sítios

de Brönsted, conforme mostrado na Figura 4.15.

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65

NIMO/AluZAluZ

3559

3616

3683

3718

373737

66

3566

360136

29

3675

3729

3773

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

NIMO/AluZAluZ

3559

3616

3683

3718

373737

66

3566

360136

29

3675

3729

3773

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

3200 3300 3400 3500 3600 3700 3800 3900

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1) Figura 4.14 – Espectros de infravermelho da região de OH da alumina e do catalisador

NiMo/AluZ

NIMO/ALZALZ

1454

1493

1577

1622

1637

1451

1489

1543

1611

1632

1662

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,30

1350 1400 1450 1500 1550 1600 1650 1700 1750

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

NIMO/ALZALZ

1454

1493

1577

1622

1637

1451

1489

1543

1611

1632

1662

0,000,020,040,060,080,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,30

1350 1400 1450 1500 1550 1600 1650 1700 1750

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1) Figura 4.15 – Espectros no infravermelho de piridina adsorvida a 150 oC para a alumina e para

o catalisador NiMo/AluZ

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Tendo em vista que o suporte de alumina isoladamente não apresentou bandas

associadas a sítios de Brönsted, pode-se considerar que as bandas na região de 1545 cm-1 e

1630 cm-1 estejam essencialmente associadas à zeólita. A banda de Lewis, intensa, se

localiza em 1622 cm-1. No catalisador NiMo/AluZ nota-se um aumento da banda

associada à sítios de Brönted, como observado nos outros suportes, atribuindo-se este

aumento às hipóteses já discutidas anteriormente. A banda de sítios de Lewis em 1622 cm-1

também se divide em duas, aparecendo uma banda de piridina coordenada ao óxido de

molibdênio em 1611 cm-1.

A integração das bandas em 1450 e 1540 cm-1 permite comparar o teor de sítios de

Lewis e Brönsted, isoladamente, entre os suportes e catalisadores. No entanto, a comparação

direta entre as áreas de sítios de Lewis e Brönsted não é adequada uma vez que não se

dispõem de valores de absortividade específica para cada banda. Na Tabela 4.6 são

apresentados estes resultados, aos quais estão associados erros estimados da ordem de 15%.

Analisando os resultados, nota-se que não há uma clara tendência entre os

suportes e entre os catalisadores, de aumento da acidez de Lewis por este método. Já para

a acidez de Brönsted, por outro lado, é nítido o aumento do número de sítios na seqüência

Alu < SiAl < AluZ, tanto para os suportes como para os catalisadores, conforme já

observado pela técnica de TPD de n-propilamina.

Tabela 4.6 – Áreas integradas referentes às bandas de sítios de Lewis e

Brönsted no espectro infravermelho de piridina adsorvida a 150 oC.

Amostra Área da banda de

sítios de Lewis [u.a.]

Área da banda de sítios de

Brönsted [u.a.]

Alumina 3,58 0,0

NiMo/Alumina 1,36 0,41

SiAl 2,58 0,29

NiMo/SiAl 2,33 0,60

AlZ 3,05 0,45

NiMo/AlZ 2,51 1,21

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67

4.1.6. Análise de Espécies de Óxido de Ni e Mo por Espectroscopia de Refletância Difusa

Os catalisadores NiMo suportados em diferentes óxidos apresentam transições de

elétrons (configurações d1 a d9) através de interações com a luz na região do UV-VIS. A

espectroscopia de refletância difusa nesta região é uma técnica apropriadamente usada na

determinação da simetria dos íons desses metais de transição.

A Figura 4.16 apresenta os espectros de DRS dos catalisadores NiMo suportados em

sílica-alumina, alumina-zeólita e alumina.

150 250 350 450 550 650 750 850 950

Comprimento de onda λ (nm)

Tran

smitâ

ncia

(%)

NiMo/Alu

NiMo/Alu

NiMo/SiA

Figura 4.16 - Espectros DRS UV-visível dos catalisadores.

O deslocamento da banda de transferência de carga do molibdênio +6 para maiores

comprimentos de onda indica um aumento na proporção deste cátion em configuração octaédrica

do molibdênio (KLIMOVA et al., 1998). Algumas espécies de Mo apresentam essa configuração,

como as espécies cataliticamente mais ativas, ou seja, os polimolibdatos, e o óxido de molibdênio

mássico (MoO3) de fraca interação com o suporte e pouco ativo.

O molibdênio em estado de coordenação octaédrica apresenta um patamar de absorção a

280 nm além de uma borda de absorção na região próxima de 360 nm, quando se encontra em

estrutura polimérica bidimensional formada por sete octaedros de MoO6. Na espécie MoO3, o

NiMo/SiAl

NiMo/Alu

NiMo/AluZ

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68

molibdênio apresenta-se em coordenação octaédrica, formando uma estrutura tridimensional

extensa, provocando um deslocamento da borda de absorção para a região em torno de 420 nm

(SOUZA et al, 1987).

Ao compararmos os três catalisadores, observa-se um deslocamento maior da borda de

absorção do catalisador suportado sobre a sílica-alumina indicado por uma banda larga na

região de 260-320 nm que, a princípio, poderia sinalizar maior agregação das unidades de

MoOx, e/ou a presença de íons polimolibdatos.

Com relação às espécies de níquel, a transição d-d do níquel em coordenação octaédrica

absorve em 450 nm e entre 700 e 800 nm; a tetraédrica entre 575 e 650 nm. Analisando os

espectros dos três catalisadores nota-se uma região de absorção dispersa na região de 700-780 nm

com sinais da presença de níquel octaédrico. Outra observação importante é a ausência da banda

de absorção na região de 575-650 nm, típica de Ni em coordenação tetraédrica e associada a

espinélio de níquel (Ni associado ao aluminato de níquel), que é uma espécie muito refratária à

sulfetação (SOUZA et al, 1987).

Mesmo não sendo conclusivos na determinação exata das espécies de Ni e Mo, os

resultados obtidos são de grande utilidade na comparação da dispersão dos óxidos metálicos na

superfície dos suportes, assim como das possíveis espécies presentes, principalmente em análise

conjunta com outras técnicas de caracterização.

4.1.7. Análise da Dispersão de Sulfetos Metálicos por Microscopia Eletrônica de Transmissão

A Figura 4.17 apresenta micrografias típicas dos catalisadores NiMo sulfetados e

suportados em alumina, sílica-alumina e alumina-zeólita.

Percebem-se, em todos os casos, as estruturas lamelares típicas do sulfeto de

molibdênio caracterizadas por uma distância interplanar de 0,63 nm (TOPSOE et al, 1996). Na

maioria das micrografias obtidas, observaram-se predominantemente estruturas com uma ou

duas lamelas embora, em alguns casos, estruturas mais condensadas também foram

encontradas. Não foi possível identificar estruturas isoladas tipo sulfeto de níquel ou óxidos de

molibdênio e níquel.

Nas Figuras 4.18 e 4.19 são apresentadas respectivamente, as distribuições de tamanho de

cristalitos e números de lamelas para os três catalisadores. Os valores médios destas propriedades

são apresentados na Tabela 4.7. No tocante ao número de lamelas, o catalisador suportado em

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69

alumina apresenta, majoritariamente, cristalitos com uma lamela, enquanto que os demais

apresentam maior proporção de estruturas com duas lamelas. Ao se considerar o valor médio para

todos os cristalitos medidos, observam-se valores muito próximos para os três catalisadores (1,8 a

2,2), como mostrado na Tabela 4.7. Estes valores de número de lamelas são comparáveis aos

obtidos por Ding et al (2007) com suportes similares, embora tenham utilizado um método diferente

de preparo do catalisador (co-extrusão).

NiMo/Alu

NiMo/SiAl

NiMo/AluZ

Figura 4.17 – Micrografias típicas dos

catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e

NiMo/AluZ sulfetados.

Page 79: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

70

Em relação ao tamanho dos cristalitos, o catalisador NiMo/Alu possui a maioria deles

entre 2 e 3 nm e os outros dois catalisadores entre 3 e 4 nm (Figura 4.19). Os valores médios de

tamanho dos cristalitos ficaram entre 3,9 e 4,4 nm. Comparando-se com o trabalho de Ding et

al. (2007), os valores aqui obtidos são significativamente inferiores, em particular para o

catalisador suportado em sílica-alumina.

Tabela 4.7 – Valores médios de número de lamelas e

comprimento de cristalito de sulfeto de molibdênio, conforme

resultados de microscopia eletrônica de transmissão.

Catalisador Número médio de

lamelas

Comprimento médio do

cristalito (nm)

NiMo/Alu 2,2 3,9

NiMo/SiAl 2,0 4,3

NiMo/AluZ 1,8 4,4

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7Número de Lamelas

Freq

üênc

ia (%

)

NiMo/Alu NiMo/SiAl NiMo/Alu-Z Figura 4.18 – Distribuição de número de lamelas em cristalitos de sulfeto de molibdênio,

conforme resultados de microscopia eletrônica de transmissão.

Page 80: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

71

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Comprimento (nm)

Freq

üênc

ia (%

)

NiMo/Alu NiMo/SiAl NiMo/Alu-Z

Figura 4.19 – Distribuição de tamanho de cristalito de sulfeto de molibdênio, conforme

resultados de microscopia eletrônica de transmissão.

Page 81: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

72

4.2. Avaliação Catalítica

A avaliação dos catalisadores foi realizada através da reação modelo de hidrogenação

da tetralina, a qual representa bem os monoaromáticos existentes nas frações de petróleo que

destilam na faixa do óleo diesel. Trata-se de uma reação relativamente complexa, uma vez que a

conversão da tetralina pode envolver não somente a reação de hidrogenação do ciclo aromático,

mas também isomerização e craqueamento, dependendo da natureza dos sítios ativos

envolvidos no catalisador. Desta forma é possível avaliar o desempenho do sólido como

catalisador de hidrotratamento em diferentes condições reacionais (temperatura, pressão, etc.),

além de distinguir os diferentes sítios ativos envolvidos (FIGUEIREDO, 1987).

Apesar das reações paralelas e concorrentes de isomerização e craqueamento

dificultarem a caracterização da acidez, a molécula de tetralina é utilizada por muitos autores

para avaliar o desempenho de catalisadores sulfetados ou reduzidos na conversão de aromáticos

(YASUDA et al, 1997; INFANTES-MOLINA et al, 2006; RAUTANEM et al, 2001).

As condições operacionais foram selecionadas de modo a avaliar o catalisador numa

faixa de conversão ampla e livre de limitações difusionais. Os testes foram realizados numa

seqüência que minimizasse a desativação do catalisador, ou seja, iniciando-se com as condições

operacionais de menor severidade.

4.2.1. Testes Preliminares – Limitações difusionais

É importante avaliar a existência de limitações difusionais, que podem comprometer a

confiabilidade dos testes, já que a reação na superfície do catalisador deve ser a etapa lenta a ser

analisada no processo.

Se a diminuição do tamanho de partícula do catalisador, para um tempo espacial

constante, indicar aumento na taxa de reação ou alteração na seletividade cis/trans decalina, a

reação pode estar sendo influenciada por um processo difusivo interno. Por outro lado, se a

variação de vazão, mantendo-se o tempo espacial e o tamanho de partícula constantes, indicar

aumento na conversão ou mudança de seletividade, constata-se uma limitação difusional

externa.

Nesse sentido, os testes foram realizados nas condições reacionais mais severas

esperadas do planejamento experimental (no caso, alta temperatura). Os resultados de taxas de

reação de tetralina e seletividade cis/trans-decalina estão apresentados na Figura 4.1.

Page 82: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

73

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0,10 0,13 0,15 0,18 0,20 0,23 0,25

Diâmetro médio partícula (mm)

Taxa

glo

bal r

eaçã

o(X

10-5

) (m

ol/g

.min

)

0,00

0,04

0,08

0,12

0,16

0,20

0,24

0,28

0,32

Sele

tivid

ade

cis/

trans

Figura 4.20 - Taxas global de reação de hidrogenação e seletividade

cis/trans-decalina em função do diâmetro médio de partículas de

catalisador. Condições de reação: massa catalisador = 1g, P = 4 MPa,

T = 400°C, QH2 = 600 mL/min e Qcarga = 13,5 mL/h de carga

contendo 5% molar de tetralina em n hexano.

Na Figura 4.20 demonstra-se que a variação do diâmetro médio de partículas não

alterou significativamente a taxa global de reação de hidrogenação da tetralina. A seletitividade

cis/trans também foi mantida constante para diâmetros médios de partículas entre 0,13 e 0,21

mm.

Apesar de não ter sido verificada a presença de limitações difusionais internas, o

tamanho médio de partículas escolhido foi 0,15 mm, já utilizado em outros estudos na unidade,

o qual se encontra na faixa de diâmetros onde não se observaram alterações de taxa e

seletividade cis/trans-decalina em trabalhos anteriores. (ZOTIN, 2001). Da mesma forma,

também constatado por trabalhos anteriores, para a faixa de vazões usadas nos experimentos,

não se detectou problemas difusionais externos.

Dispersão axial e gradientes de temperatura axial foram evitados através da diluição do

catalisador com um material inerte de mesma granulometria do catalisador e uso de leitos de

comprimento maior que dez vezes o diâmetro médio da partícula do catalisador (L/dp > 10).

Dessa forma, melhora-se a transferência de calor e minimiza-se a formação de caminhos

preferenciais (ZOTIN, 2001).

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74

4.2.2. Esquema reacional e identificação de produtos

a. Apresentação e discussão do esquema reacional

A Figura 4.21 mostra um esquema reacional com os principais produtos oriundos da

hidrogenação e hidrogenólise da tetralina. Este esquema baseou-se nos trabalhos de Corma et al.

(2001) e Eliche-Quesada et al. (2006). Cada estrutura do esquema reacional representa, ao

menos, um dos vários isômeros possíveis considerando-se os grupos listados na legenda da

Figura 4.21. A conversão da tetralina, conforme comentado anteriormente, envolve reações de

hidrogenação, isomerização e craqueamento com abertura de anel naftênico que, mediante as

condições estudadas, ocorreram via mecanismo bifuncional envolvendo ambos os sítios,

metálico e ácido (ARRIBAS et al., 2004). Os sítios ácidos são responsáveis pelas reações de

craqueamento e isomerização, enquanto nos sítios metálicos ocorrem reações de hidrogenação-

desidrogenação. Analisando-se o esquema proposto na Figura 4.21, verifica-se que a conversão

da tetralina pode ocorrer através de duas rotas, ou seja, a hidrogenação do anel aromático,

formando decalinas, e a isomerização do ciclo naftênico formando metil-indanos, as quais são

descritas abaixo.

• Rota 1 (hidrogenados): A hidrogenação da tetralina produz, inicialmente, uma mistura de cis e

trans-decalinas como produtos principais. Esses compostos são, então, isomerizados a metil-

perhidroindanos (agrupados com a cis e a trans-decalina como hidrogenados sem

craqueamento, dinaftênico PM 138). Alguns autores propõem que a isomerização esqueletal

(contração do anel) do anel naftênico C6 pode ocorrer através do mecanismo de ciclopropano

protonado (WEITKAMP, 1982). Arribas et al. (2004) sugeriram que a decalina é ativada por

um mecanismo bifuncional envolvendo os sítios metálico e ácido. Compostos dinaftênicos

podem então sofrer craqueamento com abertura do ciclo naftênico, gerando inicialmente um

intermediário olefínico o qual é posteriormente hidrogenado (hidrocarbonetos mono-

naftênicos com 10 átomos de carbono). Reações subseqüentes de craqueamento e

desalquilação podem levar à formação de compostos mono-naftênicos e parafínicos com

menos de 10 átomos de carbono.

• Rota 2 (não-hidrogenados): A adsorção da tetralina em centros ácidos leva à isomerização e

craqueamento da molécula, antes da hidrogenação do anel aromático. As reações de

craqueamento da tetralina ocorrem por cisão-β e as de isomerização via mecanismo do

ciclopropano protonado, formando metil-indano. A formação dos íons carbônio resultante pode

explicar a abertura do anel naftênico, formando alquenil e alquilbenzenos (ARRIBAS et al.,

2004).

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75

CaCb

CaCb

a + b = 4

CaCb

CaCb

a + b < 4

Cx

x ≤ 5H

+

x ≤ 5

CxH

Ca

Cb

a + b < 4

Ca

Cb

a + b = 4+ +

4

10

1,6 6 7 8

2 2 3

4

6 7 8

9

10

5

1 – cis/trans-decalina2 – Aromáticos s/ craqueamento3 – Aromáticos c/ craqueamento, C10 olefinas4 – Aromáticos c/ craqueamento, C105 – Aromáticos c/ craqueamento, < C10

6 – Hidrogenados s/ craqueamento7 – Hidrogenados c/ craqueamento, C10 olefinas8 – Hidrogenados c/ craqueamento, C109 – Hidrogenados c/ craqueamento, < C1010 – Leves (≤ C5)

Tetralina

CaCb CaCb

CaCbCaCb

a + b = 4

CaCb

CaCb

a + b < 4

Cx

x ≤ 5H

+

CaCb

CaCbCaCb

a + b < 4

Cx

x ≤ 5H

+

x ≤ 5

CxH CxH

Ca

Cb

a + b < 4

Ca

Cb

Ca

Cb

a + b < 4

Ca

Cb

a + b = 4

Ca

Cb

Ca

Cb

a + b = 4+ +

4

10

1,6 6 7 8

2 2 3

4

6 7 8

9

10

5

1 – cis/trans-decalina2 – Aromáticos s/ craqueamento3 – Aromáticos c/ craqueamento, C10 olefinas4 – Aromáticos c/ craqueamento, C105 – Aromáticos c/ craqueamento, < C10

6 – Hidrogenados s/ craqueamento7 – Hidrogenados c/ craqueamento, C10 olefinas8 – Hidrogenados c/ craqueamento, C109 – Hidrogenados c/ craqueamento, < C1010 – Leves (≤ C5)

Tetralina

Figura 4.21 – Esquema reacional da conversão da tetralina em catalisadores bifuncionais. Adaptado dos esquemas reacionais apresentados

por Eliche-Quesada et al. (2006) e por Corma et al. (2001).

ou

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76

As reações de isomerização podem gerar produtos de contração do anel, tais como metil-indanos e

indanos (CORMA, 2001). McVicker (2002) demonstrou que a abertura direta do ciclo naftênico de

seis carbonos é menos favorável que a de um ciclo de cinco carbonos, que possui um anel mais

tensionado e, a isomerização dos ciclohexanos às estruturas do tipo metilciclopentano é necessária

para facilitar a etapa de abertura do anel. Reações subseqüentes de craqueamento e desalquilação

podem levar à formação de compostos aromáticos com menos de 10 átomos de carbono. Tanto os

isômeros de metil-indano quanto os alquil-benzenos formados nesta rota podem ser convertidos nos

respectivos compostos saturados pela hidrogenação dos respectivos ciclos aromáticos.

A desidrogenação da tetralina leva à formação de naftaleno, uma vez que, nas condições

típicas de hidrotratamento, a reação de hidrogenação de aromáticos é reversível. Por esta razão, as

etapas de hidrogenação da Figura 4.21 devem igualmente ser consideradas como reversíveis.

b. Identificação dos produtos

Na Figura 4.22, apresenta-se um conjunto de cromatogramas típicos de produtos de

reação da conversão de tetralina sobre os três catalisadores estudados.

2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5

pA

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

benzeno

Produtos de craqueamento

Leves

Produtos de hidrogenação e isomerização

t-dec

alina

c-deca

lina

tetra

lina

NiMo/Alu

NiMo/SiAl

NiMo/Al-Z

Figura 4.22: Cromatogramas típicos de produtos de conversão da tetralina sobre diferentes

catalisadores. a) NiMo/AluZ; b) NiMo/SiAl ; c) NiMo/Alu.

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77

O produto escolhido para a identificação por CG-MS foi uma amostra obtida na reação

catalisada pela amostra NiMo/AluZ, devido ao fato desse suporte, por ser mais ácido, gerar maior

número de produtos. Por isso, nem todos os compostos foram observados nos produtos obtidos

com os outros catalisadores. Uma maior quantidade e variedade de produtos de craqueamento e

isomerização são identificados e quantificados somente nos catalisadores suportados em

materiais mais ácidos (DING, 2006). A identificação completa dos compostos está apresentada

no Anexo III.

Devido ao elevado número de isômeros, em alguns casos não foi possível precisar

exatamente a estrutura dos compostos. Isto ocorreu, em particular, para uma série de compostos

com massa molecular 138, onde foi possível somente distinguir entre uma estrutura dinaftênica e

uma mononaftênica olefinica. Os compostos identificados por GC-MS foram agrupados de acordo

com a Tabela 4.8, para facilitar a análise dos resultados e os cálculos de conversão e rendimentos.

4.2.3. Comparação dos catalisadores em termos de rendimento dos principais grupos de produtos.

Os resultados de conversão e distribuição de produtos em função das diferentes

condições operacionais são apresentados no Anexo IV .

Os rendimentos em produtos hidrogenados, aromáticos e provenientes de abertura de

anel podem ser visualizados na Figura 4.23. As curvas indicadas nessa figura e nas subseqüentes

devem ser tomadas como meras linhas de tendências, não estando associadas a um ajuste de

modelo reacional.

Nesta figura, analisaram-se, inicialmente, as tendências das principais classes de

compostos de forma a se avaliar o comportamento dos três catalisadores no tocante às atividades

de hidrogenação e abertura de ciclo naftênico. Foram considerados todos os pontos obtidos no

planejamento experimental, portanto, oriundos de condições experimentais em diferentes

temperaturas, pressão, velocidade espacial e teor de enxofre na carga.

Observa-se que há uma diferença significativa entre a conversão alcançada para cada

um dos 3 catalisadores, na mesma faixa de condições operacionais. O catalisador suportado em

alumina-zeólita apresentou uma conversão global de tetralina sensivelmente superior ao

catalisador suportado em sílica-alumina e este, por sua vez, maior que o suportado em alumina.

Esta seqüência é a mesma da acidez superficial dos catalisadores estudados.

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78

Tabela 4.8. Agrupamento de compostos por classes.

Grupo Descrição Compostos Representativos

1 Cis e trans-decalina

2 Arom s/craqueamento Metil-naftaleno, metil-tetralina, di-aromáticos C11*,

metil-indano, naftaleno

3 Arom C10 c/craqueamento, olefinas Butenil-benzeno, metil-1-propenil benzeno

4 Arom C10 c/craqueamento Butenil-benzeno, metil-1-propenil benzeno e butil-

benzeno

5 Arom c/craqueamento, < 10C Indano, propil-benzeno, o-, m- e p-xileno, etil-

benzeno, tolueno e benzeno.

6 Hidrogenados s/craqueamento cis-decalina, trans-decalina, dinaftênicos C10

(PM138)**

7 Hidrogenados c/craqueamento,

naftênico C10, olefina

naftênicos C10 olefina (PM138)**, butil-ciclo-hexeno

8 Hidrogenados c/craqueamento,

naftênico C10

naftênicos C10 olefina, butil-ciclo-hexeno, butil-

ciclo-hexano

9 Hidrogenados c/craqueamento,

< C10 (naftênico + parafina)

Trimetil-ciclo-hexano, dinaftênico C9, iso-parafina

C8, trimetil–ciclo-pentano, dimetil-ciclo-hexano,

etil–metil-ciclo-pentano, etil-ciclo-hexano, ciclo-

hexano, 2-metil-hexano, 3-metil-hexano, dimetil-

ciclo-pentano, n-heptano, metil-ciclo-hexano, etil-

ciclo-pentano, metil-ciclo-pentano

10 Leves Metano, etano, propano, iso-butano, n-butano, iso-

pentano e n-pentano

Total abertura de ciclo naftênico Hidrogenados com craqueamento naftênico C10,

hidrogenados com craqueamento < C10 (naftênico +

parafina), aromáticos C10 com craqueamento 10 C,

aromáticos com craqueamento < 10C * - compostos di-aromáticos com 11 átomos de carbono ** - Vários isômeros com PM-138 foram identificados para os quais somente foi possível diferenciar entre um

diciclonaftênico e um mononaftênico olefina.

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79

0102030405060708090

100

0 20 40 60 80 100

Conversão tetralina (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom totais Hidrog totais Abertura de ciclo

0102030405060708090

100

0 20 40 60 80 100

Conversão tetralina (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom totais Hidrog totais Abertura de ciclo

0102030405060708090

100

0 20 40 60 80 100

Conversão tetralina (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom totais Hidrog totais Abertura de ciclo

NiMo/Alu NiMo/SiAl

NiMo/AluZ

Figura 4.23 – Distribuição de produtos aromáticos,

hidrogenados e oriundos de abertura de ciclo

naftênico em função da conversão de tetralina, para

os catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e

NiMo/AluZ.

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80

Ocorre também, como esperado, uma sensível variação na distribuição de produtos.

Enquanto no catalisador NiMo/Alu se observa essencialmente produtos de hidrogenação, à medida

em que se aumenta a acidez do suporte nos demais catalisadores observa-se gradativamente o

aumento da formação de produtos aromáticos e de produtos oriundos de abertura de ciclo naftênico.

No caso do catalisador suportado em alumina-zeolita, para altas conversões (acima de 50%),

observa-se que o rendimento em produtos de abertura de ciclo naftênico é maior que os dos outros

grupos, indicando que acima desse valor de conversão, o craqueamento e a isomerização dos

produtos hidrogenados inicialmente se sobrepõem à atividade de hidrogenação dos sítios metálicos.

Outro aspecto importante de se ressaltar é a variação significativa da seletividade, não

apenas em relação aos produtos de craqueamento, mas também em relação à formação de produtos

hidrogenados. Comparando-se à iso-conversão de 30% de tetralina, por exemplo, observa-se que o

rendimento de produtos hidrogenados diminui com o aumento da acidez do suporte ao passo que a

formação de produtos aromáticos e de abertura de ciclo naftênico tem comportamento inverso.

É importante ressaltar que, dentro dos limites de controle de parâmetros da unidade de

microrreator utilizada, somente para o catalisador de suporte zeolítico foram obtidos valores elevados

de conversão, o que permite analisar somente neste material o comportamento citado anteriormente.

4.2.4. Comparação dos catalisadores em termos de rendimento em relação a cada classe

Os gráficos representados na Figura 4.24 comparam os rendimentos das diferentes classes

de aromáticos em função do total de aromáticos obtidos para a avaliação dos três catalisadores.

O grupo de compostos aromáticos envolvidos corresponde, essencialmente, à formação

de produtos de isomerização e craqueamento da tetralina e, em menor proporção, à formação de

diaromáticos (naftaleno e metilnaftaleno).

A diferença de desempenho entre o catalisador suportado em alumina e o suportado em sílica-

alumina, de maior acidez de Brönsted, é evidente, quando se observa a elevação dos rendimentos em

aromáticos craqueados C10. Com relação ao catalisador suportado em alumina-zeólita, cuja acidez de

Brönsted é superior à do catalisador suportado em sílica-alumina, a distribuição mostra, inicialmente, o

aumento gradual de todos os produtos aromáticos. Porém, a partir de aproximadamente 17% de

rendimento, os aromáticos sem craqueamento, os aromáticos craqueados em C10 e os aromáticos

craqueados em C10 olefínicos se mantêm praticamente constantes com o aumento da conversão,

enquanto que o rendimento em aromáticos craqueados < C10 continua aumentando.

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81

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

0

5

10

15

20

25

30

0 2 4 6 8 10 12 14

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

0

5

10

15

20

25

30

0 10 20 30 40 50

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

NiMo/Alu NiMo/SiAl

NiMo/AluZ

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

0

5

10

15

20

25

30

0 2 4 6 8 10 12 14

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

0

5

10

15

20

25

30

0 10 20 30 40 50

Rendimento Aromáticos (%)

Ren

dim

ento

pro

duto

s (%

)

Arom s/ craq Arom craq C10Arom craq < C10 Arom craq C10 olef

NiMo/Alu NiMo/SiAl

NiMo/AluZFigura 4.24 – Distribuição das diferentes classes

de compostos aromáticos em função do

rendimento total de aromáticos na conversão da

tetralina sobre os catalisadores NiMo/Alu,

NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

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82

É importante salientar a presença de teores importantes de compostos olefínicos entre os

produtos, apesar das pressões parciais de hidrogênio relativamente elevadas utilizadas neste estudo e da

presença de uma função hidrogenante no catalisador. A presença de um intermediário olefínico é uma

evidência de que a abertura de ciclo naftênico da tetralina e respectivos isômeros (metil-indanos) se dá

através de craqueamento em sítios de Brönsted, levando a um produto olefïnico, e não via reação de

hidrogenólise em sítios metálicos (ou sulfetos) que deveria proporcionar um composto totalmente saturado.

Na Figura 4.24 as classes de compostos aromáticos sem craqueamento e com craqueamento

C10 (inclusive os olefínicos) apresentam nitidamente um comportamento de produto primário,

considerando-se um esquema reacional em série, uma vez que, extrapolando para baixas conversões,

as respectivas tendências apresentam inclinação não nula. Estas classes são intermediárias na

formação dos produtos aromáticos craqueados com menos de 10 carbonos, que nitidamente

apresentam um comportamento de produtos secundários, com inclinação nula na origem.

Na Figura 4.25 são comparados os rendimentos das diferentes classes de compostos

hidrogenados para os três catalisadores utilizados, em função do total de produtos hidrogenados

obtidos, sob as mesmas condições operacionais das comparações anteriores. Verifica-se que o

produto claramente primário para os três catalisadores são os hidrogenados sem craqueamento, ou

seja, compostos dinaftênicos, com ou sem contração do anel de 6 átomos de carbono. Com o

aumento da conversão da tetralina e, portanto, com o aumento do rendimento de produtos

hidrogenados, há uma tendência de aumento de compostos de abertura de ciclo naftênico e

craqueamento, a qual é mais pronunciada para o catalisador suportado em alumina-zeólita. Neste

último catalisador, o teor de compostos hidrogenados sem craqueamento passa nitidamente por um

máximo à medida que o rendimento de compostos craqueados aumenta.

Como no caso dos compostos aromáticos, é importante salientar a presença de compostos

olefínicos também entre os produtos oriundos da hidrogenação do ciclo aromático da tetralina. A

formação de compostos mononaftênicos olefínicos é um evidência da abertura de ciclo de

compostos dinaftênicos sobre centros ácidos do catalisador. É pouco provável que estes compostos

sejam formados pela hidrogenação do ciclo aromático de um alquenil benzeno formado a partir da

abertura de ciclo de um nafteno-aromático, com preservação da insaturação da cadeia lateral.

Portanto, pode-se concluir que a abertura de ciclo naftênico ocorre tanto a partir de nafteno-

aromáticos como a partir de dinaftênicos, como proposto no esquema da Figura 4.21.

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Rendimento Hidrogenados (%)

Ren

dim

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s (%

)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

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Rendimento Hidrogenados (%)

Ren

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)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

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0 10 20 30 40 50 60

Rendimento Hidrogenados (%)

Ren

dim

ento

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s (%

)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

NiMo/Alu NiMo/SiAl

NiMo/AluZ

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Rendimento Hidrogenados (%)

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s (%

)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

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Rendimento Hidrogenados (%)

Ren

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)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

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Rendimento Hidrogenados (%)

Ren

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ento

pro

duto

s (%

)

Hid s/ craq Hid craq C10Hid craq < C10 Hid craq C10 olef

NiMo/Alu NiMo/SiAl

NiMo/AluZ

Figura 4.25 – Distribuição das diferentes

classes de compostos hidrogenados em função

do rendimento total de hidrogenados na

conversão da tetralina sobre os catalisadores

NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

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Comparando-se as Figuras 4.24 e 4.25, constata-se que, aparentemente, é mais fácil a abertura

do ciclo naftênico dos nafteno-aromáticos do que dos dinaftênicos, tendo em vista que os compostos

aromáticos sem craqueamento são pouco abundantes comparados com os compostos hidrogenados sem

craqueamento, para níveis similares de conversão. Este comportamento está relacionado ao fato de que

a presença de um ciclo aromático na molécula deve favorecer a interação da molécula com os sítios

ácidos do suporte e estabilizar o carbocátion formado, em comparação com as estruturas dinaftênicas,

favorecendo as reações de quebra da ligação C-C do ciclo naftênico e de desalquilação.

4.2.5. Efeito dos parâmetros reacionais

Os resultados de conversão e distribuição de todos os ensaios realizados são apresentados nas

tabelas do Anexo IV. Os resultados estão ordenados em função do teor de enxofre na carga e a seqüência

na qual os testes foram realizados pode ser inferida a partir da numeração dos mesmos.

Foram realizadas algumas repetições ao longo da programação experimental para cada

catalisador, com a finalidade de se verificar eventual desativação do mesmo. Estes testes estão

destacados por cores iguais nas referidas tabelas. Dessa forma, é possível constatar que, nos três

casos, a repetição do primeiro teste apresentou uma menor conversão indicando, portanto,

desativação do catalisador. Este efeito foi mais pronunciado nos catalisadores mais ácidos, aqueles

suportados em sílica-alumina e alumina-zeólita. Repetições subseqüentes ou em outras condições

experimentais apresentaram desvios inferiores ao observado em relação ao primeiro teste de cada

série. Este comportamento mostra que, apesar do cuidado tomado em se estabilizar o catalisador no

início da avaliação, aguardando-se no mínimo 15 h na condição e adotando um critério rígido de

variação de conversão entre amostragens para se considerar o catalisador estável, mesmo assim ele

evolui ao longo do teste e continua desativando. Ressalta-se, assim, a importância de se respeitar

longos tempos de reação para se medir uma atividade confiável de catalisadores de HDT. Em função

deste comportamento, o primeiro teste da série não será considerado na análise do efeito de variáveis

e testes com diferenças de conversão de tetralina de até 2% serão considerados equivalentes.

No tocante à distribuição de produtos, ocorreu um decréscimo dos rendimentos de todos

os produtos quando se comparam os testes de repetição com o primeiro teste da série. No entanto,

este decréscimo se mostrou mais pronunciado, no caso dos catalisadores suportados em sílica-

alumina e zeólita, para os rendimentos de produtos de hidrogenação, quando comparado com os

produtos aromáticos e os produtos de abertura de ciclo naftênico.

Page 94: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

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Os diferentes efeitos dos parâmetros de reação sobre a hidrogenação da tetralina e sobre a

distribuição de produtos são apresentados nas Figuras 4.26 a 4.29. Neste trabalho será feita uma

análise qualitativa destes efeitos uma vez que está fora do escopo do mesmo uma abordagem

cinética considerando o complexo sistema de reações envolvidas na conversão da tetralina.

a) Efeito da temperatura

A faixa de temperatura utilizada nos experimentos foi de 290 a 330°C, não havendo

evidências de que, para as condições operacionais praticadas, a região de equilíbrio termodinâmico

da reação de hidrogenação da tetralina tenha sido atingida, ou seja, ocorrência da diminuição da

conversão de tetralina com o aumento da temperatura (Figura 4.26). A questão da reversibilidade

da reação de hidrogenação de aromáticos é crítica em catalisadores onde somente se manifesta a

atividade de hidrogenação-desidrogenação. No caso de catalisadores bifuncionais, onde ocorre o

craqueamento dos compostos dinaftênicos formados, ocorre naturalmente um deslocamento do

equilíbrio da reação de hidrogenação, favorecendo altas conversões.

De acordo com a Figura 4.26, de uma maneira geral, a formação de produtos de abertura

de ciclo naftênico é mais sensível ao aumento de temperatura que a formação de produtos

aromáticos e hidrogenados. Este comportamento é particularmente evidente para o catalisador

NiMo/AluZ, impactando a conversão da tetralina de uma maneira geral. Na Tabela 4.9 são

apresentados os valores de energias aparentes de ativação para a conversão de tetralina, calculadas

considerando-se um modelo de pseudo-primeira ordem.

Tabela 4.9 – Energias aparentes de ativação para a conversão da tetralina,

considerando-se um modelo cinético de primeira ordem.

Catalisador Eat (J/mol) ln ko R2

NiMo/Alu 34320 6,61 0,9972

NiMo/SiAl 36732 7,95 0,9794

NiMo/Alu-Z 72702 23,74 0,9948

Verifica-se que o catalisador suportado em alumina-zeólita, suporte mais ácido e

apresentando maior atividade de craqueamento, apresentou um valor de energia de ativação

sensivelmente superior ao encontrado para os outros dois catalisadores. Ressalta-se que os

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86

valores de energia aparente de ativação calculados devem ser tomados como valores médios uma

vez que a conversão da tetralina envolve reações em série e paralelo.

b) Efeito da Pressão Total

Os dados apresentados na Figura 4.27 foram tomados para experimentos com a mesma

relação H2/carga, ou seja, ao se variar a pressão total do teste, as pressões parciais dos reagentes e

solvente variam de forma proporcional. É largamente conhecido na literatura o efeito positivo da

pressão total e, em particular, da pressão parcial de hidrogênnio na cinética de hidrogenação de

aromáticos. Vários autores consideram que reação de hidrogenação de aromáticos sobre

catalisadores sulfetos seria de primeira ordem em relação ao hidrogênio e entre 0 e 1 em relação

ao aromático (STANISLAUS e COOPER, 1984). Já para as reações de craqueamento, envolvidas

na abertura de ciclo naftênico, a literatura relata uma influência negativa da pressão parcial de

hidrogênio uma vez que esta inibiria as reações de desidrogenações que antecedem à protonação

em um mecanismo bifuncional (SILVA, 2007). De acordo com a Figura 4.27, constata-se que as

formações de produtos aromáticos e de abertura de ciclo naftênico são menos afetadas que a

formação de produtos de hidrogenação. No catalisador NiMo/AluZ, com maiores conversões, a

atividade de craqueamento mostrou uma resposta à pressão total similar à de formação de

produtos hidrogenados, provavelmente devido à contribuição importante de produtos

hidrogenados dentro da classe de compostos que apresentaram abertura de ciclo naftênico.

c) Influência do Tempo Espacial

O efeito de variação do tempo espacial é apresentado na Figura 4.28. De uma maneira

geral, o efeito de maior tempo de contato dos reagentes com o catalisador é similar ao efeito de

elevação de temperatura, no que se refere à conversão de tetralina e formação de produtos de

reação. Destaca-se novamente o importante efeito na formação de produtos de abertura de ciclo

naftênico no catalisador NiMo/AluZ, indicando que as reações de craqueamento são mais

suscetíveis ao aumento do tempo de contato. Isto é de certa forma esperado, uma vez que os

produtos de craqueamento são produtos secundários no esquema reacional da Figura 4.21, sua

formação é mais pronunciada para maiores conversões de tetralina a qual é favorecida em um

maior tempo de contato.

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Temperatura (oC)

Con

vers

ão, R

endi

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Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu

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Temperatura (oC)

Con

vers

ão, R

endi

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to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/SiAl

0

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280 290 300 310 320 330 340

Temperatura (oC)

Con

vers

ão, R

endi

men

to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu-Z

Figura 4.26 – Influência da temperatura na conversão de

tetralina e no rendimento de produtos para os catalisadores

NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

Pressão = 4 MPa, Tempo espacial = 2,7 gcat.h/gtet;

Teor de S na carga = 1300 mg/kg

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Pressão Total (bar)

Con

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ão, R

endi

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Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu

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20 30 40 50 60

Pressão Total (bar)

Con

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ão, R

endi

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to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/SiAl

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20 30 40 50 60

Pressão Total (bar)

Con

vers

ão, R

endi

men

to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu-Z

Figura 4.27 – Influência da pressão total na conversão de

tetralina e no rendimento de produtos para os catalisadores

NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

Temperatura = 310 oC, Tempo espacial = 2,7 gcat.h/gtet;

Teor de S na carga = 1300 mg/kg

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Tempo espacial (gcat.h/gtet)

Con

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)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu

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Tempo Espacial (gcat.h/gtet)

Con

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ão, R

endi

men

to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/SiAl

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Tempo Espacial (gcat.h/gtet)

Con

vers

ão, R

endi

men

to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu-Z

Figura 4.28 – Influência do tempo espacial na conversão

de tetralina e no rendimento de produtos para os

catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

Temperatura = 310 oC, Pressão = 4 MPa;

Teor de S na carga = 1300 mg/kg

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d) Efeito do teor de enxofre na carga

Os testes foram conduzidos em presença de teores variáveis de enxofre na carga, adicionado

como CS2. Este composto é de fácil transformação nas condições utilizadas neste trabalho, formando

rapidamente H2S e metano. A presença de H2S é fundamental para manter a fase ativa na forma

sulfetada. Por outro lado, o H2S pode interferir, positiva ou negativamente, nas reações de

hidrotratamento uma vez que interage também com os sítios ativos à base de sulfetos metálicos do

catalisador.

O efeito do teor de enxofre na carga na atividade de conversão da tetralina e na distribuição de

produtos de reação é apresentada na Figura 4.29. Comparado aos efeitos das outras variáveis

operacionais descritas nos itens anteriores, o efeito do teor de enxofre na carga é relativamente modesto

e, em alguns casos, as diferenças estão dentro do limite de precisão dos resultados experimentais.

Para o catalisador NiMo/Alu, há uma ligeira tendência de diminuição da atividade de

conversão da tetralina com o aumento do teor de enxofre, o que estaria de acordo com um efeito

inibidor do H2S nas reações de hidrogenação de aromáticos, majoritárias neste catalisador. Já para

os demais catalisadores, mais ácidos, aparentemente ocorre uma ligeira elevação da atividade com

o aumento do teor de H2S, ao se passar de 500 para 1300 mg/kg de enxofre na carga,

estabilizando-se para o teor de 2100 mg/kg. Apesar da pequena variação de atividade, uma

possível explicação seria a formação de sítios ácidos adicionais a partir da decomposição

heterolítica do H2S na fase sulfetada e migração para o suporte ácido, como proposto por Stumbo

(1995).

Outra forma de se avaliar o efeito do H2S consiste em analisar a variação da taxa de reação

em função da razão PH2S/PH2, conforme proposto por Yasuda et al (1997). Estes autores, utilizando

um catalisador de NiMo sobre alumina, em condições semelhantes às deste estudo, compararam o

efeito da P(H2S) sobre a atividade de hidrogenação da tetralina, encontrando um máximo de

atividade para uma razão PH2S/PH2 de cerca de 2.10-3. Acima deste valor ocorre um efeito de inibição

da reação de hidrogenação. Na Figura 4.30 mostra-se o efeito da pressão parcial de H2S sobre a

atividade de hidrogenação da tetralina para os três catalisadores do presente estudo. Não houve

alterações significativas para os valores de taxa de reação utilizados, como observado anteriormente

para as conversões. Além disso, os valores das razões PH2S/PH2 utilizados no presente trabalho são

sensivelmente inferiores aos do trabalho de Yasuda et al (1997). Desta forma, é possível que a faixa

de pressão parcial de H2S utilizada não tenha sido suficientemente ampla para que esse efeito fosse

bem discriminado.

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0 500 1000 1500 2000 2500

Teor de S na carga (mg/kg)

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Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu

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0 500 1000 1500 2000 2500

Teor de S na carga (mg/kg)

Con

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ão, R

endi

men

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)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/SiAl

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0 500 1000 1500 2000 2500

Teor de S na carga (mg/kg)

Con

vers

ão, R

endi

men

to (%

)

Conv. Tetralina Total Aromat Total Hidrog Abert ciclo

NiMo/Alu-Z

Figura 4.29 – Influência do teor de enxofre na carga na

conversão de tetralina e no rendimento de produtos para os

catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

Temperatura = 310 oC, Pressão = 4 MPa;

Tempo espacial = 2,7 gcat.h/gtet

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0,00E+00

2,00E-05

4,00E-05

6,00E-05

8,00E-05

1,00E-04

1,20E-04

0,00E+00 1,00E-04 2,00E-04 3,00E-04 4,00E-04 5,00E-04

PP(H2S)/PP(H2)

Taxa

glo

bal r

eaçã

o

NiMo/SiAl NiMo/Al-Z NiMo/Alu

Figura 4.30. Efeito P(H2S)/P(H2) sobre a taxa global de reação de hidrogenação da

tetralina dos catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ, nas condições

operacionais: T = 330°C, P = 4 MPa, Qcarga = 13,5 mL/h e QH2 = 600 mL/min.

4.2.6 – Comparação da atividade e distribuição de produtos

A fim de se estabelecer uma comparação entre os resultados de atividade e a

caracterização dos catalisadores, comparam-se nas Tabelas 4.11 e 4.12 a conversão de tetralina e a

distribuição de produtos, respectivamente, numa condição operacional fixa. Escolheu-se, para isto,

a condição operacional representativa do ponto médio do conjunto de experimentos.

Como já comentado anteriormente, há uma diferença significativa de atividade entre os

catalisadores para a conversão da tetralina, sendo que o uso de suportes ácidos leva a um aumento

significativo da conversão total de tetralina. Comparando-se inicialmente os catalisadores suportados

em alumina e sílica-alumina, observa-se que o aumento de conversão para o catalisador NiMo/SiAl,

em relação ao NiMo/Alu, se dá essencialmente pela presença em maior proporção de compostos

aromáticos, a maioria deles oriundos da abertura de ciclo naftênico da tetralina. A variação no

rendimento dos produtos de hidrogenação é muito pequena e próxima aos erros discutidos

anteriormente (aproximadamente 2%). No entanto, nota-se um pequeno aumento também de

produtos de abertura de ciclo entre os produtos hidrogenados para o catalisador NiMo/SiAl. Para o

catalisador NiMo/AluZ, por outro lado, ocorre um aumento significativo da conversão de tetralina a

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93

qual se dá tanto pelo maior rendimento dos produtos aromáticos, como também dos produtos

hidrogenados. Neste catalisador, devido sua maior acidez, aumenta significativamente o rendimento

dos produtos de abertura de ciclo naftênico e de produtos com menos de 10 átomos de carbono

(desalquilação e craqueamento).

O aumento do rendimento em produtos de hidrogenação é interessante de se salientar pois

todos os catalisadores possuem teores similares de sulfetos metálicos e deveriam, em princípio,

apresentar uma atividade de hidrogenação similar.

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94

Tabela 4.10 – Comparação da atividade para conversão da tetralina com os catalisadores

NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ.

TEST

E

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Pre

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Tetra

lina

(oC) (bar) (mL/h) (NmL/min) (mg/kg) (gtet/h.gcat) (%) AL-TD 310 40 13,8 600 1300 2,7 18,8

SIAL-TD 310 40 13,3 600 1300 2,8 27,8 ALuZ-TD 310 40 13,6 600 1300 2,7 53,3

Tabela 4.11 – Comparação da distribuição de produtos da conversão da tetralina com os catalisadores NiMo/Alu, NiMo/SiAl e NiMo/AluZ

TEST

E

Con

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ão T

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icos

(%) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) AL-TD 18,8 1,6 1,0 0,4 0,3 0,1 17,4 16,9 0,0 0,0 0,4 0,9 0,5 1,1 0,3 11,2

SIAL-TD 27,8 7,1 1,1 4,8 1,0 1,2 20,7 17,9 1,7 0,8 0,7 8,5 1,9 1,3 0,6 2,9 ALuZ-

TD 53,3 20,1 2,5 8,1 3,1 9,3 33,3 16,0 8,4 4,5 8,4 34,2 17,7 9,9 0,1 1,7

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95

Capítulo 5

DISCUSSÃO

O presente trabalho procurou avaliar, através do preparo de catalisadores de diferentes

acidez, o efeito desta propriedade nas atividades de hidrogenação e de craqueamento de um

composto mono-aromático como a tetralina, utilizando-se catalisadores de à base de sulfetos

mistos de níquel-molibdênio. Apesar de estes catalisadores terem sido, individualmente, muito

estudados na literatura, são poucos os trabalhos que proporcionam uma comparação

sistematizada como se buscou aqui.

Ao se variar a natureza do suporte em catalisadores de hidrotratamento, não somente as

propriedades do suporte em si podem ser diferentes (porosidade, área superficial, acidez,

estrutura cristalina, etc.) como também aquelas da fase suportada (dispersão, atividade

intrínseca, estabilidade, etc.), uma vez que estas dependerão do grau de interação entre a

superfície do suporte e os precursores da fase ativa. Isto, muitas vezes, torna complexa a análise

do efeito de suporte em reações de hidrotratamento.

5.1 – Caracterização dos Suportes e Catalisadores

No presente caso foram empregados suportes comumente encontrados em catalisadores

comerciais de hidrotramento, como a alumina, sílica-alumina e alumina-zeólita Y. Embora

sejam sólidos muito estudados na literatura, foi realizada uma caracterização básica de suas

propriedades texturais e ácidas, de forma a se ter uma base adequada de comparação com os

catalisadores em si. Empregou-se, também, o mesmo método de preparo do catalisador

(formulação e método de impregnação) visando a minimizar as diferenças de atividade da fase

suportada em relação às reações de HDT.

A caracterização textural dos suportes e catalisadores mostrou que o processo de

impregnação dos óxidos metálicos não ocasionou grande perda de área específica e de volume

de poros, e apenas uma pequena variação no diâmetro médio de poros. Os valores médios de

diâmetros de poros são da mesma ordem de grandeza, ou seja, entre 7 e 12 nm, não devendo

ocasionar diferenças significativas de difusão de reagentes e produtos entre os catalisadores.

Os resultados de difração de raios X mostraram que a cristalinidade e o parâmetro de

célula unitária da zeólita foram mantidos após a incorporação dos óxidos metálicos, indicando

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96

que a impregnação não causou nenhum colapso das estruturas zeolíticas, apesar do pH

relativamente baixo de impregnação. Para os catalisadores suportados em alumina e sílica-

alumina, a difração de raios X mostra o aparecimento de pequenas bandas de difração atribuídas

ao óxido de molibdênio mássico, ao passo que no catalisador suportado em alumina-zeólita a

identificação destas bandas ficou prejudicada em função da forte intensidade das bandas de

zeólita. O aparecimento de bandas de óxido de molibdênio mássico no catalisador NiMo/Alu

pode ser atribuído, ao menos em parte, ao fato de se ter utilizado alto teor de metal, próximo à

capacidade de formação da monocamada do suporte. Segundo Hu et al (1995), a alumina pode

acomodar até 4,6 átomos de Mo/nm2, o qual está muito próximo do valor praticado neste

trabalho (4,2 Mo/nm2). Já para a sílica-alumina, esta relação está abaixo do valor para a

monocamada uma vez que a área específica do suporte é sensivelmente superior à da alumina.

Neste caso, o aparecimento de estruturas mais condensadas pode ser conseqüência de uma

menor interação dos precursores de Mo e Ni com a superfície, como sugerido por Rajagopal et

al (1994). Os resultados de TPR sugerem também a presença de MoO3 mássico no suporte de

sílica-alumina, ao qual estaria associado um pico de redução em temperaturas intermediárias

(510 oC). Por outro lado, excetuando-se este pico, todos os catalisadores apresentaram um perfil

de redução muito similar, quando se analisa o primeiro pico de redução associado a espécies

mistas de Ni e Mo.

A análise de DRS dos catalisadores na região entre 500 e 800 nm-1 revela somente a

presença de espécies oxidadas de níquel em coordenação octaédrica, caracterizadas pela

absorção na faixa de 700 a 780 nm (Figura 4.16). Por outro lado, a ausência de absorção na

faixa de 600 a 650 nm, característica de espécies oxidadas de Ni em coordenação tetraédrica,

indica que os processos de preparo evitaram uma forte interação deste elemento com o suporte.

Assim, pode-se supor que a maior parte do níquel impregnado no catalisador deve estar

majoritariamente interagindo com o óxido de molibdênio suportado e disponível para a

formação do sulfeto misto NiMoS após a sulfetação. Quanto à absorção na faixa de 200 a 450

nm, nota-se que um deslocamento das bandas de absorção para maiores comprimentos de onda

quando se vai do catalisador NiMo/Alu para NiMo/SiAl. Isto pode refletir um maior grau de

agregação das estruturas de óxido de molibdênio suportado

Apesar das pequenas diferenças de propriedades na forma oxidada, indicadas pelas

análises de DRX, TPR e DRS, os três catalisadores apresentaram valores médios de tamanho de

cristalito e número de lamelas muito similares após sulfetação, ou seja, dispersões similares. Há

uma ligeira tendência de maior dispersão do catalisador suportado em alumina, tomando por

base as Figuras 4.18 e 4.19, onde se verifica uma maior freqüência de cristalitos de menor

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97

dimensão e menor empilhamento. Este resultado é de grande importância uma vez que

possibilitará avaliar o efeito da acidez dos suportes na atividade catalítica para uma fase

hidrogenante igualmente dispersa. Ding et al (2007) estudaram sistemas catalíticos similares ao

deste trabalho (alumina, sílica-alumina e alumina-zeólita) porém obtiveram valores de dispersão

diferentes, em particular para o catalisador suportado em sílica-alumina onde o comprimento

médio dos cristalitos foi maior que o dobro ao encontrado neste trabalho. Uma possível

explicação para este resultado seria o método de preparo de Ding et al, que utilizaram co-

extrusão de MoO3, alumina e nitrato de níquel em solução.

As dimensões médias de cristalitos encontradas neste trabalho são superiores às dos

canais e cavidades da zeólita Y (respectivamente, da ordem de 0,7 e 1,2 nm), de forma que se

espera que as estruturas observadas por MET no catalisador NiMo/AluZ sulfetado estejam

majoritariamente depositadas na alumina. De acordo com a literatura (BREYSSE et alii, 2003),

é difícil a formação de estruturas NiMoS ou CoMoS no interior das cavidades zeolíticas, em

parte atribuída ao fato de que os precursores aniônicos de molibdênio utilizados na impregnação

(Mo7O24-6) não trocam com os cátions da zeólita, dificultando sua fixação no interior da mesma.

Por outro lado, não se pode excluir a possibilidade de que ao menos parte do níquel, presente

como cátion Ni+2 em solução, esteja trocado na zeólita. Vissenberg et alii (2003), por exemplo,

relata a formação de sulfeto de cobalto em zeólita Y a partir de troca iônica. No entanto, dada a

similaridade dos perfis de TPR e das dimensões médias dos cristalitos de sulfeto de molibdênio

dos catalisadores NiMo/Alu e NiMo/AluZ, é bem provável que ocorra a formação de uma fase

NiMoS suportada na alumina presente em ambos os catalisadores.

A caracterização das propriedades ácidas destes materiais na forma oxidada mostrou que

se conseguiu preparar amostras com acidez muito distintas em si, um dos objetivos da etapa de

preparo. No entanto, cabem algumas observações a respeito desta propriedade antes de se lançar

na análise do seu efeito na atividade catalítica para a conversão de tetralina.

Foram utilizados dois métodos para medida de acidez. O TPD de n-propilamina tem por

base a decomposição desta base forte sobre sítios protônicos, em temperaturas normalmente

acima de 300 °C (KRESNAWAHJUESA et al, 2002), formando amônia e propeno e

proporcionando, assim, uma estimativa quantitativa do número de centros ácidos de Brönsted.

A espectroscopia de infravermelho de piridina adsorvida proporciona uma análise dos tipos de

sítios presentes e a integração das bandas associadas a sítios de Lewis e Brönsted permite uma

análise comparativa e semi-quantitativa dentro de uma série de amostras. Analisando-se os

dados das Tabelas 4.4 (TPD de amina) e 4.6 (IV de piridina), verifica-se que o IV de piridina

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não detecta sítios de Brönsted na alumina a 150 °C ao passo que o TPD de n-propilamina

apresenta um valor significativo. A explicação reside no fato de que a n-propilamina é uma base

mais forte que a piridina e se adsorve inclusive sobre os sítios protônicos fracos da alumina.

Para os catalisadores, a incorporação dos óxidos metálicos leva a um aumento da acidez de

Brönsted, detectado pelas duas técnicas.

Há uma boa correlação entre as duas técnicas analíticas, como mostrado na figura 5.1.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Acidez de Brönsted TPD (mmol/g)

Aci

dez

de B

röns

ted

IV (u

.a.)

Suportes Catalisadores

Figura 5.1. Correlação entre as duas técnicas de medida de acidez: IV piridina versus TPD

n-propilamina

A incorporação de espécies oxidadas de molibdênio nos suportes estudados levou à

formação de sítios adicionais de Brönsted. Este comportamento é relatado na literatura para

alumina e sílica-alumina (RAJAGOPAL et al, 1994), e tem sido atribuída tanto às hidroxilas

associadas aos átomos de Mo depositados sobre o suporte quanto a algum OH da alumina

localizada nas proximidades do cátion de Mo (CAMORIN et al, 1999).

Ainda em relação à acidez dos catalisadores, é importante destacar que as medidas de

acidez foram realizadas com as amostras na forma oxidada e não na forma sulfetada,

responsável pela atividade do catalisador. Segundo Topsoe et al (1989), as sulfidrilas

superficiais (SH-) podem protonar a piridina a temperaturas elevadas (ca. de 400 °C), porém não

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observaram a banda característica de Brönsted ao se adsorver a piridina em baixa temperatura.

Conclui-se, portanto, que os sítios de Brönsted associados à fase sulfetada devem ser

sensivelmente mais fracos que os associados à fase óxido determinados neste trabalho. Dessa

forma, no decorrer desta análise, serão considerados os valores de acidez medidos para o

suporte em si, tendo em vista que não foi possível a medida da acidez dos catalisadores

sulfetados.

5.2 – Avaliação dos catalisadores na conversão da tetralina

A tetralina tem sido utilizada em muitos trabalhos como molécula modelo para a reações

de hidrogenação de aromáticos de correntes de petróleo, tanto com catalisadores sulfetados

(CORMA et al, 2001; CAO et al, 2004; DING et al, 2007) como com metais nobres

(JONGPATIWUT et al, 2004). Como já discutido anteriormente, na apresentação do esquema

reacional desta molécula, a conversão da tetralina sobre catalisadores bifuncionais pode levar a

produtos de hidrogenação e desidrogenação, isomerização esqueletal de ciclos naftênicos,

craqueamento de ciclos naftênicos, desalquilação e craqueamento de parafinas. Quando se

trabalha em baixas conversões, essencialmente se obtém os produtos primários de reação, como

decalinas, naftaleno e metil-indanos. Com o avanço da conversão, a formação de produtos

secundários envolvendo a isomerização de decalinas e abertura de ciclos naftênicos aumenta

progressivamente. No entanto, aumenta igualmente a complexidade da análise, uma vez que os

compostos aromáticos formados pela conversão da tetralina em sítios ácidos podem também ser

posteriormente hidrogenados. Neste trabalho, optou-se por agrupar os compostos em diversas

classes, representativas das diversas reações envolvidas no processo.

Os mecanismos de conversão da tetralina e seus produtos sobre os sítios ácidos do

catalisador são amplamente discutidos na literatura (CORMA et al, 2001; ARRIBAS et al,

2004; SCHMITZ et al, 1996; JONGPATIWUT et al, 2004; NYLEN et al, 2004; McVICKER

et al, 2002). Estes estudos envolvem diferentes suportes (amorfos ou zeolíticos) e fases ativas

(sulfetos ou metais nobres). De uma maneira geral, considera-se que o sítio ácido de Brönsted

do catalisador pode protonar o anel aromático ou naftênico seguido de cisão β do íon carbônio

resultante, abrindo o ciclo naftênico da molécula e formando alquenil e alquilbenzenos. Para a

contração do anel naftênico, formando metil-indanos, considera-se que um mecanismo de

ciclopropano protonado esteja envolvido (CORMA et al, 2001). No caso das decalinas e

respectivos isômeros com contração de anel, alguns autores sugerem que a abertura de ciclo

naftênico se dá através de um mecanismo bifuncional, sendo necessária inicialmente a formação

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100

de uma olefina por desidrogenação em sítio metálico, seguido de formação do íon carbônio por

protonação em sítio de Brönsted (JONGPATIWUT et al, 2004; NYLEN et al, 2004).

Os resultados obtidos no presente trabalho mostram claramente uma influência da

acidez do catalisador na atividade e distribuição de produtos de reação. Para uma mesma

condição operacional, o aumento de acidez leva a um aumento da conversão global de tetralina,

como mostrado nas Figuras 5.2 e 5.3, considerando-se, respectivamente, as técnicas de TPD de

n-propilamina e IV de piridina para caracterização da acidez. Foram obtidas boas correlações de

conversão de reagente e formação dos principais grupos de produtos com a acidez de Brönsted

dos catalisadores para as duas técnicas.

0

10

20

30

40

50

60

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Acidez de Brönsted - TPD (µmol/g)

Con

vers

ão e

Ren

dim

ento

s (%

mol

ar)

Conv. Tetralina Total Arom. Total Hidrog Total Abertura Ciclo Figura 5.2 - Correlação entre conversão de tetralina e rendimentos em aromáticos, hidrogenados

e abertura de ciclo com o número de sítios ácidos fornecido pela análise de TPD de n-

propilamina

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0

10

20

30

40

50

60

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

Acidez de Brönsted - IV piridina (µmol/g)

Con

vers

ão e

Ren

dim

ento

s (%

mol

ar)

Conv. Tetralina Total Arom. Total Hidrog Total Abertura Ciclo Figura 5.3 - Correlação entre conversão de tetralina e rendimentos em aromáticos, hidrogenados

e abertura de ciclo com a acidez de Brönsted dada pelo IV de piridina.

O aumento dos rendimentos de produtos aromáticos e de abertura de ciclo naftênico

com o aumento de acidez é naturalmente esperado em função do mecanismo de reação

discutido acima, lembrando que o grupo de produtos aromáticos é formado principalmente por

metil-indanos e alquil-benzenos e que o grupo de produtos de abertura de ciclos naftênicos

comporta tanto aqueles oriundos de nafteno-aromáticos como de dinaftênicos. Este aumento é

particularmente expressivo para o catalisador suportado em alumina-zeólita, com maior acidez.

É particularmente interessante de se analisar o fato de que os rendimentos de produtos

de hidrogenação também aumentam significativamente com o aumento da acidez dos

catalisadores, embora, em princípio, a formação destes compostos dependa somente da função

hidrogenante do catalisador. Esta por sua vez, dependeria somente do teor e dispersão dos

sulfetos metálicos presentes no catalisador.

No presente estudo, foram utilizados teores de metais semelhantes nos três catalisadores

e caracterização realizada por MET indica que não diferenças importantes de dispersão da fase

sulfetada entre os catalisadores. Portanto, o aumento de rendimentos de produtos hidrogenados

não pode ser explicado com base em diferenças estruturais da fase hidrogenante do catalisador,

que poderiam eventualmente ser induzidas pela natureza do suporte.

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A cooperação entre sítios ácidos do suporte e a fase hidrogenante (metal ou sulfeto

metálico) tem sido estudada por diversos autores na literatura. Estes estudos podem ser

divididos em dois grupos: a) migração de hidrogênio ativado na fase hidrogenante para o

suporte ácido, aumentando a atividade de (hidro) craqueamento e b) efeito eletrônico dos sítios

ácidos do suporte formando partículas metálicas (ou sulfetadas) eletrodeficientes e mais ativas.

No primeiro grupo, podem-se citar os trabalhos de Stumbo et al (1995, 1997) que

mostraram a formação de sítios de Brönsted num suporte de sílica-alumina por derramamento

(spillover) de hidrogênio ativado sobre uma fase sulfeto CoMo/SiO2. Camorim et al (1999)

também sugerem este mecanismo para explicar o aumento da atividade de desalquilação do

cumeno com o aumento do teor de fase ativa em catalisadores sulfetados NiMo/SiAl.

A influência da acidez do suporte sobre as partículas metálicas é conhecida há longo

tempo para catalisadores à base de metal nobre, onde a formação de partículas eletrodeficientes

contribuiria para o aumento de atividade e da tolerância ao envenenamento por compostos

sulfurados (GALLEZOT, 1985). Mais recentemente, este conceito também foi estendido para

partículas de sulfetos metálicos dispersas em zeólitas Y. Breysse et al (1997) mostraram, através

de adsorção de CO acompanhada por IV, a formação de partículas de RuS2 eletrodeficientes no

interior de zeólitas HUSY, mais ativas para a hidrogenação de tetralina e tolueno. Vissenberg et

alii (2000) verificaram um efeito de sinergia entre a acidez protônica de zeólitas USY e

partículas de sulfeto de cobalto na reação de HDS e propuseram um efeito eletrônico para

explicar este comportamento.

Este último efeito pode explicar, ao menos parcialmente, o aumento da atividade de

hidrogenação do catalisador suportado em sílica-alumina (NiMo/SiAl), onde se espera que as

estruturas NiMoS estejam em contato íntimo com os prótons da superfície do suporte. No

entanto, para o catalisador suportado em alumina-zeólita, onde o efeito da acidez na atividade

de hidrogenação foi mais pronunciado do que no catalisador suportado em sílica-alumina, esta

explicação não parece adequada, uma vez que se espera, dos resultados de caracterização, que a

fase sulfeto NiMoS esteja sobre a alumina e a acidez de Brönsted localizada principalmente

sobre o componente zeolítico. Assim, um efeito eletrônico entre suporte e fase ativa parece

pouco provável devido à distância entre eles.

Analisando-se o esquema reacional da tetralina, é de se esperar para o catalisador

NiMo/AluZ uma alta atividade de isomerização da molécula formando inicialmente metil-

indanos, em paralelo com a hidrogenação da molécula para a formação de decalinas. Se a

hidrogenação dos metil-indanos formados for mais rápida que a hidrogenação da tetralina, a

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atividade ácida do suporte poderia prover um caminho alternativo de reação favorecendo a

formação de produtos hidrogenados.

Não foi possível avaliar experimentalmente, dentro do escopo do presente trabalho, a

atividade de hidrogenação do metil-indano nos catalisadores estudados. Também não se

encontraram na literatura dados comparativos entre a hidrogenação desta molécula e da tetralina

que permitissem confirmar a hipótese acima. No entanto, é de se esperar que a contração do

anel naftênico para a formação do metil-indano gere tensões na molécula e, conseqüentemente,

menor estabilidade do ciclo aromático da mesma, o que poderia proporcionar uma menor

energia de ativação na reação de hidrogenação. Resultados preliminares de modelagem

molecular, considerando-se a interação entre as moléculas tetralina, metil-indano e hidrogênio

ativado, mostraram que a hidrogenação do metil-indano é energeticamente favorecida frente à

da tetralina (SOUZA, 2007).

Finalizando, o conjunto de dados obtidos neste trabalho, variando-se as propriedades

ácidas dos catalisadores e as condições operacionais dos testes catalíticos constitui-se numa

excelente base para um estudo cinético mais detalhado deste sistema, de forma a considerar as

diferentes etapas reacionais e validar as hipóteses discutidas acima.

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104

Capítulo 6

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

No presente trabalho foram preparados e caracterizados catalisadores NiMo sulfetados e

suportados em alumina, sílica-alumina e alumina-zeólita. Estes catalisadores foram avaliados na

reação de conversão da tetralina sob pressão de hidrogênio, de forma a avaliar o efeito da acidez

nas atividades de hidrogenação e de craqueamento desta molécula.

Com base nos resultados experimentais obtidos e na análise realizada, foi possível

concluir que:

a) Sobre os três suportes utilizados, o método de preparo utilizado permitiu a obtenção de

uma boa dispersão dos óxidos de molibdênio e níquel, conforme indicado pelos

resultados de DRX e DRS.

b) A análise de DRS indica que os íons Ni+2 estão majoritariamente em ambiente

octaédrico, característicos de óxido de níquel ou de óxidos mistos deste metal com

molibdênio. Não se detectou a formação de fases em forte interação com o suporte.

c) Os catalisadores sulfetados apresentaram boa dispersão, de acordo com os resultados de

MET, com tamanhos médios de cristalito de sulfeto de molibdênio da ordem de 4 nm e

empilhamento médio de 2.

d) A incorporação de óxidos de molibdênio e níquel levou a um aumento da acidez de

Brönsted nos catalisadores, comparado ao respectivo suporte, o que foi atribuído à

criação de novos sítios ácidos associados ao óxido de molibdênio ou a sítios de interface

deste com o suporte.

e) Na conversão da tetralina, foi possível identificar duas rotas reacionais, uma envolvendo

a hidrogenação direta da tetralina para formar decalinas e outra envolvendo a

protonação da molécula nos sítios para formar metil-indanos.

f) Com o aumento da acidez dos catalisadores, ocorre um aumento do rendimento em

produtos oriundos da isomerização e abertura do ciclo naftênico da tetralina. Este

aumento é mais pronunciado para o catalisador suportado em alumina zeólita, no qual se

observa, para conversões elevadas, a formação de produtos de desalquilação e produtos

leves em grande proporção.

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105

g) Comparados na mesma condição operacional, obteve-se a seguinte ordem de atividade

para a conversão da tetralina: NiMo/Alu < NiMo/SiAl < NiMo/AluZ. Obteve-se uma

boa correlação entre a atividade de conversão da tetralina e o rendimento em produtos

de hidrogenação, aromáticos e abertura de ciclo naftênico com a acidez de Brönsted do

suporte.

h) O aumento do rendimento de produtos aromáticos (associados a metil-indanos e alquil-

benzenos) e de abertura de ciclos naftênicos (alquil-aromáticos e alquil-mono-

naftênicos) estão associados ao maior número de sítios ácidos do suporte.

i) Para o aumento do rendimento de produtos de hidrogenação, considerando-se que nos

três catalisadores a dispersão da fase sulfetada é similar, propõe-se a existência de um

efeito eletrônico entre os sítios de Brönsted do suporte e as partículas de sulfeto

suportado, tornando-as mais eletrodeficientes. Esta explicação seria compatível com o

catalisador suportado em sílica-alumina onde a fase hidrogenante está intimamente

ligada aos sítios ácidos do suporte. Para o catalisador NiMo/AluZ, no entanto, esta

explicação não parece adequada uma vez que a caracterização indicou que a fase

hidrogenante e ácida estariam separadas, respectivamente, na alumina e zeólita.

j) Alternativamente, propõe-se que o efeito positivo da acidez sobre a atividade de

hidrogenação esteja ligado a uma rota alternativa de hidrogenação de mwetil indanos

formados por isomerização da tetralina em sítios ácidos.

Sugere-se como seqüência deste trabalho avaliar as atividades destes catalisadores para a

conversão do metil-indano, isoladamente e em presença de tetralina, de forma a avaliar a

hipótese de maior reatividade desta molécula.

Além disso, o conjunto de dados disponível permite um estudo cinético aprofundado

desta reação de forma a avaliar o efeito da acidez nas diversas etapas do esquema reacional.

Sugere-se complementar a caracterização destes catalisadores com as seguintes técnicas:

a) medida da acidez dos catalisadores sulfetados; b) TPR do catalisador sulfetado; c) análise de

MET/EDX no catalisador NiMo/AluZ de forma a avaliar a distribuição de Ni e Mo na alumina

e na zeólita.

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106

Capítulo 7

BIBLIOGRAFIA AFANASIEV, P. – “Synthetic approaches to the molybdenum sulfide materials”, C.R.Chimie,

xx, pp 1-24, 2007 ANP. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Superintendência de

Planejamento e Pesquisa, Apresenta dados estatísticos. Disponível em:

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VISSENBERG, M. J., DE BONT, P. W. E GRUIJTERS, W. - “Zeolite Y-Supported Cobalt Sulfide

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HDS Activity”, Journal of Catalysis, v.189, pp. 209–220, 2000

VIVIER, L., DOMINGUEZ, V., PEROT, G. E KASZTELAN, S. - “Mechanism of C-N bond

scission. Hydrodenitrogenation of 1,2,3,4-tetrahydroquinoline and of 1,2,3,4-

tetrahydroisoquinoline”, Journal of Molecular Catalysis, v. 67, pp. 267-275, 1991.

WEITKAMP, J. - “Isomerization of long-chain n-alkanes on a Pt/CaY zeolite catalyst”, Ind

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WILSON, M.F., FISHER, I.P., e KRIZ, J.F. - “Hydrogenation of Aromatic Compounds in

Synthetic Crude Distillates Catalyzed by Sulfided Ni-W/γ-Al2O3 , Journal of Catalysis,

95, pp. 162-163, 1985.

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pp.168-178, 1983.

YASUDA, H., HIGO, M., YOSHITOMI, S., SATO, T., IMAMURA, M., MATSUBAYASHI,

H., SHIMADA, H., NISHIJIMA, A. E YOSHIMURA, Y. - “Hydrogenation of tetralin

over sulfided nickel-tungstate/alumina and nickel-molybdate/alumina catalysts”,

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YUNES, S. – Fisisiorcion em Sólidos Microporosos, pág 31 - 2° Curso Ibero-americano sobre

Caracterização de Catalisadores e Adsorventes, pp. 31, 2001

ZOTIN, J.L. – Conversão do Cumeno sobre Catalisadores NiMo Suportados em Óxidos Mistos

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ZOTIN, J.L. – Caracterização de Catalisadores por Reação Modelo – CYTED, UFSCar, São

Carlos, 2001

.

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116

ANEXOS ANEXO I – Esquema da unidade de avaliação Catalítica

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117

ANEXO II – Resultados de Microscopia Eletrônica de Varredura dos Extrudados

AMOSTRA 1 NiMo/Alu (ZO0335)

FOTO 1 – 60X

Weight Concentration % O Al Ni Mo

ZO 0335(2)_pt1 43.95S 42.60 2.94 10.51 ZO 0335(2)_pt2 43.65S 41.80 3.53 11.01

Compound Concentration %

Al2O3 NiO MoO3 ZO 0335(2)_pt1 0.00 80.49 3.74 15.77 ZO 0335(2)_pt2 0.00 78.99 4.50 16.52

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118

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119

FOTO 2 – 60X

LINESCAN

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120

AMOSTRA 2 NiMo/AluZ (ZO0334)

FOTO 1 – 55X

Weight Concentration % O Al Si Ni Mo

ZO 0334_pt1 45.39S 32.10 9.57 2.35 10.59 ZO 0334_pt2 44.99S 30.47 10.10 3.69 10.75

Compound Concentration %

Al2O3 SiO2 NiO MoO3 ZO 0334_pt1 0.00 60.65 20.47 2.99 15.89 ZO 0334_pt2 0.00 57.58 21.60 4.69 16.13

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121

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122

FOTO 2 – 55X

LINESCAN

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123

FOTO 3 – 700X

Detalhe da área central da foto 2.

Weight Concentration %

O Al Si Ni Mo ZO 0334(2)_pt1 43.66S 38.08 2.04 2.89 13.32 ZO 0334(2)_pt2 43.84S 39.18 1.63 2.37 12.99 ZO 0334(2)_pt3 46.13S 29.24 12.97 2.13 9.54 ZO 0334(2)_pt4 45.87S 29.91 12.27 3.05 8.91

Compound Concentration %

Al2O3 SiO2 NiO MoO3 ZO 0334(2)_pt1 0.00 71.96 4.37 3.68 19.98 ZO 0334(2)_pt2 0.00 74.03 3.48 3.01 19.48 ZO 0334(2)_pt3 0.00 55.24 27.74 2.71 14.31 ZO 0334(2)_pt4 0.00 56.51 26.24 3.88 13.36

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124

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125

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126

AMOSTRA 3 NiMo/SiAl (ZO0333)

FOTO 1 – 50X

Weight Concentration % O Al Si Ni Mo

ZO 0333_pt1 46.34S 24.26 17.10 3.84 8.47 ZO 0333_pt2 45.65S 22.37 16.43 3.26 12.29

Compound Concentration %

Al2O3 SiO2 NiO MoO3 ZO 0333_pt1 0.00 45.83 36.58 4.89 12.70 ZO 0333_pt2 0.00 42.27 35.14 4.15 18.44

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127

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128

FOTO 2 – 50X LINESCAN

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129

AMOSTRA 4 Alumina-zeólita (RT05/036D)

FOTO 1 – 55X

Weight Concentration % O Al Si

RT 05-036D_pt1 48.83S 37.92 13.25 RT 05-036D_pt2 48.88S 37.47 13.65

Compound Concentration %

Al2O3 SiO2 RT 05-036D_pt1 0.00 71.65 28.35 RT 05-036D_pt2 0.00 70.79 29.21

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130

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131

FOTO 2 – 55X LINESCAN

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132

ANEXO III – Identificação de Produtos de Reação por CG-EM

Cromatograma Total de Íons – Produto de HCC da tetralina

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133

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134

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135

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136

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137

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138

ANEXO IV – TABELAS DE RESULTADOS DE AVALIAÇÃO CATALÍTICA

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Tabela IV.1 – Resultados de conversão em função das variáveis operacionais para o catalisador NiMo/Alu

TEST

E

Tem

pera

tura

Pres

são

Tota

l

Vazã

o de

C

arga

quid

a

Vazã

o de

H

idro

gêni

o

Teor

de

En

xofre

na

car

ga

Tem

po E

spac

ial

Con

vers

ão

Tetra

lina

(oC) (bar) (mL/h) (NmL/min) (mg/kg) (gtet/h.gcat) (%) AL-TM 290 40 13,50 600 500 2,7 14,36 AL-TN 330 40 13,55 600 500 2,7 27,47 AL-TE 290 40 13,50 600 1300 2,7 11,67 AL-TA 310 30 13,57 600 1300 2,7 13,94 AL-TG 310 30 13,80 600 1300 2,7 12,78 AL-TK' 310 30 13,80 600 1300 2,7 12,67 AL-TS 310 30 13,80 600 1300 2,7 11,87 AL-TD 310 40 13,80 600 1300 2,7 18,84 AL-TH 310 40 13,81 900 1300 2,7 18,32 AL-TI 310 40 21,07 600 1300 1,8 12,18 AL-TJ 310 40 9,20 600 1300 4,0 28,76 AL-TK 310 40 13,79 400 1300 2,7 17,95 AL-TL 310 40 13,77 600 1300 2,7 18,20 AL-TF 310 50 13,56 600 1300 2,7 25,20 AL-TS' 310 50 13,54 600 1300 2,7 24,03 AL-TB 330 30 14,07 600 1300 2,6 20,48 AL-TC 330 40 13,57 600 1300 2,7 27,71 AL-TO 290 40 13,65 600 2100 2,7 10,43 AL-TQ 310 30 13,54 600 2100 2,7 11,38 AL-TP 330 40 13,78 600 2100 2,7 22,87 AL-TR 330 40 13,78 600 2100 2,7 21,91

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140

Tabela IV.2 – Distribuição de produtos na conversão da tetralina para o catalisador NiMo/Alu

TEST

E

Con

vers

ão

Tetra

lina

Tota

l Aro

mat

icos

Arom

C

10,

sem

cr

aque

amen

to

(naf

teno

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mát

ico)

Arom

C

10,

com

cr

aque

amen

to

Arom

C

10,

com

cr

aque

amen

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Tota

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rog

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Hid

rog

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m

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Hid

rog

C10

co

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Hid

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10 c

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ento

Tota

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Com

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10C

Leve

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C6)

Raz

ão

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Raz

ão

mol

ar

Hid

roge

nado

s/Ar

omát

icos

(%) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) AL-TM 14,36 0,64 0,39 0,15 0,10 0,05 13,77 13,50 0,00 0,00 0,22 0,42 0,27 0,39 0,27 21,49 AL-TN 27,47 3,26 2,17 0,95 0,60 0,09 24,27 24,00 0,00 0,00 0,19 1,23 0,28 0,40 0,27 7,44 AL-TE 11,67 0,71 0,40 0,16 0,11 0,08 11,03 10,69 0,00 0,00 0,27 0,52 0,36 0,68 0,29 15,55 AL-TA 13,94 2,36 1,93 0,28 0,18 0,09 11,64 11,14 0,00 0,00 0,44 0,81 0,53 1,12 0,29 4,93 AL-TG 12,78 2,36 1,91 0,30 0,19 0,09 10,48 10,13 0,00 0,00 0,29 0,68 0,38 0,66 0,30 4,43 AL-TK' 12,67 2,35 1,90 0,30 0,19 0,09 10,38 10,04 0,00 0,00 0,28 0,67 0,37 0,67 0,30 4,42 AL-TS 11,87 2,31 1,89 0,29 0,18 0,08 9,61 9,43 0,00 0,00 0,12 0,48 0,19 0,87 0,27 4,16 AL-TD 18,84 1,55 1,01 0,38 0,25 0,09 17,36 16,85 0,00 0,00 0,44 0,91 0,53 1,11 0,28 11,20 AL-TH 18,32 1,50 0,96 0,38 0,23 0,10 16,88 16,45 0,00 0,00 0,38 0,85 0,47 1,29 0,28 11,28 AL-TI 12,18 1,58 1,15 0,26 0,17 0,10 10,67 10,23 0,01 0,00 0,35 0,72 0,45 0,79 0,30 6,75 AL-TJ 28,76 1,65 0,88 0,63 0,37 0,09 27,16 26,92 0,00 0,00 0,18 0,90 0,27 0,72 0,26 16,43 AL-TK 17,95 1,58 1,01 0,41 0,26 0,09 16,44 16,08 0,00 0,00 0,29 0,80 0,38 0,68 0,28 10,42 AL-TL 18,20 1,70 1,07 0,47 0,32 0,08 16,57 16,21 0,00 0,00 0,28 0,84 0,36 0,58 0,29 9,77 AL-TF 25,20 1,33 0,59 0,58 0,39 0,09 23,93 23,56 0,00 0,00 0,30 0,97 0,39 0,67 0,28 17,99 AL-TS' 24,03 1,30 0,59 0,56 0,37 0,08 22,79 22,65 0,00 0,00 0,07 0,71 0,15 0,81 0,28 17,56 AL-TB 20,48 5,21 4,34 0,69 0,45 0,12 15,33 14,79 0,00 0,00 0,46 1,27 0,58 1,06 0,28 2,94 AL-TC 27,71 3,40 2,24 0,98 0,63 0,12 24,37 23,81 0,00 0,00 0,47 1,57 0,59 1,10 0,27 7,18 AL-TO 10,43 0,70 0,40 0,17 0,12 0,06 9,80 9,54 0,00 0,00 0,19 0,42 0,24 1,18 0,30 13,94 AL-TQ 11,38 2,33 1,90 0,30 0,19 0,07 9,12 8,85 0,00 0,00 0,20 0,57 0,27 1,16 0,31 3,92 AL-TP 22,87 3,49 2,31 1,00 0,62 0,11 19,45 19,11 0,00 0,00 0,24 1,35 0,35 1,13 0,29 5,58 AL-TR 21,91 1,29 0,61 0,54 0,35 0,07 20,70 20,42 0,00 0,00 0,20 0,81 0,27 1,58 0,26 16,04

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141

Tabela IV.3 – Resultados de conversão em função das variáveis operacionais para o catalisador NiMo/SiAl

TEST

E

Tem

pera

tura

Pres

são

Tota

l

Vazã

o de

Car

ga

Líqu

ida

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o de

H

idro

gêni

o

Teor

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Enxo

fre

na c

arga

Tem

po E

spac

ial

Con

vers

ão

Tetra

lina

(oC) (bar) (mL/h) (NmL/min) (mg/kg) (gtet/h.gcat) (%) SIAL-TM 290 40 13,55 600 500 2,7 20,54 SIAL-TN 330 40 13,47 600 500 2,7 29,67 SIAL-TE 290 40 12,90 600 1300 2,9 16,00 SIAL-TA 310 30 13,55 600 1300 2,7 26,71 SIAL-TG 310 30 14,60 600 1300 2,5 18,00 SIAL-TS 310 30 13,49 600 1300 2,7 15,72 SIAL-TD 310 40 13,33 600 1300 2,8 27,80 SIAL-TH 310 40 13,50 900 1300 2,7 24,82 SIAL-TI 310 40 21,06 600 1300 1,8 15,68 SIAL-TJ 310 40 9,25 600 1300 4,0 41,02 SIAL-TK 310 40 13,30 600 1300 2,8 30,00 SIAL-TL 310 40 13,53 400 1300 2,7 25,99 SIAL-TF 310 50 13,33 600 1300 2,8 40,11 SIAL-TB 330 30 13,55 600 1300 2,7 27,15 SIAL-TC 330 40 13,53 600 1300 2,7 37,31 SIAL-TT 350 40 13,52 600 1300 2,7 23,23 SIAL-TO 290 40 13,33 600 2100 2,8 15,54 SIAL-TQ 310 30 13,53 600 2100 2,7 18,02 SIAL-TR 310 50 13,48 600 2100 2,7 31,45 SIAL-TP 330 40 13,56 600 2100 2,7 35,83 SIAL-TR' 330 50 13,48 600 2100 2,7 46,94

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142

Tabela IV.4 – Distribuição de produtos na conversão da tetralina para o catalisador NiMo/SiAl TE

STE

Con

vers

ão T

etra

lina

Tota

l Aro

mat

icos

Arom

C

10,

sem

cr

aque

amen

to

(naf

teno

-ar

omát

ico)

Arom

C

10,

com

cr

aque

amen

to

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C

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(%) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) SIAL-TM 20,54 3,84 0,36 3,03 0,54 0,45 16,70 14,60 0,77 0,73 1,24 5,48 1,68 0,66 0,66 4,34 SIAL-TN 29,67 6,84 1,11 4,88 1,00 0,85 22,84 18,84 2,23 1,88 1,56 9,51 2,40 0,98 0,57 3,34 SIAL-TE 16,00 3,44 0,38 2,47 0,43 0,58 12,57 11,49 0,56 0,25 0,40 4,01 0,98 0,96 0,77 3,66 SIAL-TA 26,71 6,33 1,59 4,08 0,88 0,66 20,21 18,15 1,46 1,03 0,44 6,64 1,10 0,81 0,57 3,19 SIAL-TG 18,00 5,63 2,00 2,95 0,70 0,69 12,36 10,38 1,23 0,95 0,65 5,51 1,33 1,09 0,67 2,21 SIAL-TS 15,72 5,21 1,96 2,75 0,69 0,50 10,51 8,55 1,22 0,92 0,63 5,10 1,13 1,23 0,73 2,02 SIAL-TD 27,80 7,13 1,11 4,82 0,99 1,20 20,67 17,89 1,70 0,81 0,74 8,47 1,94 1,25 0,58 2,90 SIAL-TH 24,82 4,30 1,06 2,32 0,87 0,92 20,52 17,75 1,92 1,59 0,60 5,75 1,51 1,52 0,60 4,78 SIAL-TI 15,68 4,35 1,18 2,65 0,59 0,49 11,36 9,60 1,11 0,90 0,52 4,78 1,01 1,24 0,81 2,61 SIAL-TJ 41,02 9,43 1,07 7,08 1,35 1,28 31,59 26,64 3,65 2,94 0,98 12,98 2,25 1,80 0,50 3,35 SIAL-TK 30,00 7,29 1,11 5,29 1,08 0,89 22,71 19,06 2,62 2,17 0,80 9,60 1,69 1,68 0,60 3,11 SIAL-TL 25,99 6,52 1,18 4,58 0,97 0,76 19,47 16,40 2,11 1,71 0,76 8,21 1,52 1,47 0,70 2,98 SIAL-TF 40,11 8,72 0,70 6,84 1,26 1,19 31,39 27,37 2,76 1,10 0,84 11,62 2,02 1,58 0,55 3,61 SIAL-TB 27,15 9,09 3,88 4,38 1,16 0,83 18,06 15,42 1,86 1,29 0,59 7,66 1,42 1,94 0,52 1,99 SIAL-TC 37,31 9,63 2,26 6,20 1,36 1,18 27,67 23,74 2,90 1,98 0,73 11,01 1,91 2,01 0,50 2,87 SIAL-TT 23,23 5,98 1,12 4,08 0,90 0,77 17,25 13,87 1,90 1,42 1,30 8,05 2,07 1,42 0,66 2,89 SIAL-TO 15,54 3,16 0,38 2,38 0,43 0,39 12,38 10,37 0,67 0,56 1,27 4,71 1,66 1,33 0,88 3,92 SIAL-TQ 18,02 5,55 1,90 3,06 0,77 0,58 12,47 9,32 1,50 1,16 1,54 6,68 2,12 1,75 0,72 2,25 SIAL-TR 31,45 7,12 0,74 5,43 1,06 0,94 24,33 19,76 2,71 2,22 1,64 10,72 2,58 1,96 0,65 3,42 SIAL-TP 35,83 10,21 2,53 6,36 1,60 1,32 25,62 18,74 4,12 3,07 2,45 14,25 3,77 2,80 0,54 2,51 SIAL-TR' 46,94 11,55 1,61 8,11 1,71 1,82 35,39 26,16 6,10 4,69 2,71 18,74 4,53 3,10 0,49 3,07

Page 152: A INFLUÊNCIA DA ACIDEZ DO SUPORTE DE … · indano formado nos centros ácidos da zeólita. Palavras-chave: acidez do suporte, hidrogenação da tetralina, catalisadores bifuncionais

143

Tabela IV.5 – Resultados de conversão em função das variáveis operacionais para o catalisador NiMo/AluZ

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(oC) (bar) (mL/h) (NmL/min) (mg/kg) (gtet/h.gcat) (%) ALZ-TM 290 40 13,55 600 500 2,7 25,72 ALZ-TN 330 40 14,11 600 500 2,6 84,33 ALZ-TE 290 40 12,26 600 1300 3,0 27,06 ALZ-TA 310 30 13,3 600 1300 2,8 44,99 ALZ-TG 310 30 13,07 600 1300 2,8 38,06 ALZ-TS 310 30 13,8 600 1300 2,7 36,54 ALZ-TD 310 40 13,6 600 1300 2,7 53,26 ALZ-TH 310 40 14,8 600 1300 2,5 48,62 ALZ-TI 310 40 21,1 600 1300 1,7 35,10 ALZ-TJ 310 40 9,23 600 1300 4,0 84,83 ALZ-TK 310 40 13,54 600 1300 2,7 58,79 ALZ-TL 310 40 13,5 400 1300 2,7 57,55 ALZ-TF 310 50 13,8 600 1300 2,7 63,90 ALZ-TB 330 30 13,55 600 1300 2,7 72,19 ALZ-TC 330 40 13,5 600 1300 2,7 89,16 ALZ-TO 290 40 13,1 600 2100 2,8 24,66 ALZ-TQ 310 30 13,57 600 2100 2,7 34,58 ALZ-TR 310 50 13,5 600 2100 2,7 57,42 ALZ-TP 330 40 12,9 600 2100 2,9 89,72

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144

Tabela IV.6 – Distribuição de produtos na conversão da tetralina para o catalisador NiMo/AluZ TE

STE

Con

vers

ão T

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Tota

l Aro

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<

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co

m

craq

ueam

ento

Tota

l Hid

roge

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rog

C10

se

m

craq

ueam

ento

(d

inaf

têni

co)

Hid

rog

C10

co

m

craq

ueam

ento

Hid

rog

C10

co

m

craq

ueam

ento

, ole

fina

Hid

rog

< C

10

com

cr

aque

amen

to

Tota

l ab

ertu

ra

cicl

o na

ftêni

co

Com

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os <

10C

Leve

s ( <

C6)

Raz

ão m

olar

ci

s/tra

ns-d

ecal

ina

Raz

ão

mol

ar

Hid

roge

nado

s/Ar

omát

icos

(%) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) (%mol) ALZ-TM 25,72 8,18 1,08 3,88 1,43 3,15 17,62 14,05 1,85 1,34 1,48 10,35 4,63 1,56 0,27 2,16 ALZ-TN 84,33 34,86 3,65 10,99 3,13 20,12 49,83 10,09 13,50 4,79 25,86 70,48 45,99 33,70 0,10 1,43 ALZ-TE 27,06 8,87 1,30 3,93 1,46 3,54 18,29 13,70 2,05 1,45 2,25 11,77 5,80 2,71 0,23 2,07 ALZ-TA 44,99 13,57 2,71 5,78 2,25 4,85 31,66 18,41 7,16 5,17 5,47 23,25 10,31 4,59 0,16 2,33 ALZ-TG 38,06 16,68 3,66 6,74 3,15 6,14 21,52 11,96 4,67 2,84 4,52 22,07 10,66 5,79 0,15 1,29 ALZ-TS 36,54 17,07 3,36 7,41 3,66 6,18 19,60 11,02 4,48 2,75 3,75 21,81 9,92 5,23 0,15 1,15 ALZ-TD 53,26 20,14 2,53 8,14 3,09 9,30 33,31 15,99 8,39 4,52 8,40 34,22 17,70 9,86 0,11 1,65 ALZ-TH 48,62 19,74 2,39 8,26 3,26 8,94 29,04 14,24 7,35 4,16 7,00 31,56 15,94 7,67 0,12 1,47 ALZ-TI 35,10 14,77 4,28 5,64 2,58 4,73 20,46 13,72 3,25 2,06 3,11 16,73 7,84 7,15 0,26 1,39 ALZ-TJ 84,83 30,95 1,74 9,10 2,31 20,07 54,28 10,21 14,34 4,77 29,43 72,94 49,49 36,94 0,08 1,76 ALZ-TK 58,79 23,47 2,62 9,32 3,24 11,36 35,52 15,51 9,90 5,13 9,59 40,17 20,95 10,47 0,11 1,51 ALZ-TL 57,55 22,42 2,76 9,06 3,26 10,40 35,34 16,89 9,49 5,06 8,39 37,33 18,78 9,49 0,11 1,58 ALZ-TF 63,90 22,68 1,91 8,92 2,82 11,68 41,43 19,10 11,68 5,97 10,02 42,29 21,70 10,97 0,10 1,83 ALZ-TB 72,19 28,56 4,83 10,25 3,68 13,08 44,14 10,38 14,72 7,77 18,30 56,36 31,38 21,50 0,12 1,55 ALZ-TC 89,16 35,26 2,95 9,12 2,37 23,14 54,43 7,51 12,00 3,80 34,64 78,90 57,78 45,09 0,09 1,55 ALZ-TO 24,66 8,92 1,10 4,04 1,61 3,70 15,82 11,86 1,99 1,44 1,72 11,46 5,43 2,73 0,20 1,78 ALZ-TQ 34,58 16,10 3,47 6,89 3,41 5,62 18,60 10,73 4,06 2,57 3,48 20,06 9,11 5,40 0,16 1,16 ALZ-TR 57,42 22,44 2,00 9,55 3,35 10,73 35,16 17,36 9,77 5,25 7,47 37,52 18,20 9,33 0,11 1,57 ALZ-TP 89,72 39,42 3,04 10,68 2,80 25,66 50,82 6,39 10,95 3,44 33,24 80,53 58,90 47,68 0,09 1,29