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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NA REINTERNAÇÃO HOSPITALAR DE PACIENTES DIABÉTICOS Grasielle Silveira Tavares Orientador: Prof. Dr. Juan Stuardo Yazlle Rocha RIBEIRÃO PRETO 2006

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NA REINTERNAÇÃO

HOSPITALAR DE PACIENTES DIABÉTICOS

Grasielle Silveira Tavares

Orientador: Prof. Dr. Juan Stuardo Yazlle Rocha

RIBEIRÃO PRETO

2006

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NA REINTERNAÇÃO

HOSPITALAR DE PACIENTES DIABÉTICOS

Grasielle Silveira Tavares

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de mestre em Ciências

Médicas Área de Concentração: Saúde na

Comunidade.

Orientador: Prof. Dr. Juan Stuardo Yazlle Rocha

RIBEIRÃO PRETO

2006

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FICHA CATALOGRÁFICA

TAVARES, Grasielle Silveira A influência do estilo de vida na re-internação hospitalar

de pacientes diabéticos. Ribeirão Preto, 2006. 141 p.; 30 cm Dissertação de mestrado, apresentada à Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto/USP-Área de concentração: Saúde na Comunidade.

Orientador: Rocha, Juan Stuardo Yazlle 1. Diabetes. 2. Estilo de vida. 3. Hospitalização. 4.

Terapia Ocupacional

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ...............................................................................................iii LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................iv RESUMO.................................................................................................................v SUMMARY..............................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1 CAPÍTULO I: DIABETES MELLITUS ..................................................................2 1.1 - CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO .....................................................2 1.2- ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS ....................................................5 1.3- O DIABETES MELLITUS TIPO 2 ......................................................7 1.4- HOSPITALIZAÇAO POR DIABETES MELLITUS..............................11 CAPÍTULO II: ESTILO DE VIDA .........................................................................17 2. OBJETIVOS........................................................................................................39 2.1 – GERAL ....................................................................................................40 2.2 – ESPECÍFICOS .........................................................................................40 3. PERCURSO METODOLÓGICO .........................................................................41 3.1- DELINEANDO O CAMPO DE PESQUISA E OS SUJEITOS.....................44 3.2- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO GRUPO DE ESTUDO............................46 3.3- ESTUDO PILOTO......................................................................................47 3.4- PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS......................................48 3.4.1- Instrumentos para coleta de dados ..................................................50 3.4.2- Trabalhando com os dados ..............................................................55 4. RESULTADOS....................................................................................................56 4.1- CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES DO GRUPO TESTE E

CONTROLE................................................................................................57 4.2- IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE DIFICULDADES NO DESEMPENHO

OCUPACIONAL..........................................................................................71 5- DISCUSSÃO.......................................................................................................74 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................98 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................103 8- ANEXOS.............................................................................................................117

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Caracterização das mulheres dos grupos Teste e Controle .....................52 Tabela 2 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle segundo o tempo de doença, tipo de descoberta, presença de co-morbidade e grau de percepção da doença e preocupação com a saúde.............................................54 Tabela 3 – Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle quanto ao estilo de vida e aspectos da vida cotidiana. .........................................................57 Tabela 3.1 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle quanto ao estilo de vida e aspectos da vida cotidiana ..............................................60 Tabela 4 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle quanto à hospitalização.........................................................................................................63 Tabela 5- Distribuição percentual das Áreas de Dificuldade Identificadas no Desempenho Ocupacional segundo mulheres dos grupos Teste e Controle, através da aplicação parcial da MCDO..................................................................................66

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LISTA DE ABREVIATURAS

MCDO ............. Medida Canadense de Desempenho Ocupacional

DM................... Diabetes Mellitus

SBD................. Sociedade Brasileira de Diabetes

IDDM ............... diabetes mellitus insulinodependente

NIDDM ............ diabetes mellitus não-insulino-dependente

IAM...................infartos agudos do miocárdio

AVC................. acidente vascular cerebral

HCFMRP ......... Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

DM1................. Diabetes Mellitus Tipo 1

DM2................. Diabetes Mellitus Tipo 2

SIH/SUS .......... Sistema de Informação Hospitalar

SUS ................. Sistema Único de Saúde

HUCFF-UFRJ.. Hospital Universitário Clementino Filho da Universidade Federal do

Rio de Janeiro

OMS ................ Organização Mundial da Saúde

SEEM .............. Serviço Especial de Endocrinologia e Metabologia

HC/UFMG........ Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais

IMC.................. índice de massa corporal

CPDH .............. Centro de Processamento de Dados Hospitalares

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RESUMO

O Diabetes Mellitus tipo 2, apresenta-se atualmente como um sério

problema de saúde pública, devido as suas causas, complicações e grande

incidência na população, afetando vários aspectos da vida das pessoas, provocando

rupturas com modo de vida anterior e necessitando de modificações nos hábitos

diários, sendo responsável por vários graus de incapacidade, o que leva a uma

modificação no estilo de vida e conseqüentemente elevação dos custos com o

tratamento, pois as reinternações tornam-se freqüentes, trazendo ônus para o

Sistema de Saúde, para o paciente e sua família. Esta pesquisa objetiva investigar a

influência do estilo de vida na reinternação hospitalar de mulheres com diabetes tipo

2. A população estudada foi composta por 50 mulheres, com faixa etária entre 45 e

65 anos, as quais foram divididas em dois grupos: Grupo Teste (composto por

mulheres com duas ou mais hospitalizações entre janeiro de 2002 a dezembro de

2004) e Grupo Controle (composto por mulheres com apenas uma internação no

período de estudo citado acima). Para a escolha da amostra levou-se em

consideração o critério de inclusão, o qual estabelece que as mulheres dos dois

grupos são assistidas pelo Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A coleta de dados foi realizada no

período de 22 de agosto a 19 de setembro de 2005, através da aplicação do

questionário elaborado pela pesquisadora e utilização parcial da Medida Canadense

de Desempenho Ocupacional - MCDO. Os instrumentos utilizados mostraram-se

capazes de atender os objetivos do presente trabalho. Os resultados obtidos indicam

que embora algumas mulheres do grupo controle apresentem dificuldades na

realização e participação nas atividades cotidianas, no trabalho, na realização de

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dieta e atividade física, problemas nas relações sociais, tarefas domésticas,

passeios/viagens, a grande maioria continua desempenhando suas tarefas,

mostrando a importância que as atividades cotidianas têm em sua vida, sendo

capazes de apresentar um estilo de vida mais saudável. Porém, as mulheres do

grupo teste mostraram que as dificuldades citadas estão fortemente acentuadas e

muitas convivem com a total ausência de atividades e vida social, mostrando-se

insatisfeitas com a vida que levam, a qual não apresenta desafios, interesses e

vontades. A forma de lidar com a doença, sua adaptação em relação a ela, as

limitações físicas e emocionais trazidas pelas complicações são fatores relevantes

que evidenciam a possibilidade de haver uma correlação entre as reinternações

hospitalares das mulheres do grupo teste e o estilo de vida por elas adotado.

Considerando-se que as atividades (trabalho, lazer, autocuidado, sociais, culturais e

familiares) preenchem as necessidades humanas básicas, é extremamente

importantes estudos que compreendam estes aspectos referentes ao estilo de vida,

para ampliar os conhecimentos em relação ao diabetes e propor estratégias eficazes

de intervenção. O Terapeuta Ocupacional junto à equipe multidisciplinar pode

contribuir para o resgate das capacidades e habilidades perdidas de pacientes

diabéticos, através da realização de atividades que possibilitem uma postura mais

ativa frente à vida.

Palavras-Chave: Diabetes; estilo de vida; hospitalização; Terapia

Ocupacional

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ABSTRACT

Diabetes tipo 2 has been considered lately as a serious health public problem

due to its causes, complications and its great population incidence. The disease

affects various aspects of people’s life, demanding changes in daily habits which may

cause an increase in the treatment costs. The treatment costs also increases due to

the several hospitalizations that becomes frequent, which leads to a burden to the

Healthcare System, to the patient and his or her family. This research paper aims to

investigate the influence in the way of life that the hospital internments may bring to

women diagnosed with diabetes tipo 2 .The population gathered in this research was

composed by 50 women, in the age group of 45 to 65. The population was divided in

two main groups: Group Test (composed by women with two or more hospitalizations

between the months of January and December, 2004) and Group Control (composed

by women featuring only one hospitalization in the time frame specified previously. In

order to gather the sample, it was taken in consideration the inclusion/admission

criteria established by the Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão. The data used in this study was gathered

between August, 22nd and September 19th of the 2005 year. Questionnaire was the

method adopted, which was prepared by the researcher following the use partial

Medida Canadense de Desempenho Ocupacional – MCDO. The method applied in

the research matter proved to be efficient in reaching the goals of the present work.

The results attained illustrate that although some women pertaining to group control

exhibit difficulties in the everyday activities, such as in executing the prescribed diet,

physical pursuits, social relations, in doing chores, traveling, and so on, the majority

continues to perform the regular activities they were used to, which shows the

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importance of everyday activities in one’s life. However, the women under group test

presented that the difficulties once described above are strongly accentuated in their

lives. Many of them encounter themselves with a total lack of social life, which leads

them to a dissatisfaction towards life, with no challenges, interests or desires. All

those factors can be attributed to a myriad of causes such as the way the disease is

handled, the patient’s adaptation to it, physical and emotional limitations carried with

the complications that significantly contribute for the several hospitalization of women

under the group test. Considering that the activities (work, leisure, self-care, social,

cultural and family) supply the basic human needs, it is extremely important that

research studies comprise aspects regarding the patient’s way of life in order to

broaden the knowledge of diabetes and to present efficient intervention strategies as

well. Subsequently, Occupational Therapy can contribute in rescuing the capacities

and abilities that modify one’s everyday activities, enlarging the chances of diabetic

patients to acquire better health habits and prevent frequent hospitalizations as well.

Keywords: Diabetes, lifestyle, hospitalization, Occupational Therapy

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1 - INTRODUÇÃO

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 2

CAPÍTULO I: DIABETES MELLITUS

1.1- CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) vem sendo reconhecido como um sério problema

de saúde em praticamente todos os países, independentemente do grau de

desenvolvimento sócio-econômico da população. Considerado como doença

crônico-degenerativa, é comumente associado a graves alterações endócrinas, que

variam de acordo com o tipo de diabetes e tem como efeito principal à elevação da

concentração plasmática de glicose (FORJAZ et al., 1998).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2000, p.4), o DM

é conceituado como:

[...] uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou

da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos.

Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo

dos carboidratos, lipídios e proteínas. As conseqüências do DM a longo

prazo incluem danos, disfunção e falência de vários órgãos, especialmente

rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Com freqüência os

sintomas clássicos (perda inexplicada de peso, polidipsia e poliúria) estão

ausentes, porém poderá existir hiperglicemia de grau suficiente para causar

alterações funcionais ou patológicas por um longo período antes que o

diagnóstico seja estabelecido. Antes do surgimento de hiperglicemia

mantida, acompanhada do quadro clínico clássico do DM, a síndrome

diabética passa por um estágio de distúrbio do metabolismo da glicose,

caracterizado por valores glicêmicos situados entre a normalidade e a

faixa diabética.

Forjaz et al., (1998) destacam, em seus estudos, basicamente dois tipos

mais comuns: o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2.

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Chacra (2001), de acordo com as normas da SBD, relata que a nova

classificação dos tipos baseia-se na etiologia do DM, onde são eliminados os termos

“diabetes mellitus insulinodependente” (IDDM) e “não-insulino-dependente” (NIDDM)

e esclarece que:

1) O DM tipo 1 resulta primariamente da destruição das células beta

pancreáticas, apresentando tendência a cetoacidose. Inclui casos decorrentes de

doença auto-imune e aqueles nos quais a causa da destruição das células beta não

é conhecida;

2) O DM tipo 2 resulta, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina

pelas células que pode preceder o início de quadro clínico e deficiência relativa de

secreção de insulina pelo pâncreas, que se acentua com o decorrer dos anos de

evolução da doença.

3) A presença do diabetes gestacional e “outros tipos”, são menos

freqüentes na população.

Segundo Oliveira (2000), o diabetes do tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais

prevalente que do tipo 1, em nosso meio esses dados demonstram que também o

diabetes do tipo 2 causa grande impacto no cenário de morbimortalidade,

justificando a escolha para o estudo no presente trabalho.

Basicamente, o objetivo do tratamento do paciente diabético é obter o

controle glicêmico e também o controle do perfil lipídico e da pressão arterial

(RABELO et al., 1996).

Foss et al. (1989), em um estudo na região de Ribeirão Preto, com pacientes

diabéticos tipo 2, constatou que a prevalência de complicações crônicas tendeu a

ser sempre maior com o pior controle metabólico e o aumento na prevalência das

complicações microvasculares também foi progressivo com a duração do diabetes.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 4

Tais dados sugerem a importância de manter o controle glicêmico para evitar

complicações e manter uma boa qualidade de vida.

As complicações do DM podem ser consideradas agudas e crônicas e

geram um alto custo financeiros para a sociedade, estas ainda afetam a qualidade

vida da pessoa diabética.

No Brasil, entre as complicações mais freqüentes decorrentes do DM,

encontram-se o infarto agudo do miocárdio (IAM), o acidente vascular cerebral

(AVC), a insuficiência renal crônica, as amputações de pernas e pés, a cegueira

definitiva, os abortos e as mortes perinatais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001), e

incidem também no sistema musculoesquelético. Várias condições reumáticas são

mais prevalentes ou mais causadas devido às conseqüências do DM. Quando o seu

controle é pobre, altos níveis de complicações podem surgir.

Hernandez et al. (2000), em seus estudos realizados através da seção de

estatística da Direção Municipal de Saúde de Cerro no México, encontraram uma

associação do DM com vários tipos de patologias. Em primeiro lugar, observaram a

associação do DM com a hipertensão arterial (35,2%), seguida do sobrepeso

corporal (31,1%), cardiopatia isquêmica (19,4%), infarto do miocárdio (4,3%),

acidentes vasculares cerebrais (3,2%), úlceras nos pés (3,2%), amputações (2,1%),

cegueira (1,6%) e insuficiência renal crônica (1,5%).

Segundo Chacra e Lerário (1998) os fatores de risco relacionados aos

aspectos da nutrição, obesidade, sedentarismo, suscetibilidade genética e estresse

entre outros, são capazes de desencadear deficiência metabólica. Deste modo, fica

evidente a influência do estilo de vida adotado pela pessoa na colaboração com a

história natural da doença.

O diabetes necessita de controle diário e consciência do paciente em

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 5

relação ao seu diagnóstico, tendo o mesmo que compreender sua responsabilidade

no tratamento, pois mantendo os cuidados adequados, evita-se a hospitalização e

apresentação de complicações, sendo que esta doença bem controlada possibilita

ao sujeito um cotidiano normal e sem sofrimentos para ele e sua família.

1.2- ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

A prevalência do DM está crescendo no mundo, tanto nos países

desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Somente nos Estados Unidos

estima-se que 16 milhões de indivíduos possuem essa patologia, embora se

estabeleça um diagnóstico clínico em apenas metade desses casos (COLBERG &

SWAIN, 2000).

O DM afeta aproximadamente 130 milhões de pessoas em todo o mundo e

estima-se que esta cifra chegará ao redor de 300 milhões no ano de 2025. Este

aumento incidirá nos países latino americanos, sendo que 80% dos anos de vida

que se perdem no mundo por incapacidades causadas pelo DM correspondem aos

países em desenvolvimento (GAGLIARDINO, 2001).

Já no Brasil, estima-se a prevalência em 7,6%, assim cerca de 5 milhões de

pessoas seriam portadoras de diabetes, das quais metade desconhece o

diagnóstico (LERÁRIO, 1998) e em 2025, as projeções indicam que atingirá

11milhões (KING et al., 1998). Na cidade de São Paulo esse percentual é de 9,68%

(RABELO, 1998).

Muitos fatores estão subjacentes ao crescente ônus que o diabetes está

representando para os sistemas de saúde, particularmente o aumento das taxas de

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 6

obesidade e sedentarismo, bem como o envelhecimento populacional.

Em Ribeirão Preto, município localizado no estado de São Paulo, na

população urbana com idade entre 30 e 69 anos, a prevalência de diabetes em 1997

foi estimada em 12,2%, sendo que 25% dessa população desconheciam o

diagnóstico (TORQUATO et al., 2001).

Além da alta incidência e prevalência do diabetes na população em geral,

verifica-se que houve um aumento contínuo do diabetes como causa de óbito no

Brasil, nos períodos de 1980 a 1994, como também, um aumento na mortalidade por

diabetes em relação ao total de óbitos nas principais capitais brasileiras no período

de 1950 a 1994 (BARRETO & CARMO, 1998; LESSA, 1992).

Assim, o diabetes quando mal controlado, pode representar uma pesada

carga econômica para o indivíduo e para a sociedade. Dependendo do país, o DM

pode alcançar entre 5 a 14% dos gastos com a saúde (HERNANDEZ et al., 2000).

De acordo com Chacra (2001), podemos observar o impacto causado pelo

DM na sociedade, a partir da análise da pesquisa da Sociedade Brasileira de

Diabetes baseada em dados do Ministério da Saúde, além de levantamentos

regionais, onde são destacados alguns aspectos:

• O DM é a sexta causa mais freqüente de internação hospitalar,

contribuindo de forma significativa (30% a 50%) para outras causas como

cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e

hipertensão arterial;

• 30% dos pacientes internados com dor precordial em Unidades

Coronarianas Intensivas são diabéticos;

• DM é a principal causa de amputações de membros inferiores e cegueira

adquirida;

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 7

• Cerca de 26 % dos pacientes em programas de diálise são diabéticos.

No diabetes do tipo 2, o início da doença geralmente é insidioso, podendo

permanecer sem detecção por considerável período de tempo. No entanto, sabe-se

que o distanciamento de comportamentos preventivos às doenças crônicas e à

adoção de um estilo de vida negativo estão presentes, principalmente em

sociedades industrializadas, que vêm experimentando, nas últimas décadas,

elevações significativas dos índices de morbidade.

1.3- O DIABETES MELLITUS TIPO 2

O diabetes tipo 2 é o tipo mais prevalente na população, envolvendo cerca

de 90% das pessoas, e vem da associação de forte predisposição genética e familiar

com o estilo de vida e os fatores ambientais da pessoa. A eclosão clínica é muito

comum entre aqueles que apresentam em suas famílias parentes diretos portadores

de diabetes (pais, tios, avós, irmãos) e que vivem em ambiente favorecedor da

obesidade e do estresse (OLIVEIRA apud OLIVEIRA & MILECH, 2004).

Gagliardino (2001) analisou uma amostra de uma população e encontraram

diferenças entre o DM1 e DM2, quanto à faixa etária, sendo que no tipo1 era

predominante à idade entre 16-35 anos e para tipo 2 estavam entre 36-45 anos,

cabendo ressaltar que em geral as pessoas com DM1 tinham um melhor controle

metabólico do que as com DM2. O mesmo autor citado acima relata que existem

evidências de que as alterações no estilo de vida, com ênfase na alimentação e na

prática de atividades físicas estão associadas com o acentuado aumento na

prevalência do diabetes tipo 2. Os programas de prevenção primária do diabetes do

tipo 2 têm se baseado em intervenções na dieta e na prática de atividades físicas,

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 8

visando combater ao excesso de peso. Os resultados do Diabetes Prevention

Program demonstraram uma redução de 58% na incidência de casos de diabetes

através do estímulo à dieta saudável e à prática de atividades físicas, sendo essa

medida mais efetiva do que o uso da metformina. Em um estudo longitudinal,

envolvendo o seguimento por 16 anos de 84.941 enfermeiras, o controle de fatores

de risco modificáveis, como consumo alimentar habitual, atividade física, tabagismo

e excesso de peso, foi associado a uma redução de 91% na incidência de diabetes,

redução que foi de 88% nos casos com história familiar (FRANCO1 2004 apud

OLIVEIRA & MILECH, 2004). No Finnish Diabetes Prevention Study foi mostrado

que uma redução do peso em torno de 3 a 4kg em quatro anos, reduziu a incidência

do diabetes também em 58% (THUOMILETHO et al. 2 2001 apud FRANCO, 2004).

Para que os programas de prevenção apresentem maior efetividade no

controle do DM tipo 2, é necessário que a pessoa diabética seja vista pelos

profissionais de uma maneira integral, levando-se em consideração como se sente,

o que pensa e como interpreta a sua doença (SANTOS, 1999). Martinez (1992) em

um estudo qualitativo realizado no México encontrou que vários profissionais da

saúde estudados não se referiam aos pacientes diabéticos como pessoas, mas

olhavam apenas para a enfermidade e os aspectos biológicos do diabetes.

No presente estudo a amostra é composta exclusivamente por mulheres,

pois as mesmas apresentam uma maior prevalência em relação ao número de

hospitalizações no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto-HCFMRP. As bibliografias encontradas a respeito do papel feminino em

1 FRANCO, L.J. Um Problema de Saúde Pública- Epidemiologia. In: OLIVEIRA, J.E.P.; MILECH, A. Diabetes Mellitus: Clínica, Diagnóstico, tratamento multidisciplinar. São Paulo: Atheneu, 2004. Cap.3, p.19-32. 2 THOUMILEHTO, J.; LINDSTROM, J.; ERIKSSON, J.G.; et al. Prevention of diabetes mellitus by changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance. N. Engl. J. Med., v.344, p.1343-1350, 2001.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 9

relação ao cuidado com a saúde, ressaltam que em relação à assistência à mulher,

parece ser um conceito bastante simples, considerar a mulher de forma integral no

seu espaço físico, social e emocional, mas está longe de ser prática corriqueira

prestar atenção e valorizar o que as mulheres pensam, sentem e os aspectos

culturais envolvidos no processo saúde/doença (PINOTTI et al., 1988, p.22). Nesse

sentido, alguns avanços são primordiais:

“O primeiro avanço é conseguir que, pelo menos nos aspectos biomédicos,

se pense na mulher inteira e não em órgãos separados [...]. O passo

seguinte é lembrar que encontrar resposta as suas angústias, que

reconhecer as suas emoções, pode ser tanto ou mais importante para seu

conforto e para a sua saúde que o mais preciso diagnóstico biomédico”

(Pinotti et al., 1988, p.22).

Tradicionalmente, as mulheres, mais do que os homens têm sido vistas

como pessoas passivas e incapazes de tomar decisões e de se responsabilizar pela

própria saúde e cuidado, assim muitas vezes são tratadas como pessoas que

precisam obedecer e aceitar as informações e indicações de alguém que decide “o

que é bom para elas”. Neste modelo de relacionamento, não há lugar para pensar e

considerar o saber popular, não há espaço para a escuta, a troca, o diálogo, a

reflexão e os conhecimentos são transmitidos de forma vertical, ou seja, de cima

para baixo (XAVIER et al., 1989).

Muitas vezes a qualidade dos serviços de saúde é deficiente sendo comum

as mulheres serem discriminadas e desrespeitadas em suas necessidades e valores

culturais, desconsiderando-se seus desejos e sentimentos (MANDÚ & SILVA, 1997).

Refletindo sobre a mulher diabética é de extrema importância compreender

que normalmente, no âmbito familiar, é a mulher (dona-de-casa), a pessoa que mais

entende sobre as questões relativas à saúde e à doença; é ela quem avalia suas

próprias condições de saúde e a de seus familiares, como também, é ela quem toma

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 10

a decisão de procurar soluções dentro ou fora da medicina oficial, tanto para si como

para seus familiares (QUEIROZ, 1993). Ainda mais, é a mulher que geralmente

manipula os medicamentos, é a responsável pelo preparo e pela indicação de chás,

enfim, é a pessoa mais procurada quando alguém da família está doente

(OLIVEIRA, 1998). A mulher exerce um importante papel no cuidado de sua saúde e

na de seus familiares.

Lopez-Carmona et al. (2003), em seu estudo aplicaram um instrumento para

medir o estilo de vida de pacientes com DM2 e observaram que as mulheres

mantêm um domínio maior sobre a questão nutricional, podendo estar associado a

uma maior assistência delas nas unidades de atenção médica e por outro lado

considera-se a questão delas prepararem os alimentos, na qual permite decidirem

sobre o cardápio com mais facilidade do que os homens. Entretanto outros autores

acreditam que este último fator citado também pode interferir na dificuldade em

seguir a dieta no tratamento prescrito. O fato das mulheres buscarem mais

assistência médica oferece possibilidades de obtenção de maiores informações a

respeito do diabetes. Já no domínio das emoções os homens apresentam maior

controle emocional, sendo as mulheres mais suscetíveis ao estresse.

Witt3 (1996 Apud PÉRES, 2004) ressalta alguns fatores que contribuem para

o estresse ocasionado no dia-a-dia das mulheres, citando a sobrecarga de trabalho

ao conciliarem múltiplas tarefas e a jornada de trabalho, sendo as tarefas

domésticas freqüentemente determinadas pelos horários de trabalho do marido e

dos filhos. Para as mulheres com DM tipo 2 manterem os níveis glicêmicos nos

valores normais envolve um árduo empenho e uma busca pelo controle da doença

sem interrupção, sendo as mesmas sujeito-alvo de intervenções no estilo de vida.

3 WITT, R.R. Gênero e diabetes: implicações para o autocuidado. In: LOPES, M.J.M. et al. (Org). Gênero e saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. Cap.10, p.150-156.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 11

1.4- HOSPITALIZAÇAO POR DIABETES MELLITUS

Segundo a Secretaria de Políticas Públicas do Ministério da Saúde

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001), o número de internações por DM registrados no

Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS), no ano de 2000, foi elevado, tendo

sido gasto acima de R$ 39 milhões com hospitalizações no Sistema Único de Saúde

(SUS). Esses custos estão relacionados à alta taxa de permanência hospitalar do

diabético e também à severidade das complicações que, muitas vezes, requerem

procedimentos complexos e onerosos, sendo que esta clientela poderia evitar estas

hospitalizações através de modificações no cuidado com sua saúde.

Para se avaliar o ônus para o sistema de saúde representado pelas

hospitalizações por diabetes, a validade das informações derivadas de boletins de

alta hospitalar tem sido questionada. Considerando-se todas as internações de

pessoas com diabetes, estima-se que em torno de 40% desses pacientes não

possuem menção ao diabetes no boletim de alta hospitalar (AUBERT, 1995).

Segundo dados da literatura, indivíduos com diabetes apresentam maiores

taxas de hospitalizações quando comparados com os que não tem diabetes, além

disso, a duração da hospitalização tende a ser mais prolongada para um mesmo

problema de saúde. Tem-se observado no Brasil um crescente número nas

hospitalizações por diabetes, em proporções superiores às hospitalizações por todas

as causas, o que de certa forma reflete o aumento em sua prevalência. Um registro

existente na região de Ribeirão Preto-SP, abrangendo 27 municípios, que computam

as hospitalizações tanto da rede pública como da privada, demonstra parte da

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 12

dimensão que o problema esta adquirindo. Nos anos de 1988 a 1997, pode-se notar

que, para um aumento de 20,6% da população, ocorreu um aumento de 14,3% nas

hospitalizações por todas as causas e de 53,9% nas hospitalizações com menção

de diabetes (FRANCO & ROCHA, 2002).

Oliveira (2004 apud Oliveira e Milech, 2004), relata que no Hospital

Universitário Clementino Filho-HUCFF-UFRJ, o portador de diabetes apresenta o

custo, baseado em alta hospitalar, mais elevado entre as internações não-cirúrgicas;

as complicações crônicas e infecciosas justificam esse achado, com procedimentos

propedêuticos e terapêuticos com a participação de vários especialistas e,

finalmente com maior tempo de permanência hospitalar. Franco (2004 apud Oliveira

e Milech, 2004) diz que o demonstrativo de gastos com internações por doenças não

transmissíveis da rede contratada do INSS (excluindo-se as obstétricas) apontou o

diabetes em terceiro lugar, antecedida pelas enfermidades cardiovasculares e do

câncer, com o custo hospitalar-dia mais elevado que as demais. Portanto, em nossa

população, a síndrome diabetes mellitus promove repercussões importantes não

apenas na área da saúde, em razão de sua incidência e prevalência elevadas, mas

também pelo fato de vir quase sempre acompanhada de complicações múltiplas,

que irão causar grande impacto nas áreas social e econômica.

Segundo Pinho (2000), apesar da grande participação dos pacientes nas

atividades propostas por um programa de educação em diabetes no município de

Goiânia- GO, as internações e complicações continuavam a ocorrer com muita

freqüência. No entanto a assistência médica oferecida às pessoas com diabetes

necessita ser regular para evitar um maior número de hospitalizações e

procedimentos especiais.

Pereira (2000) cita que vários são os estímulos que concorrem para

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 13

aumentar a incidência de doenças crônicas como: a industrialização, a urbanização

da população, a poluição ambiental, as condições de trabalho, as preocupações, a

dieta, o desemprego e o estilo de vida.

Como observado na literatura, os pacientes acometidos por doenças

crônicas acabam sendo sujeitos a reinternações, os autores Williams e Fitton4 (1988

apud GALIZZI, 1997,) descrevem sete possíveis razões principais para as

reinternações: 1)recaídas da condição clínica original, 2)surgimento de novo

problema clínico, 3)dificuldades na assistência domiciliar, 4)complicações da doença

original, 5)necessidades de cuidados terminais, 6)problemas com medicamentos,

7)problemas com serviço de apoio, de assistência primária.

Estas reinternações são definidas como “Revolving door”, que segundo

Morgado e Lima5 (1994 apud SANTOS, 2003,), é o melhor indicador da assistência

na comunidade - indicador direto da assistência hospitalar, mas que por via indireta

ele diz muito sobre o funcionamento dos serviços na comunidade.

Nos países desenvolvidos, o “Revolving door” denomina quatro ou mais

admissões em menos de dois anos e meio (RABINOWIT et al. 6 1995 apud GALIZZI,

1997). Os pacientes com duas internações em um mesmo ano, ou três vezes em

cinco anos consecutivos, são referidos também como “multiadimitidos”.

Baisden et al. (2003) descrevem em seu artigo que os pacientes que

apresentam readmissão são aqueles que permanecem mais tempo hospitalizados e

associam o revolving door às complicações da doença original.

Rodriguez et al. (2002) ressaltam a questão da reinternação como medida

4 WILLIAMS, E.I.; FITTON, F. Factors affecting early unplanned readmission of elderly patients to hospital, B. M. J., v.297, n.6651, p.784-787, sep., 1988. 5 MORGADO, A.; LIMA, L.A. Desinstitucionalização: suas bases e a experiência internacional. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v.34, n.1, p.19-28, 1994. 6 RABINOWITZ, J.; MARK, M.; POPPER, M.; SLYUZBERG, M.; MUNITZ, H. Predicting revolving-door patients in a 9 year national sample. Soc. Psych. Epidemiol. v.30, n.2, p.65-72, 1995.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 14

de qualidade assistencial. Smith et al. (2000), em seu estudo concluiram que o risco

de rehospitalização é maior em pacientes que já tiveram várias internações em sua

história. Os autores Ashton et al. (1995), verificaram em sua pesquisa que a

readmissão está associada com a deficiência terapêutica no processo de cuidado do

paciente.

Weinberger et al. (1996) citam em seu artigo, o alto custo de tratamento

exigido pela doença crônica e as condições sócio-econômicas da maioria destes

pacientes, concluindo assim como os autores Williams et al. (1994), que as

intervenções domiciliares após a alta contribuem para a redução da incidência de

reinternações.

Observa-se, portanto que as pesquisas realizadas pelos autores

encontrados na bibliografia, estão de acordo com as sete possíveis razões citadas

anteriormente por Williams e Fitton7 (1988 apud GALIZZI, 1997).

Egea et al. (1998) investigaram em seu estudo as 10 primeiras causas de

hospitalização de pacientes maiores de 12 anos, no Hospital de Pérez, Caracas no

período de 1992-1997 e encontraram dentre estas causas o diabetes mellitus tipo 2

descompensada.

Oliveira (2002), analisou em sua pesquisa os fatores de risco relacionados à

incidência de cardiopatia e outras complicações associadas ao diabetes, e verificou

que a presença de cardiopatia e outras complicações associadas ao diabetes

mostram a necessidade da adoção de um tratamento mais rigoroso para prevenir a

mortalidade precoce e maiores gastos hospitalares e observou que a probabilidade

de desenvolver cardiopatia é três vezes maior entre os pacientes do tipo 2 e o gasto

7 WILLIAMS, E.I.; FITTON, F. Factors affecting early unplanned readmission of elderly patients to hospital, B. M. J., v.297, n.6651, p.784-787, sep., 1988.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 15

com medicamentos aumenta com a duração do diabetes, sendo que os pacientes

com DM 2 apresentam maiores gastos com a internação e são mais velhos.

Outro estudo encontrado avalia a qualidade da atenção ao diabético em

Cuba, no nível secundário e concluem que os principais motivos de ingresso

hospitalar foram: complicações cardiovasculares, complicações nos membros

inferiores, infecções e diabetes mellitus descompensada, ressaltando a necessidade

de melhora da atenção secundária oferecida a esta clientela (PADILLA et al., 1992).

Durante o ano de (1980-1981) os autores Waitman et al. (1985) realizaram

uma revisão das histórias clínicas dos pacientes diabéticos do Hospital de Córdoba

na Argentina e observaram que 83% eram internados por complicações crônicas,

tendo em média um período de hospitalização de 22 dias e conseqüentemente um

alto custo hospitalar para o sistema de saúde, ressaltando a necessidade de

maiores cuidados com a doença, a fim de diminuir significativamente a porcentagem

de hospitalização e o custo da mesma.

Oliveira (2002), realizou uma pesquisa com 264 pacientes diabéticos

cardiopatas e não cardiopatas atendidos pelos ambulatórios do Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e observou que a

probabilidade de desenvolver cardiopatia é três vezes maior entre os pacientes com

diabetes do tipo 2 e o gasto com medicamentos aumenta com a duração da doença,

sendo que os pacientes com DM 2 apresentam maiores gastos com internação e

são mais velhos.

A educação do indivíduo com DM e de sua família, bem como a orientação

aos profissionais que acompanham pacientes diabéticos é essencial para o bom

controle da doença e auxilia na tentativa de evitar suas complicações crônicas. Isso

reforça a necessidade de uma equipe multidisciplinar. Silveira et al. (2001)

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 16

recomendam a implantação de algumas medidas que objetivam minimizar as

complicações crônicas e reduzir a freqüência de hospitalizações:

1. Educação do paciente e familiares quanto ao reconhecimento dos sinais

e sintomas de hiper e hipoglicemia, conhecimento das complicações crônicas do

DM, conhecimento de testes para monitorização de glicemia e de quando usá-los,

cuidados com a aplicação de insulinas e com uso de seringas, necessidades de

consultas e exames periódicos e utilização de alimentação adequada;

2. Assistência de uma equipe multidisciplinar,

3. Política de saúde voltada para educação das populações mais carentes,

visando à identificação dos sinais mais precoces de DM, com o fornecimento de

insulina e antidiabéticos orais de forma mais regular, disponibilidade de equipe

multidisciplinar nos serviços públicos de saúde e programas voltados para

prevenção das complicações crônicas.

O sucesso no tratamento em prevenir as complicações crônicas raramente é

alcançado, logo a prevenção do desenvolvimento do Diabetes assume grande

importância.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 17

CAPÍTULO II: ESTILO DE VIDA

Sabe-se que a idade, raça, sexo e herança genética são fatores preditores

do desenvolvimento do DM, porém, por enquanto, nada pode ser feito para

minimizar esses efeitos, ao passo que nos outros elementos do campo da saúde é

possível a intervenção a favor da prevenção ou controle do DM (BLACK, 2002).

Com o processo acelerado de industrialização e urbanização, as mudanças

no estilo de vida e nos hábitos ocasionaram redução na atividade física que,

juntamente com as modificações na alimentação, favoreceu o crescimento da

obesidade. Esses fatores, associados ao estresse da adaptação nos grandes

centros urbanos, fomentaram a eclosão do diabetes entre as pessoas

geneticamente predispostas, e cabe ressaltar, que há atualmente evidência que o

diabetes tipo 2, pode ser prevenido com modificações do estilo de vida, ou com o

uso associado de medicamentos (OLIVEIRA apud OLIVEIRA & MILECH, 2004).

Um modelo explicativo desenvolvido no início de 1970 (LALONDE, 1974) é,

ainda hoje, adequado para aplicação na análise das questões que envolvem as

doenças crônicas. O Modelo do Campo de Saúde é descrito por Lessa (1999) e

contempla quatro elementos que determinam, em função das interações de seus

fatores, a ocorrência e o prognóstico das doenças crônicas: estilo de vida, biologia

humana, ambiente e a organização do sistema de atenção à saúde.

Tendo como pressuposto que o indivíduo controla hábitos e atitudes que

prejudicam sua saúde, o modelo define os fatores próprios de análise do elemento

estilo de vida, incluindo os hábitos e comportamentos, como as preferências

dietéticas, aporte calórico, consumo de tabaco e álcool, uso de medicações,

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 18

inatividade física, lazer sedentário e não adoção de tratamentos ou medidas

preventivas.

O conceito de estilo de vida é complexo e tem evoluído ao longo da história

da ciência epidemiológica, a qual busca o entendimento da influência dos elementos

ambientais, biológicos e de relações individuais e institucionais, às quais são sujeitas

as coletividades (MODENEZE, 2004).

Nahas (2001) evidencia a importância da adoção de comportamentos

saudáveis em busca de uma saúde positiva, contrastando com a manutenção de

comportamentos de risco que podem ser relacionados ao aumento dos índices de

morbidade e de mortalidade. Ainda segundo esse autor, estilo de vida é “o

conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades

na vida das pessoas, onde devem ser valorizados elementos concorrentes ao bem-

estar pessoal como o controle do estresse, a nutrição equilibrada, a atividade física

regular, os cuidados preventivos com a saúde e o cultivo de relacionamentos

sociais” (NAHAS, 2001, p. 147).

A OMS propõe a seguinte definição: “Os estilos de vida são padrões de

conduta que têm sido escolhidos das alternativas disponíveis para cada um, de

acordo com a sua capacidade para eleger as circunstâncias socioculturais (LOPEZ-

CARMONA et al., 2003, p. 260). Nutbeam (1996, p.320) utiliza a expressão estilo de

vida para designar ”a maneira geral de viver baseada na interação entre as

condições de vida, num sentido mais completo, e nos modelos individuais de

conduta, determinados por fatores socioculturais e características pessoais”.

Entre os domínios que integram o estilo de vida, têm-se incluído condutas e

preferências relacionadas com o tipo de alimentação, atividade física, consumo de

álcool, tabaco e outras drogas, responsabilidade para a saúde, atividades

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 19

recreativas, relações interpessoais, práticas sexuais, atividades laborativas e

padrões de consumo (MODENEZE, 2004).

Em pesquisa bibliográfica realizada sobre o tema a maioria dos artigos

encontrados traz pesquisas que se referem apenas à dieta e à atividade física como

responsáveis pelo estilo de vida saudável. Como se pode observar nas definições

citadas acima, estes fatores são importantes, mas acompanham uma gama de

atividades pessoais, pois os domínios referentes aos estilos de vida não

correspondem somente à adoção de alguns comportamentos, como exercício físico,

dieta ou a ausência de consumo de substâncias prejudiciais, mas também a outras

atitudes e práticas, como a tolerância, a solidariedade, o respeito pelas diferenças,

os direitos humanos e a participação, que ocorrem na vida coletiva, relações

interpessoais, práticas laborativas, dentre outras (TORRES et al., 2003). Restrepo8

(2001 apud TORRES, 2003) afirma a necessidade de sabermos mais sobre a

experiência individual do diabético, o ambiente físico e social, a influência da cultura

na definição da doença e as atitudes para com ela.

Este estudo vem de encontro à necessidade de ampliar e aprofundar

conhecimentos na área do diabetes mellitus tipo 2, avaliando se um estilo de vida

prejudicial pode ser um dos fatores que contribuam para as reinternações

hospitalares, pois tratar o diabetes é auxiliar o indivíduo na construção de um

projeto individual, que permita readaptação à vida e construção de uma realidade

pessoal e social.

Como terapeuta ocupacional busco compreender os problemas dos sujeitos

em sua vida de atividades, e tento entender as relações que estes sujeitos

estabelecem com a vida e sua saúde enquanto realizam suas atividades, enfim, tudo

8 RESTREPO. Promocion de la Salud: Como Construir Vida Saludable. Bogotá: Médica Internacional, 2001.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 20

que permita compor um quadro de sua situação no momento. Sendo assim acredito

que as pesquisas sobre pacientes diabéticos devam abordar todos os aspectos

referentes ao estilo de vida, para que realmente as ações de saúde se voltem para

um processo de reconstrução do cotidiano, buscando amenizar a cronicidade e

possibilitar ao paciente diabético viver momentos saudáveis e prazerosos.

A Terapia Ocupacional como área de conhecimento e prática de saúde,

busca compreender o cotidiano, os hábitos e a rotina antes e após o surgimento do

diabetes. Cabe portanto, a definição breve destes termos para a compreensão da

necessidade da intervenção do terapeuta ocupacional com esta clientela.

Primeiramente, falar em cotidiano remete-nos a pensar em ações que dizem

respeito ao dia-a-dia de cada um. Mas por outro lado, pensar o cotidiano a partir de

questões teóricas, implica em uma discussão mais específica que segundo Heller

(2000), visa à compreensão de um campo do fazer construído com coerência e não

apenas ao acaso, pois o homem participa da sua vida cotidiana com os aspectos da

sua individualidade, deixando emergir suas habilidades, sentimentos, medos,

paixões, ideologias. O homem se apropria de seu espaço e faz uso dele a seu jeito.

Portanto, compreender o cotidiano de mulheres diabéticas é refletir sobre suas

singularidades, seus valores e experiência acumulada ao longo da vida, é saber o

que estas mulheres fazem, como fazem, com quem e onde fazem, como conseguem

lidar com seu fazer singular e coletivo. É observar além das atividades rotineiras, as

demais ocupações que compõem suas vidas, dando sentido a ela e caracterizando a

individualidade de cada uma.

A rotina por sua vez pode ser compreendida como característica da

cotidianidade, onde se introduzem uma sucessão nas atividades da vida cotidiana.

Ter uma rotina é desempenhar uma série de atividades repetidamente ao longo da

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 21

vida, muitas delas, por exemplo, compõem as necessidades básicas do ser humano

como: comer, beber, dormir, acordar, etc. No entanto muitos sujeitos, por diversos

fatores e situações, deixam de viver um cotidiano, pois não desempenham mais

atividades singulares, diferentes, novas e vivem apenas uma rotina, onde segundo

Takatori (2001.p.372) “ não há um sujeito que vive o tempo, mas um tempo que

anuncia atividades de sobrevivência, de cuidados clínicos incorporados ao seu dia-

a-dia”.

Os hábitos também podem ser entendidos como características da

cotidianidade. Quando se fala em estilo de vida, conseqüentemente se remete ao

pensamento em hábitos saudáveis ou desfavoráveis. No presente estudo pode-se

compreender hábitos saudáveis, como a tomada de atitudes que gerem benefícios

para a saúde. Cabe ressaltar que “a aquisição de hábitos é mais difícil que a de

habilidades, uma vez que hábitos envolvem uma unidade de comportamento de

maior complexidade e dependem da existência de um mínimo de proficiência”

(Benetton et al, 2003, p. 32). No entanto ao pensar em educação em saúde para o

paciente diabético, é necessário que os profissionais de saúde compreendam que

para que um hábito saudável seja incorporado no dia-a-dia de cada sujeito é

necessário que ele faça sentido para quem o pratique e não seja meramente

imposto.

Como coordenadora de um grupo de Terapia Ocupacional com pacientes

portadores de doenças crônicas, durante Aprimoramento Profissional, realizado no

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, foi-me possível

observar que a doença causava a restrição de muitas atividades e conseqüente

ruptura no cotidiano, onde após a doença havia apenas atividades rotineiras que

traziam insatisfações com a vida e comprometiam um estilo de vida saudável; então

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 22

alguns questionamentos começaram a surgir, dentre eles, quais seriam as variáveis

que realmente influem sobre o efeito da melhora ou piora daqueles pacientes, o que

fazia com que alguns retornassem ao hospital com freqüência?

Buscar entender os fatores que influenciam na reinternação hospitalar, é para

o terapeuta ocupacional compreender o cotidiano, as rotinas e os hábitos de cada

paciente, saber da realização de suas atividades e ocupações.

A atividade e ocupação são dois conceitos diferentes e centrais da Terapia

Ocupacional, a diferenciação entre eles possibilita uma maior clareza da eficácia da

intervenção com pacientes diabéticos. Para Cepreau (1998, p.136), “as atividades

são grandes idéias culturais do fazer”, uma idéia geral sobre uma categoria de ação,

onde os significados são compartilhados e não se originam de uma pessoa”. Por

exemplo, “comer”, quando se fala em comer, independente do país, raça ou cultura,

se tem uma idéia geral sobre esse fazer.

Já quando se fala em ocupação, esta é definida “como uma experiência única

construída por uma pessoa dentro de um contexto único” (Pierce apud Benetton et

al. 2003, p.13). Resgatando o exemplo anterior, nota-se que cada um “come” de um

jeito, em determinado horário, em lugares diferentes, o que torna esta ação singular

e subjetiva, onde só quem a executou é que poderá descrevê-la.

Cabe ao Terapeuta Ocupacional frente à problemática de pacientes com

diabetes avaliar as atividades e ocupações presentes em seu cotidiano, sendo

possível intervir frente as reais necessidades, podendo contribuir de forma

significativa com a equipe através de dados que permitam identificar como estes

pacientes fazem, sentem, vivem, enfim, proporcionar a estas pessoas a retomada da

via de sua própria vida e o sentido de seu existir - responsável.

Este profissional avalia o desempenho ocupacional dos sujeitos nas

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 23

realizações de suas atividades cotidianas, segundo Pedretti & Early (2005, p.4)

desempenho ocupacional compreende “a capacidade dos pacientes em realizar as

tarefas que possibilitam o desempenho de papéis ocupacionais de maneira

satisfatória e apropriada para o estágio de desenvolvimento, cultura e ambiente do

indivíduo. O desempenho ocupacional está dividido em: a) áreas do desempenho (

atividades de vida diária, atividades produtivas e o trabalho e as atividades de jogos

ou lazer) e : b) componentes do desempenho (sensório motor, cognitivo e

psicossocial). No presente trabalho de campo referente a esta pesquisa buscou-se

conhecer as dificuldades na realização das atividades presentes nas áreas do

desempenho ocupacional das mulheres diabéticas do grupo teste e controle, afim de

levantar dados que contribuam para o entendimento do estilo de vida adotado por

cada grupo estudado.

A manipulação de materiais e a vivência concreta, na terapia ocupacional,

fazem com que o paciente tenha ação e possa, de forma adequada e protegida,

perceber seus sentimentos e necessidades, especialmente seus mecanismos de

defesa, pois nessa situação pode “fazer e desfazer” coisas, transformando e criando.

Isso faz com que o paciente possa tomar contato, então, com seu comportamento,

entenda seu pensamento, o que o leva a abstração, caminhando no sentido de

facilitar seu processo terapêutico. Além de adquirir abertura na compreensão de

outros comportamentos, de suas relações e experiências no dia-a-dia grupal e

individual (OLIVEIRA, 2000), podendo incorporar atitudes e hábitos mais saudáveis

em sua vida.

Em relação à assistência específica da Terapia Ocupacional para pessoas

com diabetes, encontrou-se apenas um artigo que descreve este profissional como

parte da equipe e relata rapidamente as estratégias utilizadas para o tratamento.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 24

Neste estudo realizado por Torres et al. (2003), 124 pacientes do Ambulatório

Borges da Costa, do Serviço Especial de Endocrinologia e Metabologia (SEEM), do

HC/UFMG, passaram pela consulta individual e foram encaminhados para um grupo

operativo que utilizou a experiência de jogos para educar em saúde. A equipe era

composta por enfermeiros de ensino e serviço, alunos do curso de graduação em

Enfermagem e profissionais de saúde (endocrinologista, nutricionista, enfermeiro e

terapeuta ocupacional) do serviço. Os pacientes se localizavam na faixa etária de 51

a 70 anos, de ambos os sexos, com tempo de duração da doença de mais de dez

anos e com predomínio de diabetes tipo 2. Foi oferecido curso de sensibilização e

orientação em diabetes mellitus, sendo depois formados 12 grupos, onde cada

profissional buscava a transmissão de conhecimentos básicos sobre sua área

temática e, ao mesmo tempo, contribuía para refletir sobre a possibilidade de

trabalhar os estilos de vida, facilitando assim o controle da doença. Este estudo

enfatiza a utilização de jogos e mostrou que este recurso ampliou a participação e o

comprometimento do indivíduo diabético, o qual pode perceber e assumir sua

responsabilidade na prevenção, no controle da doença e na promoção de saúde, e

do profissional de saúde na transformação do ambiente clínico e do próprio processo

educativo.

Frente a isso, pode-se verificar que o estudo do estilo de vida de pacientes

diabéticos é de extrema importância, pois as mudanças trazidas com a doença

necessitam de uma intervenção eficaz sendo assim pode-se sugerir como uma das

estratégias para o tratamento do DM, a assistência de Terapia Ocupacional, sendo

este profissional de extrema importância na composição da equipe multidisciplinar.

A intervenção da Terapia Ocupacional se justifica para esta área da atuação

(pacientes crônicos), à medida que sua prática é facilitada pelos seguintes

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 25

princípios:

- a possibilidade de expressão de sentimentos e emoções, através da

utilização de materiais na atividade terapêutica, fornecendo assim dados da história

do indivíduo, seus gostos, conflitos, enfim, aquilo que nem sempre se consegue

dizer verbalmente, facilitando a percepção de comportamentos, experiências

internas, estabelecidas pelos pacientes diabéticos nas relações pessoais e

interpessoais do seu dia-a-dia (OLIVEIRA, 1999).

- possibilidade de avaliar através do “fazer” a realização das atividades em

sua vida, seu desempenho, grau de satisfação e como estes fatores podem

contribuir para as modificações no estilo de vida e a forma de lidar com a doença;

- estratégias e condutas que valorizem a cultura e situação atual do

paciente, convívio social, trabalho, enfim o exercício de cidadania;

- estratégias de auxilio na organização das atividades cotidianas;

- possibilidade de trabalho com a família, através de orientações a esta e ao

paciente sobre aspectos referentes ao cuidado com a saúde.

No estudo realizado com os diabéticos pertencentes ao Policlínico Cerro no

México por Hernandez et al. (2000), foram encontradas significantes variáveis

negativas ao estilo de vida desses pacientes, como elevada inexistência de

consultas médicas, essenciais para o diabético, a falta da educação em DM, o

tabagismo e a vida sedentária. Os autores inferem ser inquestionável que um estilo

de vida inadequado conduz ao mau controle metabólico, que atualmente é

conhecido como um fator de primeira ordem na aparição das complicações

secundárias dessa doença.

O estudo realizado por Nascimento (2003), identificou os principais

preditores para o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 numa população de

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 26

alto risco, como os nipo-brasileiros residentes no município de Bauru, de ambos os

sexos, com idade superior a 30 anos. A homeostase glicêmica avaliada, mostrou

que os indivíduos com glicemia de jejum alterada ou tolerância à glicose diminuída

apresentavam maiores chances de progressão do DM2 (60 e 70%, respectivamente)

do que os normais (19%). As principais variáveis envolvidas nessa progressão foram

IMC (índice de massa corporal), circunferência da cintura (apenas mulheres),

pressão arterial sistólica, glicemia de jejum e de 2h e VLDL-colesterol. Esses

resultados evidenciam o potencial existente para a redução da incidência de DM2

nessa população, pois esses fatores são passíveis de intervenção apenas com

mudanças no estilo de vida.

Observa-se através das definições sobre estilo de vida, que este conceito é

bastante complexo e genérico, pois envolve tanto aspectos objetivos como

subjetivos. No presente trabalho buscou-se conhecer a importância das relações

interpessoais, do trabalho, aspectos socioeconômicos, ambientais e culturais,

atividades de lazer e a percepção de saúde na vida das mulheres com diabetes tipo

2, sendo estes aspectos do estilo de vida pouco explorados na literatura encontrada

em revisão bibliográfica sobre o tema, aspectos estes de fundamental importância

para a compreensão de atitudes e práticas de solidariedade, respeito e participação

na vida coletiva de mulheres diabéticas.

Cabe ressaltar os domínios do estilo de vida que foram abordados no

estudo:

� Dieta: em relação a este aspecto, os autores, Mota e Cavalcanti (1999)

lembram que o custo financeiro da alimentação recomendada para o controle do DM

é freqüentemente mencionado como um fator limitante para a sua adesão. Várias

pacientes entrevistadas citaram este fator ressaltado pelos autores, onde uma delas

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 27

relatou “eu sei que existem muitos produtos para quem tem diabetes, mas a gente

não tem dinheiro pra comprar nem o essencial, ainda mais estes e daí não tem jeito”.

A situação ocupacional do portador de DM também pode dificultar o controle

adequado em função dos horários estabelecidos, alimentação oferecida e tipo de

atividade exigida. Em relação a isso algumas pacientes relataram que “fico fora o dia

todo trabalhando com vendas de casa em casa, quando dá, eu como na hora certa,

mas é difícil”, ou ainda “trabalho na casa dos outros, como o que tem por lá, dieta?

Ah, não dá pra fazer não”.

Inúmeros trabalhos epidemiológicos mostram a obesidade e o sedentarismo,

estando independentemente relacionados ao desenvolvimento do DM. Vários dados

sugerem que são baixos os riscos de ocorrer DM em indivíduos com o índice de

massa corporal (IMC) < 21, e que a prevalência acompanha o nível de obesidade.

Outros estudos apontam que o baixo peso e a adoção de exercícios físicos podem

prevenir ou retardar o desenvolvimento do DM tipo 2 nas pessoas com alta

predisposição para a doença (WING et al. 2001).

Modeneze (2004), relata que embora seja a redução de peso uma das mais

importantes medidas para a melhora da sensibilidade insulínica, pode se constituir

em um dos objetivos mais difíceis de serem atingidos e o sucesso da intervenção

sobre o estilo de vida torna-se essencial.

� Exercício Físico: alguns autores relatam os benefícios dos exercícios físicos

para o controle e prevenção do DM, como Forjaz et al. (1998) que indicam que a

prática regular promove adaptações metabólicas e endócrinas crônicas, distintas

daquelas observadas em uma única sessão de exercício físico.

Caballero et al. (2000), ressaltam que os benefícios do exercício físico, que se

observam em pacientes diabéticos, deve-se a modificações nas áreas

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 28

cardiopulmonar, osteoarticular, psicológica e metabólica, melhorando a pressão

arterial, débito cardíaco, tônus muscular, elasticidade e flexibilidade do tecido

conectivo de ligamentos e articulações, sensação de bem estar, de maneira bem

clara o controle glicêmico e a qualidade de vida.

No caso do DM tipo 2, os exercícios físicos não normalizam a sensibilidade à

insulina, nem a síntese de glicogênio, devendo, portanto, serem associados a outras

condutas que podem auxiliar no tratamento dessa doença. Os exercícios físicos

também são benéficos para outros componentes metabólicos, reduzindo níveis de

pressão arterial, melhorando a hemoglobina glicosilada e o perfil lipídico do plasma,

em especial a elevação do HDL-colesterol. Esses benefícios independem da perda

de peso que, quando presente, potencializam esses efeitos e melhoram a qualidade

de vida (FORJAZ et al., 1998).

Colberg e Swain (2000) relatam, em seus estudos, que mulheres engajadas

em um programa de exercícios físicos vigorosos, pelo menos, uma vez por semana,

têm um baixo risco de desenvolver DM, comparado com mulheres que não realizam

exercício físicos, independente da obesidade. Ressaltam, ainda, que para cada 500

kcal gastas a mais no dispêndio de energia semanalmente, ocorre uma redução de

6% no risco de desenvolver DM.

White e Sherman (1999) comentam alguns benefícios dentre os vários

proporcionados pelos exercícios físicos no controle e prevenção do DM: diminuição

dos riscos cardíacos, diminuição do peso corporal, melhora da socialização.

Beamer (2000) chama a atenção para o fato de que a maioria dos diabéticos

é sedentária, sem condicionamento físico e sem experiência na execução de

exercícios físicos. Assim, antes de iniciar um programa formal, apenas simples

mudanças no dia-a-dia dessas pessoas já surtem efeitos benéficos. Subir escadas

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 29

ao invés de utilizar o elevador, caminhadas um pouco mais longas que as de

costume, com duração de pelo menos 10 minutos, e andar mais a pé do que de

carro, são alguns dos exemplos das práticas que podem levar aos benefícios. Em

relação à questão citada, uma entrevistada relatou “depois que comecei a fazer

caminhada duas vezes por semana, percebi que meu ânimo melhorou e até a dor

nas pernas”.

� Relacionamentos Interpessoais: um outro componente do estilo de vida de

fundamental importância para obtenção de uma vida saudável, que sofre

modificações com a presença do diabetes, podendo comprometer o dia-a-dia do

paciente, pois segundo os autores Ryff e Singer (2001), os relacionamentos sociais.

são as maiores fontes de felicidade, ajudando no controle do desprazer e na

manutenção da boa saúde. Em alguns estudos sobre emoções e relações sociais,

os autores procuraram entender os mecanismos pelos quais as relações contribuem

para o bem-estar emocional e que tipos de interações são mais satisfatórias.

Concluíram que as relações em que as pessoas estabeleciam uma ligação mais

segura e duradoura e experimentavam afetos positivos estavam mais associadas

com o alto bem-estar afetivo. Já pessoas que tinham ligações inseguras ou que

evitavam contatos demonstravam baixos níveis de bem-estar emocional.

Winnicott9 (1979 apud OLIVEIRA 2000, p.83) afirma também, que o

desenvolvimento da pessoa se dá dentro de um contexto social, a partir dos meios e

dos propósitos da sociedade. A criatividade se exerce nas possibilidades culturais e

delas recolhe as formas concretas e expressivas.

Segundo Oliveira (2000), os fenômenos como saúde/doença, bem-estar/mal-

estar não são apenas físicos, possuem uma dimensão sociocultural, coletiva e outra

9 WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio deJaneiro: Imago, 1979.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 30

psicológica, individual que não deveriam ser dicotomizadas, devem ser

compreendidos enquanto parte do modo de organização da vida cotidiana e da

história pessoal de cada indivíduo, à medida que demonstram que as possibilidades

de lazer e trabalho são determinadas e permeadas pelas relações interpessoais.

� Trabalho: este aspecto merece significativa atenção, pois um paciente

portador de diabetes, que apresenta complicações da doença devido a hábitos

pouco saudáveis, chega a ficar hospitalizado várias vezes em um mesmo ano,

faltando do emprego (absenteísmo) e chegando algumas vezes a perdê-lo. Outras

há necessidade de aposentadoria devido aos problemas de saúde, ou encontram no

diabetes o impedimento para deixar de fazer algum trabalho.

A respeito do papel exercido pelo “trabalho” na vida do homem, Soares10

(1991 apud MEDEIROS, 2003) ressalta que o homem, diferentemente das outras

espécies, é um ser em constante transformação, decorrente não mais de sua

estrutura biológica, orgânica, mas fundamentalmente do trabalho humano, da

produção material da sua existência. As transformações promovidas pelo homem e

sobre o próprio homem se realizam a partir do e no processo do trabalho humano.

Este processo não diz respeito somente à remuneração financeira, mas a todo tipo

de trabalho que o homem venha exercer em sua vida, que lhe traga satisfação e

realização pessoal. Portanto uma ruptura neste domínio do estilo de vida por causa

do diabetes pode representar um grande sofrimento para o paciente.

Esta mesma autora também relata, que o homem a partir de sua prática,

antecipa-se a ela, prevê, planeja sua ação e a modifica no contato direto de sua

ação sobre a realidade material. Ao final deste processo, o homem modifica seu

próprio plano, incorporando os dados adquiridos na experiência prática, ou melhor,

10 SOARES, L.B.T. TERAPIA OCUPACIONAL: Lógica do Capital ou do Trabalho? In: SOARES, L.B.T. Trabalho, Capital e Saúde. São Paulo: Hucitec, 1991. Cap.1, p.19-56.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 31

tanto a realidade material (o que é dado) pode ter sido transformada quanto às

relações sociais, as concepções, ou ainda o próprio homem (Soares11 1991 apud

MEDEIROS, 2003).

� Percepção de saúde e autocuidado: sabe-se que o cuidado com a saúde é

um aspecto importante para evitar momentos de estresse, já que alguns autores têm

enfatizado que o estresse está relacionado com um pior controle glicêmico em

portadores de DM (HELENO 1991; WALES, 1995). Souza (1997) fez um

levantamento bibliográfico sobre os aspectos psicológicos, psicossociais, traços ou

alterações de personalidade que poderiam estar relacionados ao não seguimento do

tratamento do DM e verificou que alguns autores enfatizam que existe uma relação

entre estresse e pior controle glicêmico, mas por outro lado, há trabalhos que negam

qualquer conexão entre estresse e diabetes. Na prática clínica, é comum

especialista e pacientes acreditarem que o estresse constitui fator importante na

desestabilização do diabetes. Além do mais, diversos estudos citados por Souza

(1997) mostram que pacientes seguem de forma mais adequada o tratamento do

diabetes, através do manejo do estresse e da ansiedade. Por isso, o controle do

estresse deve também fazer parte do tratamento do diabetes.

Para Heleno (1991), a pessoa com diabetes pode ter uma vida normal, no

sentido de se sentir bem e de não apresentar complicações que deterioram

significativamente a qualidade de vida. Para este autor, essa ocorrência, em certa

medida, depende de como o paciente lida com alguns sentimentos (angústia, medo,

raiva, culpa). Para manter o controle da glicemia é necessária aceitação e adaptação

à nova situação.

11 SOARES, L.B.T. TERAPIA OCUPACIONAL: Lógica do Capital ou do Trabalho? In: SOARES, L.B.T. Trabalho, Capital e Saúde. São Paulo: Hucitec, 1991. Cap.1, p.19-56.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 32

Witt12 (1996 apud PÉRES, 2004) fala que o portador de diabetes, para

manter o controle glicêmico, precisa tomar medicação e/ou insulina adequadamente,

fazer exercício físico, manter dieta adequada e monitorar a glicose sanguínea desta

forma, faz com que tenham que desenvolver um autocuidado ativo, ou seja,

precisam ser capazes de cuidarem de si, mantendo hábitos de vida saudáveis. O ato

de “cuidar da saúde” remete ao contexto a noção de “empowerment”, o conceito cuja

expressão é, muito utilizada no Canadá e de difícil tradução em português, baseia-

se na idéia de garantir ao sujeito o controle absoluto de sua vida, promovendo a

responsabilização do paciente sobre sua saúde. Carvalho13 (1996 apud Carvalho,

2002, p.184) compreende que o quadro sanitário atual está a exigir a atualização do

pensamento sanitário, de forma que este entenda os indivíduos na sua

complexidade de “sujeitos sociais lidando com os resultados de suas escolhas e de

sua intervenção, fruto de sua competência reformadora da vida natural, à qual

deverão recorrer para enfrentar os desafios ora postos”.

É importante que o paciente compreenda aspectos saudáveis no seu

cotidiano, se responsabilizando pelas suas atitudes frente ao tratamento do

diabetes, não culpando simplesmente, o serviço de saúde, a doença e os

profissionais que o assistem.

� Lazer: dentro dos aspectos de vida saudável, sabe-se que as atividades de

lazer são de grande importância para o ser humano, pois são momentos agradáveis,

de tranqüilidade, estas são, portanto, definidas pela cultura e estilo de vida de cada

um e quando mantidas durante a vida proporcionam maior satisfação. O indivíduo

com diabetes, muitas vezes perde ou reduz o desejo de fazer atividades

12 WITT, R.R. Gênero e diabetes: implicações para o autocuidado. In: LOPES, M.J.M. et al. (Org). Gênero e saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. Cap.10, p.150-156. 13 CARVALHO, A I. Da Saúde Pública às políticas saudáveis- saúde e cidadania na pós –modernidade. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.104-121, 1996.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 33

significativas, contribuindo para uma restrição dos momentos de lazer e felicidade,

conseqüentemente um estilo de vida que se volte para a doença existente. Colberg

e Swain (2000) apontam em seus estudos, que participações em atividades de lazer

foram inversamente relacionadas ao desenvolvimento do DM tipo 2, especialmente

em homens pertencentes a um grupo com alto potencial para desenvolvimento da

doença.

Outros estudos como o de Jungjohann et al. (2002), mostram a importância

dos profissionais cuidarem também do seu estilo de vida e terem atividades de lazer

com freqüência. Os autores em seu estudo com profissionais da área da saúde

(médicos, nutricionistas, enfermeiro e outros), avaliaram os aspectos referentes ao

estilo de vida (dieta, tabaco e atividade física). Os resultados apresentaram

modificações no estilo de vida dos profissionais no último ano e a adoção de hábitos

mais saudáveis. Ressaltou-se que o profissional que tem um estilo de vida saudável

tem maior credibilidade para prescrever mudanças no estilo de vida de seus

pacientes.

� Fatores ambientais, socioeconômicos e culturais: sabe-se que as

decisões individuais são de grande importância para um estilo de vida adequado,

porém é necessário que o profissional de saúde seja capaz de avaliar o quanto

essas decisões são realmente livres, pois elas sofrem interferências de fatores

ambientais, culturais e socioeconômicos. A autora Lima-Costa (2004), investigou em.

um inquérito de saúde a associação entre filiação a plano privado de saúde e alguns

estilos de vida (alimentação, álcool, fumo e atividade física) e encontrou que os

estilos de vida prejudiciais à saúde eram mais freqüentes entre adultos com pior

escolaridade, observando-se o oposto para o uso de serviços preventivos de saúde,

que eram mais freqüentes entre aqueles com escolaridade mais alta. Aqueles que

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 34

eram filiados a plano privado de saúde apresentavam hábitos mais saudáveis que

aqueles que usavam o serviço público, concluindo que existem diferenças de estilo

de vida entre adultos filiados ou não a plano privado de saúde, denotando hábitos

mais saudáveis entre os primeiros. A prevalência do uso de serviços preventivos

neste trabalho foi também significativamente mais alta em comparação àqueles que

dependiam exclusivamente do SUS – Sistema Único de Saúde.

Pode-se confirmar, ainda que nas camadas sociais cuja representação da

doença crônica é menos pessimista, onde aqueles sujeitos com poder aquisitivo

diferenciado e que não dependem única e exclusivamente do sistema público de

saúde, que têm seu seguro privado, que podem contar com horários, que têm uma

compreensão diferente no ambiente de trabalho, criam-se espaços e experiências

diferenciadas e adaptadas para esses sujeitos, de forma a garantir seu papel social

(OLIVEIRA, 2000), sendo muitas vezes mais difícil para o paciente pertencente ao

SUS, lidar com o diabetes mellitus.

Para Mota (1998, p.22), os objetivos do tratamento do DM que com

freqüência destacam-se na literatura são: “conseguir obter uma adequada

compensação metabólica; evitar ou retardar o aparecimento ou a progressão das

complicações da doença; proporcionar ao cliente bem-estar físico, psíquico e social;

contribuir para melhorar a qualidade de vida”.

A preocupação com a qualidade de vida relacionada à saúde é um

movimento que “objetiva não somente o controle dos sintomas, a diminuição da

mortalidade ou o aumento da expectativa de vida, mas também avaliar como as

pessoas doentes estão vivendo e sentindo a vida” (Fleck et al, 1999, p.22). O termo

qualidade de vida inclui uma variedade de condições que podem afetar a

percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 35

seu funcionamento diário, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de

saúde e às intervenções médicas, sendo portanto, um termo complexo e variável

em diferentes culturas, realidades sociais e momentos históricos.

A saúde física e mental é produzida na sociedade e é influenciada pelas:

“Formas de organização da vida cotidiana, da sociabilidade, da afetividade,

da sensualidade, da subjetividade, da cultura e do lazer, das relações com o

meio ambiente. É antes resultante do conjunto da experiência social,

individualizada em cada sentir e vivenciada num corpo que é também, não

esqueçamos, biológico (Vaistman, 1992, p.171)”.

De acordo com Baptista14 (1992 apud PÉRES, 2004), há um

reconhecimento universal da importância de programas educativos para o paciente

diabético e existem diversos programas de educação em diabetes, alguns

sofisticados, sem, contudo conseguir que os pacientes sigam as orientações

relacionadas ao tratamento do diabetes. Em um estudo realizado por Duchin e

Brown (1990), encontrou-se que 88% dos pacientes diabéticos tipo 2 avaliados

declararam que não se beneficiaram de programas educativos.

David (1999, p.95), ao analisar os programas educativos realizados nos

serviços do Sistema Único de Saúde – SUS, verificou que freqüentemente “todo o

trabalho educativo/informativo circula em um único sentido - do profissional (que

detém o saber) para a população (que não sabe), com o objetivo de obter mudanças

nos padrões de comportamento e hábitos”.

A pessoa diabética deve ser vista pelos profissionais de uma maneira

integral, levando-se em consideração como se sente, o que pensa e como interpreta

sua doença (SANTOS, 1999).

Péres (2004) relata que têm ocorrido vários progressos na assistência ao

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 36

portador de diabetes, como altas tecnologias, medicações para o diabetes cada vez

mais eficientes e o avanço de conhecimentos científicos, no entanto, parece

existirem poucos estudos que se voltam para olhar as experiências e vivências da

pessoa com diabetes.

A concepção de saúde e doença está relacionada com a cultura, as crenças

e os valores de uma população. Assim Sawaia (1994) e Cade (1997), ressaltam que

para que um processo educativo seja eficaz, é necessário conhecer as crenças, os

sentimentos, os pensamentos, as atitudes e os comportamentos dos pacientes,

enfim, o que os sujeitos apreendem do seu meio ambiente. Pois, percebendo as

reais necessidades de cada um, é possível atuar no estilo de vida de forma efetiva.

A educação em saúde, não necessita “convencer” os pacientes a adotarem

comportamentos “adequados”, mas conscientizá-los da responsabilidade que têm

sobre sua própria saúde. Para Jardim et al. (1996), modificar hábitos de vida está

diretamente relacionado com mudanças em sua forma de viver e com a própria

saúde. A concepção de saúde e doença que cada um tem é formada por meio da

própria vivência e experiência e também na interação com os outros.

Vasconcelos (1989) relata que é fundamental buscar uma educação em

saúde baseada no diálogo e na troca de saberes, promovendo um intercâmbio entre

o saber científico e o popular, sendo que ambos, profissionais e pacientes, têm muito

que ensinar e aprender.

Sabe-se que as ações educativas influenciam o estilo de vida, melhoram a

relação profissional-indivíduo e os ambientes social e físico. Além disso, a educação

em saúde, como uma prática social, baseada no diálogo, ou seja, na troca de

saberes, favorece a compreensão dessa relação no processo saúde-doença e,

14 BAPTISTA, M. E. C. Fenomenologia do existir diabético. Tese (doutorado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirào Preto, 1992, 99p.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 37

respectivamente, o intercâmbio entre o saber científico e o popular (BRICENO-

LEON, 1996).

Valla (1998) considera que o profissional deve usar uma linguagem

compreensível e simples, adequada à realidade, e que tenha como ponto

fundamental o indivíduo, buscando conhecer suas necessidades em relação à

doença. Essa linguagem possibilita ao profissional exercer uma prática educativa e

realizar intervenções pertinentes ao diagnóstico. De forma complementar, Stotz e

Valla (1994) sugerem que esse profissional deve atuar como agente facilitador e

mobilizador, para melhorar as condições de vida das pessoas e evitar o

aparecimento da doença.

Para efetivas mudanças no estilo de vida, é necessário que os serviços de

saúde e os profissionais, invistam em estratégias de Promoção de Saúde.

A promoção e proteção da saúde dos povos são essenciais para o contínuo

desenvolvimento econômico e social, além de contribuir para a melhor qualidade de

vida e para a paz mundial (DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA15 apud MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2001).

No entanto, ressalta-se que o trabalho em saúde existe enquanto fundado

num determinado rol de necessidades, ou seja, necessidades de saúde. Estas

necessidades se modificam conforme o processo histórico de cada tipo de

sociedade. Dessa forma as estratégias e programas na área da promoção de saúde

devem se adaptar às necessidades locais e às possibilidades de cada país (PÉRES,

2004).

Assim, um dos propósitos deste trabalho é compreender o quanto os fatores

relacionados ao estilo de vida influenciam no cotidiano de mulheres com diabetes

15 DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA, Brasil, Ministerio da Saúde. DATASUS, 2001. Disponível em <http://datasus.org.br>. Acesso em: 26 de outubro de 2006.

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____________________________________________________________________INTRODUÇÃO 38

tipo 2, podendo levá-las a ter uma vida satisfatória e tranqüila, ou levá-las a

incapacidades que resultam em uma restrição de atividades significativas, perdas de

papéis, relacionamentos sociais e freqüentes internações hospitalares, buscando

intervenções práticas de todos os profissionais da área da saúde, inclusive o

terapeuta ocupacional que se justifica para esta área de atuação, oferecendo

subsídios para a educação em saúde e adoção de estratégias de intervenção mais

eficazes no controle do diabetes.

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39

2- OBJETIVOS

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____________________________________________________________________ OBJETIVOS 40

2.1 – GERAL

Estudar a influência do estilo de vida na reinternação de pacientes diabéticos

2.2 – ESPECÍFICOS

• Verificar se houve mudanças no cotidiano de mulheres com diabetes

do tipo 2, em dois grupos de pacientes com antecedentes de múltiplas internações

(Grupo Teste) e de uma internação (Grupo Controle) – estudando os hábitos de vida

antes e depois da doença.

• Avaliar os comportamentos favoráveis ou desfavoráveis presentes no

estilo de vida dos diabéticos.

• Avaliar se as dificuldades apresentadas no desempenho ocupacional

resultante do estilo de vida dos diabéticos podem levá-los a novas hospitalizações.

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41

3. PERCURSO METODOLÓGICO

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 42

Trata-se de um estudo quali-quantitativo, do tipo caso-controle, em uma

amostra de Mulheres com Diabetes Mellitus tipo 2.

Segundo Goldenberg, 1997:

“Na pesquisa quantitativa, os pesquisadores lidam com objetos externos e

fenômenos que podem ser conhecidos de forma objetiva; já na pesquisa

qualitativa, os cientistas lidam com emoções, valores, crenças, entre outros

aspectos subjetivos, sendo que cada caso deve ser compreendido em sua

singularidade”.

A complexidade existente no estudo sobre estilo de vida, nos levou à

necessidade de recorrer à pesquisa qualitativa e quantitativa. A utilização da

abordagem qualitativa (através do roteiro de entrevista - MCDO) junto ao método

quantitativo (questionário) contribuiu para uma melhor compreensão dos elementos

no todo.

Segundo Minayo (2004, p.36), “a polêmica quantitativo versus qualitativo,

objetivo versus subjetivo não pode ser assumida simplistamente como uma opção

pessoal do pesquisador ao abordar a realidade. A questão aponta para o problema

fundamental que é o próprio caráter específico do objeto de conhecimento: o ser

humano e a sociedade”. Desta forma, o objetivo do presente estudo – associação

entre estilo de vida e hospitalização - mostrou a necessidade de utilizar estes dois

tipos de pesquisa para a compreensão do estilo de vida das mulheres com diabetes

tipo 2.

Assim a escolha da metodologia quantitativa justifica-se por permitir

conhecer de forma objetiva os fenômenos que influenciam o estilo de vida de

mulheres com diabetes tipo 2 na reinternação hospitalar, através da utilização de um

“Questionário”, que segundo Minayo (2004, p.99), “apresenta questões bastante

fechadas, cujo ponto de partida são as referencias do pesquisador”.

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 43

Observando através do estudo piloto a necessidade de utilizar outro

instrumento que fosse capaz de aprofundar o estudo, ficando mais próximo da

realidade do cotidiano das pessoas a serem investigadas, optou-se pela utilização

da metodologia qualitativa presente no “Roteiro de Entrevista”, da Medida

Canadense de Desempenho Ocupacional. A entrevista por sua vez consiste de

“poucas questões, servindo para orientar uma “conversa com finalidade”, ela deve

ser o facilitador de abertura de ampliação e de aprofundamento da comunicação”

(Minayo, 2004, p.99).

Este trabalho apresenta um estudo do tipo caso-controle e retrospectivo que,

segundo Haddad, (2004) é composto por:

“... catalogação dos indivíduos a partir da exposição e da doença”, sendo os

participantes da amostra pacientes diabéticos que já se encontram em exposição a

fatores que podem ou não influenciar seu estilo de vida e contribuir para possíveis

reinternações hospitalares. Neste trabalho, o grupo de pacientes com apenas uma

hospitalização por diabetes foi chamado de “controle” e o grupo com duas ou mais

hospitalizações no período de estudo (três anos), foi chamado de “teste”.

A escolha de mulheres para o estudo justifica-se, principalmente pela grande

prevalência destas nos serviços de saúde. Além disso, os saberes e práticas acerca

da manutenção da saúde, muitas vezes são transmitidos no âmbito familiar pelas

mulheres e são elas também que normalmente cuidam da saúde dos seus

familiares, vizinhos e amigos (PÉRES, 2004).

Com o exposto acima e levando-se em consideração que existem diferentes

comportamentos entre homens e mulheres a respeito do DM, optou-se por trabalhar

com pacientes do sexo feminino.

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 44

3.1- DELINEANDO O CAMPO DE PESQUISA E OS SUJEITOS

O local da realização da pesquisa foi o Hospital das Clínicas da Faculdade

de Medicina situado no município de Ribeirão Preto, fundado em 1956, sendo a 9ª

maior cidade do Estado de São Paulo. Localiza-se na região sudeste do Brasil e

apresenta uma população estimada em 504.923 habitantes (CENSO

DEMOGRÁFICO, 2000), espalhados em uma área de 642 Km2. Desta população

12,1% são portadores de Diabetes Mellitus, e deste percentual 90% dos casos são

portadores de diabetes do tipo 2.

O município conta com 11 hospitais, sendo 3 públicos e 8 privados. Segundo

dados do Datasus, até julho de 2003 existiam 26 Centros de Saúde e 8 Unidades de

Saúde da Família (DATASUS, 2001).

Caracterização do Hospital das Clínicas

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto que iniciou suas atividades em

1956 e realizou diariamente, em 2004, cerca de 2500 consultas, 60 cirurgias, 90

internações, 6 mil exames laboratoriais, 2 mil exames especializados, 500 exames

radiológicos e fornece em média 220 transfusões de sangue (Revista Hospital das

Clínicas, 2005). Centro de Referência reconhecido concentra linhas de pesquisa de

alta complexidade, ensino de medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, terapia

ocupacional, fonoaudiologia e informática biomédica.

A área de influência do hospital abrange além do município de Ribeirão

Preto (50% da demanda) toda a DIR XVIII – Região de Ribeirão Preto (25% da

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 45

demanda) e pacientes de outras DIR´s do estado de São Paulo e de outros estados

(25%) pelo que é comum encontrar nos corredores dos ambulatórios e enfermarias

pessoas vindas de outros estados e até mesmo de outros países.

A escolha do local para pesquisa foi realizada pela pesquisadora do estudo,

devido ao Hospital das Clínicas oferecer assistência hospitalar através do SUS

(Sistema Único de Saúde), contando com número significativo de pacientes

diabéticos hospitalizados nos últimos três anos (2002 a 2004). Os dados das

internações hospitalares foram obtidos através do Centro de Processamento de

Dados Hospitalares (CPDH) do Departamento de Medicina Social.

Grupo de Estudo

Foram estudadas 50 mulheres com diabetes mellitus tipo 2, com idade entre

45 e 65 anos, limitação esta para não estender esta faixa etária acima dos 65 anos,

devido às possibilidades de internação, não apenas pelo diabetes, mas pelo próprio

processo de envelhecimento. Segundo Oliveira (2000), a prevalência do diabetes,

em particular o do tipo 2, está aumentando de forma exponencial, adquirindo

características epidêmicas em vários países. Nos países desenvolvidos, o aumento

ocorrerá principalmente nas faixas etárias mais avançadas, decorrentes da elevação

da expectativa de vida e do crescimento populacional; nos países em

desenvolvimento, o aumento será observado em todas as faixas etárias,

principalmente no grupo etário de 45 a 64 anos, em que sua prevalência deverá

triplicar, sendo esta faixa etária escolhida para a pesquisa. A amostra foi dividida em

2 grupos:

GRUPO TESTE: é formado por 25 mulheres com diabetes tipo 2, com duas

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 46

ou mais internações hospitalares nos últimos três anos (2002 a 2004) que

receberam assistência no Hospital das Clínicas e realizaram consultas no

ambulatório de diabetes.

GRUPO CONTROLE: é formado por 25 mulheres com diabetes tipo 2, com

apenas uma internação hospitalar nos últimos três anos (2002 a 2004) e como as

pacientes do grupo teste, também se encontram em seguimento no ambulatório de

diabetes do Hospital das Clínicas.

Levou-se em consideração o fato de todas as participantes do estudo

apresentarem hospitalização, buscando-se compreender o motivo pelo quais

algumas voltam a internar-se e outras conseguem apresentar um controle da

doença, evitando assim reinternacões.

3.2- CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO GRUPO DE ESTUDO

• Serem portadores de diabetes tipo II

• Serem mulheres

• Estarem entre a faixa etária de 45 a 65 anos

• Apresentarem uma ou mais internações no período do estudo (2002 a

2004), tendo como causa principal o Diabetes Tipo 2, no Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

• Não apresentarem problemas psiquiátricos e/ou deficiência mental que

prejudique a capacidade de comunicação

• Concordarem em participar desta pesquisa mediante a assinatura de

um termo de consentimento livre e esclarecido

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 47

3.3.- O ESTUDO PILOTO

Foi realizado um estudo piloto, na segunda quinzena de janeiro de 2005, a

fim de verificar possíveis dificuldades de compreensão do sujeito sobre os

instrumentos.

Foram entrevistados 10 pacientes do ambulatório de diabetes do Centro de

Saúde III - Dr Renato Palma Rocha, na cidade de Santa Rosa de Viterbo, sendo

seguidos os critérios de inclusão presentes neste trabalho.

Notou-se a necessidade de modificar algumas questões e avaliou-se as

dificuldades de aplicação do instrumento e o tempo de execução do trabalho de

campo para cada entrevistado. Alguns pacientes foram entrevistados no ambulatório

e outros foram entrevistados na residência, sendo possível observar que os dados

coletados em residência demonstraram maior veracidade dos fatos, visto que os

pacientes entrevistados no ambulatório apresentavam preocupação quanto ao

horário de transporte coletivo e o cumprimento de suas obrigações diárias. Decidiu-

se, portanto utilizar a entrevista domiciliar para a realização da coleta de dados, pois

com o horário e dias marcados foi possível encontrar o paciente mais disposto,

permitindo uma interação maior e um aprofundamento na comunicação

entrevistador/entrevistado, oferecendo a oportunidade dos sujeitos expressarem

seus pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados ao diabetes.

Através do estudo piloto verificou-se a necessidade de utilizar um

instrumento que pudesse se adequar às questões subjetivas trazidas nos discursos

das entrevistadas, pois ao responderem ao questionário, elas iam colocando as suas

histórias de vida. Então se optou por utilizar o roteiro de entrevista da Medida

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 48

Canadense de Desempenho Ocupacional, onde as entrevistadas identificam as

áreas problemáticas de desempenho ocupacional em suas vidas. A utilização deste

instrumento será explicada nos próximos itens do trabalho e contribuiu de forma

norteadora para a coleta de dados.

O tempo de duração para a entrevista foi em média de 50 minutos, seguindo

a ordem de aplicação:

1º- Questionário (ANEXO C), com média de duração de 20 minutos,

2º- Instrumento de Avaliação Canadense de Desempenho Ocupacional

(MCDO), com média de duração de 30 minutos.

Pelo fato do questionário formulado obter perguntas sobre aspectos da vida

cotidiana, muitas entrevistadas ao contar suas histórias, traziam o relato das suas

dificuldades e as mudanças provocadas em seu estilo de vida, fazendo com que

fosse possível comparar os problemas identificados na MCDO com aqueles

identificados espontaneamente em respostas do questionário, conferindo a

veracidade das respostas e favorecendo o tempo de aplicação dos dois

instrumentos utilizados.

A entrevista (questionário e MCDO) foi aplicada pela pesquisadora, que

estando presente pode esclarecer eventuais dúvidas.

Após serem feitas as observações e modificações identificadas no estudo

piloto, deu-se início à coleta de dados no campo de pesquisa definido para o estudo.

3.4- PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Após a autorização do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (ANEXO A,

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 49

Ofício n°. 3181/2004, 24 de novembro de 2004. Processo HCRP N.12404/2004.),

procurou-se definir a amostra; foram encontrados 1712 pacientes diabéticos da

região de Ribeirão Preto que são assistidos no Hospital das Clínicas e 1842

pacientes diabéticos do município, sendo estes últimos selecionados para a

pesquisa devido à facilidade de realização das entrevistas domiciliares.

Inicialmente foram levantados no Centro de Processamento de Dados

Hospitalares (CPDH), todos os pacientes que apresentaram internação hospitalar no

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no período de janeiro de 2002 a dezembro

de 2004, tendo como causa principal de internação o diabetes mellitus tipo 2.

Com a utilização do aplicativo Epiinfo, versão 3.1, dos 1842 pacientes

selecionados, retirou-se uma amostra de 250 pacientes segundo os critérios de

inclusão (sexo, faixa etária) que serão citados abaixo e destes retirou-se outra

amostra através do número (duas ou mais) de hospitalizações nos últimos três anos,

conseguindo uma amostra de 66 pacientes do grupo teste, que resultou em um

grupo de 25 pacientes que serão estudados no período de 2002 a 2004, excluindo

aqueles que se mudaram de cidade (2), aqueles não encontrados no domicílio (4),

sendo realizadas três tentativas e se em nenhuma delas fosse obtido resposta, o

entrevistado seria excluído da pesquisa, aqueles não encontrados pelo telefone e

endereço com registro antigo (8), os que não concordaram em participar do estudo

(3) e os que faleceram no período de estudo (24). Do Grupo Controle foram

encontrados 171 pacientes, sendo selecionados 25 pacientes, através do critério de

inclusão (1internação nos últimos três anos), utilizando-se o critério aleatório de

seleção da amostra através da planilha eletrônica Excell.

Buscou-se que os grupos compostos tivessem a mesma quantidade de

participantes e faixa etária semelhante, porém os mesmos não foram pareados.

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 50

Foi feita uma solicitação ao ambulatório de Endocrinologia através de um

ofício apresentado, visando a obter a autorização para a realização de pesquisa de

dados pessoais dos pacientes, como telefone e endereço, no período de 05 a 19 de

agosto de 2005.

A coleta de dados foi realizada no período de 26 de agosto a 17 de

setembro, período este que a pesquisadora entrou em contato com os sujeitos por

telefone, explicando-lhes os propósitos da pesquisa e solicitando uma data e horário

para a visita domiciliar, para aplicação da entrevista e escala. Das mulheres

entrevistadas no grupo controle, 21 entrevistas foram realizadas no domicílio e 4 no

Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas, pois as pacientes tinham

retorno marcado para o período da coleta e preferiram realizar a entrevista no

próprio serviço. No grupo teste 24 mulheres foram entrevistadas em suas

residências e apenas 1 foi entrevistada na enfermaria do Hospital das Clínicas, pois

a mesma encontrava-se internada por descompensação do diabetes.

Buscou-se realizar a entrevista em lugares adequados da casa das

pacientes, na qual não apresentassem barulho ou interferências externas e para as

entrevistadas no ambulatório do HC, foi utilizado uma sala com condições

ambientais adequadas.

Terminada a coleta de dados, deu-se início ao estudo das variáveis,

procedendo à quantificação e análise das respostas através da comparação entre os

grupos.

3.4.1- INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

� Questionário

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 51

O questionário foi escolhido para coleta de dados, tendo em vista os

objetivos da pesquisa, com questões que permitissem guiar e nortear o pesquisador

e também estimular o entrevistado. O roteiro definitivo (ANEXO C) foi construído a

partir de uma revisão da literatura e após ter sido realizado um estudo piloto, com a

finalidade de avaliar a adequação do roteiro aos objetivos da pesquisa, buscar um

aperfeiçoamento da técnica de entrevista e também do roteiro em questão que

consistirá de questões sobre percepção e preocupação com o diabetes, estilo de

vida, reinternação hospitalar, vida cotidiana e dados de identificação.

Goldenberg16 (1997, p. 56) ressalta que “o pesquisador deve elaborar um

roteiro com questões claras, simples e diretas, para não se perder em temas que

não interessam ao seu objetivo”.

De acordo com Gil (1994), alguns cuidados precisam ser tomados na

realização de entrevistas e aplicação de questionários, como a garantia do

anonimato, o respeito pelo entrevistado quanto ao horário e local da entrevista, bem

como o respeito pela cultura e pelos valores do entrevistado.O entrevistador também

deve ser capaz de ouvir atentamente o entrevistado, de criar um clima de confiança

e respeito e estimular o fluxo natural da entrevista.

� Roteiro de Entrevista (Medida Canadense de Desempenho Ocupacional-

MCDO)

A MCDO, é considerada uma medida de resultado, segundo Pollock et al. 17

16 GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro: Record: 1997. 17 POLLOCK, N.; McCOLL, M.A.; CARSWELL, A. Medida de Performance Ocupacional Canadense. In: SUMSION, T. Prática Baseada no Cliente na Terapia Ocupacional: guia de implementação. São Paulo: Rocca, 2003. Cap.10, p.183-204.

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 52

(2003 apud SUMSION, 2003) “as medidas de resultado alternativas incluem medidas

de qualidade de vida, medidas de estado de saúde, mudanças no estado de saúde,

mudanças no conhecimento em relação à incapacidade ou comportamento e o

descréscimo da satisfação do cliente com a intervenção recebida”.

Os instrumentos de medição em saúde são largamente utilizados, uma vez

que oferecem rapidez e objetividade sobre o problema investigado, além disso,

buscam assegurar a validade e a confiabilidade de um diagnóstico. Atualmente as

escalas de avaliação são consideradas imprescindíveis para atividades de pesquisa

e estudos epidemiológicos. Podem ser particularmente valiosas, entretanto são

recursos adicionais nos diagnósticos de saúde (MORAIS 2004).

Desde o seu aparecimento de modo organizado e sistemático como

profissão, a Terapia Ocupacional vem desenvolvendo um corpo de conhecimentos

centrado em valores humanitários e sociais.

No âmbito do modelo de terapia ocupacional centrado no cliente (Client-

centred practice) foi desenvolvido o MCDO (Canadian Occupational Performance

Measure/ Medida Canadense de Desempenho Ocupacional), com o objetivo

específico de auxiliar a avaliação dos resultados do trabalho focalizado no cliente

(LAW et al., 1990).

A Medida Canadense tornou-se um dos (senão o principal) mais importantes

instrumentos de avaliação para terapeutas ocupacionais em todo o mundo.

Atualmente vem sendo utilizada em 35 países e foi traduzida em 20 idiomas

diferentes.

Trata-se de uma entrevista semi-estruturada centrada no cliente, designada

para medir as percepções do desempenho ocupacional do cliente com o passar do

tempo. Durante a avaliação inicial, o terapeuta entrevista o cliente sobre seu

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 53

desempenho nas áreas de cuidados pessoais, produtividade e lazer. O cliente é

instruído a identificar quaisquer atividades nas quais ele tenha dificuldade em cada

área e a indicar a importância que tem para ele ser capaz de realizar aquelas

atividades. Finalmente o cliente é instruído a identificar seus cinco problemas mais

importantes, e a avaliar seu desempenho e nível de satisfação nestas atividades.A

importância da atividade para o cliente, a qualidade do desempenho do cliente, e o

nível de satisfação, são todos avaliados pelo cliente, utilizando escalas de 10 pontos

semelhantes (1=totalmente sem importância, incapaz de fazer, e totalmente

insatisfeito; 10= extremamente importante, capaz de fazer extremamente bem e

extremamente satisfeito) (Trombly, 1995).

O foco específico da MCDO em problemas identificados pelo cliente tem por

objetivo facilitar o estabelecimento de objetivos colaborativos entre o terapeuta e o

cliente. Em uma reavaliação, o cliente é novamente instruído a avaliar seu

desempenho e satisfação em relação às áreas de problemas identificadas na

avaliação inicial. Fazendo isso, podem ser detectadas alterações nas percepções do

cliente com o passar do tempo (Law et al., 1994).

Observa-se que, a MCDO é um roteiro de entrevista voltado para a atuação

clínica e visa favorecer a qualidade dos procedimentos terapêuticos ocupacionais,

sendo destinado à avaliação individual do cliente. Segundo os procedimentos

específicos de aplicação descritos acima, torna-se importante explicitar que este

instrumento foi utilizado pela pesquisadora no presente trabalho, para nortear a

coleta de dados, ou seja, buscou-se utilizar um recurso capaz de detectar se havia

dificuldades na realização de atividades no dia-a-dia das entrevistadas e quais eram

elas, considerando que estas atividades fazem parte do seu estilo de vida e verificar

se as possíveis dificuldades trazidas pelas complicações da doença contribuem para

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 54

uma mudança no estilo de vida. Ele foi utilizado de forma bastante parcial, pois sua

aplicação compreendeu apenas a avaliação inicial das dificuldades no desempenho

ocupacional, sendo importante ressaltar que não foi realizada reavaliação dos

pacientes da pesquisa e classificação do grau de importância e satisfação.

Enquanto respondiam a MCDO, as entrevistadas foram descrevendo

aspectos de suas vidas, momento este onde houve o registro de suas falas pela

pesquisadora, que foram utilizadas no decorrer do trabalho, para exemplificar as

reais dificuldades no desempenho ocupacional acarretadas pelo diabetes.

A MCDO, é considerada uma avaliação subjetiva. Segundo Borg & Bruce

(1991), este tipo de avaliação não propiciam comportamentos específicos para a

observação do terapeuta, elas fundamentam-se no ponto de vista do cliente para as

informações.Este tipo de avaliação também pode auxiliar o cliente a compreender

melhor suas próprias experiências pessoais.

Esta medida foi traduzida para o português em 1999 pela prof. Silvia

Gonçalves, da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, em Lisboa, Portugal.

De modo geral, seguindo a tendência dos modelos clínicos, estas

ferramentas têm sido importadas dos principais centros norte-americanos e

traduzidas para diversos idiomas. Contudo, o debate sobre a especificidade/

neutralidade/ relevância cultural dos referidos instrumentos aponta os próximos

passos a serem tomados (SPENCER et al., 1993). Trata-se de verificar, também a

partir de critérios científicos amplamente testados e aceitos, a pertinência cultural

destes instrumentos e não apenas a validade e confiabilidade bioestatística dos

mesmos (PAUL, 1995). Esta medida, no entanto, não está validada culturalmente,

sendo que este processo encontra-se em andamento.

Segundo Brasil et al. (2003), na última década, grande ênfase tem sido dada

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_________________________________________________________PERCURSO METODOLÓGICO 55

para incorporar os valores e a percepção do paciente sobre o seu estado de saúde,

e diversos instrumentos têm sido desenvolvidos com esta finalidade.

.

3.4.2- Trabalhando com dados

As mulheres que participaram do estudo apresentaram aspectos que

facilitaram a aplicação do questionário e do instrumento, pois:

- tinham aspectos cognitivos preservados;

- facilidade para comunicar-se;

- em relação à tomada de decisão e exposição de suas opiniões, algumas

pacientes necessitavam de maior tempo para pensar a respeito das respostas,

enquanto observou-se que algumas necessitariam desenvolver uma relação mais

sólida com a entrevistadora e a partir deste momento se sentiram mais confortáveis

com a situação e outras responderam espontaneamente a entrevista. Sendo assim

os instrumentos utilizados possibilitaram coletar os dados necessários de forma

confiável.

Os dados obtidos foram trabalhados através do pacote estatístico Epiinfo,

versão 3.1 e foi utilizado o teste de Fisher’s para comparar a freqüência das

distribuições entre os grupos, tendo este teste maior sensibilidade para amostras

pequenas, como a presente no estudo, levando-se em consideração o nível de

significância de 0,05.

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56

4. RESULTADOS

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 57

4.1- CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES DO GRUPO TESTE E

CONTROLE

A pesquisa de campo foi realizada de 26 de agosto a 17 de setembro. Na

Tabela 1 é apresentada a distribuição percentual de mulheres segundo as variáveis

referentes aos dados de identificação.

Respeitando os critérios de inclusão, a idade mínima observada foi de 45

anos e a máxima de 65 anos, a faixa etária mais presente nos dois grupos foi de 60

a 64 anos e uma grande porcentagem de mulheres dos dois grupos apresentavam

65 anos (grupo teste20% e grupo controle 16). As maiores diferenças encontradas

referem-se ao estado civil: 68% do grupo teste eram casadas contra 48% do grupo

controle; 12% de viúvas contra 24% no grupo controle e 8% de separadas ou

divorciadas contra 16% no grupo controle.

Nos resultados sobre escolaridade, pode-se verificar que em ambos os

grupos estudados, 72% completaram o primeiro grau e 4%completaram o ensino

superior, 16% completaram o segundo grau no grupo teste e 20% no grupo controle

e 4% do grupo controle completaram ensino técnico. Nota-se que os dois grupos

apresentam-se homogêneos em relação à escolaridade.

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 58

Tabela 1- Caracterização das mulheres dos grupos Teste e Controle

IDENTIFICAÇÃO Grupo Teste Grupo Controle

Idade (anos) (%) 45-49 50-54 55-59 60-64 65 + Estado Civil (%) Solteira Casada Separada/Divorciada Viúva Outro Escolaridade completa (%) Analfabeto 1º Grau 2º Grau Ensino Superior Técnico Outros Atualmente você esta: (%) Trabalhando com registro em carteira Trabalhando como autônomo Trabalhando em casa Aposentado (idade/tempo serviço) Aposentado por problemas de saúde Afastado Desempregado Não trabalha Outros Mesmo trabalho de antes (%) Sim Não Prejudicado

16.0 24.0 12.0 28.0 20.0

12.0 68.0 8.0 12.0 0.0

8.0 72.0 16.0 4.0 0.0 0.0

0.0 4.0 24.0 28.0 28.0 0.0 4.0 12.0 0.0

16.0 52.0 32.0

20.0 20.0 20.0 24.0 16.0

12.0 48.0 16.0 24.0 0.0

0.0 72.0 20.0 4.0 4.0 0.0

8.0 32.0 32.0 0.0 8.0 0.0 0.0 20.0 0.0

68.0 32.0 0.0

Em relação à ocupação, objetivou-se investigar se as mulheres exerciam no

momento da entrevista, alguma atividade profissional, se elas haviam mudado de

trabalho por causa do diabetes ou no caso de não trabalharem ou estarem

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 59

aposentadas por invalidez, se o diabetes tipo 2 foi o fator impeditivo. Observou-se

que o grupo controle apresentou maior número de mulheres que não trabalham 20%

(5), sendo que o motivo alegado por 4 delas foi o próprio envelhecimento e 1 delas

apontou o diabetes como fator impeditivo, enquanto no grupo teste 12% (3)

alegaram não trabalhar, sendo 1 delas devido à idade avançada e 2 ao motivo de

impedimento trazido pela doença. No grupo controle 8% das mulheres trabalha com

registro em carteira, 32% como autônoma 32% trabalham em casa, e no grupo teste

28% de mulheres são aposentadas por problemas de saúde e também por idade ou

tempo de serviço.

Quanto ao trabalho que realizam atualmente apenas 16% do grupo teste diz

ser o mesmo que realizavam antes de ter diabetes contra 68% do grupo controle.

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 60

Tabela 2 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle

segundo o tempo de doença, tipo de descoberta, presença de co-morbidade e grau

de percepção da doença e preocupação com a saúde.

IDENTIFICAÇÃO Grupo Teste Grupo Controle

p (Teste Fisher`s)

Tempo de diabetes (anos) (%) 01-06 07-11 12-16 17-21 22-29 Como descobriu a doença (%) Internação Consulta médica Exames de rotina Apresenta as doenças (%) Hipercolesterolemia Doença Cardiovascular Hipertensão Arterial Insuficiência Renal Retinopatia Outros Preocupa-se com a saúde: (%) Bastante Pouco Nada O DM deixa você preocupada (%) Bastante Pouco Nada Ter DM mudou sua vida (%) Bastante Pouco Nada A alteração do DM impede você de realizar suas atividades (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca

24.0 24.0 24.0 24.0 4.0

12.0 60.0 28.0

52.0 52.0 92.0 24.0 32.0 4.0

80.0 16.0 4.0

48.0 40.0 12.0

60.0 28.0 12.0

52.0 12.0 36.0

28.0 24.0 24.0 12.0 12.0

20.0 32.0 4 8.0

60.0 36.0 76.0 4.0 24.0 0.0

72.0 24.0 4.0

36.0 16.0 48.0

28.0 8.0 64.0

36.0 12.0

52.0

0.7548 24.0 12.0

0.1639

0.7761 0.3931 0.2467 0.0983 0.7536 1.0000

0.8591

0.0146

4.3333

0.5724

A tabela 2 apresenta as variáveis referentes ao grau de percepção da

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 61

doença e preocupação com a saúde entre os grupos teste e controle, sendo

apresentado o valor do “P” do Teste de Fisher´s.

O tempo de doença (em anos) que prevaleceu nos dois grupos,

considerando intervalos de 6 anos, foi entre 7 e 11 anos, e 12 e 16 anos, com 24%

cada, sendo observado que o grupo controle apresenta maior número de mulheres

com 1 a 6 anos de doença 28%, e com maior tempo de doença (22-29 anos) 12%.

Em relação à descoberta da doença, a consulta médica (60%) foi à forma

mais freqüente de detecção do diabetes tipo 2 no grupo teste, enquanto que no

grupo controle 48% das descobertas ocorreu através de exames de rotina.

Verificou-se que o grupo teste apresenta maior freqüência de doenças

associadas ou co-morbidade (doença cardiovascular 52%, hipertensão arterial 92%,

insuficiência renal 24% e retinopatia 32%), sendo citada pelas entrevistadas deste

grupo também a presença de sintomas depressivos e algum tipo de distúrbio do

sono (4%), quando questionadas sobre outras doenças presentes. A elevada

freqüência em relação ao colesterol e hipertensão é notada em ambos os grupos.

Quanto à preocupação com a saúde, 80% do grupo teste relatou se

preocupar bastante contra 72% do grupo controle.

Pode-se observar em relação à preocupação com o diabetes mellitus, que o

grupo teste apresenta-se bastante preocupado com 48% e apenas 12% com

nenhuma preocupação. Ao contrário, o grupo controle apresentou-se bastante

preocupado 36% e 48% com nenhuma preocupação, mostrando de forma

significativa as diferentes posturas entre as mulheres dos dois grupos em relação à

doença.

Foi observado que o grupo teste relatou que ter diabetes mudou bastante

sua vida (60%), enquanto o grupo controle apenas 28% apresentaram esta resposta,

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 62

sendo que 64% deste grupo disse que ter diabetes não mudou nada em sua vida,

em contrapartida com o primeiro grupo citado que demonstrou 12% nesta mesma

questão.

Em relação à alteração do diabetes no dia-a-dia e a realização de atividades,

52% das mulheres do grupo teste relataram que a alteração do DM as impede

sempre de realizar seus afazeres contra apenas 36% no grupo controle; no grupo

controle 52% das mulheres relatou que a alteração do diabetes nunca as impediu de

continuar fazendo suas atividades, indicando a forma distinta dos efeitos da doença

em seu cotidiano.

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 63

Tabela 3 – Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle quanto

ao estilo de vida e aspectos da vida cotidiana.

IDENTIFICAÇÃO Grupo Teste Grupo Controle

p (Teste Fisher´s)

Você sente dificuldade para seguir a dieta (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Você realiza atualmente atividade física (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Você acha que o diabetes impede na realização de atividades do dia-a-dia (%) Quase sempre Àlgumas vezes Quase nunca Você sente vontade para realizar suas atividades (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Como você ocupa a maior parte do seu tempo livre (%) Assistindo TV Dormindo Realizando trabalhos em casa Passeando Visitando amigos/parentes Você tem contato social (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca

48.0 24.0 28.0

20.0 8.0 72.0

36.0 4.0 60.0

48.0 20.0 32.0

44.0 40.0 40.0 36.0 16.0

60.0 8.0 32.0

36.0 16.0 48.0

52.0 8.0

4 0.0

16.0 4.0 80.0

88.0 4.0 8.0

28.0 32.0 72.0 56.0 32.0

88.0 12.0 0.0

0.3412

0.0348

0.2625

0.0096

0.3772 0.7688 0.0450 0.2563 0.3209

0.0045 12.0 32.0

Na tabela 3, observa-se que em relação às variáveis referentes ao estilo de

vida, 48% das mulheres do grupo teste relataram que sempre sentem dificuldade em

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 64

seguir a dieta e 36% das mulheres do grupo controle também apresentam a mesma

dificuldade De forma inversa 48% das mulheres do grupo controle e 28% do grupo

teste referiram que nunca têm dificuldades para seguir a dieta proposta.

Quanto à realização de atividade física atual, 52% das mulheres do grupo

controle relataram realizar sempre algum tipo de atividade, sendo a mais freqüente a

caminhada e 72% do grupo teste nunca fazem atividade física É possível constatar

que os dois grupos apresentaram diferenças significativas quando comparadas as

variáveis de estilo de vida e aspectos da vida cotidiana presentes nas tabelas 3 e

3.1.

Quanto ao impedimento na realização de atividades do dia-a-dia, 36% de

mulheres do grupo teste disse que depois que apresentaram a doença sempre

encontram dificuldades para realizar atividades contra 16% do grupo controle.

No grupo teste 48% das mulheres sempre sente vontade para fazer suas

atividades contra 88% do grupo controle confirmando assim uma postura mais ativa

do grupo controle quanto à realização de atividade física e ao impedimento na

realização de atividades, pois muitas mulheres do grupo teste que relataram não

sentir vontade de fazer suas atividades, queixaram-se que a fadiga trazida pelo

diabetes às deixam desestimuladas impedindo de terem uma postura mais ativa.

Observa-se que 44% das mulheres do grupo teste e 28% do grupo controle

ocupam seu tempo livre assistindo TV, enquanto 40% do primeiro grupo e 32% do

segundo dizem utilizar este tempo para dormir. E 72% das mulheres do grupo

controle ocupam o tempo livre para realizar trabalhos em casa e apenas 40% do

grupo teste realiza a mesma atividade. Foi observado também que este último grupo

citado apresenta menor freqüência em relação às atividades de passeio e visitas a

amigos e parentes (16% contra 32%).

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 65

Verifica-se que 60% do grupo teste e 88% do grupo controle mantêm contato

social sempre, sendo que nenhuma entrevistada do grupo controle respondeu que

nunca tem contato social, no entanto o primeiro grupo apresenta 32% de mulheres

que relatam que não têm mais nenhum tipo de vida social. Pode-se relacionar este

dado com os anteriormente apresentados na variável descrita acima, em que as

atividades sociais como passeio e visitas o grupo teste apresenta 36% e 16% e

respectivamente o grupo controle 56% e 32%.

Na tabela 3.1 é dada continuidade à caracterização das variáveis referentes

à vida cotidiana e estilo de vida.

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 66

Tabela 3.1 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle

quanto ao estilo de vida e aspectos da vida cotidiana

IDENTIFICAÇÃO Grupo Teste Grupo Controle

p (Teste Fisher´s)

Após DM, houve mudança na sua vida social (%). Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Os ambientes que freqüenta são os mesmos que freqüentava antes de ficar doente (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Você desempenha tarefas cotidianas (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Você esta satisfeita com sua rotina (%) Quase sempre Àlgumas vezes Quase nunca Seus hábitos contribuem para uma melhora na qualidade de vida (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca

60.0 4.0 36.0

48.0 4.0 48.0

64.0 12.0 24.0

48.0 16.0 36.0

68.0 12.0 20.0

16.0 0.0 84.0

88.0 0.0 12.0

92.0 4.0 4.0

92.0 8.0 0.0

60.0 40.0 0.0

0.0012

0.0054

0.0493

3.642

0.0098

Na tabela 3.1, observa-se que 60% das mulheres do grupo teste disseram

que houve mudança sempre na vida social após o diabetes, contra apenas 16% no

grupo controle. Elas relatam que se sentem menos dispostas para sair de casa e

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 67

muitas vezes preferem não ir a um aniversário ou festa, para não ter que passar

vontade em relação às comidas, confirmando alguns dados obtidos e descritos na

tabela 3.

Quanto aos lugares freqüentados atualmente pelas mulheres, buscou-se

investigar se a doença havia mudado os ambientes sociais das mesmas e foi

encontrada uma diferença significativa em relação aos dois grupos, sendo que 48%

das mulheres do grupo teste e 88% do grupo controle, relataram freqüentar os

mesmos ambientes.

Verificou-se que em relação ao desempenho de tarefas cotidianas (como

cozinhar, cuidar da higiene pessoal, organizar gastos, realizar trabalhos, dentre

outros) 92% das mulheres do grupo controle e 64% do grupo teste, disseram que

sempre realizam suas tarefas.

No tocante à satisfação com a rotina, 92% das mulheres do grupo controle

disseram que sempre estão satisfeitas e relataram procurar constantemente cuidar

da sua saúde, o que possibilita que tenham uma vida tranqüila e normal,

conseguindo satisfação diária e no grupo teste 48% das mulheres que disseram

estar satisfeitas demonstram a mesma forma de enfrentamento da doença que as do

outro grupo, no entanto 36% deste último grupo citado nunca esta satisfeita e

demonstraram em seus discursos que depois que tiveram diabetes, vivem pensando

na doença e suas complicações, se sentindo pessoas doentes e incapacitadas de

mudar algo para que sua satisfação frente à vida melhore.

Quanto à freqüência de hábitos saudáveis e a possibilidade de uma melhor

qualidade de vida, buscou-se verificar a percepção que as mulheres apresentam de

si mesmas em relação à sua saúde, se conseguem ter comportamentos que

contribuam para uma vida prazerosa e notou-se que nenhuma das mulheres do

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 68

grupo controle relatou ter hábitos que prejudiquem sua saúde e 20% do grupo teste

relatou que realmente nunca fazem nada para melhorar ou manter sua glicemia, não

seguindo a dieta e orientações médicas. No entanto notou-se que 68% do grupo

teste e 60% do grupo controle relataram que sempre buscam hábitos saudáveis.

Neste aspecto foi observado que as mulheres do grupo controle apresentam maior

consciência de suas ações, sendo mais rigorosas nas respostas do que as do outro

grupo, onde algumas disseram não seguir a dieta, não fazer exercício físico, não ter

vida social e mesmo assim afirmaram que seus hábitos contribuem para uma melhor

qualidade de vida.

Na tabela 4 são apresentadas as variáveis referentes à hospitalização:

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 69

Tabela 4 - Distribuição percentual das mulheres dos grupos Teste e Controle quanto

à hospitalização

IDENTIFICAÇÃO Grupo Teste Grupo Controle

p (Teste Fisher´s)

As mudanças causadas pela internação, você as considera (%). Positiva Negativa Você deixou de fazer algumas atividades ou as realiza com dificuldade, depois que ficou internada (%). Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Sua rotina após a internação continuou a mesma (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca Após a internação você tem feito alguma coisa para mudar o que te deixa insatisfeita (%) Quase sempre Algumas vezes Quase nunca

Após a internação você continuou (%) Tendo vida social Com as mesmas habilidades Freqüentando os mesmos lugares Desempenhando tarefas cotidianas Realizando atividades que tenham importância para você

56.0 44.0

36.0 12.0 52.0

40.0 16.0 44.0

8.0 40.0 52.0

60.0 40.0 60.0 56.0

60.0

80.0 20.0

4.0 8.0 88.0

92.0 4.0 4.0

52.0 4.0 44.0

84.0 68.0 88.0 80.0

92.0

0.1284

0.0049

1.809

3.207

0.1137 0.0877 0.0507 0.1284

0.0181

Pode-se observar que 56% das mulheres do grupo teste e 80% do grupo

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 70

controle disseram que considera as mudanças causadas pela internação positivas,

no sentido de que a internação trouxe maior preocupação com sua saúde e tentaram

através desta experiência modificar alguns hábitos e 44% do primeiro grupo citado e

20% do grupo comparativo, relataram que as mudanças foram negativas, pois

relacionaram a hospitalização ao sofrimento e dor, mas não mostraram alguma

percepção sobre sua responsabilidade com a saúde e a vontade de melhorar.

Quando questionadas sobre a possibilidade de ter deixado de fazer alguma

atividade ou a realizado com dificuldade depois da hospitalização, as mulheres do

estudo apresentaram diferenças significativas entre os dois grupos, sendo que 36%

do grupo teste e 4% do grupo controle relataram que após a internação sempre

encontraram dificuldades para dar continuidade às atividades antes realizadas,

deixando muitas vezes de cumpri-las efetivamente. Nota-se que o fato de ter sido

internada mudou bastante a rotina das mulheres do grupo teste, fator este que

podemos relacionar aos resultados encontrados na variável sobre a rotina após a

internação, onde se obteve no relato das mulheres, 40% do grupo teste e 92% do

grupo controle, que a rotina após a internação havia continuado sempre a mesma,

mostrando, portanto, que para a maioria do grupo controle, a rotina, ou seja, os

afazeres diários continuaram fazendo parte de sua vida e para o grupo teste a

internação influenciou na mudança da sua rotina.

Observa-se que 8% das mulheres do grupo teste e 52% do grupo controle

relatam que após a internação sempre tem feito alguma coisa para mudar as

situações que as deixam insatisfeitas, tendo mostrado este segundo grupo estudado

atitudes que levam a um estilo de vida mais saudável.

É possível observar que a maioria das mulheres do grupo controle continua

realizando suas atividades cotidianas após a internação onde 84% relataram que

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 71

continuaram tendo vida social, 68% continuaram com as mesmas habilidades, 88%

disseram que freqüentam os mesmos lugares, 80% relataram que desempenham as

tarefas do dia-a-dia e 92% realizam atividades que consideram importante em suas

vidas, já no grupo teste encontramos uma porcentagem menor de mulheres tendo

vida social 60%, com as mesmas habilidades 40%, freqüentando os mesmos lugares

60%, desempenhando tarefas diárias 56% e realizando atividades que tenham

importância 60%.

4.2- IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE DIFICULDADES NO DESEMPENHO

OCUPACIONAL.

Para a avaliação das áreas de dificuldades no desempenho ocupacional

utilizou-se a Medida de Desempenho Ocupacional Canadense –MCDO, que enfatiza

que os indivíduos entrevistados descrevam sua própria perspectiva, identificando

sozinhos as áreas de problemas em sua vida após a doença.

Na Tabela 5 estão apresentadas as atividades nas quais as entrevistadas

dos dois grupos estudados identificaram dificuldades para realização.

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 72

Tabela 5- Distribuição percentual das Áreas de Dificuldade Identificadas no

Desempenho Ocupacional segundo mulheres dos grupos Teste e Controle, através

da aplicação da MCDO.

IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA Grupo Teste Grupo Controle

p (Teste de Fecheis)

Atividades de Vida Diária Locomoção fora de casa Cuidados pessoais Caminhar Movimentar-se com independência Atividades Produtivas Dirigir Tarefas domésticas Cozinhar Fazer compras Pagar contas sozinha Trabalho remunerado/não Remunerado Atividades de Lazer Passeio/Viagens Dançar Ler/escrever Artesanato Festas

28.0 8.0 20.0 28.0

4.0 40.0 12.0 12.0 8.0

48.0

40.0 8.0 20.0 24.0 8.0

8.0 8.0 4.0 8.0

0.0 28.0 4.0 0.0 0.0

12.0

32.0 8.0 16.0 4.0 4.0

0.1383 0.4898 0.1895 0.1383

1.0000 0.5512 0.6092 0.2347 0.4898

0.0121

0.7416 1.0000 1.0000 0.0983 1.0000

Observa-se que as atividades realizadas com dificuldade descritas pelas

mulheres foram: locomoção fora de casa movimentar-se com independência,

caminhar e cuidados pessoais identificadas dentro das atividades de vida diária. Em

relação às atividades produtivas encontramos: trabalho remunerado/não

remunerado, tarefas domésticas, cozinhar, fazer compras, pagar as contas sozinhas

e dirigir. As atividades de lazer relatadas foram: passeio /viagens, artesanato,

ler/escrever, dançar e festas. A maioria das atividades encontradas não apresenta

diferenças estatisticamente significantes, devido ao tamanho da amostra que

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_____________________________________________________________________________________ RESULTADOS 73

compõem os dois grupos, visto que 8 entrevistadas do grupo controle não

apresentaram dificuldade em nenhuma das áreas de desempenho ocupacional,

portanto demonstram claramente que o grupo controle apresenta maiores

habilidades no desempenho de suas atividades, sendo que este grupo apresenta

uma porcentagem maior de mulheres com maior tempo de doença do que o grupo

teste.

As atividades referentes ao trabalho remunerado/ não remunerado e

artesanato apresentaram diferenças significativas, tendo o grupo teste demonstrado

48% e o grupo controle 12% de dificuldade em relação ao trabalho e

respectivamente 24% e 4% em relação ao artesanato, mostrando que os aspectos

relacionados ao desempenho ocupacional sofrem modificações em função do

diabetes mellitus tipo 2, podendo levar a uma mudança no estilo de vida dos

indivíduos, o que futuramente poderá contribuir para possíveis internações

hospitalares.

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74

5- DISCUSSÃO

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 75

Observou-se no presente estudo que em relação aos tipos de diabetes

mellitus, 100% da amostra da pesquisa são portadores do DM tipo 2, o que é

compreensível visto que em média do total de casos de diabetes em um país, 90%

são do tipo 2, cinco a dez por cento do tipo 1 e 2% do tipo secundário ou associado

a outras síndromes (MS-FNS18 2000 apud MODENEZE, 2004).

Optou-se por estudar somente mulheres, devido ao fato destas

apresentarem maiores complicações em relação à doença e conseqüentes

modificações no estilo de vida. Embora dados da literatura apontem que na maioria

das populações a prevalência da doença é igual para ambos os sexos, Black (2002)

ressalta que as mulheres mantêm um pior controle da doença, devido a maiores

variações de obesidade, inatividade física e ação hormonal.

Em relação à distribuição por idade, pode-se observar que nos dois grupos

estudados uma grande porcentagem de mulheres situa-se na faixa etária entre 60-

64 anos e 65 anos. Esses dados corroboram com os encontrados na literatura, onde

os resultados do Estudo Multicêntrico sobre Prevalência do diabetes mellitus no

Brasil, realizado no final da década de 1980, mostraram que 7,5% dos indivíduos

com 30 a 69 anos de idade tinham diabetes confirmado e essa taxa aumentava com

a idade, atingindo no grupo de 60 a 69 anos, 17,4% das pessoas (MALERBI &

FRANCO19 1992 apud PÉRES, 2004).

Pode-se observar, em relação ao estado civil, que o grupo teste tem a maior

porcentagem de mulheres casadas (68%), contra 48% do grupo controle; esse

18 MS-FNS. Diabetes Mellitus. In: Ministério da Saúde, Fundação Nacional da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 4ed. Brasília [s.n.], 2000. Cap.55, p.8. 19 MALERBI, D.A.; FRANCO, L.J. Multicentric study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired tolerance in urban Brazilian population aged 30-69 year. Diabetes Care, New York, v.15, n.11, p.1509-1516, 1992.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 76

menor número de mulheres casadas no grupo controle pode estar associado ao fato

que há o dobro de mulheres viúvas e separadas neste grupo (tabela 1). Na literatura

pode ser observado segundo Campos20 (1998 apud MINAYO & COIMBRA 2002,

p.181), ”que viúvas e/ou separadas consideram a ausência do marido como

libertação, que lhes permite dar vazão aos seus próprios sentimentos e opiniões”.

Esse fator pode contribuir para aquisição de novos hábitos e um estilo de vida mais

saudável, como observado no grupo controle.

Por outro lado, as mudanças contemporâneas que se dão no âmbito da

família e da sociedade contribuem também para o redimensionamento de sua área

de influência. Se antes a família, expandida ou nuclear, era o espaço preferencial do

estabelecimento de vínculos de confiança, da aprendizagem de valores, do

estabelecimento de estilos de vida e de mediação das experiências, ela, na

modernidade contemporânea, passa a compartilhar suas atribuições com outros

atores, mediadores e/ou instituições sociais (GALHEIGO, 2003).

Quanto ao nível de escolaridade, nota-se que os dois grupos estudados

apresentam baixa escolaridade, tendo ambos 72% de mulheres que concluíram

apenas o primeiro grau; no grupo teste a proporção de analfabetos foi de 8% e em

relação ao nível superior, encontra-se apenas 4% das mulheres do grupo controle.

Assunção et al. (2002) encontraram durante pesquisa em 378 pacientes diabéticos

atendidos nos postos de saúde da zona urbana de Pelotas – RS, que 34,7% nunca

estudaram. Já Guimarães e Takayanagui21 (2002 apud MODENEZE, 2004)

observaram que dentre os 29 indivíduos participantes de sua pesquisa, 6,9% eram

20 CAMPOS, M.C.S.S. Women in São Paulo in the family and the work market: behavior and representatins. In: KALEKIN-FISHMAN, D. (Ed.). Designs for alienation. University of Jyvaskyla: Sophi, 1998. 21 GUIMARÃES, F.P.M.; TAKAYANAGUI, A.M.M. Orientações recebidas do serviço de saúde por pacientes para o tratamento do portador de diabetes mellitus tipo 2. Rev. Nutr., Campinas, vol.15, n.1, p.47-59, 2002.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 77

analfabetos e 75,8% da amostra possuíam o primeiro grau incompleto. Esse fator de

baixa escolaridade pode representar dificuldades no entendimento de orientações

terapêuticas e no processo de aprendizagem de novos hábitos, visando qualificar o

estilo de vida e controlar melhor o DM.

Com referência à ocupação, grande porcentagem das mulheres do grupo

teste, encontrava-se aposentadas por idade/tempo de serviço (28%) e aposentadas

por problemas de saúde (28%). Em relação à aposentadoria por idade, este fato

pode decorrer devido a uma significativa concentração de pacientes na faixa etária

entre 60-64 anos e 65 anos. A respeito da aposentadoria por problemas de saúde,

observou-se no discurso das entrevistadas que as incapacidades resultantes das

complicações do diabetes foram determinantes para a aposentadoria. Na literatura

encontra-se que os sujeitos com incapacidades devido ao diabetes apresentam

taxas mais baixas de emprego do que os não incapacitados (49% não trabalham

versus 12%) e taxas mais altas de absenteísmo (13,8 dias por ano versus 3 dias por

ano) (SONGER, 1995).

Em relação a esta mesma variável, comparando-se os grupos,

encontra-se no grupo controle uma grande porcentagem de mulheres realizando

trabalho autônomo (32%), como venda de roupas, vendas de produtos de catálogos.

Outra possibilidade de trabalho neste grupo foi o trabalho em casa ou trabalho

doméstico, que parece estar relacionado com a história de vida e fatores culturais de

cada uma das entrevistadas. Observa-se que o trabalho manual está presente e

inserido no cotidiano destas mulheres do grupo controle, “eu faço bordado e crochê,

há muito tempo sabe, eu vendo e ajudo em casa” (entrevistada 7 do grupo controle).

Segundo Morais (2004), em relação à atividade manual, esta apresenta a

possibilidade de ser realizada no ambiente doméstico e também pode auxiliar no

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 78

aumento de renda da família.

Observou-se que 12% das mulheres do grupo teste e 20% do grupo

controle relataram que atualmente não trabalham, sendo importante ressaltar que

não somente pela dificuldade em conseguir emprego, mas pelo desempenho físico

que exigem as tarefas profissionais, muitas delas apresentam complicações graves

da doença como: insuficiência renal, que as levam a fazer diálise toda semana,

problemas visuais de leves a graves, amputações, cansaço e mal estar, os quais

confluem à restrição para uma postura menos ativa, restringindo-as ao lar e levando-

as a ter um discurso voltado para a doença “hoje eu tô vegetando não faço mais

nada, não dá nem pra arrumar o quarto” (entrevistada 2 do grupo teste). Na

literatura, Marcolino (2003), relata que frente a uma incapacidade trazida pela

doença, “não é preciso apenas aprender de novo, é aprender de um novo jeito: a

costurar, se vestir, apreciar as coisas da vida”.

Quando questionadas se o trabalho que realizam atualmente é o mesmo que

realizavam antes de ter diabetes, buscou-se entender se a doença havia modificado

ou contribuído para mudança nesta atividade. Notou-se uma diferença significativa

entre os dois grupos, pois no grupo teste 16% das mulheres relatou exercer o

mesmo trabalho contra 68% das mulheres do grupo controle. Observa-se no grupo

controle que as mulheres conseguem lidar melhor com o DM e não deixam de

realizar atividades que sejam importantes, como o trabalho, por exemplo. Já no

grupo teste nota-se que houve grande mudança no trabalho exercido após o DM,

onde 52% relatam não realizar o mesmo trabalho devido às incapacidades

adquiridas. Assim como os resultados encontrados por Péres (2004), os dados do

presente estudo mostraram um predomínio de representações de saúde associadas

à capacidade de trabalhar. Minayo (1997) descreve que ao realizar um estudo em 6

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 79

favelas do Rio de Janeiro, verificou que a saúde estava ligada à possibilidade de

trabalhar e de realizar atividades do dia-a-dia, enquanto a doença significava uma

incapacidade para o trabalho. Para as camadas populares, estar doente significa

perder o único recurso que possui para sobreviver, o próprio corpo (MANDÚ &

SILVA, 1997). Os dados obtidos confirmam maior morbidade associada ao DM no

grupo teste, o que implica maior absenteísmo no trabalho e conseqüente dificuldade

para manter o emprego.

Quanto ao tempo de diagnóstico, o grupo teste apresenta um equilíbrio na

distribuição das mulheres nas faixas etárias descritas, sendo 24% presente no

tempo de 1 a 21 anos de doença, já no grupo controle, a maioria das mulheres

(28%), encontra-se com 1 a 6 anos de diagnóstico, tendo uma porcentagem

significativa deste grupo (12%), com 22-26 anos de diabetes. Observa-se que

embora o grupo controle tenha mais mulheres com maior tempo de diagnóstico do

que o grupo teste, o estilo de vida das mulheres do grupo controle, apresenta

hábitos mais saudáveis, que estão descritos ao longo do presente estudo.

Em relação à descoberta da doença, buscou-se avaliar intrinsecamente o

cuidado que as mulheres têm em relação à sua saúde, onde a busca por exames de

rotina demonstra um maior cuidado, a consulta médica representa uma importância

razoável com a saúde e a internação uma baixa importância com seu estado de

saúde e condutas de prevenção. Encontrou-se na amostra que a maioria (60%) das

mulheres do grupo teste descobriu o diabetes através de consulta médica e a

maioria (48%) do grupo controle descobriu o diabetes através de exame de rotina,

mostrando um cuidado freqüente com a saúde. Os autores Gomes e Mendonça

(2002), ressaltam que a experiência do adoecer depende em parte do que se

entende por doença e nesse sentido, nem sempre são semelhantes os significados

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 80

de doença/saúde para profissionais e pacientes. Por exemplo, um paciente pode

entender uma gripe como uma doença, pois impede o trabalho e pode não

reconhecer o diabetes como uma doença por não impedir as atividades diárias e o

trabalho. Outros autores, como Boltanski22 (1989 apud PÉRES, 2004) consideram

que as condições socioeconômicas dos pacientes se refletem no entendimento de

saúde/doença de forma distinta, as sensações corporais são vivenciadas com maior

ou menor intensidade conforme a classe social das pessoas e isto se reflete no

cuidado com a saúde e na busca por serviços médicos.

Ferreira (1998) relata que frequentemente o motivo de procura ao médico é

o sintoma da dor e quando esta desaparece, muitos pacientes não voltam aos

consultórios médicos, mesmo na presença de uma doença crônica que exige

cuidados freqüentes como o diabetes.

Quanto à preocupação com a saúde, os dois grupos estudados disseram se

preocupar bastante. Cabe ressaltar que a preocupação com a saúde é necessária,

Berlinguer (1988) enfatiza que “sentir-se doente” cria condições para o indivíduo

olhar para si, para seu corpo e suas necessidades. Pode-se concluir que “sentir-se

doente” é fundamental para o tratamento do diabetes, pois a partir deste momento o

paciente poderá encarar a realidade e buscar condutas mais saudáveis, mas cabe

ressaltar que o contrário também pode acontecer, onde o paciente não segue o

tratamento e desiste de viver. Para Pinho (2000), o viver do paciente diabético é

importante em todas as suas dimensões, desde a rotina mais trivial até o desejo de

querer viver e lutar pela vida.

Das patologias associadas, encontrou-se grande porcentagem nos dois

22 BOLTANSKI, L. As classes sociais e o corpo. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 81

grupos de mulheres com hipertensão arterial, dados esses semelhantes aos de

Hernandez et al. (2000) que encontraram em seu estudo, a hipertensão arterial

como a patologia mais incidente em diabéticos, sendo que 35,2% possuíam

hipertensão arterial. Boelter et al. (2003) chamam a atenção para os cuidados

necessários referentes ao surgimento de retinopatia diabética, cuja severidade está

fortemente associada com a duração do DM; no presente estudo os dados obtidos

não coincidem com os encontrados por este autor, pois as mulheres do grupo

controle apresentam maior tempo de doença e menor freqüência de retinopatia

comparadas ao grupo teste, reafirmando que o cuidado com a saúde e a busca de

um estilo de vida saudável são capazes de amenizar, prevenir ou retardar as

complicações do diabetes, merecendo intervenções efetivas.

Quando comparados os dois grupos, sobre a preocupação das mulheres em

relação ao diabetes, notou-se grande diferença. No grupo teste 12%, disseram que

não tem nenhuma preocupação, contra 48% do grupo controle. Em relação a estes

dados observou-se que as mulheres do grupo controle pelo fato de terem maior

tempo de doença (tabela 1) e exercerem mais atividades significativas em suas

vidas, mostraram-se mais adaptadas aos cuidados e privações do diabetes e menos

preocupadas com a doença, como na fala de uma entrevistada “Ah, eu levo uma

vida normal, é como se eu não fosse uma pessoa doente, mas eu faço tudo

direitinho, né” ( entrevistada 19 do grupo controle); outra também relata “Olha eu

nem lembro que tenho diabetes” (entrevistada 8 do grupo controle). Cabe ressaltar

que através do discurso das entrevistadas do grupo controle foi possível notar que

muitas conseguiram lidar de forma satisfatória com o diabetes e atualmente cuidam

de forma positiva da sua saúde. Já no grupo teste as mulheres se referem ao

diabetes de forma negativa, vivenciando o processo de doença o tempo todo.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 82

Pode-se relacionar o dado citado acima a respostas das mulheres em

relação à mudança na vida por causa do diabetes, onde 60% do grupo teste

relataram ter mudado bastante, contra 28% do grupo controle. É importante também

associar este dado à realização de atividade ocupacional (tabela 1), onde já foi

descrita a diferença entre os grupos e mais uma vez o grupo controle demonstrou

continuidade na realização desta atividade após a doença, demonstrando menos

modificações em sua vida.

Outro fator que interfere diretamente no controle do DM é a dieta. Uma parte

substancial da amostra nos dois grupos presentes (tabela 3) evidenciou ter sempre

dificuldade para seguir a dieta, associando-a a uma imagem negativa. Segundo

Péres (2004), seguir a dieta por um período de tempo prolongado, parece ser uma

tarefa extremamente penosa. Realizar a dieta recomendada reveste-se de vários

significados, tais como a perda do prazer de comer e beber, a perda da autonomia e

da liberdade para se alimentar como e quando desejar. As limitações e proibições

impostas pela doença e seu tratamento tiram a liberdade de fazer o que se tem

vontade, o que provoca um viver triste.

Observou-se através dos relatos das entrevistadas que os hábitos

alimentares não saudáveis, muitas vezes são associados ao baixo nível sócio-

econômico, Wamala et al. (1997) ressaltam que as mulheres de nível sócio-

econômico alto têm mais acesso a alimentos pouco calóricos, orientação

especializada para o controle de peso, maiores oportunidades e tempo para lazer,

atividades esportivas e recreacionais, o que favorece hábitos saudáveis.

A respeito da dieta, cabe ressaltar também o fato das mulheres serem as

responsáveis pela preparação dos alimentos em casa e a grande dificuldade parece

ser o fato de tocar, olhar e manipular os alimentos e não poder comer.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 83

Em relação à realização de atividade física atualmente, pode-se verificar que

no grupo controle muitas mulheres adotaram esta prática após o DM (52%), contra

(20%) apenas do grupo teste. Neste último grupo citado as mulheres mostraram

diversas justificativas para a não realização de exercícios que corroboram com os

dados encontrados por Péres (2004) em sua pesquisa: “dores e canseira nas

pernas”, “problemas na coluna”, “falta de tempo”. Para estes casos Mercuri e

Arrechea23 (2000 apud MODENEZE, 2004), ressaltam que quando os pacientes

apresentam contra-indicações temporárias, deve-se recomendar a prática de

técnicas de relaxamento e movimentos suaves como aqueles executados na ioga,

pois essa atividade tem a propriedade de desenvolver a capacidade de relaxamento,

contribuindo para o controle metabólico e da pressão arterial, especialmente em

pacientes portadores de DM tipo 2.

Outros autores, como Caballero et al. (2000), ressaltam que através de uma

correta prescrição e realização de exercícios físicos, pode-se melhorar as condições

gerais dos indivíduos portadores de DM e contribuir para o melhor controle

metabólico. Consequentemente poder-se-á diminuir as possibilidades de

complicações de larga evolução que têm elevado custo social e econômico e que

para as sociedades como a nossa e a de outros países representam uma prioridade

na saúde nacional.

Quando questionadas sobre o impedimento na realização de atividades por

causa do diabetes, a maioria das mulheres entrevistadas dos dois grupos relatou

nunca encontrar impedimento; em relação àquelas que referiram sobre dificuldades

na realização de atividades nos dois grupos foi possível observar que o impedimento

na realização de atividades estava relacionado às patologias associadas, notou-se

23 MERCURI, N.; ARRECHEA, V. Atividade Física e Diabetes Mellitus. Diab. Clín., v.4, 2000.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 84

que a maioria dessas mulheres tinha várias complicações referentes ao DM tipo 2

(tabela2) e cabe ressaltar que assim como as mulheres do grupo teste apresentaram

maior freqüência em relação às patologias associadas, elas também apresentaram

maior freqüência (tabela 3) quanto ao impedimento na realização das atividades em

comparação ao grupo controle.

Desse modo, é de extrema importância o cuidado com a saúde, evitando as

complicações e impedimentos resultantes da doença. Em relação ao tratamento do

diabetes, a medicina tem realizado avanços e progressos, no entanto, tem sido

pequeno o impacto na sociedade (Malerbi24 1991 apud PÉRES, 2004). Na prática

existe uma grande dificuldade por parte dos pacientes em seguir o tratamento

prescrito e observa-se um freqüente número de internações e complicações. Pode-

se então verificar de acordo com a literatura e os dados encontrados neste trabalho,

que o estilo de vida adotado pelos pacientes com diabetes poderá se refletir em

futuras complicações que podem ter influência nas reinternações hospitalares.

Em relação à “vontade” para realização de atividades, a diferença na

freqüência das mulheres dos dois grupos que relataram sentir vontade para fazer

suas atividades é significativa. No grupo teste, 32% das mulheres demonstraram

nunca sentir vontade em fazer coisas na sua vida após o DM. Para Baptista25 (1992

apud PÉRES, 2004), ser diabético implica aprender a conviver com certas limitações

e a ter uma vida disciplinada e metódica. Assim, o tratamento do diabetes mellitus

requer diversas mudanças nos hábitos de vida e na vida cotidiana dos pacientes, o

que pode se transformar em algo extremamente penoso e difícil. Além disso, o

24 MALERBI, D.A.; FRANCO, L.J. Multicentric study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired tolerance in urban Brazilian population aged 30-69 year. Diabetes Care, New York, v.15, n.11, p.1509-1516, 1992. 25 BAPTISTA, M.E.C. Fenomenologia do existir diabético. 1992. 99p. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1992.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 85

tratamento do DM requer uma participação ativa e efetiva do indivíduo no processo

saúde/doença, o que pode ser bastante difícil para algumas pessoas.

Portanto, a falta de vontade, desejo, interesse na realização de atividades

cotidianas comprometem a vida do paciente diabético, pois onde não há desejo, a

vida perde o sentido e a doença se instala.

A ocupação do tempo livre, no grupo teste, demonstrou que a maioria das

mulheres assiste TV (tabela 3). Dados como estes podem estar relacionados às

mudanças nos estilos de vida, influenciadas pela modernização e outras mudanças

sociais e culturais que contribuem para uma vida sedentária, onde a televisão e o

computador dominam o tempo de lazer (WORLD ORGANIZATION26 2002 apud

MORAIS, 2004). Segundo Galheigo (2003), num país com alto grau de

analfabetismo funcional e com acesso limitado aos bens sociais e culturais, os meios

de comunicação oral e visual passam a ser utilizados como os principais recursos

para a mediação de experiências e para a elaboração do conhecimento que se tem

do mundo. Como conseqüência, existe uma tendência para a reprodução de fatos e

idéias sem reflexividade em paralelo à adoção da ideologia dominante acrítica e a-

histórica. Já a maioria das mulheres do grupo controle utiliza o tempo livre realizando

trabalhos em casa, mostrando-se mais ativas no seu dia-a-dia.

Segundo Ferrari (1996), tempo livre pode ser entendido como um tempo

disponível para uma ação prazerosa ou um fazer prazeroso, em que cozinhar,

arrumar a casa, cuidar dos netos, escrever, realizar trabalhos manuais, são

momentos de participação consciente e voluntária na vida social e familiar. Por outro

lado, pode também ser entendido como um momento de ausência de trabalho, de

26 WORLD ORGANIZATION (WHO). Alma Ata Declaration, 1978. Disponível em <http://www.who.dk/policy/almaata>.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 86

obrigações familiares, domésticas, religiosas, portanto um tempo desocupado, de

descanso, de recolhimento da vida social e familiar, resultando em diferentes

respostas de acordo com a interpretação individualizada.

Quanto ao contato social, foi possível verificar que a doença provocou uma

ruptura e mudanças significativas na vida social e coletiva das mulheres do grupo

teste, sendo este fator encontrado de extrema importância e pouco estudado na

literatura. As entrevistadas deste grupo fizeram referência direta à necessidade de

relações interpessoais; relataram que após o diabetes deixaram de freqüentar

muitos lugares e reduziram o contato social com as pessoas. Os autores Teixeira e

Daher (1999) relatam que o modelo tradicional de assistência à saúde,

frequentemente deixa escapar aspectos culturais, subjetivos e sociais que envolvem

o processo saúde-doença. É necessário que o profissional fique atento a todo

contexto em que o paciente está inserido, não apenas no seu diagnóstico, pois no

presente trabalho verificou-se a necessidade de estratégias de intervenção no

aspecto referente à socialização do paciente diabético, para que este tenha uma

vida satisfatória.

Na tabela 3.1 é possível confirmar o quanto o DM tipo 2 mudou a vida social

das entrevistadas do grupo teste e deixa claro que estas não freqüentam os mesmos

lugares que freqüentavam antes de ficar doentes, cabe ressaltar que os resultados

obtidos em relação aos aspectos sociais têm diferença estatisticamente significativa,

que podem ser observados através do “P” do teste de Fisher’s. Sabe-se que este

aspecto do estilo de vida quando prejudicado provoca diminuição das relações

interpessoais e conseqüentemente, insatisfação com a própria vida. Oliveira (2000),

em seu estudo envolvendo pacientes com doença crônica encontrou dados de que

as relações interpessoais são determinantes da qualidade de vida e sugere que

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 87

devemos refletir e rever as formas de atendimentos atualmente realizadas.

Observou-se, portanto, que na amostra de mulheres estudadas, o aspecto

referente à vida social, traz grande impacto no estilo de vida, deixando clara a

necessidade de estudos maiores que abordem todos os determinantes para esse

assunto de grande relevância, pois a maioria dos trabalhos encontrada na literatura

busca um enfoque apenas na dieta e atividade física, fatores estes essenciais para

uma postura de vida mais saudável, mas que merecem ser associados aos demais

determinantes do cotidiano dos sujeitos.

Refletindo sobre os aspectos que fazem parte da vida do sujeito e o

constitui, é necessário compreender a complexidade das relações sociais, isto é, a

maneira como as experiências do cotidiano são vividas e entendidas pelos

envolvidos e nas representações que cada um faz de sua própria condição.

Galheigo (2003) relata a importância da “compreensão e da constituição de laços

afetivos e do impacto das experiências de abandono e privação na constituição do

sujeito que constrói sua singularidade através do coletivo”. Concordando com a

afirmação desta autora, observou-se através das falas das mulheres do grupo teste

que ao restringirem sua vida social, deixam de sonhar, pensar, se expressar, criar e

fazer, deixando assim de construir sua individualidade.

Em relação ao desempenho das tarefas cotidianas, encontrou-se uma

porcentagem significativa de mulheres do grupo teste, 24% que relataram que

atualmente não realizam suas tarefas e atribuem ao diabetes a dificuldade no

desempenho diário de seus afazeres. Este dado, por conseguinte pode ser

associado a um número maior de patologias (tabela 2), presentes no grupo teste em

comparação ao grupo controle, cabendo ressaltar que a realização de tarefas

cotidianas é de extrema importância, pois “a atividade é necessária para o bem-estar

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 88

físico e emocional, portanto ela é” promotora de saúde “(HAHN, 1995)”.

Em relação à satisfação com a rotina de seu dia-a-dia, notou-se que

nenhuma das mulheres do grupo controle mostrou insatisfação, já no grupo teste,

36% das entrevistadas relataram que atualmente nunca encontram satisfação em

sua rotina. A respeito desta variável foi possível notar através das falas das

mulheres do grupo teste, que seu dia-a-dia se apresenta da mesma forma a cada

amanhecer, ou seja, nenhuma atividade nova ou significativa é acrescentada, já as

mulheres que relataram satisfação apresentaram em sua fala condições de vida e

trabalho que são sadias, estimuladoras, prazerosas e saudáveis. Recorrendo ao

dicionário Aurélio (FERREIRA, 2000) foi encontrada a seguinte definição para a

palavra “rotina”: “caminho já percorrido e conhecido, trilhado maquinalmente/

seqüência de atos ou procedimentos que se observa pela força do hábito”.

Após compreender o significado da palavra rotina, foi observado na fala das

mulheres dos dois grupos que apresentaram-se satisfeitas com suas vidas, que

geralmente são pessoas que não vivem apenas a rotina diária ( de acordar , tomar

banho, almoçar, jantar, dormir), mas são capazes de construírem “cotidianos”, que

segundo Heller27 (2000 apud BENETTON ect al., 2003) “é a vida do homem inteiro,

ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua

individualidade, de sua personalidade. Nela colocam-se em funcionamento todos os

seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades

manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias e ideologias”. Sendo assim, as

mulheres que se mostraram insatisfeitas necessitam de resgatar em suas vidas

atividades que possam tirá-las de uma rotina maçante e colocá-las frente a uma vida

repleta de afazeres.

27 HELLER, A. Cotidiano e história. São Paulo: Paz e Terra Filosofia, 2000.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 89

Quando questionadas sobre a contribuição dos seus hábitos para uma

melhora na qualidade de vida, 68% das mulheres do grupo teste relataram que

sempre apresentam hábitos saudáveis, contra 60% do grupo controle. Porém cabe

ressaltar que durante as entrevistas, observou-se que as mulheres do grupo controle

são mais críticas quanto às suas ações e foram capazes de analisar seus hábitos

para verificar suas atitudes frente à sua saúde. Já o grupo teste ao cruzar algumas

respostas observou-se existir certa negligência em relação à sua condição atual,

onde algumas mulheres relataram em outras perguntas não apresentar hábitos

saudáveis e nesta questão disseram o contrário. Encontrou-se também no grupo

teste 20% de mulheres que assumiram não seguir recomendações médicas, não

fazer dieta e atividade física, fumar constantemente, não manter contato social,

dentre outros.

Slagle28 (1992 apud BENETTON et al., 2003), grande precursora da Terapia

Ocupacional, no século XX fala sobre o treinamento de hábitos, ressaltando a

necessidade de se utilizar hábitos saudáveis para tratar e acrescenta que “os

hábitos são os objetos fundamentais, não só para cura, mas também como

instrumento para uma nova vida social. Novos hábitos significam saúde e o retorno à

comunidade”. No entanto a aquisição de hábitos saudáveis é algo complexo e difícil,

pois envolve o comportamento humano e a responsabilidade em relação a si próprio.

Quando as mulheres foram questionadas sobre as mudanças positivas ou

negativas após a internação, buscou-se saber se com a hospitalização elas

buscaram um maior cuidado com a saúde. As mudanças positivas foram encaradas

28 SLAGLE, E.C. Training aids for mental patients. Arch. Occup. Therap., v.1, p.11-19, 1992.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 90

pelas entrevistadas como, necessidade de maior preocupação com a saúde, de

sentimento de “cuidado” e de possibilidade de ter na internação maiores recursos

que contribuíram para a melhora de sua saúde. Em relação às mudanças negativas,

elas se referiram ao sofrimento causado pela internação, ao medo da morte e dos

procedimentos evasivos, a saudade da família, do trabalho e de seus afazeres e

principalmente às incapacidades resultantes da doença após a hospitalização e suas

conseqüências no retorno para casa.

Segundo De Carlo et al. (2004, p.15),

“No contexto hospitalar, experimenta-se um cotidiano muito particular, uma

rotina institucional marcada pelas abordagens voltadas para as condições

clínicas que determinaram a internação e que podem levar a reinternações

ou a constantes idas e vindas ao atendimento ambulatorial. O sofrimento

provocado pela doença associado a imagens e representações socialmente

construídas sobre” o estar doente “e sobre o próprio hospital, pode levar o

paciente a um outro tipo de sofrimento, psíquico, permeado pelo medo, pela

perda de rotina que o identifica como sujeito, pelo afastamento daqueles

que reafirmam seus papéis sociais (familiares, colegas de trabalho, amigos,

etc)”.

No tocante à realização de atividades ou à dificuldade dessas após a

hospitalização, foi encontrada diferença estatística entre os dois grupos estudados,

sendo que 36% do grupo teste relatou sempre encontrar obstáculos para motivação

e que deixaram de fazer muitas coisas depois da internação. Este resultado pode

estar associado ao comprometimento causado pela patologia, pois muitas das

entrevistadas apresentam retinopatia, realizam hemodiálise, fatores estes citados no

comprometimento das atividades. Observou-se também que a internação para estas

mulheres é sinônima de medo e privação, e constataram em relato grande “nervoso”

e stress ao ficarem hospitalizadas.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 91

A respeito do estresse durante a internação e os resultados que este

provoca após a alta médica, De Levita (1958) realizou uma pesquisa com 376

pacientes e concluiu que aqueles que não sofreram estresse durante a

hospitalização apresentaram uma recuperação melhor após a alta. No presente

estudo, notou-se que os pacientes que sofrem um maior impacto com a

hospitalização tendem a ter maiores dificuldades em seus afazeres que se somam

às limitações do próprio diabetes após a alta. Cabe ressaltar também que através do

resultado da amostra estudada, observou-se que a hospitalização traz restrições ao

dia-a-dia das mulheres com diabetes tipo 2 e as dificuldades causadas podem

influenciar em um estilo de vida pouco saudável o que poderá levá-las novamente a

internação.

Em relação à rotina após a internação, não foi encontrado resultado

significativo entre os dois grupos, mas observa-se que 44% do grupo teste relata

nunca mais ter tido a mesma rotina, contra 4% do grupo controle, dado este que

pode estar associado ao comprometimento após a internação, descrita pelas

mulheres do grupo teste na variável citada acima.

Quando questionadas sobre a tomada de atitudes frente às situações de

insatisfação após a hospitalização, vê-se que um pouco mais da metade do grupo

teste não busca alternativas para uma satisfação com a vida, aceitando a doença e

o fato de internarem com freqüência, já no grupo controle um pouco mais da metade

das entrevistadas relatou sempre fazer algo para mudar sua insatisfação,

demonstrando uma busca por atividades novas em detrimento daquelas

impossibilitadas de realização e buscando seguir uma dieta, fazer exercício físico e

trabalhos autônomos.

Para Silva (2000, p.40), apresentar uma doença crônica como o diabetes

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 92

afeta vários aspectos da vida das pessoas e “as mudanças que ocorrem em suas

vidas, muitas vezes, provocam rupturas com seu modo de viver anterior, requerendo

modificações em seus hábitos diários, nos papéis que desempenham, nas atividades

que desenvolvem, enfim, mudanças que requerem uma nova reestruturação de seu

dia-a-dia”.

Após a internação notou-se que o grupo teste obteve maiores prejuízos no

cotidiano, o que pode ter contribuído para um número maior de reinternações

hospitalares. As queixas foram principalmente em relação às habilidades que após a

hospitalização não continuaram sendo as mesmas. Benetton et al. (2003) relatam

que “a aquisição de habilidades é mais fácil do que a de hábitos. Assim como as

habilidades, a tarefa e o ambiente social e físico podem também afetar os hábitos”.

Pode-se concluir através do resultado da tabela 4, que o déficit de habilidades

resultante da hospitalização, a diminuição da vida social, a restrição no desempenho

de tarefas, a menor realização de atividades significativas pelo grupo teste,

contribuem para uma mudança em relação aos hábitos saudáveis e podem

comprometer o estilo de vida destas mulheres, no entanto estes dados evidenciam a

possibilidade de haver uma correlação entre as reinternações hospitalares e o estilo

de vida.

Medida Canadense de Desempenho Ocupacional - MCDO

As mudanças no padrão de vida, trabalho e lazer têm um impacto

significante na saúde do indivíduo, capaz de modificar seu cotidiano, levando-o a

mudanças de hábitos que influenciam seu estilo de vida.

A identificação dessas mudanças pelas próprias mulheres que se encontram

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 93

com diabetes mellitus tipo 2, é fundamental para um planejamento de ações em

saúde que vão de encontro com as reais necessidades desta população. Neste

sentido a utilização parcial da Medida Canadense de Desempenho Ocupacional

(MCDO), foi um recurso capaz de avaliar as dificuldades no desempenho na

realização de atividades nas mulheres do estudo.

Diversos aspectos devem ser considerados em relação a MCDO, entre eles

a importância das entrevistadas descreverem sua própria perspectiva, identificando

as áreas de preocupação em sua vida. Cabe ressaltar que a medida foi utilizada de

forma parcial, para uma avaliação imediata do desempenho ocupacional das

mulheres da amostra, não sendo realizada à obtenção dos escores para Satisfação

(Sat) e Performance (P). Porém um estudo mais aprofundado na qual possa utilizar

completamente o instrumento, através de avaliações e reavaliações do processo

terapêutico será de extrema importância e muito contribuirá para a população com

diabetes.

Wilcock29 (1993 apud HAHN, 1995) ressalta que a ocupação é um fenômeno

humano natural, que vai muito além do que sua compreensão no senso comum. "A

ocupação utiliza tempo, energia, interesse e atenção no trabalho, lazer, em

atividades de autocuidados, sociais, culturais e familiares e por causa destes

atributos preenche as necessidades básicas para a promoção de saúde”.

No presente trabalho não houve problemas na aplicação do questionário e

roteiro de entrevista (MCDO), sendo observado que o tempo de resposta era mais

longo para as mulheres mais idosas e com nível de escolaridade menor. Cabe

ressaltar alguns aspectos positivos da COPM observados durante a aplicação:

contribuiu na avaliação das atividades diárias realizadas pelas mulheres com

29 WILCOCK, A.A. Biological and sociocultural aspects of occupation, health and health promotion. Brit. J. Occup. Ther., v.56, n.6, p.200-203, 1993.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 94

diabetes tipo 2, fez com que a entrevistada repensasse aspectos da sua vida

identificando suas próprias dificuldades, podendo entrar em contato com elas e tirar

dúvidas e ajudou o terapeuta (entrevistador) na avaliação dos comprometimentos

em função da patologia presente.

Em linhas gerais, as atividades problemáticas mais citadas (tabela 5), pelo

grupo teste estavam relacionadas às atividades produtivas (tarefas domésticas 40%

e trabalho remunerado/não remunerado 48%) e atividades de lazer (passeios

viagens 40%). No grupo controle encontrou-se maiores problemas (porém com

freqüências menores) também nas atividades produtivas (28% tarefas domésticas) e

atividades de lazer (32% em passeios e viagens), neste grupo muitas mulheres

relataram não ter atividades problemáticas, deixando em branco o questionário,

mostrando levar uma vida tranqüila e equilibrada e mesmo aquelas que

demonstraram algumas dificuldades, estas foram mais leves em comparação com as

mulheres do grupo teste.

Entre as atividades citadas, observa-se que o trabalho remunerado/ não

remunerado foi um fator muito ressaltado pelas mulheres do grupo teste, que

coincide com os dados da tabela 1, onde este grupo apresenta-se menos ativo a

respeito desta atividade. Galheigo (2003) ressalta que “o trabalho possibilita a

manifestação do potencial de criação e produção do sujeito, a apropriação do real, a

construção de solidariedade e a participação na trama social”.

Na comparação entre os grupos, foi possível notar que no grupo controle as

mulheres quando impossibilitadas de exercer o trabalho antigo em função do

diabetes, buscaram alternativas, como vender roupas, realizar trabalho voluntário,

cuidar da casa, etc.

Em relação às atividades de lazer, ambos os grupos relataram sentir falta e

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 95

ressaltaram que por sentirem mal-estar, cansaço, dores nas pernas, não tinham

mais condições para viajar ou mesmo realizar passeios mais curtos e simples. Uma

atividade ainda bastante presente na esfera do lazer nos dois grupos é a

participação religiosa (idas às missas, cultos).

As dificuldades no desempenho das tarefas domésticas (grupo teste 40% e

grupo controle 28%) estão presentes nos relatos das entrevistadas de ambos os

grupos, porém observa-se que as mulheres do grupo controle que apresentam esta

dificuldade, são aquelas que apresentam complicações em relação a doença,

diferentemente do grupo teste, onde se observou que grande parte das mulheres

participam menos das atividades que gostam, não buscam se envolver em papéis na

sua vida, não estabelecem objetivos para si mesmas, o que contribui para que não

consigam organizar suas tarefas diárias.

Entre as atividades de vida diária, a locomoção fora de casa e a

independência para movimentar-se mesmo dentro do lar, foram mais

frequentemente citadas.

Na esfera do lazer 24% das mulheres do grupo teste apresentou dificuldade

nas atividades de artesanato e 20% nas atividades de leitura e escrita relataram que

os problemas referentes à visão são os maiores responsáveis, dado este

correspondente ao número maior de mulheres com retinopatia (tabela 2) neste

grupo. As mulheres do grupo controle que apresentaram dificuldades na leitura e

escrita, além do fator da visão, relataram que o tremor nas mãos também contribui

para a dificuldade na realização desta atividade.

Foram observados nas falas das entrevistadas, aspectos relacionados com o

desempenho ocupacional, embora não fossem propriamente atividades: dificuldades

para subir escadas, usar o telefone e falar com bastante fluência.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 96

Através do questionário elaborado pela pesquisadora deste trabalho, as

mulheres contaram aspectos de sua vida, de sua história e com a utilização da

medida (MCDO) foi possível que especificassem seus comprometimentos e

relatassem o quanto eles modificaram suas vidas, ressaltando que a realização ou

não de atividades após um diagnóstico de diabetes e internações modifica o estilo

de vida e merece estudos específicos.

Grandes estudos como Finnish? Diabetes Prevention Study Group, The

Diabetes Prevention Program, The Da Qing? IGT and diabetes study, confirmaram

que uma intervenção efetiva no estilo de vida pode prevenir ou retardar a progressão

desta doença (Nascimento, 2003).

É importante ressaltar que o número de mulheres em cada grupo (n=25),

pode não ter permitido identificar significância estatística em algumas diferenças

entre os grupos, mas conseguiu ressaltar aspectos importantes do estilo de vida (“p”

teste de Fisher’s mostrou significância) entre o grupo teste e o grupo controle, que

foram descritos durante o trabalho e merecem ser citados, como por exemplo: a

forma de lidar com o diabetes (a preocupação em relação a ele), a realização de

atividade física, à vontade, o desejo, o interesse na realização de atividades, o

contato social, a ocupação do tempo livre, mudanças na vida social, restrição aos

ambientes que freqüentava antes de ficar doente, desempenho de tarefas

cotidianas, contribuição dos hábitos para uma melhor qualidade de vida, dificuldade

na realização de atividades após hospitalização, dificuldades nas esferas de lazer,

atividades produtivas e atividades de vida diária. As modificações nestas variáveis

influenciaram o estilo de vida das mulheres do grupo teste o que as levou a re-

internações hospitalares, diferentemente das mulheres do grupo controle, como se

pode observar nos dados coletados.

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______________________________________________________________________________________ DISCUSSÃO 97

Atitudes como promoção em saúde e educação em saúde devem ser

enfatizadas visando promover resultados satisfatórios e eficazes na prevenção e

tratamento do DM.

Através da promoção em saúde, existe a possibilidade de que o indivíduo se

responsabilize no processo de incorporação de hábitos saudáveis em um estilo de

vida pessoal através de processos educativos.

Nos programas educativos, é necessário que o paciente tenha um espaço

para poder falar de seus temores, fantasias e pensamentos sobre o diabetes e seu

tratamento, já que é fundamental compartilhar esses sentimentos para uma maior

adaptação à doença.

Finlayson e Edwards30 (1992 apud HAHN, 1995) afirmam que a promoção

da saúde requer escuta e compreensão do que é importante tanto para os indivíduos

como para as comunidades, para depois facilitar as ações que satisfaçam essas

necessidades auto identificadas. Os autores consideram os terapeutas ocupacionais

habilitados para agirem na posição de catalizadores, com a finalidade de unir o

indivíduo com seu meio em um processo de capacitação através do

compartilhamento ou da defesa das habilidades e informações.

30 FINLAYSON, M.; EDWARDS, J. Occupational therapy and health promotion: a natural partnership. Health Promotion Issue Paper, v.9, n.1, 1992.

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98

6- CONCLUSÃO

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___________________________________________________________________ CONCLUSÃO 99

Sabe-se que o Diabetes Mellitus tipo 2, deve ser reconhecido como um

grave problema de saúde pública. Os esforços para otimizarem as formas de

tratamento e prevenção devem ser realizados não somente sob um problema

individual, mas como uma questão coletiva, portanto as práticas de intervenção

comunitária, incluindo mudanças positivas no estilo de vida, são essenciais e devem

ser culturalmente adaptadas à realidade da comunidade.

Atualmente observa-se que apenas uma pequena porção de pessoas

controla seu diabetes com hábitos saudáveis, pois elas preferem aderir mais

facilmente ao tratamento medicamentoso a modificar seu estilo de vida, aumentando

assim o custo do tratamento e oferecendo risco de futuramente apresentar algumas

complicações que as impossibilitem de ter uma vida satisfatória.

Os dois instrumentos utilizados (Questionário e Medida Canadense de

Desempenho Ocupacional - MCDO) foram capazes de identificar limitações

presentes no estilo de vida após o diabetes que evidenciaram possíveis correlações

com as reinternações hospitalares.

A MCDO, como uma medida de resultado, buscou identificar com o paciente

as metas funcionais que podem interessar a todos os profissionais de saúde.

Mesmo utilizando este instrumento de forma parcial, foi possível detectar as áreas

problemáticas na vida de mulheres diabéticas, através da identificação das

dificuldades nas áreas de desempenho ocupacional pelas próprias entrevistadas,

oferecendo a estas a oportunidade de reflexão sobre suas ações, comportamentos,

atitudes e desempenho, trazendo através da espontaneidade das respostas fatos

vividos no dia-a-dia.

Muitos são os domínios referentes ao estilo de vida, dentro dos objetivos

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___________________________________________________________________ CONCLUSÃO 100

propostos no estudo, foram abordados neste trabalho aspectos que

compreenderam: a dieta, exercício físico, relacionamentos interpessoais, trabalho,

percepção de saúde e autocuidado, atividades de lazer (vida social) e fatores

ambientais, socioeconômicos e culturais. Ficando nítida a necessidade de levar em

consideração, o saber popular e as reais necessidades das mulheres com diabetes

tipo 2 no momento de planejar uma intervenção.

Foi possível identificar através do trabalho, na comparação entre os grupos

estudados (Teste e Controle), que o grupo controle apresentou um estilo de vida

saudável que compreendeu: seguimento da dieta, prática de exercício físico,

participação na vida social, relacionamentos interpessoais, atividades de lazer,

trabalho, realização e participação nas atividades da vida cotidiana, os quais

refletem em uma forma de autocuidado e responsabilização com a própria saúde

que levam estas mulheres a terem uma vida saudável, deixando-as distantes da

possibilidade de novas hospitalizações.

Notou-se que no grupo teste muitas mulheres apresentaram, menor

satisfação pessoal, dificuldades para realização e participação nas atividades diárias

e um grande comprometimento nas relações sociais, atividades de lazer e trabalho,

mostrando a ausência ou desorganização das atividades que sustentam seu

cotidiano.

É necessário que os domínios do estilo de vida sejam entendidos e

avaliados em suas particularidades, pois só assim, faz sentido o planejamento de

tratamentos, mudança de hábitos e a assistência especializada no cuidado ao

paciente diabético, sendo importante ressaltar que para que incorpore atividades em

seu dia-a-dia é preciso que estas tenham importância e sentido para ele.

Por isso o serviço de atendimento aos diabéticos deve trabalhar para

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___________________________________________________________________ CONCLUSÃO 101

aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para lidarem com as

dificuldades, neste caso os serviços de saúde na atenção primária tem um papel

importante na melhora da saúde e poderão contribuir para a diminuição das re-

internações hospitalares, a partir do momento em que as ações educativas e

atitudes como promoção em saúde sejam capazes de transformar os pacientes em

sujeito do seu tratamento e não meros expectadores.

Verificou-se que o Terapeuta Ocupacional é um profissional que pode

contribuir significativamente para o tratamento de pessoas com diabetes, sendo

importante que ele faça parte de uma equipe multidisciplinar; podendo contribuir no

resgate das capacidades e habilidades, abrindo um apetite de vida, colocando o

paciente em uma postura mais ativa e participativa, auxiliando na organização das

atividades diárias, para que eles sejam capazes de encontrar na vida “aspectos

doces” que possam ser saboreados de forma prazerosa e saudável.

Cabe ressaltar, no entanto, que os fatores biológicos (recaída da condição

clínica original, surgimento de novos problemas clínicos), fatores ambientais, de

organização do sistema de saúde (dificuldade de assistência domiciliar, problemas

com serviço de atenção primária) e referentes ao estilo de vida agem de forma

conjunta, necessitando de intervenções eficazes na área da saúde, tornando de

extrema importância a busca por estratégias que visem contribuir para modificações

de elementos como o estilo de vida, que são passíveis de intervenção a favor da

prevenção ou controle do diabetes e diminuição de hospitalizações.

Quero enfatizar que jamais pretendi esgotar a temática do presente estudo,

pois o conhecimento acerca de um fenômeno é inesgotável. Inúmeros olhares sobre

os dados são possíveis e penso que este trabalho é apenas o início de uma longa

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___________________________________________________________________ CONCLUSÃO 102

busca pelo conhecimento e entendimento da pessoa com diabetes. Esse não é um

ponto de chegada, mas o início de uma nova partida, rumo a novos saberes.....

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103

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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117

8- ANEXOS

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 118

(ANEXO A) COMITÊ DE ÉTICA ......................................................................... 112 (ANEXO B) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE .......................................... 113 (ANEXO C) FORMULÁRIO DE ENTREVISTA ................................................... 114 (ANEXO D) CARTA DE APRESENTAÇÃO AO AMBULATORIO DE DIABETES PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 119 (ANEXO E) MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL ........ 121

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 119

(ANEXO A) COMITÊ DE ÉTICA

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 120

(ANEXO B) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE

Eu, ____________________________________, tendo sido devidamente

esclarecida sobre os objetivos, procedimentos e as condições sobre minha

participação no estudo “A Influência do Estilo de Vida na Reinternação Hospitalar de

Pacientes Diabéticos”, o qual consistirá em responder um questionários aplicado

pela pesquisadora, a terapeuta ocupacional Grasielle Silveira Tavares.

Declaro que estou ciente de que:

1. Minha participação é voluntária e contribuirá para melhorar os serviços de

saúde do município;

2. Não terei nenhum prejuízo ou punição por participar, ou deixar de participar

do estudo;

3. Terei a liberdade de não responder alguma ou algumas das questões se

assim desejar, bem como terei a liberdade de desistir de minha participação

no estudo, sem sofrer punição ou prejuízo por isso;

4. Minha participação na entrevista não me prejudicará na forma de atendimento

médico que utilizo;

5. As informações que darei serão confidenciais e minha identidade jamais será

conhecida ou divulgada para outra pessoa;

6. Todas as informações que fornecer serão anotadas em um formulário

mantendo o meu anonimato, e que posteriormente serão codificadas e

analisadas de uma forma coletiva, agrupando todos os participantes;

7. Não recebi nenhum incentivo direto pela minha participação na entrevista.

Declaro, ainda que concordo inteiramente com as condições que foram

apresentadas e que, livremente, manifesto minha vontade em participar do referido

projeto.

Ribeirão Preto, ______de _____________de 200___

___________________________________________

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 121

(ANEXO C) FORMULÁRIO DE ENTREVISTA Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Departamento de Medicina Social

Pesquisa sobre “A Influência do Estilo de Vida na Reinternação Hospitalar de Pacientes Diabéticos”

I.IDENTIFICAÇÃO

Nome do Paciente

1. Nº Registro

1

2. Sexo M F

3. Data de Nascimento ___ ___ / ___ ___ /___ ___

4. Internação

S N

2 3 4

5. Última Internação(mês/ano) ___ ___ /___ ___

6. Nº Intern ___ ___

7. Ocupação Atual

5 6 7

8 8. Atualmente você está: 1. Trabalhando com registro 6. Afastada em carteira 2.Trabalhando como autônoma 7.Desempregada 3. Trabalhando em casa 8.Não trabalha 4. Aposentada (idade/tempo serviço) 9.Outros 5.Aposentada por problemas de saúde

9 10 9.Este é o mesmo trabalho que você fazia antes de ficar doente? S N Prejudicado

10.Estado Civil

1.Solteira 4.Viúva 2.Casada 5.Outro 3.Separada

11 11.Grau de Escolaridade 1.Analfabeto 4.Ensino Superior 2.1ºGrau 5.Técnico 3.2ºGrau 6.Outros

II.GRAU DE PERCEPÇÃO DA DOENÇA/PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE

12 13 12.Há quanto tempo você tem diabetes: _____ ano(s)

13.Que tipo de diabetes você tem: 1.Dependente de antidiabéticos orais e insulina 2. Insulinodependente 3. Dependente de dieta nutricional 4. Dependente de antidiabéticos

14 15 14.Como você descobriu a doença: 1.Internação 2.Consulta Médica 3.Exames de Rotina

15.Você tem alguma destas doenças citadas a seguir: (podem ser assinaladas mais de 1 alternativa)

1.Colesterol 2.Doenças Cardiovasculares 3.Hipertensão Arterial 4.Insuficiência Renal 5.Retinopatia Diabética 6.Outras doenças associadas

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 122

16 17 16.Você se preocupa com sua saúde: 1.Bastante 2.Pouco 3.Nada

17.Como controla o seu diabetes: (podem ser assinaladas mais de 1 alternativa)

1.Fazendo dieta 2.Não faltando nas consultas do ambulatório e/ou UBS 3.Tomando a medicação corretamente 4. Todas citadas acima

18 19 18.O diabetes deixa você: 1.Bastante preocupada 2.Pouco preocupada 3.Nenhuma preocupação

19.Ser portadora de diabetes modificou sua vida: 0 1.Bastante 0 2.Pouco 0 3.Nada

20 21 22 20.Você percebe no seu dia-a-dia se o diabetes está alterado? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

21.A alteração impede você de continuar realizando tarefas e/ou trabalho? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

22.Para controlar o diabetes você faz uso de chás, ervas,etc: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

23 24 23.A medicação é importante para levar sua vida diária: 1.Bastante 2.Pouco 3.Nada

24.Você já participou alguma vez de grupo educativo para diabetes? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

III.ESTILO DE VIDA

25 26 27 25.Foi receitada alguma dieta para o seu tratamento: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

26.Você sente dificuldade para seguir uma dieta regularmente: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

27.Seus hábitos alimentares mudaram com o tratamento do diabetes: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

28.Você acredita que a dieta ajuda no tratamento do diabetes: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

28

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 123

29.No seu tratamento foi

recomendado algum tipo de atividade física? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

30.Você realiza atualmente alguma atividade física: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

29

30

31.Antes de apresentar diabetes você realizava atividade física? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

32.Você acredita que praticar atividade física contribui para diminuição das complicações causadas pelo diabetes? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

31 32

IV.VIDA COTIDIANA

33 34 33.Você acha que o diabetes a impede de fazer as atividades do seu dia-a-dia: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

34.Você sente vontade para realizar suas atividades de vida diária: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

35 36

35.Quando você sente dificuldade de exercer alguma atividade, isto lhe deixa incomodada: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

36.Como você ocupa a maior parte do seu tempo livre: (podem ser assinaladas mais de 1 alternativa)

1.Assistindo TV 2.Dormindo durante o dia 3.Realizando trabalhos em casa (manuais, rotineiros) 4.Passeando 5.Visitando amigos/parentes

37.Você tem atualmente contato social? (faz e recebe visitas) 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

37

38 39 38.Após o diabetes houve mudança na sua vida social: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

39.Os ambientes que freqüenta atualmente são os mesmos que freqüentava antes de ficar doente: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

38 39

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 124

40 41 42

40.O diabetes lhe permite fazer atividades que considera importante? 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

41.Você desempenha tarefas cotidianas (cuidar da higiene pessoal, cozinhar, organizar gastos) 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

42.Depois do diabetes, você está satisfeito com sua rotina ou sente necessidade de mudança: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

43 43.O que você faz no seu dia-a-dia (hábitos), contribuem para uma melhora na qualidade de vida: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

44.Você tem dúvidas sobre as complicações do diabetes: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

44

V.REINTERNAÇÃO HOSPITALAR

*Somente para pacientes internados *As questões abaixo referem-se à última reinternação, nos últimos 3 anos

45.Quantas internações você apresentou nos últimos 3 anos: _______________

45

46.Quando esteve internado foram passadas orientações médicas: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

46

47.A internação mudou sua forma de viver : 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

48. As mudanças causadas pela internação, você as considera : 1. Positiva 2.Negativa 3. Prejudicada

47 48

47 48 49

47.Você deixou de fazer algumas atividades ou as realiza com dificuldade, depois que ficou internado 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

48.Sua rotina após a internação, continuou a mesma ou apresentou mais ociosidade:

1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

49.O fato de estar internado trouxe a você maior preocupação com a sua saúde:

1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 125

50 51

50.Após a internação você tem feito alguma coisa para mudar as situações que atualmente lhe deixam insatisfeito: 1.Quase sempre 2.Algumas vezes 3. Quase nunca

51.Após a internação você continuou: (podem ser assinaladas mais de 1 alternativa)

1.Tendo vida social 2.Com as mesmas habilidades 3.Freqüentando os mesmos lugares 4.Desempenhando tarefas cotidianas(trabalhando,organizando os gastos, cuidando da higiene pessoal) 5.Realizando atividades que tenham importância para você 6. Todas citadas acima 7. Nenhuma citada acima

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 126

(ANEXO D) – CARTA DE APRESENTAÇÃO AO AMBULATÓRIO DE DIABETES PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO – USP

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE DA COMUNIDADE

PROJETO: A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NA RE-INTERNAÇÃO

HOSPITALAR DE PACIENTES DIABÉTICOS

APRESENTAÇÃO

Estamos realizando uma pesquisa sobre “A Influência do estilo de vida

na Re-internação Hospitalar de Pacientes Diabéticos” assistidos pelo Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina do município de Ribeirão Preto (HCFMRP). A

pesquisa está sendo desenvolvida pela Terapeuta Ocupacional Grasielle Silveira

Tavares (Crefito: 3/6634 –TO) sob orientação do Professor Juan Stuardo Yazlle

Rocha (CREMESP 15249), docente do Departamento de Medicina Social da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

A pesquisa tem como objetivo principal investigar a influência do estilo de

vida na re-internação hospitalar de pessoas com diabetes, buscando conhecer os

comportamentos favoráveis ou desfavoráveis destes pacientes que possam

contribuir para suas re-internações, identificando problemas na vida cotidiana

relacionados ao diabetes. O objetivo final é melhorar a eficácia da assistência

prestada a esta população usuária do Sistema Único de Saúde.

Será realizado um levantamento de prontuários, dos quais serão

selecionados os sujeitos para a pesquisa. Em seguida serão oferecidas informações

sobre o estudo e as suas etapas. Em caso de concordância, os indivíduos assinarão

um documento em duas vias confirmando a participação neste estudo. Uma das vias

será entregue ao participante da pesquisa, a segunda via ficará em poder do

condutor da pesquisa.

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 127

Esta pesquisa consistirá na aplicação de um questionário aos pacientes

atendidos no Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade

de Medicina de Ribeirão Preto e aos pacientes que apresentarem re-internações nos

últimos 3 anos. A entrevista será devidamente marcada em horários previamente

definidos pelos participantes da mesma.Terá a duração de 40 (quarenta) minutos e

consistirá de perguntas sobre ao grau de percepção e preocupação com o diabetes,

dados de identificação, questões relativas à reinternação hospitalar e ao estilo de

vida (alimentação, atividade física e atividades cotidianas).

Para qualquer dúvida relacionada a este estudo poderá entrar em contato

pelo telefone: 602-3070

_____________________ ________________________

Prof.Juan.S.Y.Rocha Terapeuta Grasielle.S.Tavares

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 128

(ANEXO E) – MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 129

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________________________________________________________________________________________ ANEXOS 130