a influência da pesquisa de preço nas compras governamentais

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___________________________________________________________________________ RUC – Revista Unieuro de Contabilidade, Brasília, v. 2, n. 1, fev. 2009 A INFLUÊNCIA DA PESQUISA DE PREÇO NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS: UM ESTUDO DE CASO 1 ABIMAEL DE JESUS BARROS COSTA ROSANE MARIA PIO DA SILVA 2 Contador da Universidade de Brasília, mestrando em Contabilidade (UnB/UFRN/UFPB) e especialista em Auditoria e Perícia pelo Unieuro [email protected] Mestre em Contabilidade (UnB/UFRN/UFPB) e Professora do Unieuro [email protected] 1 Trabalho apresentado no Curso de Pós-Graduação em Auditoria e Perícia, no Centro Universitário Unieuro. 2 Professora orientadora.

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O problema da pesquisa está relacionado com a forma como a pesquisa de preçopode subsidiar os processos licitatórios.

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___________________________________________________________________________ RUC – Revista Unieuro de Contabilidade, Brasília, v. 2, n. 1, fev. 2009

A INFLUÊNCIA DA PESQUISA DE PREÇO

NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS:

UM ESTUDO DE CASO1

ABIMAEL DE JESUS BARROS COSTA ROSANE MARIA PIO DA SILVA2

Contador da Universidade de Brasília, mestrando em Contabilidade (UnB/UFRN/UFPB) e especialista em

Auditoria e Perícia pelo Unieuro

[email protected]

Mestre em Contabilidade (UnB/UFRN/UFPB) e Professora do Unieuro

[email protected]

1 Trabalho apresentado no Curso de Pós-Graduação em Auditoria e Perícia, no Centro Universitário Unieuro. 2 Professora orientadora.

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A INFLUÊNCIA DA PESQUISA DE PREÇO NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS: UM ESTUDO DE CASO

Resumo

O presente estudo justifica-se pela necessidade de obter informações atualizadas quanto a qual pesquisa de preço deve ser considerada nos processos licitatórios. O trabalho procura ajudar no que diz respeito às melhores práticas adotadas no âmbito da Administração Pública. O problema da pesquisa está relacionado com a forma como a pesquisa de preço pode subsidiar os processos licitatórios. Na unidade pesquisada, para o ano de 2007, foram realizados 313 (trezentos e treze) processos licitatórios, sendo que a amostra analisada totalizou 74 (setenta e quanto) processos. O administrador público tem a sua disposição 10 (dez) formas de contração desde modalidades presenciais, eletrônicas ou até dispensa e/ou inexigibilidade de licitação.

Palavras-chave: Pesquisa de preço. Mercado. Processo Licitatório.

1. INTRODUÇÃO

A Lei 4.320, de 17 de março de 1964, determina que nenhuma despesa pública será realizada sem que tenha previsão orçamentária. Diante disso, torna-se obrigatória a reserva do valor orçamentário, que é subsidiado pela ampla pesquisa de preço3 no mercado4. Para se saber qual valor reservar, é necessário que se quantifique o preço através de mapas, utilizando critérios estatísticos5.

A Lei 8.666, de 21 de junho 1993, conhecida como a Lei de Licitações e Contratos Administrativos, dita as regras nos processos licitatórios, tanto na esfera Federal, como na Estadual e na Municipal. A pesquisa de preço é a chave que a administração pública tem como referencial para exigir o preço máximo a ser pago nas contratações.

Ela define compra como toda aquisição remunerada de bens, para fornecimento de uma só vez ou parceladamente e compras de grande vulto como aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite de 1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos reais).

Quando a Lei de Licitações trata das compras governamentais, deixa claro que nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e sem a indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade do agente que tiver ocasionado dano a Administração Pública. (8.666/93, art.15)

Como a pesquisa de preço pode subsidiar os processos licitatórios? Para responder a este questionamento o objetivo geral do presente estudo é identificar como a pesquisa de preço pode subsidiar os processos licitatórios. Já os objetivos específicos são: 3 Art. 15, inciso I, da lei 8.666/93.

4 O vocábulo mercado deve ser compreendido como o conjunto dos potenciais fornecedores ou

prestadores do objeto pretendido. Ou seja, aqueles que, atualmente, poderão oferecer produtos ou prestar serviços de acordo com as exigências fixadas pela Administração. (www.zenite.com.br, perguntas e resposta-67/143/JAN/2006) 5 Utiliza-se como técnica de método quantitativo a média aritmética simples.

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identificar as modalidades existentes para processos licitatórios; e identificar, no processo licitatório, o tipo de pesquisa de preço utilizada.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Legislações Aplicadas a Compras Governamentais

O normativo mais utilizado na Administração Pública é a Lei 8.666/93, onde consta a regulamentação da forma de aquisição de bens. A licitação destina-se a garantir a observância ao preceito de se selecionar a proposta mais vantajosa.

Sempre que possível, as compras governamentais devem atender ao princípio da padronização, da economicidade e da publicidade. Processadas pelo sistema de registro de preço, as compras realizadas devem ser balizadas pelos preços praticados pelos órgãos e entidades públicas. O registro de preço será precedido de ampla pesquisa de mercado, especificação completa do bem sem indicação de marca, definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas.

São modalidades de licitação: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. Tais modalidades estão perpetuadas na Lei 8.666/93, sendo que nas compras governamentais são utilizadas somente a concorrência, a tomada de preços e o convite.

Os limites para contratações nestas modalidades são: até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) para o convite; até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) tomada de preços; e acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) para concorrência, sendo processos para contratação de obras e serviços de engenharia. Para compras e outros serviços, até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para o convite, até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) para tomada de preços e acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) para concorrência.

É dispensável a licitação para obras e serviços de engenharia até o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), para compras ou outros serviços até R$ 8.000,00 (oito mil reais). No caso das sociedades de economia mista, empresas públicas, autarquias e fundações qualificadas como agência executiva os valores são: até R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para obras e serviços de engenharia; e até 16.000,00 (dezesseis mil reais) para compras ou outros serviços.

É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro competente6.

A Instrução Normativa n.º 08/98-MARE, que regulamenta os procedimentos licitatórios e de contratação de fornecimentos de bens processados pelo Sistema de Registro de Preços, no âmbito dos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais – SISG, determina, no seu capítulo IV, que:

“Art. 6º. A pesquisa prévia para levantamento das condições de mercado, contemplando, principalmente, preços e capacidade de fornecimento, será realizada pelo órgão ou entidade responsável pela licitação: I - diretamente, no mercado

6 Órgão de registro do comércio local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. (art.25/8.666/93)

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fornecedor, em banco de dados de órgãos ou entidades públicas, em revistas especializadas, índices ou tabelas oficiais, registros do Sistema Integrado de Administração de Serviços - SIASG ou outros meios disponíveis; ou;II - por intermédio de entidade pública ou privada, com capacitação técnica específica, para essa atividade.”

“Art. 7º. A pesquisa de preços poderá abranger qualquer região do País e, conforme o caso, mercados externos e será realizada com base em informações padronizadas, de tal forma que sejam evitadas distorções no seu resultado, devendo contemplar: I - descrição completa e detalhada do objeto; II - quantidades estimadas de fornecimento; III - prazos máximos, locais e condições de entrega; IV - condições de pagamento a serem praticadas; e V- outras informações que possam interferir na formação do preço.”

“Art. 8º. Tabulados e processados os dados da pesquisa, o órgão ou entidade responsável definirá o preço máximo que se dispõe a pagar na licitação e encaminhará ao MARE as informações de que trata o parágrafo único do artigo 1º desta Instrução.”

O Decreto n.º 3.555, de 8 de agosto de 2000, regulamenta a modalidade de licitação denominada de pregão, que é juridicamente condicionada aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo, bem assim aos princípios correlatos da celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, competitividade, justo preço, seletividade e comparação objetiva das propostas.

O Decreto n.º 3.931, de 19 de setembro de 2001, regulamenta o Sistema de Registro de Preço previsto no art. 15 da Lei 8.666/93, ele é um conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras. O Sistema de Registro de Preço é um procedimento especial de licitação que se efetiva por meio de uma concorrência ou pregão sui generius

7, selecionando a proposta mais vantajosa.

A lei n.º 10.520, de 17 de julho de 2002, institui, no âmbito da Administração, para aquisição de bens e serviços comuns, a modalidade de pregão. O pregão é uma modalidade de licitação pública e pode ser considerado como o procedimento administrativo por meio do qual a Administração Pública, garantindo a isonomia, seleciona fornecedor ou prestador de serviço, visando à execução de objeto comum no mercado, permitindo aos licitantes, em sessão pública presencial ou eletrônica, reduzir o valor da proposta por meio de lances verbais e sucessivos. (Fernandes, 2007, p.455)

O Decreto n.º 5.450, de 31 de maio de 2005, regulamenta o pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor preço, realiza-se à distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela Internet. Já o Decreto n.º 5.504, de 05 de agosto de 2005, estabelece a exigências de utilização do pregão, preferencialmente, na forma eletrônica, para entes públicos ou privados nas contratações.

2.2. Ampla Pesquisa de Mercado

A ampla pesquisa de mercado é requisito essencial para que a Administração pública tenha êxito na busca pela proposta mais vantajosa. Numa licitação convencional, antes de a administração lançar o edital, deve avaliar se possuem recursos orçamentários que comportem

7 Usa-se como adjetivo para indicar que algo é único, peculiar: uma atividade sui generis, uma proposta sui

generis, um comportamento sui generis.( http://pt.wikipedia.org/wiki/Sui_generis, 09.08.08, às 16:41)

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a aquisição. Essa estimativa foi denominada legalmente de planilhas de custos, que a praxe aceita também de planilha de preços. Esta é baseada, de acordo com Fernandes (2007, p.213-218), nas informações do Projeto Básico8/ Termo de referência 9 .

A avaliação do preço estimado, segundo Fernandes (2007, p.213-218), em tempos sem inflação monetária, deve servir de parâmetro para verificação da conformidade de cada proposta com os preços praticados no mercado, ensejando a desclassificação se em desconformidade.

No intuito de atender ao preceito legal previsto no art. 15, inc. I, da Lei n.º 8.666/93, que trata da padronização de procedimentos, bancos de dados foram criados como instrumento equivalente à ampla pesquisa. Na esfera federal, criado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o banco de dados do SIASG – Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais atende à função da ampla pesquisa, como parâmetro referencial, mas não é o único. De acordo com Fernandes (2007, p.213-218), é conveniente lembrar que essa equivalência entre banco de dados e ampla pesquisa não foi erigida sem base legal.

O SIASG é um sistema informatizado de apoio ás atividades operacionais no âmbito do SISG, tem sido uma ferramenta para a modernização da área de serviços gerais, é constituído por diversos módulos e tem a missão de integrar os órgãos da administração direta, autárquica e fundacional, em todos os níveis.

Segundo Fernandes (2007), compõem esse sistema o catálogo de materiais e serviços, o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF, o Sistema de Registro de Preço10 e o COMPRASNET, que é o portal de compras “on-line” de acesso a serviços do SIASG, inclusive por meio da Internet, no sítio www.comprasnet.gov.br.

A compreensão da expressão “ampla pesquisa de preços” deve ser precedida da fixação de requisitos para validade e segurança do próprio levantamento e tratamento dos dados. A pesquisa deve considerar todos, razão pela qual o requisito denomina-se generalidade, que estejam aptos a negociar com a Administração. Neste contexto o Tribunal de Contas de São Paulo não aceitou as justificativas de Gestor Público, tendo em vista que “a pesquisa de preços poderia ter sido efetuada pelo Departamento, de forma muito mais ampla, ou seja, entre os fabricantes e até mesmo entre os distribuidores do produto”.11 (Fernandes,2007, p.213-218)

A atualidade como requisito da ampla pesquisa de mercado recomenda desprezar aferições de preços que não reflitam o preço praticado a partir de certa época. A efetividade,

8 É a descrição detalhada do objeto a ser contratado, dos serviços a serem executados, sua freqüência e periodicidade, características do pessoal, materiais e equipamentos a serem fornecidos e utilizados, procedimentos a serem seguidos, cuidados, deveres, disciplina, gestão da qualidade, informações a serem prestadas e controles a serem adotados. (IN 18/97- MARE) 9 É o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela administração diante de orçamento detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso, critério de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de forma clara, concisa e objetiva. (Decreto 5.450/05) 10 O Sistema de Preços Praticados – SISPP registra os valores praticados nos processos de contratações governamentais, discriminados por unidade de medidas de padrão legal e marcas, com vistas a subsidiar o gestor, a cada processo, na estimativa da contratação e antes da respectiva homologação, para confirmar se o preço a ser contratado é compatível com o praticado pela Administração Pública Federal. (Manual do SISPP). 11 SÃO PAULO. Tribunal de Contas do Estado. Processo n.º TC 11564/026/98. Relator: Conselheiro Fulvio Julião Biazzi. São Paulo, 20 de dezembro de 2000. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 17 de janeiro de 2001.

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que se remete ao art. 15, inc. III e V, da Lei 8.666/93, no que diz respeito ao preço a ser pesquisado, portanto, não é propriamente o de mercado, mas o que efetivamente pode ser praticado no âmbito da Administração. É importante lembrar que existem aqueles que não aceitam pagamento por notas de empenho e cobram preços diferentes no pagamento à vista. A parametrização, em vários órgãos da administração pública, não se definem previamente parâmetros de pesquisa. É um erro muito comum tentar estabelecer um padrão quando os produtos são diferentes com preços diferentes (Fernandes, 2007, p.213-218).

As coletas dos dados devem ser documentadas e ficar à disposição da Administração. Se a pesquisa for realizada por intermédio de questionários, estes deverão ficar guardados na repartição, embora o que venha a ser objeto de consulta sejam os dados consolidados em sistema de informática. Se por fax-símile (ou fax), como os registros, dependendo do tipo de fax, podem desvanecer com o tempo, é recomendável arquivá-los por cópia. Se for por telefone, tal pesquisa é permitida, desde que o pesquisador faça o registro do nº do telefone, dia e hora da ligação, nome do atendente, balconista ou vendedor. Esses registros devem ser considerados começo de prova, com presunção júris tantum, significando que, se houver motivos de dúvida, deverão ser oferecidas provas em sentido contrário aos registros anotados e por último, se for realizada pesquisa na Internet, é possível e admitido o seu uso, ficando registro escrito dos preços informados, conforme expõe Fernandes (2007, p.213-218).

Em razão da parametrização da pesquisa, o preço de mercado deve levar em consideração a variação que ocorre em razão da qualidade do produto, exigindo-se adequada parametrização de variabilidade, o volume da demanda que tem reflexos nas vantagens da economia de escala e o local de prestação de serviços ou entrega de produtos.

O gerenciamento das informações coletadas nas pesquisas de preço está a cargo do administrador, ou seja, verificar se o item pesquisado apresenta substâncias diferenças de qualidade. Caso afirmativo, deve dividir a pesquisa de preços por qualidades/marcas diferentes, definir a informação do menor e do maior preço pesquisados, apurando-se a média. O objetivo deve ser sempre comprar pelo menor preço.

Quanto à comparação de preços praticados por órgão públicos, segundo Fernandes (2007), o importante é que a pesquisa aponte preços que a administração possa obter em processo licitatório e que sirvam como balizador para que a Administração, no caso de os licitantes apresentarem preços superiores, possa, até, dispensar a licitação.

Quando a contratação se efetiva mediante inexigibilidade de licitação por inviabilidade de competição, nos termos do inciso I do art. 25 da Lei de Licitações, é porque não existem no mercado outros possíveis fornecedores do produto ou bem desejado. Neste caso, o processo deverá ser instruído com a tabela de preços praticados pelo fornecedor, informações de outros órgãos onde o fornecedor tenha contrato de mesmo objeto, bem como anexar demonstração de que o preço praticado é condizente com o produto, à vista de outros similares, de igual complexidade técnica (www.zenite.com.br, perguntas e resposta-855/33/NOV/1996).

2.3. Pontos Fortes e Fracos da Pesquisa de Preço

2.3.1. Dos Pontos Fortes

A pesquisa de preço dá subsídios para que a Administração possa fixar o preço máximo que deseja pagar, bem como obter o preço de referência. O preço máximo é o limite que a Administração se propõe a pagar pelo objeto licitado.

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Com o preço máximo determinado, durante a realização da licitação, os fornecedores que apresentarem preços distorcidos poderão ser desclassificados, se comprovados que estão praticando preços inexeqüíveis ou exorbitantes.

O preço estimado é valor de referência, as propostas acima do valor estimado podem ser mantidas na disputa, desde que de acordo com os valores praticas no mercado.

Um dos princípios que norteiam a ação administrativa do Poder Público é o da economicidade, que tem assento constitucional no art. 70 da Constituição da República e representa um dos ângulos de análise dos órgãos de controle da Administração Pública, pouco importando se decorrente de licitação, dispensa ou inexigibilidade.

2.3.2. Dos Pontos Fracos

Considerando a formalização necessária para as contratações na Administração Pública, se todos os critérios não forem satisfeitos o administrador público não pode concluir um processo licitatório.

O atendimento das exigências deve ser demonstrado por intermédio de documentos que comprovem e atestem os preços praticados no mercado. Essa comprovação se faz, na praxe, por meio de orçamentos obtidos com os fornecedores, por meio de pesquisa realizada. Não há, na Lei de Licitações, nenhum preceito que determine a obrigatoriedade da juntada ao processo de três orçamentos. O número de orçamentos indicados é meramente referencial e assenta-se no pressuposto de que três orçamentos expressariam melhor a média de preços do mercado (www.zenite.com.br, perguntas e resposta-51/47/JAN/1998).

Muito fornecedores quanto consultados na fase de pesquisa de preço não encaminham suas propostas, alguns justificam que vão perder muito tempo e outros porque não fazem cotação para estimativa de preços. Tal fato atrapalha e muito a formalização do orçamento necessário para que a Administração possa chegar ao preço máximo. Alguns processos levam meses para que se possa concluí esta fase, mesmo utilizando de outras formas para se chegar a este preço.

O termo de referência e/ou projeto básico é a referência para os fornecedores cotarem o preço praticado, mas quanto às áreas demandante realizam qualquer adaptação nestes, o responsável pela pesquisa de preço necessita comunicar a todos os fornecedores que participaram da cotação, para que eles possam aferir se a alteração irá impactar o preço já informado, ou seja, isso se torna um entrave ao processo que ficar parado enquanto tais dúvidas não forem sanadas.

Quando a Administração obtém preços com grandes margens de variação, ela deverá, primeiramente, verificar se as características do objeto tomadas como referência para a cotação pelos fornecedores pesquisados são as mesmas. A comparação entre preços orçados para objetos desiguais produzirá distorções no julgamento da licitação (www.zenite.com.br, perguntas e resposta-510/159/MAI/2007).

A Administração, por não existir determinação legal que imponha a necessidade de se consultar os particulares acerca da renovação da validade dos orçamentos, não está obrigada a renovar a validade dos orçamentos obtidos na fase interna da licitação, para fins de estimativa de preços do futuro contrato, sendo que um dos atos preparatórios é justamente a estimativa do custo do futuro contrato.

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Os fornecedores consultados para a obtenção das propostas necessárias à identificação do preço de referência deverão, preferencialmente, estar com a regularidade fiscal atualizada. O ideal é que os orçamentos utilizados para justificar o preço estimado de determinada licitação, coletados durante a fase de pesquisa de preço, sejam de empresas idôneas, que reúnam as condições necessárias para contratar com a administração pública. A Lei de Licitações não disciplina como deverão ser apresentados os orçamentos e nem as condições as condições que os fornecedores devem reunir (www.zenite.com.br, perguntas e resposta-67/143/JAN/2006).

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, com propósito exploratório e descritivo. Sua realização se deu no âmbito do Ministério da Justiça, na Coordenação-Geral de Logística. Foram identificados os tipos de processos licitatórios que a legislação determina e verificado qual tipo de pesquisa de preço consta nos processos licitatórios.

Para tanto, foram consultados os processos licitatórios que o órgão realizou no ano 2007, sendo um total de 313 (trezentos e treze) processos, com objetivo de identificar qual a contribuição da pesquisa de preço utilizada e se outras pesquisas também poderiam subsidiar tais processos. Utilizamos métodos quantitativos nos resultados obtidos com o estudo de caso.

Em virtude do quantitativo elevado de processos licitatórios, optou-se por restringir a amplitude dos dados a serem coletados, com a escolha de um procedimento de amostragem12. Para Henry13, citado por Weffort (2005), o pesquisador precisa responder a cinco perguntas cujas respostas nortearão seu trabalho: a) que listagem da população-alvo pode ser utilizada para a moldura da amostragem?; b) qual será o tipo de técnica de amostragem adotado?; c) a probabilidade de seleção será igual ou desigual?; d) qual é o erro máximo admissível?; e) quantos elementos serão selecionados para amostra?

Para a listagem da população-alvo, foi utilizada como base a relação do total de procedimentos licitatórios, realizados no âmbito da Coordenação Geral no ano 2007, com um total de 313 (trezentos e treze) processos.

Para calcular o tamanho da amostra, será utilizada a fórmula para populações finitas:

Onde:

n = tamanho da amostra;

x = número de itens que apresentam determinada características;

= p = proporção amostral;

N = tamanho da população;

12Na amostragem coleta-se apenas os dados de um subconjunto da população estudada, que pretende representar as características do todo. (Weffort, 2005:118) 13 HENRY. G. T. Practial Sampling. Newbury Park: Sage, 1990.

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e = erro máximo admitido;14

Z = número de desvios-padrão a contar da média para o intervalo de confiança desejado.

A aplicação dessa fórmula resultou em 74 (setenta e quatro) elementos, como o número de processos da amostra, para um intervalo de confiança de 95% é admitido um erro de 0,10:

74)]5,0(1).[5,0.(96,110,0)1313(

)313)].(5,0(1).[5,0.(96,122

2

=

−+−

−=n

Onde: N = 313;

= p = 0,5015; e = 0,10; Z para o intervalo de confiança de 95% = 1.96; Tamanho da amostra dos processos licitatórios = 74.

Em seguida, tomando como parâmetro o quantitativo de processos realizados em 2007, foi estimada uma amostra proporcional para cada tipo de processo licitatório, conforme mostra as Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Tamanho da amostra dos processos licitatórios

Ano 2007 - Quantidade de Processos Licitatórios

Modalidade Quantidade % T. A

Pregão Presencial 22 7% 5

Pregão Eletrônico 113 36% 27

Concorrência 2 1% 1

Tomada de Preços 4 1% 1

Convite 0 0% 0

Concurso 0 0% 0

Leilão 0 0% 0

Dispensa 132 42% 31

Inexigibilidade 40 13% 9

Total 313 100% 74

Fonte: elaboração própria

14 “... uma vez que apenas alguns elementos da população estão sendo examinados a cada amostra, e não obrigatoriamente os mesmos, é necessário estabelecer um nível desejável de precisão...” (Werffort, 2005:120) 15 Para Stevenson, citado por Weffort (2005:120), é aconselhável que “sob condições de completa incerteza, pode admitir inicialmente p=50%=0,50, o que revela a maior quantidade de erro possível” e, por sua vez resultará no intervalo mais amplo possível.

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Tabela 2 – Processos que são concluídos por comissão de licitação

ANO 2007 - QUANTIDADE DE PROCESSOS LICITATÓRIOS

Modalidade Quantidade % T. A

Pregão Presencial 22 16% 5

Pregão Eletrônico 113 80% 27

Concorrência 2 1% 1 Tomada de Preços 4 3% 1

TOTAL 141 100% 34

Obs.: Somente processos que tenham todas as fases de licitação Fonte: elaboração própria

Optou-se por extrair amostras aleatórias16 por tipo de processo licitatório, com o intuito de aumentar a precisão da estimativa, conferindo maior representatividade à amostra. Foram separados os processos por tipos de acordo com os artigos 22, 24 e 25 da Lei de Licitações17.

Da amostra selecionada de 74 (setenta e quatro) processos licitatórios, foram analisados todos os processos, chegando-se aos resultados das tabelas 3, 4, 5 e 6. Os resultados da amostra foram 05 (cinco) processos referentes a pregões presenciais, 27 (vinte e sete) processos referentes a pregões eletrônicos, 01 (um) processo referente concorrência, 01 (um) processo referente à tomada de preço, 31 (trinta e um) processos referentes à dispensa de licitação e 09 (nove) processos referente à inexigibilidade de licitação.

Estes representam, respectivamente, 7% (sete por cento), 36% (trinta e seis por cento), 1% (um por cento), 1% (um por cento), 42% (quarenta e dois por cento) e 13% (treze por cento) do total da amostra analisada.

Considerando somente os processos que são concluídos por comissão de licitação, para pregão, concorrência e tomada de preço os percentuais são 16% (dezesseis por cento) para pregão presencial, 80% (oitenta por cento) para pregão eletrônico, 1% (um por cento) para concorrência e 3% (três por cento) para tomada de preço.

Tabela 3 – Análise total da amostra

Seq. Método

Estatístico Fornecedores Consultados

Proposta Obtidas

Qtd. Dias

1 Desvio Padrão 6 2 18

2 Máximo 34 15 82

3 Média 6 3 16

4 Médiana 5 3 8

5 Mínimo 1 1 1

OBS: Análise Total da Amostra, sendo um total de 74 (setenta e quatro) processos. Fonte: elaboração própria

16

“A credibilidade de uma amostra (que possibilita que sejam feitas inferências sobre a população toda) está

associada, especialmente, ao processo de seleção da amostra. A seleção aleatória da amostra aumenta sua

credibilidade, na medida em que busca eliminar o julgamento subjetivo na seleção.” (Weffort, 2005, 121p.) 17 Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

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Da análise das propostas que constam nos processos licitatórios analisados, constatou-se que as propostas obtidas são de fornecedores consultados por e-mail institucional, de ofício, por intermédio de solicitação de orçamento via fax e ainda consulta em sítios de empresas que divulgam ou tenham ferramentas na Internet que possibilitam consulta de preço.

Da análise total de amostra, podemos inferir que:

1. existem processos com no máximo 34 (trinta e quatro) solicitações de propostas, até 15 (quinze) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou até 82 (oitenta e dois) dias;

2. existem processos com média de 6 (seis) solicitações de propostas, até 3 (três) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou em média de 16 (dezesseis) dias;

3. quando a Tabela 1 evidencia no mínimo 01 (uma) solicitação de proposta, 01 (uma) proposta obtida e 01 (um) dias de prazo para conclusão da fase de pesquisa de preço, são demonstrados somente processos que têm como objeto a contratação por inexigibilidade de licitação, ou seja, por fornecedor exclusivo ou se tratar de serviços de natureza singular ou de notória especialização18.

Tabela 4 – Análise das dispensas de licitação

Seq. Método

Estatístico Fornecedores Consultados

Proposta Obtidas

Qtd. Dias

1 Desvio Padrão 3 1 17

2 Máximo 14 6 57

3 Média 6 3 15

4 Mediana 5 3 7

5 Mínimo 3 3 1

OBS: Análise das Dispensas, sendo um total de 31(trinta e um) processos. Fonte: elaboração própria

Da análise das dispensas de licitação, podemos inferir que existem processos:

1. com no máximo 14 (quatorze) solicitações de propostas, até 6 (seis) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou até 57 (cinqüenta e sete) dias; e

2. com média de 6 (seis) solicitações de propostas, até 3 (três) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou em média de 15 (quinze) dias.

Tabela 5 – Análise dos Pregões Eletrônicos

Seq. Método

Estatístico Fornecedores Consultados

Proposta Obtidas

Qtd. Dias

1 Desvio Padrão 7 2 20

2 Máximo 34 15 82

3 Média 8 4 23

4 Mediana 6 3 14

18 Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, art. 25, inc. I e II.

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5 Mínimo 2 2 3

OBS: Análise do Pregão Eletrônico, sendo um total de 27 (vinte e sete) processos. Fonte: elaboração própria

Da análise dos pregões eletrônicos, podemos inferir que existem processos:

1. com no máximo 34 (trinta e quatro) solicitações de propostas, até 15 (quinze) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou até 82 (oitenta e dois) dias; e

2. com média de 8 (oito) solicitações de propostas, até 4 (quatro) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou em média de 23 (vinte e três) dias.

Tabela 6 – Análise dos Pregões Presenciais

Seq. Método

Estatístico Fornecedores Consultados

Proposta Obtidas

Qtd. Dias

1 Desvio Padrão 1 1 19

2 Máximo 7 4 44

3 Média 6 3 20

4 Mediana 6 3 17

5 Mínimo 4 3 8

OBS: Análise do Pregão Presencial, sendo um total de 5 (cinco) processos.

Fonte: elaboração própria

Da análise dos pregões presenciais, podemos inferir que existem processos:

1. com no máximo 07 (sete) solicitações de propostas, até 04 (quatro) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou até 44 (quarenta e quatro) dias; e

2. com média de 6 (seis) de propostas, até 3 (três) propostas foram obtidas e que a pesquisa de preço durou em média de 20 (vinte) dias.

Para o ano 2007, na unidade pesquisada, não houve nenhum processo licitatório para as modalidades de convite, de concurso e de leilão. Quanto às modalidades não citadas na análise acima, foi examinado um processo licitatório de concorrência e de tomada de preços. Segue abaixo o resultado da análise da pesquisa:

• Concorrência: no processo analisado constam 04 (quatro) solicitações de propostas, somente 02 (dois) fornecedores encaminharam as propostas e a pesquisa durou 08 (oito) dias; e

• Tomada de preço: no processo analisado constam 03 (três) solicitações de propostas, somente 03 (três) fornecedores encaminharam as propostas e a pesquisa durou 07 (sete) dias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contratações na administração pública são regidas pelos princípios da legalidade, da legitimidade, da impessoalidade e, principalmente, pelo da economicidade. A partir da publicação da Lei de Licitações, no ano de 1993, os gestores públicos obtiveram como opções para suas contratações, as seguintes modalidades de procedimentos licitatórios: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão.

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Com a publicação da Lei 10.520/2002, surgiu a opção do pregão eletrônico e do pregão presencial. A Lei de licitações ainda dá a opção para o administrador público dispensar ou inexigir a licitação, nos casos previstos na legislação.

A análise dos resultados obtidos evidencia a utilização pela unidade pesquisa das modalidades disponíveis aos administradores públicos, quando a pesquisa de preço é concluída e seu valor estimado está acima de R$ 8.000,00 (oito mil reais) e, ainda, o objeto não esteja caracterizado como inexigibilidade de licitação, a autoridade competente tem que indicar a modalidade a ser utilizada.

Em 36% (trinta e seis por cento) dos processos analisados foram aplicados à modalidade de pregão eletrônico, sendo que ao considerar somente procedimentos que são conduzidos por comissão de licitação, a exemplo do pregão, da concorrência e da tomada de preços este percentual sobe para 80% (oitenta por cento), conforme Tabela 2, tal fato comprova que a unidade está seguindo as orientações do Decreto n.º 5.504, que estabelece a exigência de utilização de pregão, preferencialmente, na forma eletrônica.

Nos processos licitatórios analisados foi constatado que os fornecedores são consultados por intermédio de e-mail institucional, de ofício, por intermédio de solicitação de orçamento via fax e, ainda, por consulta em sítios de empresas que divulgam ou tenham ferramentas na Internet que possibilitam pesquisa de preço.

Conclui-se neste estudo, considerando que o problema e os objetivos foram alcançados, que, no diz respeito à forma como a pesquisa de preço pode subsidiar os procedimentos licitatórios, esta é útil na formação do preço máximo que a Administração se propõe a pagar. Além do mais, é por intermédio da pesquisa de preço que a Administração tem condições de auferir se o preço ofertado está de acordo com o mercado.

REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição, 1988. _______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Decreto nº 3.555, de 08 de agosto de 2000. Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Decreto nº 3.931, de 19 de julho de 2001. Regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,

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modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Decreto n.º 5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. _______. Decreto n.º 5.504, de 05 de agosto de 2005. Estabelece a exigência de utilização do pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 15 Ago, 2008. AMARAL, Antônio Carlos Cintra do. Princípios Licitação de técnica e preço para construção de obras públicas (interpretação do art. 46,§ 3º da Lei n.º 8.666/93). Fórum de Contratação e Gestão Pública, Belo Horizonte, ano 5, n. 55, p. 7449-7454, jul 2006. FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de Preços e Pregão Presencial e Eletrônico. 2. ed. rev. e ampl., 4. Tiragem. Belo Horizonte: Fórum, 2007. _____________________________. Contratação direta sem licitação: modalidades, dispensa e inexigibilidade de licitação. 5. ed. Brasília Jurídica, 2000. FROTA, Hidemberg Alves da. Considerações sobre prorrogação de ata de registro de preços superior a 1 (um) ano. Fórum de Contratação e Gestão Pública - FCGP, Belo Horizonte, ano 6, n. 63, p. 7-18, mar 2007. FURTADO, Madeline Rocha Furtado. Planilhas de estimativas de custos e formação de preços para a realização de serviços terceirizados: considerações gerais. Fórum de Contratação e Gestão Pública, Belo Horizonte, ano 6, n. 70, p. 44-47, out 2007. MENDES, Renato Geraldo; DE BIASI, Faria Mariela. Lei de licitações e contratos administrativos: Lei n.º 8.666, de 21 junho de 1993, com alterações posteriores.13 ed. Curitiba: Zênite, 2007. MENDES, Renato Geraldo. Lei de Licitações e Contratos Anotada. 6 ed. Curitiba: Zênite, 2005. MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Princípios constitucionais da Administração Pública. Estudo de caso: o Projeto de Lei nº 7.709/07, que propõe alterar a Lei de Licitações. Fórum de Contratação e Gestão Pública-FCGP, Belo Horizonte, ano 6, n. 63. P.7-18, mar.2007. NIEBUHR, Joel de Menezes. Pregão Presencial e Eletrônico. 3. ed. Curitiba: Zênite, 2005. SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DAS LICITAÇÕES DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA, 10 a 13 de março, Brasília. Zênite, 2008.

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