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1 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA ENSINANDO E APRENDENDO COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP (O POVO) FORTALEZA 2011

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RESUMOA influência da cultura pop japonesa no surgimento das colunas J-Pop, do jornal O Povo, e Zona Otaku, do Diário do Nordeste. A escolha do tema partiu da percepção pessoal do crescimento gradativo e da visibilidade da Super Amostra Nacional de Animês (Sana) e da curiosidade jornalística sobre o principal motivo da abertura de espaços de cultura pop japonesa nos jornais cearenses. Para isso, antes de trabalhar diretamente com os objetos de estudo, foi feita uma contextualização histórica sobre a imigração japonesa, seguindo da pesquisa bibliográfica a presença dos japoneses na mídia brasileira e cearense, proporcionando, assim, uma ambientação do universo estudado pela pesquisa. A segunda parte do trabalho aborda os conceitos de cultura pop, cultura pop japonesa e alguns dos elementos que compõe o espaço pop nipônico. Por fim, são abordados os conceitos do produto jornalístico denominado de coluna, com isso traçando um perfil editorial dos assuntos trabalhados.

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZUNIVERSIDADE DE FORTALEZA

ENSINANDO E APRENDENDO

COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES

A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP

(O POVO)

FORTALEZA2011

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(Observação do Examinador)

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CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES

A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP

(O POVO)

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do grau de bacharel, sob a orientação do (a) Professor Joana D’arc Dutra.

FORTALEZA2011

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZUNIVERSIDADE DE FORTALEZA

ENSINANDO E APRENDENDO

TERMO DE APROVAÇÃO

A INFLUÊNCIA DA CULTURA POP JAPONESA NAS COLUNAS ZONA OTAKU (DIÁRIO DO NORDESTE) E J-POP

(O POVO)

CLEIDINALDIA MAIA RODRIGUES

Monografia apresentada no dia 16 de junho de 2011, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza, tendo sido aprovada pela Banca Examinadora composta pelos professores:

BANCA EXAMINADORA

____________________________Prof.(a) Ms. Joana D'arc Dutra

Orientador

____________________________Prof.(a) Ms. Janayde De Castro Goncalves

Examinador

____________________________Prof.(a)Ms. Solange Maria Morais Teles

Examinador

FORTALEZA2011

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Dedico este trabalho a minha família, e

em especial aos meus pais, José Ernaldo

Rodrigues da Silva e Maria Marcleide

Maia Rodrigues.

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Agradecimentos

Agradeço ao professor Eduardo Freire, que na época ministrava a disciplina de

Teoria e Método de Pesquisa, e que me ajudou a perceber que era possível

trabalhar o jornalismo e a cultura pop japonesa no Ceará. À Professora Kátia

Patrocínio, que me inspirou com a sua dedicação e amor pelo rádio o que me

incentivou a querer também a trabalhar com algo que também me desse prazer,

mesmo que não sendo sobre o rádio.

À minha irmã Nayane que esteve sempre presente e me incentivando na

produção desse trabalho. À minha amiga Mirtila Facó que também me ajudou tanto

nos momentos de crise, encontrando sempre um tempo para me ouvir. E à todos os

amigos que fiz durante as etapas da minha vida acadêmica .

À professora Joana D’arc Dutra, por aceitar ser minha orientadora, trabalhando

esse tema e confiando em mim nessa empreitada de desenvolver a pesquisa sobre

as colunas e cultura pop japonesa.

Ao Laboratório de Estudos e Pesquisas Orientais, o L.E.P.O., que me ajudou a

encontrar muitas das referências bibliográficas relacionadas à cultura japonesa e a

cultura pop japonesa.

Ao Roberto Leite, jornalista da coluna J-Pop do jornal O Povo, assim com

também à jornalista Diana Vasconcelos da coluna Zona Otaku do Diário do

Nordeste, que foram muito acessíveis quando precisei trabalhar a entrevista em

profundidade para a minha pesquisa.

E a Deus, por ter me dado saúde, inteligência e potencial para que possa traçar

o meu caminho e fazer a minhas escolhas de forma coerente e sensata.

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RESUMO

A influência da cultura pop japonesa no surgimento das colunas J-Pop, do jornal O Povo, e Zona Otaku, do Diário do Nordeste. A escolha do tema partiu da percepção pessoal do crescimento gradativo e da visibilidade da Super Amostra Nacional de Animês (Sana) e da curiosidade jornalística sobre o principal motivo da abertura de espaços de cultura pop japonesa nos jornais cearenses. Para isso, antes de trabalhar diretamente com os objetos de estudo, foi feita uma contextualização histórica sobre a imigração japonesa, seguindo da pesquisa bibliográfica a presença dos japoneses na mídia brasileira e cearense, proporcionando, assim, uma ambientação do universo estudado pela pesquisa. A segunda parte do trabalho aborda os conceitos de cultura pop, cultura pop japonesa e alguns dos elementos que compõe o espaço pop nipônico. Por fim, são abordados os conceitos do produto jornalístico denominado de coluna, com isso traçando um perfil editorial dos assuntos trabalhados.

Palavras-chave: Imigração japonesa, Cultura pop, Cultura pop japonesa, O Povo,Diário do Nordeste.

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ABSTRACT

The Japanese's culture as a reason for the beginning of two different issues: J-Pop, from O Povo newspaper; and Zona Otaku, from Diário do Nordeste newspaper. The choice is the result of a previous personal analyze about the increased visibility of the Super Amostra Nacional de Animês (Sana) by this two newspapers in Ceará. For this research, it is necessary to contextualize the history about the Japanese's migration in Brazil, following the presence of Japaneses people in Brazilian and local press, which it brings the possibility to construct the universe of this research. The second part is focused in the concepts about “Pop Culture”, “Japanese Pop Culture” and some elements that is related to the Nippon space. In the end, there is the case study, with the concepts about the column, bringing the editorial profile.

Key words: Japanese's migration, Pop culture, Japanese Pop Culture, O Povo.

Diário do Nordeste.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................ 10

1 CULTURA JAPONESA NO BRASIL.......................................................... 121.1 Visões da imprensa brasileira sobre a imigração japonesa........................ 201.2 Presença dos japoneses no Ceará............................................................. 251.3 Cultura pop japonesa no Ceará e as colunas J-Pop e Zona Otaku............ 28

2 CULTURA POP E A CULTURA POP JAPONESA..................................... 292.1 Alguns elementos da cultura Pop Japonesa............................................... 322.1.1 Os mangás para os brasileiros................................................................... 372.1.2 Animês: animação no Japão e no Brasil.................................................... 392.1.3 Os cosplay e evento SANA........................................................................ 44

3 METODOLOGIAS APLICADAS À PESQUISA.......................................... 463.1 Jornalismo De Coluna................................................................................. 483.2 Coluna J-Pop Do Jornal O Povo................................................................. 493.3 Coluna Zona Otaku Do Jornal Diário Do Nordeste..................................... 523.4 Análise Das Colunas J-Pop (O Povo) E Zona Otaku (Diário do nordeste). 553.4.1 Coluna J-Pop (O Povo)............................................................................... 553.4.2 Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)................................................... 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 58

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 60ANEXOS..................................................................................................... 66

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INTRODUÇÃO

O Trabalho de Conclusão de Curso, A Influência Da Cultura Pop Japonesa Nas

Colunas Zona Otaku (Diário Do Nordeste) E J-Pop (O Povo), tem como objetivo

identificar quais foram critérios utilizados para justificar a abertura de espaços sobre

cultura pop japonesa nos dois principais jornais na capital cearense e também qual a

proporção da influência de cultura pop japonesa existente em nosso estado nas

colunas J-Pop, do jornal O Povo, e Zona Otaku, do Diário do Nordeste.

A escolha do tema surgiu da união da percepção pessoal do crescimento de

eventos como a Super Amostra Nacional de Animes (SANA), a curiosidade por

saber qual o motivo principal da abertura de espaços nos jornais cearenses e como

são produzidas e veiculadas as informações sobre o tema.

Para isso, foi definido - em uma abordagem inicial - os conceitos de cultura

pop. Esses estudos trouxeram à tona a compreensão do significado da cultura pop

japonesa e da sua influência no Brasil e no Ceará.

O referencial teórico foi escolhido com base em autores utilizados em

pesquisas que atuam com a mesma temática. Os dados foram obtidos a partir de

uma pesquisa bibliográfica de produtos acadêmicos que tiveram como objeto a

cultura japonesa e a cultura pop japonesa. Entre eles, a autora Cristina Sato, uma

das maiores autoridades no assunto.

Para debater sobre as rotinas produtivas de cada coluna, foram estabelecidos

diálogos com autores - Nelson Traquina e Mauro Wolf - trabalhando os conceitos de

valores-notícia, com o objetivo de estabelecer quais os assuntos mais abordados

nas colunas.

A princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica dos principais livros e

artigos científicos sobre a cultura pop japonesa com o objetivo de disponibilizar

conceitos e conteúdos que possam facilitar a compreensão do tema abordado.

A metodologia utilizada é a entrevista em profundidade, técnica qualitativa que

procura explorar um assunto a partir da busca de informações, percepções e

experiências de informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada.

No nosso caso a entrevista em profundidade foi feita com editores jornalistas das

colunas de ambos os jornais.

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O objetivo do método aplicado foi traçar um perfil histórico e estabelecer uma

compreensão das rotinas produtivas de cada um. Para isso, foi utilizado por meio do

método de seleção de uma amostra estratificada, do autor Jorge Pedro de Souza,

com base em períodos específicos como os meses em que acontece o evento pelo

qual justificaria a criação dessas colunas.

Foi analisado um total de 18 amostras, sendo nove do jornal Diário do Nordeste

e nove do jornal O Povo. O ano escolhido é 2010, período em que o evento de

cultura pop japonesa, o SANA, completou 10 anos de existência.

No primeiro momento da pesquisa o trabalho foi feita uma ambientação da

temática antes do trabalho de análise propriamente dos produtos propostos na

problematização trabalhada.

O primeiro capítulo foi dedicado à contextualização histórica necessária para

basear a presença e a influência do povo nipônico em nossa sociedade. Para isso,

partimos de um momento geral, no caso a chegada dos imigrantes japoneses no

Brasil e no Ceará. Depois apresentamos como a presença do povo japonês foi

registrada pela mídia brasileira e cearense.

No segundo capítulo foram abordados os conceitos de cultura pop e cultura

pop japonesa, assim como a contextualização histórica com o objetivo de explorar

satisfatoriamente alguns dos principais elementos pertencentes à cultura pop

japonesa.

No terceiro capítulo analisamos as colunas a partir dos dados estabelecidos

através das entrevistas em profundidade, onde foi possível traçar o perfil editorial de

cada coluna. Também foram realizados gráficos que mostraram a prevalência dos

assuntos trabalhados pelos espaços.

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1 CULTURA JAPONESA NO BRASIL

Mesmo antes da chegada dos imigrantes japoneses no Brasil, a cultura

nipônica exercia um fascínio e curiosidade entre os artistas brasileiros. De acordo

com Del Rey (2008), o Brasil conheceu a ópera Madame Butterfly em 1904. A peça é

baseada nos livros Madame Chrysantheme, de Pierre Loti, e Madame Butterfly, de

John Luther Long. Já a pintora Anita Malfatti, por sua, vez, foi “considerada um

marco na história da arte moderna no Brasil e o 'estopim' da Semana de Arte

Moderna de 1922, nos termos do historiador Mário da Silva Brito”, que também tem

presente em suas obras à influência nipônica. Isso pode ser percebido pelas

pinturas “O Japonês”, de 1916, e “A boneca Japonesa”, de 1924. Já na literatura o

destaque era o escritor português Wenceslau de Moraes1, que possui um grande

número de obras inspiradas na cultura japonesa.

O imaginário nacional relacionado ao japonês, ainda na transição do século XIX para o XX, respirava os ares do japonismo, enquanto países como o Peru e, principalmente, os Estados Unidos viviam um momento de redefinição dos discursos relativos ao imigrante japonês que ali se radicava. Esse fato é de suma importância para compreendermos a diferença de sintonia entre o Brasil e os outros dois países imigrantistas. A operação de desconstrução do mito de “país das gueixas” e da estética naif associada ao japonismo começou a entrar em evidência a partir da publicação da obra No Japão, do diplomata Oliveira Lima (1903). (...) Esse processo de transformação das formas de representar o japonês no imaginário nacional pode ser constatado nos discursos veiculados posteriormente, a partir da chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil (1908). (DEZEM, 2005, p.11-12).

Segundo Takeuchi (2008, p.17), “a história da imigração japonesa no Brasil

começa oficialmente em 18 de junho de 1908, data em que o vapor Kasato Maru

atracou no Porto de Santos, trazendo 781 imigrantes japoneses.”, todos

selecionados pela Companhia Imperial de Colonização Ltda, responsável pelo

recrutamento de trabalhadores para as fazendas paulistas de café.

Para compreender a trajetória e o processo de integração dos imigrantes

japoneses no Brasil, assim como o contexto histórico deste fenômeno social e

1 “livros: Traços do Extremo Oriente: Sião, China e Japão (1895); Dai-Nippon (1897); Cartas do Japão (1904); O Culto do Chá (1905); O Bom-Odori em Tokushima (1916); O-Yoné e Kó-Haru (1923); Paisagens da China e do Japão (1924); Os Serões no Japão (1925); Relance da Alma Japonesa (1926) e Osoroshi (1933)”. (DEL REY, 2008).

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político do século XX, Takeuchi (2008) defende que se precisam considerar três

momentos distintos.

Na 1ª fase (1908 – 1930) a política imigratória japonesa e o seu caráter oficial

eram vistos como perigosos do ponto de vista étnico, pois “desde a abolição da

escravatura, em 1888, o temor da 'mongolização' da população brasileira pela

introdução de sangue asiático nos trópicos se fez presente no discurso das elites

agrárias e intelectuais”. Já do ponto de vista político era fato consumado, pois, assim

como fala Ishitani (2008, p. 88) em 1895 os Ministros Plenipotenciários2 do Brasil e

do Japão assinaram, na cidade de Paris, o Tratado de Amizade, Comércio e

Navegação, vinculando oficialmente os dois países, firmando, assim, a migração dos

japoneses no Brasil.

Durante a 2ª Fase (1930 – 1945) da integração japonesa, o Brasil passava pela

Revolução de 1930, seguida da instituição do Estado Novo (1937 – 1945), onde a

palavra de ordem era a centralização do Estado e a instalação de uma política de

nacionalização. Isso afetou significativamente a comunidade nipônica, pois eram

tempos de repressão cultural e política, que foram acentuados com o início da

Segunda Guerra Mundial e o posicionamento do Brasil a favor do Eixo dos Aliados

em 1942, grupo oposto ao do Japão.

A 3ª Fase (1952 – 2007) marca a retomada da imigração japonesa no pós-

guerra, quando os conflitos internos das comunidades japonesas foram amenizados,

marcando o começo da efetiva integração dos japoneses e seus descendentes à

sociedade brasileira.

Para a autora, a influência japonesa na sociedade brasileira pode ser percebida

nos mais diferentes setores, como Arte, esporte, culinária, religião, nas profissões

liberais e mesmo no campo político. Isso pode ser constatado de forma mais

particular na cidade de São Paulo, onde muitas das manifestações dessa cultura

tiveram sua origem no Bairro da Liberdade e, de certa forma, permanecem até hoje.

O Bairro da Liberdade, um dos mais importantes atrativos turísticos da cidade de São Paulo, foi ocupado pelos japoneses a partir de 1910. Manteve-se como centro aglutinador da comunidade até 1942, quando o conflito mundial motivou a expulsão de vários imigrantes dessa área (…). Os nipônicos retornaram a região somente na década de 1950, atraídos inicialmente pela programação do Cine-Niterói, inaugurado em 1953.

2“adj. Diz-se do agente diplomático munido de plenos poderes: ministro plenipotenciário.” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUES, 2011).

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Progressivamente, foram fundados outros cinemas, bares, lojas e boates, dentre outros estabelecimentos comerciais. (TAKEUCHI, 2007, p.100).

Conforme dados do site Cultura Japonesa, “em 1965 foi fundada a Associação

de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, precursora da Associação

Cultural e Assistencial da Liberdade – ACAL, sob a presidência de Yoshikazu

Tanaka”. Segundo informações do site da ACAL, sua função consiste em integrar e

defender os interesses dos comerciantes e dos moradores da região, além de

contribuir para o aperfeiçoamento cultural, socioambiental e ecológico.

Takeuchi (2007) revela que em 1974, o Bairro da Liberdade foi declarado, pelo

poder municipal, como “Bairro típico japonês”. A intenção do poder público era

transformar o local aos moldes de uma China Town3 como as existentes nas cidades

norte-americanas de Nova York e São Francisco. Para isso foram colocados na

entrada do local os Torii4. Outro símbolo típico japonês foi implantado ao longo do

percurso da Rua Galvão Bueno: os Suzurantô (as luminárias japonesas), que assim

como os Toriis, tornaram-se características da identidade do Bairro da Liberdade.

Nas décadas de 1980 e 1990, algumas mudanças aconteceram. As casas

noturnas gradativamente foram substituídas por karaokês5, que virou mania entre os

moradores e frequentadores do bairro da Liberdade. As principais atividades

culturais do bairro são promovidas pela ACAL e fazem parte do calendário anual do

município:

Abril – Hanamatsuri – Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. O desfile do grande elefante branco carregando o pequeno Buda acontece no sábado.Junho – Campenato de Sumô da Liberdade – grande campeonato com atletas de todo o país. Realiza-se aqui a seleção dos atletas juvenis que representarão o Brasil no Campeonato Mundial de Sumô. A arena (dohyo) e as arquibancadas são montadas em plena praça da Liberdade.Julho – Tanabata6 Matsuri – Festival das Estrelas, em conjunto com a

3“O bairro Chinatown, localizado na Lower East Side de Manhattan, concentra uma das maiores comunidades chinesas fora da China. A história do bairro está diretamente relacionada com a imigração dos chineses nos EUA. Atraídos pelas promessas de trabalho e enriquecimento os Chineses imigraram e tiveram que encarar uma vida muito difícil.” (TRAVELAVENUE, 2011).4“Pórtico que marca a entrada de um santuário shintô ou a proximidade de um lugar sagrado. Os torii podem ser únicos, em fileira de três (caso mais comum) ou em grande número (como no Fushimi Inari – jinja, em Quioto).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1145 – 1197). 5 “A expressão karaokê deriva da contração de kara (vazio) e ôkesutora (orquestra), ou seja, “ausência de orquestra (...).” (SATO, 2007, p.295).6“Festival das estrelas” que acontece todo ano no sétimo dia do sétimo mês ( 7 de julho, as vezes 7 de agosto em algumas regiões), celebrado pela primeira vez em 755. É um dos cinco festivais

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Associação Miyagui Kenjinkai. As principais ruas do bairro são enfeitadas com bambu e grandes enfeites de papel simbolizando as estrelas. Os visitantes colocam um pedaço de papel com pedidos.Dezembro – Toyo Matsuri – Festival Oriental. Apresentação de várias manifestações culturais do oriente. O bairro recebe o Nobori, coloridas bandeiras verticais.Dezembro – Moti Tsuki – Festival de Final do Ano. O arroz é socado em pilão para a confecção do moti (bolinhos de arroz) que é distribuído aos presentes para dar sorte. Sempre no dia 31 de dezembro. (CULTURA JAPONESA, 2011).

Outra influência nipônica muito presente nessas festas e eventos são as

comidas típicas japonesas. No entanto, o primeiro contato da culinária japonesa em

solos brasileiros não teve uma boa receptividade, já que, como menciona Ribeiro

(2011, p.8), houve em relação à gastronomia um estranhamento tanto por parte dos

japoneses em relação aos nossos hábitos alimentícios, considerados por eles

exóticos, quanto dos brasileiros em relação aos hábitos alimentares nipônicos.

Pinho (2011) argumenta, que quando os primeiros imigrantes japoneses

desembarcaram no Brasil, em 1908, trouxeram consigo hábitos considerados

“esquisitos”. “Imagine a cara dos caboclos paulistas diante da cena de pessoas

comendo com o-hashi (aquelas duas varetas usadas para levar o alimento à boca)”.

Um século depois, alguns dessas tais “esquisitices orientais” acabaram integrados

ao dia a dia dos brasileiros.

Comer com pauzinhos virou moda até em lanchonetes e palavras como sushi7 e sashimi8 já fazem parte do vocabulário por aqui. (...). A situação era bastante difícil para esses imigrantes, nas fazendas, os trabalhadores recebiam uma provisão de alimentos que ignoravam totalmente. O arroz, de tipo diferente do japonês, era difícil de ser preparado no ponto e sabores desejados; as farinhas, de mandioca ou milho, era um mistério; o feijão era conhecido, mas seu uso prestava-se ao preparo de doces; o charque não apetecia, pois parecia cheirar mal; o bacalhau seco, desconhecido, era inicialmente consumido sem antes ser demolhado - e, naturalmente, ficava salgado. Não sabiam preparar o café e não se equiparava ao chá, inexistente nas fazendas; a banha, o toucinho, o óleo vegetal pareciam-lhes agressivos. Em contrapartida, aos brasileiros parecia no mínimo exótico o

tradicionais (gosekku). Inicialmente chamada Tanabatatsume, essa grande festa comemora, segundo uma tradição chinesa, a união anual das estrelas Vega (a tecelã, shokujo) e Altair (o vaqueiro, Kengyu), que utilizam a Via Láctea (amago - gawa) para se encontrarem (...). As casas são então decoradas com hastes de bambu enfeitadas com lampiões de papel colorido, grandes pompons e fitas de papel com poemas de amor. (“...).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1145 – 1146). 7“Prato tipicamente japonês que consiste em rolinhos de arroz temperados com vinagre ou outro condimento, enrolados com algas (nori) e um pequeno pedaço de peixe ou crustáceo em cima.” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1112).8“Filés de peixe cru acompanhados de molho de soja e de wasabi (pasta de rábano forte).” (FRÉDÉRIC, 2008, p.1011).

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hábito dos japoneses em consumir verduras cruas. Esse primeiro embate entre a cultura japonesa e brasileira, em especial na área gastronômica concentra às atenções desse trabalho. (RIBEIRO, 2011, p.8).

Segundo Ribeiro (2011) foi no Bairro da Liberdade, considerado até hoje uma

pequena parte do Japão em solo brasileiro, que se pode encontrar o comércio de

artigos de todo tipo, inclusive alimentícios e de várias partes do mundo. Os

alimentos encontrados no bairro vão desde as lascas de peixe seco, tão importantes

no caldo básico das sopas, até ferramentas para moldar os bolinhos de arroz dos

sushis. Gradualmente, as pessoas que circulavam pelo comércio do Bairro da

liberdade não se restringiam apenas a japoneses ou seus herdeiros, nisseis9 e

sanseis10. Hoje “muitos são os brasileiros que se misturam aos rostos orientais nas

lojas e mercados, já iniciados nos segredos destes sutis sabores trazidos do

extremo oriente.” (RIBEIRO, 2011, p.8).

Paolucci e Ribeiro (2006, p.8) destacam que a valorização da culinária

japonesa atinge não apenas São Paulo, mas também outros Estados brasileiros.

Apontam que, em geral, “a clientela de muitos desses locais, em sua maioria,

ocidental mais abastada, (...) outros locais atraem um público de poder aquisitivo

mediano, mas igualmente interessado” nas comidas japonesas.

Na década de 1980, (…) comer peixe cru, nos sushis e sashimis, ganhou maior expressividade, fazendo com que os leves pratos japoneses, quase sem gorduras, moderadamente temperados, adquirissem uma aceitação desde gourmets até os adeptos de vida saudável.De fato, a cozinha japonesa é diferenciada em seu preparo, seus sabores e sua apresentação. Cercado de mar e cortados por rios, o Japão tem em seus pratos a forte presença de seus pescados. O peixe cru é raro na mesa cotidiana, mas usam-se muitos peixes secos, principalmente nos temperos e caldos. Os legumes são talhados em pequenos formatos e preparados em cozidos ou conservas. O elemento básico da alimentação é o arroz, tão importante que, na Idade Média, era utilizado como moeda de pagamento de impostos. O molho (shoyu) e a pasta de soja (missô) dão um sabor característico à cozinha de todo o país. (PAOLUCCI; RIBEIRO, 2006, p.9 – p.10).

A gastronomia japonesa tem conquistado o paladar dos brasileiros, como

assinala o Guia de Restaurantes Japoneses (2010). Segundo o estudo, existem,

aproximadamente, 590 restaurantes catalogados nas cidades São Paulo, Curitiba, 9“ni = segundo, dois; sei = geração – descendente de japonês de segunda geração” (COSTA, 2007, p.11).10“san = terceiro, três; sei = geração – descendente de japonês de (sic.)NN terceira geração”(COSTA, 2007, p.11).

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Londrina, Maringá e Rio de Janeiro, além de 163 endereços de serviços ligados à

culinária oriental.

Em Fortaleza, a Revista Veja Especial Fortaleza (2010), revela que o número

de restaurantes que trabalham com comida da típica japonesa chega ao total 21

estabelecimentos de um total de 217 cadastrados na revista, como pode ser visto no

gráfico a seguir. É claro que nesses dados não entraram o número de

supermercados, churrascarias e outros lugares, que também oferecem serviços da

gastronomia japonesa.

Além da comida, também há outras manifestações presentes eventos cuja

temática é a cultura asiática. Argumenta Takeuchi (2007, p.102) que uma das

práticas artísticas de origem japonesa presentes não apenas nessas festas, como

também nos demais eventos organizados pela comunidade, como a exposição e o

ensino da arte do origami, ou dobradura em papel, conhecida no Japão há séculos.

Frédéric (2008, p.930) relembra que, a princípio, o origami era usado como

passatempo para as crianças. Com o tempo tornaram-se cada vez mais complexos

e alguns são considerados obras de arte.

No Japão, os origamis são ensinados nas escolas primárias para auxiliar o

desenvolvimento da habilidade motora e a noção de superfície e de volume. Esta

17

Número de Restaurantes em Fortaleza

153

21 19 5 5 4 3 2 2 1 1 10

20406080

100120140160180

outro

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ndês

Árabe

Fonte:Revista Veja Especial Fortaleza: Comer & Beber Edição 2010/2011

Série1

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arte, que deixou de ser exclusiva dos japoneses para se tornar universal, deve-se ao

fascínio proporcionado pela transformação de um simples pedaço de papel, através

das dobraduras, em variadas figuras de animais, flores, objetos utilitários,

decorativos e ilustrativos. “O origami vem sendo utilizado não apenas para o lazer,

mas também para fins educativos, lúdicos e terapêuticos.” (TAKEUCHI, 2007,

p.102).

Nas festividades nipônicas, outra prática que está sempre presente são os

tambores japoneses. Mais conhecidos como taikô - palavra que define tanto a batida

da percussão executada quanto o instrumento em si, de mesmo nome - podem ser

encontrados em variadas formas e tamanhos. Os taikô são considerados símbolos

da comunidade rural japonesa, já que os limites de uma aldeia eram definidos tanto

pela geografia, quanto pela distância em que o som da batida era ouvida.

Outras manifestações de cunho estético e cerimonial difundidas desde o início da imigração japonesa no Brasil são o ikebana (arranjo floral) e a Cerimônia do Chá. Associadas a delicadeza dos gestos e à estabilidade mental, encontraram adeptos entre os brasileiros que identificam nessas atividades, além da beleza, a harmonia dos sentidos. O ikebana pode ser traduzido como arquitetura das flores. Baseada em formas e materiais em estado natural, o arranjo deve estar coerente com o ambiente em que estará exposto. Contemporâneo do desenvolvimento pleno da Cerimônia do Chá, o Ikebana teve suas origens por volta do século XIV, e tinha a função de servir como oferenda aos deuses. (TAKEUCHI, 2007, p. 103).

No esporte a influência dos imigrantes japoneses é encontrada nas artes

marciais, e tem como destaque o judô e o Karatê, este último de origem chinesa,

mas popularizado pela comunidade nikkei11. O judô que é largamente difundido e

praticado no Brasil, é um dos esportes olímpicos que mais rendem medalhas e

reconhecimento internacional para o nosso país. Tanto o judô quanto o Karatê tem

em comum a forte vinculação da filosofia e ao desenvolvimento mental.

Del Rey (2008) aponta que o judô propõe a filosofia da integração do corpo e

da mente. A técnica utiliza os músculos e a velocidade de raciocínio para dominar o

oponente. Os judocas, praticantes do judô, são classificados em duas categorias:

principiantes (kiu ou kyu) e mestres (dan). Os graus são representados por faixas

coloridas, onde ordem crescente é: branca (principiante), azul, amarela, laranja,

verde, roxa, marrom e preta (mestres).

11 “Nikkei – indivíduo de origem japonesa.” (TAKEUCHI, 2007, p. 143).

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Além do karatê e do judô, vários outros esportes também tem conseguido

espaço no cenário brasileiro, como o Sumo. Del Rey (2008) revela a existência de

relatos dessa modalidade esportiva em uma das mais antigas crônicas do Japão, a

Nihon Shoki, escrita no século VII, menciona uma luta de sumô realizada no ano 23

a.C. As regras da luta são muito simples: obtém a vitória quem fizer o oponente sair

marcas do ringue ou levá-lo a tocar o chão com qualquer parte do corpo acima do

pé.

O Kendô é outra arte marcial de origem japonesa que timidamente tem

ganhado espaço no Brasil. Del Rey (2008, p.36) revela que essa arte marcial “é um

tipo de esgrima japonesa, na qual se utiliza uma espada feita de pedaços de bambu

(shinai) e uma espécie de armadura de couro, resina, tecido ou lona para proteção.

O capacete protetor chama-se men, o protetor do peito chama-se do e as luvas,

kote.”

Outra área onde podemos encontrar a influência japonesa no Brasil está na

religião, Ozaki (1990, p. 21) defende que “todas as religiões japonesas foram

introduzidas no Brasil com a finalidade primordial de atender os imigrantes

japoneses e seus descendentes. Assim foi no início como o protestantismo, trazido

pelos imigrantes ingleses e alemães e o budismo pelos japoneses no início do

Século XX.” . Segundo dados dos Estudos & Pesquisas Informações Geográfica e

Socioeconômica. 20,

No início do Século XIX, período de intensos fluxos migratórios e constituição do Estado Nacional, formalizou-se a liberdade religiosa no Brasil. Portanto, com a chegada dos imigrantes europeus e de origem asiática, muitas religiões foram surgindo. (Estudos & Pesquisas Informações Geográfica e Socioeconômica. 20, 2007, p.47).

Segundo Pereira (2011), o Japão é um dos poucos países no mundo onde as

pessoas veneram divindades de religiões diferentes sem constrangimentos. Apesar

dessa característica, é possível destacar duas religiões que possuem grande

influência na comunidade nipônica: o Xintoísmo (Shintô) e o Budismo (Bukkyô). O

Xintoísmo é mais frequentemente relacionado aos ritos de nascimento, matrimônio,

inauguração de edifícios etc.

O Budismo relaciona-se mais ao culto aos antepassados e rituais fúnebres.

Porém, Shoji (2002) defende que o interesse dos brasileiros pelo Budismo só teve

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um crescimento significativo nos anos de 1960. Contudo, a única iniciativa

institucional criada na época foi a Sociedade Budista Brasileira (SBB). Apesar das

reuniões de estudos sobre o budismo acontecer em 1923, às reuniões se tornaram

mais frequentes a partir de 1955.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2011), aponta no estudo

realizado no ano de 2000, que o número de seguidores do budismo no Brasil é de

245.870 de um total de 169.799.170 de pessoas da população geral do país. Dos

budistas brasileiros 120.246 são homens e 125.625 são de mulheres. A atitude

flexível e pragmática em relação à religião pode ser considerada um dos elementos

facilitadores da integração dos imigrantes japoneses ao ambiente religioso brasileiro.

1.1 Visões da imprensa brasileira sobre a imigração japonesa

O Brasil é formado pela contribuição de imigrantes de várias nacionalidades e

os japoneses e seus descendentes fazem parte da construção da nação brasileira.

Apesar disso “no início da imigração as características étnicas formavam o principal

elemento diferenciador desse grupo populacional, autodenominado de nikkeis”.

(KOSHIYAMA, 2003 p.2).

Moreno e Oliveira (2010) defendem que, o imaginário ocidental sobre o povo

japonês “(...) possui muito desse ‘quê’ exótico que durante tantos anos alimentou as

mensagens vinculadas pela mídia” (p. 4) no que diz respeito à cultura. A relação

entre a mídia e os imigrantes japoneses não pode ser qualificada como tranqüila:

Lesser (2001) menciona que um dos principais personagens desse “mal-estar” foi o

presidente da Academia Nacional de Medicina da década de 1920, Miguel Couto,

“que rapidamente veio a se tornar o defensor mais articulado da Campanha Anti-

Nipônica”. Ele escreveu uma série de editoriais para O Jornal, no período de 1924 a

1925, afirmando “que a imigração japonesa era parte de um plano expansionista

para destruir a nação brasileira”. (LESSER, 2001, p.178).

Miguel Couto caracterizou os imigrantes japoneses recém-chegados “como

‘[uma gente] versuta (sic.), ambiciosa, guerreira e mística’. Partilhavam do mesmo

sentimento Arthur Neiva e José Félix Alves Pacheco - este último, Ministro das

Relações Exteriores (1922 a 1926) -, e também o proprietário do Jornal do

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Comércio”. Segundo o autor, Couto, Neiva e Pacheco ficaram conhecidos “como

‘Os três heróis da Campanha Anti-Nipônica’, e tiveram presença constante no

debates sobre a imigração e assimilação que ocorrem em meados da década de

1930” (LESSER, 2001, p.178).

Em 1926, o governo japonês convidou Couto para visitar o Japão, como uma

tentativa de diminuir a força da campanha anti-Nipônica, isso não surtiu o efeito

esperado, já que a maioria da população brasileira da época tinha pouco ou nenhum

contato com os japoneses ou com sua cultura. O Jornal, do Rio de Janeiro, “opinou

que ninguém pode sentir simpatia por esses imigrantes que não assimilam, nem

sequer gastam seus grandes salários no lugar onde eles o ganham de forma tão

mesquinha”. (LESSER, 2001, p.178).

As preocupações (…) eram tingidas pelo medo nacionalista de que o Brasil seria forçado a se curvar ante um “Shin Nihon” (“Novo Japão”) expansionista e imperialista. Em primeiro lugar, uma lei japonesa de 1927 criou uma Federação de Emigração Exterior, que, por sua vez, estabeleceu o Brasil Takushoku Kumiai (Comporação de colonização do Brasil ou BRATAC) (LESSER, 2001, p.179).

O ano de 1929, segundo Lesser (2001, p.179), foi o período em que a BRATAC

realizou a compra de quatro grandes glebas em São Paulo e no Paraná. Além disso,

investiu milhões de Yens nas colônias aqui instaladas, “visando criar um sistema no

qual os imigrantes, ainda no Japão, pagariam uma parcela inicial, receberiam a

passagem e um lote de 25 hectares”. A forma de pagamento desse empréstimo

seria feita à medida que a produtividade na terra entregue as colônias fosse

aumentando.

Esse sistema adotado pela BRATAC despertou o medo de que esse interesse

pela terra chegasse a Amazônia, defendida por muitos brasileiros como a

corporificarão da identidade nacional. Isso foi apontado por Lesser (2001), como

mais um motivo que justificaria o movimento contra a imigração japonesa.

Também existiam os políticos que eram pró – japoneses, como o deputado

federal pelo Rio de Janeiro, Francisco Chaves de Oliveira Botelho, que

frequentemente lutava contra os planos de limitação da imigração japonesa, em seu

discursos sempre destacava suas visitas as colônias japonesas de São Paulo e de

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Minas Gerais, e ressaltava a importância participação do imigrantes no crescimento

da produções das de arroz, algodão e cana-de-açúcar.

Lesser (2001, p.182) aponta que Waldir Niemeyer, foi o jornalista que iniciou

um estudo sobre os japoneses no Brasil, sua pesquisa era baseada “(...)‘sob a

influência [negativa] dos autores norte-americanos’, chegou à mesma conclusão,

observando que o japonês ocupa, hoje, lugar de destaque entre os povos que têm

trazido o seu concurso ao nosso desenvolvimento”.

(...) Roquette-Pinto afirmava que os japoneses modernos haviam surgido da miscigenação dos brancos (ainus) com os amarelos (mongóis) e pretos (indonésios) espelhando assim o desenvolvimento ‘racial’ do Brasil. Bruno Lobo, cujo ardoroso apoio público havia-lhe obtido a Ordem do Sol Nascente do Império Japonês, asseverava que ‘o sangue mongólico... incontestavelmente existe no Brasil pelos seu índios e os descendentes destes por mestiçagem...’ tornando os japoneses e brasileiros ‘singulares’ em sua falta de preconceito. (LESSER, 2001, p.182 - 183).

Nucci (2006, p.134) revela que a década de 1940, foi marcada pelo aumento

considerável do antiniponismo. A autora destaca que os jornais da época

contribuíram nesse aumento dessa resistência. “Uma série de artigos do Jornal do

Commercio, publicados sob o título O Perigo Japonês entre abril e junho de 1942”,

foram reeditados na forma de livro pelo jornalista e escritor, Vivaldo Coaracy, nele

são destacados as imagens e discursos de conteúdo racistas contra os japoneses

no período da II Guerra Mundial.

A autoria dos artigos de O Perigo Japonês1 é do jornalista e escritor Vivaldo Coaracy,2 que além de expor seus posicionamentos perante os japoneses, também cita os de intelectuais, funcionários de Estado e políticos. O livro retoma imagens do antiniponismo internacional e apresenta, de forma peculiar, os argumentos racistas. Há nele a intenção de classificar e determinar em detalhes o ‘perigo japonês’ e demonstrar a extensão da nocividade de sua presença no Brasil. O autor caracteriza os japoneses como um ‘povo inassimilável, fisicamente inferior, moralmente diferente do nosso, instrumento passivo de uma política imperialista [...] contra todo o continente americano’, comparáveis a vírus que invadem o organismo da nação, que deveria ser defendida em seus aspectos geográficos, étnicos e religiosos. (COARACY: v-vi e x). (NUCCI, 2006, p.134).

Segundo dados da Revista Veja na História - edição de agosto de 1945 (2011),

que traz na capa a foto da explosão de uma bomba nuclear em Nagasaki com o

título “O Fim”, que marcava o término da Segunda Guerra Mundial com a queda do

governo Japonês -, a matéria reafirma a ideia com a titulação: “Acabou: Capitulação

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japonesa põe fim a seis anos de combates no globo - Bombas atômicas obrigam

imperador Hiroíto a finalmente baixar as armas - Aliado saem vitoriosos da mais

sangrenta pugna já ocorrida em toda a História”.

Assim, às 8h15 da manhã de 6 de agosto, uma bola de fogo materializou-se sobre o céu da cidade de Hiroshima, fruto da fatal e sinistra detonação de um artefato dotado de um poder de destruição (...) 2.000 vezes maior do que a mais potente arma já utilizada. Com 3,6 toneladas e 3 metros de comprimento, a primeira bomba atômica - apelidada de Little Boy, ou "Garotinho", em homenagem ao finado presidente Roosevelt - foi lançada do B-29 Enola Gay, pilotado pelo coronel Paul Tibbets. A explosão, (...) provocou cenas sinistras, jamais presenciadas pelo homem. Pássaros queimavam em pleno ar. Seres humanos perambulavam em carne viva, com cérebros, olhos e tripas em chamas. (...) Não contente com o estrago feito pela primeira, o presidente resolveu repetir a dose. Três dias depois do estrépito em Hiroshima, Nagasaki, cidade portuária com 250.000 moradores, foi alvo de uma segunda bomba atômica - desta vez apelidada de Fat Man, ou "Gordo", cortesia com o antigo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill. Mais poderoso que o primeiro, o artefato de 3,5 metros de comprimento e 4 toneladas(...). Matou 73.000 pessoas e feriu outras 74.000. (VEJA NA HISTÓRIA, 2011).

Woortmann (1995) defende que após a II Guerra Mundial, o Japão estava

destruído e a população faminta e humilhada, por conta da ocupação americana,

iniciou-se uma nova imigração japonesa para o Brasil, entretanto, em uma proporção

bem menor que a primeira. É no Distrito Federal que a história dos japoneses e de

seus descendentes tem inicio no ano de 1956, quatro anos antes da inauguração de

Brasília. A vinda de algumas famílias japonesas foi parte da concepção e do

planejamento da nova capital.

Também nas décadas de 1950 e 1960, destacavam-se, como argumenta

Bortolaia Silva (1994), os estudos e análises sobre o modelo japonês de

industrialização, principalmente em relação ao sistema organizacional como o just in

time, modelo desenvolvido pela iniciativa do diretor da industria de produção da

Toyota, Taiichi Ohno. O termo japonização, foi criado como forma de nomear, não

apenas a sistemática da Toyota, mas todos os sistemas organizacionais e técnicas

variadas provindas do Japão, referenciando assim um processo de criação de um

novo paradigma organizacional.

Ninomiya (2011) defende que, a desconfiança sobre os japoneses e seus

descendentes pela sociedade brasileira, continuou até a década de 1960. A

diminuição desse sentimento aconteceu a partir da década de 1970, período onde o

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Brasil ainda era regido pelo Regime Militar.

Nos anos de 1990 o interesse dos estrangeiros pelo Japão teve um aumento

significativo, Sato (2007, p.22) aponta, que “uma multidão de pessoas comuns –

jovens na maioria – engrossou um público antes formado por intelectuais, yuppies e

executivos, que não procuravam mais apenas técnicas de administração, artes

marciais ou aspectos da elitizada cultura tradicional japonesa (...)”.

A partir de 1990, com o colapso do consumismo e o esfacelamento da União Soviética, os Estados Unidos estabeleceram posição definitiva como o grande pólo explorador de influência cultural, em função de sua condição de única superpotência global. Curiosamente, a partir desta época, O Japão também se tornou um pólo explorador de influência cultural, mas diferente dos americanos, que de forma planejada e economicamente estruturada exportavam suas ideologias, estilos de vida e valores através de sua cultura pop pelos motivos da Guerra Fria, o Japão não tinha interesse em exportar aquilo que considerava ser subcultura. (SATO, 2007, p.21-22).

Luyten (2005) defende que a cultura pop possa ser uma forma poderosa de

perceber o reflexo da sociedade que vivemos, já que o conceito não restringe

apenas à estética. Assim com revela Sato (2007), mesmo sendo um movimento

involuntário e sem planejamento a expansão da cultura pop japonesa se tornou um

veículo rápido de divulgação da cultura japonesa para o público estrangeiro,

especialmente em relação aos jovens.

Em 18 de junho de 2008, no Palácio do Planalto, o então Presidente da

República, Luiz Inácio Lula da Silva (2008), dava início oficialmente à cerimônia da

chegada do Príncipe herdeiro do Japão Narhito e a entrega da medalhas alusivas ao

centenário da imigração japonesa, em seu discurso, destacou:

Passados 100 anos, nossa comunidade de origem japonesa – a maior fora do Japão – é plenamente integrada e muito admirada por suas qualidades e realizações. São brasileiros orgulhosos de sua ascendência, que se destacam nos mais diversos aspectos da vida nacional (...). Neste início de milênio, o Brasil volta a oferecer excelentes oportunidades para investimentos nos setores de infra-estrutura, siderúrgico, eletroeletrônico e automobilístico. Temos todas as condições para lançar parcerias com uma ambição maior do que aquelas do passado (...). A realização do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão é mais do que um momento de celebração. Oferece valiosa oportunidade para renovarmos uma amizade centenária, que tem gerado benefícios para ambos os países. Com base no já construído, vamos avançar novas frentes de atuação conjunta. No campo energético, podemos trabalhar juntos em matéria de biocombustíveis. Nos segmentos de tecnologia de ponta, estamos desenvolvendo conjuntamente novo sistema de TV digital. (LULA DA SILVA, 2008, p.6-p.7).

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Argumenta Ninomiya (2011) que, atualmente não existe mais qualquer tipo

discriminação contra os japoneses no Brasil desde início do século XXI. Esse fato se

deve à ascensão nipônica em alguns cargos eletivos e concursados do alto escalão

da República, de alguns Estados e Municípios brasileiros, assim como nas

profissões liberais, gerências e diretorias de empresas brasileiras e nipo-brasileiras.

1.2 Presença Dos Japoneses No Ceará

A relação dos japoneses com estado do Ceará pode ser percebida nos mais

diversos setores. Túlio (2008, p.5) relata que o primeiro japonês, Jusaku Fujita,

chegou a Fortaleza em 1923. Mesmo sendo budista do povoado de Kumamoto na

ilha de Kyochu, aceitou ser batizado na Igreja Católica e mudar seu nome para

Francisco Guilherme Fujita, com o objetivo de casar-se com a cearense Cosma

Moreira, com quem teve 14 filhos, sendo que destes apenas seis sobreviveram.

Fujita trabalhou com o cultivo de flores e hortaliças.

Segundo dados de Freitas Neto (2011, p.4), este defende que da primeira fase

da produção de flores e plantas ornamentais no Estado do Ceará, período de 1919 a

1921, toda a produção e comercialização, “centralizaram-se principalmente, em duas

famílias de produtores de origem estrangeira, uma japonesa e outra portuguesa,

através da exploração de suas terras localizadas na região metropolitana de

Fortaleza”.

Em entrevista concedida a Pires (2008, p.25), João Batista Fujita, filho de

Jusaku Fujita, mais conhecido como Capitão Fujita, relata que seu pai foi quem

construiu o primeiro jardim japonês em Fortaleza, antes localizado na Rua Otávio

Bonfim. Em agosto de 1942, segundo Capitão Fujita, em razão das consequências

da Segunda Guerra, sua família teve a casa e o jardim japonês destruídos.

Em 1942, os Alemães afundaram alguns navios brasileiros. E o povo revoltado encontrou motivo para depedrar, saquear os empreendimentos e as residências de estrangeiros do Eixo. Eles depedraram tudo, inclusive a nossa casa.(...)Na época, aqui só tinha o papai de japonês. E papai foi alvo. Em agosto de 42, nós estávamos almoçando e chegou um tio dizendo: ‘vamos sair daqui! Estão quebrando tudo que é de estrangeiro. E eu ouvi eles falando no Jardim Japonês’. Saímos às pressas. Eu era pequeno mais

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me lembro bem. Quando o carro chegou corri para ver o carro. Eu queria ver era o carro! Então minha mãe saiu com um dos meus irmãos no braço, segurando uma leiteira. Não levamos nada... (PIRES, 2008, p.25).

Em 1964, depois do fim da Segunda Guerra, com os ânimos mais

apaziguados, segundo dados do Jornal O Povo (1964), era anunciada chegada do

embaixador do Japão, Keiichi Tatsuke na capital cearense. Marques (1964, p.14)

destacou a visão que se tinha dos japoneses nessa época, “ o Japão evoluiu e se

modernizou inclusive nos conceitos de ordem social (…) Hoje podemos notar uma

lenta transformação na mentalidade dos nisseis, graças a capacidade de adaptação

dos jovens, principalmente, universitários”.

Lima (2011, p.4-5) aponta que também na tecnologia, devido às boas

condições de circulação dos ventos, o governo estadual do Ceará, em 1997,

projetou implantar duas usinas de energia eólica no litoral. “Para isto estão

reservados em seu programa plurianual cerca de US$100 milhões, com empréstimo

de 60% do governo japonês”. Esse estudo foi baseado nos dados do Instituto de

Planejamento do Ceará (Iplance), no ano de 2003, que mostra a viabilidade desse

tipo de empreendimento no Estado.

Além disso, em uma análise dos movimentos migratórios, conforme dados de

Beltrão (2006) existe a indicação de um intenso fluxo migratório da população nikkey

pelos estados brasileiros, incluindo a região Nordeste:

Em 1980, o único fluxo de imigrantes para a região, acima de 2000 indivíduos, foi para o Mato Grosso do Sul. Em 1991, incluiu também o Mato Grosso. Já em 2000 englobava todas as Ufs da região, inclusive o Distrito Federal. As Ufs com uma maior intensidade de migrantes coincide com aquelas com uma maior população nikkey: São Paulo e Paraná. A região Nordeste apresenta-se, com o tempo, com mais Ufs de origem nas migrações: Em 1980 somente Pernambuco, em 1991, acresce-se Bahia e em 2000 soma-se ainda Ceará, Paraíba e Alagoas. A notar ainda, além da trocas entre São Paulo e Paraná (com fluxos declarados de mais de 20 mil indivíduos), outra Uf, o Rio de Janeiro, apresenta trocas recíprocas de migrantes com São Paulo, ainda que de menor importância. (BELTÃO, 2006, p.14).

Em 23 de abril de 2008, centenário da imigração japonesa, segundo dados da

Prefeitura de Fortaleza (2011) a então Prefeita Luizianne Lins reuniu-se com a

ministra do Turismo, Marta Suplicy. Nesta reunião ficou decidido a contemplação de

“cerca de R$ 5 milhões, que utilizados na recuperação do patrimônio histórico do

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Paço Municipal, requalificação da Praia de Iracema, reordenamento do Mercado dos

Peixes, no Mucuripe, e construção de um jardim oriental, na Beira Mar”. Petruccie e

Moscoso (2011, p.10) relatam: “estima-se que, aproximadamente, 200 famílias

japonesas vivam em Fortaleza”.

Para Luizianne Lins, a construção de um espaço de convivência inspirado na cultura japonesa irá proporcionar à Cidade uma integração da população com a natureza. ‘Ele trará mais beleza, harmonia e um espírito novo para Fortaleza. Estamos prestando uma homenagem ao centenário de imigração japonesa no Brasil ao mesmo tempo em que levamos ao fortalezense uma rica filosofia de vida, que é a cultura oriental’, comentou. (LINS, 2011)12.

O Jardim Japonês, inaugurado no dia 11 de abril de 2011, tem como objetivo

homenagear o centenário da imigração japonesa no Brasil. A data marca um mês da

tragédia ocorrida no Japão. Segundo Castro (2011, p.2), “em 11 de março, um

terremoto seguido de tsunami matou mais de 13 mil pessoas no Japão. ‘Os países

devem romper suas fronteiras. É preciso ter a humildade da troca de inteligência

entre povos’, disse a prefeita Luizianne Lins”.

Castro (2011, p.2) relata que “as obras demoraram dois anos e oito meses para

terminar. O equipamento custou R$ 1,8 milhão, de recursos provenientes do

Ministério do Turismo e Tesouro Municipal. Agora, será mantido com a ajuda de

empresa privada”.

A inauguração contou com a presença de Akira Suzuki, cônsul japonês vindo

de Recife, que agradeceu: “após queima de fogos de cinco minutos, eles coloriram o

céu de Fortaleza. ‘Nunca imaginei um jardim japonês tão longe do Japão. É um

símbolo da solidariedade e amizade entre os dois países’.” (CASTRO, 2011, p.2).

Sobre a manutenção do espaço, Luizianne Lins afirma que a ação será realizada em parceria com empresa da iniciativa privada. A prefeita comentou ainda que o Jardim será um forte aliado no fortalecimento e no incentivo ao turismo da Capital. Em uma área de quase dois mil metros quadrados, o Jardim Japonês possui nascente d’ água, cascata, luminárias e pontes, além de dois jardins, um horizontal e um vertical, com diversas espécies de plantas japonesas e brasileiras e esculturas do artista cearense Ascal, que elaborou peças exclusivas para o espaço. (PETRUCCIE; MOSCOSO, 2011. p.10).

12Disponível em: <http://www.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7862> Acesso em 8 de abril de 2011.

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Entretanto, visão sob obra não é totalmente positiva, segundo dados de

Petruccie e Moscoso (2011. p.10), em uma obra que era para durar 210 dias, o

Jardim Japonês ficou pronto somente 800 dias depois do anúncio, “(...) Com o

tempo e com a não finalização das obras, o local passou a ser alvo de reclamações

e preocupação de moradores e frequentadores da Beira Mar”. Desta forma, o local

estaria sendo usado por usuários de drogas e moradores de rua.

1.3Cultura pop japonesa no Ceará e as colunas J-Pop e Zona Otaku

Outra manifestação da presença da cultura japonesa no Ceará é a Super

Amostra Nacional de Animes13 (SANA), maior evento de cultura pop-asiática do

Nordeste e o segundo maior do Brasil nessa temática, perdendo apenas

AnimeFriends, mostra que acontece em São Paulo. Relata que a primeira edição do

SANA aconteceu no auditório da biblioteca da Universidade de Fortaleza (Unifor). A

partir de 2003, o evento é realizado no Centro de Convenções de Fortaleza.

Em relação à mídia impressa, temos as colunas, J-Pop14 do Jornal O Povo, de

23 de abril de 2009, e Zona Otaku15 do Diário do Nordeste, de 31 de dezembro de

2009. Em entrevista concedida a autora, o colunista Roberto Leite16, do Jornal O

Povo, e Diana Vasconcelos17, colunista do jornal Diário do Nordeste, apontaram que

o crescimento do evento SANA e o aumento do público interessado pela temática da

cultura pop japonesa e asiática são as motivações que levaram a criação dos

espaços nos veículos impressos.

A coluna Zona Otaku surgiu da parceria entre o Diário do Nordeste e a

Fundação Cultural Nipônica Brasileira (FCNB). No jornal é publicada no caderno

“Zoeira” e sua veiculação acontece uma vez por semana, mais precisamente nas

edições de sábado, geralmente nas páginas 8 e 9. Já a J-pop encontra-se no

13“ Animê significa “animação” em japonês. É uma forma contraída pela qual os japoneses escrevem a palavra animação em inglês (animation)”. (SATO, 2007, p.31)14“J-Pop é a abreviação de Japonese Popular music (em inglês, “música popular japonesa”) (...) um subgênero da música japonesa do pós-guerra influenciada por ritmos populares ocidentais”. (SATO, 2007, p.279).15 “Conhecedor obsessivo de um assunto específico”. SATO (2007, p.38)16 Entrevista concedida a autora em 30 de março de 2011. Anexo I 17Entrevista concedida a autora em 28 de março de 2011. (Anexo II)

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caderno “Buchicho Teen” do jornal O Povo e é veiculado uma vez por semana nas

edições de quinta-feira, geralmente localizado na página 13 do caderno.

Estas colunas serão objeto principal da presente pesquisa sobre a cobertura

impressa da cultura pop nipônica no Ceará. Porém, antes pretendemos expor os

conceitos e as relevâncias concernentes ao assunto a ser analisado. A fim de que

possamos compreender os objetos em estudo, faz-se necessário o entendimento do

que significam cultura pop e cultura pop japonesa.

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2 CULTURA POP E A CULTURA POP JAPONESA

O termo “Pop” tem sua origem nos Estados Unidos durante os anos de 1960 e

1970. Apesar ter sido eleita como uma expressão de definição das músicas ouvidas

pelos jovens dessa época, Luyten (2005) relata que a palavra tornou-se conhecida e

popularizada através do estilo artístico das obras do pintor Roy Lichtenstein, cuja

inspiração era proveniente das histórias em quadrinhos. Assim, a categoria atribuída

ao seu trabalho foi nomeada de “pop arte”.

Roselt (2010) defende que o pop é um fenômeno que opera no âmbito da

estética, sem ser separado dos respectivos desdobramentos sociais, políticos e

econômicos. O pop também procede como um aspecto materializado das

experiências pessoais de uma geração, em sua maior parte, formada por jovens,

assim como também do cotidiano e da trivialidade de vivência desse grupo, e a partir

disso, colocando-os em um contexto estético.

O conceito pop não se denomina apenas no que concerne ao objeto popular

dessa arte, mas também no seu efeito específico, onde tudo acontece “na forma de

uma explosão rápida, quase pipocante, como na palavra inglesa popcorn. O

conceito remete a uma das pinturas de 1956 do pintor britânico Richard Hamilton.”

(ROSELT, 2010, p.119).

A principal forma como a cultura pop é representada é a música. Roselt (2010)

defende que a partir da metade dos anos de 1950, esse conceito é incorporado nos

mais diversos tipos de música. O termo também passa a ser usado para definir

estilos de vida dos grupos admiradores desses estilos musicais, assim com no

Rock‟n‟Roll, no Punk, no Hip Hop, no Techno entre outros. O pop também é

caracterizado por uma contradição, pois é um cruzamento paradoxal de uma forma

de protesto voltada para as subculturas, inclusive na cultura popular que é

comercialmente bem sucedida. (ROSELT, 2010). Isso se deve a um ponto

fundamental: nesse tipo de cultura ela é sempre comunicável. Embora o conteúdo

não seja propriamente simplório, em sua maioria, os produtos pops são de fácil

compreensão do público geral, pois possuem desfechos poucos surpreendentes,

muitas vezes alcançando o estereótipo de banal. Isso se deve, em geral, às

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temáticas trabalhadas nesse tipo de produto que são na maioria das vezes: o amor,

o sexo ou a traição. (ROSELT, 2010).

Veslasco (2010) defende que a razão para que o termo pop seja usado para

indicar os mais variados produtos, é o que torna sua conceituação complexa. Por

conta disso não é possível tentar entendê-lo como um conceito fechado. O pop está

relacionado ao movimento e à sensibilidade. Além disso, possui características

agregadoras, como conjugação de modos de criação de novos sentidos. Ele faz

parte da cultura global, mas não se configura numa uniformização do movimento

transnacional da econômica, da comunicação e da cultura. Um exemplo disso é a re-

lação entre a cultura pop e a juventude, que a principio era definido como a

personificação dos valores e dos desejos de uma sociedade e que foi transformada

pela indústria cultural em um produto comercial. O que não quer dizer que a

existência da cultura pop só se torna possível no âmbito industrial, mas mostra que

existe um processo dinâmico, com conflitos no percurso desse processo, de inclusão

das manifestações culturais espontâneas pelo mercado. (VESLASCO, 2010).

Constantemente associado aos jovens, o pop se apresenta com segmentação

nos diversos nichos de consumidores, destinando-se a um público mais amplo, na

maioria das vezes, sob a ótica hedonista típica da juventude. Percebe-se que após a

década de 1970, o mercado procura promover o estado de espírito jovem, não

restringindo a questão etária, mas a promoção dos discursos de valorização da

juventude (VESLASCO, 2010). Nesse ínterim, a mudança da visão dos jovens, que

antes eram sinônimos de delinquência e irresponsabilidade, migrou para a definição

de grupo social integrado e controlado ao serem percebidos como classe

consumidora, pois passam a se tornar público-alvo das produções em massa

durante e depois do Pós-Guerra. (VESLASCO, 2010).

A cultura pop pode ser uma forma poderosa de perceber o reflexo da

sociedade que vivemos, já que o conceito não se restringe apenas à estética. No

Japão, atualmente, a cultura pop surge sob várias formas e em algumas

características da música popular: também é chamada de enka18, karaokê,

videogames, desenhos animados (os animês), filmes, novelas de TV, entre outros.

18 “Enka é o nome de um estilo musical formado por balada de letras tristes e dramáticas, cujo ritmo e melodia remetem a gêneros musicais populares antigos no Japão. Características do enka são o uso de uma escala musical própria chamada yananuki, e uma forma de cantar com vocalização forçada chamada jigoe”. (SATO, 2007, p. 271).

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(LUYTEN, 2005). Porém, esse tipo de costume não entrou no Japão de forma

pacífica. Sato (2007, p.14) relata que “na condição de nação derrotada após a 2ª

Guerra, os japoneses assistiram passivamente o exército americano instalar o

governo de ocupação em Tókio”. A partir disso, tudo o que antes era considerado

proibido e tachado pelo governo japonês como “símbolos do inimigo”, agora faziam

parte do cotidiano.

A presença norte-americana no Japão influenciou não apenas os rumos da

política e da economia, mas também a cultura. Segundo Cepaluni (2008), os filmes,

músicas e livros trazidos dos Estados Unidos - e que se tornaram tão populares

entre os japoneses -, incentivou a produção de uma geração de artistas japoneses

influenciados por essa cultura ocidental.

Durante o Pós-Guerra, o Japão tornou-se, além de consumidor dessa produção

cultural, exportadores de filmes de monstros (kaiju19), desenhos animados (animês)

e quadrinhos (mangás) para o Ocidente. Já as artes marciais tiveram como seus

principais veículos de disseminação os Estados Unidos, por meio dos soldados que

retornaram para casa após a ocupação do Japão. (CEPALUNI, 2008).

Até o final da ocupação americana, em 1952, período de grande crescimento

econômico era “a palavra de ordem lançada pelo primeiro-ministro da época:

'Dobraremos a renda em dez anos’. Depois, nos anos 70: 'alcancemos o Ocidente', e

nos anos 80: 'Conquistem os mercados externos'.” (BARRAL, 2000, p.34). As

consequências dessa situação fizeram, conforme Barral (2000) aponta, que a partir

da derrota do Japão em 1945 o país deixasse de ser militarista para se tornar um

país industrial. A princípio, os investimentos se focaram na metalúrgica e na

construção naval (“indústria pesada”). Depois o país passou a trabalhar com as

indústrias de transformação, principalmente as automobilísticas, têxteis e

eletrônicas, antes de evoluir para as indústrias de ponta, onde são trabalhadas, além

de equipamentos eletrônicos, a informática e a robótica. (BARRAL, 2000).

No período de cinquenta anos, o mercado interno adaptou-se e diversificou-se

a partir das necessidades dos 125 milhões de habitantes do país. Devido à elevação

do nível de vida durante os períodos de forte crescimento econômico, nos anos de

19 Kaijū 海獣 s Monstro Marinho. (MICHAELIS, 2003, p.197).

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1960 e depois nos anos 1980, tornaram-se um dos povos mais consumistas do

mundo. (BARRAL, 2000).

Além do crescimento econômico, outro aspecto presente no país era a

influência norte-americana na cultura popular dos nipônicos, como defende Sato

(2007). Mas os japoneses não copiaram simplesmente o que vinha dos Estados

Unidos: eles adaptaram a cultura estrangeira à cultura local. “A longa história do

Japão demonstra curiosamente que os japoneses sempre foram receptivos a

influências externas” (p. 14), mas também trabalham essas influências baseadas

nas tradições, folclore e cultura local. Inspirado nessas características surgiu a

cultura pop japonesa.

A partir de 1990, com o colapso do consumismo e o esfacelamento da União Soviética, os Estados Unidos estabeleceram posição definitiva como o grande polo explorador de influência cultural, em função de sua condição de única superpotência global. Curiosamente, a partir desta época, O Japão também se tornou um polo explorador de influência cultural, mas diferente dos americanos, que de forma planejada e economicamente estruturada exportavam suas ideologias, estilos de vida e valores através de sua cultura pop pelos motivos da Guerra Fria, o Japão não tinha interesse em exportar aquilo que considerava ser subcultura. (SATO, 2007, p.21-22)

Nos anos de 1990, o crescimento da curiosidade e do interesse dos

estrangeiros pelo Japão, tornou-se significativamente visível, pois

uma multidão de pessoas comuns – jovens na maioria – engrossou um público antes formado por intelectuais, yuppies e executivos, que não procuravam mais apenas técnicas de administração, artes marciais ou aspectos da elitizada cultura tradicional japonesa (...). (SATO, 2007, p.22).

Mesmo sendo um movimento espontâneo e sem planejamento governamental,

a expansão da cultura pop japonesa se tornou um veículo rápido de divulgação da

cultura japonesa para o público estrangeiro, especialmente em relação aos jovens.

(SATO, 2007).

2.1Alguns elementos da cultura pop japonesa

Existe a possibilidade de que a origem dos quadrinhos japoneses tenha surgido

no século XI. Moliné (2006) defende que nesse período surgira uma primitiva

manifestação de caricatura gráfica, os Chôjûgiga (imagens humorísticas de animais).

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A obra de autoria do sacerdote-artista Toba (1053–1040) consistia em uma série de

pergaminhos onde eram representados coelhos, macacos, rãs e outros animais em

cenas satíricas. Durante os séculos seguintes, o Japão adotou os desenhos de

caricaturas e em gravuras em pergaminhos, cujas temáticas abordadas, não raro,

eram em geral temas escatológicos ou eróticos. Além dos Chôjûgiga, no decorrer da

era Edo (1600 – 1867), surgiram outros suportes gráficos:

• os zenga (“imgens zen”), gravuras monocromáticas que utilizavam a caricatura para ajudar a meditação.• os ôtsu-e (“imagens de Ôtsu”, chamadas assim porque eram vendidas na cidade com esse nome, próximo Kyoto), Amuletos budistas que constituíam um espécie de “caricaturas portáteis” coloridas.• os nanban, biombos ilustrados com desenhos que relatavam, de forma estilizada, a chegada dos portugueses ao Japão, que, juntamente com os holandeses, foram os primeiros europeus a estabelecer contato com o país asiático e são representados com grandes narizes.• em especial, os ukiyo-e (“imagens do mundo flutuante”), gravuras feitas a partir de pranchas de madeira, geralmente de temática cômica e algumas vezes eróticas, que tiveram uma boa recepção na época. De maneira contrária às formas artísticas previamente citadas, destinadas primordialmente às classes altas, os ukiyo-e eram apreciados pelas populares, e seus criadores preferiam a crítica social e a sátira à perfeição estética. (MOLINÉ, 2006, p.18).

O primeiro artista a desenvolver as imagens de desenhos em sequencia foi o

pintor Katsuhika Hokusai (1760 – 1849), um dos mais famosos na categoria de

ukiyo-e de sua época. Em 1814, criou o primeiro conjunto de desenhos

encadernado, chamados de hokusai mangá, era uma série de 15 volumes. Esse

estilo foi nomeado a partir da união dos caracteres man (involuntário) e ga (desenho;

imagem), cujo significado era imagens involuntárias. Depois se tornou sinônimo de

todo desenho relacionado à caricatura ou ao humor gráfico.

Os quadrinhos japoneses não surgem como uma cópia dos trabalhos dos

norte-americanos ou ingleses que, segundo Barbosa (2005), foram os primeiros a

levar os conceitos de quadrinhos e humor gráfico ocidental para o Japão. A

característica da arte sequencial japonesa atua como a forma que a sociedade

nipônica percebe o mundo. A partir da abertura dos portos japoneses - Era Meiji 20 -,

várias novidades do ocidente foram levadas para o Japão, entre elas, os quadrinhos.

20“Meiji. Nome de era que significa “Governo esclarecido” e que corresponde ao reinando do imperador Meiji (mutsuhito): 9. 1868 -7.1912.” (FRÉDÉRIC, 2008, p.771).

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Em 1862, elata Rocha (2011), o inglês Charles Wirgman estreou a revista The

Japan Punch, a primeira revista de humor no estilo ocidental no Japão, Inspirada na

revista Britânica Punch, cuja periodicidade era semanal. O periódico recebeu o

apelido de punch-e (ou desenhos punch).

O estilo da revista foi conquistando gradualmente os artistas japoneses até que

em 1890 teve seu nome alterado para Mangá. “No final do século XIX, os mangaka

(os desenhistas de quadrinhos) passaram a utilizar tiras de múltiplos quadros

inspirados em revistas européias, como a Punch Britânica, L’Assiette au Beurre e Lê

Rire francesas, Bilderbongen alemã e Puck americana”. (ROCHA, 2011, p.24).

Outro imigrante ocidental, o francês George Bigot, segundo Sato (2007),

chegou ao Japão em 1882 na Era Meiji, período que marca a volta do imperador ao

poder e também o intenso processo de ocidentalização do país. Em 1887, Bigot

criou a revista Tôbaé, apresentando ao Japão o conceito da “sátira política”

frequentemente causando problemas com a polícia.

A Revista Tôbaé, com suas características irreverentes e atrevidas, ajudou a

inserir os conceitos dos desenhos ocidentais que não existiam no Japão. Eram eles:

conceito de sombra, de perspectiva, de anatomia e a crítica humorística ao governo,

algo que não acontecia era dos xóguns21 e seria motivo para exílio ou execução

sumária.

Do início do século XX a 1932, as HQs no Japão se diversificaram, valendo-se do ambiente relativamente liberal da época. Muitas personagens estrangeiras, como Mickey, Popeye e Betty Boop, dividiam espaço em jornais e revistas com um número crescente de personagens japoneses, que na época seguia a tendência visual de personagens cartunísticos em traços simples e sem efeito de volumes similares ao Gato Félix. Entretanto a crescente militarização do país e o início da guerra Sino-Japonesa em 1933 impôs aos quadrinhos enorme censura e controle, proibindo os personagens ocidentais. A chamada “Lei de Preservação da Paz” – mais conhecida como “A Lei Perversa” – legalizou a intimidação e a prisão de desenhistas e editores que divulgasse ideias consideradas subversivas ao governo (...). (SATO, 2007, p.60).

Ainda com Sato, em 1940, foi criada pelo governo a Shin Nippon Mangá-ka

Kyõkai (Associação de desenhistas de quadrinhos do Sagrado Japão), era

impossível publicar algo se o desenhista não fizesse parte dessa associação. Com a 21 “Ieyasu Tokugawa (1542 – 1616) unificou o Japão e fundou uma dinastia de xoguns que governou até 1648. (...) O último xogun foi Yoshinobu Tokugawa(1837 – 1913). Em 14 de outubro de 1867,(...) cedeu o poder ao imperador Meiji Tenno”. (GLAUJOR; MORI, 2008, p.22-p.29).

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intensificação da Segunda Guerra, em 1941, o mangá se tornou uma ferramenta da

propaganda de exaltação dos valores militarista do governo.

Com o fim da Guerra e a ocupação das tropas norte-americanas, o Japão foi

lentamente se adaptando a nova realidade. Nesse período destaca-se Machiko

Hasegawa, primeira mulher a alcansar sucesso como mangaká, autora do mangá

Sazae-san (Dona Sazae). (SATO, 2007).

Nagado (2005) aponta que, assim como surgiram charges de crítica social no

final do século XIX e com o desenvolvimento das histórias em quadrinhos no início

do século XX, o mangá tornou-se uma forma de arte reconhecidamente associada à

imagem do Japão moderno. A sua linguagem visual e narrativa, como conhecemos

hoje, partiu da evolução do trabalho de Osamu Tezuka, proclamado ‘Deus do

mangá’ ainda em vida, nos anos de 1950.

Na narrativa de Tezuka São utilizados elementos da cinematografia, onde

trabalhava as soluções visuais dinâmicas e histórias envolventes. Foi a partir dele

que o mangá tornou-se um fenômeno de massa maior do que nos primórdios do

pós-guerra, quando os quadrinhos japoneses eram considerados apenas uma opção

de lazer barata. Durante os anos de 1950 e 1960, o mangá consolidou-se como uma

das mídias de maior recepção e de grande influência no Japão. (NAGADO, 2005).

Impresso em papel jornal, em branco-e-preto e com uma linguagem envolvente, o mangá se consolidou como o grande passatempo nacional e gerou um forte e diversificado mercado de entretenimento para todas as idades, cujas maiores vendagens estão no segmento infanto-juvenil. (NAGADO, 2005, p.49).

O baixo custo, a facilidade de entendimento e a grande variedade de assuntos

voltados para diferentes faixas etárias, fizeram do mangá não apenas um simples

entretenimento, mas também uma “válvula de escape” das tensões do dia a dia de

uma sociedade extremamente competitiva e exigente. Seu conceito se amplia para

além da leitura, invadindo TVs e cinemas, conforme os personagens vão saindo do

universo monocromático de suas revistas e ganhando versões em outras mídias.

2.1.1 Os mangás para os brasileiros

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Falar dos mangás também significa falar das animações no Japão. Moliné

(2006) aponta que “(...) em nenhum outro país esses meios têm estado tão

intimamente relacionados” (p.47). Em geral aqueles que consomem o mangá quase

que inevitavelmente também são consumidores do animê.

Seitarô Kitayama é considerado o pai da animação japonesa, suas primeiras

experiências aconteceram em 1913, entre as quais se destaca Saru Kami Kassen 22,

em 1917 e Momotarô,23 em 1918. Este último é uma adaptação de um famoso conto

japonês, que também foi o primeiro desenho animado japonês a ser exibido no

ocidente, especificamente na França.

Os brasileiros conheceram primeiro os animês, mais precisamente na de onde

geralmente as animações eram originadas. Isso acontecia porque os quadrinhos

japoneses não eram publicados no Brasil. Apenas na década de 1980 que a

importação de algumas obras foi possível através do intermédio do mercado norte-

americano. Todavia foi configurado outro problema: a versão norte americana era

editada e adaptada para a leitura e a cultura ocidental, perdendo as características

originalmente nipônicas. (GUSMAN, 2005).

Em 2000, a Conrad Editora trouxe para o Brasil os mangás Dragon Ball e

Cavaleiros do Zodíaco. A leitura era feita no sentido oriental e a onomatopéias

mantidas em japonês, pois eram características do desenho original. Esse foi o início

de uma nova era do mercado nacional de quadrinhos. “Nessa época, como os

quadrinhos de super-heróis, até então ‘donos’ do mercado, estavam em crise, a

principal editora do gênero, a Abril, optou por lançar edições luxuosas, apostando no

público mais fanático.” (GUSMAN, 2005, p.79), esquecendo-se de algo importante -

a criação de novos leitores -, papel que os mangás acabaram assumindo.

Os mangás apresentam três grandes vantagens em relação ao quadrinho norte-americano:1. As histórias têm um fim. Podem demorar cem edições, mas o mangá acaba. É como se fosse uma novela, e isso estimula o leitor a imaginar como será o desfecho da trama. (...)2. Os japoneses trabalham melhor a interatividade com a televisão e o cinema. Por exemplo, nos Estados Unidos, uma pessoa que não lê quadrinhos vai ao cinema e gosta do Homem-Aranha. Isso faz com que ela

22 “A batalha entre o caranguejo e o Macaco”. (MOLINÉ, 2006, p.47).23 “O Menino-Pessego”. (MOLINÉ, 2006, p.47).

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se interesse em comprar o gibi, mas quando o faz descobre que as histórias são diferentes, (...) No Japão também há diferenças, mas pequenas, o que obviamente atrai o público que compra o mangá para experimentar a leitura.3. Por mais fantástica que seja a história, os roteiristas japoneses trabalham com muita competência o aspecto humano dos personagens, o que gera a empatia dos leitores. Isso foi esquecido pelos norte-americanos, que transformaram seus personagens em semideuses quase onipotentes, muito distantes da realidade do leitor. (GUSMAN, 2005, p.80).

A força dos mangás no Brasil se tornou tão significante que o desenhista

Maurício de Sousa, criador da Revista Turma da Mônica, nacional e

internacionalmente conhecida, aderiu ao estilo com o lançamento da Revista Turma

da Mônica Jovem. Sousa (2010) relata que o projeto já havia sido pensado há mais

de oito anos, mas não tinha a intenção de utilizar a técnica japonesa de desenho. O

projeto, portanto, seria feito no moldes da revista tradicional. Porém, a ideia foi

adiada devido ao grande volume de produção das revistas e de novos planos com a

turma da Mônica tradicional:

(...) dois fatores me fizeram decidir pela produção imediata do novo material. Um deles foi o envolvimento do nosso estúdio nas comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, quando senti mais do que nunca a força do mangá junto aos leitores. Principalmente jovens. Outro fator foi meu filho Marcelinho, então com 9 anos, que, num determinado dia, quando levei pra ele as revistas da Mônica e uma revistinha do personagem japonês Naruto (que ele esperava com ansiedade), olhou para mim e demonstrou claramente sua dúvida quanto a qual revista ler primeiro. Senti que ele não queria me “ofender” pegando o Naruto. Ali eu percebi que estava perdendo meus leitores crianças para o mangá, Se há alguns anos eles liam a Turma da Mônica até seus 14, 15 anos, agora com suas infâncias cada vez mais “encurtadas”, já aos 9, 10 anos passam a achar que nossas revistas eram coisa de criança. (MAURICIO DE SOUSA, 2010, p.125).

Com a ajuda dos conhecimentos sobre o estilo mangá de boa parte da equipe

do estúdio, e de sua esposa e diretora de arte, Alice Takeda, teve início, segundo

Sousa (2010, 125), o “(...) trabalho ‘insano’ para acrescentar 120 páginas mensais à

nossa produção.” Mas apesar da revista ser trabalhada no estilo mangá, a forma de

leitura é ocidental, pois tem como objetivo manter as características do estilo da

revista Turma da Mônica tradicional24.

2.1.2 Animês: animação no Japão e no Brasil

24 Informação contida na última página de todas as edições da revista “Turma da Mônica Jovem”.

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A indústria de animês é um dos principais ramos do mercado de

entretenimento japonês, conforme aponta Sato (2007), e, atualmente, principal forma

de veiculação da cultura pop japonesa no planeta. Uma das razões é a grande

quantidade de produções comerciais direcionadas tanto para o cinema, TV e

videogames.

A animação é utilizada de forma significante nas produções experimentais e

independentes. O uso dos animês nos diversos setores mercadológicos, como a

propaganda, a produção de efeitos especiais e as produções institucionais, tornou o

Japão um dos maiores realizadores de animações do mundo. Assim, uma referência

internacional, cuja influência nas mais diversas mídias, faz pela cultura japonesa o

mesmo que Hollywood fez pela cultura norteamericana. (SATO, 2007).

Para os japoneses, a palavra animê tem como significado todo e qualquer tipo

de desenho animado; no entanto, em outras partes do mundo, convencionou-se

chamar de animê todo desenho animado produzido no Japão ou toda animação com

característica desenvolvida na terra nipônica. (SATO, 2007). Mas nem sem sempre

essa expressão foi sinônimo de animação. Até o fim da 2ª Guerra palavras

estrangeiras raramente eram usadas no vocabulário japonês. Os motivos eram que

a população preferia utilizar expressões pertencentes ao próprio idioma; outra razão

era a proibição instituída pelo governo militar para a utilização e o ensino de línguas

estrangeiras em público, principalmente a língua inglesa e russa. (SATO, 2007).

Dessa forma, os desenhos animados eram chamados de dõga (imagem ou desenho

que se move) ou ainda de mangá eiga (filme de quadrinhos). Somente após a 2º

Guerra Mundial, mais precisamente a partir na década de 1950, é que a expressão

passou a ser utilizada no Japão. (SATO, 2007).

Nagato (2005) aponta que a indústria de produção de animês, teve um início

muito discreto, consolidando-se de forma definitiva a partir da década de 1960. Na

década de 1970, esse setor de mercado teve um grande impulso, devido ao

chamado anime boom (explosão anime), que foi o fenômeno de massa originado

pelo sucesso do desenho Uchuu Senkan Yamato (“Encouraçado Espacial Yamato”),

que no Brasil recebeu o nome de Patrulha Estela.

Apesar de a televisão brasileira ter começado sua transmissão em 18 de

setembro de 1950 com a TV Tupi, Monte(2010) esclarece que a animação japonesa

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chegou ao nosso país após 1964, devido a questões de cunho político e econômico.

Do final dos anos de1950 a 1960, o foco do crescimento no Brasil estava voltado

para a economia, investimentos na industrial e populacional, principalmente nas

áreas urbanas.

(...) o fato de que o quadro socioeconômico do país não era favorável à implantação da TV em 1950. Na atividade econômica prevalecia o setor agrícola, com mais de dois terços da população vivendo na área rural, onde a maioria absoluta das propriedades não contava nem com energia elétrica. Tais características, aliadas ao cunho de total improviso que marcou os primeiros anos da TV e as limitações técnicas do equipamento da época, levaram a televisão brasileira a um prolongado período de hibernação. Para se ter uma ideia, em 1958, existe apenas 250 mil televisores em todo país, concentrados basicamente no eixo Rio - São Paulo. (SIMÕES, 2003, p.19).

Só a partir da década de 1960, os governos passaram a investir em melhorias

tecnológicas no setor de comunicação, sobretudo no sistema televisivo. A chegada

do videoteipe também contribuiu para a compra dos mais diversos programas de TV

internacionais. Mas as primeiras emissoras ainda trabalhavam com certo

amadorismo.

Em meados de 1965, a Rede Globo consolida sua marca administrativa na TV

brasileira: foi “o primeiro canal a se tornar uma rede e ter criado, um “padrão de

qualidade” – técnico e de conteúdo superiores -, conquistando cada vez mais

popularidade. Já na década de 70, a emissora era líder absoluta de audiência”.

(MONTE, 2010, p.30). Isso contribuiu, segundo Monte (2010), para que, apesar da

chegada dos primeiros títulos de animês ter acontecido na década de 1960,

animações japonesas não apresentassem repercussão, já que eram exibidos em

canais com pouca audiência e que não possuíam o mesmo alcance que a Rede

Globo.

No Brasil os Cavaleiros causaram um furor sem precedentes, abrindo caminho para a grande popularidade que o mangá e o animê hoje possuem no país. (...) somaram-se no país outras condições que colaboraram para o grande impacto da série. Quando o animê entrou no ar em 1994 pela TV Manchete, havia uma década que nenhum desenho japonês recente era exibido pelas emissoras brasileiras, e por isso os Cavaleiros atraíram a atenção de crianças e adolescentes na condição de novidade sem similar. O enredo dramático, com a história dividida em capítulos terminando em suspense como nas telenovelas brasileiras, cativou também o público adulto (...). (SATO, 2007, p.45).

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No início da década de 1980, com o avanço tecnológico, o aumento na venda

de televisores e a expansão dos sistemas de comunicação fez que outras emissoras

surgissem e pudessem ampliar o seu alcance nacional. É nesse período que surgem

as emissoras SBT (Sistema brasileiro de Televisão) e TV Manchete. Esta, durante a

década de 1980, exibia muitos títulos de animação japonesa, mas foi na década de

1990, com a apresentação de Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco), de Masami

Kuramada, que o sucesso os animês começou a ganhar força no espaço televisivo.

(MONTE, 2010).

Nesse período, como Sato (2007, p.45) relata, a empresa de brinquedos

espanhola Samtoy, distribuidora dos bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco no Brasil,

chegou a arrecadar cerca de 100 milhões de reais em vendas, “o que fez que a

imprensa dedicasse vários artigos à ‘febre’ dos Cavaleiros. (...) Kurumada encerrou

a série em mangá em 1991, mas a série em animê continua a render dividendos.”

Monte (2010) defende que o grande sucesso de Cavaleiros do Zodíaco

beneficiou o comércio e também foi responsável pela disseminação da cultura pop

japonesa no Brasil. Foi possível perceber essa difusão através das revistas

especializadas no assunto. Gusman (2005) relata que foi a partir do ano 2000,

período quando a Conrad Editora apresenta para os brasileiros a versão mangá dos

títulos Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, “(...) dando início a uma nova era no

mercado nacional de quadrinhos. (GUSMAN, 2005, p.79).

Como ex-editor da Conrad, uma das coisas mais assustadoras era a constatação da existência de leitores que jamais haviam lido uma história em quadrinhos no sentido ocidental. Ou seja, eles só liam mangás, o que é quase uma devoção.Pude contatar isso no site, do qual sou editor-chefe, Universo HQ (www.universohq.com), principal veículo sobre quadrinhos do país. Atualmente, o site é visitado por 18 mil pessoas por dia, em média, e esse número aumenta quando colocamos grandes matérias sobre mangás ou animês. (GUSMAN, 2005, p. 80).

Através das revistas especializadas em temas com jogos, animês e mangas, foi

difundido também o termo Otaku, como definição desse grupo de fãs. Nagato (2005)

revela que o termo foi criado em 1983, pelo jornalista japonês Akio Nakamori que, na

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forma como é escrita - no alfabeto katakana25 26 - a palavra se diferencia do

significado mais antigo, que é ‘casa’. Otaku, em seu entendimento original de

Nakamori, significa um individuo que vive ‘fechado em um casulo’, isolado do mundo

real e dedicado a um hobby. É possível encontrar aquele que coleciona tudo sobre

uma modelo-cantora (como as ninfetas denominadas pop idols), bandas de rock,

filmes de monstro ou personagens de mangá, jogos ou animes.

No Brasil, através das revistas especializadas, o termo otaku se espalhou

rapidamente entre os fãs como sinônimo de colecionador de mangás e animês. É

claro que aqui existem os otakus clássicos, mas eles são raros. O termo otaku no

Brasil recebeu outro significado, aplicando-se apenas aos admiradores mais

entusiasmados de mangá e animês. E mesmo entre desse grupo há controvérsias

sobre o uso ou não do termo. (NAGATO, 2005).

Outro produto admirado pelos otakus são os Tokusatsu, que em japonês

significa “efeitos especiais”. Segundo Sato (2007), essa denominação tem um

sentido genérico que engloba as diversas técnicas de efeitos visuais e de pirotecnia

usadas no cinema e na tevê “(...) – de simples trucagem a imagens tridimensionais

animadas como modernos recursos de computação gráfica” (p.315). No Japão a

palavra Tokusatsu tornou-se também sinônimo de um gênero de filmes que,

precisamente, pelo grande uso de tais efeitos, começaram a ser chamados de filmes

tokusatsu ou de séries tokusatsu.

Os fãs do gênero costumam classificar as produções tokusatsu em subgêneros, como os daikaijû eiga (“filmes de monstros gigantes”, entre os quais estão os filmes de “Gogzilla”), os kyodai Shiriizu (“série de heróis gigantes”, como as séries “Ultraman”) e as henshin hiirõ Shiriizu (“séries de heróis de transformação” – a diferença é que ao contrário do “Ultraman”, os heróis henshin não ficam gigantes). (SATO, 2007, p.315).

São dessa última categoria as séries com heróis únicos, ou em grupo, com é o

caso das séries: Power Rangers, Jaspion, Jiraia, Kamen Rader, entre outros. Em

25Katakana. Série de caracteres silábicos derivados de caracteres chineses simplificados e utilizados, sobretudo na transcrição fonética das palavras de origem estrangeira, nos telegramas e cartazes (FRÉDÉRIC, 2008, p.616)”.26 “A escrita japonesa é composta de dois sistemas de escrita: um sistema silábico que se subdivide em dois sistemas chamados de hiragana e katakana e o sistema ideogramático chamado em japonês de KANJI (...). Para que possamos ler em japonês, portanto, é preciso conhecer tanto a escrita ideogramática japonesa – kanji – como o sistema silábico hiragana e katakana.” (LARGURA FILHO, 2006, p. 8).

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1964 a série National Kid chegou ao Brasil e foi exibida pela Rede Record, tornando-

se um sucesso inesperado. Por meio dela foi trazido, pela primeira vez em nosso

país, o conceito de super–herói japonês numa época em que não existia a presença

asiática na mídia. (SATO, 2007).

National Kid conquistou o público infantil e tornando-se tão popular no Brasil,

que a série foi reprisada nos anos subsequentes até que, em 1970, seus filmes

foram dados como perdidos, em algum dos vários incêndios que aconteceram nas

instalações da Rede Record, durante o período em que nosso país estava sob

regime militar. (SATO, 2007).

Também faz parte do universo da cultura pop japonesa às anime songs ou

anisongs, que de acordo com os estudos de Nagato (2008) é um dos segmentos do

mercado fonográfico japonês que engloba as músicas de trilhas sonoras de animês,

games e produções em live-action 27de aventura. Nessa categoria estão incluídas as

músicas criadas para os personagens de mangá que muitas vezes inspiram a

criação de CDs baseados nos diálogos de histórias, bem como a composição de

músicas especialmente feitas para servirem de apoio para os quadrinhos.

(NAGATO, 2005).

Até os anos de 1970, “os discos com temas de animês e seriados tokusatsu

eram esquecidos no fundo das lojas”. (NAGATO, 2005, p.54). A mudança aconteceu

devido à pressão de alguns cantores nipônicos que fazem parte dessa categoria. A

partir da aceitação do segmento de anime song ao mercado fonográfico. A

percepção do crescimento nesse setor fez com que o segmento ganhasse tanta

força e abrangência, contribuindo para a amplitude do gênero J-Pop.

Sato (2007) aponta que a designação J-Pop surgiu a partir dos anos de 1980.

Por meio de uma estação de rádio FM chamada J-Wave o termo se tornou

conhecido “(...)como sinônimo de um estilo musical que até então era chamada de

New Music (em inglês, ‘música nova’). Desde então, a expressão J-Pop passou a

ser amplamente usada no país e no exterior(...)”. (SATO, 2007, p.279). Segundo a

autora sua classificação é genérica, pois engloba diversos estilos musicais

produzidos no Japão, como o Pop, o Rock, o Soul, o Rap, o Eurobeat, Funk, entre

outros.

27 “filmagens com atores”. (NAGATO, 2008, p.50).

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O J-Pop foi o responsável pelas mudanças acontecidas nas anisongs, que

ganhou versões mais modernas, o que contribuiu para a atração de, além do público

infantil, também um público de adolescentes. (NAGATO, 2005).

2.1.3 Os cosplay e o evento SANA

Quando os animês passaram a serem exibidos, fora do Japão, os otakus se

organizaram copiando comportamentos de seus colegas nipônicos, promovendo

eventos nos quais os fãs compareciam fantasiados de seus personagens preferidos.

Essa atividade foi chamada de kosupuree ou cosplay - contração de costume play -,

que significa “brincar de se fantasiar”. (SATO, 2007).

Os aficionados de Cosplay, na maioria entre 16 e 21 anos (...) preocupam-se minuciosamente em reproduzir com maior fidelidade possível a aparência e atitude de seu modelo (...). Milhares vêm para se mostrar, tirar uma foto, representar estrelas por um dia antes de voltar a seu cotidiano anônimo.Esse desejo de mudar de pele é uma constante na galáxia otaku. Como se, ao disfarçar-se de personagens de desenhos animados, os jovens chegassem a encontrar sua verdadeira personalidade. Como se a roupa insípida de todos os dias fosse de fato o verdadeiro disfarce, aquela que os representa no dias em que não são eles mesmos. (BARRAL, 2000, p.140).

Em entrevista concedida a Barata (2010), o diretor-geral administrativo da

mostra e um dos fundadores do evento, Ricardo Sá, lembra que tudo começou com

a reunião de um grupo de amigos que gostavam de animes. Sá aponta que isso

acabou influenciando também na escolha da carreira que seguiram

profissionalmente:

(...) eu sempre fui responsável pela parte administrativa, desde os 15 anos, acabei fazendo faculdade de administração; como o Daniel era responsável financeiro, fez contabilidade; a Aline cuidava dos convidados, fez turismo; Kadu fazia material publicitário, fez publicidade e propaganda. (...)Começamos em 2001, no auditório da biblioteca da Unifor com 220 pessoas. Em 2003 demos um grande passo e fomos para o Centro de Convenções. Em 2004 trouxemos nosso primeiro convidado de fora do estado, o dublador Marcelo Campos. Em 2007 conseguimos trazer nosso primeiro convidado internacional, no caso os japoneses Akira Kushida e Takayuki Miyauchi. (BARATA, 200928).

Foi no ano de 2005 que, segundo Barata (2009), a organização do evento

percebeu a necessidade de registrar o evento que já se firmava devido o aumento 28 Anexo I.

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do público interessado. No ano seguinte foi criada a Fundação Cultural Nipônica

Brasileira (FCNB), que passou a organizar o evento, ampliando as possibilidades de

produtos oferecidos e proporcionando maior credibilidade.

Roberto Leite, colunista do J-pop do jornal o Povo, aponta que a Super

Amostra de Animês movimenta “muita gente, reúne muitas tribos, tanto que

atualmente você tem 30.000 pessoas, 40.000 pessoas, participando de um SANA.

Em três dias e é um número muito grande: faz com que o Ceará só perca mesmo

para São Paulo (...)” (ANEXO I, 2011).

A partir da exposição dos conceitos trabalhados pelas colunas Zona Otaku do

Diário do Nordeste e J-POP do Jornal o Povo, objetos da análise desse estudo,

podemos, enfim, iniciar a análise dos aspectos históricos e jornalísticos das colunas.

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3 METODOLOGIAS APLICADAS À PESQUISA

Após termos realizado, até esta etapa da pesquisa, uma revisão conceitual e

histórica da cultura pop japonesa, explicitando sua trajetória no Brasil e no Ceará,

cabe-nos agora analisar as motivações para a publicação de duas colunas

especializadas no assunto, bem como a rotina produtiva adotada pelos autores da

Zona Otaku do Diário do Nordeste e na coluna J-Pop, do jornal O Povo. Entre outros

métodos de investigação realizamos entrevista em profundidade e análise de

conteúdo.

A aplicação da entrevista em profundidade tem como objetivo, como defende

Sousa (2006, p.722) descobrir informações relevantes para a pesquisa. A vantagem

dessa ferramenta está “(...) na possibilidade de se obterem informações

pormenorizadas e aprofundadas sobre valores, experiências, sentimentos,

motivações, ideias, posições, comportamentos, etc. dos entrevistados”.

Para efeito desta, a entrevista em profundidade foi realizada com os editores

das colunas Zona Otaku (Diário do Nordeste) e J-Pop (O Povo), com o objetivo de

traçar um perfil geral desse espaço de informação. Seguindo categorização proposta

por Sousa (2006) realizou-se perguntas abertas, que, como defende o autor,

“permitem toda a liberdade quanto à forma e extensão da resposta. (...) A principal

vantagem das perguntas abertas é a reduzida influência sobre o entrevistado (...)”.

(SOUSA, 2006, p.653).

A finalidade da entrevista em profundidade é obter de uma pessoa dados relevantes para pesquisa. A sua principal vantagem, como o nome indica, reside na possibilidade de se obter informações pormenorizadas e aprofundadas sobre valores, experiências, sentidos, motivações, ideias, posições, comportamentos, etc. dos entrevistados. (SOUSA, 2006, p.722)

Outra metodologia utilizada é a análise de conteúdo, que, segundo Sousa

(2006), consiste em um dos métodos científicos mais utilizados na comunicação,

principalmente, para analisar os conteúdos de jornais e revistas, pois permite a

aquisição de dados quantitativos à pesquisa. Para isso, a amostra escolhida para a

aplicação da análise é a estratificada, isto é, escolha de amostras de “(...)

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determinados períodos de determinados anos tivessem ocorrido casos significativos,

poderá ser conveniente estudar os jornais desses períodos”. (SOUSA, 2006, p.666).

Os períodos escolhidos são os do mês de janeiro, quando acontece o Sana

Fest, evento que também faz parte da franquia do SANA, e o mês de junho, quando

ocorre a mostra principal o Sana. Serão, ao todo, nove edições da Zona Otaku

(Diário do Nordeste) e nove edições do J-Pop (O Povo), totalizando o número de 18

edições analisadas. O ano escolhido é 2010, quando o evento completa 10 anos de

existência.

Dentro da análise das 18 edições, nos interessa observar a rotina de produção

das colunas, além de compreender como são selecionados seus conteúdos. Pois

assim. Conforme aponta Traquina (2005), o universo de acontecimentos que

constituem a matéria-prima da noticia é imenso e, por essa razão, a necessidade de

realizar uma estratificação dos assuntos a serem trabalhados, onde os recursos

consistem na seleção e no julgamento daquilo que pode ou não ser notícia.

(...) adquirir a existência pública de notícia, numa palavra – ter noticiabilidade (newsworthiness). Aliás, a questão central do campo jornalístico é precisamente esta: o que é notícia?. ou seja, quais os critérios e fatores que determinam a noticiabilidade dos acontecimentos. (TRAQUINA, 2005, p.180).

Segundo Fernandes (2011), para se descobrir os critérios ideais para se

estabelecer o estudo é preciso em primeiro lugar descobrir qual o “modus operandi”

vigente nas empresas jornalísticas a serem pesquisadas.

A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se exigem dos acontecimentos - do ponto de vista da estrutura do trabalho nos órgãos de informação e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas - para adquirirem a existência pública de notícias. Tudo o que não corresponde a esses requisitos é «excluído», por não ser adequado às rotinas produtivas e aos cânones da cultura profissional. (WOLF, 1995, p.170).

Estabelecendo como base a teoria integracionista defendida por Traquina

(2005), pretende-se estabelecer a compreensão do fenômeno estudado, onde as

notícias resultam de um processo de produção, baseado na percepção, seleção e

transformação da matéria-prima - no caso os acontecimentos - em produto, que

seriam as notícias propriamente ditas.

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Wolf (1995, p.175) defende que no processo de seleção e transformação dos

acontecimentos em notícias, o uso dos “critérios de relevância funcionam

conjuntamente «em pacotes» (...)”, que seriam as diferentes relações e

combinações que estabelecem entre os diferentes valores/notícia, que recomendam

a seleção de um fato.

3.1 Jornalismo De Coluna

A coluna é segundo Amaral (1997) uma “área privativa” do Jornalismo, onde o

colunista possui certa liberdade de expressão e um regulamento próprio. É possível

misturar nas colunas (que tratam de assuntos gerais ou temas específicos): notícia e

comentário, entrevista e interpretação, humor e gravidade, tudo trabalhado em

textos curtos em forma de “pílulas”.

Por outro lado, Melo (2003) defende que a coluna corresponde a um setor

jornalístico emergente de um tipo de jornalismo pessoal, cuja vinculação das

matérias está intimamente ligada à personalidade do seu redator. “No caso das

colunas que abrangem setores culturais é preciso não confundi-las com as

resenhas. São dois gêneros que coexistem no mesmo espaço jornalístico”. (MELO,

p.147).

Enquanto a resenha faz análise das obras em circulação, a coluna movimenta o setor, mantendo aceso o interesse dos leitores pelos protagonistas. Divulgando programação, destaca lançamentos, sugere opções, projeta nomes. Cria, enfim, um clima emocional em torno daquele segmento da indústria da cultura suscitando o interesse permanente dos seus aficcionados. (MELO, 2003 p.147).

.

O autor defende que a coluna seria o espaço que movimenta o setor onde a

obra ou a temática está inserida. Fazem parte das características de uma coluna: a

divulgação de programações destaque de lançamentos, sugestão de opções,

projeção nomes do setor abordado, criando um clima emocional naquele segmento

industrial da cultura, objetivando, assim, o interesse contínuo dos leitores

interessados pelo tema.

No nosso caso, a temática seria a cultura pop japonesa, que tem como

representante primário os eventos Sana e Sana Fest, protagonistas das matérias

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que são abordadas nas matérias produzidas pelas colunas Zona Otaku (Diário do

Nordeste) e J-Pop (O Povo). São esses eventos que a princípio são os motivos da

geração do público interessado tanto nas mostras, propriamente dita, quanto nos

produtos visibilizados pelos eventos como os animês, mangás, etc.

3.2 Coluna J-Pop do jornal O Povo

O editor da coluna J-Pop, Roberto Leite29 relata que a ideia da criação da

coluna se deu devido ao crescimento do SANA. Segundo o jornalista, o que lhe

chamou a atenção foi crescimento gradual do evento, até se tornar, hoje em dia, o

segundo maior evento do Brasil que trabalha com a temática da cultura pop

japonesa, mesmo com um pequeno número de japoneses e descendentes nipônicos

no Estado, perdendo apenas para São Paulo, onde se concentra uma das maiores

colônias japonesas do mundo.

(...) É o tipo de cultura que movimenta muita gente, reúne muitas tribos, tanto que você ver que, atualmente, ter 30.000 pessoas, 40.000 pessoas, participando de um SANA em três dias, é realmente um número muito grande, isso faz com que o Ceará perca apenas São Paulo. Mas se entender, por que São Paulo possui uma cultura de imigração japonesa significativa, existe um bairro de japoneses, além disso, é uma cidade muito maior que Fortaleza, com muito mais pólos, muito mais pessoas. (ROBERTO LEITE, 2011).

Foi a partir da possibilidade de trabalhar o desenvolvimento da cultura pop

japonesa, que surgiu a ideia de criar um produto jornalístico que abordasse as

novidades desse universo. Segundo Leite (2011) existe pessoas que são

especializadas nesse assunto e muita gente tem interesse em conhecer mais

informações sobre essa temática.

Leite (2011) relata que, embora internet seja um veículo mais rápido que o

jornal, existe um público que não encontra esse material com facilidade ou não tem

muito acesso a internet. Esse foi um dos argumentos utilizados na proposta feita à

chefia do jornal O Povo em 2009, objetivando a criação de um produto, no caso uma

coluna que trabalhasse com a temática da cultura pop oriental.

29Em entrevista concedida à autora em 30/03/2011, conforme anexo I.

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O Nome J-Pop foi escolhido, segundo conta Leite (2011), pois significa a

nomenclatura do estilo musical que passou a ser amplamente utilizado no Japão e

no Exterior, que define como uma “(...) classificação genérica de diversos gêneros

musicais (...) produzidos no Japão”. (SATO, 2007). Mesmo sendo uma classificação

musical, o colunista encontrou nesse termo, a forma de permear tudo aquilo que faz

parte da cultura pop-japonesa: roupas, música, filmes, animações, etc.

No final de 2010, o Povo, segundo Leite (2011), passou por um remodelamento

gráfico e editorial. Em estudo com a chefia do jornal e os editores dos núcleos de

cultura e comportamento, responsáveis pelo Caderno Buchicho30 -onde a coluna

está localizada - ficou decidida a mudança de J-Pop para Ásia-Pop, ampliando

assim o universo de notícias com a temática oriental.

1ªedição31 Ásia Pop32

A coluna J-Pop é considerada pioneira a trabalhar com cultura pop-japonesa no

Ceará, visto que sua primeira edição data de 23 de abril de 2009. Leite (2011)

aponta que antes do SANA, os jornais só noticiavam algo relacionado a esse tema,

quando era uma resenha de filme ou quando um cantor oriental “estourava” ou

chegava ao Estado, mas eram direcionadas para os espaços que trabalhava filmes 30Caderno de entretenimento do Jornal O Povo31Edição do dia 23 de abril de 2009 do jornal O Povo.32Edição do dia 09 de junho de 2011 do jornal O Povo.

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ou música em geral não existindo um produto específica. Um exemplo é a matéria

sobre o centenário da imigração japonesa, edição de 16 de junho de 2008, onde o

jornal fez uma cobertura especial ao longo do jornal. Na página 24, identificada

como “Páginas Azuis”, encontra-se uma entrevista com um dos filhos do primeiro

japonês a chegar a Fortaleza.

Fig-133

A coluna é semanal, suas edições são veiculadas todas as quintas-feiras e está

localizada na página 13 de caderno Buchicho Teen. Segundo Leite (2011), “A linha

editorial é privilegiar a cultura pop do oriente de uma forma geral, (...) claro o que

acaba acontecendo é que 90% delas são sobre o Japão, por que há uma produção

maior (...)”. O colunista defende que “(...) prima, fazer da coluna não apenas um

espaço opinativo, onde se simplesmente se escolhe aqui um tema e escreve sobre

ele. na verdade tentamos ser um pouco factual também, ser um opinativo, mas que

seja noticioso”.

Então o processo de feitura da coluna de quinta começa na quinta anterior, porque eu vou fazendo um acompanhamento diário do que está sendo lançado do que está saindo e não necessariamente tem que ser algo produzido no Japão, mas pode ser algo produzido em outro canto que tenha em comum essa cultura pop oriental. (ROBERTO LEITE, 2011).

O colunista aponta dois exemplos de produtos de influência pop japonesa, que

se configuram como pauta para a sua coluna. O primeiro é o filme do AKIRA, uma 33Edição do dia 6 de junho de 2008 do jornal O Povo.

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animação japonesa famoso dos anos 80, que está sendo produzida em live-action,

isto é, com pessoa de verdade, em Hollywood. O segundo é a produção de um

mangá que conta a história do Papa Bento XVI, pelo Vaticano com o objetivo de

atrair o público jovem.

Roberto Leite (2011) relata que existem certas dificuldades em fazer a

cobertura de eventos regionais que trabalham com a cultura pop-japonesa, pois a

comunidade japonesa no Ceará é muito dispersa: “muitas vezes (...) os eventos

acabam não chegando, assim muitas vezes a gente sabe do evento porque alguma

outra pessoa vai lá, ou conhece alguém que vai participar”. Outras dificuldades em

trabalhar com a cobertura de eventos regionais é que as pautas acabam sendo

direcionadas para outra editoria, como a Editoria de Cotidiano. Porém, segundo

Leite (2011), a partir do deste ano haverá uma tentativa de convergir essas noticias

para a coluna especializada, no caso a J-Pop, hoje chamada de Ásia Pop.

3.3 Coluna Zona Otaku do Jornal Diário do Nordeste

A história do nascimento da coluna Zona Otaku difere em muitos aspectos da

história da coluna J-Pop do Jornal O Povo. Segundo a jornalista Diana

Vasconcelos34, coordenadora da coluna Zona Otaku do Diário do Nordeste, foi o

jornal quem convidou os membros da Fundação Cultural Nipônica Brasileira, a

FCNB, a escrever uma coluna sobre a atemática da cultura pop japonesa.

Sempre nos eventos era feita uma parceria entre a FCNB com o Diário ou com o Povo, até que ficou fixa com o Diário, por conta da boa cobertura feita por eles. Os editores do Diário viram que o público foi crescendo, não só o público do SANA, mas o público de uma forma geral na cidade que gostava, que procurava ou que era pelo menos curioso. Eles acharam que seria interessante ter uma coluna e entraram em contato com a gente. (DIANA VASCONCELOS, 2011).

A coluna foi anunciada no dia 31 de dezembro de 2009, na página 16 do

caderno Zoeira, e possuía o titulo de “ZUMZUMZUM”. O espaço também tem como

característica ser escrito por um conjunto de colunas, onde Diana Vasconcelos,

única jornalista do grupo de cinco colunistas, é a coordenadora da equipe da Zona 34Em entrevista concedida à autora em 02/06/2011, conforme anexo II.

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Otaku. Os outros colunistas são: Clarice Barosso, Elano Vasconcelos, Marcus

Henrique, João Neto, Igor Lucena.

Fig-435

Os assuntos são divididos em temáticas semanais, quinzenais e especiais. A

coluna é composta pelas seguintes seções: “Zona Otaku” (matéria principal e única

fixa); “Save Point” (games); “Ponte Aérea” (cultura japonesa); “Entre Nerds e

Otakus”; “Estação J-music”; “Super Heróis” (tokusatsu, live-action e etc); “Otaku no

Vídeo” (animês) e “Ásia-Pop”(cultura pop asiática em geral).

35 Edição de 31 de dezembro de 2009 do jornal Diário do Nordeste.

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Fig-536 Fig-637

Segundo a jornalista, que também é coordenadora de comunicação da FCNB,

a relação entre a Fundação e o Diário do Nordeste, acontece da seguinte forma:

enquanto a fundação sobrevive de bolsas de projetos culturais, e recebe o direito de

usar a logo de apoio do Diário do Nordeste nos projetos que participa, o jornal

recebe o material escrito e editado da coluna.

Vasconcelos (2011) relata que quando a coluna começou, ela recebia salário

dos projetos que participa pela fundação e por outro emprego que tinha na prefeitura

de Fortaleza. Segundo a jornalista, todos os colunistas, incluindo ela, não recebem

salário pela produção da coluna especificamente. No mês de maio deste ano, Diana

Vasconcelos foi contratada pela TV Verdes Mares e não pelo Diário do Nordeste.

O processo de entrega do material segundo Diana Vasconcelos, acontece

quando ela recebe todas as matérias dos outros colunistas no domingo e depois da

editoração é enviado por e-mail, na segunda-feira, para o jornal. Por um lado,

pertencer a uma fundação que trabalha diretamente com a cultura japonesa facilita a

captação e confirmação das notícias abordadas em cada coluna de forma mais

rápida.

Por outro lado, a ligação dos colunistas com a FCNB e com o Sana também os

coloca na posição de fonte. Seria possível manter o conceito defendido por Amaral

36 Edição do dia 2 de janeiro de 2010 do jornal diário do Nordeste.37Edição do dia 2 de janeiro de 2010 do jornal diário do Nordeste.

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(1997) onde o “gênero coluna” se diferencia por possuir a liberdade de expressão?

Vasconcelos (2011) destacou de forma veemente em toda a entrevista que a

fundação não interfere nas decisões dos colunistas. Porém, também afirmou que

algumas vezes já recorreu à FCNB, com o propósito de verificar uma informação ou

buscar uma fonte.

3.4 Análise Das Colunas J-Pop (O Povo) E Zona Otaku (Diário do Nordeste)

Nossa análise se deteve em 18 edições, equivalentes aos meses de janeiro e

julho, justificado por ser o período no qual acontecem os eventos Sana Fest e Sana,

além de ser o ano em que foram comemorados 10 anos do evento. Foi gerado,

então, um total de nove edições da coluna J-Pop (O Povo) e nove edições da coluna

Zona Otaku (Diário do Nordeste).

A pesquisa observou principalmente os assuntos relacionados à cultura pop

japoneses mais trabalhados na amostragem selecionada das edições da coluna J-

Pop e na coluna Zona Otaku. Nesse sentido, os assuntos foram: Animação; Mangá;

Cosplay; Música; Games; Tokusatsu; Eventos; Artes (filmes, cultura japonesa,

serviço, etc.).

3.4.1 Coluna J-Pop (O Povo)

A partir do gráfico das edições da coluna J-Pop, é possível perceber uma maior

abordagem nas temáticas relacionada à Animação e Artes, gerando um total de

20%, isto é, em cinco das nove edições analisadas os assuntos foram abordados.

Em seguida com 16%, equivalente a quatro edições do total, estão os mangás. Com

12%, seguem as temáticas sobre Música e Cosplay, que estiveram em três das nove

edições.

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Nove ediçãos da Coluna J-Pop (O Povo)

20%

16%

12%12%

8%

4%

8%

20%

Animação Mangá Cosplay Música Games Tokusatsu Eventos Artes

Fig-7

Notícias relacionadas a jogos (Games) e os eventos (Sana e Sana Fest), foram

encontrados em duas das nove edições analisadas, 8% do total. Já as matérias

sobre Tokusatsu totalizaram 4%, isto é, das nove edições apenas uma tratou do

tema. Foi percebido também que as temáticas regionais, estão diretamente

relacionadas aos eventos Sana Fest e Sana, totalizando o numero de três das nove

edições, 12% do total da amostra.

3.4.2 Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)

Na coluna Zona Otaku do Diário do Nordeste é possível perceber através do

gráfico algumas diferenças de prioridades dos assuntos abordados nas nove

edições selecionadas. Um dos fatores possíveis dessa constatação pode estar no

número de páginas, pois a coluna conta com uma página mais que a do jornal O

Povo.

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Nove ediçãos da Coluna Zona Otaku (Diário do Nordeste)

15%

6%

9%

12%

15%

12%

9%

22%

Animação Mangá Cosplay Música Games Tokusatsu Eventos Artes

Fig-7

Foi verificado que foram trabalhadas em sete das nove edições avaliadas

trataram da temática das Artes, que diz respeito aos outros aspectos da cultura pop

japonesa, e que equivale a 22% do total da amostra analisada. Com 15% seguem a

Animação e os Games, que estiveram presentes em cinco das nove amostras

analisadas.

Os Mangás e a Música foram encontrados em quatro das nove edições

selecionadas, isto é, cada uma está presente em 12% do total estudado. Com 9%,

cada um, está à temática de Eventos e os Cosplay, que foram abordados em três

das nove edições. As matérias sobre mangás formam as menos abordadas na

amostragem, foram encontradas em duas edições do total, o que equivale a 6% das

nove edições avaliadas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do desenvolvimento da pesquisa que apresentamos foi possível

perceber que a cultura japonesa não está tão distanciada da cultura cearense,

quanto se poderia imaginar. Exemplo disso é a existência de uma história de

imigração japonesa em nosso estado. Apesar de poucos registros, demonstra que

há um campo a ser explorado pela comunidade acadêmica.

Através do estudo da temática da cultura japonesa e da cultura pop japonesa

no Ceará, é possível perceber a existência de um campo amplo de assuntos

passiveis de se trabalhar no âmbito da pesquisa científica. Mesmo não sendo

possível abordar todos os elementos em um único trabalho científico, nossa

pesquisa pretendeu contribuir com vizibilidade de campo que tem potencial para ser

explorado nos aspectos sociais, mercadológicos, midiáticos entre outros.

É perceptivo o crescimento gradual do interesse pela cultura pop japonesa, não

apenas do público jovem, mas também dos meios de comunicação, assim como

pode ser visto nesta pesquisa. Os dois veículos estudados disponibilizam espaço

editorial nas colunas Zona Otaku, publicada no Diário do Nordeste e J-Pop, no

Jornal O Povo, como estratégia para aumentar o número de leitores.

Entre as metodologias utilizadas, a entrevista em profundidade foi a que melhor

se aplicou, visto que foi através dela descobrimos aspectos importantes, como o fato

da Zona Otaku, publicada no Diário do Nordeste, ser, na verdade, um conjunto de

colunas, cujos membros estão diretamente ligados à Super Amostra de Animês

(Sana), maior evento relacionado à cultura pop japonesa no Ceará.

Através das entrevistas com os colunistas Roberto Leite da coluna J-Pop (O

Povo) e Diana Vasconcelos coordenadora da coluna Zona Otaku (Diário do

Nordeste) é possível perceber que as fontes acionadas por ambos são proveniente,

em sua maior parte, da internet. Conforme especificado pelos mesmos, quando a

informação não é confiável, buscam por contatos, revistas e/ou livros especializados,

objetivando a confirmação da notícia antes da publicação.

O jornalista Roberto Leite, colunista do J-Pop do jornal O Povo, destaca que as

informações relacionadas à comunidade nipônica local ainda são muito dispersas e,

por essa razão, justifica o fato da maioria das suas matérias tratarem a visão global

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da cultura pop japonesa. Já a jornalista Diana Vasconcelos, colunista da Zona Otaku

do Diário do Nordeste, argumenta que privilegia as informações e curiosidades

relacionadas à cultura asiática em relação à cultura nipônica local, porque essa é a

linha editorial da coluna.

Através da análise dos gráficos foi possível perceber que as colunas trabalham

principalmente com os assuntos relacionados à animação e artes, representando os

assuntos não específicos que estão relacionados a filmes, cultura japonesa em

geral, serviços e outros.

A presença de uma maior abordagem das colunas na animação japonesa pode

ser justificada, dado o aspecto histórico da cultura pop japonesa no Brasil. Como foi

relatado no segundo capítulo, foram os animês, assim como os tokusatsus, os

primeiros elementos da cultura pop nipônica a fazer parte do cotidiano dos fãs

brasileiros.

Por meio da análise das edições é possível perceber a presença de espaço de

serviços apenas na coluna Zona Otaku, o que é justificável por possuir um espaço

maior que a J-Pop, que dispõe de apenas uma página.

O referencial teórico trabalhado na pesquisa elucidou os conceitos jornalísticos

dos produtos analisado, no caso o significado do que seria a coluna. Além disso,

proporcionou o entendimento sobre os critérios de noticiabilidade utilizados na

análise das duas colunas.

As possibilidades de aprofundamento dos estudos do tema escolhido são muito

grandes, visto que existem mestrados que trabalham de forma específica com a

temática de cultura japonesa e mídia. Assim, poderemos explorar mais intimamente

a relação entre a cultura por brasileira, seu espaço na mídia e a receptividade entre

os jovens brasileiros. Pretendemos, portanto, contribuir com a temática conforme a

realização da nossa pesquisa e a colaboração da mesma para a comunidade

acadêmica e demais interessada no assunto.

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ANEXOS

ANEXO IENTREVISTA COM ROBERTO LEITE

30/03/2011

Como e o porquê a coluna J-Pop foi criada?

Pronto é o seguinte, como eu também acompanho cultura pop, e aí eu dou um

leque maior, não só japonesa, mas a cultura oriental de forma geral, então desde

Japão, China Coréia, em fim, até porque hoje em dia muitas de todas essas culturas

chegam ao Brasil bem mais facilmente, do que a 15 ou 20 anos.

Então eu pensei poxa, a gente tem uma feira de cultura pop japonesa aqui no

Estado do Ceará, que é muito grande, que é o SANA, tem vários derivados que

surgiram, a partir do SANA, é o tipo de cultura que movimenta muita gente, reúne

muitas tribos, tanto que você ver que atualmente você tem 30.000 pessoas, 40.000

pessoas, participando de um SANA em três dias e é um número muito grande, faz

com que o Ceará só perca mesmo, só não seja tão grande quanto São Paulo.

Mas aí é de se entender, por que aí São Paulo, tem uma cultura de imigração

japonesa, há um bairro próprio de japoneses lá, é uma cidade muito maior que

fortaleza, muito mais pólos, muito mais pessoas. Então a ideia foi a seguinte, bom já

que há essa possibilidade de desenvolvimento da cultura pop, porque não existir um

produto próprio que noticie, traga novidades desse mundo e tudo, porque ao mesmo

tempo que tem gente já bem especializada aqui, também tem pessoa que estão

começando,ela mais do que ninguém precisam dessas informações, bem mais

rápido, digamos assim, mesmo com a internet.

A gente tem consciência de repente à coluna vai publicar hoje, algo que saiu

ontem ou anteontem já na internet, mas como ela é semanal então, mas mesmo

assim tem gente que não encontra tão facilmente essas coisas, não tem um acesso

à internet tão grande, então foi pensando nesse público e nessa disseminação

rápida, que o que é que acontece, eu fiz a proposta a chefia do jornal, de se criar um

produto, de repente uma coluna, que falasse sobre essa cultura pop oriental.

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Porque a escolha do nome J-Pop?

Começou com o nome de J-POP focando num primeiro momento na cultura

pop japonesa mesmo, e j-pop porque esse termo j-pop vai permear tudo que está na

esfera pop-japonesa, de roupas, a música a filmes, animações, tudo que for possível

está lá. Claro que em cada uma dessas categorias, principalmente na música esse

termo vai se notabilizar por algum motivo, então a coluna foi criada ai e veio com

essa perspectiva.

O que é que acontece, no final do ano passado o Jornal o Povo passou por

uma remodelação gráfica e editorial, em estudo com a chefia do jornal e com os

editores do núcleo de cultura e comportamento, que é o núcleo responsável pelo

Buchicho que é onde fica a coluna, a gente pensou olha a gente vem vendo que ao

longo de período da coluna, não só a cultura pop japonesa tem esse destaque,

como a oriental de uma forma geral.

Então a gente foi buscar lá no projeto da coluna, uma revisão nela, então ela

deixou de ser J-pop para se tornar Ásia-Pop, porque se antes eu deixava muita

coisa de fora, digamos deixar de fora a resenha de um filme chinês, ou qualquer

movimento cultura ali na Ásia, agora eu poderia incorporar, sabendo que as pessoas

a partir da cultura pop japonesa tão se deslocando para conhecer novos valores,

nova culturas aqui no Brasil e especificamente aqui no Ceará.

Hoje a coluna pode falar de um filme indiano, como pode falar do relançamento

de uma série japonesa dos anos de 1950 que agora tá voltando, então é mais ou

menos em linha gerais é essa a ideia do surgimento e dessa remodelação da

coluna.

No Ceará a J-pop , hoje Asia-pop, é a pioneira nesse tipo de temática?

Desde que o SANA se tornou um grande evento, se noticiava que o

evento ia acontecer, ou se fazia uma resenha de um filme ou de um cantor quando

ele estourava ou quando ele chegava aqui. Mas antes disso não se noticiava nada, a

coluna, por exemplo, a coluna do DN, veio meses depois do J-pop, então a gente

pode dizer assim que a coluna Jpop, hoje Asia Pop, é sim a primeira feita nesse

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intuito, já houve algumas outras colunas de música, de cinema que vez por outra

citava alguma coisa, mas citavam dentro de um universo pop mundial, ou brasileira,

em fim, mas não que algo que fosse especifico pra falar de cultura pop-oriental.

O que é considerado pauta para a coluna?

A gente prima, fazer da coluna não só uma coluna opinativa de escolher aqui

um tema e vou falar, na verdade a gente tenta ser um pouco factual também, ser um

opinativo, mas que seja noticioso, então o processo de feitura da coluna de quinta

começa na quinta anterior, porque eu vou fazendo um acompanhamento diário do

que está sendo lançado do que está saindo e não necessariamente tem que ser algo

produzido no Japão, mas pode ser algo produzido em outro canto que tenha em

comum essa cultura pop oriental, vou dá dois exemplos: Hollywood está em

processo de produção de um filme do AKIRA, um filme super famoso dos anos 80, é

uma animação japonesa e Hollywood quer fazer um filme como a gente costuma

chamar em live-action, com personagens de verdade e tudo, isso é pauta pra j-pop,

é uma produção ocidental? É, mas é uma produção ocidental a partir de um produto

cultural japonês, se é japonês está dentro da temática da coluna.

Vou dá outro exemplo que vai ser da coluna de amanhã quinta-feira, tema

principal, o vaticano está produzindo, encomendou a produção de um mangá, pra

tipo contar a história do papa Bento XVI, é uma forma, uma tentativa de aproximar a

igreja do público mais jovem, isso é pauta, a gente está falando de um produto

cultural japonês e oriental que está sendo apropriado pela cultura ocidental e vai

produzir um certa coisa.

Então o objetivo da coluna é ser opinativa sim, porque que é coluna é um

gênero opinativo, mas é noticiar sempre fatos interessantes da semana ou adiantar

fatos que possam vir para aqueles fãs que não tem o mesmo acesso, mas gostam e

até mesmo para aqueles outras pessoas que de repente não curtem ou não se

interessam tanto terem a oportunidade de descobrirem como é essa cultura quais

são as temáticas que elas podem ter, então no falamos de livros, de filmes, de

musica, claro que existem datas marcadas que a gente faz uma coluna toda

temática.

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Digamos nos 50 anos da primeira exibição de Nacional Kid no Brasil, isso

rende um pauta interessante, rende uma pauta, pra te contar, ai você vai contar a

história dessa serie, vai fazer uma avaliação mais aprofundada , vai indicar onde

conseguir os episódios, se já tem pra vender, se foram relançados ou não , então

assim, a pauta é factual, é noticiar o que está acontecendo no mundo oriental ou o

que está acontecendo relacionado a ele. Mas também em momentos em que a

coluna se transforma somente opinativa, mesmo assim ela está norteada por um

fato especial que está acontecendo

Eventos que acontecem em fortaleza são pauta na coluna?

Alguns sim, claro que os eventos mais pop tem sempre, acabam tendo um

espaço maior, porque ate mesmo a questão da assessoria, porque você já recebe,

eu recebo toda semana material de assessorias, então, mas os eventos culturais por

excelência, que não são pop, também tem seu espaço, mas as vezes como a nossa

comunidade japonesa é muito dispersa, muitas vezes o que é que acontece os

eventos acabam não chegando, de certa forma, assim muitas vezes a gente sabe do

evento porque alguma outra pessoa vai lá, ou que conhece alguém que vai participar

, lhe diz, ai você corre atrás.

Mas alguns passam batidos por falta disso, falta de alguém dizer, ou então

alguém diz assim eu conheço outra pessoa do jornal, ai essa pauta chega para outra

editoria, digamos chega par ao cotidiano é uma pauta também para o cotidiano, mas

é também para a coluna, só que fica lá. É feita pelo cotidiano ou chega pra outra

editoria e acaba não sendo feita. Então acaba que passa batido não chega. Mas a

partir de 2011 há uma tentativa de a gente puxar, fazer com que esses outros evento

sejam convergidos também para a coluna, embora não seja pop, mas faz parte

duma cultura que existe aqui, embora meio difusa e que precisa ser registrado sim, é

a necessidade de se mostrar que embora seja pequena mas há uma colônia

japonesa, há descendentes aqui dessa civilização.

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Localização da coluna é fixa?

Ela é tem, o que é que acontece, em raríssimas exceções , vou dizer já quais

são elas, ela não é publicada na página 13, mas geralmente , na maioria das vezes

é na pagina 13,certo , até porque vem aquela história do jornal, quando você abre

essa daqui, a pagina impar é sempre visa primeiro depois você olha para o lado.

Então ela está ali por um motivo também de mais visibilidade e quando não é na

página 13? Quando por algum motivo há uma redução no caderno, redução no

tamanho, o caderno tem geralmente 20 páginas, 24 páginas, se reduz para 16, por

exemplo, o que acontece?Ela pode ser deslocada para outra pagina por uma

questão de adequação ou quando caderno tem muito anuncio publicitário, isso é

outro fato, às vezes o anunciante quer que seja na pagina tal. Ele nem imagina o

que é que tem na página, mas ele que r naquela pagina por algum motivo que é

dele, então você tem duas opções a coluna pode ser cortada, diminuída ou se

possível ser deslocada para outra parte do jornal, o que acontece é isso , é ai vai

depender quando a semana é mais produtiva tem muita coisa acontecendo, é

preferível deslocar para outra página para não perder esse espaço editorial.

Se não se é uma semana mais tranquila, a gente reduz a coluna, redesenha e

deixa o anunciar lá, claro quando ao anuncio tem haver com a coluna, que há isso

também a gente já teve anuncio, por exemplo, de loja de games, por exemplo, para

o anunciante é mais interessante de repente colocar na pagina da coluna, porque

ele imagina que o publico que vai ler é um publico que gosta de jogos de videogame

e tudo jogos de computador, e dá uma visibilidade boa, então nesse caso a coluna

vai ter que sair ali, cortada ou não, limitada ou não ,mas vai ter que sair. mas

quando não é possível, desloca-se para outra página, mas geralmente é a pagina 13

da coluna sempre.

Qual a linha editorial?

A linha editorial é privilegiar a cultura pop do oriente de uma forma geral, é ter

espaço para todas as manifestações, claro o que acaba acontecendo é que 90%

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delas é sobre o Japão, por que há uma produção maior, por isso inclusive a

mudança de nome j-pop, para Ásia pop, para abrir espaço pra um leque maior.

E esse leque é falar, apresentar, noticiar essa cultura que está cada vez mais

se fixando no país, no estado, pra a pessoa que já são iniciadas, por assim dizer, e

também para as pessoas que não são, muitas vezes é uma forma de quebrar certos

estereótipos que existem nessa cultura, quem não gosta muitas vezes tem certos

senões, digamos assim, acredito que eles acham muito diferente do que eles estão

acostumados a ver.

A coluna não tem nenhum tipo de exclusão, fez parte, fez, é possível se falar?

Elas atingem o público? Até por que ela está numa quinta-feira, há uma diferença no

buchicho de quinta que é o Buchicho teen então teoricamente é para adolescente,

digamos assim, mas a gente já consegue fazer a coluna pras pessoas de uma forma

geral, é porque também há aquele senso comum de que os adolescentes gostam

são o público prioritário e tudo, então se discute matérias polêmicas sempre na

medida, mas a linha editorial é essa é anunciar é mostrar é noticiar todas as

manifestações culturais do oriente, dessa cultura pop oriental independente de se

japonesa , iraniana, indiana chinesa , todo mundo está lá.

Linguagem?

A minha preocupação é o seguinte, é não construir um texto que no final das

contas, digamos aqui, está um amigo meu diz “ah eu vou ler a coluna do Roberto

hoje, nunca li, ai pega e ler a coluna e diz assim, rapaz eu não entendi nada, porque

tem muitos termos ou muitas expressões ligadas pura e simplesmente a aquela

cultura sem explicação, como se eu estivesse escrevendo para uma pessoa que já

soubesse tudo aquilo, e ai entra, quando eu escrevo o principio básico do jornalismo,

você tem sempre que pensar que tem uma pessoa que está lendo aquilo pela

primeira vez e não conhece aquilo dali, você nunca pode imaginar que como está

em evidencia, todo mundo conhece, infelizmente não é assim que funciona, alguém

pode está foleando, e resolveu parar ali, e ler , olhar e ver qual é daquela coluna ali.

Então minha preocupação com os textos, é construir um texto leve mesmo, não

coloquial, mas que dialogue , seja bem humorado quando tem que ser bem

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humorado , ser critico quando tem que ser critico, mas sempre preocupado em não

escrever um texto codificado, se é necessário usar algum termo especifico , falar de

algum gênero especifico , eu sempre tenho a preocupação, que por mais que para

aquela pessoas que sejam iniciadas pode ser cansativo, explicar o que é aquilo dali,

que eu sei que vai ter alguém que vai ler e pode não saber o que é aquilo, claro se

eu cito um termo mais de uma vez, eu posso, na coluna toda, eu não preciso fazer

essa explicação duas vezes, uma vez é suficiente.

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ANEXO IIENTREVISTA COM DIANA VASCONCELOS

02/06/2011

Como e o porquê a coluna Zona Otaku foi criada?

A gente sempre nos eventos que a gente fazia pela fundação tinha uma

parceria com o Diário ou com o Povo, até que ficou fixa com o Diário, tinha uma boa

cobertura feita por eles. O jornal percebeu que o publico foi crescendo, e não só o

publico do SANA, mas o público de uma forma geral que gostava ou que era pelo

menos curioso. E ai eles tentaram fazer a coluna, acharam que seria interessante ter

uma coluna e ai entraram em contato com a gente para ver se agente fechava essa

parceria. Dai já existia o programa da TV, na época a gente também tinha também

um programa de rádio que não seguiu por questões burocráticas. e ai a gente

sentou conversou, foi rápido em coisa de um mês a gente já estava escrevendo,

sabe, foi mesmo de repente, mas não foram coisas que dão muito trabalho para

gente, porque independente de escrever ou não eu leio sobre os artistas asiáticos

todos os dias ou semanalmente ou tenho pelo menos uma informação, então quilo

ali para mim foi só tirar o que já sabia e escrever na forma.

Então na verdade o Zona Otaku é um conjunto de colunas? Como é

organizada?

Pode-se dizer que sim, somos uma equipe de colunistas Os outros colunistas

são: Clarice Barosso, Elano Vasconcelos, Marcus Henrique, João Neto, Igor Lucena.

Como jornalista, ficou decidido de comum acordo que eu seria a coordenadora e

editora do zona Otaku.

Como os assuntos são divididos ?

A gente dividiu em 5 assuntos semanais, alguns quinzenais outros especiais,

que aparecem e que as vezes não botam,depende muito da ocasião, mas os fixos

são o Zona Otaku que é a matéria principal, uma hora ou outra a gente utilizou muito

com entrevista no padrão mesmo. As outras colunas são: “Zona Otaku” (matéria

principal e única fixa); “Save Point” (games); “Ponte Aérea” (cultura japonesa); “Entre

Nerds e Otakus”; “Estação J-music”; “Super Heróis” (tokusatsu, live-action e etc);

“Otaku no Vídeo” (animês) e “Ásia-Pop”(cultura pop asiática em geral ). Ásia pop

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pelo próprio nome ser pop, engloba tudo, então vai desde os artistas asiáticos,

orientais até o sucesso que determinado assunto está fazendo aqui, claro que tem

aquela justificativa de ser oriental de ter uma ligação oriental, porque esse é o

objetivo da coluna, tratar de assuntos do meio do mundo pra lá, o ocidente a gente

já está nele já conhece, então não faz tanta questão de tratar, até por que o resto do

jornal trata disso.

Assim a escolha ela é muito pessoal, eu não interfiro na escolha dos outros

colunistas, nem eles interferem na minha, a única que a gente tenta agendar e

discutir é a matéria principal, a Zona Otaku, porque ela a gente tenta deixar o mais

factual possível, a gente trata de algum evento que está acontecendo ou a gente

trata de alguma coisa que a gente notou que é interessante para o nosso público,

por exemplo uma matéria dos casamentos, ou relacionamentos longos. Então tem

coisas que a gente discute mesmo para pauta, é um pauta realmente o Zona Otaku,

mas as outras colunas são realmente muito pessoais, claro que a gente tenta não

repetir assunto, mas a escolha fica por conta do colunista sempre dentro daquela

linha que a coluna estabelece.

Já que vocês fazem parte da Fundação Cultural Nipônica Brasileira, é mais

fácil conseguir noticias com a temática da cultura pop japonesa?

Noticia não chega pela fundação, o contato que a fundação tem, no caso com

os japoneses é um contato estritamente profissional, sabem eles precisam contratar

alguém que interesse em algo que não tem umas coisas: ah! o que está

acontecendo aí? não tem noticiário, cá pra lá ou de lá pra cá, não tem! A gente por

ser membro, é que eu estou dizendo tem um interesse próprio de cada um. Eu não

fiquei na coluna Ásia pop, porque me disseram para ficar, eu fiquei porque eu

escolhi. Por que eram uma coisa que eu conhecia, da mesma forma a Clarisse ficou

na go-ka porque ela já estuda a cultura japonesa há muito tempo, é a área de

formação dela. Da mesma foram o Marcos, eu não conheço ninguém que saiba mais

de tokusatsu que ele, então foi assim “eu quero esse...eu quero esse...”, a gente

mesmo escolheu por já conhecer o assunto.

A maior parte da informações vem, geralmente, da internet, mas se na internet

eu não encontro uma informação precisa, vai com um contato que tenho por lá, via

skyp, via msn ou vai por algum livro cultural depende muito do que está procurando.

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A coluna é muito o reflexo do que a gente faz no SANA, então o que eles

encontram no SANA é o que eles encontram na coluna. Só que de uma maneira,

assim, mas factual e com informações mais compiladas em um texto curto.

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ANEXO IIIEDIÇÕES DOS MESES DE JANEIRO E JULHO DO ANO DE 2010 DA COLUNA J-

POP DO JORNAL O POVO

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ANEXO IVEDIÇÕES DOS MESES DE JANEIRO E JULHO DO ANO DE 2010 DA COLUNA

ZONA OTAKU DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE

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