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A IMPORTÂNCIA DO ACONSELHAMENTO GENÉTICO NA
PREVENÇÃO DA ERITROBLASTOSE FETAL PELO RH-D E GRUPOS
SANGUÍNEOS RAROS.
SILVA FILHO, P. S. P.1;CARVALHO, A. L. M.
2; FERREIRA, K. L. C
3; LIMA, M. A
4; COSTA, A.
C5; SILVA, K. M. R
6; COSTA JUNIOR, E
7; PEREIRA, A. V
8; CUNHA, T. C. F
9; SABINO, E. B
10;
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU 1,3,4,5,6,7
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI2
FACULDADE SANTO AGOSTINHO8
ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUI9
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI10
RESUMO
Introdução: O Aconselhamento Genético (AG) é uma consulta que visa orientar os pacientes sobre possíveis transmissões de características ligadas à sua genética e que possa ser passada aos seus filhos. O presente trabalho teve como objetivo geral descrever as possíveis utilidades do AG na prevenção da Eritroblastose fetal, tendo como objetivos específicoscaracterizar os grupos sanguíneos do sistema ABO-Rh e grupos sanguíneos raros, descrever a fisiopatologia da eritroblastose fetal, investigar as estratégias alternativas para o uso e aplicação do AG e demonstrar como o AG pode ser utilizado na prevenção da eritroblastose fetal. Metodologia: A pesquisa foi realizada através da investigação de 36 artigos que atendiam os requisitos da pesquisa, que encontravam-se publicados no período de 2000 à 2016 e que estejam ligados à temática abordada, utilizando os descritores de Aconselhamento Genético, Sistema ABO - Rh, Grupos sanguíneos e Eritroblastose Fetal. Resultados e Discussão: Os resultados obtidos através da pesquisa mostraram que o AG possui grande potencial para a prevenção, não só da Eritroblastose fetal, mas de diversas doenças relacionadas com a genética dos pais.Conclusões: Assim conclui-se que é preciso encontrar métodos que visem ampliar o AG, para que englobe diversas doenças de caráter genético, contribuindo para a sua profilaxia e por fim diminuindo os gastos futuros com os tratamentos dessas doenças.
Palavras-chave: Aconselhamento Genético. Eritroblastose Fetal. Sistema ABO.
Grupos Sanguíneos.
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ABSTRACT
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INTRODUCTION: Genetic Counseling (AG) is a consultation that aims to guide
patients about possible transmissions of characteristics linked to their genetics and that
can be passed on to their children. The objective of the present study was to describe
the possible uses of GA in the prevention of fetal erythroblastosis, with the specific
objectives of characterizing the blood groups of the ABO-Rh system and rare blood
groups, to describe the pathophysiology of fetal erythroblastosis, to investigate
alternative strategies for the use and AG and demonstrate how GA can be used in the
prevention of fetal erythroblastosis. METHODOLOGY: The research was carried out
through the investigation of 36 articles that met the requirements of the research, which
were published in the period from 2000 to 2016 and are linked to the subject, using the
descriptors Genetic Counseling, ABO-Rh System, Blood Groups and Fetal
Erythroblastosis. RESULTS AND DISCUSSION: The results obtained through the
research showed that GA has great potential for the prevention not only of fetal
erythroblastosis, but also of several diseases related to the parents' genetics.
CONCLUSIONS: Thus, it is necessary to find methods that aim to expand the GA, to
encompass several diseases of a genetic nature, contributing to its prophylaxis and
ultimately reducing future expenses with the treatment of these diseases.
Keywords: Genetic Counseling. Fetal Erythroblastosis. ABO system. Blood Groups.
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1 INTRODUÇÃO
As primeiras descrições da eritroblastose fetal ocorreram
possivelmente por meados do século XVII na França. Um caso ocorrido de um
parto de uma mãe que teve dois filhos, onde o primeiro morreu poucas horas
ao nascer e o segundo algum tempo depois de ficar amarelado, chamou a
atenção dos pesquisadores que vieram a estudar casos semelhantes até
descreverem a patologia(PACHECO, 2013).
Essa doença já foi uma das maiores causas de mortes no passado,
mas sabe-se que atualmente há diversas formas de prevenção e há quase
ausência de casos em países desenvolvidos, chegando a uma incidência de 1
casos para 1000 nascidos vivos (MURRAY; ROBERTS, 2008).
Portanto, como a Eritroblastose fetal trata-se de uma doença que
ocorre através de características herdadas dos pais, o Aconselhamento
Genético (AG), que é uma consulta médica realizada por um especialista ou
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por uma equipe especializada em genética familiar, em por objetivo instruir o
paciente por meio de informações que o levarão a tomar o conhecimento de
todas as consequências e possibilidades de desenvolver ou transferir possíveis
doenças e/ou quadros associados à sua hereditariedade. Ajudando-os, dessa
forma, nas decisões futuras de possíveis ciclos reprodutivos do indivíduo ou de
um casal, podendo servir de forma alternativa na prevenção da Eritroblastose
(RAMALHO; MAGNA, 2007).
Com base nisso, é levantado o seguinte questionamento: O AG
pode ser utilizado para a prevenção da Eritroblastose fetal?
Sabendo disso o estudo é justificado pelo fato de que o AG possui
um grande auxilio sobre as decisões tomadas dos pais, e nesse contexto,
mostra-se de valor do AG na prevenção da Eritroblastosefetaldo, onde o
conhecimento da genética da família dos pais e as orientações necessárias
para o bem estar da mãe e do feto, podem prevenir quaisquer futuras
complicações que podem ser geradas.
Acredita-se que a partir da pesquisa, o AG venha a ser um método
alternativo na profilaxia da Eritroblatose fetal e os números dos casos dessa
doença venham a decair por meio da divulgação da importância da consulta,
da profilaxia, não só da eritroblastose fetal, mas como de toda e qualquer
doença que possua relação com a genética dos pais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 SISTEMA ABO RH
Um sistema de grupo sanguíneo é definido como o conjunto de
antígenos formados a partir da expressão de genes alelos de um mesmo locus
gênico, ou por um complexo de dois ou mais homólogos ligados (BATISSOCA,
2003). Cada sistema possui características próprias de potencialidade
imunogênicas, que variam desde os antígenos que dificilmente causam
problemas clínicos até os que podem resultar na morte do paciente, como em
casos de transfusão incompatível (SOUZA, 2011).
O sistema sanguíneo ABO foi o primeiro grupo sanguíneo a ser
descoberto, pelo cientista austríaco Karl Landsteiner no início do século XX. O
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cientista isolou os glóbulos vermelhos (hemácias) de diferentes pessoas e com
eles fez diferentes combinações entre plasma e hemácias, resultando a
presença de aglutinações dos glóbulos em alguns casos, e sua ausência em
outros. A denominação ABO classificada por Landsteiner proveio da expressão
"Ohne A, Ohne B" que significa “Sem A, Sem B” (BEIGUELMAN, 2003).
O sistema ABO se caracteriza pela presença de dois tipos de
proteínas nas hemácias, denominadas aglutinogênios A e aglutinogênios B,
que são responsáveis pela determinação do fenótipo sanguíneo (MACHADO,
2004). O plasma, por sua vez, pode conter outras duas proteínas que
denominam-se de aglutininas anti-A e aglutininas anti-B (BATISTESE, 2007).
Desta forma os indivíduos que pertencem ao grupo AB possuem aglutinogênios
A e aglutinogênios B, sendo desprovidos de quaisquer aglutininas
(FREIRE;CUNHA; ANDRADE, 2015). Já os portadores de sangue tipo A
possuem aglutinogênios A e aglutininas anti-B, e os indivíduos pertencentes ao
grupo B possuem aglutinogênios B possuem aglutinogênios B e aglutininas
anti-A e os indivíduos do grupo O, possuem aglutininas anti-A e aglutininas
anti-B, sendo assim destituídos de quaisquer aglutinogênios (SILVA et al.,
2011).
A determinação do fenótipo ABO pode ser realizada pela
detecção sorológica usando reagentes Imuno-hematológicos, que vão agir
identificando os açucares específicos dos glóbulos vermelhos, de acordo com a
presença ou ausência das substancias - A, - B, e - H, no soro ou na saliva do
paciente. Além das substâncias mencionadas anteriormente, também podem
ser encontrados nas hemácias diferentes níveis de expressões de antígenos A
ou B, sendo classificados como subgrupos de A ou B, de acordo com a
intensidade de aglutinação das hemácias com os reagentes anti-A, anti-B, anti-
AB, anti-H e anti-A1 (BATISSONO; NOVARETTI, 2003; LOBATO;
REICHENHEIN; COELI, 2008).
O sistema ABO e RH consistem nos mais importantes conjuntos de
antígenos de superfícies nas hemácias. O RH é constituído por várias
proteínas, sendo a proteínas D a mais importante. A presença dessa proteína
na superfície da hemácia se caracteriza como um sangue Rh positivo, e a
ausência da mesma se caracteriza como sangue Rh negativo (TARELLI et al.,
2014).
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Depois desses dois tipos, os mais importantes ou grupos que
possuem relevância, são os indivíduos que pertencem aos grupos Kell, Duffy.
Apesar de serem considerados raros, esses grupos sanguíneos podem esta
ligados à várias patologias, como a eritroblastose fetal e sensibilização pós
transfusional(CASTILHO et al, 2014).
2.2 ERITROBLASTOSE FETAL
A Eritroblastose Fetal (EF) ocorre quando as hemácias fetais que
possuem Rh positivo adentram a circulação materna, constituída por Rh
negativo, através da placenta, fazendo com que haja a produção de anticorpos
da classe IgM pela mãe por meio do contato com o antígeno presente nas
hemácias do feto (LOPES; GATTI, 2014).
Os anticorpos da classe IgM não conseguem atravessar a barreira
placentária por possuir um grande peso molecular (MALONO et al., 2004). Em
uma segunda gravidez, quando ocorre novamente esse contato, a mãe passa a
produzir anticorpos da classe IgG, que por ventura, conseguem atravessar a
placenta e atacam as hemácias do feto por meio de ligação antígeno-anticorpo
e pela destruição através do sistema reticulo-endotelial, causando o quadro de
Doença Hemolitica do Recem-Nascido(NISHIE, 2011).
Quando há a lise das hemácias, ocasionada pela incompatibilidade,
há a liberação de bilirrubina, originada da degradação do grupos heme, em
altos níveis no sangue do recém-nascido(LOPES; GATTI, 2014). A bilirrubina
quando encontrada em altos níveis séricos causa um quadro chamado de
ictéricia, que pode desencadear em casos extremos, o kernecterius, que pode
levar à vários danos neuropáticos ao recém-nascido (MOREIRA, 2004).
De acordo com BAIOCHI e NARDOZZA 2009esses fetos que
sensibilizam a mãe, herdam essa característica do Rh-D positivo do pai. O
sistema RH é o maior responsável por desencadear aloimunização feto-
materna, chegando a 95% dos casos de eritroblastose fetal. Todavia, são 5
sorotipos Rh que estão relacionados à esses casos, como o D, o mais
imunogênico, C, c, E, e (OLIVEIRA, 2006).
Em conjunto, tais causas podem levar aos casos extremos da
eritroblastose fetal, que mesmo sendo de pouco risco de morte, a mesmo pode
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ocorrer se não forem seguidas as diretrizes mínimas de profilaxia(BUTHANI;
JOHNSON, 2007).
Apesar das baixa incidência de casos de eritroblastose fetal de
origem de anticorpos não RH-D, é de grande importância que se tenha o
acompanhamento dos pais que são portadores desses tipos sanguíneos raros
(WONG, 2006).
2.2.1 Diagnóstico
O diagnóstico para a Eritroblastose fetal, é feito a partir de testes
que detectam os anticorpos irregulares que possuem potencial de desencadear
uma resposta imunológica, como o anticorpo ant-D (FREIRE; CUNHA;
ANDRADE, 2015).
O teste de Coombs é o mais utilizado para o diagnóstico da doença,
após o parto. Ele pode ser denominado de Coombs direto, quando verifica a
presença de anticorpos maternos no sangue do recém-nascido, ou de Coombs
indireto, quando se busca esses anticorpos no soro da mãe (SÁ, 2006;
FISHBACH; DUNNING, 2013).Todavia diversos outros testes também são
utilizados no diagnostico pré-natal e pós parto, como Compatibilidade
sanguínea e Rh, testes de busca de fenótipos paternos, hemograma, contagem
de reticulócitos, dentre outras (AYRES; RODRIGUES, 2015).
2.2.2 Tratamento
Essa doença já foi uma das maiores causas de mortes no passado,
mas sabe-se que atualmente há diversas formas de prevenção e há quase
ausência de casos em países desenvolvidos, chegando a uma incidência de 1
casos para 1000 nascidos vivos(PACHECO, 2013). Porém, atualmente os
casos da doença tem diminuídos devido ao tratamento profilático com a
administração da antiglobulina-D (NISHIE, 2011).
A antiglobulina D é um anticorpo que se liga ao antígeno produzido
pela mãe e impede que o haja a lise das hemácias do feto. Ela pode ser
administrada durante a gravidez, o que ajuda aque não ocorra quaisquer
complicações relacionadas ao Rh-D (SÁ, 2016).
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Tendo em vista que uma das manifestações clinicas da
Eritroblastose fetal é a icterícia, a fototerapia encaixa-se como um meio de
tratamento para a doença após o nascimento (VIEIRA et al., 2004). A bilirrubina
liberada decorrente da degradação das hemácias do recém-nascido, absorve a
luz em comprimento de onda que varia de 400 a 500 nanômetros, desse modo,
a bilirrubina que permanece próxima a pele é degrada pela ação da luz e é
transformada numa molécula solúvel, fazendo com que assim haja a
diminuição dos seus níveis no sangue e a diminuição das suas complicações
(NASCIMENTO, 2016).
3 ACONSELHAMENTO GENÉTICO
O Aconselhamento Genético (AG), surgiu por meados dos anos 40
nos Estados Unidos e tem se prorrogado por todo o mundo, combinando o
atendimento multiprofissional, saúde pública, educação e assistência básica
(GUEDES; DINIZ, 2009).
O AG é definido como uma consulta especializada com médicos ou
equipes medicas com treinamento e conhecimento em genética, visando uma
comunicação e meio de obtenção de informações para pessoas ou famílias que
pretender ter filhos ou buscam saber a probabilidade da ocorrência de
doenças, quadros e anomalias que possam estar ligados à sua genética ou a
genética da família (PINA NETO et al., 2008).
A finalidade do AG é ajudar as pessoas a resolverem seus
problemas no campo de hereditariedade, orientando o consulente ou a família
diante a tomada de decisões conscientes e equilibradas a respeito à saúde.
Sendo de suma importância reafirmar que, quanto mais cedo for iniciado o
processo de AG, maior será a probabilidade de um melhor prognóstico futuro
(RAMALHO; MAGNA; SILVA, 2002).
Assim como qualquer ato médico complexo, o AG exige uma
abordagem multiprofissional e interdisciplinar. Apesar das competências
específicas que a profissão lhes atribui, todos os profissionais envolvidos no
AG devem ter recebido formação em genética médica básica e treinamento nos
procedimentos, visando desta forma a responsabilidade de acordo com suas
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intervenções (RIM; MAGNA; RAMALHO, 2006). Ele é comumente procurado
nos períodos pré e pós-natal, servindo de diagnósticos para diversas
alterações genéticas (FONTINELE et al., 2015).
O AG, como procedimento de diagnostico, impõe que os membros
da equipe devem atuar como facilitadores de casos complexos e devem ajudar
no entendimento do que está ocorrendo com o consulente e sua família
(HANNUM et al., 2015). As informações por serem de ordem genética e conter
dados médicos e científicos de difícil compreensão, mostra que é preciso que a
equipe aja de forma que os consulentes consigam realizar um processo de
ajuste perante a nova situação na qual será vivenciada, pois além da
informação emitida o processo também abrange aspectos psicológicos
desencadeada pela confirmação do diagnóstico positivo (DINIZ; GUEDES,
2005).
Devido suas práticas e abordagens, o AG tem merecido destaque
como uma prática imprescindível em saúde pública. Noções essas que se dá a
partir das sessões de AG, nas quais são abordados aspectos que variam
desde as opções reprodutivas como a discussão sobre os riscos e
probabilidades de uma criança nascer com determinados traços genéticos, até
os cuidados precoces relacionados ás doenças genéticas de expressão tardia
(BRUNONI, 2002).
O processo do AG inclui tanto os discursos sobre os riscos e suas
probabilidades, como também o levantamento do histórico clínico pessoal e
familiar, a avaliação dos exames clínicos e genéticos já realizados e inclusão
de outros exames, se necessário, a avalição dos dados visando diagnosticar,
confirmar ou excluir uma condição genética conhecida, informações a respeito
da natureza da condição genética identificada e de suas complicações para a
saúde mental ou física do indivíduo (HANNUM et al., 2015).
3.1 AconselhamentoGenético no Brasil
Atualmente, o Aconselhamento genético faz parte Política Nacional
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de Atenção Integral em Genética Clinica sendo ele o principal pilar para essa
proposta (FONTENELE et al., 2015). Porém, é sabido que o Brasil já enfrenta
diversas dificuldades com o incremento da genética medica no Sistema Único
de Saúde, devido a não formação dos profissionais em aconselhamento
genético, o pequeno número de profissionais capacitados e que estajam
disponíveis para a realização da consulta e não capacitação dos demais já
atuantes (NOVOA; BURNHAM, 2011).
A grande dificuldade se dá também pelo impasse gerado após a
implementação da Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clinica,
onde não existe nenhum banco de dados que disponibilizam a quantidade de
médicos capacitados e nem dados sobre os profissionais não médicos que
podem atuar no Aconselhamento Genético, desse modo complicando mais
ainda o acesso da população ao atendimento (BRASIL, 2009).
4 METODOLOGIA
O presente trabalho trate-se de uma pesquisa bibliográfica,
utilizando publicações oriundas de bancos de dados nacionais e internacionais,
a fim de explicar e identificar fatores que estejam relacionados, ou sejam
determinantes e contribuintes para tal problema. Possui caráter qualitativo, por
lidar com fenômenos afim de descrever os fatos do tema apresentado, e utiliza-
se de objetivos exploratórios, com o intuito de tornar o problema explicito para
que possa obter uma familiaridade e construir hipóteses a respeito do mesmo
(PRONDANOV; FREITAS, 2013; KUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010).
Foram coletados 36 artigos, resumos, teses, dissertações que atendam aos
critérios da busca dos objetivo e que sejam oriundos dos bancos de dados
eletrônicos nacionais e internacionais como Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde
(BIREME), Science Direct, PubMed.
A inclusão dos presentes trabalhos foi realizada com artigos dentro
doperíodo de 2000 à 2016 e que estejam ligados à temática abordada
utilizando os descritores de Aconselhamento Genético, Sistema ABO - Rh,
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Grupos sanguíneos e Eritroblastose Fetal. A pesquisa bibliográfica realizou-se
no período de Fevereiro à Agosto de 2016.
Ao término do levantamento dos dados que atenderem à todos os
critérios de busca, foram feitas análises dos mesmo de forma sintetizada para
caracterizar e justificar o problema apresentado na pesquisa.
5 RESULTADO E DISCUSSAO
O Aconselhamento genético, com equipes médicas especializadas,
é de grande importâncias na prevenção e orientação das enfermidades de
caráter genéticos. Ele pode ser utilizado para a prevenção de diversas
doenças, mas o modelo atual mostra-se não acessível ou não presente na
atenção básica de saúde, devido à muitas dificuldades enfrentadas pelo país
(BRASIL, 2009).
O AG no Brasil, no seu modelo atual, vem sendo bastante discutido
de tal modo que se mostra carente de programas e investidos e exige buscas
de melhoria, para que desse modo, a genética brasileira, possa a vir a
intensificar e seincorporar de maneira mais abrangente no SUS. Muitos
trabalhos foram impostos e é visto que o prazo e as políticas públicas não
atendem ao curto prazo para se estabelecer a melhoria de forma concreta do
atendimento do AG (BRUNONI, 2002).
Desse modo há ainda uma grande dificuldade em encaixar novos
protocolos básicos para o atendimento, como o relacionado à prevenção de
doenças não comumente investigadas nas consultas, devido aos custos
adicionais que serão impostos para a realização desses exames levando em
conta ou não a sua complexidade (HANNUM, 2015).
Sabendo que existem poucas ações em saúde pública no Brasil,
principalmente no campo da genética familiar, uma das grandes dificuldades
que existe na realização do AG, se deve ao fato de que a maioria dos centros
de aconselhamento genético estão ligados à grandes centros hospitalares
como hospitais universitários e centros de referências especializados (DINIZ;
GUEDES, 2005), e devido a isso, a maior parte da população não tem acesso
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à consulta, ou mesmo tenha conhecimento da sua existência.
NAVOA e BURNMAN (2011), afirmam que é preciso uma atuação
em conjunto do Ministérios da Educação e Ministério da Saúde para que desse
modo todos os profissionais da saúde possam ser capacitados e treinados para
a realização do Aconselhamento Genético, facilitando assim um maior alcance
à população.
Partindo dos estudos realizados no presente trabalho, notou-se que
existe a possibilidade da utilização do AG na prevenção não só da
Eritroblastose Fetal, mas de diversas doenças, porém ainda é preciso se
intensificar o acesso da população ao AG e melhorar os programas de
capacitação dos profissionais envolvidos para que exista uma maior
universalização da consulta.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão bibliográfica permitiu constatar que existe a
possibilidade da utilização do AG na prevenção da Eritroblastose fetal e de
diversas doenças genéticas que atualmente não fazem parte do modelo atual
da consulta.
Todavia, a partir dos resultados obtidos, mostrou-se que apesar de
possuir uma ampla abrangência, ainda existem algumas lacunas a serem
preenchidas quanto à complexidade do Aconselhamento Genético em toda sua
realização. Por outro lado, aeritroblastose fetal, mostrou-se de grande
importação quanto aos seus métodos profiláticos, que por muitas vezes, podem
ser iniciados muito antes da concepção do filho.
Assim, seria de grande contribuição, a implementação de doenças
como a Eritroblastose fetal no quadro atual de exames definidos pelo
Aconselhamento genético, fazendo com que assim, aumentasse a qualidade
de vida tanto da gestante quanto do filho à nascer, diminuindo riscos de
desenvolvimento de grandes comprometimentos oriundos da doença, que
venham a causar complicações futuras aos pacientes.
Para isso, necessita-se de atenção àspolíticaspúblicas voltadas para
a saúde básica dos futuros pais, como por exemplo, a inserção da genética nos
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programas de atenção básicos como o Saúde na Família, onde através de um
novo modelo de profilaxia para doenças de caráter hereditário, venha a se
fazermelhorias através dos grandes programas de saúde da família como os
atuais prestados pelo Sistema Único de Saúde, fazendo com que assim, se
possa garantir uma longevidade na vida do recém-nascido, trazendo segurança
e conforto aos pais, nas suas futuras decisões quanto à procriação segura e
com riscos diminuídos.
Então conclui-se que é preciso a união de todos os profissionais da
saúde, sem hierarquia, para que se possa lutar para o melhoramentodo
Aconselhamento Genético, visando alcançar objetivos nos quais se possa
ampliar a sua metodologia de realização, abrangendo desse modo diversas
doenças que possuem um caráter genético, como a Eritroblastose fetal,
diminuindo assim futuros gastos com os tratamentos gerados por essas
doenças.
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