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Faculdade Maurício de Nassau CURSO: _______________________________ DISCIPLINA: GENÉTICA HUMANA PROFESSOR: Ronald Mascarenhas ESTUDANTE: _________________________________________ Data: _____/_____/_____

MÓDULO II (Ronald Mascarenhas) 1. IMUNOGENÉTICA E GRUPOS SANGUÍNEOS A RESPOSTA IMUNE 1.a. O Sistema Imune Inato: É o conjunto de formas de imunidade que nasce com o indivíduo, sem necessidade de introdução de substâncias ou estruturas exteriores ao organismo, sendo formado pelos FAGÓCITOS, LINFÓCITOS killer e SISTEMA COMPLEMENTO; 2.b. O Sistema Imune Adaptativo ou imunidade adquirida: é a imunidade que um indivíduo recebe após ter tido contato com certo agente invasor. Possui dois sistemas: a. O Sistema Imune Humoral : É formado pelos Linfócitos B, originados na Medula Óssea, e que atuam através da síntese e secreção dos ANTICORPOS. b. O Sistema Imune Celular: É formado pelos Linfócitos T, originados do Timo, e que atuam diretamente no microrganismo ou pela secreção de CITOCINAS (termo geral usado para denominar um grupo de moléculas envolvidas na emissão de respostas imunes). O Controle Genético da Imunidade Humoral As Imunoglobulinas (Ig): Pertencem ao grupo das gamaglobulinas plasmáticas; existem 5 classes: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE. As moléculas de Ig são formadas por 4 cadeias polipeptídicas, sendo um par mais longo ou pesadas (H) e um par menor (L), ligadas por pontes S-S. Existem 5 classes de cadeias H que são específicas das sub-classes Ig e dois tipos de L que não estão juntas no mesmo anticorpo. A Estrutura da Molécula das Ig As cadeias H e L possuem um segmento constante, C-terminal (C) e um variável, Nterminal (V), a qual reconhece o antígeno e se liga ao anticorpo. A região C das cadeias H determina a classe de Ig.

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A Base Genética da Diversidade de Anticorpos Genética das cadeias L: Três segmentos gênicos diferentes codificam as cadeias L - C para a região C, V para a região V e J para região de Junção; os genes para a cadeia L tipo kappa estão no cromossomo2 e os da cadeia lambda estão no cromossomo 22. Genética das cadeias H: quatro segmentos gênicos diferentes codificam; C,V,J e um D entre a junção e a região variável. Os genes estão no cromossomo 14. Genética da Síntese dos Anticorpos Teoria ―Um Gene - Um Anticorpo‖: Impossível Hoje: Vários mecanismos são responsáveis por gerar a diversidade de anticorpos 1. Múltiplos genes de Ig na linhagem germinativa: para cada cadeia H e L uma pessoa possui mais de 80 segmentos V e 6 J diferentes localizados continuamente na linhagem germinativa; existem mais de 30 segmentos D para as cadeias H. 2. Recombinação Somática (VDJ): nos linfócitos B maduros há recombinases (enzima) que quebram o DNA entre os segmentos V e D e após são ligados por ligases com novos rearranjos - é o processo de corte e reunião ou recombinação somática. 3. Diversidade Juncional: após a montagem das novas regiões V,D e J ocorrem novas deleções ou inserções de nucleotídeos na região J. 4. Hipermutação Somática: após a estimulação pelo antígeno os linfócitos B sofrem uma diferenciação secundária e a taxa de mutação dos genes V,D E J aumenta para aproximadamente 10-3 por base/divisão. 5. Múltiplas combinações de cadeias H e L: há combinação aleatória de cadeias H e L na montagem da Ig. Introdução aos GRUPOS SANGUÍNEOS Alelos Múltiplos ou Polialelia Genes alelos: são genes que estão localizados em cromossomos homólogos (ocorrem aos pares e são iguais), estão localizados no mesmo locus (local onde se encontram os genes), esses genes alelos são responsáveis pela determinação da mesma característica. Há casos em genética em que três ou mais de três genes alelos são responsáveis pela determinação de uma característica. A esse fenômeno denominamos alelos múltiplos ou polialelia. A partir disso teremos a formação de vários fenótipos diferentes. A formação dos alelos múltiplos se dá graças a ação de mutações.

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Exemplos de Polialelia: a) Cor do pêlo em coelhos; b) Grupos sanguíneos: Sistema ABO Os Grupos Sangüíneos Humano: Sistema ABO Histórico: Graças aos estudos de Landsteiner, que misturando sangue de diferentes pessoas concluiu a existência, na espécie humana quatro tipos básicos de sangue. A transmissão hereditária dos grupos sanguíneos do sistema ABO na espécie humana se enquadra perfeitamente dentro da polialelia. E no locus em que se situam o par de alelos responsáveis pela determinação do grupo sangüíneo do sistema ABO, podemos distinguir 3 tipos diferentes de alelos: alelo IA, alelo IB e alelo i, que formam os quatro tipos sangüíneos, sendo que ocorre a seguinte relação de dominância: IA é dominante sobre o alelo i, IB é dominante sobre o alelo i, entre IA e IB não há relação de dominância, caracterizando o que chamamos de ausência de dominância ou codominância, surgindo um terceiro fenótipo. Enquanto o gene i é recessivo. (IA = IB > i)

Fenótipos (grupos sanguíneos) Genótipos

Grupo A IAIA ou IA i

Grupo B IBIB ou IBi

Grupo AB IAIB

Grupo O ii

Estudo do Sangue (Resumo): O sangue pode ser considerado um tecido que apresenta uma substância intercelular liquida — o plasma —, formada principalmente por proteína e água e que serve como meio de transporte de oxigênio, alimento, hormônios, excretas e proteínas de defesa chamadas de Anticorpos. No plasma estão mergulhados os elementos figurados, que podem ser de três tipos: glóbulos vermelhos ou hemácias, glóbulos brancos ou leucócitos e plaquetas. Glóbulos vermelhos ou hemácias ou eritrócitos: são as células mais numerosas (de 4 a 6 milhões por mm3 de sangue, no homem). Nos mamíferos, são circulares, bicôncavas e anucleadas, contendo em seu interior a hemoglobina (proteína com ferro), responsável pelo transporte de O2. Tais células duram pouco tempo (cerca de 120 dias); são destruídas no fígado e no baço e substituídas por novas hemácias produzidas na medula. Glóbulos brancos ou leucócitos: são vários tipos de leucócitos (de 6 mil a 10 mil por mm3 de sangue), entre os diversos tipos de leucócitos destacamos os Linfócitos (T e B), sendo que os linfócitos B transformam-se em Plasmócitos e produzem os anticorpos, que são proteínas de defesa do nosso corpo. Plaquetas ou trombócitos : As plaquetas (de 200 mil a 400 mil por mm3 de sangue) são fragmentos de citoplasma formados a partir de células especiais na medula óssea. Juntamente com outras substâncias, as plaquetas agem na coagulação do sangue e ajudam a interromper uma hemorragia (hemostasia). Reações ANTÍGENO x ANTICORPOS Os Antígenos são proteínas estranhas a um determinado organismo (toxina produzida por um vírus, bactéria , proteínas estranhas, etc.), enquanto os Anticorpos, são proteínas de defesa, elaboradas pelo organismo contra a presença de antígenos. Chamamos de reação de aglutinação, para a reação que ocorre entre antígenos e anticorpos.

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Nas hemácias humanas podem ser encontradas duas proteínas denominadas Aglutinogênios ou antígenos A e Aglutinogênios ou Antígenos B, responsável pela determinação dos fenótipos sanguíneos. O plasma sanguíneo por sua vez pode abrigar outras duas proteínas denominadas aglutininas ou Anticorpo Anti-A e Aglutininas ou Anticorpo Anti-B. A determinação dos tipos sanguíneos O tipo sanguíneo A apresenta em suas hemácias aglutinogênios ou antígenos do tipo A e em seu plasma aglutininas ou anticorpos do tipo Anti-B. O sangue do tipo B apresenta em suas hemácias aglutinogênios ou antígenos do tipo B e em seu plasma aglutininas ou anticorpos do tipo Anti-A. O sangue do tipo AB apresenta em suas hemácias aglutinogênios ou antígenos A e B e em seu plasma não existe nenhum tipo de aglutinina ou anticorpos. O sangue do tipo O não produz nenhum tipo de aglutinogênio ou antígenos, porém em seu plasma existe aglutininas ou anticorpos anti-A e anti-B . Ver quadro abaixo

GENÓTIPOS FENÓTIPOS HEMÁCIAS (antígeno) PLASMA (anticorpos)

IAIA ou IA i

Grupo A

Aglutinogênio tipo A Aglutininas Anti - B

IBIB ou IB i

Grupo B

Aglutinogênio tipo B Aglutininas Anti - A

IAIB

Grupo AB

Ambos os Aglutinogênios Ausência de aglutininas

ii

Grupo O

Não produz aglutinogênios aglutininas anti - A e anti - B

Transfusões, incompatibilidade sanguínea e tipagem sanguínea Tendo em vista o comportamento aglutinogênio x aglutinina, pelo qual o aglutinogênio procedo como antígeno e a aglutinina com anticorpo, deve-se conhecer o tipo sangüíneo do doador e do receptor para que se evite a reação de aglutinação (faz com que as hemácias percam suas funções de transporte de oxigênio).

Grupos Sanguíneos Pode doar a: Pode receber de:

A A e AB A e O

B B e AB B e O

AB AB A, B, AB, O

O O, A, B, AB O

TRANSFUSÕES TIPAGEM SANGUÍNEA

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Duas gotas de soro, uma anti-A e outra anti-B, são colocadas sobre uma lâmina de vidro. Sobre cada uma das gotas de soro é gotejada uma de sangue do indivíduo, cujo tipo sanguíneo se quer determinar. Com bastões de vidro (um para cada amostra), o sangue é misturado ao soro. A lâmina é deixada em repouso por algum tempo. Depois, procede-se à leitura do teste como se segue

Determinação de tipo sanguíneo no sistema ABO feita utilizando-se dois tipos de soros purificados, os quais contêm, respectivamente, anticorpos anti-A e anti-B Tipos sanguíneos A — aglutinação somente em soro anti-A. B — aglutinação somente em soro anti-B. AB — aglutinação nas duas gotas de sangue. O — ausência de aglutinação. Obs.: O conhecimento dos grupos sanguíneos dos indivíduos pode ser também útil em casos de determinação de paternidade. Porém, os testes sangüíneos em questão não provam que um homem é o pai da criança, mas apenas que pode ser o pai ou, ainda, que não pode sê-lo. Consideremos, por exemplo, uma criança do tipo A, cuja mãe pertence ao tipo O. Um homem do tipo A ou AB poderia ser o pai da criança; mas um homem do tipo B ou O não poderia ser responsabilizado pela paternidade. Grupos sanguíneos dos pais Grupos sanguíneos que podem ser constatados nos filhos

A x A A, O

A x B A, B, AB, O

A x AB A, B, AB

A x O A, O

B x B B, O

B x AB A, B, AB

B x O B, O

AB x AB A, B, AB

AB x O A, B

O x O O

Fator Rh ou Fator D: O fator Rh forma um outro sistema de grupos sanguíneos, independente do sistema ABO. O fator Rh foi descoberto por Landsteiner e Wiener, em 1940, os quais o detectaram primeiramente no sangue de macacos Rhesus (modernamente, conhecidos pela nome científico de Macaca mulatta). Do nome Rhesus, tiraram as duas primeiras letras para designar o sistema Rh. O sangue desse macaco, uma vez injetado em cobaias ou coelhos, provocava nesses animais a produção de anticorpos que podiam promover a aglutinação do sangue doado. Esse fato levou à conclusão de que o plasma sangüíneo do macaco continha um antígeno, que foi denominado fator Rh ou fator Rhesus. Os anticorpos produzidos pelos animais receptores foram denominados aglutininas anti-Rh. Os

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pesquisadores verificaram, ainda, que o soro desses coelhos, contendo anticorpos (aglutininas anti-Rh), era capaz de aglutinar hemácias de 85% das amostras de sangue humano, Os outros 15% não apresentavam reação. As pessoas cujo sangue era aglutinado foram chamadas de positivas (Rh+); enquanto as que não apresentavam reação foram chamadas negativas (Rh-). Ao contrário do sistema ABO, no qual os indivíduos apresentam aglutininas naturais (anti-A e anti-B), no sistema Rh, os indivíduos portadores de sangue Rh- não possuem, normalmente, as aglutininas anti-Rh. No entanto, quando recebem sangue Rh+, tornam-se capazes de produzir essas aglutininas. Como a produção de aglutininas se dá de forma relativamente lenta, ao se fazer transfusão de sangue de um doador Rh+ para um receptor Rh-, não deverá ocorrer a aglutinação das hemácias doadas. Mas uma segunda transfusão de sangue Rh+ poderá provocar a aglutinação das hemácias doadas, uma vez que as ―novas‖ aglutininas produzidas juntamente com as ―antigas‖ (resultantes da primeira transfusão) podem perfazer uma quantidade suficientemente alta para promover a aglutinação das hemácias do doador. Em conseqüência disso, capilares sangüíneos podem ser obstruídos e levar o receptor ao óbito. A Genética do Sistema Rh ou Sistema D : Uma vez comprovado que o fator Rh é determinado por um gene dominante, estabeleceu-se que os indivíduos Rh+ poderiam ser homozigóticos (DD) ou heterozigóticos (Dd). As pessoas Rh- seriam sempre homozigóticas (dd). Isso indica a tendência nos hematologistas modernos de chamarem o sistema Rh de sistema D, de se referirem ao aglutinógeno Rh como aglutinógeno D, bem como substituir o nome aglutinina anti-Rh por aglutinina anti-D.

Fenótipos Aglutinogênio produzido Genótipo

Rh+ ou D+ Com aglutinogênio Rh RR/DD ou Rr/Dd

Rh- ou D- Sem aglutinogênio Rh rr / dd

Eritroblastose Fetal (EF) ou Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN): A descoberta do fator Rh (fator D) veio esclarecer a origem de uma forma de anemia, denominada eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, caracterizada, sobretudo, pela destruição das hemácias do feto. Essa doença provoca distúrbios durante a gestação, podendo resultar em aborto, natimorto ou anemia no recém-nascido. A eritroblastose fetal apresenta as seguintes complicações: Anemia — provocada pela destruição das hemácias; Queda da taxa de hemoglobina — em consequência da destruição das hemácias (hemólise), com os capilares hepáticos entupidos de vestígios de hemácias;

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Icterícia — por causa da formação de bilirrubina (um pigmento amarelo), que provem da degradação da hemoglobina, liberada no processo de hemólise. A bilirrubina, em quantidade excessiva, deposita-se nos tecidos, dando coloração amarelada à pele. Além disso, pode depositar-se no cérebro da criança e provocar surdez e retardamento mental; Eritroblastose — aumento da taxa de formas jovens de hemácias (eritroblastos) no sangue circulante; Hepatoesplenomegalia — aumento do fígado e do baço; Edema em casos graves — inchamento do corpo da criança. Esse estado corresponde a 100% de mortalidade. Condições para doença ocorrer em uma família A DHRN provém de uma incompatibilidade sangüíneo materno-fetal e só se manifesta nos casos em que: Mãe - Rh –

Pai – Rh + 1º Filho (normal) Rh + 2º Filho (com E. F.) Rh + Primeira Gravidez: Embora a placenta promova uma separação entre a circulação sanguíneo materna e a fetal, é comum, durante a gestação, ocorrer o rompimento de vasos sangüíneos placentários. Isso leva à passagem de pequenas quantidades de sangue fetal para o organismo materno. Como as hemácias contêm o aglutinógeno Rh/D, a mãe (Rh-) fica sensibilizada e passa a produzir aglutininas anti-Rh/D. Por causa da lenta produção dessas aglutininas, geralmente o primeiro filho não terá problemas ao nascer (a menos, é claro, que ela já tenha recebido uma transfusão Rh+/D+ ou num aborto provocado). Além disso, no momento do parto, quando a placenta se desprende do útero, verificam-se áreas de sangramento, com passagem de um volume maior de sangue do feto para a mãe. Segunda Gravidez: se o filho for também Rh+/D+, os anticorpos (aglutininas) da mulher, já concentrados no sangue, atravessam a placenta e vão provocar a aglutinação das hemácias do feto, que serão, em seguida, fagocitadas e destruídas.

Os problemas mais sérios da doença hemolítica costumam acontecer quando há seguidas gravidezes de filhos Rh+/D+, naturalmente devido ao progressivo grau de sensibilização da mãe, com maior amplitude de resposta imunitária. Quando a criança revela um quadro de eritroblastose fetal não muito acentuada, pode ser salva por meio da exosangüineotransfusão, técnica que consiste em substituir gradualmente todo o seu sangue pelo

Rh-/D-. Nesta caso, não há hemácias com o fator Rh/D que possam ser destruídas pelos

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anticorpos recebidos da mãe. Após alguns meses, as hemácias transfundidas serão substituídas naturalmente por hemácias Rh+/D+ da própria criança. Nesse ínterim, os anticorpos anti-D da mãe já terão sito eliminados. A Prevenção da Eritrobtastose: A medicina possui uma forma de proteção contra essa doença. Logo depois que uma mulher Rh-/ D- der à luz seu primeiro filho D+ aplica-se nela, dentro das primeiras 72 horas após o parto, uma dose única de aglutininas anti-Rh/D humanas. Estes anticorpos vão determinar a destruição das hemácias Rh+/D+ do feto que invadiram o organismo materno por ocasião do descolamento da placenta. A rápida destruição das hemácias fetais impede que elas provoquem a sensibilização da mãe. Todavia, esse tipo de tratamento só é efetivo em mulheres não sensibilizadas e deve ser repetido sempre que gerar um filho Rh+/D+ pois, durante o parto, a criança pode, outra vez, lançar hemácias no sangue materno.

Obs.: A frequência de eritroblastose fetal é inferior à que se devia esperar. Um dos motivos é a proteção natural exercida por uma incompatibilidade paralela no sistema ABO; por exemplo: mãe do grupo O e criança do grupo A. Neste caso, quando as hemácias A e Rh+/D+ da criança chegam ao organismo materno são eliminadas pelas aglutininas anti-A existentes no plasma da mãe. Essa destruição ocorre antes que o mecanismo de produção de anticorpos anti-D seja disparado pelo organismo materno.

Transfusão de Sangue no Sistema Rh/D: O sistema Rh/D também é importante em relação às transfusões sangüíneos. Isso porque, mesmo sem apresentar previamente os anticorpos no plasma, os indivíduos D- (ou Rh-) são rapidamente sensibilizados com sangue Rh+/D+, ocorrendo intensa produção de anticorpos, que aglutinam as hemácias transfundidas. Esse aspecto assume importância relevante quando se vão realizar transfusões sangüíneos em série. Observe as possibilidades de transfusões com relação ao sistema Rh/D: Sistema MN: No curso de suas investigações sobre os antígenos sangüíneos humanos, Landsteiner e Levine, em 1927, descobriram dois aglutinogênios nas hemácias humanas, que foram denominados M e N, os quais, quando injetados em coelhos ou cobaias, estimulavam a produção de anticorpos nesses animais. Em vista dos seres humanos praticamente não produzirem anticorpos para M e N, esses antígenos não são relevantes na transfusão. Todavia, o sistema tem interesse na Antropologia e na Medicina Legal.

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A herança do sistema MN depende de um par de alelos codominantes designados LM e LN

(a letra L, usada na identificação dos genes e uma homenagem a Landsteiner), e produz os seguintes fenótipos:

Fenótipos Aglutinogênio produzido Genótipo

M Só Aglutinogênio M LM LM

MN Aglutinogênios M e N LM LN

N Só Aglutinogênio N LN LN

Obs.: Muitas outros aglutinogênios ou antígenos sanguíneos foram descritos na literatura, alguns deles muitos raros. Eles em geral são designados pelo nome familiar do indivíduo no qual o antígeno ou anticorpo foi primeiramente demonstrado. Os exemplos incluem o fator Kidd (cerca de 77% da população testada nos EUA são Kidd – positivo), o Cellano, Duffy, Lervis, Lutheran, todos designados com o nome da família onde foram descobertos. 2. GENÉTICA DO CÂNCER: Ao contrário das doenças cromossômicas, monogênicas e multifatoriais, cuja anormalidade genética encontra-se no DNA de todas as células do organismo (inclusive os gametas) e podem ser transmitidas às gerações subsequentes, as doenças genéticas das células somáticas originam-se apenas em células específicas. O paradigma para esse tipo de doença é o câncer, cuja malignização resulta frequentemente de mutações em genes que controlam a multiplicação celular. Todo câncer humano resulta de mutações no DNA, as quais o tornam a doença genética mais comum.

As células normais apresentam uma regulação muito precisa do seu crescimento. Durante o desenvolvimento, os órgãos aumentam até o seu tamanho adequado e então param de crescer. A pele e outros epitélios mantêm-se em um equilíbrio dinâmico, substituindo as células mortas da superfície por células novas, resultantes de divisão celular da membrana basal. Os mecanismos pelos quais esse controle é mantido ainda não são totalmente conhecidos.

Às vezes, algumas células escapam desse processo regulatório e passam a crescer e a se dividir descontroladamente. A passagem para esse crescimento desregulado chama-se neoplasia e o conjunto de células resultantes, que não segue a taxa normal de divisão celular do tecido originário, nem possui função determinada, é denominado neoplasma ou tumor. É corrente, entretanto, o uso do termo neoplasia como sinônimo de neoplasma ou tumor.

Os tumores podem ser benignos ou malignos. Os benignos são autolimitantes, não se disseminam entre tecidos adjacentes, nem formam metástases, mas podem causar problemas por pressão mecânica.

Os tumores malignos mostram crescimento ilimitado, podem se disseminar tanto para os tecidos vizinhos, quanto por metástases, isto é, quando algumas células neoplásicas entram na corrente sanguínea ou linfática e atingem outros órgãos, nos quais podem formar um novo foco tumoral.

Os principais tipos de tumores classificam-se em carcinomas (tecido epitelial), sarcomas (tecido conjuntivo), linfomas (tecido linfático), gliomas (célula do sistema nervoso central) e leucemias (órgão hematopoiéticos).

A denominação dos tumores deriva, em geral dos tecidos que os originam. Assim, por exemplo, miomas e adenomas são tumores benignos de músculos e glândulas, respectivamente; carcinoma ovariano e sarcoma osteogênico são neoplasmas malignos, respectivamente, do epitélio ovariano e do tecido ósseo.

O termo câncer (do latim, câncer = caranguejo) originalmente referia-se aos carcinomas, que estendem aos tecidos adjacentes como as pernas de um caranguejo, mas, hoje em dia, também se aplica as demais neoplasias.

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CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS CANCEROSAS

As células cancerosas apresentam várias características que as distinguem das normais: a) crescimento e multiplicação descontrolados; b) alterações morfológicas, sendo mais arredondadas, possivelmente por serem menos adesivas as células normais circundantes e por sua membrana celular se mais fluida e permitir o fluxo de diferentes substâncias; c) perda da inibição por contato (características das células normais, segundo a qual as mesmas, ao se tocarem, param de se reproduzir), levando à formação de várias camadas celulares; d) perda da afinidade celular específica (adesão preferencial entre células que possuem características semelhantes); e) propriedades imunológicas diferentes, com a presença de antígenos específicos tumorais na membrana celular; f) desdiferenciação, o que significa que as células cancerosas são menos especializadas do que o tipo normal da qual se originam; g) Invasividade, propriedade pela qual as células malignas possuem estruturas que as capacitam a invadir qualquer espaço disponível, prendendo-se aos limites do tecido denominados membranas basais, onde tam substâncias químicas que cortam caminho por intermédio do tecido normal (Figura ao lado). h) maior e mais rápida captação de glicose do que células normais; i) utilização de metabolismo anaeróbico, mostrando glicólise acelerada e secreção de grande quantidade de ácido lático; j) citoplasma indiferenciado, com organelas mal desenvolvidas, mudanças degenerativas frequentes e presença de inclusões citoplasmáticas. Quanto à origem do tumor, há evidências de que a maioria origina-se de uma só célula

(origem monoclonal), indicando uma base mutacional para o câncer; cada célula retém a

mutação somática inicial, escapa ao controle regulatório, multiplica-se rapidamente e um

conjunto de células mutantes forma um tumor, cujas células são todas descendentes da célula

original. Como exemplos de tumores de origem monoclonal, citam-se leucemia mielocítica

crônica e o linfoma de Burkitt.

Por outro lado, alguns tumores podem apresentar origrm policlonal, como o carcinoma de mama

e a neurofibromatose.

Com relação aos aspectos genéticos do câncer humano, pode-se fazer alguma

generalização:

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a) embora raros, alguns tipos específicos de câncer podem ter herança mendeliana;

b) além disto, há uma predisposição familiar ao acer, com alta frequência de vários tipos de

tumores, indicações de uma transmissão monogênica;

c) existe uma forte associação entre vários tipos câncer e anomalias cromossômicas;

d) alguns tipos de câncer estão associados a repa-efeituoso do DNA;

e) há muitos fatores ambientais predisponentes ao cer, a saber: as radiações, alguns vírus e

substâncias químicas consideradas carcinogênicas, demons-io que os fatores genéticos não

são os únicos a tocar o surgimento das neoplasias.

Como se Desenvolve o Câncer?

Normalmente, as células cumprem um ciclo em que se multiplicam, crescem, diferenciam-se e morrem, obedecendo a um controle genético e a um sistem complexo de sinais bioquímicos. Esse contole genético é exercido por duas classes de genes específicos: os proto-oncogenes e os genes supressores de tumores.

Os proto-oncogênes regulam o crescimento celular e a diferenciação normais; Os genes supressores de tumores (antioncogenes) regulam o crescimento

anormal e inibem essas células. Conjuntamente, alterações nessas duas classes de genes explicam bastante bem

a proliferação celular descontrolada vista nos cânceres humanos.

Referências CURTIS, H. Biologia. 2a Edição.1977. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan. Genética humana- BORGES-OSÓRIO, Maria Regina; ROBINSON, Wanyce Miriam Genética Humana- PEREZ, Sergio.