A Importância Da Usina Aliança Para A Cidade De Amélia Rodrigues-BA.

Danilo da Silva Carneiro- dan.geografo@gmail.com

Graduando do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana- Bolsista de Iniciação Cientifica, modalidade PROBIC.

Alessandra Oliveira Araujo- aolivaraujo@yahoo.com.br

Mestre pela Universidade Federal da Bahia- Professora Auxiliar do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Resumo:

O trabalho que será descrito faz parte de uma pesquisa intitulada Dinâmica Territorial e Reestruturação Produtiva do Recôncavo Baiano, Resolução CONSEPE 071/2011, que está vinculada ao Núcleo de Pesquisa e Analise do Território (NUPAT- UEFS). Essa investigação cientifica faz parte de uma pesquisa que tem o propósito de analisar a Reestruturação produtiva do Recôncavo baiano. Tendo como recorte a questão da territorialidade de uma das cidades que compõe esse local, Amélia Rodrigues. Dentro desse espaço existem vários elementos que contribuem para dinâmica econômica, sendo a produção de cana-de-açúcar umas dessas. Nesse espaço ocorreram algumas transformações, uma delas está relacionada à identidade que a população adquiriu com a produção canavieira. Porém, com o processo de transformação econômica no Recôncavo com o petróleo na década de 50, a cana-de-açúcar vem perdendo seu espaço para novas atividades que não se fazia presente no Município. A Usina Aliança está instalada nessas terras para o plantio e colheita dessa produção, sendo uma das simbologias econômicas dessa cidade, porém, o seu enfraquecimento pode ser visto por dados gerados pelos órgãos que discutem essa temática, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Saliento que nessa cidade não existiu a presença de petróleo, porém, a região houve impactos socioeconômicos visíveis no espaço geográfico. Para obtermos algumas respostas, partimos dos seguintes procedimentos metodológicos: analise documental, revisão de literatura, viagem de campo e por fim, aplicação de questionários e interpretações dos dados coletados. Sendo assim, a pesquisa tem por finalidade analisar as relações que foram registradas a partir da perspectiva da produção da cana-de-açúcar, que nesse caso é um dos objetivos, a relação que os indivíduos estabeleceram com esse espaço e como repercutem nos dias atuais.

Palavras- Chave: Recôncavo baiano, Município, Territorialidade, Usina, Reestruturação.

Fundamentação Teórica: Discussão dos Conceitos Trabalhados.

Na discussão dessa pesquisa, o conceito de território servira como base para futuras questões, sendo o mesmo capaz de desencadear outras investigações relacionadas a seu objeto de estudo. Souza ratifica a discussão de Raffestin quando cita

(1995, p.78): “O território, [...], é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder”. As discussões sobre território e territorialidade aparecem como conceitos de suma importância para validação desse estudo e compreensão da realidade. Nesse instante pensamos o território através de sua existência, construção e desconstrução em escalas diferenciadas, como escreve Souza (2007, p.81):

Territórios são construídos e (desconstruídos) dentro de escalas temporais e mais diferentes: séculos, décadas, anos, meses ou dias; territórios podem ter um caráter permanente, mas também podem ter uma existência cíclica.

Para ele, essa noção seria a base para a compreensão desse conceito. Dentro de um território, existem vários aspectos importantes, um deles é a territorialidade, são marcas criadas por uma sociedade que servirá como forma de reconhecimento de um povo. O espaço geográfico resulta da constante inter-relação do homem com o ambiente, nas diversas escalas geográficas, promovendo uma intensa utilização dos recursos disponíveis, ao mesmo tempo em que estabelece relações afetivas que promovem transformações com um sentido de pertencimento num dado espaço. Segundo Raffestin (1993, p.158):

De acordo com a nossa perspectiva, a territorialidade adquire um valor bem particular, pois reflete a multidimensionalidade do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pelas sociedades em geral. Os homens “vivem”, ao mesmo tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivistas.

A produção de cana-de-açúcar nesse espaço foi algo marcante, assim, o Recôncavo Baiano tem seu espaço forjado sob as condições econômicas, sociais e culturais das populações que aqui vão interagir ao longo do tempo, tanto que Brito (2004, p. 45) afirma: “Toma-se aqui como Recôncavo Baiano o espaço geográfico diretamente associado aos aspectos econômicos, sociais e culturais que evoluíram sob as influências da tradição da economia açucareira e de suas respectivas atividade acessórias”. A economia canavieira presente no Recôncavo foi algo que poderia ser encontrado em vários municípios desse território, porém a presença da descoberta do petróleo levou a uma reestruturação produtiva, que por sua vez não coincidiu com os municípios produtores de açúcar, e a renda gerada não foi dividida de forma igualitária, além disso, não houve geração de empregos para todos. Para Brandão (1998, p.32):

O ciclo do açúcar que se desdobrou com o fumo, a pecuária, a agricultura alimentar, o café, o algodão, as especiarias, couros e peles, carvão vegetal, caieiras e olarias, as rendas e os bordados, a cerâmica utilitária e lúdica, criou assim uma complexa tradição cultural, um tecido social territorialmente diverso e uma exuberante paisagem construída.

Essa complexidade referida na citação acima tenta mostrar a variedade cultural no recôncavo, ao ponto de ter várias territorialidades fazendo parte do mesmo espaço. A riqueza cultural também pode ser atrelada a produção econômica, sendo a mesma importante para definir uma identidade com o local. A territorialidade é algo marcante, no que diz respeito a identidade cultural, já que a mesma revela fatores de transformações entre o homem e o ambiente. Segundo Soja (1971, p.19 apud RAFFESTIN,1993,p.159.)

[...] a territorialidade é definida como “um fenômeno de comportamento associado á organização do espaço em esferas de influência ou em territórios nitidamente diferenciados, considerados distintos e exclusivos, ao menos parcialmente, por seus ocupantes ou pelos que o definem".

Cada território é encontrado uma territorialidade, sendo a marca ou característica de um povo, onde acaba servindo como uma forma de identificação. No caso de Amélia Rodrigues, estamos pesquisando como ficou essa população que dependia da usina como forma de sobrevivência. Depois do processo de reestruturação e se esses laços foram esquecidos pelos mesmos. Além disso, para construir uma identidade, necessita de símbolos, nesse caso, usina, que se encontra nesse espaço. Para Haesbaert (1996, p.411): “Mas uma das características das identidades territoriais, como ficou muito claro, é a possibilidade delas serem construídas justamente através de símbolos deslocados no tempo e até mesmo no espaço”. Sendo assim, esse fenômeno pode estar ocorrendo com a população de Amélia Rodrigues, se sua identidade foi construída através da implantação da usina em seu território, além disso, a importância da produção econômica para o município e sua repercussão ao decorrer dos anos, após a descoberta do petróleo. Para Giannella,( 2009,p,09):

Deste modo, tomamos a territorialidade como uma concepção mais ampla do que território, tanto como pertencente a territórios já constituídos quanto como condição teórica para a sua existência. Assim, não haveria território sem territorialidade, mas haveria territorialidade sem território. A existência de territorialidades sem territórios é, inclusive, um argumento perante a sociedade para a efetivação de territórios.

A partir desse pensamento, o processo de territorialização vem precedendo com o território. Que nesse caso, as suas marcas indenitárias são construídas, tendo como consequência a construção e consolidação do território. A territorialidade é algo tão forte que mesmo sem a efetivação de território, a identidade com o local seria algo que continuaria presente. Em relação ao processo de reestruturação produtiva, já que esse é um dos temas abordados nessa pesquisa, faremos um breve apanhando do que seria essa mudança. De primeira instancia, se dá a partir do modelo produtivo que existe em um determinado lugar, ao depender essa transformação pode ser vista de uma forma positiva ou não. Conceituando esse fenômeno Soja, (1993, p. 193). Reconhece:

[...] a reestruturação, em seu sentido mais amplo, transmite a noção de uma ruptura nas tendências seculares, e de uma mudança em direção a uma ordem e uma configuração significativamente diferentes da vida social, econômica e política. Evoca, pois, uma combinação seqüencial de desmoronamento e reconstrução, de desconstrução e tentativa de reconstituição [...]

Retomando a questão do petróleo, já que esse foi a atividade que modificou o Recôncavo, de certa maneira enfraqueceu outras produções que estavam presentes nesse espaço, reconfigurando esse espaço depois do surgimento, deu outras perspectivas em relação às mudanças socioeconômicas. Porém, a questão dessa reestruturação está ligada a outros fatores que podem ser visto na discussão de Santos, (1994 p.141):

No espaço rural a reestruturação produtiva se faz presente, notadamente na atividade agrícola moderna, onde o processo de reestruturação impulsiona a substituição da base

técnico-científica que dá origem a uma nova “configuração territorial formada pelo conjunto de sistemas de engenharia que o homem vai superpondo à natureza, verdadeiras próteses, de maneira a permitir que se criem as condições de trabalho próprias de cada época”.

A partir da construção conceitual dos grandes temas, a partir de agora avançaremos para outras questões que complementam a parte teórica, validando ou não o que foi exposto. Fazendo o recorte, que nesse caso, está relacionado à questão da cana e suas consequências nesse território.

Metodologia Utilizada para Elaboração da Pesquisa

A pesquisa foi estruturada a partir da revisão de literatura dos respectivos conceitos, território, territorialidade, Recôncavo, identidade e reestruturação; Analise documental dos materiais que tratam do munícipio de Amélia Rodrigues; busca em sites como o IBGE, tendo intuito de analisar dados, socioeconômicos e históricos; em conjunto com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Ministério do Trabalho (MTE), analisar a relação dos empregos de admissão e demissão no munícipio, principalmente relacionado ao cultivo e produção da cana-de-açúcar. Sendo assim, após essas leituras que serviram para um conhecimento prévio do local a ser estudado, a entrega da primeira versão do relatório parcial, com resultados parciais; em seguida, a ida a campo para tentar compreender a dinâmica desse espaço e analisar de que forma esta organizado. No processo da visita de campo, a aplicação de questionários em vários locais do munícipio, no Centro (casas comerciais) em bairros, e na localidade da Usina (Trabalhadores e comerciantes). A tabulação dos dados, para uma melhor visualização dos questionamentos que foram coletados; a tabulação das informações extraídas a partir dos questionários; e por fim a interpretação desses dados com o proposito de ser mais um elemento que contribuiu para elaboração do relatório final da pesquisa. Sendo assim, mostramos nossa trajetória durante o período que foi determinado.

Resultados Encontrados

Em relação à contribuição da Usina no surgimento do município, a maioria disse ter importância (Gráfico1). Ao ser questionado quem respondesse “SIM” teriam que explicar essa afirmação; de uma forma geral, os entrevistados relacionaram a questão econômica como a forma mais expressiva em relação a geração de empregos para população, no intuito de dinamização do mercado local. À medida que a Usina se instalou nesse espaço o munícipio foi crescendo em termos populacionais e financeiros. Além disso, atrai pessoas de outras localidades para trabalhar no plantio e colheita no canavial.

Gráfico 1: Contribuição da usina para a criação do munícipio de Amélia Rodrigues

Fonte: Elaborado por CARNEIRO, 2012.

A relação que foi analisada teve como resultado a importância da Usina Aliança no aspecto econômico (Gráfico 2), nesse caso, gerou renda (trabalho) e contribuiu para o melhoramento no comércio da Cidade. Aonde ocorre uma dinâmica para população. Muitos descrevem que mesmo a Usina não produziu da mesma maneira inicial. Caso não haja mais produção, a cidade de Amélia Rodrigues terá um impcto muito forte do capital, sendo que o mesmo dinamiza esse espaço.

Gráfico 2: Importância da usina teve algum beneficio para Amélia Rodrigues-Ba

Fonte: Elaborado por CARNEIRO, 2012.

A base da produção do município de Amélia Rodrigues está pautada na Agricultura. O levantamento desses produtos teve o intuito de analisar se a população tinha um conhecimento qual ou quais tipos de atividades econômica estavam presentes nesse espaço (Gráfico 3). A cana-de-açúcar está liderando, nos dados do IBGE, este é um tipo de produção temporária. Esse gráfico revela que a maioria dos entrevistados, relatou a presença de cana nas terras do munícipio. Banana e hortaliças são os produtos

que os entrevistados têm conhecimento que estão presentes no munícipio, sendo geradora de dinheiro de uma forma permanente. Já o maracujá, teve uma presença mais significativa, mas na atualidade houve um enfraquecimento devido a inserção de outras atividades. Laranja e mandioca tem sua representatividade nesse espaço, encaixando na denominação permanente, que já foi descrita acima. A melancia, foi colocada no questionário no intuito de analisar como andava a percepção dos entrevistados em relação às atividades produtivas que estavam presentes, que nesse caso, não se encontra em sua produção agrícola.

Gráfico 03: Atividades produtivas presentes no município a partir da percepção dos moradores.

Elaborado por CARNEIRO, 2012.

Gráfico 04: Fazendas da Usina Aliança no Munícipio de Amélia Rodrigues-Ba.

Fonte: Dados do Relatório Técnico da empresa APSIS. Analise da Usina Aliança, 2005. Organizado por: CARNEIRO, 2012.

A Usina Nova Aliança tem sua área agrícola em três municípios do Estado da Bahia: Amélia Rodrigues, São Sebastião do Passé e Terra Nova, com o objetivo a venda do produto da cana (Gráfico 4). Porém a área analisada será nas fazendas e comunidades do município pesquisado. Sendo assim, nesse espaço encontra-se 12 fazendas, das 46 que compõe a Usina; segundo quadro acima, é possível visualizar a relação das fazendas do município de segundo a empresa de consultoria APSIS consultoria empresarial s/c Ltda., 2005.

As fazendas que compõem a Usina Aliança, no município de Terra Nova são ( 26 fazendas), São Sebastião do Passé (7 fazendas) e Amélia Rodrigues ( 12 fazendas). Sendo que em termos de área, as fazendas que concentram os maiores números de terras, estão localizadas em Amélia Rodrigues, segundo os dados da APSIS. As terras que detém a maior área total são a Nazareth e Cazumbá, seus valores podem ultrapassar acima dos 1000 (hectares); em seguida 5 usinas; Pará de São Miguel, Pinguela, Bento, São Pedro e Jacuipe, contém uma média que começa acima dos 400 hectares chegando quase a 650 (h.a) e por fim, com menor representatividade, começando com 217 (h.a); a Mata, Bela Vista e Cazumbá, Lixa, Ipiranga e Miranda, finalizando em 21(h.a). As descrições relacionadas à cana-de-açúcar compõem uma parte da economia do munícipio. Além dessa atividade, outras estão inseridas nesse espaço contribuindo para o desenvolvimento econômico desse lugar, como o comércio, agropecuária, extrativismo vegetal, caça e pesca, indústria de transformação e administração pública. Segundo os dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI,

2010), esses números ocorreram transformações significativas nos setores analisados. As informações foram retiradas do ano de 2005 até 2008.

O comércio é algo significante para dinâmica econômica de um determinado local. Em Amélia Rodrigues houve aumento considerável, sendo que no ano de 2007, ocorreu uma queda, porém no ano seguinte esse número teve um significativo aumento. A questão do comércio na cidade não apresenta dados maiores devido a proximidade de Feira de Santana, onde ocorre um comércio que atrai várias pessoas de outras regiões constatando uma estagnação em determinados setores. Além disso, com a aplicação de questionários do município, percebeu-se que há uma diminuição na participação financeira da usina sendo representada pelo pagamento dos funcionários.

Segundo o relato de 80% dos comerciantes entrevistados, a usina já empregou um número considerável de funcionários, e no período de corte e moagem da cana era visível a circulação financeira, pois os funcionários procuravam o comércio local para aquisição de bens e serviços fazendo a economia local movimentar-se bastante. A representatividade da Usina Aliança tem uma significativa importância. Todos os entrevistados disseram ter conhecimento da mesma no munícipio (Gráfico 5). Isso denota a sua importância para cidade.

Gráfico 5: Exerceu algum tipo de atividade trabalhista na usina.

Elaborado por CARNEIRO, 2012.

Em relação a trabalhar na Usina, muitos que responderam “SIM” disseram que já estabeleceu algum tipo vinculo empregatício, que nesse caso, alguns trabalhavam no regime de prestação de serviço, outros são efetivos. Em Amélia Rodrigues, existe um bairro chamado Serra, esse local concentra o maior número de pessoas que teve algum tipo de contato com a usina, devido a proximidade que o bairro tem com a usina. Pós o período de colheita, os trabalhadores denominados de temporários, são dispensados e os efetivos permanecem. Muitos desses funcionários vão para outras atividades e até mesmo vão para outros municípios da região, como é o caso de Feira de Santana, Região Metropolitana de Salvador, outros acabam esperando o período de moagem da cana, caso contrário, eles esperam, para o período de plantio da cana. Os funcionários que fazem parte do quadro fixo da usina operam na parte de manutenção dos maquinários que são utilizados na colheita, muitas dessas máquinas estão ultrapassadas, como afirmam alguns dos trabalhadores.

Discussões

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as lavouras agrícolas estão dividas em dois tipos de atividades: permanente que tem a produção anual (banana, cacau, coco da baía, laranja, maracujá) e temporária, existência de períodos para a colheita (amendoim, cana-de- açúcar, feijão, mandioca, milho). Fazendo uma analise detalhada, elaboramos uma tabela com os dados de 2004 a 2010, das respectivas delimitações do IBGE, que foi extraído cada produto da subdivisão ( Tabela 1), nesse caso, a cana-de-açúcar e a laranja.

Tabela 1: Quantidade Produzida (Cana-de-açúcar)

Dados do IBGE, 2010.Organizado por CARNEIRO, 2012.

Nos períodos de 2004 a 2006 ( Tabela 1), foram os que mais produziram cana-de-açúcar, mas nos anos seguintes, esses números sofreram uma queda no ano de 2010. Segundo os entrevistados, a usina já teve períodos de produções de grande escala, isso está comprovado a partir dos dados da tabela. Isso denota o baixo investimento que se tem nessas terras para a produção de álcool e açúcar. Outro elemento que podemos expressar está relacionado com o avanço tecnológico. Alguns entrevistados relatam que em alguns períodos eles têm que consertar as máquinas e que as mesmas estão presentes desde o período inicial da usina. Mesmo com essa queda, a importância da usina no que diz respeito a fatores econômicos ainda tem uma expressividade significativa.

Tabela 2: Quantidade Produzida de Laranja.

Ano Toneladas

2004 210.000

2005 210.000

2006 210.000

2007 160.000

2008 118.800

2009 120.000

2010 120.000

Ano Toneladas

Dados do IBGE, 2010.Organizado por CARNEIRO, 2012.

No caso da laranja, teve uma queda brusca entre os períodos entre 2004 e 2005, nos anos seguintes, ocorreu uma estagnação, mas em seguida uma queda. Mas, em 2010 chega em 250 toneladas a sua produção. Mesmo essa atividade econômica não fazendo parte da essência do trabalho, esses dados serviram para obter comparações entres os produtos, além disso, os mesmos estão inseridos em categorias diferentes como já foi descrito. A partir dessa analise, a cana-de-açúcar do município de Amélia Rodrigues consegue superar em números as produções permanentes, revela que essa economia ainda está presente nesse espaço, auxilia para fortalecimento no que diz respeito ao fator econômico desse território.

Descrevendo um pouco a respeito de como essa atividade ainda está fixada nesse local, faremos um detalhamento da sua organização espacial. A viagem de campo nos proporciona um olhar aguçado em relação a teoria e pratica. Partindo da percepção do território, foi percebido o quão forte a usina aliança ainda exerce um poder no município, além desse poder, a questão do simbolismo está presente ( Gráfico 6). Isso foi comprovado nos questionários que foram aplicados.

Gráfico 6: Se já conhecem ou ouviu falar na Usina Aliança

2004 770

2005 200

2006 200

2007 150

2008 200

2009 250

2010 250

Fonte: Elaborado por CARNEIRO,2012.

Como pode ser observada, a maioria dos entrevistados responderam “SIM” em relação ao ouvir falar da usina. Isso denota a importância da usina para cidade. A simbologia é tão forte, que o município tem um bairro que concentra o maior número de pessoas que tem ou tiveram contato com a usina.

Gráfico 7: Tem conhecimento de alguém que trabalha na usina.

Fonte: Elaborado por CARNEIRO,2012.

Outro ponto que podemos fortalecer essa questão, á das pessoas que trabalham na usina. De uma forma expressiva, os entrevistados relatam em conhecer algum trabalhador, alguns desses são familiares ou amigos. Além da pesquisa que foi feita associamos a discussão teórica, com Haesbaert, (2006), que discute como se dá esse simbolismo dentro do território.

O território envolve sempre, ao mesmo tempo [...], uma dimensão simbólica, cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos sociais, como forma de ‘controle simbólico’ sobre o espaço onde vivem (sendo, também, portanto, uma forma de apropriação), e uma dimensão mais concreta, de caráter político-disciplinar [e político econômico, deveríamos acrescentar]: a apropriação e ordenação do espaço como forma de domínio e disciplinarização dos indivíduos.

Quando tratamos na questão da territorialidade, em Amélia Rodrigues, temos uma surpresa. Fica claro quanto à usina é importante para o município, mas que o mesmo, tem a funcionalidade de dinamizar esse espaço. Não há uma identidade cultural, quando o assunto é cana, mas sim, uma importância no fator econômico (Gráfico7), na coleta dos dados é perceptível nas falas que a usina não produz mais como antes, mas se a mesma sair desse espaço cogita-se que a cidade pode sofrer um impacto forte, já que emprega uma boa parte de indivíduos. Quando perguntado qual a importância da usina nos dias atuais, a resposta, de início esta relacionada ao emprego.

Gráfico 7: A importância da usina nos dias atuais para Amélia Rodrigues.

Fonte: Elaborado por CARNEIRO,2012.

O fator econômico, para os entrevistados, foi de suma importância para a usina fazer presente nesse local. Mesmo com o passar dos tempos, isso se repercute na sociedade. Porém, nas justificativas, as palavras em grande maioria eram relacionadas em não terem opção de outras formas de trabalho. Porém, os outros 10 % que responderam “NÃO” alertaram algo de suma importância. Nos períodos de corte e

moagem da cana que inicia em setembro e termina em março, a usina libera cinzas e fumaças, além disso, um odor nada agradável, como consequência, sérios problemas respiratórios. Chegam a falar que no município de Conceição de Jacuípe, podem ser visto no céu esses restos de produção. Cabe às autoridades responsáveis tomar as decisões cabíveis, para que a sociedade não fique prejudicada. Em relação a questão trabalhista, o MTE, 2011, divulgou uma lista com os dados dos números de pessoas admitidas e desligados. Durante esse ano, eles contrataram 1.141 pessoas, sendo que, demitiram 1.228, tendo um saldo negativo de 87 trabalhadores. Isso é um dado preocupante em relação aos fatores econômicos na atualidade da usina.

Em relação a população em saber o ano e como foi criado o município, 20% do entrevistados afirmaram saber o surgimento do município (Gráfico 8). As mesmas pessoas disseram que Amélia Rodrigues estava anexada a Santo Amaro da Purificação e o seu nome, foi devido a uma professora que se preocupava com as causas sociais, dai em homenagem a ela colocaram o seu nome. Porém, alguns deles não souberam dizer o ano ou período que foi emancipada. A outra parcela não respondeu e o mais interessante é que muitos deles têm um tempo considerável para saber o seu contexto histórico. Esse dado tem uma importância para analisarmos se os indivíduos estão cientes da cidade que eles habitam, não só isso, sobre a sua historicidade. Pegando esse dado e levando para questão da territorialidade, percebemos que poucos estão cientes quando ocorreu e porque o município se emancipou. Isso revela que as questões culturais não são tão expressivas nesse aspecto.

Gráfico 8: Conhecimento da Origem do município de Amélia Rodrigues.

Fonte: Elaborado por CARNEIRO,2012.

Conclusão

A partir dos estudos feitos nessa cidade conseguimos detectar algumas informações que foram proposta. Em relação a questão da cana-de açúcar contribui para construção da territorialidade. Ficou claro nas pesquisas que a usina teve sua

importância nesse aspecto, o mesmo está relacionado a um fator econômico, geração de empregos. Nesse caso, a usina não estar em uma boa fase econômica, muitos relatam com a saída do seu espaço físico desse município é bem capaz da cidade sofrer sérios problemas financeiros. Algumas dessas entrevistas com os trabalhadores, pessoas do comércio e até mesmo de moradores, falam dos bons momentos que a Aliança passou nos períodos inicias, com gerações de empregos e contribuição de impostos. Os dados mostram quanto a Usina vem caindo, tanto nos dados, quanto em área plantada que vem reduzindo. O número de contratação saíram mais pessoas do que foram admitidas. A falta de uma boa gestão pode ser um dos fatores que levaram a usina está nesse período de decadência. Sendo assim concluímos que a usina não passa por um bom período financeiro, mas que mesmo assim, ela consegue ter uma expressividade nesse território, que nesse caso, serve como um símbolo. Porém, as marcas que são deixadas ou territorialidades que foram construídas ao logo desse tempo, nada mais é a geração empregos para o município.

Referências

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