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ANA MARIA GOFFI COSTACURTA A IMPORTÂNCIA DOS SEIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA NA FORMAÇÃO DO LEITOR Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2007

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ANA MARIA GOFFI COSTACURTA

A IMPORTÂNCIA DOS SEIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

NA FORMAÇÃO DO LEITOR

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Educação

2007

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ANA MARIA GOFFI COSTACURTA

A IMPORTÂNCIA DOS SEIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

NA FORMAÇÃO DO LEITOR

Trabalho apresentado como requisito

de conclusão da Habilitação em

Educação Infantil à Comissão de

professores responsáveis pelo Curso:

Profas. Dras. Maria Ângela Barbosa

Carneiro, Marisa Del Cioppo Elias, Neide de

Aquino Noffs e Neide Barbosa Saisi, sob a

orientação da Profa. Dra. Marisa Del Cioppo

Elias.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Educação – Curso de Pedagogia

São Paulo

2007

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Curso: Pedagogia

Título: “A importância dos seis primeiros anos de vida na formação

do leitor”

Autora: Ana Maria Goffi Costacurta

Orientadora: Profª. Drª. Marisa Del Cioppo Elias

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A Deus..............................

A meus pais, que me mostraram o caminho.

iii

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AGRADECIMENTOS

À minha professora e amiga, Márcia Sodero Ungaretti, por todo o apoio

que vem me dando nestes últimos anos.

À Prof ª. Marisa Del Cioppo Elias, que orientou esse trabalho, pela

solicitude, pelas críticas e pelo apoio.

À minha irmã, Maria Lúcia Goffi Costacurta, pela amizade e colaboração.

À minha mãe Eliana um agradecimento especial pelo apoio nesse

trabalho.

iv

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA................................................................................. ................iii

AGRADECIMENTOS.........................................................................................iv

ÍNDICE DE ANEXOS........................................................................... .............vi

ÍNDICE DE FIGURAS.......................................................................................vii

ÍNDICE DE TABELAS.....................................................................................viii

RESUMO......................................................................................... ............... ...ix

PENSAMENTO........................................................................................ ...........x

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

1 A LEITURA…………...................................................................................... 4

2 A CRIANÇA DE ZERO A SEIS ANOS.......................................................... 7

3. METODOLOGIA DE PESQUISA……..……………….............................. 16

4. ATITUDES E INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS SUGERIDAS ............ 25

CONCLUSÃO.................................................................................................... 41

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 43

ANEXOS.............................................................................................................46

v

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ÍNDICE DE ANEXOS

BITS DE INTELIGÊNCIA: Raças de cães.........................................................46 BITS DE PALAVRAS: Membros da família.....................................................49

vi

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA I: Representação esquemática do estágio do desenvolvimento neurológico humano em relação às respectivas áreas do Sistema Nervoso Central.................................................................................................................11 GRÁFICO I: Hábitos relacionados à leitura.......................................................20 . GRÁFICO II: Que textos estão mais ao alcance das crianças?...........................21 GRÁFICO III: Quantas vezes na semana são contadas histórias para as crianças?..............................................................................................................23 GRÁFICO IV: Quantos livros os adultos lêem por ano?....................................24

vii

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA I: Estágio do desenvolvimento humano............................................. 12 TABELA II: Tabulação do Questionário…........................................................18 TABELA II – A: O que esperam das crianças quando forem adultas?...............19 TABELA II – B: O hábito da leitura é necessário para o alcance dessa proposta?..............................................................................................................19 TABELA II – C: Hábitos relacionados à leitura.................................................20 TABELA II – D: Que textos estão mais ao alcance das crianças?......................21 TABELA II – E: Em que passeios culturais os adultos levam as crianças?........22 TABELA II – F: Quantas vezes na semana são contadas histórias para as crianças?..............................................................................................................23 TABELA II – G: Quantos livros os adultos lêem por ano?............................... 24

viii

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RESUMO

Quando soube que o ato de educar deve ter a intenção de formar pessoas capazes

de dar uma contribuição social adequada às capacidades específicas, e que a

leitura é o meio necessário a esta participação social, optei pelo tema do presente

trabalho. Nele tive a intenção de:

• Alertar os educadores para a importância dos seis primeiros anos de

vida, na Educação, com destaque na formação do leitor eficaz.

• Sugerir aos educadores comportamentos e atividades pedagógicas

que estimulem as crianças em seus seis primeiros anos de vida,

facilitando a sua formação como leitoras textuais.

• Descrever os materiais e espaços necessários para estimular a

leitura nas crianças.

Utilizei como metodologia a pesquisa bibliográfica, na qual encontrei o

princípio fundamental dado pelo educador Paulo Freire, que afirma que a leitura

do mundo precede a leitura da palavra. (Freire, 2003, pg. 11). A esta idéia, aliei

os estudos que tratam do desenvolvimento neurológico infantil, realizados por

Doman e outros autores como Alcazar (1992, pág.1) que em seus estudos

afirma: “ao redor dos três anos a rede neurológica se configura em 50%; ao

redor dos sete anos a rede neurológica se configura em 80% e, ao redor dos dez

anos, a rede neurológica se configura em 90%”. Com base nesses

conhecimentos fiz uma pesquisa sobre os hábitos de leitura de pais e

professores. O resultado reforçou a necessidade de conscientizá–los da

importância do desenvolvimento neurológico das crianças e sugerir uma maior

intencionalidade educacional em atitudes e atividades que facilitem a formação

do leitor, capacitando–o a dar sua contribuição social.

ix ix

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PENSAMENTO

“... A retomada da infância distante, buscando a compreensão do ato de” ler” o

mundo particular em que me movia, me é absolutamente significativa”.

A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das

avencas de minha mãe - o quintal amplo em que me achava - tudo isso foi o meu

primeiro mundo. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o

mundo de minha primeira atividade perspectiva, por isso mesmo como o mundo

de minhas primeiras leituras...

Os textos, as palavras, as letras daquele contexto se encarnavam no canto dos

pássaros – o do sanhaço, o do bem te vi, o do sabiá; na dança das copas das

árvores sopradas por fortes ventanias...

Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras,

com palavras do meu mundo e não do mundo maior de meus pais. “O chão foi

meu quadro negro; os gravetos, o meu giz.” (Freire, 2003, pág 15).

x

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1

INTRODUÇÃO

A história da humanidade é composta de uma série de transformações pessoais e

sociais, realizadas pelo homem. É importante que este homem tenha consciência

de seu poder de transformação e se responsabilize por isso. A consciência desse

seu papel na história tem, na leitura, uma de suas mais importantes fontes.

O ato de escrever (simbolizar) permite ao outro compartilhar daquilo que vi; ao ler

(compreender), compartilho aquilo que o outro viu. Sou mais ser para o mundo

através da comunicação, portanto, da leitura. (Silva, 1996, pág. 66)

Paulo Freire (2003) já alertava para o fato de que sem a possibilidade de ler e

compreender o que se lê a pessoa não pode participar do contexto em que vive,

seja desfrutando dele, ou contribuindo para expandi – lo, enriquecê- lo.

No entanto, percebe – se que não existe tradição de leitura no Brasil. Sabe-se

que apenas uma minoria utiliza-se da leitura como lazer ou fonte de

conhecimentos. A maioria das pessoas não tem o hábito de ler e dentre essas

pessoas encontramos os educadores da primeira infância. Não adianta a

professora apenas levar seus alunos à biblioteca, ou então, a sala de aula ter um

cantinho com livros. Para que haja um incentivo para a leitura é preciso

exemplo, é preciso a prática da leitura, e, o mais importante, é preciso que o

adulto reconheça a necessidade indiscutível da leitura para sua formação

pessoal.

Para que o hábito da leitura desenvolva - se é necessário que as escolas e as

famílias facilitem o acesso ao livro. Porém, quase não há bibliotecas e muitas,

quando existem, estão desatualizadas; os preços dos livros são altos e não há

uma preparação adequada de professores orientadores da leitura.

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São raras as faculdades brasileiras que oferecem cursos na área de

Psicologia e/ ou Metodologia da Leitura. O assunto parece se resumir

aos diferentes métodos de alfabetização em que são treinados os futuros

professores das primeiras séries do 1º grau, como se a leitura abrangesse

apenas um processo limitado de alfabetização, isto é, decifração do

código. (Silva, 1996, pág.34)

O último relatório do Banco Mundial sobre desenvolvimento econômico,

elaborado em 2006, traz um capítulo sobre a importância da educação da leitura

para a área da Economia, que está cada vez mais dependente da expansão

tecnológica e do acesso a informações especializadas. Em seu relatório

comparativo, que trata de educação básica e nível de escolaridade de mão de

obra, o Brasil, entre todos os países emergentes analisados (China, Índia,

México e Rússia), foi o que teve a pior avaliação. Segundo o relatório, a

educação básica é tão deficiente que não consegue oferecer, à maioria dos

estudantes, a formação mínima de que necessitam para operar máquinas, cuja

programação exige informações especializadas. (O Estado de São Paulo,

06/10/06).

Ao lado dessa dificuldade técnica verifica-se, constantemente, a falta de

conhecimento das demais áreas da formação humana, sejam elas físicas,

afetivas, científicas ou comportamentais e que facilmente podem-se encontrar,

nas inúmeras publicações lançadas a todo instante no mercado, em formatos de

revistas, jornais, livros, e de infindáveis textos da informática.

A política educacional brasileira tem errado ao colocar o seu foco no ensino

superior, descuidando-se do ensino básico e, mais grave, ignorando a

necessidade da intencionalidade educacional nos seis primeiros anos de vida,

quando a rede neurológica está no ápice de sua formação global, facilitando a

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aquisição de hábitos, como o da leitura. Esses dados são encontrados nos

estudos de educadores como: Coll (2004), Corominas (2005) e Valls (1992).

Assim sendo, a proposta deste trabalho é de:

• Alertar os educadores para a importância dos seis primeiros anos de

vida, na Educação, com destaque na formação do leitor eficaz.

• Sugerir aos educadores comportamentos e atividades pedagógicas

que estimulem as crianças em seus seis primeiros anos de vida,

facilitando a sua formação como leitoras textuais.

• Descrever os materiais e espaços necessários para estimular a

leitura nas crianças.

Para alcançar esses objetivos, procurei evidenciar neste trabalho idéias que

estimulassem e facilitassem a leitura textual, visando obter um número cada vez

maior de leitores conscientes. Nele fiz constar a importância da valorização da

“leitura de mundo” para a faixa etária de 0-6 anos. Como nessa fase a criança

ainda não é leitor de texto, destacou-se a figura do adulto nas suas atitudes e

intervenções favoráveis ao desenvolvimento da leitura da imagem e da leitura

textual ou “leitura de palavras”.

Depois de considerar o que é leitura, quem é a criança de que estamos tratando,

realizei uma pesquisa de campo com a finalidade de verificar o grau de

importância que os adultos estão atualmente dando para a leitura como fator

educacional. No último capítulo, relaciono sugestões para a intervenção

pedagógica que entendo, são facilitadoras da formação do leitor eficaz.

O meu interesse pelo tema deste trabalho vem do fato de reconhecer a

importância da leitura para a minha formação pessoal, de querer ler muito e de

ter tido muita dificuldade com a interpretação de textos, por falta de estímulos e

acompanhamentos adequados às minhas necessidades cognitivas.

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1 - A LEITURA

Segundo a definição encontrada no Dicionário Houaiss (2001), leitura é a ação

ou efeito de ler; ato de decifrar significados gráficos que traduzem a

linguagem oral; ação de tomar conhecimento do conteúdo de um texto escrito,

para se distrair ou se informar.

Para alguns educadores, a leitura é basicamente um processo de decodificação,

que relaciona os símbolos escritos aos sons falados. Uma vez que essas

associações sejam aprendidas, a criança é uma leitora. Embora incluindo esta

definição, outros educadores afirmam que o processo de leitura é muito mais do

que decifrar códigos; afirmam que ler é obter sentido da página impressa. Paulo

Freire, ampliando ainda mais o conceito de leitura, diz:

Aprender a ler é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto,

não em uma manipulação mecânica de palavras, mas em uma relação dinâmica que

vincula linguagem e realidade. Mas é importante dizer, que da “leitura” do meu

mundo, da rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, é que eu

comecei a ser introduzido na leitura da palavra. A decifração da palavra fluía

naturalmente da “leitura” do mundo particular. (Freire, 2003, pág.8)

Com base em Paulo Freire (2003), entendo que a figura do adulto deverá trazer,

para a criança, o maior número possível de imagens, assuntos e experiências,

para aumentar seu universo vocabular, ampliando sua realidade ou “leitura do

mundo”. Quanto mais ampla for sua “leitura de mundo”, mais significativa será

sua “leitura da palavra”.

Além disso, o tamanho do vocabulário influencia o desenvolvimento da capacidade de

alfabetizar. (Katz, 2005, pág. 31.)

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Este conceito de leitura significativa, que tem sentido para o leitor, ocorre

quando ele procura seus interesses no texto, quando ele interage com o texto,

não ficando na simples decodificação.

Assumir o controle da própria leitura implica ter objetivos para ela, assim como

poder gerar hipóteses sobre o conteúdo que se lê. (Gallart, 1998, pág.47)

A leitura crítica, a solução de problemas e outros processos complexos, também

devem ser incluídos em qualquer programa pedagógico voltado para a leitura.

(Spodek, 1998, pág. 264)

Ao relacionar o ato de ler a crianças menores de seis anos, pode parecer que se

está exigindo precocemente capacitações que as crianças ainda não têm. Esta

hipótese é contestada por Smith (1999, pág. 17) quando apresenta a seguinte

opinião:

A leitura não exige de nossos olhos nada que eles já não façam, quando olhamos ao

redor de uma sala. A leitura não exige nenhuma habilidade lingüística que não tenha

sido demonstrada na compreensão da fala. E aprender a ler não envolve nenhuma

habilidade especial de aprendizagem. As crianças são aprendizes altamente

habilitados e experientes,...

Smith alerta, no entanto, para o fato de que a linguagem deve ter sentido e

utilidade para a criança que está aprendendo a ler e, portanto, deve ser mediada

por adultos que conheçam a criança, individualmente, e os temas de leitura que

lhe são apresentados.

Devemos lembrar também, que hoje não mais faz sentido deixarmos a

alfabetização para depois dos sete anos. Atualmente a criança percebe que o

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mundo valoriza muito a escrita e assim, deseja ter o domínio desse meio de

comunicação que o mundo a seu redor valoriza.

Na tentativa de favorecer essa aprendizagem, a formação desse leitor que busca

e encontra significado em sua leitura, serão levantadas as características de

desenvolvimento das crianças de zero a seis anos, objeto deste trabalho.

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2 - O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE ZERO A SEIS

ANOS

A criança atual, principalmente aquela que é criada nos centros urbanos, difere

das crianças do passado por não ter a mesma liberdade para as brincadeiras de

rua, que são estímulos importantes para a auto - superação e para a criatividade.

Essa criança está mais sedentária e desestimulada em relação a tudo o que exige

esforço pessoal. Com a chegada da televisão e do computador, as crianças,

atraídas pelas imagens e informações “prontas” que esses aparelhos fornecem,

intensificaram a atitude sedentária, mas nela não está incluído o interesse pelas

boas leituras, mesmo a leitura para lazer, isto porque toda leitura exige esforço

para se estabelecer relações e criar imagens que favoreçam um bom

aproveitamento.

Em função desse desinteresse pela leitura, vê-se a necessidade de estimular o

seu hábito desde o nascimento, para que se possa prevenir o distanciamento

atual que vem ocorrendo, intensificando-se o esforço necessário para o

amadurecimento pessoal em todas as capacitações humanas, incluindo-se a

capacidade para uma leitura eficaz.

Estudos mostram as causas desse desinteresse e fornecem sugestões. A

neurociência, por exemplo, tem se desenvolvido muito no que se refere aos

estudos do sistema nervoso, como vemos nos trabalhos de Doman¹, de Carla

Shatz² da Universidade da Califórnia, ou ainda Rodolfo Llinas³, da Universidade

de Nova York. Sabe-se que, para cada aprendizagem, há a necessidade de um

determinado nível de amadurecimento neurológico, o “período sensitivo

adequado” também conhecido por “janela de oportunidade”.

¹ Istitutes for the Achievement of Human Potential, Pensilvânia ² “Fertile Minds” InTime, fevereiro de 1997 ³ “A força da mente” In Revista Veja, nª 1560, de 19/8/98, pág. 102

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Esses estudos revelam que o desenvolvimento da rede neurológica faz - se mais

intenso nos primeiros anos de vida. Sabe-se, por exemplo, que na idade de três

anos, a criança está em condições de associar as cores que tem a sua volta, aos

seus respectivos nomes. Uma experiência que comparou crianças indígenas com

crianças esquimós demonstrou que as indígenas eram capazes de reconhecer

muitos tons de verde, diferentemente da esquimó que era capaz de identificar

muitos tons de branco, pela presença da neve e do gelo. (Lima, 2001, pág. 17)

O cérebro desenvolve-se a uma velocidade impressionante no início da vida,

aumentando de 25% de seu eventual peso adulto ao nascimento para 75% do peso

adulto aos dois anos. De fato, os últimos três meses pré- natais e os dois primeiros

anos de vida foram nomeados de período de rápido crescimento cerebral porque

mais da metade do peso adulto do cérebro é adicionado nesse período. Entre o sétimo

mês de gestação e o primeiro aniversário da criança, o cérebro aumenta seu peso ao

redor de 1,7 gramas por dia, ou mais de uma miligrama por minuto. (Shaffer, 2005,

pág. 147))

Completando essa idéia, têm-se os seguintes dados levantados por Doman, (in

Véras, s/d, pág.3):

• O cérebro humano contém mais de 10 bilhões de neurônios

• O cérebro cresce com o uso.

• Atualmente, utilizamos uma porcentagem mínima destes neurônios.

• Todo o crescimento significativo do cérebro está completo aos seis anos

de idade.

• Quando melhoramos uma função do cérebro, melhoramos em certo grau,

todas as demais funções.

• O cérebro das crianças cresce tanto quanto lhe damos a oportunidade para

que cresça.

• A estimulação deve ser sensorial e motora.

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• Todos os sentidos são importantes para a aprendizagem, destacando-se

sobretudo a visão, a audição e o tato.

• Para o momento evolutivo propício para determinada aprendizagem dá-se

o nome de período sensitivo.

Ainda, segundo o Prof. Alcazar (1992, pág.6) do Centro de Investigação de

Fomento Centros de Ensino da Espanha, calcula-se que:

• Ao redor dos três anos a rede neurológica se configura por volta de 50%

• Ao redor dos sete anos, a rede neurológica se configura em 80%

• Ao redor dos dez anos, a rede neurológica se configura em 90%

É claro que dominar a leitura é um processo difícil e que a facilidade vai

depender das oportunidades de contato com a escrita que se oferece para a

criança. Se durante os seis primeiros anos a criança dispõe de um meio ambiente

carregado de estímulos adequados, as possibilidades físicas, intelectuais e

comportamentais serão extraídas naturalmente e manifestar – se - ão com menor

esforço e maior prazer do que se forem exigidas em períodos sensitivos

inadequados.

Como testemunho da importância desses estímulos sensoriais para o

desenvolvimento cognitivo humano tem-se, por exemplo, casos de pessoas com

a Síndrome de Down, com diferentes graus de desenvolvimento, motivados pela

quantidade de estímulos proporcionados na infância, havendo entre elas,

algumas que chegam à faculdade. (Westin, In: OESP, 18/10/06)

As crianças da mesma idade são muito diferentes entre si, independentemente de

fatores genéticos, classe social, econômica ou cultural, o que torna difícil

estabelecer delimitações precisas em seu desenvolvimento.

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Assim, mais importante do que considerar a idade cronológica da criança, é

focar o nível de maturidade em que ela se encontra.

No entanto, para uma melhor sistematização do trabalho, as características do

desenvolvimento serão agrupadas por idade, lembrando - se que a quantidade e a

qualidade dos estímulos recebidos por uma criança, certamente aceleram a sua

maturidade global, como podemos ver na figura e quadro a seguir.

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Figura I - Representação esquemática dos estágios do

desenvolvimento neurológico humano em relação às respectivas áreas do

Sistema Nervoso Central

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TABELA 1 - ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO HUMANO

Legenda

Idade Maturacional

Superior: Crianças estimuladas intencionalmente

Médio: Crianças estimuladas naturalmente

Inferior: Crianças parcialmente privadas de estímulos naturais

ES

GIOS

ÁREAS DO DESENVOLVI/

CEREBRAL

IDAD1E MATURACIONAL

COMPETÊNCIA VISUAL

COMPETÊNCIA

DE LINGUAGEM

VII

CORTEX DIFERENCIADO

SUPERIOR - 36 MESES

MÉDIO – 72 MESES

INFERIOR – 144 MESES

LER COM TOTAL

ENTENDIMENTO

VOCABULÁRIO

COMPLETO

ESTRUTURA

GRAMATICAL ADEQUADA

VI

CORTEX PRIMITIVO

SUPERIOR – 18 MESES

MEDIO – 36 MESES

INFERIOR – 72 MESES

RECONHECIMENTO DE

SÍMBOLOS E LETRAS

VOCABULÁRIO DE 2000

PLAVRAS

SENTENÇAS SIMPLES

V

CORTEX

PRECOCE

SUPERIOR – 9 MESES

MÉDIO – 18 MESES

INFERIOR – 36 MESES

RECONHECIMENTO DE

IMGENS FAMILIARES

VOCABULÁRIO DE 10 A 25

PALAVRAS

IV

CORTEX

INICIAL

SUPERIOR – 6 MESES

MÉDIO – 12 MESES

INFERIOR – 24 MESES

CONVERGÊNCIA VISUAL

PERCEPÇÃO SIMPLES

USO ESPONTÂNEO E

CONSCIENTE DE DUAS

PALAVRAS

II

MESENCÉFALO

SUPERIOR – 3,5 MESES

MÉDIO – 7 MESES

INFERIOR – 14 MESES

ATENÇÃO A DETALHES

DE IMAGENS

CRIAÇÃO DE SONS COM

SIGNIFICADO

II

P ONTE

SUPERIOR – 1 MÊS

MÉDIO – 2.5 MESES

INFERIOR – 5 MESES

PERCEPÇÃO DO

AMBIENTE

CHORO VITAL EM

RESPOSTA A ESTÍMULOS

I

MEDULA

SUPERIOR – 0.5 MESES

MÉDIO – 1 MÊS

INFERIOR – 2 MESES

REFLEXO ESPONTÂNEO

À LUZ

CHORO

INSTINTIVO

Fonte: http://www.iahp.org/

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Na figura 1, vê-se o conjunto das áreas do Sistema Nervoso Central,

representadas cada uma por uma cor. Essa cor é reproduzida no quadro 1,

definindo-se:

• O estágio do desenvolvimento cerebral com sua área respectiva dentro

do Sistema Nervoso Central

• As idades em que ocorrem a maturidade, identificando-se:

- superior: idade maturacional da criança estimulada intencionalmente.

- médio: idade maturacional da criança estimulada naturalmente.

- inferior: idade maturacional da criança parcialmente privada de estímulos

naturais.

• Competência visual: a resposta dada pelas crianças aos estímulos

visuais, em cada estágio de desenvolvimento.

• Competência de linguagem: representa o grau de desenvolvimento da

linguagem em cada estágio de desenvolvimento.

Sabe-se que a inteligência de uma criança depende 70% da educação, ou seja, dos

estímulos recebidos, e apenas 30% da herança genética. (Manglano, 2006, pág.25)

Com base em Shaffer (2005) e Coll (2004), foram encontrados os seguintes

dados:

A criança de zero a um ano > Tem seu maior desenvolvimento no campo da

sensibilidade. Tende a desenvolver sua acuidade visual, identificando com o

passar dos meses, as imagens que tem ao seu redor. Precisa de estímulos

auditivos, visuais, táteis e gustativos, para desenvolver e expressar sua

inteligência, adequados e no momento certo. Reconhece a voz da mãe e de

pessoas com quem convive mais intensamente, gostando que lhe repitam sempre

os mesmos sons, rimas e pequenas histórias.

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A criança de um ano e meio > Desmonta e monta brinquedo desmontável.

Coloca objetos "em cima de", "embaixo de", "dentro", "fora". Constrói torres.

Vira página de livro, uma de cada vez. Dobra papel pela metade imitando.

Desenha círculo. Combina objetos semelhantes. Vira maçaneta de porta,

Aponta para grande ou pequeno quando lhe pedem. Reconhece músicas que

lhes são familiares. Dá cambalhota para frente e para traz. Gosta de completar

versos que lhe são familiares, folheiam livros, reconhecem imagens, chamando-

as pelo nome próprio de sua linguagem.

A criança de dois a três anos > Tem seu maior desenvolvimento no campo

da sensibilidade. Gosta de atividade física gosta de ouvir música e dançar.

Possui certa coordenação viso-manual. Completa desenhos simples. Traça uma

linha unindo dois pontos. Compreende mais palavras do que fala. Nas

brincadeiras pode se utilizar do monólogo. Utiliza o “porquê ”, que permite um

amplo conhecimento. Está no período ideal para a aprendizagem de outras

línguas. No aspecto cognitivo, a criança liberta – se da realidade e capaz de

entrar na fantasia. Aprende por imitação. A fantasia distorce sua realidade,

surgindo o medo. Tem consciência clara de si. Gosta de colaborar com o adulto

e de ouvir as mesmas histórias repetidamente. É capaz de reconhecer algumas

letras e associar marcas comerciais a seus respectivos logotipos.

A criança de quatro anos > Tem seu maior desenvolvimento no campo das

percepções e da linguagem. Utiliza o futuro. Brinca com as palavras e gosta de

falar absurdos. Gostam de livros com ilustrações bonitas. Deseja aprender a ler.

Recita, canta e dança para divertir os outros. No aspecto motor, anda com bom

equilíbrio, sobe e desce escadas. Consegue correr para frente, para trás, para os

lados. Dobra e recorta papéis com facilidade. Encontra livro específico, quando

lhe pedem. Aponta para figuras simples, quando nomeadas. Segura o lápis com

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15

os dedos polegar e indicador. A curiosidade a leva a folhear livros que lhe estão

accessíveis.

A criança de cinco anos > Vai do concreto e conhecido para as primeiras

abstrações. É capaz de imaginar objetos ausentes. Recorta com os dedos. Salta

alternando os pés. Sua coordenação permite aprender a nadar, andar de bicicleta,

e outros. capaz de costurar com uma agulha grande. Utiliza 2500 palavras que

correspondem a seus interesses. Emprega à linguagem adequada à comunicação

e à realidade. Resolve problemas simples. Começa a descobrir as causas da

realidade a seu redor. Tem pouca noção de espaço e tempo. Pega, quando lhe

pedem, o número especificado de objetos. Desenha, recorta e cola gravuras

simples. Inventa histórias com sua imaginação. Já é capaz de ler palavras e

frases.

A criança de seis anos > Define-se um hemisfério cerebral dominante. Ela

começa a articular todos os sons. Tem uma comunicação mais objetiva. Pode

prever as conseqüências de um ato. Procura junto aos adultos, conselhos.

Assimila os padrões da cultura em que vive. É capaz de cortar gravuras de

revistas sem sair muito do contorno. Copia desenhos complexos. Os elogios

também fazem parte dos estímulos; precisa deles para continuar se esforçando.

Já com a crítica, perde o interesse. Lê compreensivamente. Gosta de histórias

reais, pois já não lhe interessam os contos de fadas.

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16

3- METODOLOGIA DE PESQUISA

A importância do hábito da leitura de que tratamos neste trabalho exige uma

pesquisa que traga uma idéia do quanto se considera a leitura como sendo um

fator educacional necessário. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que parte da

idéia de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, e uma

interdependência viva entre o sujeito e a leitura. O conhecimento não se reduz a

um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-

observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta o

fenômeno, atribuindo-lhe um significado.

O questionário será aplicado em uma amostra de 54 adultos, entre pais e

professores de crianças que freqüentam a Educação Infantil. A primeira

pergunta estará voltada a identificar qual a meta educacional pretendida pelos

adultos entrevistados. As outras quatro perguntas estarão voltadas a identificar a

presença da leitura na rotina diária destes adultos.

O questionário (anexo 1) ficou constituído, portanto, das seguintes questões:

1. O que se espera de uma criança, quando for adulta.

2. Se os adultos entrevistados consideram o hábito da leitura, fator

necessário para a formação de sua criança.

3. Que estímulos facilitadores da leitura, os adultos entrevistados estão

dando para suas crianças.

4. Se os adultos entrevistados contam história para suas crianças.

5. Qual a quantidade de livros que os adultos entrevistados lêem por ano. Os

resultados da pesquisa foram registrados em números absolutos,

representantes do TOTAL encontrado em cada alternativa das perguntas

de 1 a 5.

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LEVANTAMENTO DE PERFIL EDUCADORES DE CRIANÇAS COM IDADE INFERIOR A SEIS ANOS.

VOCÊ É PAI ( ) MÂE ( ) PROFESSOR(A) ( )

1. Em sua opinião, o que MAIS se deve esperar de uma criança, quando adulta?

- que ela ajude a melhorar a sociedade ( )

- que ela tenha sucesso e tudo mais que quiser ( )

- que ela se sinta feliz e integrada ao seu mundo ( )

2. O hábito da leitura é necessário para o alcance dessa proposta de vida?

- Sim ( ) - Não ( )

3. A partir de sua experiência, responda SIM (S) ou NÃO (N) às questões abaixo:

• Você, em geral, lê quando está junto de suas crianças? S ( ) N ( )

• Rótulos, listagens, manuais são lidos com suas crianças? S ( ) N ( )

• Notícias de jornais são comentadas com suas crianças? S ( ) N ( )

• As crianças têm acesso fácil aos livros/revistas/jornais? ( ) S ( ) N ( )

• Que textos estão mais ao alcance das crianças?

- livros infantis/ juvenis? ( ) S ( ) N ( )

- livros de artes ( ) S ( ) N ( )

- livros com fotografias de animais, plantas, etc? ( ) S ( ) N ( )

- revistas infantis, gibis ( ) S ( ) N ( )

- nunca pensei nesta questão ( )

• Você leva suas crianças a passeios culturais em:

- parques ( )

- teatros/ concertos musicais ( )

- viagens ( )

- museus ( )

- bibliotecas/ livrarias ( )

- shopping centers ( )

- supermercados ( )

- parque de diversões ( )

4> Quantas vezes na semana você conta histórias para suas crianças?

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) nunca ( ) de vez em quando ( )

5 Quantos livros você, adulto, lê em média por ano?

1 ( ) de 2 a 5 ( ) de 6 a 10 ( ) mais de 10 ( ) nenhum ( )

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Tabela II: Tabulação do questionário

O que espera de uma criança quando for adulta?

Total de cada opção dada pelos

35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

que ela ajude a melhorar a sociedade

14 10 24 > 41%

que ela tenha sucesso e tudo mais que quiser

4 7 11 > 20%

que ela se sinta feliz e integrada ao seu mundo

24 11 35 > 59%

O hábito da leitura é necessário para o alcance dessa proposta de vida?

35 24 59 > 100%

Hábitos relacionados com a leitura?

Você, em geral, lê quando está junto de suas crianças?

31 24 55 > 93%

Rótulos, listagens, manuais são lidos com suas crianças?

18 18 36 > 61%

Notícias de jornais são comentadas com suas crianças?

22 14 36 > 61%

As crianças têm acesso fácil aos livros/revistas/jornais?

29 22 51> 86%

Que textos estão mais ao alcance das crianças?

livros infantis/ juvenis? 27 24 51> 86% livros de artes 7 13 20 > 37% livros com fotografias de animais, plantas, etc?

24 18 42 > 71%

revistas infantis, gibis 20 18 38 > 64% Você leva suas crianças a passeios culturais em:

parques 32 13 45 > 76% teatros/ concertos musicais 16 14 30> 51% viagens 23 4 27 > 46% museus 11 12 23 > 39% bibliotecas/ livrarias 22 8 30> 51% shopping centers 26 0 26 > 44% supermercados 25 2 27 > 46% parque de diversões 23 2 25 > 42% Quantas vezes na semana você conta histórias para suas crianças?

1 4 0 4 > 6,5% 2 3 3 6 > 10% 3 10 3 13 > 22% 4 3 5 8 > 13,5% 5 3 9 12 > 20% 6 2 1 3 > 5% 7 5 3 8 > 15%

nunca 0 0 0% de vez em quando 5 0 5 > 8%

Quantos livros você, adulto, lê em média por ano?

1 9 3 12 > 20% De 2 a 5 9 15 24 > 41%

De 6 a 10 10 3 13 > 22% Mais de 10 4 3 7 > 12%

nenhum 3 0 3 > 5%

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Tabela II – A: O que se espera das crianças quando forem adultas?

O que esperar de uma criança quando for adulta?

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

que ela ajude a melhorar a sociedade

14 10 24 > 41%

que ela tenha sucesso e tudo mais que quiser

4 7 11 > 20%

que ela se sinta feliz e integrada ao seu mundo

24 11 35 > 59%

COMENTÁRIO:

O índice de 20% que identifica uma atitude mais egocêntrica permite concluir

que 80% dos adultos educam para formar pessoas que venham a dar uma

contribuição para o mundo.

Tabela II – B: O hábito da leitura é necessário para o alcance dessa

proposta?

O hábito da leitura é necessário para o alcance dessa proposta de vida?

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

35 24 59 > 100%

COMENTÁRIO:

A pesquisa de campo realizada demonstrou que há uma conscientização da

importância da leitura como fator educacional

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Tabela II – C: Hábitos relacionados à leitura:

Gráfico I Hábitos relacionados a leitura

61%

86%93%

61%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Adulto lêem junto desua crianças

Rótulos, listagens e manuais são lidos comas crianças

Notícia de jornal sãocomentadas com ascrianças

livros, revistas ejornais de fácil acessoas crianças

COMENTÁRIO:

Os adultos entrevistados estão vivendo os estímulos naturais que facilitam o

hábito da leitura.

Hábitos relacionados com a leitura

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

Você, em geral, lê quando está junto de suas crianças?

31 24 55 > 93%

Rótulos, listagens, manuais são lidos com suas crianças?

18 18 36 > 61%

Notícias de jornais são comentadas com suas crianças?

22 14 36 > 61%

As crianças têm acesso fácil aos livros/revistas/jornais?

29 22 51> 86%

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Tabela II – D: Que textos estão mais ao alcance das crianças?

Gráfico II Textos que estão mais ao alcance das crianças

86%

37%

71%64%

0%

20%

40%

60%

80%

100%Livrosinfantis/juvenis

livros de artes

livros de fotografiasde animais, plantase outrosrevistas infantis egibis

COMENTÁRIO:

Livros de arte: o índice de 37% pode revelar: - desconhecimento/desinteresse dos adultos pelo tema “arte” - a crença na incapacidade das crianças para lê-los

Que textos estão mais ao alcance das crianças?

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

livros infantis/ juvenis? livros de artes 27 24 51> 86% livros com fotografias de animais, plantas, etc?

7 13 20 > 37%

revistas infantis, gibis 24 18 42 > 71% 20 18 38 > 64%

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Tabela II–E: Em quais passeios culturais os adultos levam as crianças?

Você leva suas crianças a passeios culturais em:

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59

adultos entrevistados

parques 32 13 45 > 76% teatros/ concertos musicais 16 14 30> 51% viagens 23 4 27 > 46% museus 11 12 23 > 39% bibliotecas/ livrarias 22 8 30> 51% shopping centers 26 0 26 > 44% supermercados 25 2 27 > 46% parque de diversões 23 2 25 > 42%

COMENTÁRIO:

Os índices mostram a grande freqüência nos passeios; a pesquisa, no entanto não foi capaz de identificar se há intenção educacional nesses passeios.

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Tabela II – F: Quantas vezes na semana é contada história para as crianças?

Quantas vezes na semana você conta histórias para suas crianças?

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59 adultos entrevistados

1 2 4 0 4 > 6,5% 3 3 3 6 > 10% 4 10 3 13 > 22% 5 3 5 8 > 13,5% 6 3 9 12 > 20% 7 2 1 3 > 5%

nunca 5 3 8 > 15% de vez em quando 0 0 0%

5 0 5 > 8%

Gráfico III. Quantas vezes por senama é contada história para as crianças

de vez/qdo

1 vez

2 vezes

3 vezes

4 vezes

5 vezes

6 vezes

7 vezes

8%6,5

10%

22%

13,5

20%

5%15%

COMENTÁRIO: Os índices “nunca” - 0% e mais de 3vezes por semana – 83,5%, revelam a importância dada pelos adultos, ao hábito de se contar histórias.

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Tabela II – G: Quantos livros os adultos lêem por ano?

1

De 2 a 5

De 6 a 10

Mais de 10

nenhum

Gráfico IV. Quantos livros os adultos lêem por ano 5%

12% 20%

41%

22%

COMENTÁRIO: O índice de apenas 95% (20% + 41% + 22% + 12%) de pessoas que lêem livros por ano, é compatível com a amostra pesquisada, composta, na sua maioria, por pessoas com nível universitário, além de se haver, na amostra pesquisada, muitos evangélicos que têm por costume a leitura da Bíblia.

Quantos livros você, adulto, lê em média por

ano?

Total de cada opção dada pelos 35pais

Total de cada opção dada pelos 24 professores

Total de resultados encontrados nos 59

adultos entrevistados

1 9 3 12 > 20% De 2 a 5 9 15 24 > 41% De 6 a 10 10 3 13 > 22%

Mais de 10 4 3 7 > 12% nenhum 3 0 3 > 5%

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4- ATITUDES E INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS

SUGERIDAS

A inteligência, capacidade do homem de poder reconhecer o que lhe é bom para sua

realização e evitar o que lhe é ruim é aprofundada em sua habilidade de ler. (Valls,

1989, pág.1)

A média de leitura dos brasileiros é de dois livros por ano, talvez se conseguirmos

aumentar esse número, a sociedade se comunique mais e melhor. (Kuntz, In: Ser

Família, 2007, pág. 20)

Quando educar

Shaffer em seu livro Psicologia do desenvolvimento (2005, pág. 209), afirma que

bebês de 2 a 3 meses de idade são capazes de reter uma informação significativa

por semanas ou mais, respondendo a um estímulo que já conhecem, e que ocorra

nas mesmas circunstâncias em que ocorreu, anteriormente, o mesmo estímulo.

Essa experiência foi feita colocando-se um móbile ao tornozelo do bebê, de

modo que o bebê movia o móbile, com o movimento de sua perna.

Já que os recém – nascidos são capazes de associar seus comportamentos com suas

conseqüências, eles deveriam aprender, logo que possam obter respostas favoráveis de

outras pessoas. Por exemplo, os bebês podem realizar gestos sociáveis como o sorriso

ou balbucio porque descobrem que essa resposta normalmente atrai a atenção e o afeto

de seus cuidadores. (Shaffer, 2005, pág. 209).

No que se refere ao hábito da leitura para bebês, Fabiana Faria (2007), diz:

Até algum tempo atrás, acreditava-se que as crianças só começavam a desenvolver a

capacidade de representação do mundo por volta dos 2 anos de idade. Hoje, ninguém

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mais duvida de que, quanto mais cedo a leitura for introduzida na vida dos pequenos,

melhor,pois isso faz que eles aumentem o vocabulário e passam a se expressar melhor.

Oferecer estímulos com intencionalidade

O ato de educar, definido como sendo “dar a alguém todos os cuidados

necessários ao pleno desenvolvimento de sua personalidade” (Houaiss, 2001),

exige do educador, saber que personalidade quer formar, ou seja, ele deve ter

permanentemente uma intencionalidade prévia para sua ação educativa.

Oferecer estímulos com flexibilidade

A meta proposta neste trabalho foi a de favorecer o hábito para uma leitura

eficaz, capaz de formar e realizar o homem. Os dados levantados na pesquisa

bibliográfica, citados nos dois primeiros capítulos deste trabalho, comprovam a

necessidade da conscientização e utilização de técnicas de aprendizagem

adequadas aos períodos sensitivos do crescimento do cérebro nos primeiros anos

de vida, iniciando-se, o quanto antes, um amplo desenvolvimento das

capacidades potenciais de cada criança. Para tanto, deve-se oferecer e nunca

exigir, uma rica e organizada estimulação que torne possível a cada criança,

segundo suas possibilidades pessoais, atingir seu nível ideal de maturidade

neurológica. Isto facilitará, entre as demais aprendizagens, a leitura significativa

pretendida.

Tem-se que estimular a criança no momento preciso e com o método adequado. Não

podemos cair na armadilha de dizer que a escolaridade deve ser antecipada. Isto é

realmente negativo! Devemos apenas oferecer à criança mais informações, mas, nunca

estruturar sua aprendizagem. Não se podem esquecer as outras dimensões da criança,

atendo-se apenas a dimensão intelectual. Todos os estímulos a serem oferecidos são

meios para alcançar o melhor desenvolvimento possível de cada criança. Para tanto se

devem respeitar os imprevistos que fazem parte da liberdade da criança, agindo-se

sempre com muita flexibilidade. (Valls, 1989, pág.1)

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O princípio sugerido, “oferecer com flexibilidade” opõe-se à idéia de “excessos

de cobrança”, de “exigências precoces”, que podem constranger as crianças e

prejudicar seu aprendizado.

Saber mais para ajudar mais

É importante salientar que esta estimulação não tem por objetivo transformar a

Educação Infantil em um laboratório onde se fabricam “crianças – prodígio”. O

verdadeiro intuito está em disponibilizar meios que proporcionem a cada criança

o desenvolvimento possível de sua capacidade, para que se tornando mais

capacitada, possa contribuir mais. Dentro de um ambiente positivo e alegre,

propõe-se o desenvolvimento pessoal completo abarcando-se os aspectos:

orgânico e intelectual a serviço do aspecto social. O respeito ao ritmo da criança,

a todas as fases de desenvolvimento pelas quais deve passar é fundamental para o

seu amadurecimento global e para sua colaboração adulta na sociedade em que

estiver inserida.

Podemos explicar com clareza para as crianças que quanto mais conhecimento

elas tiverem, mais elas poderão ajudar seus amigos.

Se as crianças entendem que estão aprendendo para ajudar os amigos dentro de

sua capacitação pessoal, elas não terão a angústia própria do medo de errar, pois

não serão cobradas além de suas capacidades, para atender uma satisfação de

orgulho dos pais ou professores.

A rotina

Viver uma rotina é importante para a criança assim ela pode organizar sua fala,

aprendizado e valores. (Barros, In: Jornal da Tarde, 1997, pág. 10)

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Segundo Alcazar (1992), para o desenvolvimento de hábitos saudáveis nas

crianças, deve-se ter bem claro o que se espera dessa criança quando for adulta.

Se esperamos que nossas crianças tenham condições de contribuir para a

sociedade, temos de nos ocupar de criar nelas hábitos da ordem, da sinceridade,

da generosidade e outros que fazem parte da ordem como os hábitos da higiene,

alimentação e sono.

A nutrição

Como condição primeira e indiscutível, tem-se o cuidado com a nutrição da

criança, fator imprescindível ao seu desenvolvimento neurológico. É de grande

responsabilidade do adulto, criar bons hábitos alimentares em suas crianças. O

bom senso será seu melhor guia.

A higiene

A criança desde seu nascimento deve ter, dentro do possível, suas atividades de

higiene com horários programados. Com o tempo, a criança vai adquirindo uma

maior autonomia, acompanhada da supervisão adulta, ao mesmo tempo exigente

e confiante da resposta que a criança é capaz de dar. Não se pode rotular a

criança de preguiçosa, quando ela deixa de cumprir o hábito esperado. É uma boa

sugestão dizer a ela apenas que tínhamos certeza de que ela escovaria os dentes

após o almoço, e que temos certeza de que ela não vai mais esquecer se de fazê-

lo.

O hábito do sono

Dormir e sonhar são fundamentais para a aprendizagem. Durante o sono

profundo, memórias adquiridas em estado de vigília transitam por todo o cérebro

sem a interferência dos sentidos. Elas se alojam enquanto sonhamos. É nesse

momento que os genes, responsáveis pela plasticidade neuronal, são ativados.

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Condições ambientais e pessoais adequadas

Para que as atividades alcancem os objetivos propostos de facilitar a

aprendizagem da leitura, Doman (2004) recomenda:

• O adulto, pai, mãe e professor (a), todos os três devem atuar em harmonia

na formação da criança que têm sob sua responsabilidade, dedicando-lhe o

tempo que for necessário.

• O adulto deve estar bem consigo mesmo, feliz por sua atividade que

beneficia a criança.

• O adulto deve centrar-se na atividade, procurando abstrair-se de seus

problemas pessoais cotidianos.

• Não pode haver interrupções ou interferências.

• O adulto deve tornar a atividade, uma experiência agradável.

• Deve-se criar o “canto de trabalho”.

• Evitar trabalhar, tendo-se ao lado outras crianças brincando, assistindo

T.V. ou fazendo outras atividades recreativas.

• As informações que serão passadas às crianças devem ser claras e

precisas.

• Toda informação apresentada em forma de figura deve ser uma

REPRODUÇÃO FIEL, de um tamanho que permita à criança, distinguir

todos os detalhes.

• Para centralizar a atenção da criança em uma apresentação de fotos de

animais, bandeiras, presidentes de países, e outros, é importante que não

se tenha objetos atrativos em redor como brinquedos ou desenhos do tipo

Disney.

• Uma sessão de informações deve durar no máximo 30 segundos para que

a criança não canse e termine a atividade com a atitude de “quero mais”.

• Todo instante é uma nova oportunidade de se criar mais uma intenção

educativa.

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Autoridade com afeto

O afeto vivenciado por meio do carinho orientador e exigente dá para a criança a

segurança emocional necessária à recepção e incorporação da aprendizagem.

Vale esclarecer o termo autoridade, como sendo a atitude voltada ao crescimento

da criança enquanto o autoritarismo, que deve ser evitado, é a intervenção

centrada nos interesses particulares do adulto com prejuízo para o educando. O

medo de ser reprovado pelo adulto pode bloquear as sinapses neurológicas,

impedindo a formação de novos conhecimentos. Por outro lado, a autoridade

verdadeira, que quer o melhor para a criança, quando é necessário, coloca limites

aos comportamentos que podem prejudicar a educação da criança.

Faustino e Florentino Rodao Cuenca, em seu livro “Como desenvolver a

psicomotricidade da criança” (1984), salientam o caráter decisivo da participação

da família na Educação, o que torna, por meio de sua natural relação afetuosa, a

assimilação das atividades, mais fácil e alegre.

Contar história

Os contos de fada, as histórias infantis, assim como as histórias de família

vividas e contadas pelos pais, avós, são um vínculo afetivo de grande

importância. O “contar histórias” deve ser incluído na rotina diária, pois contribui

para a estabilidade emocional da criança.

A emoção

Sabe-se que a emoção, como conjunto de reações químicas e neurais causadoras

de profundas mudanças no corpo e na mente, causa a liberação de

neurotransmissores acelerando os circuitos cerebrais e conseqüentemente

facilitando a armazenagem de informações.

Emoção vem do latim, motio, assim como movimento, e significa “agitação de

sentimentos”. Além de provocar alterações nos músculos, na cor da pele e nos

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batimentos cardíacos, situações emocionantes ativam o cérebro, estimulando a

ação. Ocorre então a liberação de neurotransmissores. Com isso, os circuitos

cerebrais ficam mais rápidos, facilitando o armazenamento de informações e

resgate das que estão guardadas.

Nunca ignorar a criança

Para o desenvolvimento da inteligência lingüística, Manglano (2007, pág.25)

recomenda dar atenção aos bebês com idade inferior a 5 meses com as atitudes:

• Atender ao choro que é a forma de comunicação dos bebês

• Acalmá-lo com palavras

• Repetir os sons emitidos pelo bebê, com alegria.

Quando começam a utilizar palavras, Manglano (2007) recomenda as atitudes:

• Responder às suas palavras

• Usar um vocabulário correto

• Fazer perguntas curtas

• Expor as outras línguas, separadamente.

Desde os nossos primeiros contatos com o mundo, percebemos o calor e o aconchego

de um berço diferentemente das mesmas sensações provocadas pelos braços

carinhosos que nos enlaçam. A luz excessiva nos irrita, enquanto a penumbra

tranqüiliza. O som estridente ou um grito nos assustam, mas a canção de ninar embala

nosso sono. Uma superfície áspera nos desagrada, no entanto o toque macio de mãos

ou de um pano como que se integram a nossa pele.E o cheiro do peito e a pulsação de

quem nos amamenta ou abraça podem ser convites à satisfação ou ao rechaço.

Começamos assim a compreender, a dar sentido ao que nos cerca. Esses também são

os primeiros passos para aprender a ler. (Martins, 1998, pág. 11)

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Aumentar a leitura de mundo

Com base no princípio de Paulo Freire (In: Martins, 1998, pág.10), que entende a

leitura da palavra decorrente da leitura de mundo, o adulto pode, com

intencionalidade educativa, incluir em sua rotina as atividades:

• Ler quando está junto de suas crianças

• Ler com as crianças, rótulos, listagens e manuais.

• Comentar notícias de jornais

• Manter ao alcance das crianças:

livros infantis

livros de artes

livros com fotos de animais, plantas, e outros

revistas infantis

• Levar as crianças as passeios culturais em parques, teatros, concertos

musicais, viagens, bibliotecas, livrarias, feiras livres, supermercados, entre

outros.

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Bits de inteligência

Uma atividade enriquecedora da leitura de mundo é a apresentação dos “bits de

inteligência”, idealizados por Glenn Doman (2004).

Entende-se que é possível ampliar o mundo em que uma criança está inserida, se

apresentarmos a ela fatos e fotos de diversas realidades. Doman (id) acredita que

a apresentação de figuras de uma mesma categoria, por exemplo, raça de cães ou

bandeiras de países americanos ou qualquer outro tema, se apresentados em uma

mesma atividade, podem inclusive desenvolver a capacidade de abstração da

criança e, conseqüente, aplicação em outras imagens da mesma categoria,

ampliando ainda mais a sua leitura de mundo.

Os Bits de Inteligência são imagens claras e objetivas de informações de um

determinado tema. Cada imagem é afixada em uma cartolina branca de 30 cm².

No verso da cartolina coloca-se o nome e alguns dados da respectiva imagem.

Recomenda-se que seja apresentada uma quantia de 8 a 12 imagens de um tema,

três vezes ao dia, por 15 dias. A cada 15 dias troca-se o tema, recomeçando com

novas imagens. (em anexo, modelos de Bits de inteligência)

Bits de palavras

As crianças podem ver “palavras” como sendo “imagens”. É comum vermos

crianças “lerem” logotipos como Mc Donald, Cebolinha, Fiat entre outros.

Seguindo essa idéia, Doman (id) recomenda os Bits de palavras que são temas

compostos por 5 palavras de mesma categoria, como o exemplo composto pelas

palavras que representam os membros de uma família: pai, mãe, irmão, tia, avô.

Ao colocarmos os Bits de palavras junto ao objeto que representa, permitimos à

criança a familiarização com o “desenho” da palavra, facilitando a sua leitura.

Os Bits de palavras são confeccionados em cartolinas brancas de 50 cm X 15

cm, com letras de cor vermelha, de 7cm de altura. Da mesma maneira, sugere

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que se apresentem à criança as 5 palavras, três vezes ao dia, por 15 dias. A cada

15 dias troca-se o tema das palavras. (em anexo, modelos de Bits de palavras)

Exercícios de psicomotricidade

Os desenvolvimentos físico e intelectual estão intimamente ligados. Quanto

melhor forem as capacidades motoras da criança, maior será seu

desenvolvimento neurológico.

A partir de estudos sobre desenvolvimento neuro-motor, realizados por Doman

(2004) por mais de dez anos em vários continentes, ele chegou às seguintes

conclusões:

• A causa de problemas de leitura, na grande maioria das vezes está em uma

deficiência de exercícios motores.

• A convergência visual necessária para o aprendizado da leitura é formada

nos exercícios de engatinhar e braquear.

• A lateralidade é estimulada com exercícios de rastear.

• Os exercícios aeróbicos desenvolvem a capacidade pulmonar necessária

ao fornecimento de oxigênio ao cérebro que consome 35% do oxigênio

apreendido na respiração. (Doman, 2004)

Descrição dos exercícios recomendados

a) Braquear

A braqueação é feita com o auxílio de uma escada em posição horizontal, em

que a criança faz o movimento do pêndulo. O adulto pode ajudar ficando na

frente ou atrás dela, segurando-a na cintura, favorecendo a transposição

alternada das mãos durante o andar pelos degraus, indo-se de uma ponta a outra

ponta da escada.

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Para uma maior eficácia do exercício, recomenda-se:

• O acompanhante da criança deve colocar a escada um palmo acima de sua

cabeça. Para o uso independente da criança, a escada horizontal deve ser

colocada de modo que a criança a alcance na ponta dos pés.

• Acompanhe a criança, com entusiasmo.

• Segure a criança pela cintura; nunca pelos pés ou pernas.

• Balance a criança para frente e para trás, ajudando o impulso.

• Para os bebês até os seis meses de idade, recomenda-se oferecer os dedos

indicadores do adulto para que os segurem com suas mãozinhas.

b) Caminhar:

Recomenda-se que este exercício:

• Seja feito sobre uma passarela, banco sueco ou traço delineado no chão.

• O dedo indicador direito aponte para a ponta do pé esquerdo e vice –

versa.

c) Correr:

Para uma programação de corridas eficaz, orienta-se que:

• Caminhe e corra com a criança, sempre no mesmo local.

• Corra devagar, sem parar.

• Durante a corrida, cante, brinque e encoraje.

• Corra no mínimo, três vezes por semana.

• Use roupas e calçados adequados.

d) Engatinhar:

Para um engatinhar eficaz sugere-se que:

• A criança mantenha a cabeça um tanto levantada, olhando para frente.

• Alterne os movimentos de braços e pernas.

• Arraste suavemente o peito do pé, tocando-o no chão.

• A distância entre os joelhos seja de um palmo da mão da própria criança.

• Não force

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e) Nadar:

Para um bebê, o programa de natação pode começar na banheira. Diariamente

entrar com o bebê e brincar na água. Nos dois primeiros meses de vida a criança

mantém os reflexos respiratórios intra-uterinos, mergulhando tranqüilamente.

É um esporte para toda a vida.

f) Equilibrar:

Além das atividades citadas, recomenda-se para o desenvolvimento do

equilíbrio físico os exercícios de::

• Cambalhota

• Rolar sobre si mesmo

• Andar sobre uma muro baixo, trava, banco ou traçado no chão

• Subir em árvores

• Pular de diferentes formas

• Girar, balançar

• Chutar bola

• Ginástica olímpica

• Boliche

Pode-se dizer que o Boliche trata-se de um esporte completo, porque ele proporciona

um “fechamento” das partes cognitivas, emotivas e motrizes, do bolichista. Além do

eu com a prática do Boliche, pode se melhorar o desempenho das estruturas

psicomotoras de base, através de um bom trabalho de esquema corporal, visando

melhorar habilidades manuais, de leitura e de escrita. A lateralidade é outro aspecto

para qual o Boliche pode contribuir, pois, pelas próprias características do jogo

ajuda a criança a ir percebendo a diferença entre direita e esquerda, o que também a

irá ajudar a reconhecer a ordem em um quadro e a seguir corretamente a direção

gráfica, fundamental às atividades de leitura. Com o jogo de Boliche, pode-se fazer a

criança perceber posições, direções, distâncias, tamanho, o movimento e a forma dos

corpos, enfim contribuindo para o desenvolvimento da estruturação espacial da

criança.O Boliche torna-se um facilitador da aprendizagem a medida que estimula o

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desenvolvimento da orientação temporal e espacial e da percepção espacial,

elementos fundamentais no dia-a dia da criança na busca da construção de

conhecimentos, desenvolvendo habilidades que auxiliam, por exemplo no processo de

aquisição de leitura e escrita, utilizadas pela criança para ordenar elementos de uma

silaba, construí fases (Cardoso 2007, pág. 1)

Pode-se variar o tempo dedicado a cada exercício, recomendando-se que o

tempo total não seja inferior a 15 minutos diários. Integrar diferentes exercícios

em uma única atividade, torna-os mais atrativos. Esses exercícios podem ser

realizados em parques ou jardins utilizando-se de recursos naturais, ou ainda

dentro de ambientes utilizando-se bancos, mesas. A princípio, é suficiente

oferecer um modelo com clareza, e deixar a criança tentar imitá-lo, sem

preocupação com o período de tempo transcorrido. Dia a dia pode - se aumentar

o período de exercícios. Mais importante do que a quantidade de tempo

dedicado, é a freqüência com que são realizados. SEMPRE sem forçar e com

muita alegria!

Brincadeiras

É importante salientar a imperiosa necessidade de se proporcionar às crianças

uma infância sem atropelos onde haja, ao lado das atividades sugeridas, sempre

um tempo também para brincar, tempo este essencial ao bom desenvolvimento

emocional e intelectual, uma vez que as crianças têm a oportunidade de

espontaneamente expor sua personalidade, emoções e fantasias.

Para a educadora e psicopedagoga Silvia Amaral (outubro de 2006, pág. F6) até

os seis anos, estar matriculado em uma boa escola é mais do que suficiente. O

tempo livre é imperativo nesta fase. “Tudo o que aprendem, é vivenciado através

da brincadeira”. É nessa hora que a criança pode fantasiar criar, expor sua

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personalidade e até colocar emoções para fora. Segundo a autora, isto também

estimula um desenvolvimento mais sadio emocionalmente.

O exemplo

A educação se faz pelo exemplo. É assistindo ao pai como ele é que se constrói para

os filhos um modelo. Modelo não significa “clone”. Não se deseja que o filho seja

igual ao pai. Modelo significa critérios que favoreçam um sistema de orientação.

(Reginato, In: revista “Ser Família”, 2007, pág. 30)

Em um lar onde se valoriza a leitura, no qual se tem um acesso fácil aos livros,

com cantos de leitura, onde há comentários de textos lidos, e se vêem os pais

estudando ou optando pela leitura como meio de lazer, com certeza é oferecido

às crianças o prazer pelos textos. No depoimento da Dra. Iscia Lopes Cendes,

médica geneticista, professora da UNICAMP, esta diz:

“Para ser um bom cientista, ajuda muito ter crescido em um lar em que o estudo é

valorizado e o acesso ao conhecimento seja valorizado.” (In: revista VEJA, 11/10/06,

pág. 91)

Clube de alfabetização

Termo dado por Frank Smith (1999) para designar o ambiente natural de leitura

em que a criança, que se sabe incluída, desenvolve-se como leitor mais

facilmente. Para Smith, “saber-se incluída” no clube de alfabetização, significa

perceber-se membro de um grupo, que tendo como interesse comum a

linguagem escrita, faz com que a criança respeite e se inclua como mais um

potencial leitor eficaz. A existência de ”pistas” possibilita a inferência da leitura.

A autora Meira Cavalcante (março de 2006, pág. 29) diz que “nas escolas em

que circulam diversos tipos de textos, como livros, jornais e revistas, os alunos

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lêem e escrevem mais rapidamente e se tornam capazes de buscar as

informações de que necessitam”. Essa autora também nos fala que “faz sentido

oferecer textos a estudantes não alfabetizados, como canções, poesia e parlendas

que são úteis para se chegar à incrível magia de “a criança ler, sem saber ler”.

Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que

formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como foi

feito. Se o alunos sabem que o título é Atirei o Pau no Gato, eles tentam ler e

verificar o que está escrito com base sobre as letras e as palavras sempre

acompanhados pelo educador. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de

conhecer o título do texto, sua forma, veículo de informação (revista jornal,

livro, etc) e as figuras que o acompanham para imaginar o tema. Um exemplo é

o de uma pessoa que desconheça a língua alemã, tentar ler um jornal alemão que

nunca foi visto. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível “ler”. Se há

uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz - se que a reportagem é

sobre acidente. Ao mostrar várias formas de textos, o educador permite à criança

conhecer os aspectos de cada tipo de leitura e as pistas que trazem sobre o

conteúdo. Assim, se é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para

a qualidade da leitura“

Uso intencional da televisão

Cada instante que se tem com uma criança, é uma nova oportunidade para se ter

uma nova intencionalidade educativa ao alcance de sua educação. Portanto, o

tempo que se tem para ver programas na televisão também é um tempo que deve

ser utilizado para educar. Para tanto, é interessante que sempre que possível os

adultos assistam aos programas fazendo companhia para suas crianças, e façam

comentários sobre as possíveis leituras das imagens apresentadas.

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De todas as atividades e atitudes sugeridas, Manglano (2007, pág.26) lista os

princípios que regem a estimulação infantil:

• Alegria, alegria e alegria.

• Parar antes da criança querer parar

• Passar sempre novas informações

• Seguir o interesse da criança

• Nunca testar

• Nunca forçar

• Confiar na capacidade da criança

• Elogiar e vibrar com a criança

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CONCLUSÃO

Depois de considerar o que é leitura, quem é a criança de que estamos tratando,

a minha pesquisa demonstrou um aumento na conscientização da importância da

leitura como fator educacional. A pesquisa revelou também que as pessoas

entrevistadas estão vivendo os estímulos naturais, que facilitam o hábito da

leitura.

Este resultado, por ser uma amostra muito pequena, realizada basicamente na

região centro – sul da cidade de São Paulo, entre pessoas de nível universitário e

maiores recursos culturais, contraria a visão negativa atribuída à realidade

educacional brasileira, citada na introdução do trabalho. Assim sendo, entendo

que o questionário teve, para os adultos pesquisados, o papel de recordar e

fortalecer a importância do hábito da leitura na educação, e por meio das

perguntas realizadas, sugerir uma maior intenção educativa para os

comportamentos questionados.

Desta forma, o desenvolvimento desta pesquisa contribuiu com os objetivos

propostos neste trabalho, bem como procurou alertar e dar sugestões de

comportamentos para o desenvolvimento do hábito da leitura.

A intenção educativa só pode existir se o adulto responsável pela educação de

sua criança tem uma meta definida. Somente um “para quê” educar, justifica o

como educar.

Como nos adverte Viktor Frankl, aquele que tem um sentido para a vida consegue

encontrar forças para ir ao encontro e superar-se(...) Seguem o velho ditado:”quando

existir um porquê, encontrará um como.” (Reginato, In Ser Família”, nº 6, pág 20)

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A análise dos dados revelou que quando questionados, todos os adultos colocam

uma expectativa para suas crianças quando forem adultas. Fica a pergunta: “Se

não é colocada esta questão por terceiros, os adultos terão uma meta educacional

para suas crianças?”.

Mais uma vez entendo que o questionário contribuiu como alerta a esta

necessidade na Educação. Se o adulto sabe a personalidade que pretende formar,

reconhece a importância da leitura textual nesta formação, conscientiza-se das

atitudes e atividades que facilitam o hábito da leitura e, acredita na enorme

capacidade de aprendizagem nos primeiros anos de vida, a Educação, ciência

responsável pela formação humana, certamente intensificará a responsabilidade

das pessoas pelo mundo que têm a sua volta.

Aprender a ler é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto,

não em uma manipulação mecânica de palavras, mas em uma relação dinâmica que

vincula linguagem e realidade. (Freire, 2003, pg.8)

Espero com estas idéias ter contribuído para uma reflexão sobre a formação

infantil, ajudando assim o educador em uma ação que facilite às crianças se

realizarem e serem felizes.

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ANEXOS

Bits de Inteligência

AIREDALE TERRIER

FIGU

raças de cães

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HUSKY SIBERIANO

DALMATA

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GOLDEN RETRIEVER

OLD ENGLISH SHEEPDOG

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Bits de Palavras

mamã

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50

irmão