a implantaÇÃo da contribuiÇÃo para custeio de … · 2 universidade candido mendes...

50
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO/RJ Por: Danieber Marchiori Müller Orientador: Professor Dr. Francis Rajzman Rio de Janeiro/RJ 2010

Upload: lynhi

Post on 21-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO

DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO

MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ

Por Danieber Marchiori Muumlller

Orientador

Professor Dr Francis Rajzman

Rio de JaneiroRJ

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO

DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO

MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito

Empresarial e dos Negoacutecios

Por Danieber Marchiori Muumlller

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir

aperfeiccediloamento constante

Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me

incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-

Graduaccedilatildeo

Agradeccedilo aos professores deste curso que com

dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir

conhecimento aos seus educandos em especial

ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem

foi meu orientador na presente monografia

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito

Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori

que faleceram recentemente e natildeo puderam me

ver concluindo este curso mas sempre torceram

por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo

felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando

neste plano

5

RESUMO

Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma

objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa

de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional

O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os

aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave

apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz

respeito agrave Doutrina

Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao

condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de

um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da

concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso

do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa

linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito

de questionar o valor da mediccedilatildeo

Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta

localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as

razotildees que lhes assistem

Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer

ameaccedila de lesatildeo a direitos

Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia

disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam

ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta

natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como

natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 2: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO

DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO

MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito

Empresarial e dos Negoacutecios

Por Danieber Marchiori Muumlller

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir

aperfeiccediloamento constante

Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me

incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-

Graduaccedilatildeo

Agradeccedilo aos professores deste curso que com

dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir

conhecimento aos seus educandos em especial

ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem

foi meu orientador na presente monografia

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito

Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori

que faleceram recentemente e natildeo puderam me

ver concluindo este curso mas sempre torceram

por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo

felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando

neste plano

5

RESUMO

Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma

objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa

de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional

O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os

aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave

apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz

respeito agrave Doutrina

Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao

condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de

um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da

concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso

do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa

linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito

de questionar o valor da mediccedilatildeo

Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta

localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as

razotildees que lhes assistem

Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer

ameaccedila de lesatildeo a direitos

Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia

disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam

ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta

natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como

natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 3: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir

aperfeiccediloamento constante

Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me

incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-

Graduaccedilatildeo

Agradeccedilo aos professores deste curso que com

dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir

conhecimento aos seus educandos em especial

ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem

foi meu orientador na presente monografia

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito

Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori

que faleceram recentemente e natildeo puderam me

ver concluindo este curso mas sempre torceram

por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo

felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando

neste plano

5

RESUMO

Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma

objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa

de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional

O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os

aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave

apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz

respeito agrave Doutrina

Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao

condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de

um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da

concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso

do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa

linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito

de questionar o valor da mediccedilatildeo

Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta

localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as

razotildees que lhes assistem

Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer

ameaccedila de lesatildeo a direitos

Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia

disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam

ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta

natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como

natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 4: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito

Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori

que faleceram recentemente e natildeo puderam me

ver concluindo este curso mas sempre torceram

por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo

felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando

neste plano

5

RESUMO

Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma

objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa

de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional

O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os

aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave

apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz

respeito agrave Doutrina

Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao

condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de

um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da

concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso

do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa

linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito

de questionar o valor da mediccedilatildeo

Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta

localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as

razotildees que lhes assistem

Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer

ameaccedila de lesatildeo a direitos

Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia

disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam

ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta

natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como

natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 5: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

5

RESUMO

Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma

objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa

de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional

O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os

aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave

apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz

respeito agrave Doutrina

Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao

condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de

um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da

concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso

do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa

linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito

de questionar o valor da mediccedilatildeo

Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta

localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as

razotildees que lhes assistem

Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer

ameaccedila de lesatildeo a direitos

Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia

disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam

ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta

natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como

natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 6: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um

levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o

tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em

revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites

especializados

Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios

brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 7: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP 09

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO

QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32

CONCLUSAtildeO 46

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 8: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

8

INTRODUCcedilAtildeO

O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada

a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo

O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta

Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do

Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de

cobranccedila

Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)

que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos

municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados

os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda

Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A

na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem

discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida

contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela

justiccedila

Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a

inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem

como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem

Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo

e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional

Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o

assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser

efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de

inconstitucionalidade

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 9: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

9

Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O

ENQUADRAMENTO DA COSIP

De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria

compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo

constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada

O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as

necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem

tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias

constitucionais

Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes

do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou

natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria

Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem

constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se

confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo

deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado

enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade

de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do

ordenamento

O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios

Tributaacuterios sendo estes 1

Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria

determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute

as normas gerais de direito tributaacuterio)

1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 10: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

10

Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute

proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de

ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da

denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)

Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores

ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou

aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)

Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo

exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)

Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de

decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)

Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de

confisco)

Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de

tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de

pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais

ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo

Poder Puacuteblico)

A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das

balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem

Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional

Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas

cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas

Impostos (art 145 I CF 16 CTN)

Taxas (art 145 II CF 77 CTN)

Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)

Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148

CF) e

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 11: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

11

Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)

Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute

normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees

por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica

apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por

diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada

Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos

princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que

formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a

roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio

do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria

enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees

espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz

Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal

poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das

respectivas leis para o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art

150 I e III

Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da

contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de

consumo de energia eleacutetrica

Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-

generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar

a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas

essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais

partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo

bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que

deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo

Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo

para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com

as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 12: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

12

denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie

tributaacuteria

Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja

obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer

atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte

Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica

especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo

sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente

formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo

Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato

gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e

pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da

doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem

classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra

inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da

obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como

fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao

ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um

procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato

gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o

quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito

tributaacuterio

A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como

uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as

trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees

sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo

ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como

estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees

elencadas inicialmente no art 149 da CF

As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e

contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 13: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

13

seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio

educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo

no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias

profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo

que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial

Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo

vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no

desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral

acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que

passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)

Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal

provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo

Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo

especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o

beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se

a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute

diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo

A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa

municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade

aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de

contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre

valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo

Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui

obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada

que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do

imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a

constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois

momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e

o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-

se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de

postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 14: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

14

localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia

de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior

natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma

rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo

prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no

conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada

como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute

uma contribuiccedilatildeo social

A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como

sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito

tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo

proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica

A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo

(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam

aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o

texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais

tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece

constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo

dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis

limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos

discriminados no texto constitucional

Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que

em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua

identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos

da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que

permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e

criteacuterio temporal

A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um

custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato

gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que

defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 15: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

15

serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a

disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila

Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por

constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um

complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A

expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na

maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou

juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de

cada Municiacutepio

Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da

Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio

Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as

contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o

Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de

tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos

compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)

cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos

argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza

juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou

contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como

verdadeiro imposto

Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e

que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do

contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do

Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos

eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio

de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais

circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas

das esferas dos particulares

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 16: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

16

Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem

aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o

entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo

divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente

entre o ente puacuteblico e o contribuinte

A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o

momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma

hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o

exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm

Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute

paga juntamente com a fatura mensal de energia

eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser

firmado entre o Municiacutepio e a empresa

concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica

titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia

no territoacuterio do Municiacutepio

O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce

atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo

de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo

apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou

ao Distrito Federal

O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo

deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser

maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao

estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na

forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma

percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 17: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

17

No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo

da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento

A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio

do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e

logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em

funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias

servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2

A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma

contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das

espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser

a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies

previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma

espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal

2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 18: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

18

Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E

HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear

uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade

A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu

art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por

objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no

periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles

que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3

Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como

iluminaccedilatildeo puacuteblica como o

ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo

de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens

subterracircneas jardins vias estradas passarelas

abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e

outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso

comum e livre acesso de responsabilidade de

pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta

delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo

incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de

monumentos fachadas fontes luminosas e obras

de arte de valor historio cultural ou ambiental

localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por

meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o

fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por

objetivo qualquer forma de propaganda ou

publicidaderdquo

Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e

turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem

3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 19: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

19

seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a

circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas

e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso

Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno

dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos

casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis

estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas

noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes

entre outros

Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e

controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso

das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos

vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as

despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que

se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo

vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do

gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo

Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de

1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do

Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de

despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4

A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de

certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores

elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo

orccedilamental

Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo

suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos

municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os

recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo

4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 20: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

20

capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande

interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo

do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de

ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos

Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo

constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo

iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave

vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)

As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como

pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o

municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG

(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de

muitos outros municiacutepios brasileiros

A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a

inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo

limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada

por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida

pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a

cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU

estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o

mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada

inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em

razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza

do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ

Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual

tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo

HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a

inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 21: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

21

acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras

legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse

apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo

que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5

segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado

mediante taxa

Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as

receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo

puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos

prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser

debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos

decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual

adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros

impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila

da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo

expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga

tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o

porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos

tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas

cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade

dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente

utilizados

As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa

com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua

constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder

Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa

percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme

enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo

5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 22: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

22

fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao

contribuinte

Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos

Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios

no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm

como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de

poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de

serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao

contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de

caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que

correspondam a imposto nem ser calculada em

funccedilatildeo do capital das empresas

Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um

serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao

contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o

tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo

puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a

taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a

inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos

municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a

decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos

Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional

nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio

do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi

ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo

impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e

tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente

dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo

ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o

art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 23: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

23

reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo

de sua impossibilidade

Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo

emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo

especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa

incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de

Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC

2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos

Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo

(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A

Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo

instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas

leis para o custeio dos seguintes serviccedilos

puacuteblicos observado o disposto no art 150 III

I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica

II ndash Limpeza de vias e demais logradouros

puacuteblicos municipais

III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias

puacuteblicas municipais

sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios

diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo

sua capacidade contributiva aferida mediante o

emprego isolado ou combinado de indicadores

como renda pessoal receita bruta valor do bem

ou do capital montante do consumo

sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo

referida no inciso I na fatura de consumo de

energia eleacutetrica

Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara

dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145

da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das

criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 24: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

24

Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos

de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos

Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico

natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo

eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito

democraacutetico de querer decretar com um golpe de

texto legislativo soacute para contrariar a postura

paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade

fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo

legal

Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel

com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso

procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente

que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem

prejudique a ordem juriacutedica

Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200

indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-

se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de

atingir seu objetivo essencial que eacute o

financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Outra dificuldade suplementar se agiganta na

segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200

que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em

favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a

taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto

Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial

de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode

comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a

admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria

brasileira

Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar

todo esse mal Se eacute para criar um tributo

qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um

serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador

possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute

a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 25: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

25

desgaste para explodir os limites da figura da

taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o

momento reconhecer que isso pelo que se anseia

eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como

construir uma sede constitucional legiacutetima para

essa contribuiccedilatildeo que se procura6

A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na

Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de

dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60

sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com

o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na

arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade

de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao

Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta

reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a

PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no

Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados

(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18

de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi

publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002

Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com

seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que

se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois

turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no

mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos

Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a

tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua

votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada

ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para

as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a

6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 26: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

26

segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez

nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na

doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda

Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo

constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria

Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a

proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se

obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o

Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg

que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois

turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo

que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro

e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos

Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a

dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de

primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da

mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto

originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF

tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas

Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo

de inconstitucionalidade formal do tributo

Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC

5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas

desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto

em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de

trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se

manifestou a respeito

Importante destacar que o Poder

Constituinte Originaacuterio criou procedimento

rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas

constitucionais justamente com o intuito de natildeo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 27: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

27

permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de

caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem

que a sociedade discuta atraveacutes de seus

representantes de forma mais abrangente e

racional a mudanccedila que eacute proposta no texto

Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo

legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo

da emenda constitucional ora hostilizada que

houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()

Depreende-se clariacutessima a regra ao

estabelecer que a proposta de emenda

constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos

em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo

basta que o projeto seja votado e aprovado em

dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas

discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria

analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo

o processo legislativo possa ser considerado

respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma

constitucional que eacute imprescindiacutevel que a

proposta de emenda seja discutida em duas

oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa

tendo como objetivo principal propiciar que a

mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais

completa possiacutevel observando-se portanto a

inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da

composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e

lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional

eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante

processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de

que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma

interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a

serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in

lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed

Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e

inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo

em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 28: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

28

()

Ou seja a norma regimental estaacute em

manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute

que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees

Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva

agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar

Todavia ao analisarmos a processo legislativo da

Proposta de Emenda Constitucional 392002

verifica-se que esta ao ser encaminhada para a

Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de

forma correta pelo Senado Federal foi levada para

primeira discussatildeo e consequentemente primeira

votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de

11 de dezembro de 2002 praticamente no

anteveacutespera do recesso legislativo constitucional

que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta

primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda

a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a

exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto

ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos

municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta

de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi

retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de

dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e

apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados

Federais foi aprovada em primeiro turno A partir

de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao

Regimento Interno da referida casa legislativa e

por corolaacuterio ao texto constitucional

A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo

(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara

Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi

aprovada em primeiro turno mais precisamente

meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro

turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de

segundo turno foram realizadas na mesma data

(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa

Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 29: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

29

primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum

qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi

justamente o que aconteceu jaacute que o segundo

turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados

no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para

a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo

existiram as duas discussotildees previstas na Carta

Magna quebrando de forma manifesta o

procedimento exigido pela regra solene (sect2 do

artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma

natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos

se a proposta fora votada duas vezes na mesma

sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo

foi observada e por conseguinte foi violado o

processo legislativo constitucional padecendo o

ato normativo portanto de gritante

inconstitucionalidade

()7

Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes

que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII

Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir

serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo

de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo

frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda

Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de

consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos

Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do

Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo

uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila

da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional

Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute

novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios

7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 30: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

30

instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute

inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por

exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm

instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a

Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito

passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo

Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou

projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua

conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$

9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria

investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de

material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais

de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80

quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40

mil clientes da induacutestria e do comeacutercio

A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto

14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio

Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a

COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz

que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os

consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de

80kWh

Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos

muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma

iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo

Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma

das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute

cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta

distorccedilatildeordquo

A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees

e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 31: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

31

No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste

tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao

concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do

tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa

de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica

que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos

termos do convecircnio a ser firmado

Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro

arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres

municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido

diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora

Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa

e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos

como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais

O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em

uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que

instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo

sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo

diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos

demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que

institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 32: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

32

Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP

Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as

vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como

serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois

satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da

doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os

ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos

Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem

usuaacuterios determinados como os de poliacutecia

iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa

espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se

indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que

se erijam em direito subjetivo individual de

qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou

privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu

bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser

mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por

taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do

usuaacuterio)8

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os

visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta

naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade

assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento

de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma

de taxa a divisibilidade

Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de

vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com

reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc

8 MEIRELLES Paacuteg 321

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 33: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

33

Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II

os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos

autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo

divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de

cada um dos seus usuaacuterios

Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si

soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes

contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao

desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de

causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade

Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos

criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam

obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria

abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a

coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada

em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta

O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero

determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa

sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos

logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma

regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo

dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada

Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-

00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio

PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo

Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo

puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de

interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se

identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 34: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

34

Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de

cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica

que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que

foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de

mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial

Recurso bem processado e contra-arrazoado E o

relatoacuterio

A apelante tem por escopo o reconhecimento

da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a

cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda

constitucional 392002 que legitimou a

contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o

desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo

monocraacutetica ao natildeo reconhecer a

inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial

Senatildeo vejamos

O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal

introduzido pela Emenda 3902 atribui

competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal

para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o

disposto em seu art 1501 e III De ponderar

contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao

conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo

vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade

a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a

convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o

custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na

verdade a natureza juriacutedica de imposto

Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo

de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da

espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna

Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como

espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo

constitucional especificamente estabelecida para

o custeio de determinada atividade estatal

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 35: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

35

especificamente referida a uma categoria ou grupo

de pessoas que provoca a sua necessidade ou

dela obtecircm especial proveito e b) tem como

contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou

grupo de pessoas que provoca a necessidade de

agir estatal ou dele obteacutem proveito

Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute

de ter finalidade constitucionalmente estabelecida

natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela

provenientes devem ser destinados ao

financiamento de uma atividade estatal indicada

na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter

todas as atividades estatais custeadas mediante

contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os

impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema

constitucional tributaacuterio

Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade

conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a

espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo

Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda

Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as

caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute

entatildeo o constituinte reformador substituir todos

os impostos por contribuiccedilotildees contornando

assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo

poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem

obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao

exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo

poderia assim aos poucos destruir todas as

garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo

contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da

Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo

volume I paacuteginas 4648)

De sorte que natildeo obstante os argumentos

expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno

processual a incompatibilidade entre a natureza

juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 36: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

36

tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo

calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que

tudo indica destina-se ao custeio de atividade de

interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o

princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II

da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida

contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades

autocircnomas independendo de o contribuinte

efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica

Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade

da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio

de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de

prequestionamento observo que essa decisatildeo

natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal

Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso

reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da

contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente

o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando

a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente

pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada

desembolso acrescidos de juros de mora na base

de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em

julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a

parte vencida com custas despesas processuais

e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10

sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo

O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente

finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia

da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar

quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado

Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando

verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo

tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo

durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 37: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

37

O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se

pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos

recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da

seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para

higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do

turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e

logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre

outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de

tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos

provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional

primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em

segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo

a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF

Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio

das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica

Art 1679 Satildeo vedados

IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo

fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do

produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se

referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de

recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do

ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da

administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado

respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37

XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de

creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no

art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste

artigo

Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a

obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que

sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 38: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

38

puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo

estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios

a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V

CF Art 30 Compete aos Municiacutepios

I - legislar sobre assuntos de interesse local

II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual

no que couber

III - instituir e arrecadar os tributos de sua

competecircncia bem como aplicar suas rendas sem

prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e

publicar balancetes nos prazos fixados em lei

IV - criar organizar e suprimir distritos observada

a legislaccedilatildeo estadual

V - organizar e prestar diretamente ou sob regime

de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos

de interesse local incluiacutedo o de transporte

coletivo que tem caraacuteter essencial

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

preacute-escolar e de ensino fundamental

VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira

da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo

infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada

pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)

VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e

financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de

atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo

VIII - promover no que couber adequado

ordenamento territorial mediante planejamento e

controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo

do solo urbano

IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-

cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo

fiscalizadora federal e estadual

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 39: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

39

Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida

pelo Poder Legislativo Municipal mediante

controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo Municipal na forma da

lei

sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute

exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas

dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos

ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde

houver

sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo

competente sobre as contas que o Prefeito deve

anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por

decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara

Municipal

sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante

sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de

qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o

qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos

termos da lei

sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos

ou oacutergatildeos de Contas Municipais

Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute

Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da

COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio

Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de

custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade

sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio

Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os

preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o

tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas

principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um

serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma

justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 40: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

40

acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS

gerando dessa forma bitributaccedilatildeo

Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de

inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da

iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo

de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art

149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm

3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com

o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei

Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS

Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de

legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo

puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm

3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema

Tributaacuterio Nacional

Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos

pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande

do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da

instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de

imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho

Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees

a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como

tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302

a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade

dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo

puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave

obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo

Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm

39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das

Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do

conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 41: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

41

O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees

expressas e materiais

Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada

mediante proposta

I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da

Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal

II - do Presidente da Repuacuteblica

III - de mais da metade das Assembleacuteias

Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo

manifestando-se cada uma delas pela maioria

relativa de seus membros

sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na

vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de

defesa ou de estado de siacutetio

sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada

Casa do Congresso Nacional em dois turnos

considerando-se aprovada se obtiver em ambos

trecircs quintos dos votos dos respectivos membros

sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada

pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do

Senado Federal com o respectivo nuacutemero de

ordem

sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de

emenda tendente a abolir

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto secreto universal e perioacutedico

III - a separaccedilatildeo dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser

objeto de nova proposta na mesma sessatildeo

legislativa

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 42: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

42

Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a

denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas

Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute

sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da

referibilidade

Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP

eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de

plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de

incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo

de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual

(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo

pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)

a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de

caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)

A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa

espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo

Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como

dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por

essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo

Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF

determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita

obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer

decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos

III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos

Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n

10100)

O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a

cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a

maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo

impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP

10 Paacuteg 536

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 43: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

43

Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao

mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se

tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar

o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e

do art 60 sect 4ordm ambos da CF

O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39

dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia

eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela

contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de

energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita

na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do

pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de

energia

Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica

autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da

contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de

energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que

exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte

contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo

natildeo tem sido admitido para os tributos em geral

Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da

discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco

taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao

destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial

O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise

da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal

considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa

porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU

Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar

da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser

analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 44: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

44

domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou

natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei

define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos

seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas

pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de

iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar

escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros

do imoacutevel

O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu

domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos

na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave

Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto

ou a ele imunes

Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a

COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma

contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a

designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)

Os nomes empregados em ciecircncia devem

corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos

Nem sempre entretanto o legislador atende essa

recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou

por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias

constitucionais ndash e adota terminologia errada ou

equivocada11

Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que

natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de

impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades

humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a

demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia

Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na

medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos

11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 45: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

45

aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la

totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo

especiacuteficas

Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se

um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute

oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo

dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do

serviccedilo

A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a

impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do

beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a

instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste

beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que

cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do

benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente

do princiacutepio da isonomia

CONCLUSAtildeO

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 46: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

46

A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a

sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios

gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos

geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo

ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal

e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de

iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas

fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados

O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a

conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia

eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em

conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele

consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se

ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que

desrespeita o estado regular de direito

A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de

apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico

que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo

residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se

aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por

derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo

do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo

mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees

totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado

contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos

meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa

nas imediaccedilotildees

A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a

remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser

remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta

dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 47: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

47

sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo

alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal

Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa

Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de

contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui

generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais

benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese

de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por

sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser

exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da

Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154

do mesmo diploma

A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os

serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais

Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz

desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado

inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)

sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel

A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade

uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida

natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes

dois turnos em uma mesma tarde

Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a

constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo

extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam

instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com

vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi

Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por

impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o

custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino

dentre outros serviccedilos assemelhados

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 48: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

48

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 49: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

49

ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo

Malheiros 2003

BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt

httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt

Acesso em 22 de maio de 2010

COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo

Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009

DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion

Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA

Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de

iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998

Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso

em 19 mar 2010

HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus

Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em

lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17

mai2010

LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a

iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus

Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar

2010

MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo

Malheiros 2001

RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010

SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva

2010

SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados

2001 Disponiacutevel em lt

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010

Page 50: A IMPLANTAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE … · 2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre a implantaÇÃo da contribuiÇÃo

50

httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt

Acesso em 17 jun 2010

SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da

Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina

ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar

2010

SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da

contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria

Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em

lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar

2010

TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para

o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010

WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do

serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi

Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar

2010