a iluminura hebraica portuguesa do século xv. tiago moita

17
 CADER NOS D E HIS T RI A DA A RTE n.1 (2013) 57 A iluminura hebraica portuguesa do século XV: estado da questão *  Tiago Moita Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa [email protected] Resumo O importante capítulo da história da iluminura hebraica produzida em Portugal na segunda metade do século XV encontra-se ainda por explorar, não constando qualquer referência ao mesmo nas Histórias da Arte gerais publicadas em Portugal. Esta situação deve-se, em parte, aos poucos estudos realizados sobre o assunto, mas também, às conclusões divergentes apontadas pelos especialistas estrangeiros, tanto no que se refere à qualidade das iluminuras como no que diz respeito à atividade organizada de uma escola judaica de cópia com sede em Lisboa. Neste artigo procuramos rever a literatura atinente a esta matéria e identificar, deste modo, as questões mais relevantes, que ainda carecem de resposta. Abstract The important chapter in the history of Hebrew illuminated manuscripts produced in Portugal in the second half of the fifteenth century is still to be explored, lacking any reference to it in the general Histories of Art published in Portugal. This occurs owing to the scarcity of studies on this matter, but also to the divergent conclusions pointed out by the main foreign specialists, whether regarding t he quality of illuminat ion, whether to the activity of an organized Jewish school of manuscripts copy in Lisbon. In this article we seek to review the literature regarding to this matter in order to identify the most relevant questions that still need to be answered. O estudo da iluminura hebraica em Portugal, com produção particularmente centrada na segunda metade do século XV, pouca atenção tem merecido por parte dos investigadores nacionais. Significativamente, não consta qualquer referência a este assunto em nenhuma das Histórias da Arte publicadas em Portugal. 1  Esta desatenção e omissão    que contrasta, por exemplo, com a opinião de Immanuel Aboab (1555-1628) que tece encómios rasgados aos trabalhos dos copistas e iluminadores hebraicos portugueses (Aboab, 1629: 232)    podem, eventualmente, ser explicadas, no nosso entender, por duas razões principais: por um lado, o acervo manuscrito hebraico português remanescente encontra-se, na sua totalidade, em bibliotecas estrangeiras, de difícil e dispendioso acesso; por outro, os poucos estudos efetuados pelos especialistas estrangeiros apresentam-se muito contraditórios, existindo duas teorias divergentes sobre o tema, quer quanto à qualidad e da iluminura em questão, quer no que se refere à possibilidade da sua produção se dever a uma escola de cópia manuscrita, bem organizada, em Lisboa, no século XV. É este, sobretudo, o cerne do presente estudo, que não visa, naturalmente, a resolução desta problemática, mas sim, dar conta dos caminhos desbravados pelos principais especialistas da iluminu ra hebraica portuguesa do século XV, chamando a atenção para os problemas em aberto, que, ainda hoje, convocam os estudiosos. * Este texto enquadra-se no âmbito do projeto de investigação, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, intitulado «Iluminura Hebraica Portuguesa durante o século XV» (referência PTDC/EAT- HAT/119488/2010), do qual o autor é bolseiro de investigação. 1  A única exceção deve-se a Horácio Augusto Peixeiro que, em dois artigos de síntese sobre a iluminura em Portugal nos séculos XIV a XVI (Peixeiro, 1999: 287-299; 2007: 145-192), se refere, brevemente, à iluminura hebraica portuguesa, assumindo, no entanto, a perspetiva desfavorável à existência de uma escola de cópia em Lisboa, no decurso do século XV.

Upload: ppablo-lima

Post on 07-Oct-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Artigo do prof. Tiago Moita

TRANSCRIPT

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    57

    A iluminura hebraica portuguesa do sculo XV: estado da questo*

    Tiago Moita

    Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa [email protected]

    Resumo O importante captulo da histria da iluminura hebraica produzida em Portugal na segunda metade do sculo XV encontra-se ainda por explorar, no constando qualquer referncia ao mesmo nas Histrias da Arte gerais publicadas em Portugal. Esta situao deve-se, em parte, aos poucos estudos realizados sobre o assunto, mas tambm, s concluses divergentes apontadas pelos especialistas estrangeiros, tanto no que se refere qualidade das iluminuras como no que diz respeito atividade organizada de uma escola judaica de cpia com sede em Lisboa. Neste artigo procuramos rever a literatura atinente a esta matria e identificar, deste modo, as questes mais relevantes, que ainda carecem de resposta.

    Abstract The important chapter in the history of Hebrew illuminated manuscripts produced in Portugal in the second half of the fifteenth century is still to be explored, lacking any reference to it in the general Histories of Art published in Portugal. This occurs owing to the scarcity of studies on this matter, but also to the divergent conclusions pointed out by the main foreign specialists, whether regarding the quality of illumination, whether to the activity of an organized Jewish school of manuscripts copy in Lisbon. In this article we seek to review the literature regarding to this matter in order to identify the most relevant questions that still need to be answered.

    O estudo da iluminura hebraica em Portugal, com produo particularmente centrada na segunda

    metade do sculo XV, pouca ateno tem merecido por parte dos investigadores nacionais.

    Significativamente, no consta qualquer referncia a este assunto em nenhuma das Histrias da Arte

    publicadas em Portugal.1 Esta desateno e omisso que contrasta, por exemplo, com a opinio de

    Immanuel Aboab (1555-1628) que tece encmios rasgados aos trabalhos dos copistas e iluminadores

    hebraicos portugueses (Aboab, 1629: 232) podem, eventualmente, ser explicadas, no nosso

    entender, por duas razes principais: por um lado, o acervo manuscrito hebraico portugus

    remanescente encontra-se, na sua totalidade, em bibliotecas estrangeiras, de difcil e dispendioso

    acesso; por outro, os poucos estudos efetuados pelos especialistas estrangeiros apresentam-se muito

    contraditrios, existindo duas teorias divergentes sobre o tema, quer quanto qualidade da iluminura

    em questo, quer no que se refere possibilidade da sua produo se dever a uma escola de cpia

    manuscrita, bem organizada, em Lisboa, no sculo XV. este, sobretudo, o cerne do presente estudo,

    que no visa, naturalmente, a resoluo desta problemtica, mas sim, dar conta dos caminhos

    desbravados pelos principais especialistas da iluminura hebraica portuguesa do sculo XV, chamando

    a ateno para os problemas em aberto, que, ainda hoje, convocam os estudiosos.

    * Este texto enquadra-se no mbito do projeto de investigao, financiado pela Fundao para a Cincia e Tecnologia, intitulado Iluminura Hebraica Portuguesa durante o sculo XV (referncia PTDC/EAT-HAT/119488/2010), do qual o autor bolseiro de investigao. 1 A nica exceo deve-se a Horcio Augusto Peixeiro que, em dois artigos de sntese sobre a iluminura em Portugal nos sculos XIV a XVI (Peixeiro, 1999: 287-299; 2007: 145-192), se refere, brevemente, iluminura hebraica portuguesa, assumindo, no entanto, a perspetiva desfavorvel existncia de uma escola de cpia em Lisboa, no decurso do sculo XV.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    58

    Sculos XVIII e XIX

    Devemos a Antnio Ribeiro dos Santos (1745-1818), primeiro diretor da Real Biblioteca Pblica de

    Lisboa, hoje, Biblioteca Nacional de Lisboa, a publicao de um artigo pioneiro em torno dos

    manuscritos hebraicos portugueses, independentemente de terem ou no iluminuras (Ribeiro dos

    Santos, 1792: 236-312). At recentemente, era o nico estudo sobre este assunto realizado por um

    investigador portugus. No obstante o seu carter inicial, Ribeiro dos Santos enuncia importantes

    questes, ainda hoje, irresolveis. Neste estudo, o autor identifica, a partir das suas pesquisas nos

    catlogos de manuscritos hebraicos de Benjamin Kennicott (1780) e de Giovanni B. De Rossi (1803),2

    um conjunto de dez manuscritos hebraicos com origem em Portugal, datados entre os sculos XIV e

    XV (Tabela 1), e conclui pela existncia de uma importante Academia ou Escola hebraica de

    cpia e iluminura em Lisboa, com atividade que estende entre a fundao do reino e a expulso

    definitiva dos judeus (1496-97). Mais do que pelos aspetos artsticos que no so, naturalmente, o

    centro da ateno de Ribeiro dos Santos, at porque no conheceu os manuscritos diretamente a

    Escola hebraica lisboeta caracterizada, na sua perspetiva, pela excelente qualidade caligrfica dos

    seus copistas e pelo rigor do texto massortico. A investigao de Ribeiro dos Santos no deixa de

    revelar, no entanto, algumas incoerncias, ao fundar uma escola secular hebraica em Lisboa partindo

    apenas de uma dezena de cdices (um, pelo menos, s dele tendo notcia a partir de testemunhos

    coevos a Bblia de Jos Abravanel), e ao estender a sua atividade desde a fundao do reino, quando

    o maior nmero remanescente procede de finais do sculo XV.

    A lista dos manuscritos proposta por Ribeiro dos Santos citada, ainda, por Mendes dos Remdios

    (1867-1932), que, desenvolvendo um estudo minucioso sobre a Bblia hebraica guardada na Biblioteca

    Geral da Universidade de Coimbra (Cofre 1), identifica-a com aquela outra que Immanuel Aboab

    indicava possuir Jos Abravanel, em Veneza, mostrando j, ao tempo, ter sido escrita havia 180 anos

    (Remdios, 1903). Ainda segundo o professor de Coimbra, aquele manuscrito bblico procede de

    oficina judaica de Lisboa, no sculo XV, propondo o ano de 1429 como data da cpia (Remdios,

    1928: 326-337).

    Thrse Metzger, por sinal, critica a referida lista, afirmando como no-portugueses a maioria dos

    manuscritos, e redu-la apenas a cinco: a Bblia de 1346, escrita na Guarda (n 1 da lista do autor), e as

    quatro cpias bblicas, executadas em Lisboa, entre 1469 e 1496 (os manuscritos 3, 4, 5 e 9 da lista de

    Ribeiro dos Santos). A autora conclui, a partir destes dados, pela insustentabilidade da proposta de

    uma escola com atividade contnua pelo largo perodo de tempo mencionado. No que se refere Bblia

    de Coimbra, Metzger sublinha a proximidade com os manuscritos espanhis (e no com os

    portugueses) e afirma as semelhanas da sua decorao massortica com a de outra Bblia sefardita

    (Paris, Bibliothque Nationale de Paris: Ms. Hbreu 1314-1315), no datada nem localizada

    (Metzger, 1972: 89-116). O estudo da Bblia de Coimbra permanece por realizar parecendo-nos

    essencial para esclarecer o seu verdadeiro lugar no contexto da iluminura hebraica medieval.

    Sculo XX

    Os estudos de Ribeiro dos Santos e de Mendes dos Remdios permanecero isolados at finais da

    dcada de 60 do sculo XX, quando a investigao em torno dos manuscritos hebraicos, motivada

    pela constituio do Hebrew Palaeography Project (HPP), em 1965, alcana um elevado

    2 De Rossi concluiu o seu catlogo em forma manuscrita em 1803, pelo que Ribeiro dos Santos ter tido acesso s informaes sobre os manuscritos portugueses, decorrendo, ainda, talvez, os trabalhos daquele autor.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    59

    desenvolvimento, suscitando o interesse de jovens estudiosos pelas matrias em questo.3 Os estudos

    ento efetuados permitiram reconhecer, pelas afinidades dos processos de produo dos manuscritos,

    pela escrita e pelos elementos artsticos, um conjunto de reas geo-culturais distintas (oriental,

    sefardita, asquenaze e italiana) e de diversas escolas no seu interior.

    , sem dvida, neste contexto que se devem entender os primeiros (e mais significativos) estudos em

    torno dos manuscritos hebraicos portugueses e do vivo debate que geraram. Com efeito, Bezalel

    Narkiss, num trabalho em que identifica e caracteriza as principais escolas de iluminura hebraica, ao

    abordar a produo sefardita destaca que the most important school in the Iberian Peninsula at the end of

    the 15th century was the Portuguese (Narkiss, 1969: 22), com centro de produo em Lisboa. O autor

    destaca do grupo portugus (sem oferecer, no entanto, uma lista), pela excelncia da sua decorao,

    cinco manuscritos: a Mishneh Torah de Maimnides (Londres, British Library: Harley 5698-5699), a

    Bblia de Lisboa (Londres, British Library: Or. 2626-2628), um siddur (Paris, Bibliothque Nationale

    de France: Ms. Hbreu 592), a Bblia da Hispanic Society of America (Ms. B. 241) e a Bblia da

    Bibliothque Nationale de France (Ms. Hbreu 15).

    As Bblias iluminadas ocupam a maior percentagem das cpias portuguesas, contudo, ao contrrio do

    que se observa na tradio sefardita, aquelas, na sua maioria, surgem incompletas, ou seja, delas no

    constando a totalidade dos livros cannicos, em analogia com o que se verifica na tradio asquenaze.

    A iluminura destes manuscritos caracteriza-se pela sua funo eminentemente decorativa (e no

    ilustrativa) e funcional em relao ao texto. Por esta razo, frequente introduzirem-se as palavras

    iniciais dos livros bblicos em ouro, no interior de grandes painis filigranados; a ornamentao das

    margens centra-se em motivos vegetalistas e florais bastante variados, habitados por animais, como

    pssaros de espcies diferentes, lees e drages. Narkiss ressalta, ainda, o valor da Bblia de Lisboa na

    qual reconhece uma mpar centralidade na medida em que nela se verifica a totalidade do programa

    decorativo da escola, posio que ser seguida pela generalidade dos autores que se lhe seguiram. Em

    rigor, o autor, neste estudo, introduziu os principais temas e as questes fundamentais que outros

    investigadores, nomeadamente, Gabrille Sed-Rajna e Thrse Metzger, procuraram responder

    desenvolvendo importantes estudos de conjunto em torno dos manuscritos portugueses.

    Gabrille Sed-Rajna surge, efetivamente, como a autora da primeira monografia atinente aos

    manuscritos hebraicos portugueses do sculo XV concluindo pela elevada qualidade da sua iluminura

    cuja responsabilidade atribui a uma escola de cpia e iluminura hebraica, organizada em Lisboa e

    ativa no perodo referido (Sed-Rajna, 1970). Pouco mais tarde, coube a Thrse Metzger a reviso

    deste tema, defendendo uma proposta diametralmente oposta, ou seja, a inexistncia de uma escola e

    a pobreza da decorao destes manuscritos (Metzger, 1977). O trabalho de Metzger realizado em

    duro confronto com as concluses de Sed-Rajna, revelador de uma certa animosidade entre as

    respetivas autoras, que lamentavelmente se transpe para os prprios manuscritos na hora da sua

    avaliao. As teses destas autoras que, pela sua centralidade, passamos a explicitar com demorada

    anlise , ainda que absolutamente antagnicas, apresentam argumentos aparentemente vlidos e

    consistentes, surgindo, por isso, como duas hipteses possveis de leitura da mesma problemtica,

    cabendo a este estudo, somente, apresentar as concluses e levantar algumas das questes que ainda

    permanecem em aberto.

    3 A responsabilidade do projeto coube Israel Academy of Sciences and Humanities (em colaborao com a Jewish National Library e a University Library of Jerusalm) com a cooperao do Institut de Recherche et dHistoire des Textes (Centre National de la Recherche Scientifique, Paris).

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    60

    Na sua investigao, Sed-Rajna localiza e analisa todos os cdices hebraicos executados em Lisboa no

    sculo XV, ampliando significativamente o nmero de manuscritos at ento identificados. Partindo

    de treze manuscritos com clofon identificando Lisboa como local da cpia, a autora identifica

    idntico nmero, sem clofon, mas revelando caractersticas codicolgicas e artsticas semelhantes, e

    conclui, por via comparativa, por uma homogeneidade estilstica e iconogrfica que evidencia a

    pertena daqueles ltimos ao grupo portugus (Tabela 2). Este nmero ser posteriormente

    alargado por Thrse Metzger com o reconhecimento de mais trs manuscritos, sem clofon, mas

    considerados prximos, pela decorao, dos manuscritos portugueses (Tabela 3).

    De acordo com Sed-Rajna, a coerncia codicolgica e estilstica dos manuscritos hebraicos

    portugueses, a sua excelente qualidade caligrfica, a especfica ordenao do cnone bblico marcada

    pela insero harmoniosa de elementos das duas tradies, asquenaze e sefardita , a sistemtica

    incorporao nos cdices bblicos de tratados massorticos ou gramaticais, os colofes com a

    recorrente frmula final A Redeno est Prxima seguida da citao de Jos 1,8, a

    micrografia com formas geomtricas e a decorao pintada com influncias mudjares e italianas,

    comprova a homogeneidade e perfeita identidade destes manuscritos no amplo concerto sefardita.

    Esta situao permite concluir, na perspetiva da autora, pela existncia de uma florescente escola de

    iluminura hebraica, com atividade em Lisboa, entre 1472 e 1496 (ou seja, entre a cpia da Mishneh

    Torah, no primeiro ano mencionado, e a expulso definitiva dos judeus s ordens de D. Manuel I), que

    fundamenta, ainda, com mais trs indcios que interessa referir: 1) a aparente precoce existncia das

    tipografias hebraicas portuguesas, no conjunto europeu, testemunha o alto dinamismo literrio dos

    judeus de Lisboa e a presena de um interessante pblico consumidor de livros na capital; 2) ao

    analisar as cercaduras dos primeiros incunbulos hebraicos, a autora conclui que se encontram en

    continuit directe avec les traditions calligraphiques et ornementales de la production manuscrite

    immdiatement antrieure ou mme contemporaine (Sed-Rajna, 1970: 12), comprovando-se, assim, na sua

    tica, a estreita colaborao entre os copistas e os tipgrafos hebraicos portugueses na transposio

    do repertrio ornamental manuscrito para os primeiros livros impressos; 3) Sed-Rajna chama lia,

    por fim, o conhecido receiturio portugus, escrito em caracteres hebraicos, O livro de como se fazem as

    cores das tintas para iluminar (Parma, Biblioteca Palatina: Ms. Parma 1959) nico texto medieval

    deste teor produzido em Portugal , como sinal quer do especial interesse dos judeus portugueses

    pela arte de aluminar, quer do funcionamento de um relevante centro especializado de cpia e

    iluminura que por aquele se guiava.

    Na viso de Thrse Metzger que importa agora analisar , pelo contrrio, os manuscritos

    portugueses caracterizam-se por uma impar heterogeneidade e independncia entre si, verificada,

    particularmente, nos seus aspetos codicolgicos (desigualdades na qualidade do pergaminho e

    divergncias quanto composio das pginas, aos sistemas de ordenao dos cadernos, etc.) e na

    discrepante organizao e disposio do cnone bblico. No que diz respeito aos aspetos paleogrficos

    destes manuscritos, em nada se distinguem da escrita dos copistas espanhis coevos, apresentando,

    conforme sublinha a autora, uma escrita tipicamente sefardita, comum a toda a Pennsula Ibrica. ,

    porm, a anlise da iluminura dos manuscritos portugueses que permite concluir por uma dominante

    influncia dos modelos espanhis (no obstante Metzger reconhecer, tambm, o importante peso da

    iluminura flamenga e italiana em algumas das cercaduras decorativas), apresentando, no entanto,

    uma qualidade bastante inferior em relao queles. Esta situao de dependncia e aparente

    inferioridade dos manuscritos portugueses perante os espanhis explicada pela crescente presena

    de correligionrios castelhanos em Lisboa, no ltimo quartel do sculo XV (em princpio, em virtude

    dos remanescentes, o perodo de maior intensidade da cpia manuscrita hebraica em Portugal), que

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    61

    aqui se refugiam perante o clima de insegurana e instabilidade que experimentam nos reinos dos

    Monarcas Catlicos, particularmente depois do estabelecimento da Inquisio, em 1480, que veio

    culminar na sua expulso definitiva em 1492.4 A precria situao social e econmica resultante deste

    complexo contexto explica, segundo a historiadora, o carter mais pobre e desinteressante da

    iluminura hebraica portuguesa no conjunto peninsular. Em causa fica a existncia de uma organizada

    escola judaica em Lisboa, dedicada com especial veemncia e labor decorao e cpia de textos

    hebraicos.

    Aos indcios propostos por Sed-Rajna em favor da tese mencionada, Metzger contra-argumenta com

    quatro proposies, em simetria aproximada, advogando outra perspetiva dos mesmos factos: 1)

    quando comparada com a restante Europa, a tipografia hebraica portuguesa revela um tardio

    funcionamento, pois os prelos hebraicos em Espanha e Itlia so-lhe anteriores; 2) nenhum indcio

    permite inferir uma efetiva relao entre copistas e tipgrafos hebraicos quando se confrontam as

    iluminuras e as gravuras dos incunbulos produzidos, que, no caso, por exemplo, de Eliezer Toledano

    responsvel pelos primeiros prelos de Lisboa procedem diretamente da Espanha; 3) assiste-se,

    assim, na comunidade judaica de Lisboa, no a uma profcua atividade literria e a um consumo

    sistemtico de livros, mas, precisamente, o seu contrrio, como se depreende do facto das primcias da

    arte tipogrfica portuguesa procederem de Faro, da oficina de Samuel Gacon, e no de Lisboa, em

    cujos prelos se publicam, preferencialmente, textos e comentrios bblicos e no obras novas; 4)

    finalmente, ao fundar a composio original do mencionado O livro de como se fazem as cores das tintas

    para iluminar, no em Portugal, mas em Espanha, na segunda metade do sculo XV, Metzger

    assegura que jamais pu tre la disposition des enlumineurs juifs de Lisbonne (Metzger, 1977: 6),

    apresentando-se, por isso, como um documento marginal no contexto da produo de iluminura

    hebraica naquela cidade.

    Permanecem em aberto, neste sentido, duas relevantes questes, alm das que se referem existncia

    da escola de Lisboa e apreciao da sua produo artstica: por um lado, importa ainda avaliar se

    entre os manuscritos e os incunbulos hebraicos portugueses possvel estabelecer relaes, quer

    quanto s tipologias dos seus caracteres (que Sed-Rajna afirma semelhantes), quer no que se refere ao

    programa ornamental; por outro, o significado de O livro de como se fazem as cores das tintas para

    iluminar no contexto da iluminura hebraica em Portugal poder ser melhor aclarado a partir do

    confronto que permanece por realizar entre os dados revelados pela anlise qumica ao tipo de

    pigmentos usados na iluminao dos manuscritos hebraicos e aqueles cuja confeo descrita no

    receiturio.

    Na dcada de oitenta, os estudos em torno dos manuscritos hebraicos portugueses prosseguem s

    mos de conhecidos autores Bezalel Narkiss e Gabrille Sed-Rajna , apondo, cada um, novos

    argumentos favorveis escola de Lisboa, que vem a ser reforada, ainda, com originais contributos

    de Leila Avrin, quer analisando algumas das originais encadernaes de cinco manuscritos e de um

    incunbulo hebraicos de Portugal, quer identificando dois novos manuscritos iluminados como

    pertencentes a Portugal, at ento desconhecidos.

    4 Esta teoria que se tornou clssica na historiografia portuguesa foi recentemente contestada por Franois Soyer (Soyer, 2007). Para o autor, Portugal apresenta-se, sobretudo, como um destino de passagem e no de fixao para os judeus castelhanos, quer no reinado de D. Joo II, quer no de D. Manuel I, aumentando, certo, a populao judaica de Portugal com a chegada dos castelhanos, mas no em nveis que permitam uma sua influncia considervel junto dos judeus portugueses ou conduzam a um fenmeno de desestabilizao social capaz de tornar as perseguies de 1497 inevitveis.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    62

    Bezalel Narkiss publica, em colaborao com Aliza Cohen-Mushlin e Anat Tcherikover, um catlogo

    dedicado aos manuscritos hebraicos, espanhis e portugueses, iluminados, que se encontram

    guardados nas Ilhas Britnicas (Narkiss, Cohen-Mushlin e Tcherikover, 1982).5 O momento mais

    singular deste estudo situa-se no captulo dedicado anlise de catorze manuscritos do final do sculo

    XV, provenientes de distintas zonas da Pennsula Ibrica (La Corua, Crdova) e Norte de frica,

    nos quais se reconhecem evidentes afinidades estilsticas com os manuscritos portugueses, sendo a

    sua decorao designada, pelos autores, como hispano-portuguesa. Para Narkiss e suas

    colaboradoras, a qualidade superior da iluminura hebraica portuguesa coloca aquele grupo na

    dependncia dos manuscritos portugueses, e no o inverso.

    A designao de iluminura hispano-portuguesa para este conjunto de manuscritos ser recusada,

    porm, por Katrin Kogman-Appel, no seu estudo sobre as Bblias hebraicas medievais da Pennsula

    Ibrica (Kogman-Appel, 2004), que contrape hiptese contrria, fundada em razes de ordem

    cronolgica e estilstica: por um lado, notria a distncia temporal de produo dos dois grupos,

    sendo os cdices datados do grupo hispano-portugus provenientes da dcada de 70 do sculo XV e

    os manuscritos portugueses de finais da mesma centria; por outro, no reconhecendo a presena de

    elementos italianos na iluminura daquele grupo situao que se verifica, igualmente, na iluminura

    hebraica castelhana , ressalta a sua distncia em relao iluminura hebraica portuguesa onde a

    influncia italiana constante. Kogman-Appel sugere, por isso, que o grupo de Narkiss encontra os

    seus modelos na iluminura castelhana, e no na portuguesa, revelando-se imprpria, e mesmo

    incorreta, a terminologia hispano-portuguesa para o definir.

    Gabrille Sed-Rajna, ao editar, em facsmile, o primeiro dos trs volumes da Bblia de Lisboa no qual

    considera definir-se, integralmente, e pela primeira vez, o programa decorativo da escola de Lisboa

    aborda, com novos argumentos, a problemtica em torno da escola (Sed-Rajna, 1988). No estudo

    introdutrio edio, aos argumentos j conhecidos, a autora acrescenta que o constante programa

    iconogrfico e as profundas semelhanas estilsticas entre os manuscritos comprovam a sua feitura,

    no do copista para seu prprio consumo como era apangio na produo do cdice hebraico mas

    numa escola, estavelmente organizada, com mtodos idnticos e utenslios comuns, maneira dos

    scriptoria cristos.

    A hiptese da escola de Lisboa encontra novo argumento favorvel em dois estudos publicados no

    mesmo ano por Leila Avrin que analisam as encadernaes de alguns manuscritos e de um

    incunbulo hebraicos de Portugal, caracterizadas por uma original forma de caixa (Avrin, 1989a,

    1989b). Segundo a autora, este tipo de encadernao surge, particularmente, nos manuscritos

    hebraicos portugueses, desconhecendo-se a sua prtica em outros cdices hebraicos, cristos ou

    rabes, entre os sculos XIII e XVI. Por esta razo, Avrin considera que a encadernao em caixa da

    Bblia Kennicott I (Oxford, Bodleian Library: Kenniccot I) um dos mais interessantes manuscritos

    bblicos sefarditas, com cpia realizada em La Corua, no ano de 1476 poder ter ocorrido na

    oficina hebraica de Lisboa, hiptese, no entanto, que j recusara Bezalel Narkiss e Aliza Cohen-

    Mushlin detetando este mesmo tipo de encadernao num manuscrito bblico copiado em Toledo em

    1481 (Narkiss e Cohen-Mushlin, 1985).

    O facto de esta tipologia se encontrar tambm num incunbulo hebraico de Lisboa abre a suposio

    da continuidade desta tcnica entre os manuscritos e os incunbulos, s possvel atravs de uma

    5 Devemos notar que esta obra essencial para o estudo dos manuscritos hebraicos portugueses guardados nas bibliotecas das Ilhas Britnicas foi recenseada, em Portugal, por Manuel Augusto Rodrigues (Rodrigues, 1983: 75-78).

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    63

    colaborao entre os encadernadores. A Leila Avrin se deve ainda a identificao de mais dois

    manuscritos hebraicos iluminados de Portugal: os Aforismos Mdicos de Hipcrates (Nova Iorque,

    Jewish Theological Seminary of America: Ms. Mic. 8241) e um siddur (Jerusalm, Ben-Zvi Institute:

    Ms. 2048), ao qual dedica um estudo mais demorado (Avrin, 1998).

    Sculo XXI

    No conjunto dos manuscritos hebraicos portugueses destaca-se, tambm, um pequeno ncleo

    aljamiado, ou seja, escrito em lngua portuguesa com caracteres do alfabeto hebraico. O seu estudo

    esteve, particularmente, no centro das atenes de Devon L. Strolovitch, que lhes dedicou a sua

    dissertao de doutoramento (Strolovitch, 2005). Ao analisar o processo empreendido pelos escritores

    hebraicos de Portugal para produzir estes textos, Strolovitch conclui que o sistema de escrita que

    neles se observa, mais do que uma simples transcrio fontica, deve ser entendido como uma

    original adaptao da escrita hebraica ao portugus medieval. Esta adaptao, na sua perspetiva, no

    surgindo de uma assentada, apresenta-se como o resultado de um processo lento de maturao das

    comunidades hebraicas e revela, de forma irrefutvel, a perfeita integrao dos judeus na comunidade

    lingustica portuguesa. Gerold Hilty e Colette Sirat defendem, porm, posio contrria, ao

    considerarem que, apesar de na sua comunicao diria os judeus se servirem do

    portugus,lutilisation des caracteres hbraques peut mme tre interprte comme une sorte

    dautomarginalisation, car les textes en caracteres hbraques taient illisibles pour les chrtiens (Hilty e Sirat,

    2006: 104). Desta posio nos afastamos radicalmente, pois, como atesta Strolovitch, o corpus judeo-

    portugus, representando uma hebraicizao do portugus, significa, no uma autoexcluso, mas

    sobretudo, uma convivncia da lngua e da escrita no seio das comunidades judaicas de Portugal.

    Os mais recentes estudos em torno do assunto que nos ocupa devem-se, em especial, a investigadores

    nacionais essencialmente focados na anlise do receiturio O livro de como se fazem as cores das tintas

    para iluminar , testemunho de um despertar da conscincia para a importncia singular da iluminura

    hebraica no captulo da histria da arte tardo-medieval em Portugal. O interesse por este receiturio

    prende-se, pois, com o facto de se apresentar como o nico texto medieval portugus que se ocupa

    dos materiais e das tcnicas utilizadas na iluminura, e um dos de primeira ordem no contexto da

    histria da arte judaica.

    Destacamos, neste particular, o estudo de Dbora Matos, apresentado como dissertao de mestrado,

    que analisa, no apenas aquele texto tcnico, mas o inteiro volume onde se encontra, o Ms. Parma

    1959 (Matos, 2011). Focando-se nos aspetos codicolgicos, paleogrficos e histrico-artsticos deste

    manuscrito, a autora conclui que este , na sua maioria, obra de um mesmo escriba (Abraham ibn

    Hayyim), com cpia em Loul, em 1462, a partir de um trabalho de compilao de material annimo,

    prvio e disperso, esforo que considera poder ser, possivelmente, justificado no contexto de uma

    intensa produo de iluminura entre os judeus portugueses naquela centria. Neste mesmo estudo,

    Matos amplia significativamente a lista de manuscritos hebraicos atribudos a Portugal, identificando

    cerca de cinquenta e oito volumes, dispersos por vrias bibliotecas estrangeiras, razo pela qual nem

    todos se encontrem perfeitamente confirmados (Tabela 4). A investigao de Dbora Matos e o

    reconhecimento de um nmero considervel de manuscritos hebraicos portugueses levanta, mais uma

    vez, a questo da possvel atividade de um centro organizado de cpia e iluminura em Lisboa, na

    segunda metade do sculo XV, que s um renovado olhar sobre aqueles manuscritos permitir

    aclarar.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    64

    Bibliografia

    ABOAB, Immanuel Nomologias o Discursos Legales, compostos por el virtuoso Haham Rabi Immanuel Aboab de buena memoria, estampados a costa, y despeza de sus herederos, en el ao de la creacin. [Amesterdo]: 5389 [1629].

    AFONSO, Lus Urbano (ed.) The Materials of the Image. As Matrias da Imagem. Lisboa: Ctedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste da Universidade de Lisboa, 2011.

    AFONSO, Lus Urbano, CRUZ, Antnio Joo, MATOS, Dbora O livro de como se fazem as cores or a medieval Portuguese text on the colours for illumination: a review. In CORDOBA, R. (ed.). Craft Treatises and Handbooks. The Dissemination of Technical Knowledge in the Middle Ages. Turnhout: Brepols Publishers [no prelo].

    AMZALAK, Moses Bensabat A Tipografia Hebraica em Portugal no Sculo XV. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1922.

    ANSELMO, Artur Origens da Imprensa em Portugal, Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1981.

    AVRIN, Leila The Sephardi Box Binding. In SCHIDORSKY, Dov (ed.). Scripta Hierosolymitana. Library, Archives and Information Studies, v. XXIX. Jerusalm: Magnes Press, 1989a, pp. 27-43.

    __________ The Box Binding in the Klau Library Hebrew Union College. In Studies in Bibliography and Booklore. 17 (1989b), pp. 26-35.

    __________ The Ben-Zvi Institute Siddur. In Studies in Bibliography and Booklore. 20 (1998), pp. 25-42.

    BEIT-ARI, Malachi A propos des manuscrits hbreux de Lisbonne. In Revue des tude Juives. 130 (1971), pp. 311-315.

    DE ROSSI, Giovanni Bernardo MSS. Codices Hebraici Biblioth. I. B. De-Rossi accurate ab eodem descripti et illustrate. Parma: 1803.

    GUTMANN, Joseph Hebrew Manuscript Painting. New York: G. Braziller, 1978.

    HILTY, Gerold. SIRAT, Colette Le Judo-Portugais Une langue marginalise? In MENDES MARILLIA (ed.). De Marginales y Silencios. Homenaje a Martin Lienhard. Madrid: 2006, pp. 96-116.

    KENNICOTT, Benjamin Dissertatio Generalis in Vetus Testamentum Hebraicum. Oxford: 1780.

    KOGMAN-APELL, Katrin Jewish Book Art between Islam and Christianity. The Decoration of Hebrew Bibles in Medieval Spain. Leiden: Brill, 2004.

    LEVEEN, Jacob The Hebrew Bible in Art. Londres: Oxford University Press, 1944.

    MATOS, Dbora The Ms. Parma 1959 in the context of portuguese hebrew illumination. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2011. (Tese de mestrado).

    METZGER, Thrse Les Manuscrits Hbreux copis et dcors Lisbonne dans les dernires dcennies du XVe sicle. Paris: Fundao Calouste Gulbenkian, 1977.

    __________ La masora ornementale et le dcor calligraphique dans les manuscrits hbreux espagnoles au moyen age. In La palographie hbraique medieval (Colloques internationaux du CNRS, n. 547). Paris: 1974, pp. 87-116.

    NARKISS, Bezalel Hebrew Illuminated Manuscripts. Jerusalm: Encyclopedia Judaica, 1969.

    NARKISS, Bezalel, COHEN-MUSHLIN, Aliza, TCHERIKOVER, Anat Hebrew Illuminated Manuscripts in the British Isles. The Spanish and Portuguese Manuscripts. Jerusalem: Israel Academy of Sciences and Humanities London: British Academy, 1982.

    NARKISS, Bezalel, COHEN-MUSHLIN, Aliza The Kennicott Bible. An Introduction. Londres: Facsimile Editions, 1985.

    PEIXEIRO, Horcio A iluminura portuguesa dos sculos XIV a XV. In YARZA, Joaqun (ed.). La miniatura medieval en la Pennsula Ibrica. Murcia: Nausca, 2007, pp. 145-192.

    __________ A iluminura portuguesa nos sculos XIV e XV. In MIRANDA, Maria Adelaide (ed.). A Iluminura em Portugal. Identidades e Influncias (do sc. X ao XVI). Lisboa: Biblioteca Nacional, 1999, pp. 289-299.

    REMDIOS, Mendes dos Os Judeus em Portugal. II. Coimbra: F. Frana Amado, 1928.

    __________ Uma Bblia hebraica da Bibliotheca da Universidade de Coimbra. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1903.

    RIBEIRO DOS SANTOS, Antnio Memrias da Litteratura Sagrada dos Judeos Portuguezes desde os primeiros tempos da Monarquia at os fins do Sculo XV. In Memrias da Litteratura Portugueza publicadas pela Academia das Sciencias de Lisboa, II. Lisboa: Academia das Sciencias de Lisboa, 1792, pp. 236-312.

    RODRIGUES, Manuel Augusto Hebrew Illuminated Manuscripts in the British Isles. The Spanish and Portuguese Manuscripts. Mundo da Arte, 16 (Dezembro de 1983), pp. 75-78.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    65

    SED-RAJNA, Gabrille Lisbon Bible 1482. Facsmile: British Library Or. 2626. Tel-Aviv: Nahar-Miska London: British Library, 1988.

    __________ Manuscrits Hbreux de Lisbonne. Un atelier de copistes et denlumineurs au XVe sicle. Paris: Centre Nacional de Recherche Scientifique, 1970.

    __________ Le Pautier De Bry. In Revue des tudes Juives. 124 (1965), pp. 375-387.

    SOYER, Franois The Persecution of the Jews and Muslims of Portugal. King Manuel I and the End of Religious Tolerance (1496-7). Leiden: Brill, 1997.

    STROLOVITCH, Devon Old Portuguese in Hebrew Script: convention, contact and convivncia. Ithaca: Faculty of the Graduate School of Cornell University, 2005. (Tese de doutoramento).

    TAHAN, Ilana Hebrew Manuscripts. The Power of Script and Image. Londres: The British Library, 2007.

    THE HISPANIC SOCIETY OF AMERICA Facsimiles from an Illuminated Hebrew Bible of the Fifteenth Century in the Library of The Hispanic Society of America. New York: The Hispanic Society of America Fundao Calouste Gulbenkian, Facsimile Series, n 2, 1993.

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    66

    Tabela 1 Manuscritos identificados por Antnio Ribeiro dos Santos (1792) Nr

    Data

    MS Contedo Origem Escriba

    Comitente

    Material Cidade; Bibl. Ident.

    1

    1346

    Parma, Bibl. Rossi

    75

    Bblia

    Guarda

    perg

    2

    1410

    Berna, Bibl. Pblica

    Hagigrafos

    Lisboa Samuel ben Yom Tov

    perg

    3 1469 Parma, Bibl.

    Rossi

    Pentateuco com Haftarot e Megillot

    Lisboa

    Samuel de Medina

    perg

    4 1470 Parma, Bibl.

    Rossi

    Profetas Posteriores

    Lisboa Jason ben

    Jos perg

    5 1473 Parma,

    Real Bibl.

    Pentateuco e Haftarot

    Lisboa Samuel de

    Medina perg

    6 1480 Pentateuco com

    Haftarot e Megillot

    Lisboa Moiss ben

    Jacob Samuel

    Abravanel perg

    7 1495 Florena, Bibl.

    Carmelitas de S. Paulo

    1085 Pentateuco e Hagigrafos

    vora Isaac ben

    Isaas perg

    8 1495 Roma Saltrio Lisboa

    9 Sculo

    XV Bblia Lisboa

    10 Coleo de

    Lindano Saltrio

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    67

    Tabela 2 Manuscritos identificados por Gabrille Sed-Rajna (1970)

    Nr Data MS

    Contedo Origem Escriba Comitente fls Mat Cidade; Bibl. Ident.

    1 1472 Londres, British

    Museum

    Harley MS. 5698-5699

    Mishneh Torah de Maimnides

    Lisboa Salomon Ibn

    Alzuq

    Joseph ben David ben

    Salomon Ibn Yahya

    736 perg

    2 1482 Londres, British

    Museum

    Or. MS. 2626-2628

    Bblia Lisboa Samuel ben Samuel Ibn

    Musa

    Joseph ben Jehuda Alhakim

    643 perg

    3 1484 Paris, BnF MS. hbreu

    592 Siddur Lisboa

    Eleazar ben Moshe Gagosh

    Isaac ben Yeshaya HaCohen

    443 perg

    4 1469 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    2764

    Pentateucocom Haftarot e

    Megillot Lisboa

    Samuel de Medina

    Jacob Cohen ben Jonah

    Cohen 309 perg

    5 1473 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    677 Pentateuco e

    Haftarot Lisboa

    Samuel de Medina

    Gedalya ben Joseph Walid

    304 perg

    6 1475 Cincinnati,

    Hebrew Union College

    MS. 2 Pentateuco

    com Haftarot e Megillot

    Lisboa Samuel ben Samuel Ibn

    Musa 296 perg

    7 1490 Oxford, Balliol

    College MS. 382 Bblia Lisboa

    Samuel de Medina

    Jehuda ben Gedalya Inb

    Yahya 444 perg

    8 1496 Roma,

    Sinagoga Central

    MS. 18 Pentateuco

    com Haftarot e Megillot

    Lisboa Abraham ben

    Elyahu Roman 304 perg

    9 1469 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    2698 Profetas Lisboa

    Sasson ben Joseph Job

    Isaac ben Jehuda Tibuba

    176 perg

    10 1495 Vaticano, BAV Cod. Ebr.

    473 Saltrio Lisboa Isaac Sarfati Moseh ben Isaac 134 perg

    11 1484 Paris, BnF MS. hbreu

    222

    Comentrio ao Pentateuco de

    Moseh Nahaman

    Lisboa Joseph Sarfati

    ben Sasson Sarfati

    Jehuda Eli 305 papel

    12 1487 Londres, British

    Museum

    OR. MS. 1045

    Sefer Mikhol de David Qimhi

    Lisboa Samuel Adrotil

    Joseph Ibn Yahya

    120 perg

    13 1487 Oxford, Bodl.

    Lib. MS.

    Marshall 12

    Comentrio tica a

    Nicmaco por Joseph ben Shemtob

    Lisboa Elezar ben

    Moseh Gagosh

    333 papel e perg

    14 Fim

    sc. XV Paris, BnF

    MS. hbreu 15

    Bblia [Lisboa] - Florena

    525 perg

    15 Fim

    sc. XV

    Jerusalm, Bibliot.

    Schocken MS. 12827 Hagigrafos [Lisboa] 68 perg

    16 Fim

    sc. XV

    NI, Hispanic Society of America

    MS. B. 241 Bblia [Espanha-Portugal]

    588 perg

    17 Fim sc.

    XV

    Londres, British

    Museum

    Add. MS. 27167

    Pentateuco, com Megillot e

    Haftarot [Lisboa] 464 perg

    18 Fim

    sc. XV

    Londres, British

    Museum

    Add. MS. 15283

    Pentateuco com Haftarot e

    Megillot [Lisboa] 265 perg

    19 Fim sc.

    XV Oxford, Bodl.

    Lib. MS. Bodl. Or. 414

    Bblia [Espanha

    ou Portugal]

    645

    Perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    68

    20 Fim

    sc. XV Vaticano, BAV

    Cod. Ebr. 463

    Saltrio [Lisboa] 218 perg

    21 Fim

    sc. XV

    Jerusalm, Bibliot.

    Universitria

    MS. Heb. 8 844

    Siddur [Lisboa] 392 perg

    22 Fim

    sc. XV Oxford, Bod.

    Lib. MS. Bodl. Or. 614

    Pentateuco [Espanha

    ou Portugal]

    253 perg

    23 Fim

    sc. XV NI, Coleo J.

    Michael Saltrio de

    Bry Saltrio

    [Espanha ou

    Portugal] 196 perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    69

    Tabela 3 Manuscritos identificados por Thrse Metzger (1977)

    Nr Data MS

    Contedo Origem Escriba Comitente fls Mat Cidade; Bibl. Ident.

    1 1472 Londres, British

    Museum Harley MS. 5698-5699

    Mishneh Torah de Maimnides

    Lisboa Salomon

    Ibn Alzuq

    Joseph ben David ben

    Salomon Ibn Yahya

    736 perg

    2 1482 Londres, British

    Museum Or. MS.

    2626-2628 Bblia Lisboa

    Samuel ben

    Samuel Ibn Musa

    Joseph ben Jehuda

    Alhakim 643 perg

    3 1484 Paris, BnF MS. hbreu

    592 Siddur Lisboa

    Eleazar ben Moshe

    Gagosh

    Isaac ben Yeshaya HaCohen

    443 perg

    4 1469 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    2764

    Pentateucocom Haftarot e Megillot

    Lisboa Samuel de

    Medina

    Jacob Cohen ben Jonah

    Cohen 309 perg

    5 1473 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    677 Pentateuco e

    Haftarot Lisboa

    Samuel de Medina

    Gedalya ben Joseph Walid

    304 perg

    6 1475 Cincinnati,

    Hebrew Union College

    MS. 2 Pentateuco com

    Haftarot e Megillot

    Lisboa

    Samuel ben

    Samuel Ibn Musa

    296 perg

    7 1490 Oxford, Balliol

    College MS. 382 Bblia Lisboa

    Samuel de Medina

    Jehuda ben Gedalya Inb

    Yahya 444 perg

    8 1496 Roma, Sinagoga

    Central MS. 18

    Pentateuco com Haftarot e Megillot

    Lisboa Abraham ben

    Elyahu Roman

    304 perg

    9 1469 Parma, Bibl.

    Palatina MS. Parma

    2698 Profetas Lisboa

    Sasson ben Joseph Job

    Isaac ben Jehuda Tibuba

    176 perg

    10 1495 Vaticano, BAV Cod. Ebr.

    473 Saltrio Lisboa

    Isaac Sarfati

    Moseh ben Isaac

    134 perg

    11 1484 Paris, BnF MS. hbreu

    222

    Comentrio ao Pentateuco de

    Moseh Nahaman

    Lisboa

    Joseph Sarfati ben

    Sasson Sarfati

    Jehuda Eli 305 papel

    12 1487 Londres, British

    Museum OR. MS.

    1045 Sefer Mikhol de David Qimhi

    Lisboa Samuel Adrotil

    Joseph Ibn Yahya

    120 perg

    13 1487 Oxford, Bodl.

    Lib. MS. Marshall

    12

    Comentrio tica a Nicmaco por Joseph ben

    Shemtob

    Lisboa Elezar

    ben Moseh Gagosh

    333 papel e perg

    14 Fim

    sc. XV Paris, BnF

    MS. hbreu 15

    Bblia [Lisboa] - Florena

    525 perg

    15 Fim

    sc. XV

    Jerusalm, Bibliot. Schocken

    MS. 12827 Hagigrafos [Lisboa] 68 perg

    16 Fim

    sc. XV

    NI, The Hispanic Society of America

    MS. B. 241 Bblia [Espanha-Portugal]

    588 perg

    17 Fim sc.

    XV Londres, British

    Museum Add. MS.

    27167

    Pentateuco, com Megillot e Haftarot

    [Lisboa] 464 perg

    18 Fim

    sc. XV Londres, British

    Museum Add. MS.

    15283

    Pentateuco, com Haftarot e Megillot

    [Lisboa] 265 perg

    19 Fim sc.

    XV Oxford, Bodl.

    Lib. MS. Bodl. Or. 414

    Bblia [Espanha

    ou Portugal]

    645 perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    70

    20 Fim

    sc. XV Vaticano, BAV

    Cod. Ebr. 463

    Saltrio [Lisboa] 218 perg

    21 Fim

    sc. XV

    Jerusalm, Bibliot.

    Universitria

    MS. Heb. 8 844

    Siddur [Lisboa] 392 perg

    22 Fim

    sc. XV Oxford, Bod. Lib.

    MS. Bodl. Or. 614

    Pentateuco [Espanha

    ou Portugal]

    253 perg

    23 Fim

    sc. XV NI, Coleo J.

    Michael Saltrio de

    Bry Saltrio

    [Espanha ou

    Portugal] 196 perg

    24 1485 Oxford, Bod. Lib. Ms. Can. Or.

    108 Siddur [Lisboa] 318 perg

    25 1480-1490

    Parma, Bibl. Palatina

    MS. Parma 2951

    Pentateuco (frag.)

    [Lisboa] 53 perg

    26 1462-1480

    Copenhaga, Bibl. Real

    Cod. Hebr. III-IV

    Bblia [Lisboa] perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    71

    Tabela 4 Manuscritos identificados por Dbora Matos (2011)

    Nr Data MS

    Contedo Origem Escriba Comitente fls Mat Cidade; Bib. Ident

    1 1278 Oxford, Bod.

    Lib. Can. Or. 67 Gramtica Lisboa

    Yitzhak Yosef Zarco

    234 perg

    2 1284-85 Munich,

    Muenchen Bayerische Sta.

    Heb. 142 Gramtica Seia

    Natan ben Avraham b.

    Yosef Alalongo(?)

    202 perg

    3 1346 Parma, Bibl.

    Palatina Parma 2705

    Comentrio bblico

    Guarda

    Yosef bem Yizhak ben

    Yosef Delouiah/Dalv

    iah

    Isaac haLevi b. Yosef ibn

    Turiel 263 perg

    4 1374 S. Petersburgo,

    Or. Institute C 21 Cincias

    Santiago do Cacm (?)

    Sar Shalom ben Moshe

    Shalom Melion 151

    perg e papel

    5 1390 NI, JTS Rab. 1512 Halakhah e

    midrash Setbal (?) 167 papel

    6 1398 Paris, BnF Hebr. 215 Filosofia e

    Cabala Torres Vedras

    Yosef ben Gedaliah Franco

    Para si prprio

    271 perg

    7 1401-1450

    Coimbra, Bibl. Univ.

    135 Bblia Abravanel (?) perg

    8 1409 Berna,

    Bugerbibliothek

    343 Bblia Lisboa

    Samuel ben Yom Tov

    Alzaig

    Moiss 46 perg

    9 1411 Oxford, Bod.

    Lib. Laud. Or.

    310 Cincias

    Yosef ben Gedaliah Franco

    251 papel

    10 1391-1415

    Oxford, Bod. Lib.

    Bodl. Or. 5 Liturgia Lisboa (?) Samuel ben Yom Tov

    Alzaig

    Yitzhak Nehemia(s)

    85 perg

    11

    1423-1488

    Parma, Bibl. Palatina

    Parma 1959 Compilao Loul Abraham ibn

    Hayyim Para si prprio

    211 papel

    12 1451-1500

    Vaticano, BAV Cod. Vat. Ebr. 372

    Cincias Yosef Catilan Para si prprio

    92 papel

    13 1462-1480

    Copenhaga, Royal Library

    Cod. Hebr. III-IV. Vol. II = Hebr.

    IV; fols. 221v-222r

    Bblia San Felices

    [de los Galegos]

    Isaac Franco perg (?)

    14 1465-1492

    NI, JTS

    Micr. 8235; Jerusalem

    Rab. Sasson Coll. 59

    Liturgia [Portugal] 225 perg

    15 1465-1492

    Cambridge, Univ. Lib.

    Add. 541 Liturgia [Espanha] perg

    16 1467 Haverford

    Coll. Hav. 10 Bblia Elvas

    Samuel Alfaroni (?)

    Moshe ben Avraham

    Caldas 2 perg

    17 1469 Parma, Bib.

    Palatina MS. Parma

    2674 Bblia Lisboa

    Samuel de Medina

    Jacob Cohen ben Johan

    Cohen 309 perg

    18 1469 Parma, Bib.

    Palatina MS. Parma

    2698 Bblia Lisboa

    Sasson ben Joseph ibn Job

    Isaac ben Jehuda Tibuba

    176 perg

    19 1470 Oxford, Bod.

    Lib. Can. Or. 42 Bblia Moura

    Samuel b. Avraham

    Altires

    Yitzhak ben Gabbay

    perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    72

    20 1472 Londres, British

    Museum

    Harley 5698-5699

    Bblia Lisboa Salomon Ibn

    Alzuq

    Yoseph ben David ben

    Gedaliah ibn Yahia

    737 perg

    21 1473 Parma, Bib.

    Palatina MS. Parma

    677 Bblia Lisboa

    Samuel de Medina

    Gedalya ben Joseph Walid

    304 perg

    22 1473 Rssia,

    Moscovo Guenzburg

    926 Compilao Lisboa

    Ezra ben Shlomo

    Moshe ben Avraham Hayyun

    176 papel

    23 1475 NI, JTS 3167 Literatura e

    poesia Lisboa

    Yoseph ben Moshe Hayyun

    11 papel

    24 1475 Cincinatti,

    HUC 2 Bblia Lisboa

    Samuel b. Samuel ibn

    Musa

    Moshe ben Raphael

    239 perg

    25 1475-1492

    Oxford, Bod. Lib.

    Bodl. Or. 614 Bblia [Espanha] perg

    26 1475-1492

    NI, J. Michael Coll.

    Saltrio de Bry

    Saltrio [Espanha] perg

    27 1476 Parma, Bib.

    Palatina MS. Parma

    1712 Bblia Lisboa

    Samuel b. Samuel ibn

    Musa 272 perg

    28 1478 Jerusalm, NLI Hebr. 8

    4013 Cincias Leiria 229 perg

    29 1480 Paris, BnF Hbr. 15 Bblia [Lisboa] perg

    30 1480-1485

    NI, HSA B 241 Bblia [Espanha-Portugal]

    perg.

    31 1480-1485

    Londres, British Lib.

    Add. 27167 Bblia [Lisboa] perg

    32 1480-1485

    Londres, British Lib.

    Add. 15283 Bblia [Lisboa] perg

    33 1480-1485

    Oxford, Bod. Lib.

    Bodl. Or. 414 Bblia

    [cop. Espanha ?;

    dec. Lisboa]

    perg

    34 1480-1485

    Vaticano, BAV Cod. Vat. Ebr. 463

    Bblia [Lisboa] perg

    35 1480-1485

    Jerusalm, NLI Heb. 8 844 Liturgia [Lisboa] perg

    36 1480-1485

    NI, JTS ENA 1991

    L 80 Bblia [Lisboa] perg

    37 1480-1490

    Jerusalm, Schocken Inst.

    12827 Bblia [Lisboa] perg

    38 1480-1490

    Parma, Bibl. Palatina

    MS Parma 2951

    Bblia 53 perg

    39 1481 Cambridge UL Add. 503 Halkhah e midrash

    Faro Efraim Karo 389 papel

    40 1482 Londres, British

    Museum

    Or. 2626-2628

    Bblia Lisboa Samuel bem Samuel ibn

    Musa

    Joseph ben Jehuda

    Alhakim 643 perg

    41 1484 Paris, BnF Hbr. 592 Liturgia Lisboa Eleazar ben

    Moshe Gagosh

    Isaac ben Yeshaya HaCohen

    443 perg

    42 1484 Paris, BnF Hbr. 222 Comentrio

    Bblico Lisboa

    Yoseph ben Sasson Sarfati

    Yehuda ben Moshe Eli

    305 papel

    43 1484-1485

    Oxford, Bod. Lib.

    Can. Or. 108 Liturgia Lisboa 300 perg

    44 1484-96

    Jerusalm, Ben-Zvi Institute

    Ms. 2048 Liturgia perg

  • CADERNOS DE HISTRIA DA ARTE n.1 (2013)

    73

    45 1487 Londres, British

    Museum Or. 1045 Gramtica Lisboa Samuel Adrotil

    Yoseph ibn Yahya

    120 perg

    46 1487 Oxford, Bod.

    Lib. Marshall Or.

    12 Filosofia e

    cabala Lisboa

    Eleazar ben Moshe Gagosh

    232 papel

    47 1489 Paris, BnF Hbr. 420 Halakhah e

    Midrash Faro

    Menshe(?)/ Moshe ben Benyamin

    Yakov ibn Nehemias

    418 papel

    48 1489 Londres,

    British Libr. Or. 6363

    Halakhah e Midrash

    Lisboa Samuel Adrotil Nacim ben

    Yoseph Vivas

    71 perg e papel

    49 1489 Florena, Bibl. Laurenziana

    Plut. 88.27 Cincias,

    Filosofia e Cabala

    Lisboa Nacim ben

    Yoseph vivas

    para si prprio

    3 perg e papel

    50 1490 Oxford, Balliol

    College 382 Bblia Lisboa

    Samuel de Medina

    Yehuda ben Gedalya ibn

    Yahya

    442 perg

    51 1491-1494

    Zurich, Braginsky (Coleo Privada)

    243 Bblia Ocana

    (Espanha) e vora

    Yitzhak ben Yishay ben

    Sasson

    Abraham ben Yaakov ben

    Tsadok perg

    52 1494 Aberdeen, UL 23 Bblia Yitzhak ben

    David Balansi

    Joseph ben Jaakov Alvileia

    53 1495 Vaticano, BAV Cod. Vat. 473 Bblia Lisboa Moshe ben

    Yitzhak Isaac Sarfati

    (?) perg

    54 1496 Florena, Bibl. Laurenziana

    Gadd. 158 Cincias Porto Yosef ben Avraham Clomiti

    para si prprio

    242 papel

    55 1496 Rssia,

    Moscovo, RSL Guenzburg

    662 Bblia Lisboa (?)

    Samuel ben Samuel ibn

    Musa

    Avraham ibn Dicomin/Ric

    omin (?)

    56 1496 Roma,

    Comunidade Israelita

    18 Bblia Lisboa Abraham

    bem Elyahu Roman

    perg

    57 NI, JTS Micr. 8241 Cincias

    58 Jerusalm,

    Schocken Inst. MS. 24350 Bblia